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Singular e plural de brunnocfd | trabalhosfeitos.com PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá Psicanalista Mestre em Letras (Lingüística) / UFPR Doutorando em Estudos Lingüísticos / UFPR Professor da Universidade Tuiuti do Paraná 1 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online Warley Marcador de texto RESUMO Este texto discute a pluralidade teórica na psicologia fazendo um breve percurso pela história da constituição da psicologia como ciência e como profissão, mostrando a diferença de suas origens teóricas. Enquanto a psicologia como ciência - herdeira da agenda de questões referentes à teoria do conhecimento, presente no pensamento ocidental desde os pré-socráticos - nasceu como uma atividade de investigação e pesquisa, a psicologia aplicada - que deve suas origens ao pensamento funcionalista e ao contexto histórico do início do Século XX – pretende aplicar os conhecimentos psicológicos a diversas áreas da atividade humana. Como a psicologia não é uma ciência unificada, os psicólogos convivem com uma diversidade de escolas e orientações teóricas onde buscam subsídios para fundamentar suas práticas. Utilizando conceitos das teorias da ciência de Karl Popper e Thomas Kuhn indaga-se que postura adotar diante dessa diversidade, como compreendê-la, abrindo a questão de que futuro se poderia conceber para a psicologia. Palavras-chave: epistemologia, teorias psicologicas, psicologia científica, psicologia aplicada. ABSTRACT This text concerns the theoretical pluralism in psychology going briefly through the history of its foundations both asscience and profession, showing its different theoretical origins. While psychology as a science – inheriting questions about the theory of knowledge, present in the western thinking since the pre-socratics – was born as an activity of investigation and research, psychology as a profession – originated in the functionalist thinking and in the historical context of the beginning of the 20th Century – intends to apply the psychological knowledge to several areas of human activities. Psychology, however, is not an unified science and psychologists must live with several schools and theoretical orientations, where they look for theoretical background to their practical activities. Borrowing concepts from Karl Popper’s and Thomas Kuhn’s theories of science, we wonder what attitude should be adopted to face and understand this diversity, proposing the question about what kind of future could be conceived to psychology. Key words: epistemology, psychological theories, scientific psychology, practical psychology 2 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto I Em março de 2002, os legisladores do estado americano do Novo México, aprovaram uma lei que permite a psicólogos prescrever medicamentos psicotrópicos, como antidepressivos. Este foi o primeiro estado americano a aprovar uma legislação como esta, embora iniciativas semelhantes estejam pendentes de discussão em mais outros quatro estados: Georgia, Hawaii, Illinois e Tennessee. Estas iniciativas têm a bênção da AmericanPsychological Association (APA), que considera a permissão para prescrever medicamentos uma extensão natural do papel do psicólogo como profissional da saúde. Para permitir a prescrição exige-se que o psicólogo tenha nível de doutorado e complete 300 horas de cursos específicos em neurociência, fisiologia e farmacologia, seguidos de quatro meses de tratamento supervisionado de 100 pacientes. Evidentemente essa idéia não está livre de opositores. Como seria de se esperar, uma das vozes mais fortes da oposição é a da American Medical Association. Mas ela tem encontrado um suporte surpreendente para seus argumentos: os próprios psicólogos, ao menos uma grande parte deles, temem que a maior vítima dessa experiência possa ser a própria ciência da psicologia. Para seus oponentes, o problema de legislações como estas não diz respeito à eficácia ou não da medicação no tratamento de certas desordens. O problema é transformar a psicologia numa profissão prescritiva. Isto porque acreditam que, se a autorização para prescrever medicamentos tornar-se a norma, conhecimentos biomédicos inevitavelmente tomarão grande parte dos currículos dos cursos de psicologia, marginalizando as matérias tradicionais da metodologia e da teoria da psicologia. Para um campo que tem lutado com muito esforço durante as últimas décadas para provar que a mente e o comportamento podem ser estudados científicamente, leis como essas podem ser uma ameaça. Elaine M. Heiby, presidente da American Association of Applied and Preventive Psychology, diz que “O momento é peculiar paraabandonar a ciência psicológica ou para convertê-la em uma ciência médica”. Scott Lilienfeld, presidente da Society for a Science of Clinical Psychology, pensa que entre as prioridades da APA deveria estar a de “Garantir que psicólogos praticantes estão intervindo junto a seus pacientes baseados na melhor ciência psicológica disponível” e não ocupar-se com autorizações prescritivas. (Scientific American, julho de 2002, pág. 11/12. Tradução do autor) Do lado da oposição também está a American Psychological Society (APS). Sabe-se que a APA está dominada por praticantes de psicologia aplicada, enquanto que a APS tem como maioria de seus membros acadêmicos e pesquisadores. Historicamente, em 1940, 75% dos psicólogos associados à APA trabalhavam em ambientes acadêmicos. Já em 1980 eles representavam apenas 42%. Isso, evidentemente resultou numa mudança de mãos do poder na APA, onde os psicólogos aplicados (predominantemente os psicólogos clínicos) assumiram a posição de comando. (conf. Schultz & Schultz, 1981: 202) Foi a insatisfação com isso que levou os professores e investigadores da psicologia, orientados para atividades de pesquisa, a fundarem sua própria organização, a APS, que hoje contam com15.000 membros. (Scientific American, julho de 2002, pág. 11/12) O debate exposto acima não é senão mais um capítulo de uma longa história que começou nos primeiros anos Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto do Século XX, quando os primeiros psicólogos americanos, formados nos re- 3 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online cém-fundados laboratórios de psicologia europeus, retornaram a seu país. É consensual que a data de fundação da psicologia como ciência é 1879 quando, em dezembro daquele ano, Wilhelm Wundt implantou em Leipzig o primeiro laboratório de psicologia do mundo. Herdeiro das grandes questões da filosofia ocidental, particularmente aquelas relacionadas à teoria do conhecimento, e ao mesmo tempo homem de ciência, docente de fisiologia e assistente do laboratório de Helmholtz em Heidelberg, Wundt produziu a depuração das questões epistemológicas de seus métodos de investigação racionalistas e metafísicos, e a aplicação a elas dos métodos empíricos de investigação utilizados pela psicofísica. Fundou, então, o que chamou de psicologia fisiológica, em seu famoso livro Princípios de psicologia fisiológica, publicado em duas partes em 1873 e 1874, cujo objetivo explícito era “delimitar um novo domínio da ciência”. (in. Schultz & Schultz, 1981: 79). Que o termo fisiológica não nos engane aqui, na época a palavra era utilizada como sinônimo de experimental. Elegeu como seu campo fenomênico de estudo a experiência ideativa conscienteque, tal como a experiência física é abordada pela observação exterior, deve ser abordada pela observação interior, derivando-se daí o seu método de investigação: a introspecção. Este tão malfadado termo para ele queria dizer: o método por meio do qual uma pessoa presta atenção meticulosa e controlada as suas próprias sensações e as relata da forma mais objetiva possível, independentemente de seu significado ou docontexto de estímulos em que ocorreram. Além disso, reconheceu que há aspectos da experiência humana que não podem ser acessados pela introspecção, os aspectos de natureza social e comunitária. Assim, em sua psicologia experimental, ao lado do investigador de laboratório, estavam os investigadores étnicos ou populares (a famosa folk psychology), cuja missão era estudar objetivamente as atividades humanas complexas como os costumes, os rituais, etc... Assim nasceu a psicologia, como uma proposta de investigação científica dos fenômenos mentais, fundamentada nos cânones metodológicos das ciências naturais. Que eles fossem redutíveis à consciência e pudessem ser concebidos como combinações complexas de elementos sensoriais brutos como apregoava a escola de Leipzig, isto era matéria de discussão. Os primeiros ex-alunos de Wundt a questionar esse modelo teórico foram os psicólogos instalados na Universidade de Würzburg, que diziam que não se pode simplesmente assumir que todos os aspectos importantes dos processos mentais são conscientes e que conteúdos mentais, como as sensações, são necessariamente os elementos constitutivos do pensamento. Desse dabate resultou um descrédito na introspecção como método fundamental da psicologia, mas não no empreendimento experimental. Prova disso são os trabalhos de cunho eminentemente experimental da psicologia da Gestalt. Relembro essa história para salientar o caráter de investigação e pesquisa que teve a psicologia em seu nascimento. Ela nasceu como uma ciência experimental e investigativa que herdouuma agenda de questões que se originou entre os pré-socráticos e que tinha ficado a cargo da filosofia quando de sua reformulação radical diante da revolução científica do Século XVII. Tratava-se de investigar a mente, individual ou coletiva, mas a mente representacional, com a metodologia própria de uma ciência. Embora a ciência de Wundt tenha se espalhado pelo mundo, inclusive Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto logo alcançando o outro lado do Atlântico com Edward Titchener, o decano dos psicólogos americanos dessa época, William James, logo se desencantou com as idéias do mestre alemão. O eminente filósofo da pragmática estava interessado pelas questões da psicologia conforme são encontradas na vida cotidiana. 4 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online Em seu Principles of psychology, de 1890, adotou uma abordagem pragmática das questões psicológicas, sugerindo que mecanismos psicológicos existem porque são úteis e auxiliam os indivíduos a sobreviver e a realizar importantes atividades na vida. Declarou que “Nossas várias formas de sentir e pensar se tornaram o que são devido à sua utilidade na modelação de nossas reações ao mundo exterior.” (in. Gardner, 1996: 122) É muito evidente o sabor funcionalista dessas afirmativas. Sabemos que suas origens não são as mesmas que as da psicolgia experimental. Devemos buscá- las no evolucionismo de Darwin e em sua aplicação à psicologia por Francis Galton. Embora o funcionalismo nunca tenha sido uma posição sistemática rígida e diferenciada como o experimentalismode Wundt ou de Titchener, deu origem a várias psicologias funcionais que partilhavam o mesmo interesse pelas funções da consciência. E, devido a essa ênfase no funcionamento do organismo em seu ambiente, os funcionalistas interessaram-se pelas possíveis aplicações da psicologia. Assim, a psicologia aplicada desenvolveu-se rapidamente nos Estados Unidos, onde é hoje o mais importante legado do movimento funcionalista. (Schultz & Schultz, 1981: 124) Talvez o grande sucesso das idéias funcionalistas nos Estados Unidos, que logo converteram para seu credo eminentes psicólogos que acabavam de chegar de Leipzig, como Granville Stanley Hall, James McKeen Cattell, entre outros, seja devido a algumas condições contextuais reinantes na sociedade americana e mundial nos inícios do século passado. A nascente ciência da psicologia teve um crescimento impressionante nos Estados Unidos na virada do Século XIX para o Século XX. Para se ter uma idéia, em 1880 não haviam laboratórios nos EUA. Em 1895 havia vinte e seis. Em 1880 não haviam revistas americanas de psicologia. Em 1895 elas eram três. Em 1880 os americanos tinham que ir à Alemanha para estudar psicologia. Em 1900 eles já dispunham de vários programas de graduação em casa. Em 1903, o número de Ph.D. em psicologia nas universidades americanas só perdia para os conferidos em química, zoologia e física. (conf. Schultz & Schultz, 1981:175). Isso conduziu à seguinte situação: havia três vezes mais psicólogos nos EUA do que empregos em laboratórios. Felizmente, o número de cursos universitários namatéria crescia exponencionalmente. Mas a maioria das universidades com vagas disponíveis eram instituições estaduais, e a psicologia como ciência nova acabava recebendo a menor parcela dos recursos financeiros. Os psicólogos logo perceberam que, se quisessem receber um volume maior de recursos, teriam que demonstrar aos administradores e legisladores a utilidade da psicologia na solução de problemas sociais, educacionais e empresariais. Alguns fatores sociais colaboraram com isso, abrindo e ampliando o campo de aplicação. Na virada do século, os EUA receberam um contingente enorme de imigrantes que fez saltar as matrículas nas escolas públicas, que eram construídas na proporção de uma por dia. Além disso o advento da primeira guerra possibilitou a colocação de psicólogos em tarefas como a seleção de pessoal, avaliações com testagens, etc... Todos esses fatores em conjunto produziram uma rápida virada na psicologia americana: a ênfase passou do laboratório acadêmico para a aplicação da psicologia aos problemas escolares, de aprendizagem, da vida comunitária, da vida empresarial, etc... Já a psicologia clínica, embora tenha Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto 5 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online dado seus primeiros passos na primeira década do século, só veio a encontrar seu pleno florescimento durante a Segunda Guerra mundial. Foi esse evento, mais do que qualquer outro, que tornou a psicologia clínica a ampla e dinâmica área aplicada especializada que veio a ser desde então. O exército instalouprogramas de treinamento para várias centenas de psicólogos clínicos, necessários ao tratamento de distúrbios emocionais dos militares. (Schultz & Schultz, 1981: 208) Como se pode ver a psicologia pura, experimental e investigativa, e a psicologia aplicada tiveram diferentes origens e não compartilham dos mesmos pressupostos teóricos. Porém, oproblema da psicologia aplicada, ao menos em suas origens derivadas do funcionalismo, é que este não durou como escola de pensamento distinta. De certa forma ele deve ser considerado muito mais como uma atitude do que como uma teoria. Mas esta história resultou na psicologia propondo-se a ocupar seu lugar no mundo tanto como ciência quanto como profissão, pretendendo aplicar suas descobertas aos diversos aspectos da vida social e comunitária. E, na medida em que o funcionalismo fundou a psicologia como profissão, imprimiu-lhe a idéia utilitária, de que ela deve servir para fazer algo pelos homens e pelas sociedades. Mas, toda a prática sem teoria é cega e logo consome-se em seu prórpio vazio. Assim a psicologia aplicada teve que buscar elaborações teóricas na psicologia pura para compreender e intervir em seu campo de aplicação. Porém a psicologia aplicada não pode ser considerada uma aplicação prática da psicologia pura, como a engenharia é uma aplicação prática da física ou a medicina uma aplicação prática da biologia. Isso pela simples razão de que não há uma psicologia pura. Ora, a física, a química e a biologia são consideradas ciências unificadas, cujos pesquisadores compartilham dos mesmospontos de vistas e dos mesmos paradigmas teóricos. Este não é o caso da psicologia. Tomemos o caso específico da psicologia clínica. Seus praticantes tiveram que procurar nas teorias disponíveis subsídios para suas práticas. Conseqüentemente, as diferentes teorias resultaram nas diferentes abordagens clínicas que hoje são praticadas. Os pressupostos teóricos da psicanálise, da psicologia analítica, do comportamentalismo, da gestalt, da sistêmica, do psicodrama (só para citar algumas das mais praticadas) não são os mesmos, tendo gerado, evidentemente, diferentes formas de aplicação clínica. Um paciente fóbico, consultando praticantes dessas seis escolas, encontra seis propostas de tratamento diferentes. E pacientes com diferentes sintomatologias, consultando os praticantes de uma mesma escola, encontram a mesma forma de tratamento. Chegamos, assim, a uma curiosa situação na psicologia clínica: diferentes tratamentos para o mesmo sintoma, e o mesmo tratamento para diferentes sintomas. II Em nosso cotidiano encontramos freqüentemente diversas manifestações da mesma questão referida no início deste texto que aflige atualmente os psicólogos americanos. Ela se manifestou, por exemplo, numa conversa que tive com uma aluna do Curso de Psicologia, que me parece refletir Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto 6 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online adequadamente o pensamento de muitos alunos. Como o curso em que ela estuda é generalista, como penso que seja a maioria dos Cursos de Psicologia em nosso país, elase vê diante de todo o leque de teorias disponíveis. Citava como exemplo de sua posição conflituosa, e algo angustiada, a seguinte situação. Em uma das disciplinas ela aprende a teoria kleiniana das psicoses que, ela confessa, no começo lhe causava arrepios, pois não conseguia distinguir se o que ouvia e estudava era da ordem de uma teoria séria ou da ordem do delírio. No começo, optou pela segunda alternativa. Em outra disciplina, o professor criticava intensamente a teoria kleiniana, além de todas as teorias psicológicas da psicose, afirmando que a questão é, na verdade, genética. Se as coisas tivessem parado aí, ela não teria tido problemas em decidir, pois genes lhe pareciam muito mais plausíveis como explicação que fases esquizo- paranóides. Mas o problema é que ela tem bons professores e, na seqüência das aulas, os exemplos e evidências que eles apresentavam para suas posições teóricas eram consistentes. Aquilo que, inicialmente, lhe parecia um delírio começou a fazer sentido, a adquirir consistência interna a ponto de tornar-se, também, plausível. E agora, o que fazer? Como escolher entre duas teorias radicalmente opostas mas, aceitemos tácitamente, igualmente plausíveis? Sua resposta, como a resposta que ouço da maioria dos alunos, e devo confessar, também de muitos profissionais, é: você deve escolher a teoria com a qual você mais se identifica. A meu ver, é exatamente nessa resposta que mora o maior perigo. Em primeiro lugar porque a matéria em questão não é de decisão, de gosto ou de preferências pessoais. Tampouco a respostadeve ser pautuada pelas crenças da pessoa. No mínimo a decisão deveria ter suporte na pergunta: qual dessas teorias corresponde melhor com à realidade que ela quer descrever e mais verdadeiramente explica os fenômenos observados? Isso, evidentemente exclui questões de preferências pessoais. Em segundo lugar, a pergunta é tanto mais aguda por envolver questões práticas, que, imediatamente, envolvem questões éticas. Os estudantes de psicologia vieram aprender uma profissão. Sua intenção é, depois de formados, exercer uma prática e ganhar dinheiro com isso. Dessa forma eles estão primordialmente interessados na psicologia aplicada e muito pouco dispostos à psicologia pura. Estão ávidos por soluções, não por questionamentos. No entanto, as questões éticas envolvidas na prática profissional tornam a dúvida desta aluna ainda mais séria. Pois a decisão vai envolver, não apenas uma escolha pessoal, mas também o tratamento dispensado a outros. Este drama tem um nome na epistemologia contemporânea: chama-se o problema da demarcação. Trata-se da questão de como, com que critérios, decidir, entre duas teorias rivais e igualmente plausíveis, qual é a que melhor explica os fenômenos em jogo. Em termos mais genéricos, como decidir se uma teoria é uma descrição adequada dos fenômenos que ela propõe descrever e se fornece explicações dos fatos observáveis que podem ser tidas como verdadeiras? Esta não é uma questão simples, pois não basta olhar para uma teoria, e ver se ela tem bastante números e fórmulas, ou apresenta formulações muito herméticas, ouestá entupida de dados estatísticos e resultados de pesquisas, para decidir que ela é científica. Tampouco resolve dizer que ela não é científica se ela tem conceitos meio fantasiosos Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto e em seu conjunto parece meio delirante, apelando para forças e causas contra- intuitivas e aparentemente pouco naturais. Se nos basseássemos nesses dois critérios acima, decidiríamos que a teoria quântica é um mito e que 7 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online mapas astrais são ciência pura. Sabe-se que Karl Popper enfrentou essa questão e produziu sobre ela algumas idéias muito influentes. Como ele próprio relata, em Conjectures and Refutations(1963), encontrou-se com ela na Viena dos anos 20 onde estavam na moda três teorias revolucionárias recém-formuladas: a relatividade, o marxismo e a psicanálise. Nos meios acadêmicos da época, ao menos entre os estudantes, todas as três eram consideradas científicas. Porém Popper sentia que não eram a mesma coisa, que havia uma diferença entre elas no que tange à cientificidade. Esse sentimento provinha da constatação de que, para os psicanalistas e para os marxistas, não havia comportamento individualou fenômeno social que não pudesse ser explicado por suas teorias. Tudo cabia dentro da roupa, não importava que tamanho tivesse. Todos os fenômenos de seu campo de aplicação eram verificações de suas teorias. Já o mesmo não acontecia com a relatividade, pois sabia- se que, se certas coisas fossem observadas, a teoria seria desconfirmada. Mas,para a psicanálise e para o marxismo, não havia fenômeno no horizonte que pudesse contradizê-las. A teoria da ciência que Popper (1965) desenvolveu explica por que isso acontece. Em primeiro lugar, ele demonstrou que as verificações experimentais de uma teoria não são confirmações de sua verdade. Seu famoso exemplo é o do cisne branco. Se, baseados em exaustivas observações de cisnes, sempre brancos, concluímos que ‘todos os cisnes são brancos’, podemos, evidentemente, considerar cada novo cisne branco que encontramos como uma confirmação da verdade do universal. Podemos, inclusive, passar a vida acreditando nisso e encontrando confirmações a cada novo cisne branco. Mas isso não garante que a teoria seja verdadeira. E, o pior, bastará uma única experiência, um único cisne preto que apareça em nosso campo visual, para que a teoria inteira se revele falsa. Por esta razão Popper vai situar, na refutação, e não na confirmação, o teste da demarcação. Ou seja: só posso decidir se uma teoria é falsa, nunca se ela é verdadeira. Moral da história: confirmações das teorias, é fácil encontrá-las. Sempre é possível encontrar observações ou planejar experimentos que confirmem uma teoria. O problema é que essas observações e experimentos não garantem a veracidade dela. Que isso tenha colocado sérias objeções aos “métodos científicos tradicionais”, àquela idéia comum de ciência que se tinha no Século XIX, que via na atividade científica um processo exclusivamente indutivo, abre toda uma excitante discussão no âmbito da epistemologia das ciências, masnão é o caso de tratar disso neste texto. O fato é que essas discussões são muito enfadonhas, conduzem mais a perguntas do que a respostas, nos obrigam a colocar em dúvida coisas que sempre tivemos como verdadeiras, nos arrancam da paz dos caminhos conhecidos para a angústia dos caminhos tortuosos e obscuros. E, o que é mais importante, no que essas discussões servem para a prática? Afinal – dizem os alunos – não viemos aqui discutir teorias, viemos aprender técnicas, aprender a fazer, não aprender a pensar. De certa forma eles têm razão. Diante disso tem-se adotado, pragmaticamente, a seguinte solução: ‘adotarei a teoria com a qual mais me identifico, assumindo, daqui por diante, que ela é verdadeira.’ Todos nós acabamos por resolver a questão desse modo, embora seja fato que alguns são mais moderados e ecumênicos em sua relação com a verdade, Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto enquanto que outros são mais radicais e exclusivistas. Mas, queiramos ou não, gostemos ou não, essa é a realidade da psicologia hoje. Ou falando mais exatamente, no plural, das psicologias. 8 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online III Segundo Thomas Kuhn, outro influente epistemólogo e historiador da ciência contemporâneo, os inícios de uma disciplina científica são marcados pela concorrência entre diversas escolas e tendências (Kuhn, 1978). Não existe consenso entre os pesquisadores quanto à natureza dos fenômenos estudados, vale dizer, quanto ao objeto de estudo, nem quanto aos métodos adequados de investigação. Esta fase dadisciplina científica é chamada de pré-paradigmática. A superação dessa fase ocorre quando emerge uma construção teórica, acolhida pela comunidade como superior às suas concorrentes, fixando um objeto único e uma metodologia própria, e recebendo, em função de sua força descritiva e explicativa, a adesão da maioria dos cientistas. A disciplina atingiu, nesse momento, seu paradigma. Há ciências, como a física, a química, a biologia que já atingiram esse ponto. Quanto a nós, na psicologia, estamos na fase pré-paradigmática, em que convivemos com uma multiplicidade de modelos teóricos, cada um com seu objeto, teoria e metodologia próprios. Qual é o objeto da psicologia? Talvez a resposta venha facilmente: o comportamento. Sem dúvida, o comportamento, e particularmente o comportamento humano, é o que todos nós, psicólogos, estudamos. Ocorre que este não é o objeto que estudamos, é o fenômeno que investigamos. O termo comportamento recorta aquela parte da realidade fenomênica que cabe ao estudo da psicologia. O objeto de uma teoria não é o fenômeno que ela estuda, é um ente teórico, um objeto abstrato construído a partir do fenômeno através dos axiomas teóricos com os quais se aborda o fenômeno. Tomemos o exemplo da fobia. Se perguntarmos a um psicanalista o que é a fobia, ele dirá que ela é uma evitação sistemática de um objeto que simboliza para o fóbico a castração, sendo portanto uma manifestação deslocada de um temor registrado no inconsciente do sujeito. Nesse caso, o comportamento é um símbolo de uma outra coisa, a ser buscada numapeculiar organização subjetiva inconsciente. Se perguntarmos a um behaviorista, ele dirá que a fobia é fruto de condicionamento, no qual um estímulo inócuo foi condicionado a despertar uma resposta que corresponde a outro estímulo. Nesse caso, o comportamento consiste na resposta desencadeada pela presença de um determinado estímulo condicionado. Ora, o mesmo fenômeno se explica, para a psicanálise, pelo inconsciente, para o behaviorismo, pelo condicionamento. O objeto de estudo da teoria psicanalítica é o inconsciente; o do behaviorismo, o condicionamento. A base teórica define os objetos e métodos de cada abordagem e é aprendida através de instrução e treinamento. Isso faz com que o adepto de uma abordagem desenvolva determinada concepção acerca dos fenômenos, um modo particular de enxergar a realidade. Evidentemente a concepção que ele desenvolve carrega consigo os fundamentos teóricos dos quais ela é derivada, aquilo que os lógicos chamam de axiomas e teoremas, mas o senso comum intitula de pré-conceitos. Esses preconceitos moldam a visão da realidade de tal forma que o sujeito passa a acreditar que o universo se ajusta perfeitamente às suas concepções e crenças, chegando ao ponto de muitas vezes acreditar que seus objetos teóricos são objetos reais. De fato este é o curso normal do conhecimento pois, se não se assumem ilusões como estas, acaba-se por não poder pensar. O problema é que esse Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcadorde texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto saber não é explícitamente formulado e se transmite de professor para aluno sem que o processo lhes seja consciente. Esse tipo de conhecimentotácito determina formas coletivas de comportamento e o desenvolvimento de posturas mentais no seio da comunidade que compartilha tal ou tal 9 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online Warley Marcador de texto teoria. (ver: Carvalho, M.C.M, 2000) Isso faz com que as comunidades teóricas tendam a fechar-se em torno de si mesmas, e os sujeitos que dela participam a ignorarem sistematicamente aquilo que não se ajusta a seus modelos teóricos. A teoria acaba adquirindo um caráter dogmático, sendo que toda tentativa de inovação dentro da teoria é vista como desviante. IV Diante desta pluralidade, que fazer? Penso que essa diversidade é o que torna a psicologia tão excitante e desafiadora pois, afinal, é uma ciência em construção. Edna Heidbreder (1969) propõe a seguinte metáfora: as diferentes escolas de psicologia são como os andaimes utilizados na construção dos prédios. Sem eles, a estrutura do prédio não pode ser construída, mas quando o prédio está pronto, os andaimes perdem sua função e podem ser dispensados. Para levar a cabo essa construção é indispensável uma atitude fundamental por parte do homem de ciência: sua adesão irrestrita ao que Popper chama de “tradição racionalista”: Um dos elementos mais importantes de nossa civilização ocidental é o que posso chamar de “tradição racionalista” que herdamos dos gregos. É a tradição da discussão crítica – não por si mesma, mas nos interesses da procura da verdade. A ciência grega, como a filosofia grega, foi um dos produtos dessa tradição, e daurgência de entender o mundo em que vivemos; e a tradição fundada por Galileu foi seu renascimento. (1963: 101) O que deve estar acima de nossas teorias é a procura pela verdade, procura que só pode ocorrer dentro da tradição da discussão crítica das idéias. A realização concreta desta tradição no dia a dia de nossas atividades implica assumir uma determinada atitude. Diante de um conjunto de crenças – e as teorias nada mais são do que conjuntos ordenados de crenças estruturados em torno de algumas crenças fundamentais – pode-se ter duas atitudes distintas: a atitude dogmática ou a atitude crítica. Passo a compará-las relativamente a três pontos que foram tratados anteriormente: 1 – A atitude dogmática em relação às crenças tende a confundí-las com a realidade, ou seja, tomar o que é um construto teórico como algo existente no real. Por exemplo, quando se fala em inconsciente na psicanálise não se está referindo a um ente concreto, existente em algum lugar lá dentro do nossa mente. Inconsciente é um conceito, uma entidade teórica que só existe no mundo das idéias e que foi cunhado por Freud para explicar alguns fenômenos da vida mental. Todos os conceitos teóricos são frutos de dedução e não de pura observação empírica. A atitude crítica sabe que idéias são idéias, e as coisas, outra coisa. Sabe que os conceitos são explicações provisórias das coisas, conjecturas que podem perfeitamente revelar-se falsas e, quando isso acontece, devem ser abandonadas em favor de conjecturas mais genuínas. 2 – Decorre disso que a atitude dogmática, uma vezque toma crenças por realidades, crê na verdade das crenças. Isso significa comportar-se como se a essência das coisas tivesse sido desvendada. Volto ao exemplo do inconsciente. Para alguns adeptos da psicanálise o incons- 10 Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online ciente freudiano é a essência do mental, é uma verdade estabelecida que nunca poderá ser refutada. O problema dessas profissões de fé não é que elas possam estar erradas, isso nunca se sabe. O problema é que essa atitude impede o progresso do conhecimento, pois cria zonas teóricas inquestionáveis e jamais sujeitas a dúvidas. Disso resulta que as contradições, ou os fatos que não se explicam pelas crenças, são ignorados ou bloqueados, ou ainda, distorcidos para adequar-se à forma teórica. A tendência do crente é buscar verificações de sua teoria e ignorar as refutações. Faz parte da atitude crítica saber que a verdade é o que todos buscamos, mas que nossas teorias são sempre provisórias em relação a ela. A grande companheira de jornada, com quem o cientista dialoga constantemente, é a realidade. Por essa razão, os erros e os enganos na ciência são muito mais importantes e fecundos que os acertos, pois é o que põe em marcha o progresso do saber. Ao contrário, se se crê que as idéias estão absolutamente certas, nada mais há a fazer do que repeti-las indefinidamente. 3 – Finalmente, a atitude dogmática mantém caladas e silenciosas as crenças básicas e fundamentais do sistema, as que fazem parte do paradigma. Aspessoas pensam e agem baseadas em convicções que elas próprias nem sabem que têm. Todos adotam paradigmas, no mais das vezes de forma totalmente implícita. É somente uma atitude crítica na discussão entre ímpares que pode proporcionar a necessária explicitação desses paradigmas. A psicologia nasceu como uma disciplina investigativa que se propôs retomar, com uma metodologia inspirada na das ciências naturais, uma agenda de questões que está na pauta do pensamento ocidental desde os gregos. Por outras razões, fundamentalmente culturais e contextuais, ela ofereceu-se também como prática profissional capaz de intervir em diversos campos da atividade humana. Desde então sofre com essa ambigüidade estrutural, pois se vê obrigada a responder em sua prática por um objeto sobre o qual seus próprios praticantes não estão de acordo. É comum o ser humano lidar com a ambigüidade e com o sofrimento buscando idéias nas quais ele possa acreditar, elevando-as ao estatuto de verdades. Mas o futuro de nossa ciência depende da atitude que tomamos em relação a essas idéias que ocupam o lugar da verdade. A atitude crítica só pode acontecer em seu debate franco, seja dentro de uma mesma abordagem teórica, seja entre as diversas abordagens dentro do campo, seja com outras disciplinas. Concluo estas considerações com um parágrafo de Georges Canguilhem que resume a questão que procurei situar com estas linhas: É, pois, muito vulgarmente que a filosofia coloca para a psicologia a questão: dizei-me em que direção tendes, para que eu saiba que sois? Mas ofilósofo pode também se dirigir ao psicólogo sob a forma – uma vez que não é costume – de um conselho de orientação, e dizer: quando se sai da Sorbonne pela rue SaintJacques, pode-se subir ou descer; se se sobe, aproxima-se do Pantheon, que é o Conservatório de alguns grandes homens, mas se se desce dirige-se certamente para a Chefatura de Polícia. (Canguilhem,G., 1972: 123) 11 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto Warley Marcador de texto REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CANGUILHEM, G. (1972). O que é a psicologia?.In: Tempo Brasileiro 30/31. Julho- dezembro. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pp. 104 a 124. CARVALHO, M. C. M. (2000). A Construção do saber científico: algumas posições. In: Carvalho, M. C. M. (org.) Construindo o saber. Metodologia científica – fundamentos e técnicas. Campinas: Papirus, pp. 63 a 86. GARDNER, H. (1996). A nova ciência da mente. São Paulo: Edusp. HEIDBREDER, E. (1969). Psicologias do Século XX. São Paulo: Mestre Jou. KUHN, T. S. (1978). A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva. POPPER, K. (1963). Conjectures and refutations. The growth of scientific knowledge. London: Routledge. ______. (1965). A lógica da investigação científica. In: São Paulo: Abril Cultural. Coleção Os Pensadores. SCHULTZ , D. P.; SCHULTZ S. L. (1981). História da Psicologia moderna. São Paulo:Cultrix. SCIENTIFIC AMERICAN (2002). Vol. 287, nº 1, july, pp. 11 e 12. 12 PSICOLOGIA(S): SINGULAR OU PLURAL? Fabio Thá n. 01, Curitiba, out. 2002 www.utp.br/psico.utp.online
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