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Tema 3

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Relações Trabalhistas Tema 3 
JORNADAS, DESCANSO NO TRABALHO E NORMAS DE SEGURANÇA
Nesta unidade temática, você vai aprender
· A desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável;
· A reconhecer e definir problemas; 
· A pensar estrategicamente;
· A atuar preventivamente;
· A transferir e generalizar conhecimentos;
· A exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da demanda de decisão.
Introdução
Neste terceiro capítulo, serão abordados os limites de jornadas de trabalho, tais como a jornada padrão e outras especiais. Em seguida, serão analisadas as principais hipóteses de descanso, tais como o intervalo intrajornada, interjornada, repouso semanal remunerado e as férias.
Por fim, será apresentada a lista com o rol das Normas Regulamentadoras de Segurança e Medicina do Trabalho.
Jornadas, Descanso no Trabalho e Normas de Segurança
JORNADA DE TRABALHO CONTRATUAL
A Jornada de trabalho (prevista ou efetiva) é o tempo diário em que o empregado fica à disposição executando ou aguardando ordens do empregador. Já o horário de trabalho corresponde ao horário de início e término da jornada diária. No Brasil, a legislação criou a jornada padrão e outras especiais.
A Jornada padrão (normal) está prevista na Constituição Federal:
CF, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Portanto, em regra, se o trabalhador labora acima desse limite de 44 horas semanais sem o descanso em outro dia (compensação), deverá ser paga a jornada excedida com acréscimo de no mínimo 50%.
Por outro lado, existem jornadas diferenciadas e que serão abordadas a seguir. Primeiramente, destaca-se a jornada especial realizada no turno ininterrupto de revezamento. Essa jornada é de 6 horas diárias e está prevista na Constituição Federal de 1988, no art. 7º inciso XIV.
Para caracterizar essa jornada especial reduzida, segundo interpretação do Tribunal Superior do Trabalho, basta alternância de dois turnos:
OJ-SDI1-360 TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. DOIS TURNOS. HORÁRIO DIURNO E NOTURNO. CARACTERIZAÇÃO (DJ 14.03.2008) Faz jus à jornada especial prevista no art. 7º, XIV, da CF/1988 o trabalhador que exerce suas atividades em sistema de alternância de turnos, ainda que em dois turnos de trabalho, que compreendam, no todo ou em parte, o horário diurno e o noturno, pois submetido à alternância de horário prejudicial à saúde, sendo irrelevante que a atividade da empresa se desenvolva de forma ininterrupta. 
Portanto, um trabalhador com a jornada padrão de 8 horas diárias e 44 horas semanais poderá trabalhar das 8 horas às 17 horas de segunda-feira a sexta-feira, com intervalo de refeição de 1 (uma) hora. Além de laborar mais 4 horas no sábado, por exemplo, das 08 horas às 12 horas.
Se o empregador iniciar alternância de turnos, por exemplo, passando esse trabalhador para o horário noturno e depois retornando para o diurno, sempre alternando esses horários, será caracterizado o turno ininterrupto de revezamento, passando a sua jornada para 6 horas diárias. A será como se estivesse trabalhando 8 horas diárias.
Caso ocorra negociação com o Sindicato, poderá manter a jornada em 8 horas diárias. Nesse sentido, o entendimento do Tribunal Superior do Trabalho:
SUM-423 TURNO ININTERRUPTO DE REVEZAMENTO. FIXAÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO MEDIANTE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. VALIDADE (conversão da Orientação Jurisprudencial nº 169 da SBDI-I) - Res. 139/2006 – DJ 10, 11 e 13.10.2006 Estabelecida jornada superior a seis horas e limitada a oito horas por meio de regular negociação coletiva, os empregados submetidos a turnos ininterruptos de revezamento não têm direito ao pagamento da 7ª e 8ª horas como extras. 
Outro tipo de jornada especial é o Regime de Tempo Parcial que permite uma jornada reduzida. No entanto, o pagamento da remuneração é reduzido proporcionalmente à redução da jornada. Segundo o artigo 58-A da CLT, poderão ser estabelecidas jornadas reduzidas de até 26 horas semanais (com possível acréscimo de 6 por semana ou compensação até a semana seguinte da prestação de serviços com horas extras) ou de 30 horas semanais (sem horas extras).
Outros tipos de jornadas podem ser criados através do regime de compensação. No regime de compensação, trabalha-se além da jornada diária em um dia, mas o empregado compensa (descansar em outro). São exemplos de jornadas criadas por esse regime, a jornada 12 horas trabalhadas por 36 horas descansadas e a jornada de que intercala 40 horas em uma semana com 48 horas em outra. Ambas as jornadas podem ser estabelecidas por acordo individual.
Existem também vários outros casos de jornadas especiais de profissões regulamentadas, como é o caso do advogado (4 horas diárias e 20 horas semanais), radiologista (24 horas semanais), músicos (5 horas diárias), telefonista (6 horas diárias), cabineiros (6 horas diárias), trabalhadores em minas (6 horas diárias) etc. Todos esses casos com previsão diferenciada em legislação especial.
JORNADA DE TRABALHO EFETIVA
Apresentadas as principais jornadas de trabalho que podem ser acordadas, deve-se analisar qual é a jornada efetiva trabalhada. Quando a jornada efetiva ultrapassar a jornada acordada, existirá a obrigação do pagamento de horas extras quando não existir compensação de jornada.
Segundo o artigo 4º da CLT, serão apuradas como horas trabalhadas: a) o tempo à disposição executando ordens; e b) tempo à disposição aguardando ordens.
Não serão apuradas na jornada de trabalho as horas gastas no deslocamento da residência até o local de trabalho e o retorno também (chamado de horas in itinere em Latim). Antes da Reforma Trabalhista, existia previsão de situações que as horas de trajeto eram computadas. Tal previsão foi excluída desde 2017.
Existem situações que o trabalhador aguarda ser chamado para o serviço, mas não no local de trabalho. Nessas hipóteses, a hora não será apurada como trabalhada, mas paga em uma proporção reduzida, como nos casos de sobreaviso e de prontidão. Esses dois tipos de regimes estão previstos para os ferroviários na CLT, mas cujos regimes são aplicáveis para os demais trabalhadores, por analogia, como foi o caso dos eletricitários (ver exemplo na Súmula 229 do TST).
JORNADA EXTRAORDINÁRIA E COMPENSAÇÃO DE JORNADA
Quando o trabalhador excede a jornada contratada, ele estará realizando as chamadas horas extras. Essa hora excedente é também chamada de horas extraordinárias ou sobre jornada ou jornada suplementar.
Nesses casos, além do salário normal, o trabalhador receberá um adicional de no mínimo 50% (conforme artigo 7º, inciso XVI da Constituição Federal). Caso exista previsão de percentual mais favorável no contrato ou em acordo negociado com o sindicato, esse valor mais favorável é que deve ser pago. Caso haja compensação (descanse em outro dia), não haverá a necessidade de pagamento das horas extras.
Compensação é o instituto que permite que a hora excedente seja descansada em outro momento, ou vice-versa, a hora descansada seja trabalhada em outro momento. Em razão disso, desaparece o direito às horas extras. Nesse contexto, cria-se um “banco de horas” para efeito de controle de compensação.
É possível estabelecer acordo para compensação de jornada nas hipóteses a seguir:
a) Por ACT ou CCT: compensação no período máximo de um ano (parágrafo 2º do artigo 59);
b) Por acordo escrito: compensação no período máximo de seis meses (parágrafo 5º do artigo 59);
c) Por acordo escrito ou tácito: compensação “no mesmo mês” (parágrafo 6º do artigo 59); chamado de “acordo de prorrogação de jornada”.
Conforme dito anteriormente, através do regime de compensação, é possível estabelecer a jornada 12trabalhadas por 36 horas descansadas, e a jornada que intercala 40 horas em uma semana com 48 horas em outra. Ambas jornadas podem ser estabelecidas por acordo individual.
JORNADA NOTURNA
O legislador estabeleceu adicional para os trabalhadores que laboram no horário noturno (ver artigo 7º, inciso IX da Constituição Federal de 1988). O percentual do adicional e a delimitação da hora noturna são diferentes para os trabalhadores urbano e rural.
A regra geral do trabalho urbano (conforme artigo 73 da CLT) é a seguinte:
· 22 horas até 5 horas; (salvo prorrogações);
· com hora ficta (cada 52 minutos e 30 segundos serão considerados 1 hora, ou seja, como se tivesse trabalhado 60 minutos);
· com adicional de 20% sobre a hora diurna.
O legislador, no trabalho urbano, criou uma apuração da hora noturna mais reduzida (também chamada de hora “ficta”). Para cada 52 minutos e 30 segundos trabalhados no horário noturno, será considerada como se tivesse trabalhado 60 minutos. Ou seja, o trabalho das 22 horas até 5 horas equivalem à 8 horas trabalhadas. E seriam acrescidos ainda um adicional de 20%.
Caso o trabalhador tenha trabalhado toda jornada noturna e prorrogado o trabalho para após às 5 horas, essas horas excedentes deverão ser pagas também com o adicional noturno (ver 73, § 5º da CLT e Súmula 60 do TST).
Além dessa definição para o urbano, existem outras previsões diferentes sobre o trabalho noturno. Vale destacar os casos do trabalhador rural e do advogado, por exemplo.
As empresas devem controlar os registros de entrada e saída do nos estabelecimentos com mais de 20 empregados, salvo quando for acordado expressamente que será anotada por exceção à jornada. Ou seja, nesse caso, somente será necessária a anotação da hora de entrada e saída quando for excedida a jornada.
INTERVALOS DE DESCANSO
O intervalo de descanso é o tempo em que o trabalhador susta a prestação dos serviços, sendo remunerado ou não. Ou seja, o trabalhador não presta serviços. São exemplos de intervalos:
No trabalho urbano, segundo o artigo 71 da CLT, devem ser observados os seguintes intervalos intrajornadas:
· jornada diária até 4 horas: 0 (zero) de intervalo;
· jornada diária de 4 até 6 horas: 15 minutos;
· jornada diária acima de 6 horas: 1 hora até 2 horas.
FÉRIAS
Férias é um tempo de descanso remunerado de frequência anual. Possui previsão no artigo 7º, inciso XVII da Constituição Federal e na CLT, nos seus artigos 129 a 153. A Convenção nº 132 da OIT não será aplicada, pois as normas da CLT são mais favoráveis.
O trabalhador terá direito, após o período aquisitivo trabalhado de 12 meses, ao descanso remunerado de 30 dias, além do acréscimo de 1/3. As férias serão concedidas nos 12 meses seguintes, período que é chamado de concessivo.
O período da concessão das férias será definido pelo empregador e poderá ser fracionado em até 3 vezes, “sendo que um deles não poderá ser inferior a quatorze dias corridos, e os demais não poderão ser inferiores a cinco dias corridos, cada um” (ver artigo 134, parágrafo 1º da CLT). Nas férias coletivas, o parcelamento será de no máximo 2 vezes, respeitando o mínimo de 10 dias cada fração.
Se o empregador não conceder as férias dentro do período concessivo ou pagar fora do prazo, a remuneração férias será dobrada (ver artigo 137 da CLT). O prazo de pagamento é de 2 dias antes da concessão das férias (artigo 145 da CLT e Súmula 450 do TST).
As férias serão remuneradas com o acréscimo de 1/3 conforme a Constituição Federal de 1988:
CF, Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. 
Caso o contrato de trabalho seja extinto antes do término do período aquisitivo, as férias serão pagas na forma proporcional, salvo quando a demissão ocorrer por justa causa (artigo 146 da CLT e Súmula 171 do TST).
Existe ainda a possibilidade de venda de parte das férias. Trata-se do chamado “abono pecuniário”. Essa venda deve ser limita à 1/3 das férias (artigo 143 da CLT).
O empregador tem a liberdade de conceder férias coletivas, ou seja, poderá estabelecer as férias da empresa ou de um determinado estabelecimento ou de setor. Porém, nesses casos, as férias poderão ser fracionadas em somente 2 períodos com no mínimo 10 dias cada.
NORMAS DE SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO
Para a prevenção de acidentes ou doenças do trabalho, o legislador estabeleceu várias regras de proteção na CLT (artigo 154 e seguintes da CLT).
Através do artigo 200 da CLT, delegou-se ao Poder Executivo (antigo Ministério do Trabalho) a regulamentação das normas de segurança e medicina do trabalho. Em razão disso, foi expedida a Portaria nº 3214 de 1978 que apresentou as Normas Regulamentadoras sobre Segurança e Medicina do Trabalho. Atualmente, existem 37 Normas Regulamentadoras, embora a NR nº 02 tenha sido revogada em 2019.

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