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CONEC – Conexão Escola-Criança 1 INTERPRETAÇÃO DO DESENHO INFANTIL O QUE É O DESENHO? O desenho é uma das variadas atividades que serve para nos expressarmos e permite desenvolver a criatividade e imaginação de cada um. Surge espontaneamente e de início não tem mesmo uma forma definida, começando com uns rabiscos evoluindo depois para desenhos mais completos e organizados. Foi esta a primeira manifestação da “escrita” humana, assim como é sempre das primeiras formas das crianças se expressarem. Desenhar é tão importante para o crescimento das crianças como o jogo ou a linguagem. Possibilita um maior desenvolvimento do lado criativo, da imaginação e originalidade da criança. Os desenhos dizem bastante acerca do carácter e estado emocional das crianças. A análise do desenho infantil é um dos métodos muito utilizados por psicólogos ou educadores para compreender melhor os problemas ou medos das crianças, ajudando- as a resolver algumas situações problemáticas. O desenho mostra, o nosso presente, passado e história pessoal. Pode mostrar coisas que não se consegue, ou é muito difícil dizer ou descrever por palavras, pois é nele que cada pessoa comunica, em grande parte, inconscientemente. Conta a nossa história, o que está dentro de cada um e que não sai de outras maneiras. Através do desenho podem-se conhecer os pensamentos, desejos, fantasias, e até medos e ansiedades. GARATUJAS São os primeiros traços que a criança produz, por meio de rabiscos, de maneira inconsciente, com direção e tamanhos variados, repetidos várias vezes. Rabiscos esses que fazem parte do desenvolvimento e que são imprescindível para a estimulação da psicomotricidade fina e preparação para a escrita. Além de promover autonomia, autoconfiança e compreensão do mundo à sua volta, é um aporte para a construção da personalidade. CONEC – Conexão Escola-Criança 2 VANTAGENS QUE O DESENHO OFERECE ÀS CRIANÇAS Desenvolvimento da psicomotricidade particularmente a motricidade fina; Fornece as bases para o desenvolvimento da escrita e da leitura; Aumenta a sua autoestima (sempre que os pais elogiam os seus desenhos); Desenvolvimento da expressividade e criatividade; Serve também como meio de comunicação, tanto a nível interpessoal (com outros) como a nível intrapessoal (com ela própria); Contribui para a formação da personalidade; É um meio de expressão, de emoções, necessidades e interesses, não verbal, sendo que por vezes a criança não sabe, não quer ou não pode expressá-las verbalmente. É também um meio de descarga da agressividade; Ajuda a criança a desenvolver-se emocional e intelectualmente. CONEC – Conexão Escola-Criança 3 SIGNIFICADO DOS ELEMENTOS POSIÇÕES DOS DESENHOS Segundo Visca (2013), é necessário levar em conta nove posições ao desenhar sobre o papel, que podem indicar traçados e diversos vínculos de aprendizagem. Além disso para Crotti e Magni (2013), cada posição do desenho no papel tem um significado, baseado na norma do simbolismo espacial. Considerando isso, a criança pode decidir desenhar nas seguintes posições: superior, inferior, centro, esquerda e direita, na visão de Bérdard. Baseados nesses autores, temos a seguinte interpretação quanto às posições no desenho da criança: Superior: Indica muita imaginação, exigência, curiosidade e o desejo por descobrir coisas novas. Inferior: indica insegurança, em algumas situações atitudes impulsivas. Centro: Representa o presente. O desenho no centro indica que a criança está aberta a tudo à sua volta e que no momento não vive ansiedades nem grandes tensões, mesmo que pense no seu passado ou futuro. Está criança prefere ver o resultado imediato das coisas. É bom não confiar responsabilidade a longo prazo, pois pode se cansar no meio do caminho. Esquerda: Representa o passado. Pode significar que a criança pensa bastante nele, sendo que não aproveita o presente tal como devia e nem pensa no futuro. Pode ter acontecido algo de mau ou algo de muito bom que a deixa ainda ligada ao seu passado, dependendo do que está desenhado à esquerda, isso é que nos vai indicar se foi um acontecimento mau ou bom. Pode indicar uma criança mais introvertida. Direita: Quer dizer que a criança deposita fé e esperanças no futuro. Pode indicar uma criança mais extroversão. Está aberta a novas experiências. CONEC – Conexão Escola-Criança 4 TAMANHO DO DESENHO O tamanho do desenho pode ter uma interpretação favorável ou desfavorável. Quanto maior for o desenho mais visível tornar-se-á. Grande Quando a criança desenha constantemente desenhos grandes, está expressando uma certa segurança, pode também tratar de um desenho de compensação, a criança se mostra grande para o outro à enxerga-la. Devemos sempre ver qual cor ela usa para pintar o desenho. Se for cores fortes como o vermelho, laranja e amarelo, podemos estar diante de uma criança exigente, que procura chamar atenção, pode estar associado a expansão do ego/ansiedade. Se as cores forem suaves como o azul ou verde, estamos diante de uma criança com um comportamento social adequado. Pequeno São crianças que apresentam pouca necessidade de afirmação, falta de confiança, mais reservadas e tímidas. São crianças que se conformam com pouco espaço. Geralmente são mais tranquilas, não procuram companhia dos outros, geralmente preferem brincar com crianças menores. PRESSÃO/TRAÇOS Entre linhas e traços que a criança produz ao desenhar, não podemos deixar passar despercebida a pressão desses traçados, visto que tem as seguintes interpretações: Quando a criança realiza um determinado traço seu gesto pode conter força ou Debilidade. A pressão está associada a energia, equilíbrio e vitalidade. Uma boa pressão indica entusiasmo e vontade. E quanto mais forte for mais agressividade existirá. Se os traços forem superficiais é porque a criança realiza seu desenho de modo distante, sem demasiada convicção. Entretanto, isso pode ser atribuído ao cansaço físico. Pouca pressão, traços leve: Baixo nível de energia, insegurança, timidez, sentimentos de incapacidade falta de confiança em si mesmo, comum em crianças deprimidas. Pressão leve: demostra muita sensibilidade e necessidade de estimulação para adquirir autoconfiança. Pressão média: demostra equilíbrio, tranquilidade e facilidade na adaptação às mudanças. Pressão forte: demonstra segurança, autoconfiança e empolgação na realização da tarefa, mas, em algumas situações, a pressão forte pode significar impulsividade. Vale CONEC – Conexão Escola-Criança 5 elencar outros elementos como as cores, por exemplo, para uma interpretação mais próxima da realidade. Quanto aos traços, a interpretação pode ser: Traço fragmentado ou manchado: oscila entre entusiasmo e cansaço e, até mesmo, certa distração ao executar a tarefa. Pode até ter começado com certa empolgação, mas para de traçar e depois volta com desanimo para o desenho. Traço contínuo ou regular: pode indicar uma criança “doce” e serena. Apresenta facilidade de adaptação, busca pela paz, não gosta de brigas. A tranquilidade é uma das principais característica desse tipo de traçado. Traço rápido: pode indicar timidez, introversão, cansaço com facilidade e apresenta dificuldade no convívio. Traço inclinado: que não segue uma linha ou, como Bédard (2013) denomina, obliquo: embora seja um traço lançado está presente quando, por exemplo, existe um relâmpago a cair do céu em direção ao chão ou quando um foguete levanta voo, o que representa a energia e impetuosidade. Ao estudar o traço oblíquo deve-se também ter em conta a pressão que a criança fez enquanto estava a desenhar, pois quanto maior for a pressão mais a raiva está presente e estetraço significa força, o que nem sempre precisa significar força com violência. CONEC – Conexão Escola-Criança 6 CORES As crianças utilizam as cores para imitar a natureza mas, tal como o próprio desenho, também seguem o seu inconsciente, tornando-se assim bastante revelador. Por outras palavras, a cor tanto serve para identificar as coisas pelo seu nome (céu azul, sol amarelo, relva verde...), como para exprimir sensações e estados emocionais como a tristeza, em tons sombrios, a alegria, com cores vivas, a calma, com tons suaves, a exaltação, com cores fortes e agressivas. A preferência pelas cores vivas e contrastantes é uma característica dominante na pintura infantil. Na visão de Crotti e Magni (2013), antes de analisarmos o significado das cores, precisamos atentar para a intensidade. As cores mais vibrantes mostram sentimentos intensos, sejam bons ou ruins; já as mais suaves mostram maior sensibilidade e afabilidade. Então, vamos ao significado de algumas cores: Vermelho: Antes dos seis anos de idade é normal que a criança utilize muitas vezes esta cor. Indica-nos que é energética e de espírito desportivo. Depois desta idade pode indicar inclinação para a agressividade e falta de controlo emocional. Apesar de ser uma cor que parece causar preocupação, representa o sangue, por isso, pode significar vivacidade e muita energia. Por outro lado, pode não demostrar agressividade, mas, quando menos se espera, por motivo de ira ou ansiedade, pode ter um comportamento explosivo. Laranja: A criança que tem preferência pelas cores alaranjadas aprecia a novidade e as coisas feitas rapidamente. Prefere também os jogos em grupo, pois tem grande espírito de equipa e de competição. Uma criança um pouco agitada, impaciente e extrovertida. Mostra-se impaciente em tarefas que demandam um tempo maior de atenção, demonstra segurança e necessita estar rodeada de outras criançsa. Amarelo: Também indício de extroversão é uma cor que está muitas vezes associada ao vermelho. Aponta para a alegria de viver, para a atividade e indica-nos uma criança que é mais expressiva que a maioria das outras crianças. É também exigente consigo própria e com os outros. Verde: Demonstra maturidade, satisfação nas tarefas, que é sensível, intuitiva e saudável, com boa força física. Azul: Símbolo de paz, harmonia e tranquilidade por um lado e sinal de introversão e pessimismo por outro. A criança gosta de fazer as coisas conforme o seu ritmo, não gosta que lhe apressem, exigente consigo mesma. Branco: É raro a criança escolher um lápis de cor branca mesmo que lhe esteja à disposição, em vez disso ela normalmente deixa o espaço em branco para representar CONEC – Conexão Escola-Criança 7 esta cor. Pode representar o vazio interior e o intemporal. A cor branca neutraliza, resinifica, ameniza e dá brilho ao existente. Ainda que a utilização dessa cor em demasia possa indicar que não queria que ninguém impeça de fazer algo, pode indicar que esteja querendo apagar o que aconteceu e fazer novamente e diferente. Rosa: revela doçura, suavidade, calma, adaptação, facilidade para criar vínculos, mas pode mudar o comportamento quando contrariada. Não gosta de coisas difíceis, prefere aquilo que é acessível e agradável. Por um lado é uma criança adaptável a várias situações. Roxo: em demasia pode indicar inquietude e tristeza devido à pressão advinda dos pais de forma excessiva, pode apresentar medo por não satisfazer as expectativas. Castanho: Esta cor remete-nos para uma criança apreciadora do conforto e segurança. Se o castanho estiver aplicado corretamente indica uma criança estável e rigorosa naquilo que faz, paciente, no entanto, lenta a reagir. Porém, se for uma cor dominante no desenho pode significar uma má adaptação familiar e/ou social. Cinzento: Quando o cinzento é utilizado frequentemente, indica-nos que a criança está num período de transição entre o passado e o futuro. É uma criança indecisa e influenciável que, responde conforme aquilo que as outras pessoas querem ouvir, por exemplo, diz que sim, quando vê que querem que diga que sim, e diz que não, quando vê que querem que ela diga que não. Preto: É uma das cores mais mal interpretadas. Quando utilizada com frequência, está apenas nos transmitindo que tem segurança e autoconfiança. A princípio, não se trata de uma cor que traga motivo para preocupação, como muitos pensam, mas, se for utilizada para “esconder” seus segredos, colorindo por cima do desenho que produziu, não permitindo vermos o que desenhou, ai, sim, vale a pena investigar se não está buscando autoproteção. CONEC – Conexão Escola-Criança 8 CASA Refere-se as relações pessoais, com ênfase no lar e na família. Representa suas emoções vividas a partir do ponto de vista social, e nos transmite uma informação importante a respeito do seu grau de abertura ou reclusão a propósito do seu mais imediato ambiente. É um lugar onde a criança passa maior parte do tempo: estuda, brinca, recebe os amigos, desenvolve vínculos afetivos, alimenta-se e dorme. Para Meredieu (2017), a casa é a maneira que temos para identificar o modo como as crianças vive em seu próprio espaço. Tudo na casa tem um significado: tamanho, porta, janela, telhado, cores, chaminé, com ou sem fumaça. Vamos ver o que pode significar cada parte? Casa grande: alegria, extroversão, critica, espontaneidade e acolhimento e gosta de casa cheia. Embora haja receptividade, por vezes pode apresentar impulsividade. Casa pequena: introversão, insegurança, necessidade de aprovação dos outros sobre suas atitudes e considera sua família um porto seguro. Casa com forma de castelo: aventura, criatividade, generosidade, imaginação, mas pode indicar distração com facilidade. Casa rodeada de árvores: busca por proteção para sua família. Casa com cerca: pode indicar isolamento e busca por proteção. Porta grande: gosta de receber pessoas em sua casa e a vida é quase sempre uma festa. Porta pequena: seletividade e pode indicar dificuldade de receber pessoas em sua casa. Duas portas: pode indicar o desejo de morar em outro lugar, ou um possível conflito com os pais. Porta aberta: mais raro de encontrar. Pode revelar carência e fragilidade e uma necessidade de receber calor afetivo. Porta fechada: e sem fechadura: autoproteção, prudência, timidez e dificuldade nas relações interpessoais. Sem porta: dificuldade no convívio social. Fechadura ou puxador lado direito: indica que não tem dificuldade com mudanças, facilidade em quebrar rotinas e tem pensamentos voltados para o futuro. Fechadura ou puxador lado direito: enfrenta dificuldade com mudanças e tem pensamentos voltados ao passado. CONEC – Conexão Escola-Criança 9 Fechadura ou puxador no meio: busca por autonomia e, quando confrontada, mostra teimosa e não muda sua decisão com facilidade. Importante sempre interpretar a posição do desenho no papel, lateralidade, como já vimos no início. Quando está localizado mais para esquerda (passado), à direita (futuro), centro (hoje). Isto também é aplicado para a interpretação da fechadura na porta. Janelas grandes e abertas têm o mesmo significado: curiosidade, ambição, domínio, não se importa com as críticas recebidas. Quanto mais janelas, maior o nível de curiosidade. Janelas pequenas: pode indicar introversão e não gosta que façam perguntas. Janelas fechadas: pode indicar autoproteção. Janelas com grades: (em forma de cruz): busca proteção, sente-se prisioneiro por motivos de uma situação de conflito familiar e tem dificuldade no convívio social. Sem janelas: fragilidade e dificuldade de enfrentar a realidade. Telhado: quanto mais elaborado, mais conflito interno tem para resolver. Telhadoplano e longo: pode indicar um possível conflito familiar por motivo de uma cobrança mais exigente dos pais e/ou responsável. Chaminé: “onde há fumaça, há fogo”! a fumaça nos mostra o nível emocional da família. Ou seja, um possível conflito familiar. A fumaça mais difícil de interpretar é aquela representada apenas com um único “fio”, pois pode indicar que o conflito está começando ou terminando. Quanto mais fumaça mais intenso é o conflito familiar. No entanto, precisamos atentar-nos para a junção de outros elementos como suporte nessa investigação, tais como: traços, tamanho da casa, cores e janelas grandes, pois isso pode nos mostrar positividade nesse convívio familiar, e o fato de ter muita fumaça pode ser apenas a necessidade de apenas manter aquecido o relacionamento. Agora, se a fumaça for negra e volumosa, se as cores da casa demonstram estados anímico de tristeza ou angustia, provavelmente a família esteja vivendo uma grande tormenta. Nesse sentido, é preciso investigar! CONEC – Conexão Escola-Criança 10 FIGURA HUMANA O desenho da figura humana vai evoluindo conforme a idade da criança. Normalmente, este desenho representa a própria criança ou os que estão à sua volta. São muitos os aspectos que se devem ter em conta nesta figura. De início as crianças começam por desenhar os braços a sair da cabeça, sem corpo, é o chamado “girino” ou “cabeçudo”. Neste caso não é preciso haver preocupação pois isto apenas significa que a criança ainda não tem uma boa percepção do esquema corporal da figura humana. Em determinada altura é dada pouca importância ao desenhar desta, é elaborada com traços simples, figuras denominadas de “boneco tipo fósforo”, quer isto dizer que a criança pretende que dêem mais atenção aos outros elementos do desenho. O que precisa ser observado no desenho da figura humana? Primeiramente a expressão facial. Para cada significado a seguir, é necessário fazer a junção com outros elementos, visto que o corpo todo pode dizer algo. Olhos muito grandes e largos: é sinal de curiosidade ou agressividade, por parte da criança, por outro lado também pode representar medo por parte da criança, pois é como se a criança estivesse espantada, congelada em relação ao que vê. Olhos muito pequenos: pode indicar introversão, pouco interesse e insegurança. Ausência de olhos: pode indicar que tem dificuldade de encarar o mundo ao seu redor. Boca grande, em destaque: pode indicar ambição, que fala diretamente, sem rodeios. Não costuma segurar a “língua”. Boca pequena: pode indicar introversão e que fala pouco. Sem boca: representa o fato de a criança não querer falar. Dentes: pode indicar agressividade (buscar outros elementos para a interpretação). As crianças não costumam desenhar orelhas, muitas das vezes porque é suposto estarem cobertas pelos cabelos. Logo, quando estas estão presentes significa que é uma criança atenta, que tem uma grande capacidade de percepção, sobretudo no ouvir. Os braços desenhados virados para cima remetem para uma criança que quer ser compreendida. É como se estivesse a suplicar e representa a esperança e desejo de uma resposta. Quando os braços estão para baixo pode significar uma fase em que não quer estabelecer o contato social. Quando colocados na horizontal, em linha com os ombros, indicam uma necessidade de interagir e a criança está preparada para receber tudo aquilo que lhe quisermos dar. CONEC – Conexão Escola-Criança 11 No caso de não ter mãos, é como se a criança se sentisse incapacitada, pode ser pela simples razão de não lhe darem oportunidade para fazer algo ou porque esta não quer meter “mãos à obra”. Mãos muito grandes: pode demostrar necessidade de contato. Por isso é fundamental atentar-se para os demais elementos, pois pode ser sinal de abuso infantil. Cuidado com essa interpretação. Sem mãos: pode indicar insegurança e busca por proteção. Uma figura sem pés indica falta e procura de equilíbrio, remete-nos para uma criança pouco independente, que não tem muita capacidade de se movimentar por si própria. ÁRVORE A interpretação da arvore é dividida em três partes: tronco, raiz e copa (folhagens, galhos e ramos). A árvore representa a própria criança. Árvore pequena: pode revelar introversão. Árvore grande: extroversão e generosidade. Tronco é a força básica da personalidade. A criança ou pessoa tem percepção de si mesma e representa também energia física e segurança. A Altura e a largura do tronco representam o comportamento. Vamos ao significado de alguns: Tronco reto, grosso e altura proporcional: indica autonomia e evolução dentro do padrão de normalidade. Quanto mais reto, largo (grosso), indica saúde física e autocontrole. Tronco reto, grosso e muito alto: indica teimosia. Tronco fino e curto: pode indicar insegurança, ansiedade e fragilidade fisisca. Tronco torto, manchado ou com nó: pode indicar um trauma, sendo necessário investigar a possível causa, encaminhando ao psicólogo. Tronco com ninho: pode indicar a busca por proteção e por um ambiente de paz. Raiz Segundo Assis (2021) A raiz representa a fecundidade, que emana do amor materno. É o alimento das necessidades físicas e emocionais, os nutrientes que sustentam a árvore em sua totalidade e que, mesmo encoberta pela terra, gera energia e força que prepara a criança para encarar os desafios da vida desde que nasce. CONEC – Conexão Escola-Criança 12 Sem raiz: pode representar uma criança que tem uma figura materna presente, mas com falta do nutriente afetuoso. Por outro lado, uma criança autossuficiente, que não busca apoio e proteção. Faz-se necessário unir demais elementos: tronco e copa para chegar a uma interpretação mais próxima da realidade. Sem raiz, mas com traçados de linha base: indica equilíbrio. Sem raiz e sem base: revela insegurança. Com raiz: estabilidade física e emocional. Com muitas raízes: indica fácil adaptação em meio às dificuldades, decisão, animo, coragem e demonstra muito apego familiar, o que lhe dá mais segurança. Não é qualquer vento que a derruba. Copa É onde envolve a capacidade do crescimento, autoconhecimento, autoconceito e amadurecimento, mas também é onde seus galhos, que já não estão mais sobre seus domínios, crescem e, em meio ao crescimento, nascem folhagens em conexão com o exterior e geram fonte de energia e força para a construção e transformação continua do ser. Copa é o desfecho da junção de tronco e raiz, onde percebemos, ou não, os frutos que nutrem emoções e sentimentos. Copa muito grande: pode indicar vaidade. Copa encaracolada ou arqueada: pode indicar comunicação, talento, muita energia, capricho, mas por vezes, pode representar inquietude e confusão. Copa apenas com galhos e sem folhagem: indecisão, algo lhe falta para se sentir completa. Frutos na copa: se os frutos estiverem espalhados na copa, pode indicar liderança, criatividade, imaginação e busca por conhecimento novos, mas se os frutos estiverem pendurados, pode indicar insegurança, cansaço ou desanimo. Flores na copa: indicam sensibilidade, doçura e, se continuarem na fase adulta, podem indicar imaturidade. Folhas, frutos ou flores que caem ou estão caídas ao chão: podem indicar frustração, tristeza, nostalgia, sensibilidade, sentimento de perda, insegurança e esquecimento. CONEC – Conexão Escola-Criança 13 ELEMENTOS COMPLEMENTARES SOL Anteriormente o Sol representava apenas o pai, aproximação que tem vindo a ser um pouco alterada ao longo dos tempos. O Sol é, normalmente, desenhado mais vezes que a Lua ou as estrelas. Quando é desenhado no lado esquerdo da folha, simboliza a influência de uma mãe. Quanto maior os raios, mais a mãe é controladora, inclusive da própria vontade da criança. Até a roupaa mãe quer escolher. Não é diferente quanto ao namoro, trabalho, dentre outras situações na fase adulta. O Sol desenhado à direita indica influencia paterna. Quando os seus raios são fortes podem querer dizer que o pai é um pouco violento, a nível verbal ou físico. Um Sol sem raios remete para a falta de entusiasmo e autonomia. No caso do Sol estar desenhado no centro refere-se à própria criança e à percepção que ela tem de si. Sente-se independente assim como o quer ser, mas pensa que tem um pouco de responsabilidade face à mãe e ao pai. LUA Assim como o Sol tem uma grande energia masculina, a Lua indica-nos mais o lado feminino. Quando é desenhada do lado esquerdo a mãe é vista como uma pessoa carinhosa e flexível, intuitiva e atenciosa. No caso da Lua ser desenhada no lado direito leva-nos para o lado masculino, de um pai original, com imaginação e com algum talento artístico. A Lua desenhada ao centro leva-nos, mais uma vez, para o lado da própria criança. Significa que é sonhadora, que “vive no mundo da lua”. NUVENS A criança que desenha nuvens informa-nos que está ciente de que os seus dias podem ter momentos tanto agradáveis como desagradáveis. CONEC – Conexão Escola-Criança 14 CHUVA Muitas pessoas analisam a chuva, nos desenhos das crianças, simbolizando as lágrimas que a criança deixa cair devido à tristeza. Por outro lado pode significar que a criança é limpa e purificada pela água, “depois da tempestade vem a bonança”. ARCO-ÍRIS O arco-íris é sinal de paz e harmonia. Tudo aquilo que tem a forma de um arco simboliza a proteção, deste modo, como no desenho, normalmente, encontra-se desenhado por cima das pessoas significa que está a proteger. FLORES As flores simbolizam o amor. A criança que desenha flores pretende agradar pois estas trazem alegria consigo. Quando são desenhadas várias vezes na mesma folha, indica que ela tem a necessidade do seu ego ser alimentado ou acalmado. ANIMAIS Quando o desenho tem muitos animais é porque a criança procura expressar uma necessidade, mas sente que tem alguma dificuldade em que os adultos a compreendam. Aqui, a interpretação, também depende do tipo de animal que for desenhado. CONEC – Conexão Escola-Criança 15 No caso de preferir desenhar cães é porque gosta bastante de companhia e não é grande admiradora de tranquilidade. Já os desenhos de gatos representam a necessidade de estar sozinha e de ter autonomia. O cavalo representa a ambição, a criança fala muitas vezes no seu futuro e sobre o que pretende fazer nessa altura. O pássaro remete-nos para a descoberta, alegria e o desejo de fazer muitas coisas ao mesmo tempo a curto prazo. Revela animação, alegria, curiosidade, gosto por novas amizades. Peixe indica que é feliz mesmo estando sozinho ou em grupo. Cobra indica prudência, realização de cálculos com facilidade, mas que pode apresentar dificuldade para expressar seus sentimentos. Macaco: indica intuição, inteligência, otimismo, com elevada autoestima, porém pode indicar também ingenuidade. Salientando o quanto é imprescindível que todos os elementos sejam investigados no desenho infantil, buscar levantar as hipóteses na interpretação e, tendo identificado algo que chame atenção que envolva o estado emocional da criança, tão logo seja encaminhada ao psicólogo infantil para iniciar o acompanhamento e ajudá-la. Precisamos trabalhar como equipe multidisciplinar, pelo bem da saúde emocional, tanto da criança, quanto da família. CONEC – Conexão Escola-Criança 16 Bibliografia Assis, Ester (2021). INDEIN: Interpretação de desenhos infantis. Vitória: GSA- Gráfica e Editora. 2021. Bédard, Nicole (2000) – Como interpretar os desenhos das crianças, Lisboa, CETOP Di Leo, J. H. (1991). A interpretação do desenho infantil (M. N. Strey, Trad.). Porto Alegre, RS: Artes Médicas. Freitas, N. K., & Cunha, J. A. (2000). Desenho da casa, árvore e pessoa (HTP). In J. A. Cunha (Org.). Psicodiagnóstico V. Porto Alegre, RS: Artes Médicas. Luquet, G.H. O desenho infantil. Porto: Livraria Civilização, 1969 Mèredieu, Florence de. O desenho infantil. São Paulo: Cultrix, 2006. Mèredieu, F. (1997). O desenho infantil (A. Lorencini & S. M. Nitrini, Trads.). São Paulo: Cultrix. (Originalmente publicado em 1974) Rodrigues, Dalilia D’Alte (2002) – A infância na Arte, a arte na infância, Lisboa, Edições ASA
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