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Organização e Reorganização Societária Os processos de planejamento tributário • Trata de um conjunto de ações que devem ser planejadas em consonância com as diretrizes da organização, com o intuito de viabilizar o plano tributário da empresa. • Na esfera empresarial, a construção desse planejamento deve ser realizada com método, estabelecendo os processos necessários para a sua implantação, cujo caráter deve ser contínuo, prevendo a interação de algumas áreas do conhecimento, como direito, contabilidade e a própria administração. • Para o desenvolvimento do processo de planejamento tributário, são necessárias informações relevantes sobre a atividade da empresa, que passa pelo tipo de sociedade, pela área de atuação, pelas formas de gerar receita, além de identificar as transações efetuadas pela organização no campo fiscal (fatos geradores e cobranças indevidas), verificar ações fiscais de créditos decaídos e o montante de tributos pagos no período em análise (normalmente, cinco anos), bem como analisar e revisar as ações definidas no plano tributário. • Funcionamento dos elementos (informações) relevantes que compõem o processo de planejamento, de acordo com o tipo de planejamento que está sendo construído, apresentando: o preventivo (desenvolvido de modo contínuo); o corretivo (detecta-se alguma anormalidade e atua-se na correção); e o especial (quando surge um fato novo como o lançamento de um novo produto, abertura de uma filial, entre outros). Segundo Oliveira (2002), a organização da empresa se refere à junção de atividades e recursos, com o objetivo e os resultados que são estabelecidos. • Significa preparar os processos, buscar resultados com recurso humano, material, técnico e financeiro, independentemente da forma que a empresa foi constituída. No tocante à reorganização societária, esta é construída a partir da reestruturação de um modelo societário da organização, seja por motivos estratégicos mercadológicos e operacionais, seja por motivos tributário/fiscais. Reestruturar o modelo societário, significa promover alterações na composição da sociedade que foi criada. • Esse processo ocorre em razão de uma oportunidade de negócio, em que, supostamente, a empresa possua o capital para realizar essa aquisição ou parte dela e, posteriormente a essa nova situação, gerará impactos à sociedade. E é exatamente isso que precisa ser avaliado pelos gestores ou proprietários. Nesse contexto, verifica-se a ocorrência de operações nas mais diversas modalidades, como: a transformação, a fusão, a cisão e a incorporação da organização, como forma das organizações se aproveitarem de novas situações de negócio, sem desprezar a maximização dos resultados. Segundo Mamede (2015), uma transformação societária refere-se a qualquer alteração que ocorra na estrutura jurídica de uma organização, que se possa: incorporar, fundir, cindir uma sociedade. Em linhas gerais, podemos imaginar que, quando uma sociedade é constituída de uma forma e passa a ter outro tipo, transforma-se só a sua forma, o restante permanece íntegro. Imagine a constituição de uma sociedade limitada (LTDA), que depois se torna uma sociedade anônima (S/A). De acordo com art.220, da Lei 6.404/1976: A transformação e a operação pela qual a sociedade passa independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro. Parágrafo único. A transformação obedecerá aos preceitos que regulam a constituição e o registro do tipo a ser adotado pela sociedade. (BRASIL, 1976, [s.p.]) Na prática, você pode entender esse processo conforme demonstração na Figura 2.6: FIGURA 2.6 – 106 No processo de transformação, ou metamorfose, como destaca Mamede (2015), transformam-se as características societárias, mas não se extingue sua individualidade, ou seja, a sociedade foi transformada, mas permanece íntegro o quadro dos sócios, o patrimônio e as obrigações, submetendo a empresa apenas a um regime novo. Lembre-se A Lei 6.404/1976, em seus art. 220 ao 222, aborda o conceito e a forma de transformação, deliberação e os direitos dos credores de uma empresa. Quando esses dispositivos não forem suficientes, a Lei 10.406/2002 (Código Civil), em seus arts. 1.113 ao 1.115, também aborda essa modalidade de reorganização. A fusão se caracteriza pela união de duas ou mais empresas para constituir uma nova empresa, ou seja, uma sociedade se extingue para surgir uma nova sociedade, herdando todos os ativos e passivos (bens, direitos e obrigação) da ou das sociedades fusionadas, ocorrendo a integração do patrimônio e o ingresso dos sócios (YOUNG, 2014). • A ocorrência da fusão poderá ser de sociedades distintas, ou seja, não importando o tipo de sociedade que foi fusionada, bem como o tipo que vai ser constituída, pois o objetivo é a redução dos custos, o aumento dos lucros e capacidade financeira (YOUNG, 2014). A caracterização de um processo de fusão: + = Exemplo: João é diretor e proprietário da empresa “A” e Luís é proprietário da empresa “B”. Tentando ganhar mercado, aumentar os lucros e reduzir os custos, ambos resolvem fusionar Empresa (A) Empresa (B) Empresa (C) as empresas, extingui-las e, juntos, constituírem a empresa “C”, que assumirá todos os bens, direitos e obrigações. • No processo de fusão, em reunião ou assembleia geral, deverá ser aprovado o projeto de estatuto e o plano de distribuição das ações, nomeando um perito para avaliar o patrimônio das empresas. Após a constituição da nova sociedade, os responsáveis deverão arquivar e publicar os atos da fusão e o total dos sócios e acionistas. Atenção De acordo com a Lei 6.404/1976, em seu art. 228, § 2º, apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para uma assembleia geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte. A cisão societária, trata-se de operações realizadas por uma organização para transferir parte (parcelas) de seu patrimônio para outra(s) sociedade(s) que foram constituídas para esse fim, ou já existentes, extinguindo-se, de forma total ou parcial, a empresa cindida. • Dentro dessa modalidade, pode ocorrer a cisão parcial. Exemplo: A empresa A tem como sócio José, com uma participação de 45%, e Arlindo, com uma participação de 55%, que após um desentendimento resolveram extinguir a sociedade. Os 45% de José está sendo transferido para a empresa B e os 55% do Sr. Arlindo está sendo transferido para a empresa C. A figura ilustra essa operação: Exemplo de cisão parcial: A empresa A atua no ramo de comércio de frango e carne bovina e, devido à redução de custos, resolve operar apenas na área de comércio de frango, negociando 40% do seu patrimônio, que corresponde ao comércio de carne. O comprador constituiu a empresa B, assumindo os ativos da empresa cindida, atuando no comércio de carnes. A Figura ilustra essa operação parcial: Nesse caso, a empresa A não se extinguiu. Ela apenas vendeu parte de seu negócio (carne bovina) a um terceiro, ficando com o comércio de frango. Em suma, o que foi transferido para a empresa B foi o equivalente a 40% do patrimônio de A. Lembre-se De acordo com o art. 229, a cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. A incorporação caracteriza uma empresa existente que absorve uma ou mais empresas, sem que a incorporadora perca a sua identidade, sendo que, nessa modalidade societária, as empresasincorporadas deixam de existir. • A incorporadora manterá a sua personalidade jurídica, com o detalhe de que absorverá o patrimônio (bens, direitos e obrigações) da empresa incorporada, procedendo com a alteração contratual e, consequentemente, com o aumento do capital social. Exemplo: A empresa A, querendo ganhar mercado, incorpora a empresa B, uma das maiores concorrentes e, também, a empresa C, uma das maiores fornecedoras, extinguindo as empresas B e C, assumindo todos os bens, direitos e obrigações. A Figura ilustra esse tipo de operação: • Essa modalidade está prevista na Lei n. 6.404/1976, em seu art.227. • Young (2014) destaca que a finalidade para essa modalidade, entre outras, é de aumentar o patrimônio da incorporadora, bem como criar a possibilidade de expansão e ampliar a competitividade no mercado, podendo caracterizar-se como um plano estratégico dos administradores. A reorganização societária de uma maneira geral prevê para as modalidades uma série de procedimentos. A primeira delas obriga que, para se efetivar as operações, observa-se os aspectos do art. 226, da Lei n. 6.404/1976. Essas modalidades poderão ser efetivadas em sociedades de tipos iguais ou diferentes, ou seja, podem ser feitas em uma sociedade limitada (LTDA), ou em uma sociedade anônima (S/A), no momento em que ocorrer a operação, cujas normas reguladoras da constituição deverão ser observadas. Saiba que quando a incorporação, fusão ou cisão envolver companhia aberta, as sociedades que se sucederem serão também abertas, devendo obter o respectivo registro e, se for o caso, promover a admissão de novas negociações das novas ações no mercado, no prazo máximo de 120 dias. Os processos de fusão e incorporação, quase sempre geram um impacto no mercado, por essa razão, no Brasil, as negociações devem passar pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE. E muitas vezes elas esbarram nas burocracias, o que acaba travando o processo. Por essa razão esse tipo de transformação nem sempre é muito viável no quesito economia, por isso se faz necessário uma análise planejada da situação. Agora, em quais condições poderíamos realizar a incorporação, a fusão ou a cisão? As condições as quais mencionamos se referem ao que a lei classifica como protocolos, que são firmados pelos órgãos de administração ou sócios das sociedades interessadas, que incluirá, segundo o art. 224 da Lei das Sociedades Anônimas: Além das questões protocolares que deverão constar em qualquer uma das modalidades de reorganização societárias, deverão também vir precedidas das justificativas, descritas de acordo com o art. 225, da Lei n. 6.404/1976: O protocolo e a justificação são os elementos necessários e burocráticos para realizar as operações de fusão, cisão e incorporação, tendo o protocolo sido firmado pelos órgãos administrativos ou sócios. Ele deverá incluir números, espécies e classe das ações; os elementos do ativo e passivo que formam a parcela do patrimônio no caso da cisão; os critérios para avaliação do patrimônio líquido; entre outras coisas, com a justificação dos motivos ou fins pelos quais a operação está sendo proposta, as razões para a modificação dos seus direitos, entre outros. Referência: Planejamento Tributário - Edilson Reis do Nascimento
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