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CURSO 2a FASE OAB - DIREITO CONSTITUCIONAL

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CURSO RENATO SARAIVA (CERS) – 2ª FASE OAB - XVII EXAME DA ORDEM 
 DIREITO CONSTITUCIONAL – FLÁVIA BAHIA 
 Aula 1 – Rio, 23.07.15 
 PARTE II – AULAS BÔNUS – DIREITO MATERIAL 
 TEORIA GERAL DA CRFB 
 -ESTRUTURA DA CONSTITUIÇÃO -> A CRFB tem três estruturas principais: preâmbulo, corpo fixo e as normas do ato 
 das disposições cons�tucionais transitórias (ADCT). 
 O preâmbulo é a abertura, é a apresentação da CRFB. Parte da doutrina sustenta a tese de que a força norma�va do 
 preâmbulo é importante, possui valores e princípios que devem ser pres�giados no ordenamento jurídico e que deve 
 servir como parâmetro do controle de cons�tucionalidade. ATENÇÃO! Mas a Corte do Supremo já firmou entendimento 
 no sen�do de que o preâmbulo está situado no campo da polí�ca, ele não tem norma�vidade, e por isso não serve 
 como parâmetro de cons�tucionalidade das leis e tampouco é de reprodução obrigatória nas cons�tuições estaduais . 
 O preâmbulo serve como fonte de interpretação , porque esta não precisa necessariamente força norma�va, só tem 
 força de interpretação, mas não é parâmetro de cons�tucionalidade, pois é desprovido de norma�vidade . 
 Alguns autores dizem que as normas do ADCT vieram fazer a travessia entre a cons�tuição an�ga e a chegada do novo 
 texto cons�tucional. Boa parte das normas do ACDT são normas que com o tempo irão exaurir os seus efeitos 
 jurídicos, são normas de passagem, são normas de ajuste entre a cons�tuição anterior e a chegada do novo diploma 
 cons�tucional. Para o Barroso, as normas do ADCT deveriam se exaurir com o poder cons�tuinte originário, que se 
 manifestou pela úl�ma vez no Brasil em 05 de outubro de 1988, mas não é essa a visão majoritária, pois de acordo com 
 o entendimento majoritário e do STF as normas do ADCT não se esgotam com a promulgação da cons�tuição 
 originária, o ADCT pode sofrer reformas cons�tucionais. Os úl�mos ar�gos do ADCT foram inseridos por meio de 
 Emendas Cons�tucionais. 
 O corpo fixo, o conteúdo mais permanente da Cons�tuição é analisado em conjunto com as normas do ADCT , 
 separadas em razão dessa caracterís�ca de serem mais exauríveis com o tempo. Mas não há hierarquia efe�va entre as 
 normas do corpo fixo e as normas do ADCT e todas servem, em regra, como parâmetro do controle de 
 cons�tucionalidade. Destaca-se a expressão “em regra”, porque segundo José Afonso da Silva as normas do ADCT que 
 já exauriram os seus efeitos jurídicos não teriam mais norma�vidade e por isso não serviriam mais como parâmetro 
 de controle de cons�tucionalidade, seriam declarações históricas . 
 ATENÇÃO! Não há hierarquia entre as normas do corpo fixo e as normas do ADCT – todas são normas cons�tucionais. 
 Inclusive o poder reformador pode atuar sobre as normas do ADCT, é possível acrescentar e revogar normas do ADCT. 
 Em regra, as normas do corpo fixo e as normas do ADCT servem como parâmetro do controle de cons�tucionalidade da 
 lei. Mas há singularidade com relação às normas do ADCT, que já esgotaram seus efeitos jurídicos. Na visão de José 
 Afonso da Silva, as normas do ADCT que já exauriram os seus efeitos jurídicos não serviriam mais como parâmetro de 
 controle, porque seriam apenas declarações históricas e não mais jurídicas. 
 Segundo orientação do STF as normas cons�tucionais originárias, que nasceram no dia 05 de outubro de 1988 são 
 normas absolutamente cons�tucionais , são normas que não podem ser declaradas em sen�do contrário. No 
 julgamento da ADI 815 o STF fixou entendimento no sen�do de não adotar a teoria do jurista O�o Bachof para quem 
 as normas cons�tucionais originárias poderiam ser fiscalizadas à luz do direito natural, então o Supremo refutou a 
 orientação de Bachof e manteve o entendimento nacional de que as normas cons�tucionais originárias não podem ser 
 consideradas incons�tucionais, pois gozam de presunção absoluta, não existe incons�tucionalidade implícita, não 
 existe incons�tucionalidade com normas primárias. 
 1 
 Agora, com relação às normas cons�tucionais derivadas e as normas infracons�tucionais todas gozam de presunção 
 de cons�tucionalidade , porque se pres�gia o trabalho do legislador, imaginando que, ele criou lei de acordo com a 
 cons�tuição, mas sabe-se que essa presunção é iuris tantun , isto é, é rela�va, ou seja, a norma nasce produzindo 
 efeitos jurídicos, mas pode ser declarada incons�tucional. 
 -CONCEITOS -> Supremo não adota apenas um conceito , apenas um sen�do. A Corte já se manifestou inúmeras vezes 
 entendendo que vários são os sen�dos e as concepções da cons�tuição . O STF não adota apenas a concepção 
 sociológica de Ferdinand Lassalle ou Kelsiniana da Teoria Pura do Direito. É como se a cons�tuição representasse um 
 texto tão complexo dentro de uma teoria que seria inviável estabelecer uma única forma de perceber esse fenômeno 
 cons�tucional. 
 1)Concepção Sociológica de Ferdinand Lassalle: “A essência da Cons�tuição” -> a cons�tuição deveria representar um 
 somatório dos fatores reais do poder, ou seja, a cons�tuição precisaria representar questões sociais, econômicas, 
 culturais reinantes naquela determinada comunidade no momento de produção da cons�tuição, sob pena de que essa 
 cons�tuição não passasse de uma mera folha de papel. É como se a cons�tuição representasse os fatos. Nessa época 
 não se falava em cons�tuição escrita, pois esta era dispensável, bastando que o povo reconhecesse a cons�tuição de 
 acordo com o que vivenciava na sua época. Exemplos: Numa determina comunidade só há dois exemplares da 
 cons�tuição escrita: um que fica na casa do rei e na biblioteca nacional. A casa do rei pega fogo e a cons�tuição vira 
 cinzas e posteriormente ocorre uma forte chuva, a�ngindo a biblioteca nacional, fazendo com que o exemplar da 
 cons�tuição seja levado pelas águas da chuva. Os únicos exemplares daquela cons�tuição deixaram de exis�r. É o 
 momento em que Lassalle vem à tona e diz que se aquela cons�tuição representava os fatores reais do poder, então 
 tudo bem – ainda que não exis�sse o texto escrito as pessoas con�nuariam a respeitar aquele texto e con�nuaria tendo 
 força, sendo cogente para aquela determinada comunidade. Mas se a cons�tuição não �vesse sido elaborada de acordo 
 com esses fatores reais do poder, desaparecendo os únicos exemplares escritos da cons�tuição, desapareceria também 
 a sua necessidade de observância, a sua força cogente, porque ela não passava de uma mera folha de papel. 
 Podemos dizer que a palavra FATO resume a sua maneira de perceber o fenômeno cons�tucional e também os “FATORES 
 REAIS DO PODER”. 
 A fragilidade dessa visão é que ela só prevê um lado da história, ou seja, os fatos influenciando a formação da norma. 
 Mas sabemos que as normas influenciam os fatos, as normas também são determinantes na formação e na modificação 
 dos fatos. Então a fragilidade da concepção sociológica é compreender o fenômeno jurídico apenas de fora para dentro e 
 não analisar o outro aspecto. 
 2)Visão Polí�ca de Carl Schmi� -> A cons�tuição deveria representar uma decisão polí�ca fundamental, ou seja,só 
 poderia se reconhecer como cons�tuição aquilo que dispusesse sobre assunto essencialmente cons�tucional. Tudo que 
 não fosse relacionado ao tema essencialmente cons�tucional seria apenas considerado uma lei cons�tucional. É como 
 se a decisão polí�ca fundamental fosse aquela formada por normas rela�vas à forma de Estado, de governo, a separação 
 de poderes, ou seja, aquelas normas que formam o arcabouço principal do Estado. Outras normas desprendidas desse 
 grupo principal não seriam consideradas cons�tuição e sim leis cons�tucionais. Ele previa certa diferença hierárquica 
 entre decisão polí�ca fundamental e as chamadas leis cons�tucionais. 
 A fragilidade dessa visão é o que reconhecer como norma essencialmente cons�tucional? Schmi� traz a semente entre 
 normas materialmente e formalmente cons�tucionais. Não é fácil com tantas singularidades estabelecer o que é norma 
 essencialmente cons�tucional para um país e para outro, que tem tantas diferenças culturais. Então a fragilidade dessa 
 interpretação de Schmi� é fazer essa separação entre as normas cons�tucionais e as leis cons�tucionais entre normas 
 materialmente e formalmente cons�tucionais, porque os conceitos mudam de época para época, de povo para povo, de 
 nação para nação. 
 2 
 A fragilidade é a definição do que é a decisão polí�ca fundamental. Quem está legi�mado a dizer de verdade o que é a 
 decisão polí�ca fundamental? O seu povo, o seu país? Então não há decisões polí�cas universais? Essa divisão entre o 
 que é materialmente e formalmente cons�tucional é di�cil, ainda mais na atualidade, com tantas culturas e textos 
 cons�tucionais singulares. 
 Podemos resumir a sua maneira de pensar da seguinte forma: Só será considerada cons�tuição aquilo que possui VALOR 
 DE CONSTITUIÇÃO = É A “DECISÃO POLÍTICA FUNDAMENTAL”. 
 3)Concepção Jurídica/Posi�vista/Norma�va de Hans Kelsen: “A Teoria Pura do Direito” -> A cons�tuição é um puro 
 dever-ser. É uma norma pura desprovida de influências filosóficas, polí�cas, históricas. Ela se fundamenta no 
 pressuposto lógico de que toda norma elaborada de acordo com o processo legisla�vo diferenciado deve ser observada, 
 possui força cogente, impera�vidade jurídica. 
 Esse dever-ser pode ser entendido no sen�do lógico-jurídico, ou seja, a norma fundamental hipoté�ca. Kelsen se 
 apoiava nessa visão da norma fundamental hipoté�ca, já encontrada no topo do ordenamento jurídico. E, além disso, o 
 sen�do jurídico-posi�vo, que é a cons�tuição feita pelo poder cons�tuinte, é a cons�tuição escrita, que fundamenta 
 todo o ordenamento jurídico, se encontrando no topo da pirâmide. 
 Na visão do dever-ser da norma impera�va, nesse seu sen�do lógico-jurídico, Kelsen sustentava que a base da 
 cons�tuição se daria por meio de uma norma fundamental hipoté�ca, uma norma pressuposta. 
 E, além disso, no seu sen�do jurídico-posi�vo a cons�tuição seria feita pelo poder cons�tuinte, deveria ser uma norma 
 escrita e que viria a fundamentar todo o ordenamento jurídico nacional, servindo como fundamento jurídico de validade 
 de todas as normas do sistema. 
 É como se pudéssemos dizer que essa visão seria um antagonismo à visão de Lassalle, pois para este a cons�tuição é 
 fato, enquanto que para Kelsen a cons�tuição é norma, e não é qualquer norma, ela é uma norma pura, é desprovida de 
 valores, desprovida de conceitos é�cos, morais, ela foi criada de acordo com o processo legisla�vo especial e nasceu 
 para ser impera�va. Os princípios ainda não eram considerados normas, pois traziam uma subje�vidade desnecessária e 
 perigosa para o ordenamento jurídico. Princípios eram apenas coadjuvantes das normas, então essa era uma visão muito 
 norma�va e posi�vista de analisar a cons�tuição. 
 4)Concepção Culturalista/Total de Meirelles Teixeira -> remete à concepção de cons�tuição total, defendida por 
 Cano�lho, que é a que possui todos os aspectos vistos anteriormente: é uma cons�tuição fruto da cultura existente 
 dentro de determinado contexto histórico, de uma determina sociedade, ela é condicionada por essa cultural=, porque o 
 direito é fruto da própria a�vidade humana. Meirelles Teixeira defende essa concepção e também o José Afonso da Silva 
 – a cons�tuição seria um conjunto de normas fundamentais condicionada pela cultura e ao mesmo tempo 
 condicionantes dela, emanadas da vontade polí�ca reguladora da existência, estrutura e fins do Estado. Ou seja, é como 
 se não fosse uma concepção tão autônoma, mas sim uma que se embasa nas concepções anteriores, trazendo um 
 destaque à cultural, a qual influencia o fenômeno cons�tucional e é claro que a cons�tuição também influencia o 
 fenômeno social – é uma troca entre a cultura e os fatores externos e a própria norma que não pode se distanciar desses 
 fatores externos que também são por elas influenciados. 
 5)Concepção Estrutural – Spagna Musso -> a cons�tuição é uma estrutura norma�va que deve ser respeitada por toda a 
 sua hierarquia. Ela se preocupa com as normas essenciais estruturantes do nosso Estado e forma essa pirâmide 
 importante que se encontra no topo do ordenamento jurídico. Também é uma visão, de certo modo, mais posi�vista, 
 lembrando da importância do texto cons�tucional para a manutenção da própria estrutura norma�va do país. 
 3 
 -CLASSIFICAÇÃO/TIPOLOGIA DO TEXTO CONSTITUCIONAL 
 1)QUANTO À ORIGEM: 
 1.1) Promulgadas -> são as cons�tuições democrá�cas, são as cons�tuições populares. São aquelas elaboradas de 
 acordo com uma assembleia nacional cons�tuinte composta por representantes do povo. Sempre fizeram parte da 
 história brasileira, se misturando com as cons�tuições outorgadas/impostas. Foram cons�tuições promulgadas as de: 
 1891 / 1934/ 1946 / 1988. 
 1.2)Outorgadas -> são as impostas, autoritárias. Estas cons�tuições não têm base popular, são impostas por ato 
 unilateral de quem nos governa naquela determinada época. Cons�tuições do Império de 1824/ Cons�tuição Polaca de 
 1937/ e as Cons�tuições do Regime Ditatorial Militar de 1967 e a EC nº01/69. 
 A EC nº01/69 pra�camente reescreveu o texto da cons�tuição anterior, foi muito além de uma simples reforma 
 cons�tucional. Hoje, os autores convergem em sua grande maioria no seguinte sen�do: esta emenda na sua forma foi 
 uma emenda, mas no seu conteúdo foi uma verdadeira cons�tuição. A Cons�tuição de 69 se deu na forma de emenda e 
 o seu conteúdo era de uma nova cons�tuição. 
 1.3)Pactuadas -> é a cons�tuição formada por um pacto entre o soberano e os seus súditos e o grande exemplo na 
 história foi a Carta Magna Libertato, importante documento histórico na defesa de direitos fundamentais, criada na 
 Inglaterra em 1215. O Rei João Sem Terra firmou um documento estabelecendo uma série de direitos e deveres. 
 1.4)Cesaristas -> também é chamada de Cons�tuição Mis�ficada . Não são promulgadas ou outorgadas. São elaboradas 
 pelo ditador, mas são subme�das a plebiscito ou referendo popular, em que o povo não pode fazer reforma a este texto, 
 mas essa manifestação pseudo-democrá�ca é para dar certa legi�midade a esse texto cons�tucional. José Afonso da 
 Silva cita os plebiscito napoleônicos,os de Pinochet no Chile. Ou seja, são cons�tuições elaboradas por um ato unilateral 
 do ditador que está no poder e o povo confirma por meio de plebiscito ou de referendo essa cons�tuição trazendo uma 
 certa natureza mais democrá�ca a um texto que não nasceu com esse intuito de democra�zar. 
 2)QUANTO À FORMA: 
 2.1) Escritas/Instrumentais -> se apresentam desse modo, são cons�tuições que pres�giam a forma. Todo o texto 
 cons�tucional está reunido em um documento denominado de cons�tuição. É codificada. Todas as cons�tuições 
 brasileiras. 
 2.2)Não escritas/Consuetudinárias/Costumeiras -> reconhecem textos escritos como cons�tuição, mas lhes falta essa 
 organização. A cons�tuição não é sistema�zada, organizada em um documento único. Inglaterra – Carta Magna de 1215, 
 Bill of Rights – não há uma cons�tuição formal escrita, apresentada dessa forma. Possuem fontes cons�tucionais 
 espaças, isoladas – tradição, jurisprudência, leis. O que falta é a codificação. 
 3)QUANTO À EXTENSÃO: 
 3.1)Sinté�cas/Concisas/Breves -> se preocupam com a estrutura principal do Estado. São cons�tuições com nº inferior 
 de disposi�vos e as polí�cas públicas não se encontram no texto cons�tucional, elas estão espalhadas no ordenamento 
 jurídico e nas mãos dos governantes. Cons�tuição Norte-Americana, Australiana. 
 3.2)Analí�cas/Extensas/Prolixas -> possuem maior nº de disposi�vos, porque não se limitam a tratar dos assuntos 
 essenciais à cons�tuição do Estado. Possuem no seu bojo normas de conteúdo programá�co. São normas que não 
 esgotam análise apenas orgânica e estrutural do texto cons�tucional, são normas que vão além, regulando polí�cas 
 públicas e sociais. Cons�tuição da Índia, Cons�tuição de 1988. 
 4 
 4)QUANTO AO CONTEÚDO: 
 4.1)Materiais -> normalmente são consideradas cons�tuições não escritas. Reconhecem como cons�tucionais todas as 
 normas, tradições, quer estejam ou não no documento escrito. Se pres�gia o conteúdo em detrimento da forma. 
 4.2)Formais -> via de regra são cons�tuições escritas. Tudo que está inserido num documento escrito formal é 
 considerado cons�tuição. Não interessa se é uma norma que trata do CPII ou uma norma que trata do direito à vida. 
 Esse formalismo tem diminuído com relação ao art. 5º,§3º da CRFB de 88, que diz que os tratados de direitos humanos 
 aprovados na forma de emenda cons�tucional serão reconhecidos como cons�tuição, abrindo o leque do que é 
 cons�tuição para o cons�tucionalismo pátrio. Mas a Cons�tuição de 88 ainda é classificada como cons�tuição formal, 
 escrita, o peso hierárquico dos seus ar�gos é exatamente o mesmo, não importando sobre o que versam. 
 5)QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO: 
 5.1)Dogmá�cas/Sistemá�cas -> são cons�tuições, via de regra, escritas e representam exatamente o momento 
 polí�co-histórico vivenciado pelo Estado. Cons�tuição do Império de 1824 era repleta de dogmas monárquicos/ 
 Cons�tuição Republicana de 1891 repleta de dogmas republicanos/ Cons�tuição de 1988 repleta de renovação, 
 restauração democrá�cas. Para que as cons�tuições sejam momentâneas, dogmá�cas precisam ser escritas e 
 modificadas cada vez que se muda o cenário do país. É atual. 
 5.2)Históricas -> atravessam gerações, não estão preocupadas com determinado momento na vida de um país, estão 
 preocupadas com os seus valores, sua tradição. Cons�tuição Inglesa – material, não escrita, histórica – é mais estável 
 porque atravessa gerações e con�nua reunindo as tradições de um povo. É atemporal. 
 6)QUANTO À ALTERABILIDADE: 
 6.1)Super Rígidas -> Doutrina Minoritária (Alexandre de Moraes) sustenta que a cons�tuição de 88 não seria apenas 
 rígida, mas sim super rígida em razão das cláusulas pétreas, que são consideradas por este autor como cláusulas de 
 imutabilidade. Art. 60,§4º da CRFB de 88 torna o processo de modificação da cons�tuição ainda mais rigoroso. 
 6.2)Rígidas -> só podem ser modificadas por um processo legisla�vo diferenciado, por um processo muito dis�nto do 
 que existe para a criação das demais normas do país. O coração da rigidez cons�tucional hoje está no art. 60 da CRFB de 
 88, em que encontramos a base do processo dificultoso de criação das emendas cons�tucionais, que podem modificar o 
 texto da cons�tucional. OBS.: Não se confunde rigidez com estabilidade -> A cons�tuição brasileira é rígida, mas não é 
 estável, pois já sofreu em 26 anos mais de 80 emendas cons�tucionais. 
 6.3)Fixas -> só pode ser modificada pelo mesmo processo especial que a criou. Só poderia ser alterada pelo poder 
 cons�tuinte originário. É di�cil se provocar a todo instante o poder cons�tuinte originário para se modificar essa 
 cons�tuição. Não se tem hoje exemplo no direito comparado de um sistema com cons�tuição fixa. 
 6.4)Semi-rígidas -> adota um modelo misto de alteração: parte do texto pode ser alterado facilmente e a outra parte só 
 pode ser alterado por um processo diferenciado. Art. 178 da Cons�tuição de 1824 trazia essa natureza mista, esse 
 processo híbrido e também apontava uma caracterís�ca de cons�tuição material 🡪 dizia que tudo aquilo que 
 representasse a decisão polí�ca fundamental só poderia ser alterado por meio de um processo legisla�vo diferenciado e 
 tudo aquilo que não fosse decisão polí�ca fundamental poderia ser alterado facilmente. Também é caracterís�ca de 
 cons�tuição material, porque se divide o conteúdo da cons�tuição. 
 6.5)Flexíveis -> pode ser modificada por um processo legisla�vo simplificado, o mesmo existente para a elaboração das 
 demais normas do país. Não exis�u cons�tuição brasileira flexível. 
 5 
 7)QUANTO À FINALIDADE: 
 7.1)Dirigentes/Programá�cas -> possuem muitas normas de conteúdo programá�co, diretrizes, metas, programas que 
 devem ser cumpridos pelo poder público e por isso são chamadas também de programá�cas. São cons�tuições mais 
 extensas, analí�cas e que pretendem resolver o problema do país no texto cons�tucional. São cons�tuições que 
 normalmente sofrem a síndrome de inefe�vidade, porque prometem muito, estabelecem muitas diretrizes e nem 
 sempre essas metas e diretrizes acabam se tornando reais. 
 7.2)Garan�as/Nega�vas/Liberais -> são cons�tuições menos extensas, que trazem apenas aquele arcabouço do Estado 
 legi�mando, limitando a atuação estatal, mas deixam os programas, diretrizes e metas para que sejam decididas pelos 
 governos e não estabelecem no bojo da cons�tuição esta matéria. São cons�tuições mais sinté�cas, breves, concisas, 
 porque não estabelecem no seu bojo polí�cas públicas e sociais. 
 8)QUANTO À IDEOLOGIA 
 8.1)Ortodoxas -> não permite essa pluralidade de ideias. Cons�tuição da China. 
 8.2)Eclé�cas -> art. 1º,inciso V da CRFB de 88 diz que pluralismo polí�co é um dos fundamentos do Estado Democrá�co 
 de Direito, ou seja, é uma cons�tuição que permite a pluralidade de ideais, de liberdade. Estão em sua maioria nos 
 países democrá�cas. 
 9)QUANTO À CORRESPONDÊNCIA OU NÃO COM A REALIDADE (CRITÉRIO ONTOLÓGICO) 
 9.1)Norma�vas -> elaborada com o obje�vo de regular a realidade do país, a vida polí�ca do país e conseguiu 
 efe�vamente a�ngir este propósito. Conseguiu corresponder exatamente à realidade. 
 9.2)Nomina�vas/Nominalistas/Nominais -> também foi criada para regular a realidade do país, paraestar conectada 
 com as demandas do país, para corresponder a estar realidade, mas ela não conseguiu a�ngir o seu obje�vo ainda. 
 9.3)Semân�cas -> não foi criada com o obje�vo de corresponder à realidade do país. É uma cons�tuição mais 
 autoritária, foi criada para reforçar o poder daquele que já estava no comando do Estado. Não nasce para atender a 
 realidade de país algum. 
 A divergência é que parte da doutrina classifica a nossa cons�tuição quanto à correspondência ou não com a realidade 
 como uma cons�tuição norma�va. A professora entende ser nomina�va, pois a nossa cons�tuição apesar de ter feito 
 muitos avanços, ainda não conseguiu corresponder exatamente à realidade do Estado, ela está no caminho, mas ainda 
 não conseguiu atender ainda a toda essa grandiosidade. NA PROVA -> as bancas não têm entrado nesse dilema, então 
 quando essa classificação aparecer é apenas perguntando as diferenças entre as classificações. 
 🡪 CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1988: 
 ● Promulgada 
 ● Formal 
 ● Escrita 
 ● Rígida ou Super-rígida 
 ● Analí�ca 
 ● Dogmá�ca 
 ● Dirigente 
 ● Eclé�ca 
 ● Norma�va ou Nominalista 
 6 
 -ELEMENTOS DA CONSTITUIÇÃO SEGUNDO JOSÉ AFONSO DA SILVA -> O autor sustenta que a nossa cons�tuição pode 
 ser dividida em alguns elementos: 
 1)Orgânicos -> são aqueles elementos que se referem à grande estrutura do Estado: forma do Estado, forma de governo, 
 separação de poderes. Elementos relacionados à organização do Estado brasileiro. Estão concentrados nos seguintes 
 disposi�vos: ar�gos do Título I, do Título III, do Título IV da CRFB de 88. 
 2)Limita�vos -> dizem respeito aos nossos direitos e liberdades fundamentais, direitos de 1ª geração, direitos associados 
 à limitação da ação do Estado e direitos que limitam a nossa convivência em sociedade. Estão concentrados no Título II 
 da CRFB de 88 – é dividido em 05 capítulos e os capítulos I, III, IV e V entram nesses elementos limita�vos, que trazem os 
 nossos direitos, impondo a limitação do poder do Estado, limites na convivência social. 
 3)Sócio-ideológicos -> são aqueles que aproximam o Estado brasileiro do Estado do Bem-Estar Social. São elementos 
 que trazem polí�cas públicas, prestações posi�vas por parte do Estado, são elementos formados em sua grande maioria 
 por direitos de 2ª geração - Título II, capítulo II da CRFB de 88, a ordem econômica, a ordem social, Títulos VII e VIII da 
 CRFB de 88. 
 4)De estabilização cons�tucional -> são elementos associados à defesa, à proteção do Estado, à rigidez cons�tucional. 
 Art. 60, art. 102, inciso I, “a” (ADI), art. 34, inciso VII (intervenção federal), arts. 136 a 141, Título V da CRFB de 88. 
 5)Formais de aplicabilidade -> são aquelas normas que se referem à aplicação das leis, como art. 5º,§3º da CRFB, 
 algumas disposições do ADCT e o José Afonso da Silva inclui o preâmbulo nessa parte de elemento formal de 
 aplicabilidade. 
 -EFICÁCIA/APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 Paulo Bonavides quando trata desse assunto nos lembra que essa teoria nasce no início do século XX junto com as 
 cons�tuições sociais. Analisar a produção de efeito jurídico das normas cons�tucionais não foi uma preocupação do 
 século XIX, mas se inicia no século XX, porque as cons�tuições começaram a prometer uma série de direitos que não 
 conseguiam cumprir. As cons�tuições do século XX trouxeram os direitos sociais: saúde, alimentação, moradia, lazer – 
 normas previstas na cons�tuição, mas que não se realizavam apenas com base nessa previsão. Eram normas que sempre 
 precisavam de atuação futura por parte do poder público. 
 Quando Tomas Cunley trouxe a sua visão bipar�da sobre a eficácia e aplicabilidade das normas cons�tucionais já estava 
 analisando as cons�tuições sociais do início do século XX e faz sen�do no que tange a direitos fundamentais, que as 
 normas rela�vas a direitos fundamentais de 1ª geração são self-execu�ng , ou seja, autoaplicáveis, não dependem de 
 atuação nenhuma futura por parte do poder público, nascem produzindo todos os seus efeitos jurídicos, sem 
 possibilidade de restrição infracons�tucional, sem estarem condicionadas à atuação futura por parte do poder público. 
 Mas as normas no self-execu�ng ou não autoaplicáveis são normas que não se bastam, dependem de atuação futura por 
 parte do poder público e na seara dos direitos fundamentais essas normas não autoaplicáveis são normas rela�vas a 
 direitos sociais, direitos econômicos, saúde, lazer, alimentação, moradia, previdência. 
 Então temos que nos lembrar desse Estado do Bem-Estar Social do início do século XX com também o início da análise 
 sobre a divisão das normas cons�tucionais quanto à sua eficácia e aplicabilidade. Na década de XX temos esse 
 doutrinador norte-americano. 
 E na década de 30, Pontes de Miranda no Brasil escreveu sobre as normas bastantes em si e não bastantes em si – 
 normas autoaplicáveis, que desde a sua entrada em vigor produzem seus efeitos jurídicos essenciais e normas não 
 autoaplicáveis, que dependem de atuação futura por parte do poder público. É a teoria bipar�da da década de 30. 
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 Na Itália, na década de 50, com base na doutrina norte-americana da visão bipar�da apresentaram as suas noções sobre 
 eficácia e aplicabilidade das leis trazendo um adicional: é possível que as normas autoaplicáveis possam sofrer algum 
 �po de condicionamento por parte do poder público. 
 E com base nessa visão tripar�da, José Afonso da Silva, em 1968 lançou essa teoria, que é a mais importante para efeitos 
 de prova. Destaca-se que essa teoria não traz nenhum �po de hierarquia entre as normas da cons�tuição, não se trata 
 de divisão hierárquica, pois isso não existe entre as normas cons�tucionais. É uma divisão no que tange ao grau de 
 eficácia e aplicabilidade das normas previstas na nossa cons�tuição. Apesar de ser uma divisão tripar�da, ela é formada 
 por uma base bipar�da, porque as normas cons�tucionais de eficácia plena e as normas de eficácia con�da ou com 
 possibilidade de restrição são normas autoaplicáveis, que desde a sua entrada em vigor produzem os seus efeitos 
 jurídicos essenciais, já as normas de eficácia limitada ou eficácia reduzida dependem de atuação futura por parte do 
 poder público. 
 NORMAS DE EFICÁCIA PLENA -> é autoaplicável, tem incidência direta, imediata e integral, pois essa norma não pode 
 sofrer restrição por parte do poder público, é uma norma que se basta. Exemplo: Arts. 1º, 2º, 5º, inciso III, 230,§2º da 
 CRFB. 
 NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA -> é tão autoaplicável quando a plena, é uma norma que não precisa de atuação futura 
 por parte do poder pública para produzir efeitos essenciais, é uma norma que produz efeitos desde a sua entrada em 
 vigor, também tem incidência direta e imediata, mas diverge da plena porque não tem aplicação integral, justamente 
 porque pode sofrer restrição por parte do poder público. Exemplo: art. 5º, incisos XIII, XV, art. 93, inciso IX da CRFB. Não 
 cabe Mandado de Injunção para defender a efe�vidade de uma norma con�da, porque ela já possui toda a 
 norma�vidade que precisa para produzir os seus efeitos jurídicos,mas pode sofrer restrições por parte do poder público 
 e essas restrições já estão autorizadas pelo próprio texto da CRFB. 
 NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA ou REDUZIDA -> são tradicionalmente conhecidas como não 
 autoaplicáveis, dependem de atuação futura por parte do poder público para que possam produzir os seus efeitos 
 jurídicos. Não são desprovidos de efeitos jurídicos, não existe norma assim, mas as normas de eficácia limitada precisam 
 mais da atuação do poder público para que possam produzir os seus efeitos, é como se �vessem uma incidência 
 indireta, mediata, não integral. São divididas em dois grupos: 
 NORMAS DE EFICÁCIA LIMITADA DE CONTEÚDO PROGRAMÁTICO -> Normalmente tem uma natureza mais 
 social. Exemplo: Art. 187 da CRFB é considerado pelo STF como norma de eficácia limitada de conteúdo programá�co; 
 art. 196: saúde, direito de todos e dever do Estado deve ser executado mediante programas de polí�cas entre os 
 governos; art. 205 da CRFB. Essas normas estabelecem programas, metas e diretrizes que devem ser cumpridos no 
 poder público na área da saúde e educação. 
 NORMAS DE EFICÁLIA LIMITADA DE CONTEÚDO INSTITUTIVO OU ORGANIZATÓRIO -> Normalmente criam 
 órgãos, funções, ins�tutos que devem ser regulamentados pelo poder público, dependem de atuação futura do poder 
 público para produzirem seus efeitos jurídicos essenciais. Exemplo: art. 112 da CRFB -> a lei criará varas da jus�ça do 
 trabalho; art. 134,§1º: lei complementar disciplinará a defensoria. 
 Não há norma cons�tucional desprovida de produção de efeitos jurídicos. Todas as normas cons�tucionais produzem ou 
 mais ou menos efeito jurídico. 
 OBS.: EFICÁCIA NEGATIVA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS -> Há uma teoria que sustenta a eficácia nega�va de todas 
 as normas cons�tucionais. Os três efeitos que todas as normas cons�tucionais, independente dessa classificação de 
 eficácia produzem : 
 1)Todas servem como parâmetro do controle de cons�tucionalidade; 
 2)Todas servem como parâmetro para recepção e não-recepção das normas anteriores; 
 3)Todas servem como fonte de interpretação cons�tucional. 
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 OBS.: NORMAS COM EFICÁCIA EXAURIDA -> Normas do ADCT – como o ADCT visa em sua grande maioria regular essa 
 passagem entre a cons�tuição an�ga e a chegada do novo regime jurídico é muito comum encontrar no ADCT normas 
 que já exauriram os seus efeitos – exemplo: Art. 2º do ADCT -> marcava plebiscito para decidir sobre forma de governo 
 no ano de 93 – o povo já foi nas urnas e decidiu que queria viver num regime republicano e presidencialista – essa 
 norma já exauriu os seus efeitos. / Art. 11, caput: as cons�tuições estaduais deveriam ser promulgadas em 01 ano 
 contado da promulgação da cons�tuição maior – todas as cons�tuições estaduais foram promulgadas, sendo uma norma 
 que também já produziu seus efeitos jurídicos. 
 -PODER CONSTITUINTE 
 Paulo Bonavides diz que não podemos confundir PODER CONSTITUINTE com a TEORIA DO PODER CONSTITUINTE. 
 O PODER CONSTIUINTE sempre exis�u. Já a TEORIA DO PODER CONSTITUINTE é uma teoria mais recente, é do século 
 XVIII. O poder esteve durante muitos anos nas mãos do rei que não fazia nada de errado, pois prestava contas a Deus 
 que sempre o absolvia. Na passagem do Estado Absolu�sta para o Estado do Direito veio a TEORIA DO PODER 
 CONSTITUINTE, tentando legi�mar o poder, colocando o poder nas mãos do povo e sedimentando esse poder, 
 formalizando esse poder numa Cons�tuição, que representasse a vontade da nação. 
 Na França, no século XVIII, exis�a uma sociedade completamente estra�ficada e dividida entre 03 estados: 1º e 2º 
 estados formados pelo clero e pela nobreza e a o 3º estado formado pela burguesia (alta, média e baixa), proletariados e 
 desempregados. O 1º e o 2º estados em conjunto formavam 2% da população francesa e o 3º estado por sua vez 
 representava 98% da população francesa. Esse 3º estado não �nha direito a decisão polí�ca alguma, porque o poder 
 polí�co estava concentrado apenas nas mãos de 2º da população francesa. Estávamos no século das luzes, do 
 iluminismo e em 1788 o Abade acaba apresentando o Manifesto ao 3º estado, em que se encontravam sementes 
 revolucionárias expondo que o 3º estado não representava nada, mas que queria passar a representar tudo, tendo 
 direito de representação polí�ca. Esse documento acabou fazendo com que a primeira cons�tuição francesa de 1791 
 fosse de fato elaborada pela vontade de uma assembleia nacional cons�tuinte, representando a vontade da nação. Ele 
 sustentava que o centro de decisões do Estado não poderia ter como base apenas um grupo de pessoas, é como se o 
 poder precisasse representar a vontade da nação e essa vontade da nação foi consubstanciada por meio da Cons�tuição 
 Francesa de 1791. 
 Podemos dizer que em termos históricos essa TEORIA DO PODER CONSTITUINTE pretendeu restaurar a legi�midade do 
 poder polí�co na França e de lá para o mundo. É a teoria que veio no momento de mudança do estado absolu�sta e o 
 estado de direito. É uma teoria que pretendeu colocar nas mãos de um documento, da Cons�tuição, o poder central, o 
 poder polí�co principal de um determinado Estado. 
 De 1788 para cá, muita coisa mudou e se fala de PODER CONSTITUINTE hoje com conceito um pouco mais abrangente. O 
 PODER CONSTITUINTE como se dá hoje é o responsável pela formação de uma nova cons�tuição; é o poder responsável 
 pelas reformas que essa cons�tuição vai sofrer ao longo da sua vida, porque cons�tuição sem mecanismo de reforma já 
 nasce morta; e é o poder responsável nos estados federa�vos pela criação das cons�tuições estaduais. 
 Essa cons�tuição nova formada precisa ser democrá�ca? O entendimento majoritário é que a manifestação desse poder 
 criador ainda quando estamos diante de uma cons�tuição autoritária, o ideal é que o poder cons�tuinte originário seja 
 sempre um poder democrá�co, popular, mas quando há criação de uma nova cons�tuição há uma manifestação do 
 poder cons�tuinte originário não importando se esse poder foi fundamentado por um movimento democrá�co ou por 
 um movimento ditatorial. 
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 ESPÉCIES DE PODER: 
 ● PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (PCO) ou DE 1º GRAU -> é o responsável pela criação de uma nova 
 cons�tuição. O seu fruto é justamente a Cons�tuição. 
 Esse poder cons�tuinte originário exaure a sua força quando da criação da Cons�tuição? Ministro Gilmar Mendes tem 
 uma teoria: para ele o poder cons�tuinte originário não se esgota com a chegada de uma nova cons�tuição, ele é 
 man�do, é um poder latente, está sempre pronto para se manifestar, sendo um poder de natureza permanente , que 
 não exaure com a criação de uma nova cons�tuição. 
 🡪 Natureza Jurídica do PCO 
 a) É um PODER DE FATO na visão jusposi�vista -> o poder cons�tuinte originário é um poder que se legi�ma no 
 seu poder de criação e é um poder que não tem como base limites na ordem sociológica, histórica, filosófica, 
 jurídica anterior. É um poder inicial, inaugura a nova ordem jurídica e não depende de fatores anteriores. É um 
 poder que se legi�ma no seu próprio poder de formação, é um PODERDE FATO que se legi�ma em si mesmo. 
 b) É um PODER DE DIREITO na visão jusnaturalista -> é aquele que sustenta que há valores superiores que 
 antecedem a própria existência da lei e da norma e que a norma não pode se desvincular desses valores – 
 valores como a vida, liberdade, igualdade. Enquanto nós encontramos na defesa do poder de fato uma 
 ilimitação jurídica, nós encontramos no poder de direito uma limitação nas normas metajurídicas, calcada em 
 direito natural. 
 Qual é a adotada no Brasil? A teoria jusposi�vista já esteve em voga durante muito tempo. Fomos mais influenciados 
 pela teoria do poder de fato. Mas ambas são importantes para conhecermos um pouco mais da base do poder 
 cons�tuinte originário, o poder criador, que vai servir como base para a criação das demais normas jurídicas do 
 Estado. 
 🡪 Titularidade X Exercício do PCO 
 Art. 1º, parágrafo único da CRFB: “todo poder emana do povo, que o exercerá diretamente ou por meio dos seus 
 representantes eleitos nos termos da cons�tuição”. 🡪 Daí extraímos que o �tular do poder é o povo e que o exercício 
 desse poder pode ser direto ou indireto. É o PRINCÍPIO DEMOCRÁTICO – numa democracia o poder está nas mãos do 
 povo, ainda que este povo não o exerça de forma direta. O poder é exercido diretamente quando o povo não precisa de 
 representantes para se manifestar, é quando par�cipa de plebiscitos e referendos, é quando ajuíza uma ação popular, 
 mas na grane maioria das vezes o exercício desse poder é feito de forma indireta por nossos representantes, ou seja, por 
 aqueles que em nosso nome deveriam sempre manifestar a nossa vontade pela evolução e desenvolvimento do país. 
 ● PODER CONSTITUINTE DERIVADO (PCD) ou INSTITUÍDO ou CONSTITUÍDO ou DE 2º GRAU -> se manifesta de 
 duas maneiras: 
 a) Reformador – art. 60 da CRFB. 
 b) Decorrente – art. 11 do ADCT . 
 Criação de uma CRFB sem mecanismo de reforma é arriscado, porque só vai produzir efeitos por um tempo 
 determinado. O primeiro governante que chegar no poder e não conseguir alterá-la vai jogá-la fora e produzir 
 uma nova. Mas muitos Estados não possuem manifestação federa�va 🡪 ATENÇÃO! Nos Estados Federa�vos 
 esse poder também é responsável pela criação das Cons�tuições Estaduais e reformas que estas cons�tuições 
 estaduais venham a sofrer. 
 10 
 Nos Estados Unitários (França, Portugal, Itália, Uruguai, Chile) não há manifestação desse poder cons�tuinte 
 derivado decorrente. Só tem o poder de formação da cons�tuição central e não das cons�tuições parciais. Então 
 essa é uma MANIFESTAÇÃO TÍPICA DE ESTADOS FEDERATIVOS. 
 Esse poder de 1º grau faz surgir um poder de segundo grau: poder cons�tuinte derivado (poder cons�tuído ou 
 ins�tuído) – a CRFB quando surge precisa ser modificada eventualmente e para reforçar a autonomia e a 
 auto-organização dos Estados Membros é preciso também que eles possam criar as suas cons�tuições . Esse poder de 
 2º grau se manifesta de acordo com a reforma cons�tucional – PODER REFORMADOR e PODER DECORRENTE . Esse 
 poder é TÍPICO DAS FEDERAÇÕES . 
 O PCD não possui as caracterís�cas de inovação jurídica do PCO. O PCO é um poder inicial, porque inaugura uma nova 
 cons�tuição, um novo ordenamento jurídico, que vai sedimentar o arcabouço norma�vo do país. 
 Já o PCD é um poder subordinado, porque ele está abaixo do poder originário – emendas cons�tucionais podem ser 
 declaradas incons�tucionais; cons�tuições estaduais e emendas a estas podem ser consideradas incons�tucionais. O 
 PCD está HIERARQUICAMENTE ABAIXO DO PCO, por isso é subordinado. 
 O PCO é incondicionado – em termos de forma não há um processo estabelecido para a sua manifestação. Ele não é 
 condicionado a nenhuma forma prefixada. Já �vemos manifestação de PCO de diversas formas: o ato que convocou uma 
 assembleia nacional cons�tuinte para a elaboração da nossa cons�tuição anterior foi uma emenda, então não há uma 
 forma prefixada para a sua manifestação. 
 Já o PCD é um poder condicionado – há forma predefinida para sua manifestação. Para aprovar uma emenda há 
 necessidade de votação de dois turnos de cada casa do CN e em cada um desses turnos a emenda precisa receber 3/5 
 dos votos dos respec�vos membros. Com relação à Cons�tuição Estadual ela não passa pela sanção ou veto do 
 governador, então há forma predefinida para sua manifestação. 
 Em termos materiais o PCO é considerado ilimitado juridicamente e em termos metajurídicos: 
 ● É ilimitado em termos jurídicos posi�vos, porque o PCO não precisa respeitar o direito anterior, juridicamente 
 ele é ilimitado. 
 ● Em termos metajurídicos com a base jusnaturalista não se sustenta que o PCO é um poder completamente livre, 
 uma vez que deve respeito aos valores superiores à própria existência humana, a esses valores no direito 
 natural. 
 Com isso pergunta-se: pode uma nova cons�tuição estabelecer pena de morte para quem cometer crime hediondo? De 
 acordo com o viés estritamente posi�vista, pode. Mas se você trouxer uma base mais jusnaturalista vai responder com 
 base no princípio da vedação ao retrocesso, os direitos fundamentais devem seguir um caminho de progresso e não de 
 retrocesso, então a pena de morte não poderia ser reinserida de acordo com essa visão. 
 O PCD em termos materiais é um poder limitado – com relação às emendas cons�tucionais existem as cláusulas pétreas 
 que são enfrentadas pelo poder reformador. O art. 60,§4º diz que não será sequer objeto de deliberação proposta de 
 emenda tendentes a abolir a federação, o voto secreto, direto, universal, periódico, a separação dos poderes, os direitos 
 e garan�das individuais. O art. 11 do ADCT diz que a CE precisa seguir os princípios estabelecidos na CRFB, então há 
 condicionamentos, limitações, subordinações para todas as manifestações do PCD. 
 E o PCO como é uma manifestação criadora não pode sofrer dessa forma as limitações, pois precisa de liberdade jurídica 
 suficiente para se manifestar, para romper com o estado anterior, para criar um novo regime jurídico. 
 OBS.: PODER CONSTITUINTE DIFUSO – GEORGES BURDEAU = MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL / TRANSIÇÃO 
 CONSTITUCIONAL/ MUDANÇA INFORMAL DA CONSTIUIÇÃO -> É o poder amplo, espalhado na sociedade, que permite 
 as alterações não formais da cons�tuição (que só pode ser feita por meio de emenda), mas o poder cons�tuinte difuso 
 11 
 permite as mudanças informais da cons�tuição. É como se fosse a releitura do texto cons�tucional à luz dos novos fatos, 
 da nova sociedade, das novas influências. É aquela cons�tuição aberta, que dialoga com a sociedade. É uma 
 manifestação aberta de alteração do sen�do da cons�tuição, é alteração de sen�do e de concepção sem alteração 
 formal do texto. 
 OBS.: PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL -> Em 1945 teve o fim da 2ª GM – morte e renascimento. Até 1945, se 
 falava que o sujeito era sujeito de direitos apenas no plano nacional; e se falava em soberania estatal pra�camente 
 absoluta – os Estados podiam fazer o que queriam com o seu povo, não havia um sistema internacional de proteção. 
 Depois veio a guerra e o ano de 1945marca um novo momento, marca a VIRADA KANTIANA – Kant dizia que a única e 
 verdadeira razão de ser do Estado era a defesa do indivíduo, era a preocupação com o sujeito, com o povo. A par�r de 
 1945 nasce esse sistema norma�vo internacional, impulsionado pelo final da 2ª GM e a vontade de fazer uma nova 
 história da humanidade, com maior segurança e com paz. O indivíduo deixa de ser sujeito apenas no plano nacional e 
 passa a ser considerado sujeito de direitos no plano internacional. O conceito de soberania estatal, que até 45 era 
 considerado absoluto, e a soberania passa a ser compreendida de forma rela�va. 
 Quando o indivíduo passa a ser sujeito no plano internacional, não falamos apenas em poder cons�tuinte nacional, mas 
 num poder polí�co no plano internacional e nós somos também sujeitos de direitos não apenas no Brasil, mas onde 
 quer que estejamos no cenário internacional. Essa expressão PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL, ou seja ACIMA 
 DO ESTADO, está associado a esse momento de VIRADA KANTIANA, à luz do PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA 
 HUMANA que aconteceu com o final da 2ª GM. É aquele que com a virada kan�ana de 1945 acabou permi�ndo que o 
 indivíduo fosse reconhecido como sujeito de direitos no ambiente extra-estado, fora do território nacional, o que acaba 
 ampliando a sua tutela. 
 OBS.: LEIS ORGÂNICAS DO MUNICÍPIO E DO DF -> O federalismo brasileiro é um federalismo diferencial, de DF, de 
 municípios e para reforçar a autonomia do DF e dos Municípios, a CRFB estabelece a criação da sua lei orgânica. 
 🡪 Lei Orgânica do DF – art. 32 da CRFB: “O DF, vedada a sua divisão em municípios, se regerá por lei orgânica votada em 
 dois turnos com inters�cio mínimo de dez dias, e aprovada por 2/3 da Câmara Legisla�va, que a promulgará atendidos 
 os princípios estabelecidos nesta Cons�tuição”. 
 O DF é um ente norma�vo anômalo. O DF possui capacidade legisla�va tanto de Estado quanto de Município. Essa lei 
 orgânica é ou não declaração de PCD? Literalmente, a lei orgânica do DF não é uma manifestação de PCD decorrente, 
 porque a CRFB de 88 não estabeleceu dessa forma – no art. 32 da CRFB não há previsão expressa nesse sen�do. 
 Diferentemente do art. 11 do ADCT com relação às Cons�tuições Estaduais diz que “Cada Assembleia Legisla�va, com 
 poderes cons�tuintes , elaborará a Cons�tuição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da 
 Cons�tuição Federal, obedecidos os princípios desta” . 🡪 Literalmente, a nossa CRFB estabeleceu poderes cons�tuintes 
 para a Assembleia Legisla�va do Estado, o que não fez literalmente para o DF. 
 Supremo foi encontrando alguns problemas com relação a este aspecto. A LO do DF dispõe sobre matéria estadual e 
 municipal e a única norma de auto-organização que o DF possui, é a única norma que reforça a sua autonomia e 
 independência. E o Supremo foi instado a dizer que a LO do DF é manifestação de poder polí�co para servir como 
 parâmetro do controle de cons�tucionalidade ou não? O Supremo diz que sim – a LO do DF se assemelha à CE na sua 
 força polí�ca e por isso serve como parâmetro do controle. 
 Ao reconhecer que a LO do DF é a manifestação do poder polí�co suficiente para servir como parâmetro do controle, a 
 nossa conclusão é favorável a tese de que a LO do DF numa interpretação seria manifestação de PCD decorrente. A 
 doutrina é muito favorável a essa tese. O PCD decorrente ainda que não esteja literalmente previsto na CRFB para o DF, 
 na interpretação doutrinária e do próprio Supremo seria sim manifestação de poder. 
 12 
 Embora a CRFB não diga expressamente que a Câmara Legisla�va do DF detem poderes cons�tuintes derivados 
 decorrentes, a tendência é nesse sen�do, pois o STF confirmou o entendimento que a LO do DF tem status de 
 cons�tuição estadual, tanto que serve como parâmetro do controle concentrado do DF. Expressamente o cons�tuinte 
 originário não atribui à Câmara Legisla�va do DF poderes cons�tuintes que foram atribuídos à Assembleia Legisla�va do 
 Estado na forma do art. 11 do ADCT. É uma interpretração jurisprudencial, em reforço inclusive à própria autonomia do 
 DF. 
 🡪 Lei Orgânica do Município – aqui nem expressamente e nem no plano jurisprudencial se garante a manifestação de 
 poder cons�tuinte derivado decorrente. A LO é um ato norma�vo primário, extraído diretamente da CRFB, mas que não 
 serve como parâmetro de controle de cons�tucionalidade algum. Então vem prevalecendo o entendimento de que a LO 
 do Município não é manifestação de poder cons�tuinte derivado decorrente. Não existe essa previsão nem na CRFB 
 tampouco na jurisprudência do STF. 
 Isso se deve aos seguintes argumentos: para o STF, a LO é uma espécie norma�va, não há entre a LO do Município e as 
 leis municipais uma relação de hierarquia. Então quando houver conflito entre uma LO e uma lei municipal esse conflito 
 será resolvido à luz do direito aplicado, será feito um controle de legalidade e não de cons�tucionalidade. 
 O entendimento majoritário é no sen�do que a LO do Município é ato norma�vo primário extraído diretamente da 
 CRFB, mas que não serve como parâmetro de cons�tucionalidade algum. Eventuais desencontros entre a lei municipal e 
 a LO do próprio município são resolvidos por meio do direito aplicado à luz do controle de legalidade e não de 
 cons�tucionalidade. 
 O art. 11, parágrafo único do ADCT ainda dispõe que a LO do Município deverá ser elaborada de acordo com os 
 princípios previstos na CRFB e também na CE. Então como já há controle no plano concentrado federal e no âmbito 
 estadual, controle difuso no plano federal e estadual, não haveria necessidade de mais um controle de 
 cons�tucionalidade, porque normalmente lei municipal que viola LO do próprio Município ou viola também a CE e/ou a 
 CRFB e á existem instrumentos suficientes de fiscalização dessa lei no nosso ordenamento jurídico. 
 🡪 Com relação aos Territórios – hoje não há território no país, mas é perfeitamente possível a sua criação – art. 18,§2º e 
 §3º da CRFB determina que é perfeitamente possível a criação de novos territórios no país. O art. 33 da CRFB diz que se 
 os territórios forem criados, poderão ser divididos em municípios. 
 Existe poder cons�tuinte derivado decorrente nos Territórios? Não, porque os Territórios são autarquias federais, são 
 descentralizações polí�co administra�vas da União, então o Território não é detentor de autonomia, de capacidade de 
 auto-organização e não há manifestação de poder cons�tuinte derivado decorrente. 
 -CONSTITUIÇÃO COLABORATIVA DA ISLÂNDIA -> A carta cons�tucional atual da Islândia é de 1944, ano em que a 
 Islândia conquistou a independência da Dinamarca. Essa cons�tuição é pra�camente uma cópia da cons�tuição 
 dinamarquesa, basicamente alterando apenas a palavra “rei” por “presidente”, causando descontentamento aos 
 moradores da Islândia. Com isso, o governo da Islândia resolveu começar a construção de uma cons�tuição com base 
 nas opiniões e sugestões populares e se u�lizando das redes sociais para obter esse sen�mento popular na construção 
 dacons�tuição. A população da Islândia par�cipou do processo de formação da cons�tuição de forma eletrônica – 
 uma cons�tuição colabora�va com par�cipação do povo por meio das redes sociais. Essa é uma grande inovação e até 
 mesmo um novo sen�do para a democracia. A cons�tuição ainda não está em vigor, porque precisa de aprovação dupla 
 por parte do parlamento da Islândia, mas ela já se apresenta como um modelo cons�tucional diferente, se u�lizando da 
 rede social para a troca de várias informações e para a construção da lei maior de determinado Estado. O povo ajudou 
 muito com relação aos direitos e garan�as fundamentais e com as limitações do Estado com relação à vida do indivíduo. 
 ...................................... 
 Aula 2 – Rio, 27.07.15 
 13 
 PODER REFORMADOR 
 Art. 60 da CRFB, que também é o núcleo da rigidez cons�tucional e desse art. 60 extraímos as emendas cons�tucionais 
 elaboradas com base no próprio art. 60 e as emendas de revisão elaboradas com base no art. 3º do ADCT. As emendas 
 cons�tucionais e as de revisão são ESPÉCIES do poder cons�tuinte derivado reformador. O poder cons�tuinte derivado é 
 um poder subordinado, é um poder limitado, condicionado. 
 Se analisarmos o art. 2º do ADCT encontramos a determinação de um plebiscito que seria feito 05 anos após a 
 promulgação da nossa CRFB, em 1993, para que o povo decidisse se queria viver num país republicano presidencialista, 
 monarquista ou parlamentar presidencialista. O art. 3º do ADCT designou uma revisão cons�tucional também 05 anos 
 após a promulgação da nossa CRFB para fazer algumas alterações que fossem necessárias ao texto. Muitos autores 
 entendem que os arts. 2º e 3º estariam relacionados historicamente. 
 Como não se chegava a um acordo sobre qual deveria ser a forma de governo estabelecida, se marcou o plebiscito para 
 que o povo decidisse e caso o povo optasse pela monarquia ou o parlamentarismo, deveria se ter uma reforma 
 cons�tucional mais ampla. Reformas cons�tucionais mais amplas não podem ser feitas pela emenda cons�tucional, pois 
 esta é pontual e específica, altera pontos específicos na cons�tuição, ela não faz alterações globais, por isso importamos 
 do direito lusitano essa revisão cons�tucional. 
 Acontece que no ano de 93 quando o povo foi subme�do ao plebiscito, decidiu que queria viver num país republicano e 
 presidencialista, ou seja, só fez ra�ficar a vontade do cons�tuinte originário de 88. O tempo passou e logo depois veio a 
 promulgação de uma resolução nº 01 do CN, abrindo os trabalhos para a revisão da cons�tuição. E aí logo foi proposta a 
 ADI 981 contra a resolução do CN que abria os trabalhos da revisão cons�tucional. Naquele julgamento o Supremo 
 estabeleceu algumas regras muito específicas com relação à revisão: 
 A revisão é uma espécie de manifestação do poder reformador. Então, enquanto não encontrar limitações no seu 
 próprio art. 3º do ADCT, nós aplicamos as limitações do próprio art. 60 – Exemplo: Art. 3º do ADCT não estabelece 
 nenhum �po de cláusula pétrea – poderia a época a emenda revisional alterar o art. 60, abolindo a uma das cláusulas 
 pétreas? Não! Isso seria incons�tucional, porque as limitações materiais do art. 60,§4º da CRFB também se estendem às 
 emendas de revisão, segundo o STF. 
 Além disso, os cons�tuintes não inseriram no ordenamento uma revisão defini�va, se estabeleceu apenas uma revisão, 
 ou seja, após 05 anos contados da promulgação da cons�tuição só seria possível realizar uma revisão e não sempre que 
 possível várias revisões – se estabeleceu o marco do ano de 94 para a revisão cons�tucional. Foram feitas 06 emendas 
 de revisão apenas. Hoje, não é mais possível que ocorra revisão cons�tucional, pois o Supremo estabeleceu que as 
 emendas revisionais deveriam ocorrer no ano de 94, não exis�ndo no país a revisão de tempos em tempos, porque nós 
 adotamos apenas 01 revisão da nossa CRFB. 
 O STF acaba com a possibilidade de manifestação desse poder revisional a par�r daí. E a CRFB só pode ser alterado por 
 meio de emendas cons�tucionais, elaboradas de acordo com o art. 60 da CRFB. Esse poder reformador se manifesta 
 hoje por meio das emendas cons�tucionais, mas já se manifestou no passado por meio das emendas de revisão, com 
 base no art. 3º do ADCT , e desde então não se permite as emendas de revisão, só podendo a nossa CRFB ser alterada 
 por meio das emendas cons�tucionais elaboradas de acordo com o art. 60 . 
 -LIMITAÇÕES ENFRENTADAS PELO PODER REFORMADOR DO ART. 60 DA CRFB -> Para defender o ordenamento jurídico 
 é indispensável que a emenda respeite uma série de limites. As limitações enfrentadas pelas emendas – art. 60: 
 1)LIMITAÇÃO TEMPORAL -> consiste na proibição de reforma de determinado disposi�vo ou de toda a CRFB durante 
 determinado período. Tal limitação foi enfrentada pela Cons�tuição Imperial de 1824, que no seu art. 174 dizia que 
 durante 04 anos contados da outorga da cons�tuição, ela não poderia sofrer reforma. Ao analisar o art. 60 da CRFB não 
 14 
 há nenhuma disposição que impeça a emenda de alterar o texto durante um determinado período na vida do Estado 
 com relação à dia, meses e anos. Segundo a doutrina majoritária não há limitação temporal ao poder reformador. A 
 doutrina entende que como no art. 60 não há nenhuma referência a dias, meses, anos nos quais não se podem alterar 
 o texto da CRFB, não há limitação temporal ao poder reformador . 
 ATENÇÃO! RE 587.008 -> STF, de forma equivocada, estabeleceu que o art. 60,§5º da CRFB seria uma manifestação de 
 limite temporal. Para a DOUTRINA MAJORITÁRIA não há limitação temporal ao poder reformador. 🡪 Mas se a questão 
 quiser colocar alguma pegadinha e disse que segundo a jurisprudência do STF o art. 60,§5º configura um limite 
 temporal ao poder reformador a questão está correta com base neste recurso extraordinário. O STF decidiu neste 
 julgado que a matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de 
 nova proposta na mesma sessão legisla�va, entendo neste caso ser esta uma limitação temporal ao poder reformador. 
 2)LIMITAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS -> art. 60,§1º da CRFB diz que as emendas não podem ser promulgadas durante o 
 estado de defesa, estado de sí�o (com base nos arts. 136 a 141 da CRFB) e intervenção federal (com base nos arts. 34 a 
 36). Essas três hipóteses são de crise, situação de legalidade extraordinária e aí a CRFB se auto-protege: durante estas 
 situações inusitadas de crise, não é possível se alterar o texto cons�tucional. 
 É possível apresentar uma PEC nestas condições? Os limites verdadeiros enfrentados por este art. 60,§1º: 
 Os atos principais do processo legisla�vo de criação da emenda: Inicia�va / Discussão / Votação / Promulgação / 
 Publicação. E aí vem o estado de defesa, estado de sí�o (com base nos arts. 136 a 141 da CRFB) e intervenção federal 
 (com base nos arts. 34 a 36). 🡪 De acordo com a doutrina, nada impede que se apresente uma PEC durante a 
 intervenção federal, estado de sí�o e estado de defesa, mas não épossível votar, promulgar e nem publicar . 
 Apresentar a PEC e discu�r nas comissões do CN também durante estas situações de emergência não tem problema. O 
 primeiro ato do processo legisla�vo proibido segundo a interpretação do art. 60,§1º é o ato da votação. 
 E se já houver iniciado o processo de votação e se decreta a intervenção federal após se aprovar a PEC em 1º turno? Aí o 
 processo fica suspenso. Ela só vai passar pelo segundo turno de votação após essas situações emergenciais estarem 
 cessadas. 
 3)LIMITAÇÕES FORMAIS -> art. 60, incisos I, II e III: rol de apresentação da PEC; §2º: votação da PEC; §3º: ausência de 
 sanção ou veto; §5º: impossibilidade de reapresentação de PEC rejeitada na mesma sessão legisla�va em que ocorreu a 
 sua rejeição. 
 3.1) INICIATIVA: consiste com a apresentação da proposta de emenda. Essa inicia�va é taxa�va, o rol de legi�mados 
 a�vos é um rol taxa�vo. 
 Existe inicia�va popular para apresentação da PEC? José Afonso da Silva e outros defendem que o povo poderia, com 
 base na aplicação do art. 60,§1º que prevê inicia�va popular de LO e LC, apresentar uma proposta de emenda, mas não 
 é essa a visão principal dos nossos tribunais e a doutrina majoritária também não entende dessa forma. O art. 60, incisos 
 I, II e III configura um rol taxa�vo e não há inicia�va popular de apresentação de PEC. 
 As únicas autoridades que podem apresentar proposta de emenda à cons�tuição são: 1/3 dos membros da Câmara dos 
 Deputados ou 1/3 dos membros do Senado Federal, o Presidente da República e mais da metade das Assembleias 
 Legisla�vas das unidades da Federação. 
 São 513 deputados federais (1/3 = 171); 81 senadores (1/3 = 27) – esse quórum deve ser observado, é um quórum 
 mínimo. Qualquer �po de composição entre estes legi�mados é permi�da, porque essa é uma inicia�va de natureza 
 concorrente, ou seja, deputados podem apresentar a PEC em conjunto com senadores e presidente, ou então o 
 presidente pode apresentar sozinho. 
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 E genericamente nós aplicamos com relação à casa iniciadora a regra do art. 64, caput da CRFB: na grande maioria das 
 vezes a proposta de emenda à cons�tuição começa a tramitar na câmara dos deputados e não no senado. Se os 
 senadores deflagrarem o processo de reforma ficam com o papel de casa iniciadora e a câmara deverá analisar a 
 proposta por uma segunda vez. 
 3.2) VOTAÇÃO – art. 60,§2º : Após a apresentação da PEC, análise das comissões no CN, ela pode vir a ser subme�da à 
 votação – art. 60,§2º traz esse núcleo da rigidez cons�tucional, informando que a PEC precisa passar por dois turnos de 
 votação em cada casa do CN e em cada um desses turnos receber 3/5 dos votos. Não há sessão conjunta para aprovação 
 da PEC – a PEC passa por uma casa e se for aprovada em dois turnos na primeira casa por 3/5 dos votos (quórum 
 qualificado) vai passar por mais dois turnos de votação na segunda casa. 
 3.3)AUSÊNCIA DE SANÇÃO OU VETO – art. 60, §3º: No processo legisla�vo comum da LO e LC, depois de esgotado o 
 processo no âmbito legisla�vo os projetos de lei seguem para sanção ou veto do presidente da república . Mas aqui , no 
 processo de elaboração da EC é diferente . Na forma do art. 60,§3º uma vez aprovada a PEC em dois turnos de votação 
 em cada casa por 3/5 ela já será promulgadas pelas mesas da Câmara e do Senado, não havendo sanção ou veto no 
 processo de criação das emendas . Não há sanção ou veto do presidente da república no processo de elaboração das EC. 
 OBS.: A promulgação não é pela mesa do CN, porque as casas atuam separadamente, então a promulgação se dá com a 
 assinatura dos membros da câmara e com a assinatura dos membros do senado. 
 3.4)Art. 60, §5º: A PEC rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser reapresentada na mesma sessão legisla�va em 
 que ocorreu essa rejeição ou prejuízo. 
 Sessão legisla�va é diferente de legislatura. 🡪 Qual é a diferença entre sessão legisla�va e legislatura ? Sessão legisla�va 
 é o período anual de trabalho dos legisladores na forma do art. 57 da CRFB , que se inicia no dia 02 de fevereiro e vai até 
 17 de julho, tendo recesso até 01 de agosto e aí trabalham até 22 de dezembro (períodos ordinários de trabalho 
 legisla�vo) e se houver necessidade de convocação durante o recesso, será para par�cipação em uma sessão 
 extraordinária. Se a PEC for rejeitada no dia 03/02/2015 ou qualquer outro mês de 2015, ela só pode ser 
 reapresentada a par�r de 02/02/2016 , porque não interessa se ela foi rejeitada numa sessão ordinária ou 
 extraordinária, mas ela só pode ser reapresentada numa sessão legisla�va dis�nta . 
 OBS.: Aqui não se aplica o art. 67 da CRFB que diz que projetos de lei rejeitados só podem ser reapresentados numa 
 sessão legisla�va seguinte, salvo se houver manifestação da maioria absoluta dos membros de quaisquer da casa no 
 sen�do de apresentação do projeto naquela mesma sessão. Este ar�go não se aplica com relação à emenda 
 cons�tucional. 
 A diferença entre a PEC ser rejeitada e prejudicada é a seguinte: a PEC é rejeitada por algum vício formal, ela não 
 conseguiu quórum para ser aprovada; PEC prejudicada é aquela com vício no objeto, no tema – tramita ao mesmo 
 tempo várias matérias sobre o mesmo assunto, versando sobre ele de forma dis�nta e quando se aprova a primeira 
 emenda, a segunda com o mesmo tema fica prejudicada em razão do seu objeto e só pode vir a ser apresentada 
 novamente em sessão legisla�va dis�nta daquela em que sofreu o prejuízo, por conta da segurança jurídica. 
 A legislatura é o período de mandato, composta por 04 anos na forma do art. 44, parágrafo único da CRFB . A PEC pode 
 ser rejeitada e prejudicada na mesma legislatura, desde que em sessões legisla�vas dis�ntas. 
 OBS.: DECISÕES IMPORTANTES DO STF SOBRE O TEMA: 
 "Processo de reforma da Cons�tuição estadual – Necessária observância dos requisitos estabelecidos na CF ( art. 
 60, § 1º a § 5º ) – Impossibilidade cons�tucional de o Estado-membro, em divergência com o modelo inscrito na 
 Lei Fundamental da República, condicionar a reforma da Cons�tuição estadual à aprovação da respec�va 
 proposta por 4/5 da totalidade dos membros integrantes da Assembleia Legisla�va – Exigência que virtualmente 
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 esteriliza o exercício da função reformadora pelo Poder Legisla�vo local. A questão da autonomia dos Estados 
 membros (CF, art. 25) – Subordinação jurídica do poder cons�tuinte decorrente às limitações que o órgão 
 inves�do de funções cons�tuintes primárias ou originárias estabeleceu no texto da Cons�tuição da República 
 (...)." (ADI 486, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 3-4-1997, Plenário, DJ de 10-11-2006). 
 Isso tornaria quase inviável o processo de reforma da CE. Isso tornaria a CE pra�camente imutável, então o Supremo 
 reforça que os limites circunstanciais, formais e materiais aplicados no modelo federal à emenda da CRFB também se 
 estendem em nome da preservação do próprio pacto federa�vo à CE. O Supremo não taxou o art. 60, incisos I, II e III 
 como de observância obrigatório, então comrelação ao rol de legi�mados a�vos para apresentar PEC é possível, 
 eventualmente, ter alguma mudança ou inovação no plano estadual, mas todos os limites circunstanciais, formais e 
 materiais se aplicam no âmbito estadual. 
 “Não precisa ser reapreciada pela Câmara dos Deputados expressão suprimida pelo Senado Federal em texto de 
 projeto que, na redação remanescente, aprovada de ambas as Casas do Congresso, não perdeu sen�do 
 norma�vo.” (ADI 3.367, Rel. Min.Cezar Peluso, julgamento em 13-4-2005, Plenário, DJ de 22-9-2006.) No mesmo 
 sen�do: ADI 2.666, Rel. Min. Ellen Gracie, julgamento em 3-10-2002, Plenário, DJde 6- 12-2002. 
 Essa tem sido uma tendência do STf para tentar desburocra�zar um pouco o processo legisla�vo que é lento e que não 
 sa�sfaz a sociedade, então se a casa revisora resolver suprimir uma palavra que não traga nenhuma alteração no sen�do 
 norma�vo do texto da PEC, se for uma alteração apenas redacional não há necessidade de submeter essa proposta 
 novamente aos turnos de votação pela casa iniciadora, ela já pode ser promulgada pelas duas mesas do CN. 
 "O STF admite a legi�midade do parlamentar – e somente do parlamentar – para impetrar mandado de 
 segurança com a finalidade de coibir atos pra�cados no processo de aprovação de lei ou emenda cons�tucional 
 incompa�veis com disposições cons�tucionais que disciplinam o processo legisla�vo. Precedentes do STF: MS 
 20.257/DF, Min. Moreira Alves (leading case) (RTJ 99/1031); MS 20.452/DF, Min. Aldir Passarinho (RTJ 116/47); 
 MS 21.642/DF, Min. Celso de Mello (RDA191/200); MS 24.645/DF, Min. Celso de Mello, DJ de 15-9-2003; MS 
 24.593/DF, Min. Maurício Corrêa, DJ de 8-8- 2003; MS 24.576/DF, Min. Ellen Gracie, DJ de 12-9-2003;MS 
 24.356/DF, Min. Carlos Velloso, DJ de 12-9-2003". (MS 24.667-AgR, Rel. Min.Carlos Velloso, julgamento em 4- 
 12-2003, Plenário, DJ de 23-4-2004). 
 No Informa�vo 711, julgamento do MS 32.033 temos a visão atual do STF sobre esse �po de controle: parlamentar 
 possui direito líquido e certo de somente par�cipar de processo legisla�vo cons�tucional, então ao verificar que há 
 inobservância do processo legisla�vo, o parlamentar pode impetrar MS num verdadeiro exemplo de controle preven�vo 
 concreto incidental difuso de cons�tucionalidade. A legi�midade é apenas do parlamentar e no julgamento desse MS 
 32.033 o STF estabeleceu algumas regras: projetos de leis podem ser ques�onados apenas sob o ângulo formal, ou seja, 
 quando houver alguma inobservância do processo de sua própria formação e as PECs podem ser analisadas sob o ângulo 
 formal e também material, porque o art. 60,§4º diz que não será sequer objeto de deliberação proposta de emenda 
 tendente a abolir – o cons�tuinte trouxe o impedimento de que se permita a deliberação sobre uma PEC tendente a 
 abolir e por isso as PECS também podem ser ques�onadas sob o ângulo material. 
 ● Projetos de leis ordinárias e complementares podem ser analisadas sob o ângulo formal; 
 ● Proposta de emenda cons�tucional pode ser analisada sob o ângulo formal e também material. 
 ● O direito líquido e certo aqui discu�do é o de par�cipar somente de processo legisla�vo idôneo, compa�vel com 
 a CRFB, daí a analise do aspecto formal. O que jus�fica a PEC ser analisada também o ângulo material é a 
 redação do art. 60,§4º da CRFB, que diz que não será sequer objeto de deliberação proposta de emenda 
 tendente a abolir as cláusulas pétreas. 
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 OBS.: No Brasil, não se adota controle preven�vo abstrato judicial de cons�tucionalidade. O controle preven�vo judicial 
 existente por meio do MS é um controle concreto, no bojo de uma situação real, qual seja a de um parlamentar ser 
 obrigado a par�cipar de um processo legisla�vo que não está em harmonia com a CRFB. 
 4)LIMITAÇÕES MATERIAIS – (A) CLÁUSULAS PÉTREAS – limitações materiais explícitas – art. 60,§4º -> desde a 
 cons�tuição republicana de 1891, as cons�tuições brasileiras estabeleceram essa redação com relação ao art. 60,§4º: 
 não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: a forma federa�va de Estado, o voto direto, 
 secreto, universal e periódico, a separação dos poderes e os direitos e as garan�as individuais. 
 Tendente a abolir significa que uma PEC que pretende extrair um desses incisos do art. 60,§4º é completamente 
 incons�tucional. Mas não é incons�tucional apenas a proposta que claramente diz que aquela cláusula será abolida – 
 aquela que de algum modo se encaminhe nesse sen�do também não poderá ser admi�da. Qualquer proposta que 
 pretenda restringir esse núcleo essencial do art. 60,§4º deve ser rechaçada, não pode ser aprovada pelos membros do 
 CN. 
 4.1) A FORMA FEDERATIVA DO ESTADO – art. 1º, caput e art. 18 da CRFB -> qualquer emenda que pretenda 
 restringir demasiadamente a autonomia dos entes federa�vos consagrada na sua tríplice capacidade de autogoverno, 
 auto-organização, auto-administração precisa ser rechaçada, a PEC não pode ser aprovada e é possível inclusive a 
 impetração de MS por parlamentar para tentar evitar se boicotar a federação. 
 Art. 1º, caput: Impossibilidade do Direito de Secessão -> A República Federa�va do Brasil é formada pela união 
 indissolúvel dos três entes, logo a secessão, isto é o desfazimento do vínculo, não é aceita em nenhuma federação. A 
 caracterís�ca federa�va é a impossibilidade dessa separação. Se uma emenda vier induzir essa secessão ela será 
 declarada incons�tucional. 
 Não há federação sem um Sistema de Repar�ção de Competências 🡪 Toda mudança no sistema de repar�ção de 
 competências é necessariamente incons�tucional? Não! É preciso se avaliar caso a caso. Exemplo: EC 69/2012 alterou a 
 CRFB para re�rar da competência da união a questão da auto-organização da Defensoria Pública do DF e para repassar 
 essa capacidade ao próprio DF. Essa emenda em nada prejudicou a autonomia dos entes, ela extraiu uma das 
 competências do entes federa�vo que mais possui atribuições no nosso país, que é a união e resolveu reforçar a 
 atribuição do próprio DF – houve um reforço à autonomia do DF, não havendo nenhum �po de incons�tucionalidade. 
 Com relação ao Princípio da Imunidade Tributária Recíproca Entre os Entes – art. 150, VI, “a” -> essa imunidade 
 tributária recíproca é decorrente da própria isonomia entre os entes federa�vos e por isso o STF entendeu ser cláusula 
 pétrea e aqui nós temos uma das decisões na ADI 939. 
 No julgamento da ADI 3367 o STF analisou um tema que ainda gera muito debate. A EC 45/2004 criou o CNJ , que 
 desagradou inicialmente muitos magistrados. Foi proposta essa ADI e o STF foi instado a dizer que o CNJ fere o pacto 
 federa�vo porque é um órgão federal criado para fiscalizar órgãos do judiciário estadual? Não! O STF entendeu que o 
 CNJ é um órgão nacional e não federal e por isso serve para fiscalizar a atuação financeira e administra�va de todos os 
 órgãos do judiciário brasileiro, a exceção do STF. Então não é apenas uma fiscalização de órgão estadual; é uma 
 fiscalização maior – é fiscalização de um órgão nacional que vai recair sobre órgãos federais e sobre órgãos do poder

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