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PONTO - 2 - TRF2

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PROVA ORAL MAGISTRATURA FEDERAL – TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
PONTO 2
Conteúdo
CONSTITUCIONAL. Poder Constituinte: Originário e derivado. Espécies. Limites. Educação, cultura e desporto. Ciência e tecnologia. Comunicação social.	2
TRIBUTÁRIO - Princípios Constitucionais Tributários. Indébito Tributário. Contribuinte de Direito e de Fato. Repetição. Compensação. Consignação do Crédito Tributário.	26
ADMINISTRATIVO - Regime Jurídico Administrativo. Princípios Constitucionais do Direito Administrativo.	42
PENAL: A lei penal: características; fontes; interpretação; vigência e aplicação. Lei penal no tempo e no espaço. Imunidade. Condições de punibilidade. Concurso aparente de normas. Crimes contra a Administração Pública (Código Penal). Crimes de responsabilidade (Lei n. 1.079, de 10 de abril de 1950). Crimes de abuso de autoridade (Lei n. 4.898, de 9 de dezembro de 1965). Crimes nas licitações e contratos da Administração Pública (Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993).	53
PREVIDENCIÁRIO: Regime geral. Segurados e dependentes. Inscrição e filiação. Qualidade de segurado. Manutenção e perda.	134
CIVIL - Fontes do Direito. Direito Objetivo e Subjetivo. Elementos do Direito Positivo. Integração e Interpretação da Norma Jurídica: Direito das Obrigações: Solidariedade ativa e solidariedade passiva. Extinção das obrigações com e sem pagamento.	143
COMERCIAL: A Inscrição do Empresário. Microempresário. Empresário Rural. Atividades Profissionais não Sujeitas à Inscrição. Requisitos para o Exercício da Atividade Empresarial. Disciplina Jurídica da Concorrência Empresarial. Princípios. Infrações da Ordem Económica. Concorrência Ilícita e Desleal.	170
INTERNACIONAL PÚBLICO: Fontes. Tratado: conceito, condições de validade, efeitos, ratificação, promulgação e publicação. Regras de interpretação dos tratados. A autoridade do tratado em face da lei interna. Lei versus Tratado. Conflitos entre Constituição e Tratado. Fim e suspensão dos tratados. Costume: conceito, elementos, características, prova, obrigatoriedade, fim. Atos unilaterais: conceito, classificação e forma.	184
INTERNACIONAL PRIVADO: Processo civil internacional: competência da autoridade judiciária brasileira no plano internacional (arts. 88 e 89 do CPC). A cláusula de eleição de foro estrangeiro. A litispendência internacional ( art. 90 do CPC). Tratados ratificados pelo Brasil sobre esses temas.	236
PROCESSO CIVIL: Direito de Ação. Natureza Jurídica. Conceito. Elementos. Condições. Classificação e Critérios Identificadores. Procedimentos Especiais. Generalidades. Características. Espécies. Ação de Consignação em Pagamento. Ação de Depósito. Ação de Anulação e Substituição de Títulos ao Portador.	243
PROCESSO PENAL - Persecução penal. Inquérito policial. Ação penal. Ação civil. Ação penal originária. Sujeitos processuais. O juiz e os poderes processuais. O acusado e seu defensor. O assistente. Funcionários da justiça. Peritos e intérpretes.	269
ESTATUTO DA MAGISTRATURA. O Poder Judiciário na Constituição. Lei Orgânica da Magistratura Nacional. Deontologia do magistrado. (Lei Complementar n° 35, de 14 de março de 1979).	293
AMBIENTAL: O Direito Ambiental como Direito Econômico. A natureza econômica das normas de Direito Ambiental. Mineração.	315
Direitos Humanos: Sentido e evolução dos direitos humanos.	331
ECONÔMICO: A propriedade na ordem econômica. Empresas estatais exploradoras de atividade econômica: regime jurídico.	345
Princípios Institucionais da Magistratura: Das garantias da magistratura e das prerrogativas do magistrado.	349
CONSTITUCIONAL. Poder Constituinte: Originário e derivado. Espécies. Limites. Educação, cultura e desporto. Ciência e tecnologia. Comunicação social.
Resumo atualizado em janeiro de 2007 por GUSTAVO MOULIN RIBEIRO. 
Texto original elaborado por RENATA PADILHA GERA.
Atualizado por Antônio J.C. Araújo em janeiro de 2008 (resumo de boa qualidade. Ao final segue outra versão complementar).
Alterações realizadas por gleuso outubro de 2010 - trf 1 
Alteração realizada por Luzia Farias da Silva em agosto de 2012 – TRF1. Alterações na cor cinza.
Atualizado por Caroline Vieira Figueiredo em dezembro de 2014.
Poder Constituinte: é o poder que cria a norma constitucional, tornando-a exigível, cria e põe em vigor a norma constitucional (Estrutura do Estado, Divisão dos Poderes e outros). Visa criar a Constituição, estabelecer a estrutura do Estado. Ele se manifesta em momentos de crise (não necessariamente violenta), porque instaura uma Nova Ordem Constitucional (crises jurídica, econômica, social e política). Poder constituinte é poder de instituição ou reforma da Constituição.
O Poder Constituinte legitima a estrutura do Poder. Inicialmente, Sieyes pensava no Poder Constituinte tendo como titular a nação, o que foi depois evoluído para povo. 
Poder constituinte é poder de instituição ou reforma da Constituição.
Poder constituinte x Poder constituído – o primeiro é poder que institui ou reforma a constituição, logo é matéria exclusiva de direito constitucional; o segundo, se refere à reforma/instituição das leis em geral e pode até ser matéria de constituição, mas não exclusiva. É visto em outros ramos do Direito. É comum a outros campos do Direito.
TEORIA DO PODER CONSTITUINTE
O marco foi a Teoria de SIEYÈS, com o livro “O que é o Terceiro Estado” (A Constituinte Burguesa). A manifestação deve ser feita pelos representantes do Povo, materialização do Poder, no conceito de representatividade. Exercício da soberania popular. Distinguiu:
O Poder Constituinte (poder de elaborar a estrutura do Estado e dividir os Poderes) do 
Poder Constituído (Poderes reconhecidos pela Constituição: o Legislativo, Executivo e Judiciário). 
A Revolução Francesa (fev 1789) é o marco do surgimento do poder constituinte, com a obra de SIEYÈS. Nesta obra, pela primeira vez, alguém racionalmente tratou do poder constituinte. 
No séc. XVIII, a França vivia uma enorme crise política, econômica, social e orçamentária. Foram convocados os ESTADOS-GERAIS. 
ESTADOS-GERAIS se apresentavam como a assembleia consultiva do rei. Foram criados por Felipe IV (o belo) em 1303. Eram formados por 03 classes que compunham a sociedade burguesa: 
o primeiro estado (clero); 
o segundo estado (nobreza) e 
o terceiro estado (comuns, posteriormente, chamados de burguesia). 
Os Estados tinham a seguinte forma de deliberação: cada Estado tinha um voto, em todas as questões os votos eram mantidos unidos entre a nobreza e o clero, e a burguesia que pagava a conta sempre perdia. Assim, quando Luis XVI convoca os estados-gerais, o abade propõe que a representação em cada Estado seja proporcional à quantidade de franceses que representavam. Desta forma, ao terceiro estado caberia a maior representatividade. Ele propõe ainda que o voto fosse por cabeça e não por estado, assim, cada integrante teria um voto e não o estado todo somente com um voto exclusivo. O objetivo era acabar com os privilégios tributários da nobreza e do clero.
Para justificar essa mudança, ele afirmava que o Estado está submetido a certas regras, entretanto, a nação tem o poder de modificar essas normas, por meio do seu PODER CONSTITUINTE, por meio de seus PODERES CONSTITUÍDOS (executivo, legislativo e judiciário). As leis constitucionais não podem ser independentes da vontade da nação. Quem pode mudar a Constituição não é a própria assembleia (estados gerais), mas a constituinte.
Mas, o abade não foi bem sucedido, porque os estados gerais não aceitaram a votação por cabeça. Daí, há a rescisão por meio de uma rebelião da assembleia do terceiro estado que se autoproclama em poder constituinte, sendo que o rei não aceita essa rebeldia, e eles afirmam que quem manda é povo.
Ao longo do tempo, o abade foi reescrevendo o panfleto aprofundando-o e atualizando-o de acordo com os acontecimentos da época, até alcançar a redação final que se conhece. Conclusão: a nação era escrava da vontade do rei.
NATUREZA DO PODER CONSTITUINTE
A natureza do Poder Constituinte é jurídica ou extrajurídica?Existem duas correntes doutrinárias que procuram impor suas posições: 
JUSPOSITIVAS (KELSEN): o poder constituinte é um poder histórico, ele simplesmente existe, ou seja, não se funda em uma ordem jurídica superior, ele inaugura toda a normatização jurídica, ele é um fato, não deriva de outro direito superior, é o poder que antecede a norma, sendo um Poder Político[footnoteRef:1]. No Brasil, essa é a posição adotada. [1: Poder político (governo): em sentido amplo, pode ser entendido como uma espécie institucionalizada (organizado e permanente) de poder social: possibilidade de alguém (Estado) impor sua vontade sobre os outros e exigir o cumprimento de suas ordens (leis). É preciso ressaltar que o poder político não é exclusivo: permite a existência de outros poderes paralelos (poder econômico, poder social, poder sindical etc.) mas está acima de todos eles. PRINCIPAL CARACTERÍSTICA: capacidade de editar normas jurídicas e de fazê-las cumprir. (CELSO BASTOS, cap. II). 
] 
JUSNATURALISTAS (TOMÁS DE AQUINO): o fundamento de validade do poder constituinte está no direito natural, que é superior hierarquicamente ao poder constituinte, ou seja, ele existe por força do sistema de direito natural; os adeptos reconhecem no Poder Constituinte a natureza extrajurídica, já que o Direito não é só norma.
TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE
Titularidade do Poder Constituinte: Quem é o titular do Poder Constituinte? Para Sieyès, é a nação, mas hoje o titular é o povo. Nação é identidade de língua, cultura e raça. Povo é parte da nação que habita determinado território. Titular do poder constituinte é o POVO, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente nos termos da CF (artigo 1o., CF/88).[footnoteRef:2] [2: Povo é o conjunto de pessoas que têm a mesma nacionalidade, ou seja, ligação jurídica a um determinado Estado (povo é um conceito jurídico). Difere da idéia de população (conceito demográfico), que é a expressão numérica dos habitantes de um Estado (inclui os estrangeiros residentes) e difere da idéia de nação (conceito sociológico, cultural), que é o conjunto de pessoas que têm em comum fatores culturais, étnicos, históricos e/ou lingüísticos. OBS: Povo mas não nação: cidadãos da antiga Iugoslávia. Nação mas não povo: os palestinos (já que a Palestina não é um Estado) e os curdos (pode-se falar em nação curda mas não em povo curdo, já que não há um Estado Curdo).] 
Não é possível reunir o povo no mesmo lugar para decidir sobre as normas constitucionais, por isso, é preciso que o poder seja exercido por meio de representantes, que em nome do povo irão elaborar as normas constitucionais. Assim, os exercentes do poder constituinte são os REPRESENTANTES DO POVO.
Manifestação do Poder Constituinte 
Referendos constitucionais (Democracia direta)
Representantes do povo (Democracia representativa)
A legitimidade da ordem constitucional é o que o Poder Constituinte tenta explicar ou justificar; são espécies de poder constituinte: Poder Constituinte originário e Poder Constituinte Derivado
1.	Originário – poder de criação de constituição federal nova.
2.	Derivado 
2.1	Reformador – reforma também da constituição federal que já existe (objeto - reforma + origem – federal).
2.1.1	Emenda
2.1.2	Revisão
2.2	Decorrente
2.2.1	Institucionalizador – seu objeto é instituição e sua origem é estadual. Está para a constituição estadual como o originário está para a federal. Cria uma nova constituição para o estado.
2.2.2	Reforma Estadual – reforma da constituição do estado. Altera uma constituição do estado que já existe.
PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
Poder Constituinte Originário: Poder que cria uma nova ordem constitucional. É o capaz de fazer nascer uma nova constituição, é o poder que o povo tem de escrever uma nova constituição para conduzir os seus destinos. Tem a natureza jurídica política (pré-jurídico), não é norma é fato social, antecede a formação. A sua manifestação ocorre em um momento de ruptura da sociedade, quando uma nova ordem constitucional precisa ser escrita. Essa ruptura pode ser: 
- revolução[footnoteRef:3], que pressupõe o uso da força, que se legitima pelas injustiças da ordem anterior, é a tomada do poder por quem não está no poder; [3: Há um direito à revolução, quando o povo esteja sendo oprimido pelas instituições jurídico-políticas. ] 
- golpe de Estado, é a tomada de poder por quem já está em exercício de uma parcela de poder; 
- transição constitucional, ocorre quando uma colônia tem a sua independência preparada pelo colonizador, por exemplo: Grã-Betanha fez a CF do Canadá, África do Sul e Austrália, outro exemplo de transição foi o que ocorreu no Brasil, com a ruptura do regime ditatorial para um regime democrático, por um amadurecimento político houve o surgimento de uma nova constituição. 
Há uma corrente que nega que a CF/88 foi resultante de um movimento soberano, porque ela foi convocada por uma emenda constitucional da constituição anterior, assim, alguns afirmam que não foi uma verdadeira constituinte, não existindo um verdadeiro poder constituinte originário. ROBÉRIO: não importa a forma pela qual a assembleia se reuniu, o que interessa é que de fato ela não sofreu limitação pela ordem constitucional anterior, que era totalmente irrelevante para o novo poder constituinte que se formou. 
Outra crítica que pode ser feita à assembleia constituinte é que seria um CONGRESSO CONSTITUINTE e não uma assembleia nacional constituinte. ROBÉRIO: há duas formas/modelo de ser feita uma constituinte: 
- assembleia específica para o fim de constituinte e um 
- congresso que simultaneamente faz o papel da assembleia constituinte; 
Não houve prejuízo porque no momento da eleição dos congressistas, sabia-se que eles seriam eleitos para fazer também uma nova constituição. 
CARACTERÍSTICA DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
À luz da corrente juspositivista, o poder constituinte originário é:
Inicialidade – não existe nem poder de fato e nem direito acima dele; inicia toda a normatividade jurídica. É o fundamento de validade comum. Todas as demais normas têm fundamento de validade no texto constitucional.
Autonomia – não convive com nenhum outro poder que tenha a mesma hierarquia; só o soberano, o titular, pode dizer o seu conteúdo. 
Incondicionalidade – não está sujeito a forma de exteriorização definida, pré-concebida, sendo certo que há formas mais comuns que outras. As formas pelas quais se apresenta são livres. 
Ilimitação – não está sujeito a restrições impostas pelo direito positivo anterior, ou seja, a constituição nova não está sujeita a nenhuma limitação, restrição. Isso não quer dizer que não haja limitação extrajurídica, pois existem limitações sociais, religiosas etc. Pode ter outro tipo de limitação que não seja a jurídica.
Mas, a Constituição – para relativizar ou desconstituir os institutos do ato jurídico perfeito, a coisa julgada e o direito adquirido – deve ser EXPRESSA, não basta a omissão; os dispositivos constitucionais devem ser claros e expressos para desconstituir essas garantias constitucionais. 
O poder constituinte originário dá inicio a uma nova ordem jurídica sendo a constituição o fundamento de validade comum, mas é certo que a nova constituição não “zera” o que até então existia. Algumas normas jurídicas legais ou constitucionais já existiam e vão continuar existindo mesmo com a nova constituição. Sendo assim, qual é o efetivo exercício do poder constituinte originário em relação à constituição anterior bem como em relação às demais leis anteriores a ela?
Acerca da constituição anterior, a nova constituição ab-roga a constituição anterior de maneira completa, ou seja, é uma revogação de toda a constituição antiga. Não há nenhum tipo de exame de compatibilidade. Simplesmente há a ab-rogação ou revogação integral.
Desconstitucionalização – não é teoria adotada no Brasil. Já foi adotada na Áustria e Alemanha. Parte de uma tese de Carl Smith que divide as normas constitucionais em materialmente constitucionais e formalmenteconstitucionais em que as materialmente constitucionais são aquelas que têm matéria de constituição e as formalmente são aquelas que têm forma de constituição. Estas são aquelas previstas no texto constitucional, sendo ou não matéria de constituição. A constituição traz matérias que nada se referem ao direito constitucional, mas por estarem dentro da constituição, são formalmente constitucionais. Ex: art. 242, p. 1º e 2º, fala da localização e nome da escola Pedro II. Se amanhã quiser modificar o nome, por exemplo, tem que ser por emenda. Não é adequado que a constituição diga isso. Aquelas são as que têm matéria própria de constituição, estando no texto da constituição ou não. Se é certo que a constituição traz normas não adequadas a ela, também é certo que fora do texto existem normas que deveriam estar em seu interior. Ex: art. 16, CC- Direito ao nome é um direito fundamental e deveria estar previsto na constituição; o CPC quando trata de citação também é norma materialmente constitucional, pois a citação se refere ao principio do contraditório; o CP, art. 150 que conceitua domicilio que pela constituição é inviolável, ou seja, garantia constitucional; o CPP quando fala da prisão provisória e art. 9º CTN que trata de limitações ao poder de tributar.
Por essa teoria, deve haver distinção de quais normas são apenas formalmente constitucionais ou aquelas que também são materialmente constitucionais. Surgida a constituição nova, as normas que são também materialmente constitucionais são automaticamente revogadas pela nova constituição e as que são apenas formalmente constitucionais continuam em vigor, mas como norma legal, como desconstitucionalizadas. Por exemplo, se o Brasil adotasse essa teoria e surgisse uma constituição nova, o art. 5º estaria todo revogado e o art. 242, p. 1º e 2º permaneceriam em vigor, mas com status de norma legal e, desta forma, podendo ser modificado por lei ordinária. A NOSSA TESE NÃO É ESSA. A NOSSA TESE É A DE AB-ROGAÇÃO, ou seja, TUDO É REVOGADO.
O segundo questionamento nos remete aos poderes instituídos já que fala de leis infraconstitucionais. Aqui devemos falar de recepção que só se aplica nesse caso, NUNCA acerca de normas constitucionais.
 
Para as normas constitucionais utilizamos a palavra revogar; a recepção aplica-se, apenas, para normas infraconstitucionais. Recepção é o ingresso na nova ordem jurídica de normas legais anteriores que com ela compatíveis. Se é compatível recepciona, se não é, não há a recepção. O que se tem que analisar é somente a compatibilidade ou não. Essa compatibilidade falada é a material, apenas. Exige que a matéria da lei anterior seja compatível com a nova constituição. Se for materialmente compatível, está recepcionada. Será recebida com o status que a nova constituição lhe dá, ou seja, com a forma que a nova constituição estabelece. Exemplo clássico é o CP que, apesar de ser decreto, foi recepcionado como lei ordinária, logo só pode ser alterado por lei ordinária. Outro exemplo é o CTN.
Via de regra, as leis só podem ser revogadas por outra de igual forma, por exemplo, lei ordinária só é revogada por lei ordinária, lei complementar só é revogada por lei complementar etc. Entretanto, pode acontecer de uma lei complementar ser revogada por uma lei ordinária, por exemplo, quando acontece o caso acima em que, com a nova ordem jurídica, à lei complementar foi dado status de lei ordinária. Se é recebida, recepcionada como lei ordinária, é óbvio que pode ser revogada por lei ordinária ainda que o “nome” dela seja de lei complementar. O que importa é a forma que foi recebida. ESSA É EXCEÇÃO. Ex: LC 40/81 e art. 60, p. 1º, II, “o”. Lei 8625/93. Refere-se ao MP. A constituição diz que a lei tem que ser ordinária, mas já havia a lei complementar, anterior à constituição, que foi revogada por lei ordinária.
O efeito da não recepção é a revogação, mas cuidado com a nomenclatura. Segundo o STF a revogação é apenas efeito da não recepção em que recepção é o instituto. A não recepção é a causa que gera a revogação. 
Filtragem constitucional: Paulo Ricardo Schier. Recepção significa ingresso. Depois de recebida pode discutir a filtragem que é uma espécie de releitura da norma legal que foi recebida, é um filtro axiológico. É nova interpretação que dá a norma com base nos novos valores que a constituição nova traz. A recepção é antecedente. Só há a filtragem constitucional se houver a recepção. Ex: Concubinato. Muitas delas foram recebidas por serem compatíveis com a constituição, todavia há uma releitura com base no valor novo, de companheiro. Pode ser que a norma anterior tenha o mesmo valor. Nesse caso, não há se falar em filtragem constitucional.
Os tratados internacionais sobre direitos humanos não seriam limitações? Caso haja conflito entre norma constitucional e norma de tratado (direitos humanos), qual será aplicada? Qual é o status da norma de tratado em nosso ordenamento jurídico?
Art. 5ª, LXVII – Haveria prisão civil por dívida alimentícia e depositário infiel. O Pacto São Jose da Costa Rica diz que não há prisão civil do depositário infiel. 
São quatro os status possíveis de tratados sobre direitos humanos, segundo as correntes:
STATUS LEGAL – Carlos Jose Laerte Sampaio – Sustenta que o status de tratados que versem sobre direitos humanos é legal, ou seja, equiparado a lei, não sendo aptos a complementar a constituição, tampouco contrariar o seu texto. 
SATATUS SUPRALEGAL – Gilmar Mendes – Está entre a constituição e as leis. Se é supralegal, é mais que uma lei e menos que uma constituição tornando qualquer lei inaplicável contrária a ele que não seja a constituição, ou seja, não altera a constituição, mas retira a operabilidade das leis inferiores contrárias a ele.
STATUS CONSTITUCIONAL – Flávia Piovezan – Caso haja conflito entre norma constitucional e de tratado, sempre prevalece norma mais benéfica à pessoa humana. Ou seja, se o tratado for mais benéfico, pode alterar a constituição. 
STATUS SUPRACONSTITUCIONAL – Celso Albuquerque Melo – Está acima da constituição. Se a norma do tratado for mais benéfica, ela prevalece sobre a constituição, ainda que se tenha emenda constitucional posterior tentando revogar tratado; se o tratado for mais benéfico, não será revogado por emenda. Mesmo que o tratado anteceda à constituição, se for mais benéfico ele prevalece. 
STF: Recurso Extraordinário 466343. Três correntes manifestadas:
Marco Aurélio – afirmou que não era relevante atribuir status aos tratados. Não era o status que resolveria a questão. Corrente minoritária e isolada.
Celso de Melo – sustentava que o status era constitucional. 4 votos.
Gilmar Mendes – status supralegal, ou seja, torna inaplicável lei em dissonância com o tratado. Apesar de não alterar a constituição, as leis que falem de forma diferente se tornam inaplicáveis. 5 votos.
Hoje, o tratado internacional que verse acerca de direitos humanos e seja mais benéfico, tem status supralegal. Súmula Vinculante 25. Depositário infiel não pode ser preso.
Tudo dito é aplicável aos tratados anteriores EC 45/2004. Os novos tratados obedecem ao disposto no art. 49, I e 84, VIII. Os tratados posteriores devem ser aprovados como emenda constitucional, art. 3º, p. 5º. e são equivalentes a norma constitucional. Assim, os tratados anteriores são supralegais e os posteriores têm status de norma constitucional, isso para evitar a denúncia dos tratados. O status supralegal gera a inaplicabilidade das leis inferiores, também chamado efeito paralisante. Cuidado, pois não há a revogação, mas sim a inaplicabilidade.
Decreto Legislativo 6949/09 – aprovado pelo art. 84, VIII. São tratados que não se referem ao texto constitucional. Alguns diretos humanos são previstos nesse decreto. Duas tendências: daqui para frente, todos os tratados que versem acerca de direitos humanos devem ser aprovados com quórum de emenda constitucional sob pena de não serem incorporados ao texto constitucional. O anexo à constituição contém os decretos legislativos que são os demais tratados.Juridicamente, NÃO há limites, mas, as relações humanas não são ditadas apenas por normas jurídicas, assim, a assembleia nacional constituinte tem limites metajurídicos (sociologia, história, cultura), que estão fora do direito, mas, presentes nas relações sociais estabelecidas e reconhecidas historicamente. JORGE MIRANDA classifica essas limitações (há outras tantas propostas) em:
Ideológicas – baseadas na opinião pública, no pensamento predominante;
Institucionais – ligadas a instituições arraigadas na sociedade, EXEMPLO: a família, a propriedade.
Substanciais – divididas em 03 grupos:
Transcendentes: valores éticos superiores, uma consciência ética coletiva, direitos fundamentais ligados à dignidade do homem, isso está fora do direito positivo.
Imanentes: dizem respeito à história do Estado, EXEMPLO: a revolução acabou de derrubar a monarquia, não pode a nova ordem restabelecê-la. 
Heterônomas: dizem respeito ao direito internacional, nenhum Estado pode mais tentar ser isolado dos problemas do planeta, que por sinal são comuns de todos os Estados.
POSITIVAÇÃO DO PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO
O momento da POSITIVAÇÃO ocorre quando a nova Constituição deixa de ser um PROJETO DE CONSTITUIÇÃO e passa a ser uma nova constituição. A positivação pode ser por: 
OUTORGA (ato de força do poder totalitário), 
PROMULGAÇÃO (último ato da assembleia constituinte) ou 
REFERENDO (aprovação posterior pelo povo).
Outorga e promulgação. Outorga é declaração unilateral de vontade do agente do poder constituinte, o poder constituinte, aqui, tem um só exercente e da vontade dele surge nova constituição. Por isso fala-se que na outorga há a imposição, mas tecnicamente está errado até por que pode haver democracia com constituição outorgada. Ex: Vargas em 37. Promulgação está intimamente ligada a democracia, pois há uma comissão em que há deliberação majoritária de vontades de agentes do poder constituinte. Ex: CF/88. 
Há um terceiro método que voltou agora que é o método “Bonapartista” ou “Cesarista” em que há uma constituição outorgada, mas que passa por consulta popular que seja plebiscito ou referendo para ver se o povo concorda com ela ou não. Plebiscito é diferente de referendo, mas ambos objetivam tornar a outorga legítima, ou seja, a intenção é legitimar a constituição. O plebiscito é anterior e referendo, posterior. No primeiro a consulta ao povo é anterior à norma que só é aprovada diante da concordância do povo, mas se a consulta for posterior, estamos falando de referendo. 
Novo constitucionalismo latino-americano – Venezuela, Equador e Bolívia. Foram três constituições outorgadas e aprovadas por meio de plebiscito. Isso já havia sido abolido, mas está voltando. Atribui democracia ao sistema que outorga constituição aprovada por plebiscito.
No que tange às normas originárias, o STF já decidiu que nunca podem ser inconstitucionais, pois se referem ao poder que dá início a uma nova ordem jurídica sem limites, logo seria incongruente considerar essas normas como inconstitucionais. 
No Brasil não aceitamos a tese de OTTO BACHOF – aceita a declaração de inconstitucionalidade de normas originárias desde que violem supradireito, que é algo semelhante ao nosso direito natural. 
Não existe hierarquia formal entre normas constitucionais originárias até mesmo por que o poder que as institui é o mesmo, é a mesma fonte, mas axiológica existe, tendo em vista que os valores das normas são diferentes. Ex: art. 1º, III é mais importante que o art. 242, p. 2º. A primeira é muito mais importante que a segunda. A ADPF serve justamente para isso, normas hierarquicamente superiores.
Conflitos entre normas constitucionais originárias: a ideia de um todo harmônico é ficção jurídica. Não havendo a possibilidade de nenhuma ser afastada, por ex. art. 61, p. 1º, II, “d” – lei ordinária competência do presidente, lei do MP e art. 128, p. 5º - lei complementar competência do procurador, lei do MP. Há dois tipos de conflitos, na forma da lei e competência. Deve haver a harmonização das normas para dar aplicação às duas. Nesse caso em específico, há as duas leis regulando o MP, LC 75/93 – MPU e Lei ordinária 8625/93 – Nacional do MP, a segunda foi de iniciativa do presidente e a primeira, do procurador.
Se a hipótese for de norma derivada, pode ser declarada inconstitucional em duas hipóteses: norma constitucional federal veiculada por emenda ou revisão que viole limitação ao poder de reforma da constituição (poder reformador). Ex: emenda que autorize pena de morte em qualquer caso. Art. 60, p. 4º, IV - direitos e garantias individuais são cláusulas pétreas. Art. 5º, XLVII, “a”. A segunda hipótese é de norma constitucional estadual que viole norma constitucional federal que é de repetição obrigatória pelo estado (princípio da simetria) – poder decorrente. Atente-se para o fato de que o princípio da simetria é exceção, pois a regra é a autonomia dos entes e, quanto maior a simetria, menos o ente é autônomo. Ao contrário, é salutar que não haja simetria. O que exige a simetria é o equilíbrio federativo: se eu adotar outra norma eu comprometo o equilíbrio federativo? Se a resposta for sim, deve aplicar o princípio da simetria. Assim, a norma assimétrica não é inconstitucional. Ex: legitimidade ativa para ADIN estadual não aplica o princípio da simetria.
PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Para garantia de maior durabilidade de uma CF, é importante que existam possibilidades de sua atualização, para se afastar de uma ruptura. As constituições obedecem ao princípio da IMUTABILIDADE RELATIVA, ou seja, não são eternas, mas, por outro lado, não podem ser modificadas de forma contumaz. Essas modificações não podem ferir o espírito da constituição, só quem pode fazer isso é o poder originário, mediante um processo de ruptura. A constituição tem que poder mudar para servir de instrumento para a sociedade. Essas alterações podem ser:
FORMAIS – há Estados que não diferenciam as emendas da revisão, no Brasil, não há essa nítida distinção, já que a previsão de revisão foi pontual.
Emenda – será uma revisão pontual
Revisão – será uma revisão total
Tratados equivalentes à emenda (EC/45)
INFORMAIS – são as que modificam a CF sem alterar o seu texto; ocorrem por meio de: interpretação evolutiva, jurisprudência, doutrina, aplicação de conceitos jurídicos indeterminados. A isso se dá o nome de MUTAÇÃO. Neste ponto, destaca-se o que parte da doutrina chama de “Poder Constituinte Difuso”.
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL não ofende o texto da lei, a sua literalidade (artigo 5o., XI, CF), na inviolabilidade de domicílio, o conceito de casa, não corresponde a um conceito literal, se no futuro houver o entendimento no sentido de restrição do conceito de casa, não há ofensa à literalidade da constituição.
MUTAÇÃO INCONSTITUCIONAL (artigo 102, § 2o., CF) – alteração do contexto sem alteração do texto que acaba deixando a nova interpretação incompatível com o sistema constitucional.
As mutações informais são fruto de um “PODER CONSTITUINTE DIFUSO” (JELLINEK).
O fundamento de validade para a mutação constitucional está na Teoria dos Poderes Implícitos (poderes necessários para dar cumprimento às suas competências, aos seus objetivos e aos seus deveres). A mutação demonstra um resquício do Poder Constituinte na atuação do judiciário.
Pode ocorrer a mutação pelas seguintes técnicas:
Interpretação: exemplo: posição do STF que se modifica no tempo. Exs: posição sobre inconstitucionalidade da dispositivo da lei de crimes hediondos que vedava a progressão de regime, concessão de liberdade provisória; efeitos do mandado de injunção; exigência de depósito prévio para admissibilidade de recurso administrativo (Súmula Vinculante 21).
Construção Constitucional: não são todos os autores que admitem isso. Trata-se de uma teoria norte-americana, que consiste em conjugar dois preceitos constitucionais para extrair o sentido do preceito. Alguns autores afirmam que isso na verdade é interpretação sistemática.
Prática Constitucional: utilização reiteradado costume de uma determinada sociedade, pode estabelecer o conteúdo do texto constitucional. Exemplo: sociedade conjugal de fato como entidade familiar na ordem constitucional anterior.
Prática Inconstitucional: mesmo que o anterior, mas ofende a constituição, é método ilegítimo e não pode ser reconhecido.
A mutação constitucional pode ocorrer por intermédio do Poder Legislativo, quando ele pretende regulamentar algum preceito constitucional, e depois modificar a lei que tenha anteriormente feito. Por outro lado, o Poder Judiciário também pode ser responsável por mutação, quando determina os limites do alcance da norma constitucional.
CARACTERÍSTICAS DO PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Estão mais relacionadas aos mecanismos formais: 
Derivado: decorre do poder constituinte originário.
Subordinado: hierarquicamente em plano inferior, ou seja, está abaixo do poder constituinte originário. 
Condicionado ou Limitado: só pode ser exercitado nos casos previstos pelo poder constituinte originário, que estabelece regras que determinam a contenção do seu exercício. É o poder para alterar uma ordem constitucional pré-existente; além das limitações metajurídicas terá também limitações jurídicas.
ESPÉCIES DE PODER CONSTITUINTE DERIVADO OU SECUNDÁRIO
Ele pode ser de duas espécies:
Decorrente (Poder de estabelecer uma nova constituição em um segundo nível – estadual). Art. 11, ADCT
Reformador ou de revisão: poder de alterar a própria constituição.
Há quem negue a existência do poder constituinte derivado, somente existindo o poder constituinte originário. A reforma da constituição seria um PODER CONSTITUÍDO (MIN CARLOS AYRES DE BRITO). Não é possível imaginar o poder de constituir o estado sem imaginar o correlato poder de DESCONSTITUIR o estado anterior, ou seja, o PODER DESCONSTITUINTE. Enquanto, é escrito algo novo, a ordem antiga é apagada. Somente quem tem esse poder de desconstituir o estado anterior é o poder constituinte originário. O que classicamente se chama de poder constituinte reformador não tem a força de desconstituir o Estado anterior, assim, muitos doutrinadores defendem que somente é poder constituinte o originário, que tem essa capacidade correlata de desconstituir a ordem posta. 
Há quem diga também que somente é poder constituinte uma única espécie de poder: PODER FUNDACIONAL, qual seja, aquele que faz a primeira constituição do Estado. 
LIMITES DO PODER CONSTITUINTE REFORMADOR 
Na CF/88, os limites do poder constituinte derivado reformador estão fixados no art. 60.
Limite temporal 
Esse limite consiste no estabelecimento de prazo. A Constituição Federal de 1988 não tem. A Constituição Federal de 1824 tinha.
Limite circunstancial 
A Constituição não pode ser alterada em algumas circunstâncias, sob o fundamento legitimador de que o ânimus do legislador estará alterado: estado de defesa; estado de sítio e intervenção federal (§ 1o.). Esse limite é absoluto, mas provisório. A Constituição de São Paulo não fala da intervenção federal como limite circunstancial.A emenda pode ser proposta, mas, se for discutir, há divergência doutrinária; a partir da votação não pode. A emenda pode ser até discutida.
Nas circunstâncias em questão, o país está em uma situação crítica na qual não pode ser modificada a CF, o constituinte confiou nos mecanismos que a CF tem para atravessar esse momento, inclusive a guerra. O constituinte não quer que a CF seja modificada em momento de exceção.
Limite Material 
Por força desse limite, excluem determinada matéria do Poder Constituinte derivado reformador, por ser superior no ordenamento nacional. Os limites materiais podem ser: EXPRESSOS ou IMPLÍCITOS:
Limite expresso
Limitação material expressa. PROPOSTA de emenda tendente a abolir. Pode existir o controle de constitucionalidade contra a emenda constitucional (OTTO BACHOF). No Brasil, se afirma que não se admite a teoria da norma constitucional inconstitucional: ofensa ao direito natural; hierarquia entre as normas constitucionais; (mas, uma das situações, no Brasil, é aceita) emendas constitucionais inconstitucionais, nesse ponto o Brasil, adota a teoria de OTTO.
O limite expresso trata das cláusulas de intangibilidade ou cláusulas pétreas (art. 60, § 4º ). 
 
Não será objeto de DELIBERAÇÃO, ou seja, o processo sequer pode chegar ao final, o vício é anterior à deliberação da emenda, única hipótese de controle de constitucionalidade preventivo e judicial, cabimento de MS impetrado por parlamentar (STF).
O voto obrigatório NÃO é cláusula pétrea, ele existe na CF, mas, pode ser abandonado por emenda, adotando-se voto facultativo.
Quanto aos direitos e garantias individuais há uma discussão sobre qual a interpretação que deve ser utilizada. Assim, dependendo da interpretação, haverá consequências distintas em relação à aplicação da limitação prevista no dispositivo. Se a INTERPRETAÇÃO for:
LITERAL: ficam afastados os direitos sociais, difusos, coletivos; sendo objeto de proteção somente os direitos e garantias puramente individuais. O STF ainda não foi decisivo quanto a isso, mas, já entendeu que existem cláusulas pétreas fora do artigo 5o. 
TELEOLÓGICA OU SISTEMÁTICA: é uma posição mais moderna, por meio da qual, deve-se entender como objeto da proteção do artigo todos os DIREITOS FUNDAMENTAIS. 
A interpretação literal esbarra em uma dificuldade: não há identificação, no texto constitucional, de texto idêntico à expressão utilizada no inciso IV, do § 4o, pois em nenhum lugar fala-se de direitos individuais isoladamente. 
Como a emenda é uma EXCEÇÃO (a regra é não emendar a CF), vai-se ampliar o inciso IV. Isto é, a regra é a manutenção da constituição, a exceção é a emenda, assim, a possibilidade de emenda deve ser restringida, por ser a exceção, assim, a vedação à emenda deve ser ampliada para restringir a emenda; essa é a posição da doutrina majoritária. O inciso IV deve ser interpretado ampliativamente, para restringir a emenda. Deve ser entendido que os DIREITOS FUNDAMENTAIS são cláusulas pétreas, sejam individuais, coletivos, difusos ou sociais.
Há direitos fundamentais que são FORMALMENTE FUNDAMENTAIS, mas, não têm substância de direitos fundamentais, assim, não são cláusulas pétreas, somente os que têm substância de direito fundamental não poderão ser abolidos, sem os quais não há vida humana digna. 
Fazendo interpretação sistemática e teleológica, o STF entendeu que medida provisória pode tratar de matéria penal, desde que seja para beneficiar o réu. (RE 254818/PR, julgado em 08/11/2000)
Art. 60, p. 4º - tendente a abolir. O que é tendente a abolir? São possíveis modificações de pequena monta ou não já que, em tese, não poderia subtrair, mas acrescentar, sim. 
Essas modificações de pequena monta são modificações que alteram a execução do direito sem tocar no núcleo essencial.
1ª corrente – Geraldo Athaiba – não pode haver modificações de pequena monta podendo, apenas, acrescer uma vez que as modificações de pequena monta por si só já são tendentes a causar a abolição. Minoritária.
2ª corrente – Nagib - é possível o acréscimo e a modificação de pequena monta já que isso não é tendencioso a abolir desde que não toque no núcleo do direito.
ADIN 1946 – Em relação às clausulas pétreas, não há intangibilidade total, mas permite-se a flexibilização delas, além dos acréscimos, pode haver modificações de pequena monta que não modifiquem os direitos.
Limite implícito
Redução de cláusula pétrea e a titularidade do Poder Constituinte Originário (não pode existir emenda que restrinja a titularidade do poder constituinte originário); emenda modificando o exercente do poder reformador; limitações metajurídicas; modificação do processo de emendas futuras, facilitando ou dificultando (há quem diga que pode dificultar) os processos de emenda, se permitir que dificulte, o reformador está limitando a si próprio o que não é possível juridicamente. 
Pode haver uma nova revisão constitucional como foi em 1993? Está relacionado com a possibilidade de poder facilitar a revisãoconstitucional; o rol de cláusulas pétreas, o conteúdo é fluido no tempo, a questão é saber se pode ou não modificar o rol, há quem diga que pode aumentar (ROBÉRIO acha que não, mesmo motivo acima), a possibilidade de reduzir traz a discussão de possibilidade de DUPLA REVISÃO. 
JORGE MIRANDA afirma que existem 03 posições: 
Insuperáveis, não podem ser reduzidas
Ilegítimas, há quem diga que não pode existir porque o povo de hoje não pode condicionar o povo do futuro, a geração atual não pode criar amarras para as gerações futuras.
Legítimas, mas, superáveis, pela DUPLA REVISÃO = 1a. emenda para retirar do rol de cláusulas pétreas que está incomodando; 2a. modificar realmente. APROFUNDAR seria falar em plebiscito ou referendo.
Não há posição acertada, no Brasil, a maior parte entende que são INSUPERÁVEIS. 
A República e o Presidencialismo são cláusulas pétreas? Houve a possibilidade de modificação em revisão. Há quem diga que a república é uma cláusula implícita, porque dentro da ideia de forma federativa de Estado, a proteção do voto periódico também, protegeria a república. ROBÉRIO: são limitações implícitas, mas, especiais (artigo 2o., ADCT), o povo decidiu assim não pode haver emenda contra a vontade, mas, pode ser superada por meio de uma outra consulta direta ao povo.
Artigo 127, CF o MP é instituição permanente, pode ser extinto por emenda? Pode ter suas atribuições extintas por emenda? MP é cláusula pétrea ou instituição permanente? HUGO NIGRO MAZZILLI é cláusula pétrea. Forças armadas, polícia federal, rodoviária e ferroviária também são instituições permanentes.
Limite processual ou formal 
Art. 60, I a III quem pode propor a alteração da CF – limitações formais, no inciso I, existe a disposição de que uma EC pode ser proposta por 1/3 dos membros da câmara ou 1/3 dos membros do Senado. Há quem defenda que na verdade são requisitos cumulativos, mas essa tese não deve prevalecer já que, caso assim fosse, estaria disposto congresso nacional.
O STF não se posicionou sobre a possibilidade de iniciativa popular para proposta de emenda, mas, pode-se defender isso, a maioria dos autores não aceita.
GRAUS DE LEGITIMIDADE DAS CONSTITUIÇÕES
A Constituição promulgada é mais legítima que a Constituição que foi outorgada. A constituição será mais legítima, quanto mais atender aos procedimentos da assembleia constituinte. 
O procedimento constituinte é imposto pela própria assembleia constituinte, mas, se na hora de julgar não obedecer a alguns procedimentos, não faz diferença porque a assembleia constituinte não está obrigada por ela própria, seus procedimentos NÃO emanam de uma ordem superior. 
A violação aos procedimentos não é jurídica, assim, a sua autolimitação pode ser revista a qualquer momento. 
EXEMPLO: discussão de que algumas normas da CF não obedeceram ao procedimento previsto, isso não tem relevância já que foi aprovado pela assembleia. 
LEGITIMIDADE é diferente de LEGALIDADE[footnoteRef:4], EXEMPLO: o ato revolucionário é ILEGAL, por sua natureza, mas, NÃO é ilegítimo. Obedecer ao procedimento aproxima a constituição da legitimidade, mas, sozinho, não quer dizer nada. [4: LEGALIDADE E LEGITIMIDADE: (PAULO BONAVIDES, Ciência política)
LEGAL E ILEGÍTIMO: poder conquistado segundo as regras vigentes mas desvirtuado por aquele que o exerce.
ILEGAL E LEGÍTIMO: movimentos revolucionários (rompem com a ordem vigente) que traduzam os anseios populares.] 
A participação do povo legitima a constituição, quanto maior a participação, maior a legitimidade.
Outro critério é o critério do CONSENSUS, será legítima a Constituição que atendeu a posição da maioria. É um critério que também é sedutor, quanto mais atender ao que o povo pensa, mais legítima é. Mas, sozinho não serve, porque por trás da ideia de atender à maioria não pode desrespeitar os direitos da minoria, porque deve ser a constituição de todos e não da maioria.
Outro critério é o do EXERCÍCIO CONFORME OS INTERESSES DO TITULAR, quanto mais o exercente atue no interesse do titular, mais legítima será a constituição. Esse critério sozinho é insuficiente, porque há um pluralismo reinante, que faz parte do jogo democrático.
A constituição pode ser legítima ou não a partir da análise de todos os critérios, nenhum é suficiente sozinho, devem ser conjugados.
A constituição pode começar legítima e depois deixar de ser, quando passe a ser instrumento de exercício de poder da classe dominante. O contrário também pode ocorrer, ou seja, pode uma constituição ser outorgada e com o passar do tempo tornar-se legítima.
FENÔMENO DO DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL.
Obs: A partir do julgamento da ADPF 130 (Lei de Imprensa), julgada em abril de 2009, o STF passou a entender que norma anterior incompatível com a nova ordem constitucional é tida como não-recepcionada, abandonado a nomenclatura outrora empregada (revogação).
Obs: lei anterior não pode ser objeto de ADIN, mas, a ADPF pode ter por objeto lei anterior à CF.
Pode ser protelado para o futuro o momento em que a legislação anterior contrária permaneça vigendo, isso deve ser expresso, EXEMPLO: artigo 25, ADCT. Inclusive com a utilização do termo: REVOGADO.
REPRISTINAÇÃO – pode se aplicar no momento de sucessão de constituições no tempo. Constituição A que admite a pena de morte, a lei B regulamenta a pena de morte. Depois vem a CF C que proíbe a pena de morte, a lei é não recepcionada, depois uma nova CF D, passa a permitir novamente a pena de morte, poderá fazer valer novamente a lei anterior, assim, a repristinação só é válida quando expressa.
Há o fenômeno pelo qual a CF permite que sejam aplicadas normas da CF anterior, EX. art. 27 e 29, ADCT. 
Art. 27 - O Superior Tribunal de Justiça será instalado sob a Presidência do Supremo Tribunal Federal. 
Esse fenômeno não se confunde com a desconstitucionalização. 
REVISÃO CONSTITUCIONAL
A REVISÃO CONSTITUCIONAL estava prevista no artigo 3o, do ADCT. Estava submetida a um LIMITE TEMPORAL – 05 anos depois de promulgada a constituição. LIMITE FORMAL – unicameral por voto de maioria absoluta. Pode haver nova revisão? O limite temporal era absoluto ou relativo? Houve limite material à revisão? As cláusulas pétreas limitavam essa revisão? a revisão estava atrelada ao plebiscito do artigo 2º?
É cabível o controle de constitucionalidade das emendas de revisão constitucional.
TRATADOS INTERNACIONAIS
Atualmente, há nova forma de alteração formal do texto constitucional, nos termos do novo § 3o., do artigo 5o., CF. A correta aplicação do dispositivo dependerá de apreciação do STF. Há divergência:
Alguns defendem a inconstitucionalidade do dispositivo porque teria dificultado a absorção dos tratados de direitos humanos que já poderiam ingressar no ordenamento com menos exigência, a teor do § 2o. O STF não confere status constitucional ao tratado que ingressou na forma do art. 5 º do § 2 º, da CF. .
Há quem diga que havendo maioria simples, os tratados ingressariam como lei ordinária. 
O dispositivo somente cria uma nova possibilidade de emenda constitucional.
Essa recepção sofre limitações circunstanciais? O que significa ser equivalentes às emendas constitucionais?
O STF, em 03.12.08 (RE 466.343-SP e HC 87.585-TO), atribuiu status supralegal para os tratados de direitos humanos não aprovados com o quórum qualificado previsto no art. 5º, § 3º, da CF (tese vencedora do Min. Gilmar Mendes). 
Para Celso de Mello, vencido, ingressariam no ordenamento jurídico brasileiro como norma constitucional (posição da doutrina avalizada pelo Min. Celso de Mello – HC 87.585-TO, seja em relação aos tratados aprovados com quórum qualificado, seja em relação aos tratados de direitos humanos vigentes no Brasil antes da EC 45/2004
PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE
É com base nesse poder que são elaboradas as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas Municipais. Há, na doutrina, quem discorde de que as leis orgânicas são expressão do poder constituinte derivado decorrente[footnoteRef:5]. Esse poder possui as mesmas características do poderreformador. [5: Classificação doutrinária tradicional (e suponho que majoritária) reduz o poder constituinte derivado decorrente ao poder constituinte dos Estados-membros, não incluindo o poder de os municípios elaborarem suas próprias Leis Orgânicas. ] 
Dentre os princípios da constituição, destaca-se o princípio da rigidez constitucional, ou seja, as constituições estaduais não podem ser revogadas por lei, somente cabe por emenda. O mesmo se aplica às Leis Orgânicas.
As normas derivadas do poder decorrente podem ser:
NORMAS PRÓPRIAS – são as imaginadas e discutidas pelo poder decorrente dentro de sua competência.
NORMAS REPETIDAS – há correspondente na constituição. Aqui, há ainda outra divisão:
Normas de repetição obrigatórias: normas centrais federais, de comando obrigatório, que alcançam os estados membros de forma obrigatória. Tais normas limitam a autonomia organizativa dos estados membros. Integram o ordenamento jurídico dos Estados-membros independente de repetição dessas normas na Constituição dos Estados-membros, cabendo ao Poder Constituinte Decorrente apenas complementar a obra do Constituinte Federal.
Normas de repetição facultativas – o legislador estadual ou municipal pode repetir ou não, mas, se repetir deve obedecer à simetria. EXEMPLO: estabelecimento de medida provisória.
A distinção entre norma de repetição obrigatória e facultativa desperta interesse em sede de controle de constitucionalidade de leis estaduais, pois se a norma impugnada em sede de ADI Estadual for de repetição obrigatória há a possibilidade de interposição de recurso extraordinário para o STF, visualizando-se, assim, uma espécie de transformação de controle abstrato para concreto.
STF: O perfil da federação brasileira, redefinido pela constituição de 1988, embora aclamado por atribuir maior grau de autonomia dos Estados-membros, é visto com reserva por alguns doutrinadores, que consideram persistir no Brasil um federalismo ainda afetado por excessiva centralização espacial do poder em torno da União Federal. Se é certo que a nova carta política contempla um elenco menos abrangente de princípios constitucionais sensíveis, a denotar, com isso, a expansão de poderes jurídicos na esfera das coletividades autônomas locais, o mesmo não se pode afirmar quanto aos princípios federais extensíveis e aos princípios constitucionais estabelecidos, os quais, embora disseminados pelo texto constitucional, posto que não é tópica a sua localização, configuram acervo expressivo de limitações dessa autonomia local, cuja identificação –até mesmo pelos efeitos restritivos que deles decorrem –impõe-se realizar. 
Normas de repetição obrigatória pelos estados quando da elaboração de sua constituição estadual (princípio da simetria):
Princípios sensíveis: são aqueles que autorizam a intervenção federal: art. 34, VII, CF - forma republicana, sistema representativo e regime democrático; direitos da pessoa humana; autonomia municipal; prestação de contas da administração pública, direta e indireta; aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Princípios estabelecidos: são princípios relacionados a própria organização dos entes federados. Subdividem-se em mandatórios ou vedatórios. São mandamentos direcionados ao estado como, por exemplo, quando a CF dispõe sobre o poder executivo estadual.
Princípios extensíveis: correspondem ao conjunto de matérias que a Suprema Corte 
entende que deva ser utilizado no âmbito estadual, copiando-se o modelo federal, por 
simetria.
Seleção de Jurisprudência:
Ao Poder Legislativo Federal ou Estadual, não está aberta a possibilidade de nova revisão constitucional, como disposto no ADCT. (ADI 1722 MC/TO).
Viola a separação dos poderes a norma de Constituição que proíbe a realização de prova oral nos concurso públicos em geral, notadamente na magistratura e MP. (ADI 1080 MC/PR, Julgamento: 29/06/1994) Autonomia do Estado membro, impossibilidade de EMENDA proibir a prova oral, separação de poderes.
Na ADI 425/TO (2002) o STF assentou que os Estados-membros podem editar medidas provisórias em face do princípio da simetria, obedecidas as regras básicas do processo legislativo no âmbito da União (CF, artigo 62). 2. Constitui forma de restrição não prevista no vigente sistema constitucional pátrio (CF, § 1º do artigo 25) qualquer limitação imposta às unidades federadas para a edição de medidas provisórias. Legitimidade e facultatividade de sua adoção pelos Estados-membros, a exemplo da União Federal.
Educação, Cultura e Desporto. Ciência e Tecnologia. Comunicação Social. (PEDRO LENZA, PAGS. 1172/1196)
	***EDUCAÇÃO***
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao a) pleno desenvolvimento da pessoa, seu b) preparo para o exercício da cidadania e sua c) qualificação para o trabalho.
	
A educação é um direito fundamental SOCIAL. É Dever do Estado e da família. A educação, como processo de reconstrução da experiência, é um atributo da pessoa humana, e por isso tem que ser comum a todos. 
Educação e ensino são institutos distintos. A educação está relacionada a todos os processos de formação intelectual do ser humano. O ensino faz parte do processo de educação, entretanto, o ensino é mais restrito do que a educação.
Não basta que o homem seja objetivamente livre, deve ser também subjetivamente livre, isso somente se obtém por meio da educação. Também é por meio dessa liberdade que o ser humano pode ser sujeito participativo dos processos políticos. Também é por meio da educação que se pode garantir postos de trabalho.
Segundo Gilmar Mendes, constituem princípios informadores da educação a universalidade, igualdade, pluralismo (tem um sentido muito mais amplo do que apenas o pluralismo político, mas também de linhas de pensamento ou de transmissão do conhecimento, culturas, modo de pensar, etc. Se a sociedade é plural, então a Constituição deve ser pluralista), gratuidade do ensino público, gestão democrática da escola e padrão de qualidade. 
Os referidos princípios são verdadeiras condições de possibilidade para consecução dos objetivos da educação, definidos pelo art. 205 da CF (visa ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho). São princípios que devem ser analisados em conjunto, pois compõem a Constituição Cultural, cujas normas incorporam e resguardam a nossa individualidade histórica.
Recomenda-se a leitura do art. 205 a 214 da CF.
“A educação é um direito fundamental e indisponível dos indivíduos. É dever do Estado propiciar meios que viabilizem o seu exercício. Dever a ele imposto pelo preceito veiculado pelo artigo 205 da Constituição do Brasil. A omissão da administração importa afronta à Constituição.” (RE 594.018-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 23-6-2009, Segunda Turma, DJE de 7-8-2009.)
	Universidades:
"As universidades públicas são dotadas de autonomia suficiente para gerir seu pessoal, bem como o próprio patrimônio financeiro. O exercício desta autonomia não pode, contudo, sobrepor-se ao quanto dispõem a Constituição e as leis (art. 207, da CB/1988). As universidades públicas federais, entidades da administração indireta, são constituídas sob a forma de autarquias ou fundações públicas. Seus atos, além de sofrerem a fiscalização do TCU, submetem-se ao controle interno exercido pelo Ministério da Educação. Embora as universidades públicas federais não se encontrem subordinadas ao MEC, determinada relação jurídica as vincula ao Ministério, o que enseja o controle interno de alguns de seus atos (arts. 19 e 25, I, do DL 200/1967). Os órgãos da administração pública não podem determinar a suspensão do pagamento de vantagem incorporada aos vencimentos de servidores quando protegido pelos efeitos da coisa julgada, ainda que contrária à jurisprudência.(...) Não há ilegalidade nem violação da autonomia financeira e administrativa, garantida pelo art. 207 da Constituição, no ato do Ministro da Educação que, em observância aos preceitos legais, determina o reexame de decisão, de determinada universidade, que concedeu extensão administrativa de decisão judicial (arts. 1º e 2º do Decreto 73.529/1974, vigente à época)." (RMS 22.047-AgR, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 21-2-2006, Primeira Turma, DJ de 31-3-2006.)
DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO À EDUCAÇÃO INFANTIL	
“A jurisprudência do STF firmou-se no sentido da existência de direito subjetivo público de crianças até cinco anos (mudou para seis) de idade ao atendimento em creches e pré-escolas. (...) também consolidou o entendimento de que é possível a intervenção do Poder Judiciário visando à efetivação daquele direito constitucional.” (RE 554.075-AgR, 
"A educação infantil representa prerrogativa constitucional indisponível, que, deferida às crianças, a estas assegura, para efeito de seu desenvolvimento integral, e como primeira etapa do processo de educação básica, o atendimento em creche e o acesso à pré-escola (CF, art. 208, IV). Essa prerrogativa jurídica, em consequência, impõe, ao Estado, por efeito da alta significação social de que se reveste a educação infantil, a obrigação constitucional de criar condições objetivas que possibilitem, de maneira concreta, em favor das ‘crianças de zero a seis anos de idade’ (CF, art. 208, IV), o efetivo acesso e atendimento em creches e unidades de pré-escola, sob pena de configurar-se inaceitável omissão governamental, apta a frustrar, injustamente, por inércia, o integral adimplemento, pelo poder público, de prestação estatal que lhe impôs o próprio texto da CF. A educação infantil, por qualificar-se como direito fundamental de toda criança, não se expõe, em seu processo de concretização, a avaliações meramente discricionárias da administração pública, nem se subordina a razões de puro pragmatismo governamental."
EDUCAÇÃO COMO SERVIÇO PÚBLICO MESMO QUANDO PRESTADO PELA INICIATIVA PRIVADA	
Os serviços de educação, seja os prestados pelo Estado, seja os prestados por particulares, configuram serviço público não privativo, podendo ser prestados pelo setor privado independentemente de concessão, permissão ou autorização. Tratando-se de serviço público, incumbe às entidades educacionais particulares, na sua prestação, rigorosamente acatar as normas gerais de educação nacional e as dispostas pelo Estado-membro, no exercício de competência legislativa suplementar (§ 2º do art. 24 da Constituição do Brasil)." (ADI 1.266, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 6-4-2005, Plenário, DJ de 23-9-2005.)
MÍNIMO DE RECURSOS A SEREM APLICADOS
União – 18%
Estados e Municípios – 25%
***CULTURA*** 
	
O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais, devendo proteger as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional, bem como fixar as datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.
A própria CF já define o conteúdo do patrimônio cultural brasileiro como os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira; estabelece a obrigatoriedade do poder público, com a colaboração da comunidade, de promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:
	I - as formas de expressão;
	II - os modos de criar, fazer e viver;
	III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
	IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
	V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.
	§ 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.
	§ 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.
	§ 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.
	§ 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos, na forma da lei.
	§ 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas dos antigos quilombos.
	§ 6 º É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a fundo estadual de fomento à cultura até cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, para o financiamento de programas e projetos culturais, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
	I - despesas com pessoal e encargos sociais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
	II - serviço da dívida; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
	III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003)
***DO DESPORTO***
Compreende, de forma ampla, todas as formas de recreação e divertimento, inclusive esportes.
Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados:
	I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento;
	II - a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específicos, para a do desporto de alto rendimento;
	III - o tratamento diferenciado para o desporto profissional e o não- profissional;
	IV - a proteção e o incentivo às manifestações desportivas de criação nacional.
	§ 1º - O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
	§ 2º - A justiça desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do processo, para proferir decisão final.
	§ 3º - O Poder Público incentivará o lazer, como forma de promoção social.
***DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA***
Compete, constitucionalmente, ao Estado promover e incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas (art. 218), sendo, inclusive, facultado aos Estados e ao DF vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
CIÊNCIA: conhecimento sistematizador.
TECNOLOGIA: é a etapa revolucionária da evolução da técnica. É o lado prático e produtivo do saber científico. A ciência descobre. A tecnologia usa essa descoberta e lhe acrescenta os processos de aferição de sua validade pela produção de resultados concretos. 
A pesquisa científica básica receberá tratamento igualitário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências. A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
Art. 218. O Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas.
	§ 1º - A pesquisa científica básica receberá tratamento prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e o progresso das ciências.
	§2º - A pesquisa tecnológica voltar-se-á preponderantemente para a solução dos problemas brasileiros e para o desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional.
	§ 3º - O Estado apoiará a formação de recursos humanos nas áreas de ciência, pesquisa e tecnologia, e concederá aos que delas se ocupem meios e condições especiais de trabalho.
	§ 4º - A lei apoiará e estimulará as empresas que invistam em pesquisa, criação de tecnologia adequada ao País, formação e aperfeiçoamento de seus recursos humanos e que pratiquem sistemas de remuneração que assegurem ao empregado, desvinculada do salário, participação nos ganhos econômicos resultantes da produtividade de seu trabalho.
	§ 5º - É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular parcela de sua receita orçamentária a entidades públicas de fomento ao ensino e à pesquisa científica e tecnológica.
	Art. 219. O mercado interno integra o patrimônio nacional e será incentivado de modo a viabilizar o desenvolvimento cultural e sócio-econômico, o bem-estar da população e a autonomia tecnológica do País, nos termos de lei federal.
****DA COMUNICAÇÃO SOCIAL***
A garantia constitucional de liberdade de comunicação social, prevista no art. 220, é complemento da norma prevista no art. 5º, IX, que consagra a liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. 
Conceito de comunicação social: é o ramo da comunicação que tem como cujo objeto os meios de comunicação de massa (também chamados de Mídia) principalmente o Jornalismo e a Comunicação Organizacional (Publicidade, Propaganda, Relações Públicas, Comunicação de Marketing) de empresas e de organizações governamentais ou não-governamentais. É A COMUNICAÇÃO DESTINADA AO PÚBLICO EM GERAL. 
A publicação em veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade (art. 220, §6º). Por outro lado, os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagem serão explorados diretamente pela União ou mediante autorização, concessão ou permissão (art. 21, XII, a, e 223, CF).
A comunicação social também é orientada por uma série de princípios, dentre os quais destacamos: a) inexistência de restrição: a manifestação de pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto na CF. Isto significa que as restrições e limites só poderão ser aqueles previstos na CF. b) plena liberdade de informação jornalística: nenhuma lei conterá dispositivo que possa embaraçar a plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, IX, X, XIII e XIV, CF. Lembrar aqui que, em 17.06.2009, o STF derrubou a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista, entretanto, tramita no congresso um projeto de Lei prevendo a necessidade do diploma para o exercício da profissão.
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.
§ 1º - Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.
§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.
§ 3º - Compete à lei federal:
I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
§ 4º - A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.
§ 5º - Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.
§ 6º - A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.
Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.
Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)
§ 1º Em qualquer caso, pelo menos setenta por cento do capital total e do capital votante das empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens deverá pertencer, direta ou indiretamente, a brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, que exercerão obrigatoriamente a gestão das atividades e estabelecerão o conteúdo da programação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)
§ 2º A responsabilidade editorial e as atividades de seleção e direção da programação veiculada são privativas de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, em qualquer meio de comunicação social. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)
§ 3º Os meios de comunicação social eletrônica, independentemente da tecnologia utilizada para a prestação do serviço, deverão observar os princípios enunciados no art. 221, na forma de lei específica, que também garantirá a prioridade de profissionais brasileiros na execução de produções nacionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)
§ 4º Lei disciplinará a participação de capital estrangeiro nas empresas de que trata o § 1º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)
§ 5º As alterações de controle societário das empresas de que trata o § 1º serão comunicadas ao Congresso Nacional. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 36, de 2002)
Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.
§ 1º - O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da mensagem.
§ 2º - A não renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.
§ 3º - O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional, na forma dos parágrafos anteriores.
§ 4º - O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.
§ 5º - O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e de quinze para as de televisão.
Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, comoseu órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.
"O jornalismo é uma profissão diferenciada por sua estreita vinculação ao pleno exercício das liberdades de expressão e de informação. O jornalismo é a própria manifestação e difusão do pensamento e da informação de forma contínua, profissional e remunerada. Os jornalistas são aquelas pessoas que se dedicam profissionalmente ao exercício pleno da liberdade de expressão. O jornalismo e a liberdade de expressão, portanto, sãoatividades que estão imbricadas por sua própria natureza e não podem ser pensadas e tratadas de forma separada. Isso implica, logicamente, que a interpretação do art. 5º, XIII, da Constituição, na hipótese da profissão de jornalista, se faça, impreterivelmente, em conjunto com os preceitos do art. 5º, IV, IX, XIV, e do art. 220 da Constituição, que asseguram as liberdades de expressão, de informação e de comunicação em geral. (...) No campo da profissão de jornalista, não há espaço para a regulação estatal quanto às qualificações profissionais. O art. 5º, IV, IX, XIV, e o art. 220 não autorizam o controle, por parte do Estado, quanto ao acesso e exercício da profissão de jornalista. Qualquer tipo de controle desse tipo, que interfira na liberdade profissional no momento do próprio acesso à atividade jornalística, configura, ao fim e ao cabo, controle prévio que, em verdade, caracteriza censura prévia das liberdades de expressão e de informação, expressamente vedada pelo art. 5º, IX, da Constituição. A impossibilidade do estabelecimento de controles estatais sobre a profissão jornalística leva à conclusão de que não pode o Estado criar uma ordem ou um conselho profissional (autarquia) para a fiscalização desse tipo de profissão. O exercício do poder de polícia do Estado é vedado nesse campo em que imperam as liberdades de expressão e de informação. Jurisprudência do STF: Representação 930, Rel. p/ o ac. Min. Rodrigues Alckmin, DJ de 2-9-1977." (RE 511.961, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 17-6-2009, Plenário, DJE de 13-11-2009.)
"A Constituição reservou à imprensa todo um bloco normativo, com o apropriado nome ‘Da Comunicação Social’ (capítulo V do título VIII). A imprensa como plexo ou conjunto de ‘atividades’ ganha a dimensão de instituição-ideia, de modo a poder influenciar cada pessoa de per se e até mesmo formar o que se convencionou chamar de opinião pública. Pelo que ela, Constituição, destinou à imprensa o direito de controlar e revelar as coisas respeitantes à vida do Estado e da própria sociedade. A imprensa como alternativa à explicação ou versão estatal de tudo que possa repercutir no seio da sociedade e como garantido espaço de irrupção do pensamento crítico em qualquer situação ou contingência. Entendendo-se por pensamento crítico o que, plenamente comprometido com a verdade ou essência das coisas, se dota de potencial emancipatório de mentes e espíritos. O corpo normativo da Constituição brasileira sinonimiza liberdade de informação jornalística e liberdade de imprensa, rechaçante de qualquer censura prévia a um direito que é signo e penhor da mais encarecida dignidade da pessoa humana, assim como do mais evoluído estado de civilização. (...) O art. 220 da Constituição radicaliza e alarga o regime de plena liberdade de atuação da imprensa, porquanto fala: a) que os mencionados direitos de personalidade (liberdade de pensamento, criação, expressão e informação) estão a salvo de qualquer restrição em seu exercício, seja qual for o suporte físico ou tecnológico de sua veiculação; b) que tal exercício não se sujeita a outras disposições que não sejam as figurantes dela própria, Constituição. A liberdade de informação jornalística é versada pela CF como expressão sinônima de liberdade de imprensa. Os direitos que dão conteúdo à liberdade de imprensa são bens de personalidade que se qualificam como sobredireitos. Daí que, no limite, as relações de imprensa e as relações de intimidade, vida privada, imagem e honra são de mútua excludência, no sentido de que as primeiras se antecipam, no tempo, às segundas; ou seja, antes de tudo prevalecem as relações de imprensa como superiores bens jurídicos e natural forma de controle social sobre o poder do Estado, sobrevindo as demais relações como eventual responsabilização ou consequência do pleno gozo das primeiras. A expressão constitucional ‘observado o disposto nesta Constituição’ (parte final do art. 220) traduz a incidência dos dispositivos tutelares de outros bens de personalidade, é certo, mas como consequência ou responsabilização pelo desfrute da ‘plena liberdade de informação jornalística’ (§ 1º do mesmo art. 220 da CF). Não há liberdade de imprensa pela metade ou sob as tenazes da censura prévia, inclusive a procedente do Poder Judiciário, pena de se resvalar para o espaço inconstitucional da prestidigitação jurídica. Silenciando a Constituição quanto ao regime da internet (rede mundial de computadores), não há como se lhe recusar a qualificação de território virtual livremente veiculador de ideias e opiniões, debates, notícias e tudo o mais que signifique plenitude de comunicação." (ADPF 130, Rel. Min. Ayres Britto, julgamento em 30-4-2009, Plenário, DJE de 6-11-2009.) 
TRIBUTÁRIO - Princípios Constitucionais Tributários. Indébito Tributário. Contribuinte de Direito e de Fato. Repetição. Compensação. Consignação do Crédito Tributário. 
	
***PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO***
	São estes, entre outros: legalidade, anterioridade tributária, irretroatividade tributária, isonomia tributária, liberdade ao tráfego de pessoas e bens, proibição do confisco etc.
	PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
	É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
	I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;
	MATÉRIAS SUBMETIDAS À RESERVA LEGAL	
	Para o STF, incluem-se as matérias do art. 97 do CTN (rol taxativo): instituição ou extinção de tributos, majoração ou redução, fato gerador, alíquota, base de cálculo, penalidade, exclusão, suspensão ou extinção de créditos tributários e dispensa ou redução de penalidades.
	Dispensam lei:
	a – atualização monetária de base de cálculo
	b – obrigação acessória (mas penalidade por descumprimento de obrigação acessória exige lei);
	c – prazo de vencimento dos tributos.
EXCEÇÕES:
- art. 153, p.1º, CF.
As exceções dizem respeito ao IPI, II, IE e IOF, quatro impostos federais. Eles têm o que a gente chama de finalidade extrafiscal, ou seja, a finalidade não é meramente de arrecadar, esses quatro impostos são utilizados pela União para intervir na economia, então é preciso que a União tenha uma maleabilidade para poder atender a essa finalidade. Há um tempo a União reduziu a alíquota do IPI em relação aos produtos brancos para estimular a compra daqueles bens, ou seja, intervém na economia mexendo nesses impostos. Por isso eles são exceções a legalidade. Só que a exceção não é uma exceção genérica, pois o que é facultado é alterar as alíquotas, ou seja, só a alteração de alíquotas foge ao princípio da legalidade e somente elas podem ser alteradas por decreto. 
- Art. 177, p. 4º, I, b. CIDE combustíveis ou do petróleo. A exceção também é de alíquota. É diferente da primeira exceção, pois aqui fala em reduzir e restabelecer. A lei que vai instituir a CIDE fixa uma alíquota de 4%. O presidente resolve reduzir a alíquota para 2%. Aqui ele pode usar decreto. Em um determinado momento ele quer voltar para 4%, usa decreto. Ou seja, restabelecer é retornar a alíquota originária.
- Art. 155, p. 4º, IV, c. ICMS. Exceção específica pois, trata do ICMS monofásico e só se aplica aos combustíveis, foi introduzida por emenda. ICMS monofásico é aquele que só vai incidir uma vez na cadeia, então a lei escolhe, por exemplo, o industrial, somente ele recolhe por toda a cadeia. O ICMS normalmente é plurifásico, o monofásico é exceção. A lei escolhe qual é a fase que se sujeita a ele. Reduzir e restabelecer. Mas existe uma diferença, no caso da CIDE é por decreto, no caso do ICMS, a redução e restabelecimento é feito por convênio. 
Esse princípio da legalidade foi regulamentado pelo art. 97, CTN. Esse artigo traz algumas regras acerca do princípio da legalidade. 
Parágrafo 1º - pode majorar qualquer tributo de duas maneiras: mexendo na alíquota, mas também pode majorar o tributo tornando mais onerosa a base de cálculo. Essa base de cálculo é uma grandeza sobre a qual vai incidir a alíquota. Precisa de lei para aumentar a alíquota, bem como para majorar a base de cálculo. Todas as exceções constitucionais

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