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Unidade 3 Mercado de capitais, análise e risco de crédito Rosilda do Rocio do Vale Mercado Financeiro e de Capitais Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autora ROSILDA DO ROCIO DO VALE Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS Rosilda do Rocio do Vale Olá. Meu nome é Rosilda do Rocio do Vale. Sou mestre em Administração com ênfase em finanças pela PUCPR, especialista em finanças corporativas e gestão organizacional e graduada em administração. Possuo experiência na área financeira, adquiridas ao longo dos anos realizando operações financeiras em empresa de comércio exterior. Faz sete anos que atuo no ensino superior, em disciplinas nas áreas de finanças e comércio exterior. Sou apaixonada pelo que faço. É muito gratificante poder transmitir meu conhecimento e minha experiência com quem está buscando aprendizado para atingir os seus objetivos pessoais e/ou profissionais. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Seja bem vindo e conte comigo! A AUTORA Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: ICONOGRÁFICOS INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova com- petência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Risco na atividade bancária .................................................................. 11 Atividade bancária .......................................................................................................................11 Tipos de risco ................................................................................................................................12 Risco de variação das taxas de juros .............................................................................15 Risco de crédito .........................................................................................................18 Risco de mercado .....................................................................................................18 Risco operacional ......................................................................................................19 Risco de câmbio ........................................................................................................22 Risco soberano ...........................................................................................................22 Risco de liquidez .......................................................................................................23 Risco de legal .............................................................................................................24 Análise de crédito e sua função ......................................................... 26 Análise de crédito .......................................................................................................................26 Empresas que atribuem risco “rating” ........................................................31 Acordo de Basiléia .......................................................................................................................32 Acordo de Basiléia II ...............................................................................................33 Acordo de Basiléia III .................................................................................................................34 Basiléia III e os bancos brasileiros ................................................................35 Conhecendo o risco ...................................................................................................................36 Value at Risk..................................................................................................................36 Stress Testing ...............................................................................................................37 Mercado de capitais ................................................................................. 39 Bolsa de valores ............................................................................................................................39 Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa .............................................40 Bolsa de Mercadorias & futuros (BM&F) ..................................................41 Surgimento da BM&FBovespa ........................................................................43 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão .....................................................................................43 Negociações .................................................................................................................44 Mercado de ações ....................................................................................................45 Mercado de opções ................................................................................................46 Mercado futuro ...........................................................................................................50 Projeção de preço e de risco ................................................................ 53 Projeção de preço e risco (volatilidade) de ativos ...............................................53 Propriedades das opções ......................................................................................................54 Modelo Black & Scholes ......................................................................................56 Modelo Binominal .....................................................................................................57 Precificação de uma opção de venda ..........................................................................59 Volatilidade ....................................................................................................................60 Gregos ..................................................................................................................................................60 Mercado Financeiro e de Capitais8 UNIDADE 03 MERCADO DE CAPITAIS, ANÁLISE E RISCO DE CRÉDITO Mercado Financeiro e de Capitais 9 Você sabia que o mercado de capitais, análise de crédito a gestão do risco, são muito importante para o sucesso das empresas. Visto que em toda operação o risco está presente, e se faz necessário fazer a gestão do risco, seja por meio da análise de crédito, da projeção do preço e do risco, entre outras. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai ver quais são os riscos que estão presentes na atividade bancária, como fazer a análise de crédito, bem como sua importância, entender os conceitos básicos sobre o mercado de capitais. Você vai mergulhar neste universo! Vamos lá. INTRODUÇÃO Mercado Financeiro e de Capitais10 Olá.Seja muito bem-vindo à Unidade 3- Mercado de capitais, análise e risco de crédito.. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Entender os conceitos do mercado de capitais; 2. Conhecer quais são os riscos no sistema bancário; 3. Compreender o funcionamento a análise de crédito; 4. Compreender o funcionamento do mercado cambial. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Mercado Financeiro e de Capitais 11 Risco na atividade bancária INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender quais são riscos que podem afetar as instituições financeiras, em especial as atividades bancárias. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois em todas as atividades estamos expostos a riscos e é necessários conhecer quais são eles. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Atividade bancária De acordo com Oliveira et.al. (2018) o sistema financeiro sob o ponto de vista simplificado, consiste na intermediação financeira, ou seja, captação de recursos dos agentes econômicos superavitários e concessão de crédito aos agentes econômicos deficitários. Caro estudante, você está lembrando o que é intermediação financeira? Já abordamos este tema nas unidades 1 e 2. Lembrou? Quem são os agentes superavitários, deficitários e intermediários. Muito bem, então vamos seguir. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) na atividade bancária a confiança em relação a suas operações é fundamental, pois sem ela nenhum banco por maior que seja consegue sobreviver. Silva (2003) diz que administrar dinheiro envolve técnicas e responsabilidades próprias da atividade, pois o dinheiro é muito sensível em seu gerenciamento. Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que a probabilidade de ocorrer a insolvência, isto é, o não cumprimento do que foi acertado em termos de prazos, taxas, etc. tem sido uma preocupação crescente dos que tem sob sua responsabilidade administrar grandes quantias de recursos de terceiros. Essa preocupação deve-se pela evolução dos meios de transmissão de dados, a liberação de mercados e a questões Mercado Financeiro e de Capitais12 econômicas, o que fizeram com que as incertezas aumentassem nas operações financeiras, e com isso aumentou o risco do sistema financeiro. Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que o risco é inerente a atividade humana. Porém, de acordo com Assaf Neto (2014) é essencial que sejam adotadas medidas para minimizar o risco, de maneira a permitir que a organização atinja os objetivos estabelecidos, pois uma eficiente gestão de risco é essencial para a competitividade dos bancos e estabelecimento de suas estratégias de atuação. De acordo com Assaf Neto (2014) os riscos financeiros de um banco podem se originar de suas diversas atividades operacionais, tais como créditos concedidos, captações, variações de juros de mercado, falhas inerentes ao controle, entre outras. Prezado estudante, a figura 1 é meramente ilustrativa e o objetivo dela é mostrar que em todas as operações ocorrem risco. Figura 1 - Risco em operações bancárias Fonte:Pixabay Tipos de risco Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que de acordo com a literatura financeira tradicional, há dois tipos básicos de risco, o risco não sistemático, o qual está relacionado ao próprio desempenho do investimento, o qual também é chamado de risco “diversificável”, devido à possibilidade de sua Mercado Financeiro e de Capitais 13 Figura 2 - Risco não sistemático “diversificável” Fonte: Pixabay diluição em uma carteira, ou seja, junto com outros investimentos ou risco do “negócio”. Caro estudante a figura 2 é meramente ilustrativa e tem como objetivo fazer com que você possa melhor entender o que é uma carteira de investimentos, podemos comparar a esta cesta a qual apresenta vários produtos. Com vários produtos o risco de que todos passem do ponto de consumo ao mesmo tempo é menor e, portanto, se você tiver que jogar fora um ou outro produto você perderá menos, que se fosse um único produto e tivesse que jogar todo ele fora. Da mesma forma quando se tem uma carteira de investimento com diversos títulos, se um ou outro apresentar queda no mercado, você perderá menos, que se tivesse apenas um título o qual tivesse apresentado queda. E o outro é o risco sistemático, o qual também é chamado de risco “não diversificável”, risco de “mercado” e risco “comum”, este é um risco Mercado Financeiro e de Capitais14 relacionado às condições macroeconômicas e estão fora do controle de um investidor individual, e afeta todos os segmentos econômicos. De acordo com Assaf Neto (2014) os principais riscos financeiros atualmente enfrentados pelos bancos em suas atividades de intermediação financeira são: risco da variação das taxas de juros; risco de crédito; risco de mercado; risco operacional; risco de câmbio; risco soberano; risco de liquidez e, risco legal. Assaf Neto (2014) diz que muitas vezes não é possível eliminar totalmente o risco, porém é importante que a instituição financeira planeje uma boa administração de seus riscos, avaliando o potencial de perda possível associada a um evento como, por exemplo, a (alteração de preços ou de taxas de mercado) e sua respectiva probabilidade de ocorrência. As perdas de uma instituição se potencializam quando certos eventos ocorrem ao mesmo tempo e de forma conflitante. EXEMPLO: Se uma instituição financeira atua em mais de um mercado ao mesmo tempo e o comportamento de ambos é contrário à sua posição assumida, isso determina perdas mais relevantes aos resultados do banco. Assaf Neto (2014) diz que ambientes econômicos de altas taxas de juros, associadas a baixa taxa de crescimento da economia, costumam também contribuir para a elevação do risco do crédito. Caro estudante, você deve ter ouvido na TV que a taxa de juros para aquisição de imóveis residências vem caindo. Você sabe por que? Que tal pensar que a economia está reagindo e a oferta de emprego está aumentando! Agora é contigo... Silva (2003) diz que um banco é uma instituição que vive de avaliar e assumir riscos, e tem forte responsabilidade perante a comunidade, seus empregados, o governo e seus acionistas. A seguir veremos os principais riscos da atividade bancária. Mercado Financeiro e de Capitais 15 Risco de variação das taxas de juros Oliveira et. al (2018) diz que o risco da taxa de juros leva em conta que em praticamente todos os países do mundo as taxas de juros básicas das economias são determinadas pelos bancos centrais. De acordo com Silva (2003) os bancos como as demais empresas, estão sujeitas ao impacto das mudanças na economia e na política de um modo geral. Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que a taxa de juros varia ao longo do tempo e, que apesar de corriqueiro, muitas vezes erroneamente este fato não é levado em conta pela maioria das pessoas, mesmo aquelas que possuem algum conhecimento de matemática financeira. Pois, a variabilidade ou volatilidade das taxas de juros afeta diretamente o cálculo de risco dos investimentos financeiros ou não. Portanto, a instituição financeira deve sempre monitorar se suas aplicações e obrigações estão dentro dos parâmetros das taxas de juros praticadas pelo mercado. Esse monitoramento é importante porque possibilita maximizar ou minimizar ganhos e perdas nas operações realizadas. EXEMPLO: Vamos considerar que uma instituição aplicou em um título de um ano com valor de $1.000,00, e a taxa interna de retorno desse título seja de 10%. Imagine que no momento o mercado avaliou esse título a uma taxa de juros de 11%, diante disso, tem-se uma mudança no preço (valor presente) do título. Sendo: VP11% = Principal + Juros / (1 + i) = $1.000,00 + $100,00 / (1 + 0,11) = $990,99. Pode-se observarque ocorreu uma perda de $9,01, pois ($1.000,00 - $990,99 = $9,01). Portanto, a instituição tem um título em sua carteira que custou $1.000,00, mas que no momento, somente poderia ser vendido no mercado por $990,99). Silva (2003) diz que quando um banco concede um empréstimo a um cliente, está cobrando uma taxa de juros, a qual deve ser suficiente para cobrir o custo de captação dos fundos, pagar suas despesas operacionais e ainda remunerar seus acionistas. Porém, quando ocorre a flutuação das taxas de juros no mercado, é necessário que o banco Mercado Financeiro e de Capitais16 capte recursos a preço inferior ao que aplica e ao mesmo tempo tenha os prazos compatibilizados com os de aplicação. Assaf Neto (2014) uma instituição está exposta ao risco de variação de taxas de juros, quando a mesma trabalha descasada de prazos entre seus ativos (aplicações) e passivos (captações). EXEMPLO: Pode-se definir uma operação descasada, quando uma instituição aplicou $100,0 milhões na concessão de créditos pelo prazo de dois anos. Porém, para financiar estes ativos o banco captou o mesmo montante de $100,0 milhões com prazo de resgate de um ano. Como o que ocorre no mercado brasileiro, onde as companhias de crédito imobiliário captam recursos de curto prazo (caderneta de poupança) e aplicam em longo prazo no financiamento de imóveis residenciais. Porém, se o rendimento da poupança deixar de ser atrativo para o aplicador e provocar uma corrida de saques, certamente haverá problema na administração do caixa dessas instituições financeiras. Caro estudante, o exemplo apresentado demonstra um descasamento entre ativos (créditos) e passivos (captação), expondo ao risco de variação das taxas de juros, pois de acordo com Assaf Neto (2014) quando vencer o passivo, a instituição ainda não terá recebido o capital aplicado, gerando uma necessidade de renovar a dívida. A figura 3 mostra claramente o descasamento de prazos. Figura 3 - Descasamento de prazos Fonte: Adaptado pela autora Mercado Financeiro e de Capitais 17 Quadro 1 - Resultado dos bancos diante das oscilações nos juros Fonte: Adaptado pela autora De acordo com Assaf Neto (2014) o resultado líquido da variação de taxa de juro é medida pela diferença entre a perda (desvalorização do ativo de renda fixa) e o ganho (desvalorização das obrigações). Segundo Assaf Neto (2014) o descasamento de prazos de ativos e passivos expõe o banco ao risco de variação das taxas de juros. O quadro 1 mostra o resultado dos bancos diante da oscilação nos juros, observa-se que quando o prazo de aplicação é maior que o prazo de aplicação e a taxa de juros aumenta tem-se perda, se a taxa diminuiu obtém-se ganho, porém quando o prazo de aplicação é menor que o prazo de captação, tem-se resultados opostos. Situação Aumenta Diminui Prazo de aplicação MAIOR que prazo de captação. Perda Ganho Prazo de aplicação MENOR que prazo de captação. Ganho Ganho Taxa de juros de mercado EXPLICANDO MELHOR: O risco de variação de taxa de juro surge geralmente do descasamento de prazos e valores, entre o ativo e o passivo e, portanto, se a taxa de juros subir no mercado, o valor dos papéis de renda fixa diminui e, quando o título for um crédito (ativo) da instituição, ocorre uma perda; no caso se for uma obrigação (passivo) há um ganho, pois a dívida se desvaloriza. Mercado Financeiro e de Capitais18 Risco de crédito De acordo com Assaf Neto (2014) risco de crédito é a possibilidade de uma instituição financeira não receber os valores (principal e rendimentos e juros) prometidos pelos títulos que mantém em sua carteira de ativos recebíveis, os ativos podem ser os créditos concedidos pelos bancos, os títulos de renda fixa emitidos pelos devedores, etc. Assaf Neto (2014) diz que o risco de crédito é afetado pela política de concessão de crédito e gestão de risco e eficiência administrativa da instituição. Sendo que os juros cobrados nas operações de crédito pelas instituições financeiras concedentes devem: cobrir todas as despesas administrativas e de pessoal alocadas ao crédito; cobrir o risco de crédito determinado pela inadimplência esperada; remunerar os acionistas pelo capital aplicado. De acordo com Silva (2003) as razões que levam o cliente ao não cumprimento do pagamento podem estar relacionadas ao seu caráter, a sua capacidade de gerir os negócios, aos fatores externos adversos ou a sua incapacidade de gerar caixa. Caro estudante, certamente alguma vez você já foi comprar algo parcelado ou tomar um crédito, e teve que fornecer diversas informações e documentos antes de ter seu crédito aprovado. Essas informações são necessárias para que seja realizada a analise da sua capacidade de pagamento. Você já tinha se perguntado por que lhe pedem tantas informações? O risco de crédito existe pela possibilidade de um devedor deixar de cumprir com suas obrigações financeiras, seja pela inadimplência no pagamento do principal da dívida, e/ou na remuneração dos juros. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que em tese, o risco de crédito poderia ser diminuído por meio de uma cuidadosa análise de crédito. Risco de mercado De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o risco de mercado é o risco que engloba a mudança no cenário econômico que influencia Mercado Financeiro e de Capitais 19 todas as instituições. Oliveira et.al (2018) dizem que o risco de mercado é causado por oscilações dos indicadores macroeconômicos (inflação, desemprego). Caro estudando, você lembrou? Abordamos na Unidade 1. Assaf Neto (2014) diz que o risco de mercado está relacionado com o preço que o mercado estipula para ativos e passivos negociados pelos intermediadores financeiros, ou seja, com o comportamento verificado no preço de um bem no dia a dia. Este risco expressa quanto pode ser ganho ou perdido quando da aplicação em contratos e outros ativos diante de mudanças em seus preços de negociação. O risco de mercado pode ser entendido como as chances de perdas de uma instituição financeira decorrentes de comportamentos adversos nos índices de inflação, taxas de juros, indicadores de bolsas de valores, preços de commoditties, etc. EXEMPLO: O Banco Barings, banco inglês de investimentos, faliu em 1995, devido a oscilações desfavoráveis nos preços de negociações de seus títulos no mercado. Pois, o banco apostou alto na subida do índice Nikkei, índice da bolsa de valores do Japão, e diante da expectativa de valorização fez vultosos investimentos no mercado futuro, aproximadamente U$$8 bilhões. Porém, o comportamento do mercado agiu derrubando o índice Nikkei, e o banco titular dos contratos perdeu mais de 15% do capital aplicado. Como essa perda superou seus recursos próprios, o Banco Barings tornou insolvente, sendo sempre referenciado na literatura financeira como um exemplo típico de risco de mercado. Prezado estudante, a partir do exemplo apresentado, e de acordo com Assaf Neto (2014) se o mercado tivesse se comportado de forma a elevar o índice Nikkei, certamente o banco Barings, teria apurado enormes ganhos e a situação nos dias atuais seria outra. Assaf Neto (2014) diz que, quanto mais voláteis se apresentarem os preços dos ativos (títulos de renda fixa, ações, derivativos, commoditties, etc), mais altos serão os riscos de mercado das instituições financeiras que operam na expectativa de determinado comportamento em seus preços. Risco operacional Oliveira et.al. (2018) dizem que o risco operacional é definido como perdas financeiras por meio de erros, fraudes ou deficiência no Mercado Financeiro e de Capitais20 desempenho oportuno de atividades, ou seja, fruto de erros nos sistemas operacionais. De acordo com Assaf Neto (2014) o risco operacional, é o risco de perdas (diretas e indiretas) determinadas por erros humanos, falhas nos sistemas de informações e computadores. Ou seja, é a perdaestimada caso a gestão de riscos não atinja seu objetivo de evitar perdas. O risco operacional pode se originar de três segmentos: pessoas, processos e tecnologia. Caro estudante a figura 4 é meramente ilustrativa e representa que o risco operacional pode ser causado por pessoas, processos e tecnologia. Figura 4 - Origem do risco operacional Fonte: Pixabay Segundo Assaf Neto (2014), a atuação de pessoas é critica e pode em muitos casos representar a variável mais relevante de risco, pois erros e fraudes são oriundos de transações e decisões envolvendo pessoas que, muitas vezes são influenciadas por pressões administrativas, fixação de metas ousadas, manuseio de grande quantidade de dinheiro, etc. Estes erros são geralmente minimizados através de um sistema mais rígido de controles internos. Assaf Neto (2014) diz que existe o risco de capacitação das pessoas que pode causado devido a falhas no processo de seleção e recrutamento e também a deficiências na política de treinamento. Mercado Financeiro e de Capitais 21 Caro estudante, certamente em seu lugar de trabalho você já se deparou com alguma situação em que pensou “o que esta pessoa está fazendo aqui?” Muitas vezes as pessoas ocupam funções para as quais não estão capacitadas por uma falha no processo de seleção, o poderá contribuir para o risco operacional. De acordo com Assaf Neto (2014) ao mesmo tempo em que a inovação tecnológica trouxe ganhos aos bancos, essa evolução trouxe também um risco verificado sempre que deixa de funcionar. Visto que a transação dos bancos, envolvendo compra e venda de dinheiro, são geralmente feitas por sites eletrônicos de forma on line. Normalmente esses sistemas funcionam com eficiência; porém podem ocorrer falhas ou erros nas transmissões, deixando de registrar mensagens relevantes para o sucesso das operações. NOTA: Embora essas falhas sejam pouco frequentes, quando ocorrem costumam promover fortes turbulências nas instituições financeiras em todo o sistema financeiro. De acordo com Assaf Neto (2014) para que uma instituição realize suas operações com garantia de sua eficiência e identificação de seu risco operacional, necessita de um bom sistema eletrônico de controle e acompanhamento de suas operações. O qual deve ser revisto e atualizado de maneira a reduzir as possibilidades de falhas. Assaf Neto (2014) diz que a gestão do risco operacional pode ser entendida como um processo de medição e controle dos riscos presentes nas atividades normais de uma organização e, o gerenciamento envolve pessoas, sistemas e padrões de controle. EXEMPLO: Uma inadimplência pode ser atribuída ao risco padrão esperado do crédito ou a um erro humano presente na avaliação da concessão do crédito. Mercado Financeiro e de Capitais22 Risco de câmbio De acordo com Assaf Neto (2014) ao operar com investimentos no exterior, a instituição financeira expõe-se, além de outros riscos, também ao risco de câmbio. Se uma instituição financeira no exterior utilizar seus recursos próprios para adquirir títulos da dívida brasileira no mercado, irá incorrer em quatro tipos de riscos financeiros: risco de variação das taxas de juros; risco de crédito; risco de câmbio e risco soberano. Assaf Neto (2014) diz que o risco de câmbio surge quando uma instituição que tenha aplicado no exterior verifica, por exemplo, tendência de a moeda desse país se desvalorizar em relação à moeda de sai economia, determinando um retorno menor na operação. Este risco pode ser chamado de risco de variação cambial. A possibilidade de desvalorizações cambiais em países emergentes, como o Brasil, tem gerado grandes preocupações aos investidores. EXEMPLO: Uma depreciação do real em relação ao dólar promove o ingresso de menos dólares ao aplicador e maior desembolso ao devedor em dólar. Caro estudante, desde 2019 e já em 2020, o Brasil vem passando por está situação, ou seja, o Real está desvalorizado em relação ao Dólar. Você já tinha percebido isso? Ainda não? Que tal para que você possa melhor entender, analisar o histórico do dólar em 2019? Risco soberano De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o risco soberano é a probabilidade de um país suspender o pagamento da dívida ou restringir a saída de recursos. Inclui-se nesse risco a avaliação da situação política do país (risco político) Assaf Neto (2014) diz que ao operar em outros países, uma instituição financeira se expõe também ao denominado risco soberano, o qual é determinado principalmente por restrições que o país estrangeiro pode impor aos fluxos de pagamentos externos. As restrições podem ser Mercado Financeiro e de Capitais 23 ocorrer em termos de volume máximo de pagamento, tipo de moeda ou, até mesmo, da decretação de moratória de dívidas. EXEMPLO: : Um agente pode apresentar condições de resgatar uma dívida externa em moeda forte, porém as autoridades monetárias locais, por desequilíbrio das forças externas, podem limitar as transferências de reservas monetárias. Neste caso, o agente econômico devedor fica dependente da situação do país, devendo seguir orientações das autoridades para efetuar o pagamento. De acordo com Assaf Neto (2014) nas operações com países estrangeiros, deve ser avaliado, além do risco de crédito do tomador de recursos, o risco soberano do país no qual se situa o devedor. A qualidade dos dois riscos deve ser boa para a operação ser aprovada. Assaf Neto (2014) diz que mesmo que a qualidade de crédito do tomador for considerada boa, o risco soberano elevado pode inviabilizar a operação. Caro estudante, está lembrado que na unidade 2 já mencionamos a respeito das agências classificadoras de risco (Moody’s, Standard & Poor’s, Fitch, etc? Lembrou? Muito bem. São elas que analisam o risco soberano e risco-país. No capítulo 2 desta unidade, abordaremos sobre elas. Risco de liquidez De acordo com Silva (2003) o risco de liquidez refere-se à própria capacidade de solvência do banco, que está diretamente relacionado com a capacidade e facilidade da instituição em obter fundos, a um custo compatível, para cumprir os compromissos junto aos seus depositantes, bem como para efetuar novos empréstimos e financiamentos aos clientes demandantes de recursos. Portanto, o risco de liquidez envolve o ativo e o passivo. No que se refere ao ativo, temos a facilidade e a rapidez com que um ativo (título, por exemplo) possa ser convertido em caixa, enquanto que no passivo temos a maior ou menor facilidade de captação. Oliveira et.al (2018) dizem que o risco de liquidez pode ser definido como o descasamento entre as captações e os empréstimos/ financiamentos. Lembrou? Muito bem. Já abordamos neste capítulo. Mercado Financeiro e de Capitais24 Assaf Neto (2014) diz que o risco de liquidez está relacionado com a disponibilidade imediata de caixa diante de demanda por parte dos depositantes e tomadores de uma instituição financeira. Quando os recursos de caixa disponíveis de um banco são minimizados por não produzirem retornos de juros, o risco de liquidez aumenta pela possibilidade de retiradas imprevistas dos depositantes do banco. Nesses casos, a instituição financeira deve ter flexibilidade para captar recursos adicionais no mercado. SAIBA MAIS: A liquidez mede a facilidade com que um ativo se converte em caixa a qualquer momento. A liquidez de um banco é determinada pelos fundos mantidos disponíveis em caixa voltados a atender a todos os seus pagamentos. Uma característica dos bancos é a sua alta alavancagem, ou seja, o elevado financiamento através de recursos de terceiros. Risco de legal De acordo com Assaf Neto (2014), o risco legal está relacionado tanto à falta de uma legislação mais atualizada e eficiente com relação ao mercado financeiro, como a um eventual nível de desconhecimento jurídico na realização dos negócios. Outro aspecto inerente a risco legal é a falta de padronizaçãojurídica e termos nos contratos financeiros elaborados em diferentes países, dificultando as transações internacionais. Oliveira et. al. (2018) dizem que o risco legal considera alterações nas leis que afetam as rotinas das instituições financeiras. Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que as empresas podem sofrer sanções devido a legislação vigente ser passível de modificações e dubiedade, bem como pode sofrer possíveis perdas por um mau entendimento dos tributos existentes. Ainda no que se refere a perdas decorrentes do risco legal, Assaf Neto (2014) diz que podem ser identificadas na incerteza da qualidade da aplicação da lei, descumprimento de contratos, contratos firmados mal elaborados e confusos, e assim por diante. Mercado Financeiro e de Capitais 25 RESUMINDO: Os riscos descritos neste capítulo são os riscos mais importantes relacionados às instituições financeiras em especial na atividade bancária, pois o risco é um fator natural da atividade. E cabe aos bancos se protegerem desses riscos. Mercado Financeiro e de Capitais26 Análise de crédito e sua função INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como funciona a análise de crédito e sua importância, pois uma boa análise de crédito reduz os riscos, bem como saberá como dever ser realizada e quais ferramentas que auxiliam. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois em todas as empresas que não realizam suas operações de venda a vista deve realizar a análise de crédito. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Análise de crédito De acordo com Sicsú (2010) a concessão de crédito é uma decisão sob condições de incerteza. Caro estudante, se estima a probabilidade de perda por meio da análise de crédito, que é o que veremos a partir de agora. De acordo com Oliveira et.al. (2018) a atividade de fornecer crédito é um negócio de risco, pois qualquer falha no plano do cliente, seja por fatores que são do seu controle, seja por fatores externos a sua vontade, pode levá-lo a não conseguir cumprir com suas obrigações com seus credores. Segundo Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o administrador financeiro de uma instituição bancária deve estar atento à qualidade de seus empréstimos para que a instituição não sofra problemas de liquidez que podem acarretar, em casos extremos, a falência da mesma. SAIBA MAIS: É necessário ter um conhecimento detalhado de seu cliente, pessoa física ou não, saber: Qual é a capacidade de pagamento de seus clientes? Qual é o objetivo dos empréstimos realizados? Qual é a qualidade das garantias colocadas em disposição? Tem liquidez ou não? Caso ocorra uma mudança de política econômica, como impactará em seus clientes? Mercado Financeiro e de Capitais 27 De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o risco de crédito poderá ser diminuído por meio de uma cuidadosa análise de crédito, isto é, que o emprestador tenha conhecimento das atividades e potencialidade de quem pede emprestado. Entre os elementos que tradicionalmente auxiliam na análise estão a análise dos balanços e das perspectivas de dado setor econômico (para pessoas jurídicas) e análise do patrimônio e renda (para pessoas físicas), existem diversos outros elementos e metodologias que podem ser utilizados para realizar a análise de credito. De acordo com Oliveira et.al. (2018) a análise de crédito é a metodologia que permite mensurar o nível de risco de uma transação de dívida solicitada por um cliente. O processo de aprovação de uma linha de crédito varia conforme a instituição, porém alguns princípios básicos são comuns para todas elas, seja por exigência do regulador, seja por representarem boas práticas bancárias, e dentre os princípios de uma boa análise creditícia se destacam os 5 Cs do crédito, que são “caráter ou credibilidade; capacidade; condições; capital e; colateral), o conceito de cada um são apresentados de forma resumida no quadro 2 a seguir. Quadro 2: Resumo do 5Cs do crédito 5 Cs DO CRÉDITO CONCEITO Caráter ou credibilidade Trata do entendimento subjetivo de que o tomador está comprometido a pagar suas obrigações. O entendimento é baseado em um relacionamento prévio com a instituição, que indica que o cliente possui boa índole e um sendo ético. Capacidade Trata-se de uma análise técnica de que o tomador terá um fluxo de caixa suficiente, ou seja, terá condições de honrar com o compromisso assumido, bem como analisa a capacidade técnica de tocar o negócio (se for pessoa jurídica). Mercado Financeiro e de Capitais28 Condições Trata-se de uma análise técnica de que o tomador terá um fluxo de caixa suficiente, ou seja, terá condições de honrar com o compromisso assumido, bem como analisa a capacidade técnica de tocar o negócio (se for pessoa jurídica). Capital Refere-se ao levantamento que visa saber se o patrimônio da empresa é suficiente e sua estrutura de capital adequada no sentido de ela ter os recursos necessários para investir na sua atividade de modo que gere um fluxo de caixa suficiente para arcar com suas dívidas e obrigações. Colateral Analisa se as garantias reais ou avais pessoais são suficientes para fazer frente total ou parcial ao risco assumido pela instituição financeira. Existem dois tipos de garantias, as pessoais e as reais. As garantias reais são ativos da empresa como (bens imobiliários, ações, produtos acabados, equipamentos que a empresa possa alugar) e as garantias pessoais são os avais pessoais dos administradores, que deve possuir patrimônio compatível com o crédito em questão. Quadro 2: Resumo do 5Cs do crédito Oliveira et. al. (2018) dizem que com a experiência e a sistematização dos dados, a mensuração passou a ser mais assertiva. Quanto mais observações forem feitas, mais dados colhidos e processados, maiores as chances de emprestar bem e, principalmente, receber. Sicsú (2010) diz que existem várias formas de realizar a análise de crédito e estimar a probabilidade de perda, como as técnicas estatísticas, são várias as técnicas quantitativas que podem ser utilizadas para calcular os escores. Mercado Financeiro e de Capitais 29 Sicsú (2010) diz que o risco de uma solicitação de crédito pode ser avaliado de forma subjetiva ou de forma objetiva utilizando metodologia quantitativa. A avaliação subjetiva, apesar de incorporar a experiência do analista, não quantifica o risco de crédito, pois dizer que uma empresa é de alto risco não é suficiente para estimar de maneira precisa as perdas ou ganhos esperados com a operação e, consequentemente tomar a decisão mais adequada. De acordo com Caouette (1999), as cinco técnicas mais utilizadas na gestão de crédito são: o sistema tradicional em que a presença do analista é extremamente relevante e o papel do homem é determinante na concessão oi não do crédito; modelos de otimização ou dinâmicos, o qual utiliza técnicas de programação matemática, determinando pesos aos atributos de créditos; as técnicas econométricas que modelam a probabilidade de inadimplência pela combinação de variáveis independentes e dependentes; os modelos probabilísticos que já utilizam de alguma maneira conceitos de inteligência artificial e; os modelos híbridos que mesclam dois ou mais dos sistemas apresentados. De acordo com Sicsú (2010) uma das metodologias quantitativa para realizar a análise de crédito é utilizando modelos de credit scoring, pois os escores de crédito têm a finalidade única de quantificar o risco de crédito. Porém, são atribuições dos gestores de crédito decidir a forma como a informação será utilizada para tomar a decisão de conceder ou não o crédito para estruturar a operação, definindo taxas, garantias, prazos, etc. Modelos de credit scoring é a denominação genérica dada no mercado para as fórmulas de cálculo dos escores de crédito. Segundo Sicsú (2010) os escores de créditopodem ser calculados considerando apenas as características do solicitante de crédito, o chamado risco cliente, ou, de forma mais ampla considerando também características da operação (risco cliente & operação). Quanto maior o número de informações disponíveis, mais confiável será a estimativa do risco. Por isso, é preferível calcular o escore considerando também as características da operação. Mercado Financeiro e de Capitais30 Medir o risco de crédito de forma objetiva, utilizando técnicas quantitativas, apresenta uma série de vantagens, tais como: consistência nas decisões; decisões rápidas; decisões adequadas; decisão à distância; monitorar e administrar o risco de um portfólio de crédito; e outras. Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que apesar de todos os cuidados a instituição sempre estará sujeita ao não-pagamento dos empréstimos concedidos, em razão de fatos que podem ocorrer independente da vontade do cliente como (perda de emprego, mudanças de hábitos de consumo, etc). De acordo com Oliveira et.al. (2018) as políticas de crédito sofrem pequenas alterações em cada instituição, devido entre outros fatores, ao perfil de clientes com os quais trabalha. A figura 5 mostra a trilha básica da política de crédito das instituições financeiras, ou seja, o ciclo de vida do crédito. Figura 5: Ciclo de vida do crédito Adaptado pela autora Oliveira et. al. (2018) reforçam que o tratamento estatístico dado aos empréstimos e financiamentos cresce em importância como forma de subsidiar o dinâmico processo de concessão e controle desse risco de crédito, as instituições financeiras cada vez mais se empenham em modelar seus instrumentos de controle e gestão do risco do crédito. De acordo Oliveira et. al. (2018) dizem que à medida que a amplitude mensurada com base na quantidade e variedade de operações, bem Mercado Financeiro e de Capitais 31 como o volume em seus volumes e tomadores cresce, as instituições vêm aperfeiçoando suas metodologias para o cálculo do risco de crédito. Empresas que atribuem risco “rating” Segundo Mellagi Filho e Ishikawa (2007) é comum que instituições financeiras e também as indústrias utilizem-se de empresas especializadas em mensurar risco, porque, com o aumento da volatilidade da economia, a concessão de crédito tornou-se uma atividade altamente criteriosa. Para a instituição financeira, a utilização dessas empresas serve para saber o nível de risco quando da compra de um título e mostrar a qualidade de uma oferta pública de título (por exemplo: debêntures). Assaf Neto (2014) diz que as principais empresas de ratings em nível internacional são (Moody’s, Standard & Poor’s, Fitch, entre outras), estas agências divulgam suas avaliações sobre o risco de um país, empresas ou títulos, focados na qualidade do emitente do título em cumprir corretamente com suas obrigações de pagamentos (principal e juros). EXEMPLO: Em 2016, as três principais agências de rating Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch, cortaram o grau de investimento da Odebrecht, como reflexo das crescentes restrições financeiras decorrentes do avanço das investigações sobre corrupção relacionadas à empresa. A perda do grau de investimento representava um acesso mais restrito ao crédito e a novos contratos que poderiam afetar a liquidez e a capacidade de pagamento da dívida externa pela companhia. A tabela 1 mostra as classificações do Brasil de acordo com a última atualização realizada pelas principais agências que avaliam o risco de um país. Tabela 1: Nível de risco do Brasil Mercado Financeiro e de Capitais32 Fonte: Adaptado pela autora Ficou interessado e quer saber mais? Estou lhe disponibilizando um link que apresenta uma noticia referente o grau de risco do Brasil, bem como mostra o histórico de notas do Brasil de 2003 até 2019, de acordo com as três principais agencias de risco (Moody’s, Standard & Poor’s, Fitch). https://glo.bo/3h40d1b Acordo de Basiléia De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) com o avanço da globalização que desobstruiu as barreiras à livre movimentação de mercadorias e de capitais, os mercados tornaram-se independentes e, portanto do ponto de vista financeiro o risco não se limitava mais somente às atividades compreendidas pelos Estados Nacionais. Portanto, em função dessas mudanças, se fez necessária uma padronização da supervisão bancária, com a finalidade de tornar mais homogênea e passível de análises padronizadas. Em 15 de julho de 1988, os bancos centrais do Grupo dos DEZ (G-10) países mais desenvolvidos reuniram-se para conferir mais homogeneidade, em nível internacional, à supervisão dos bancos internacionais e, essa reunião ficou conhecida como Acordo de Basiléia. Segundo Assaf Neto (2014) o Comitê da Basiléia apresenta-se como a maior fonte de regulamentação da atividade bancária no mundo e tornou-se uma referência para todos os bancos com atuação mundial. O Acordo de Basiléia I foi assinado em 1988 pelos principais bancos centrais do mundo. O documento propõe diversas regras voltadas à adequação do capital dos bancos em todo o mundo ao novo ambiente dos mercados financeiros estabelecendo uma capitalização mínima nas instituições financeiras. Mercado Financeiro e de Capitais 33 VOCÊ SABIA? Que o Acordo de Basiléia recebeu essa denominação por ter sido assinado na cidade de Basiléia (Suíça), sede do Banco para compensações Internacionais (BIS – Bank for International Settlements). Assaf Neto (2014) diz que o Acordo de Basiléia I definiu critérios para mensuração principalmente do risco do crédito e risco de mercado, e definiu um capital mínimo necessário aos bancos para financiar seus ativos de risco. Para tanto, foi proposto um capital próprio mínimo de 8%, o que significa que, para cada $100 de aplicações realizadas, o banco deve manter $8 (8%), no mínimo, em capital próprio. • A alocação de capital em bancos refere-se a formação de um capital mínimo pelas instituições financeiras para financiar suas operações, de forma a minimizar seus riscos financeiros. De acordo com Assaf Neto (2014) quanto maior o Índice de Basiléia de um banco, menor é a sua probabilidade de insolvência. Instituições financeiras com índices baixos costumam auferir taxas de retorno mais altas, porém convivem com maiores riscos de insolvência. Acordo de Basiléia II De acordo com Assaf Neto (2014) em 2001 foi divulgada um a nova versão do Acordo de Basiléia, conhecido por Basiléia II. Este acordo foi entendido como um aperfeiçoamento ao de 1988, porém apresentava-se bem mais abrangente e complexo que o anterior, e foi introduzido devido as relevantes mudanças verificadas no sistema financeiro internacional. Tendo preocupações, as de promover maior transparência às operações, reduzir a assimetria de informações dos mercados, contribuir para a adoção de melhores práticas de gestão de riscos, fortalecer o equilíbrio financeiro e a disciplina do mercado. Mercado Financeiro e de Capitais34 Segundo Oliveira et. al. (2018) o Acordo de Basiléia II, estabelece três pilares básicos de supervisão, conforme mostra a figura 6. Figura 6: Os três pilares do acordo de Basiléia Figura 6: Os três pilares do acordo de Basiléia Fonte: Adaptado pelo autor De forma resumida conforme vimos na figura 6 o Basiléia II está estruturado em três grandes pilares, que são: Pilar I – Exigência de capital mínimo para os bancos visando à cobertura de riscos incorridos em seu ambiente de negócios, envolvendo principalmente o risco de crédito, risco de mercado e risco operacional; Pilar II – Melhores práticas de gestão de riscos e necessidade de adequação do capital de bancos para a cobertura de riscos; Pilar III – Disciplina de mercado e redução da assimetria informacional, este pilar propõe diversas orientações para uma ampla divulgação das informações dos bancos, de seu desempenho e condição financeira (ASSAFNETO, 2014) Acordo de Basiléia III De acordo com Assaf Neto (2014) as novas regras de regulação bancária internacional, conhecida por Basiléia III, foram definidas em 2010, e foram elaboradas a partir do pressuposto de que as versões I e II não são suficientes para o controle do risco dos bancos, permanecendo ainda Mercado Financeiro e de Capitais 35 expostos a potenciais problemas. A crise do sistema financeiro mundial de 2008 e 2009 foi uma importante sinalização para a exposição dos bancos a riscos. O Comitê da Basiléia espera que esta nova regulamentação focada sobre o capital ajude a evitar práticas de mercado mais arriscadas por parte dos bancos. Assaf Neto (2014) diz que a grande alteração introduzida no Basiléia III foi o aumento das exigências em relação às reservas dos bancos, visando proteger as instituições de crises de liquidez e reforçar suas coberturas de eventuais perdas. De acordo com Oliveira et.al. (2018) entre os principais pontos do Acordo de Basiléia III, destaca-se o aumento das reservas de capitais dos bancos conforme mostra a tabela 2. Tabela 2: Nova estrutura de capital Fonte: Adaptado pelo autor Caro estudante, para que você saiba mais sobre o Acordo de Basiléia, estou lhe disponibilizando um link do Banco Central do Brasil, lá você encontrará mais informações referentes a Basiléia I, III e III. https://bit.ly/3fupKQH Basiléia III e os bancos brasileiros De acordo com Assaf Neto (2014) os bancos brasileiros vêm atuando com um Índice de Basiléia médio superior ao mínimo determinado pelo Banco Central do Brasil, indicado a adoção de critérios mais rígidos da definição do capital regulamentar. De acordo com Oliveira et. al. (2018) o Banco Central do Brasil aderiu à nova versão do Acordo de Basiléia III em 2013 quando emitiu normativa definindo as etapas de transição visando um aumento da capitalização do sistema a ser adotada de modo gradual até o final de 2019, conforme mostra o cronograma da tabela 3. Mercado Financeiro e de Capitais36 Tabela 3: Cronograma de implantação do Basileia III Fonte: Adaptado pelo autor Caro estudante, caso tenha interesse em saber mais sobre Acordo de Basiléia, estou lhe disponibilizando um link do Banco do Brasil que apresenta muitas informações a respeito. https://bit.ly/2Wgc58c Conhecendo o risco Mellagi Filho e Ishikawa (2007) dizem que entre todas as metodologias para mensuração de riscos, análise de posição tomada (aplicações), exposição ao risco existem dois conceitos que são amplamente utilizados nos dias atuais: Value at RisK (VaR) e Stress Test. Sendo o VaR por sua simplicidade de implantação e o Stress Testing por sua capacidade de definir e simular perdas em condições adversas. Value at Risk De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) uma das grandes estimativas de perda utilizadas pelas instituições financeiras chama-se VaR (Value at Risk – Valor em Risco). O VaR é um valor monetário de quanto uma posição em aberto poderá perder durante determinado período com certa probabilidade. Oliveira et. al. (2018) dizem que essas ferramentas possuem predominância de uso de métrica da volatilidade, condicionada em um nível de certeza que gera expectativa de sua probabilidade de ocorrência, Mercado Financeiro e de Capitais 37 ou seja, o VaR define a perda máxima esperada em um ativo ou carteira de ativos, diante de um intervalo de confiança, para um dado período. Essas medidas auxiliam gestores e reguladores na exigência de capitais mínimos de proteção, assim como na gestão de seus portfólios, uma vez que estimam limites de perdas, comparáveis entre ativos e aplicações. Stress Testing De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o Stress Testing (teste de estresse) mostra a sensibilidade das posições financeiras de uma instituição (carteiras de investimentos, composição do capital, aplicações de risco etc) em situações adversas e plausíveis. Segundo Oliveira et.al. (2018) os testes de estresse se dividem em duas categorias: testes de cenários e testes de sensibilidade. Nos testes de cenários avaliam o impacto de um evento em particular sobre um portfólio, os eventos podem ser reais ou hipotéticos, define-se um evento para análise e determina-se o seu impacto. Os testes de sensibilidade são geralmente de natureza estatística, eles tentam determinar o impacto de uma mudança em um ou mais parâmetros de risco de uma carteira. EXEMPLO: Uma instituição pode calcular os impactos sobre a carteira assumindo que a inadimplência geral aumente em 5%. Neste caso, pode-se analisar, por exemplo, se os níveis de provisão de crédito são adequados e o que pode fazer para ajustá-los. Oliveira et.al. (2018) diz que em ambas as abordagens, a instituição deve contar com pareceres de especialistas (economistas) para fazer a seleção de cenários e análise de seu impacto sobre as exposições setoriais e/ou de devedores individuais. Sendo que uma das formas de fazer esta análise é usar dados históricos reais quando se trata de buscar uma análise mais detalhada. Mellagi Filho e Ishikawa (2007) grande parte das instituições financeiras alinha o VaR com o Stress Testing, sendo o VaR para calcular o risco para situação normal e o Stress Testing para calcular o risco para situações extremas. Mercado Financeiro e de Capitais38 RESUMINDO: A análise de crédito é fundamental para as instituições financeiras, pois a gestão do risco de crédito é e continuará sendo nos próximos anos o principal pilar de uma instituição financeira. Com o aumento na regulamentação e o avanço de novas tecnologias facilitará a análise de crédito e assim reduzirá os riscos. Mercado Financeiro e de Capitais 39 Mercado de capitais INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender como surgiram as bolsas de valores e sua importância para o mercado de capitais. E como funciona os mercados de ações, opções e futuro. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, pois pode ser que em algum momento de sua carreira profissional você tenha que realizar alguma operação na bolsa de valores. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Bolsa de valores De acordo com Pinheiro (2012) as bolsas de valores são instituições de caráter econômico que tem como objetivo a negociação pública mercantil de títulos e valores mobiliários, ou seja, é o local onde se compram e vendem ações. Nelas ocorre a canalização da oferta e demanda dos investidores e a publicação oficial dos preços ou cotações resultantes das operações realizadas. De acordo com Assaf Neto (2014) as Bolsas de Valores são entidades, cujo objetivo básico é o de manter um local em condições adequadas para a realização de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. • A Bolsa de Valores se preocupa em preservar os valores éticos nas negociações realizadas em seu âmbito, e a divulgação rápida e eficiente dos resultados de todas as transações realizadas. Segundo Pinheiro (2012) as bolsas estão abertas a todo tipo de indivíduos e instituições financeiras e, apesar de possuírem poder de autorregulamentação, estão sujeitas ao controle e à regulamentação de algum órgão governamental de controle, como no caso da CVM no Brasil e a SEC nos Estados Unidos. Mercado Financeiro e de Capitais40 Pinheiro (2012) diz que os principais objetivos de uma bolsa de valores são: facilitar a troca de fundos entre entidades que precisam de financiamento e os investidores; proporcionar liquidez aos investidores em bolsa; fixação do preço dos títulos através da lei da oferta e da demanda; dar informações aos investidores sobre as empresas que negociam em bolsa; proporcionar confiança aos investidores, já que as compras e as vendas de valores estão garantidas juridicamente; publicar os preços e as qualidades negociadas para informar aos investidores e entidades interessadas. As empresasadmitidas em bolsa de valores devem informar periodicamente sua evolução econômica e cumprir uma série de requisitos, para que a bolsa possa dar informações aos investidores sobre as empresas. Bolsa de Valores de São Paulo - Bovespa De acordo com Pinheiro (2012) a bolsa de valores de São Paulo (Bovespa) foi fundada em 23 de agosto de 1980 como entidade oficial corporativa, porém a Bovespa só assumiu a característica institucional com as reformas do sistema financeiro nacional e do mercado de capitais em 1965-1966, ou seja, tornou-se uma associação civil sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial, a figura 7 mostra o histórico da Bovespa. Figura 7: Resumo da Bovespa Mercado Financeiro e de Capitais 41 Fonte: Adaptado pelo autor Quadro 3: Resumo da Bolsa de Mercadorias de São Paulo BM&F Bolsa de Mercadorias & futuros (BM&F) De acordo com Pinheiro (2012) a Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP) foi criada no Brasil em 26 de outubro de 1917, devido à necessidade dos empresários paulistas ligados à exportação, ao comércio e à agricultura, o quadro 3 mostra de forma resumida a história da BM&F. ANO Fato ocorrido 1985 Surge a Bolsa Mercantil & de Futuros. 1986 Começam a funcionar os pregões da BM&F. 1986 BM&F e BMSP fundem suas atividades, e surge a Bolsa de Mercadorias & Futuros, também com a sigla BM&F. Mercado Financeiro e de Capitais42 1997 Ocorre a Fusão entre a Bolsa Brasileira de Futuros (BBF) do Rio de Janeiro com a BM&F, e assim consolidando a BM&F como o principal centro de negócios de derivativos do Mercosul. 2000 A BM&F ingressa na Aliança Globex, formada pelas bolsas de Chicago, Paris, Cingapura, Madri, e Montreal. 2002 Início das atividades de Clearing de Câmbio BM&F. BM&F adquiriu da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia os direitos de operacionalização das atividades. BM&F negociou com a Federação Brasileira das Associações de Bancos (Febraban) e com a Central de Compensação e Liquidação S.A., visando a cessação das atividades de registro, compensação e liquidação de operações com títulos públicos e privados de renda fixa. Lançou a Bolsa Brasileira de Mercadorias, e as bolsas de mercadorias de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Uberlândia, foram transformadas em Centrais Regionais de Operação. 2004 Iniciadas as operações da Clearing de Ativos da BM&F; CMN autoriza as bolsas de futuros a constituir banco comercial. Iniciou o processo de criação do Banco BM&F. 2007 Iniciou o processo de desmutualização, para se preparar para a abertura de capital. BM&F torna-se de capital aberto. Mercado Financeiro e de Capitais 43 2008 BM&F e Bovespa se uniram para formar a Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros a BM&FBovespa. Fonte: Adaptado pela autora Você já havia ouvido falar em desmutualização? Sabe o que é? Não? Então, antes que você vá pesquisar no Google, estou colocando uma nota que certamente vai lhe ajudar entender. Desmutualização é o processo de alteração societária em bolsa de valores. Surgimento da BM&FBovespa De acordo com Pinheiro (2012) a BMF&Bovespa é uma instituição que atua nas relações de trocas de recursos entre poupadores e tomadores, foi criada em 04 de julho de 2008 a partir da fusão da Bolsa de Valores de São Paulo e da Bolsa de Mercadorias e Futuros, tornando-se a única Bolsa de Valores, Mercados e Futuros em operação no Brasil. A soma do valor de mercado das duas bolsas resultou na terceira maior bolsa em valor de mercado em preços de maio de 2008, ficando atrás apenas da alemã (Deustsche Borse) e da americana (Chicago Mercantile Exchange). Com isso também a BM&FBovespa se torna a maior da América Latina nos mercados de ações e derivativos, com participação de aproximadamente 80% do volume médio diário negociado com ações. Segundo Pinheiro (2012) a BM&FBovespa tem como atividade fim desenvolver, implantar e prover sistemas para a negociação de ações, derivativos de ações, títulos de renda fixa, títulos públicos federais, derivativos financeiros, moedas a vista e commodities agropecuários. Faz a compensação e liquidação física e financeira das operações que ocorrem em pregões e em sistemas. B3 - Brasil, Bolsa, Balcão De acordo com informações disponíveis no site da Bolsa de Valores, a B3 é uma sociedade de capital aberto, foi criada em março de 2017, a Mercado Financeiro e de Capitais44 partir da fusão entre a BM&FBovespa e a Cetip, dando origem a uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro do mundo, a qual atua em ambiente de bolsa e de balcão. Caro estudante, como a B3 ainda é nova, não é possível encontrar materiais disponíveis em livros que abordem sobre ela, então para que você conheça mais a respeito da B3, em especial quais são as atividades realizadas, estou lhe disponibilizando o link do site. https://bit.ly/2ZpPzvI Negociações De acordo com Lagioia (2011) existem duas formas de se negociar ações na Bovespa (B3), que são no Mercado à Vista e no Mercado Futuro, a diferença é que no Mercado à Vista a liquidação da operação se dá no momento que ocorre a operação de compra ou de venda das ações, enquanto que no Mercado Futuro, a liquidação das transações realizadas ocorre em um momento futuro, conforme o acordo firmado entre o comprador e vendedor. O Mercado Futuro se subdivide em três outros mercados que são: o Mercado a Termo, o mercado de Opções e o Mercado Futuro de Ações. Conforme mostra a figura 8. Figura 8 - Formas de negociação no mercado de ações Fonte: Adaptado pela autora Mercado Financeiro e de Capitais 45 Mercado de ações De acordo com Pinheiro (2012) as negociações com ações no mercado brasileiro são realizadas através de mercado eletrônico, com o objetivo de viabilizar a realização de operação de compra e venda de ações em mercado livre e aberto. SAIBA MAIS: O sistema eletrônico de negociação permite que as sociedades corretoras executem as ordens de seus clientes por meio de terminais de computadores, sem a necessidade de presença física de seus representantes nos pregões da bolsa. Pinheiro (2012) diz que o sistema de negociação eletrônica, o qual é regulado e fiscalizado pela bolsa, compreende as operações de compra e venda a vista de ações e de opções sobre ações, bem como índices de ações, as operações são realizadas pelas corretoras credenciadas e também as registradas através de conexões eletrônicas. Segundo Pinheiro (2012) as negociações com ações requerem a intermediação das sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, credenciados para executar as ordens de compra e venda de seus clientes em pregão. Sendo que para execução dessas ordens, cada corretora membro possui operadores dentro do pregão e terminais de computador interligados aos sistemas de bolsa. A figura 9 mostra o fluxo da operação de compra de ações. Mercado Financeiro e de Capitais46 Figura 9- Fluxo da operação de compra de ações Fonte: Adaptado pela autora De acordo com Assaf Neto (2014) o preço da ação na bolsa é formado pelo fluxo de oferta e procura de cada papel, sendo que maior demanda por uma ação influência em sua valorização no mercado e maior oferta de venda motiva a desvalorização. Sendo, que todo o comportamento depende em grande parte da situação atual e esperada da empresa, de indicadores econômicos e setoriais, mudanças tecnológicas, entre outros. SAIBA MAIS: O investidor pode aplicar em ações também através de Fundos de Ações, administrados por instituições financeiras, ou através de clubes de investimentos, formado por pessoas físicas que tem por objetivo comum formarem uma carteira. Mercado de opções De acordo com Pinheiro (2012) o mercado de opções é uma modalidade operacional em que não se negociam ações-objeto, mas Mercado Financeiro e de Capitais 47 Fonte: Adaptado pela autora direitossobre elas. Opções são direitos de uma parte comprar ou vender a outra, até determinada data, certa quantidade de ações-objeto a um preço estabelecido, ou seja, no mercado de opções não ocorre a negociação da ação, mas dos direitos sobre ela. Sendo que o titular de uma opção paga um prêmio por esses direitos, podendo exercê-lo até a data do vencimento (no caso de uma opção americana) ou na data de vencimento (no caso de opção européia), ou revende-lo no mercado. A figura 10 mostra quais são os elementos de um contrato de opções. Figura 10: Elementos de um contrato de opções Mercado Financeiro e de Capitais48 SAIBA MAIS: Existem três tipos de opções que são: opção americana, a qual pode ser exercida em qualquer momento até a data do vencimento; opção européia, esta só pode ser exercida na data de vencimento e; opção asiática, opção cujo valor no vencimento não depende do preço da ação-objeto nesse momento, mas da média de seus preços em determinado período de tempo. Lagioia (2011) no mercado de opções são negociados contratos que dão o direito de compra ou venda de ações. De acordo com Assaf Neto (2014) uma opção de compra oferece ao titular o direito de adquirir as ações-objeto previstas no contrato, ao preço conveniado (preço de exercício), e obedecidas às condições estabelecidas pela Bolsa de Valores. Sendo que este direito (opção) pode, a qualquer momento, ser negociado pelo comprador de mercado. O vendedor de uma opção de compra é denominado lançador. Ele assume o compromisso de vender (entregar) as ações-objeto em caso do comprador decidir exercer seu direito. De acordo com Assaf Neto (2014) uma opção de venda confere ao seu titular o direito de vender as ações-objeto, ao preço ajustado e obedecidas as condições da Bolsa de Valores. Portanto, a qualquer momento o titular pode negociar seu direito de venda. Sendo que o lançador (vendedor da opção de venda) tem o compromisso perante a Bolsa de comprar as ações-objeto caso o direito seja exercido pelo comprador. Pinheiro (2012) diz que se a opção for de compra, o direito será de comprar put options. Se for de venda, o direito será de vender call options. A figura 11 mostra os tipos de opções e direitos negociados. Mercado Financeiro e de Capitais 49 Figura 11 - Tipos de opções e direitos negociados Fonte: Adaptado pela autora De acordo com Pinheiro (2012), o titular de uma opção tem sempre os direitos e o lançador sempre as obrigações. Os direitos são negociados por um preço, o prêmio, que é o valor pago pelo titular e recebido pelo lançador. Segundo Pinheiro (2012) o titular de uma opção de compra sempre acredita que o preço da ação irá subir, enquanto que o lançador a descoberto acha que vai cair. Já o titular de uma opção de venda sempre acredita que o preço de uma ação irá cair, enquanto o lançador espera que as cotações subam de forma a não ser exercido. Negociações a descoberto é a venda de títulos não possuídos pelo investidor. Por exemplo, um investidor pode dar uma ordem de venda a uma corretora de 100.000 ações da Cia. Vale do Rio Doce sem as possuir. Sendo que para realizar esta operação de venda a descoberto a corretora negocia o empréstimo dessas ações junto a outro investidor e as vende no mercado a vista. O quadro 4 mostra como ocorrem os ganhos e perdas com opções. Mercado Financeiro e de Capitais50 Quadro 4 - Ganhos e perdas das opções Fonte: Adaptado pela autora GANHA PERDE Se levar a posição ao vencimento ganha, ganha o diferencial entre o preço de mercado e o preço de exercício, menos o valor do prêmio (ganho limitado). Perde, no máximo, o valor investido no prêmio (perda determinada). GANHA PERDE Se reverter a posição, ele ganha a diferença entre os valores dos prêmios de compra e de venda (ganho limitado) O lançador de uma opção de compra assume a possibilidade de vender a ação ao titular da opção (troca um ganho limitado por uma perda ilimitada). LANÇADOR DE UMA OPÇÃO TITULAR DE UMA OPÇÃO Em função dos direitos adquiridos e das obrigações assumidas nos lançamentos, o titular (comprador) paga e o lançador recebe uma quantia denominada prêmio. O prêmio ou preço da opção é negociado entre comprador e lançador, pelos seus representantes no pregão da bolsa. Ele reflete fatores como oferta e demanda, prazo de vigência da opção, diferença entre preço do exercício e preço a vista da ação-objeto, volatilidade de preços. Portanto o valor do prêmio é o resultado das forças de oferta e procura e oscila de acordo com a variação do preço da ação. Mercado futuro De acordo com Pinheiro (2012) o mercado futuro de ações da BM&FBovespa (B3) compreende a compra e venda de ações a um Mercado Financeiro e de Capitais 51 preço acordado entre as partes, para vencimento em data especifica previamente definida e autorizada. Lagioia (2011), diz que o Mercado Futuro é muito utilizado com operações vinculadas às commodities e a outros ativos financeiros, o mercado futuro agora também está sendo aplicado às ações. De acordo com Lagioia (2011) um contrato futuro representa um contrato padronizado onde é especificado o bem objeto do contrato (ex. ação), o seu volume (a quantidade) e a data da liquidação do mesmo. Quando um negócio é fechado no futuro, as partes não se relacionam mais entre si, pois a câmara de compensação da bolsa (CBLC) assume a parte oposta, quer em relação ao comprador ou ao vendedor. Um contrato futuro pode ser transferido a terceiros ou ainda encerrado antes de seu vencimento, mediante uma operação de natureza inversa. A figura 12 mostra como acontece a operação no mercado futuro. Figura 12: Estrutura de mercado futuro Fonte: Adaptado pela autora De acordo com Pinheiro (2012), numa operação a futuro, as duas partes intervenientes realizam compra e venda de determinada quantidade de um bem, por um preço acordado entre elas, para liquidação numa data futura. A única diferença com as operações a vista é a data de liquidação da operação, pois a fim de propiciar liquidez no mercado futuro, as datas Mercado Financeiro e de Capitais52 de vencimento são padronizadas pela bolsa. As operações são fechadas para aqueles vencimentos que estão em aberto. De acordo com Pinheiro (2012) a diferença entre as operações a vista com as do mercado a futuro, é que nas operações a vista as duas partes estão efetivamente comprando e vendendo a ação, enquanto que na operação a futuro estão assumindo compromisso de comprar e vender em determinada data futura. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) na bolsa são negociados os mais diversos tipos de contratos, desde produtos agropecuários (café, boi gordo, algodão etc) até produtos financeiros (ouro, dólar, índice de ações, taxa de juros etc) Mercado Financeiro e de Capitais 53 Projeção de preço e de risco INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender que os preços dos ativos variam ao longo o tempo e que para isso é necessário fazer a projeção e que existem várias técnicas e modelos tanto para fazer a projeção do preço quanto do risco, porém são complexos e exigem um nível avançado de conhecimentos matemáticos e estatísticos, por isso serão lhe apresentadas apenas os conceitos básicos. Isto será fundamental para o exercício de sua profissão, para que você possa entender como funciona a precificação de ativos, bem como se mede a volatilidade. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Projeção de preço e risco (volatilidade) de ativos De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) os preços dos ativos, bem como seus riscos, variam ao longo do tempo. A modelagem de análise é complexa e exige um nível avançado de conhecimentos matemáticos e estatísticos, principalmente em relação às séries temporais. Caro estudante, como os próprios autores abordam, a projeção de preço e risco de ativos, é complexo e exigeum nível avançado de conhecimentos matemáticos e estatísticos, portanto, de um modo geral pode-se dizer, que para realizar a projeção de preço e risco de ativos, são utilizados algumas técnicas, alguns conceitos e processos, tais como: Extrapolação Simples; Random Walk; Arima; Raiz Unitária, etc. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) a análise das séries de tempo basicamente procura explicar o comportamento de uma variável por seu próprio comportamento passado. E que a partir do comportamento passado da variável, pode-se tomar como base para tomada de decisões e de elaboração de cenários futuros. Mercado Financeiro e de Capitais54 A figura 13 apresenta uma visualização gráfica de uma série temporal do Ibovespa, com dados diários (fechamento) de 1999 a 2001, o que corresponde a uma mostra de 738 pregões. Que a partir de técnicas estatísticas e com a ajuda do computador, é possível dizer que se têm uma forte tendência de alta, e que pode ser utilizado para prever o que aconteceria futuramente. Por exemplo, depois de 22 pregões, o que corresponderia. Figura 13: Reta de tendência linear do Ibovespa com base nos dados de 1999-2001 Fonte: Adaptado pela autora De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) a análise das séries de tempo basicamente procura explicar o comportamento de uma variável por seu próprio comportamento passado. Propriedades das opções De acordo com Pinheiro (2012) existem vários métodos para a valorização de opções, sendo que os mais utilizados são o método binominal e o modelo de Black & Scholes, os quais são baseados na Mercado Financeiro e de Capitais 55 combinação de cinco parâmetros fundamentais: preço de exercício; tempo para o vencimento; preço do ativo objeto; taxa de juros e; volatilidade. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o quadro 5 mostra as propriedades de uma opção de compra ou de venda. Quadro 5 - Propriedades de opção de compra e/ ou venda PROPRIEDADES DE UMA OPÇÃO DE COMPRA PROPRIEDADES DE UMA OPÇÃO DE VENDA O valor da opção é sempre maior ou igual a zero O valor da opção é sempre maior ou igual a zero Na data do vencimento, o valor de uma opção será: zero, se o preço a vista da ação-objeto for menor o preço de exercício da opção e; diferente de zero quando o preço a vista for maior que o preço de exercício. Na data do vencimento, o valor de uma opção será: zero, se o preço a vista da ação-objeto for maior o preço de exercício da opção e; diferente de zero quando o preço a vista for menor que o preço de exercício. Antes do vencimento, o preço de uma opção será pelo menos a diferença entre o preço a vista da ação e seu preço de exercício, se o primeiro for maior que o segundo. Antes do vencimento, o preço de uma opção será pelo menos a diferença entre o preço a vista da ação e seu preço de exercício, se o primeiro for menor que o segundo. Para duas séries de opções, referentes a uma mesma ação- objeto, uma com vencimento mais longo que a outra: aquela com prazo mais longo terá valor superior ou pelo menos igual ao da opção com prazo mais curto. Para duas séries de opções, referentes a uma mesma ação- objeto, uma com vencimento mais longo que a outra: aquela com prazo mais longo terá valor superior ou pelo menos igual ao da opção com prazo mais curto. Mercado Financeiro e de Capitais56 Para duas opções, referentes a uma mesma ação-objeto e mesmo vencimento, uma com preço de exercício superior ao da outra, aquela com menor preço de exercício terá valor superior ou pelo menos igual ao da opção de preço de exercício maior. Para duas opções, referentes a uma mesma ação-objeto e mesmo vencimento, uma com preço de exercício superior ao da outra, aquela com menor preço de exercício terá valor superior ou pelo menos igual ao da opção de preço de exercício menor. A mudança percentual no prêmio de uma opção será sempre superior ou pelo menos igual à mudança percentual no preço da ação correspondente - A mudança percentual no prêmio de uma opção será sempre superior ou pelo menos igual à mudança percentual no preço da ação correspondente - Uma opção de compra não será, racionalmente, exercida antes da data de seu vencimento. Isto decorre de a possibilidade operacional do exercício antes do vencimento não dar à opção qualquer valor adicional. Uma opção de venda pode, racionalmente, ser exercida a qualquer momento do período que estiver em vigor. Quanto maior for o nível das taxas de juros, maior será o valor de uma opção -- Fonte: Adaptado pela autora Modelo Black & Scholes De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007, p. 326) em 1973, os professores Fischer Black e Myron Scholes desenvolveram um modelo Mercado Financeiro e de Capitais 57 para determinar o valor de uma opção de compra. Suas hipóteses são de que: não há custos de transação ou imposto; o ativo pode ser comprado ou vendido em qualquer quantidade, inclusive a descoberto; existe um ativo sem risco e sua taxa de retorno é constante no tempo; a opção é protegida contra dividendos aos portadores da ação-objeto; a negociação do ativo é contínua e o preço da ação-objeto obedece a um processo estocástico, do tipo “processo de difusão”. Durante muitos anos, os analistas de mercado de capitais buscaram um modelo de precificação de opções que funcionasse, mas foi somente com Balck e Scholes em 1973, que passamos a ter um a fórmula para valorização de opções. De acordo com Pinheiro (2012) o Modelo Black & Scholes representou um avanço na área de finanças, ao mostrar como os preços teóricos de opções podem ser determinados. Na prática, o modelo é largamente utilizado pelos agentes econômicos na precificação de opções européias (só pode ser exercida na data do vencimento). Pinheiro (2012) diz que o Modelo Black & Scholes procura definir o preço justo do prêmio para compra de uma opção de compra. Sendo que a principal hipótese do modelo é a de que os preços do ativo seguem uma distribuição probabilística dos retornos do ativo de uma data futura, calculados de forma contínua e composta a partir dos seus preços, é normal. Modelo Binominal De acordo com Pinheiro (2012) o Modelo Binominal parte do pressuposto de que o preço de ação pode assumir apenas dois valores no vencimento da opção, sendo que: ou a ação subirá até um preço mais alto, ou ela cairá até um preço mais baixo. EXEMPLO: Suponhamos que fôssemos dividir o ano em dois semestres e depois afirmássemos que, sobre cada semestre, o preço da ação pudesse assumir dois valores. Com isso teríamos três possíveis valores para a ação no final do ano, e três para a opção. Conforme mostra a figura 14. Mercado Financeiro e de Capitais58 Figura 14: Simulação do possível valor da ação com dois cenários Fonte: Adaptado pela autora Fonte: Adaptado pela autora De acordo com Pinheiro (2012) se continuarmos dividindo o ano em intervalo cada vez menores (meses e dias) a amplitude dos possíveis preços no final do ano para cada ação se expandiria, assumindo o formato de uma distribuição binominal. Com essa abordagem, pode-se afirmar que as opções podem ser precificadas relativamente ao preço do ativo- objeto, usando um modelo binominal de dois períodos e dois estados. Sendo que, enquanto o número de períodos aumenta, o método pode aproximar as distribuições de preços da realidade. De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) o modelo binominal pode ser aplicado para as opções americanas, que podem ser exercidas antes do vencimento, e para opções européias. A figura 15 mostra um exemplo do Modelo Binominal. Figura 15: Árvore de decisão Mercado Financeiro e de Capitais 59 De acordo com Mellagi Filho e Ishikawa (2007) figura mostra que o preço pode tomar diferentes valores em diferentes períodos, sendo, portanto que o processo de determinação do preço da opção pelo
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