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Investimentos & Gerência de Ativos II Professor: Paulo Rogério Faustino Matos Contatos: paulomatos@caen.ufc.br paulo.matos@fgv.br Período: 2014 – II Carga horária/ Créditos: 64 horas/ 4 créditos Horário da Disciplina: terças e quintas, das 18:30 às 20:10 Pré-requisitos: - x - Sumário PROGRAMA DA DISCIPLINA 1 1. MERCADOS E INSTRUMENTOS FINANCEIROS 6 2. TEORIA DE CARTEIRA 34 3. EQUILÍBRIO NO MERCADO DE CAPITAIS 78 Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 1 Programa da Disciplina I – OBJETIVO Conjugar conhecimentos acadêmicos e profissionais através de uma exposição clara, didática e objetiva, abordando conceitos teóricos que norteiam a análise e o raciocínio analítico, como também propondo casos e exercícios, dos mais simples aos mais complexos. Apresentar detalhadamente, ainda que a nível intermediário, a Teoria de Investimentos e suas aplicações aos alunos da Graduação em Ciências Atuariais, capacitando-os com as noções e ferramentas necessárias ao gerenciamento básico de risco de instituições (não-) financeiras. Desenvolver o aprendizado de base teórica que possibilite a tomada de decisões financeiras concernentes à alocação, ao apreçamento e previsão de ativos financeiros. II – AVALIAÇÃO A nota final do aluno será determinada a partir da realização de uma média ponderada de três notas parciais: 50% referentes à atividade realizada em equipe (5 integrantes) com entrega em dezembro de 2013 (apresentação de artigos/elaboração de trabalho); 50% referentes à avaliação individual, sob a forma de um único exame de verificação de aprendizagem em novembro de 2013. III – EMENTA Mercados Financeiros e Instrumentos Financeiros; Teoria de Carteira; Modelos de Apreçamento de Ativos; Eficiência de Mercado e Evidências Empíricas. IV – CONTEÚDO PROGRAMÁTICO E CALENDÁRIO Introdução: Mercados Financeiros e Instrumentos Financeiros (BKM – 1, 2, 3 e 4 / HG – 1, 2 e 3) Teoria de Carteira: Rentabilidade, Risco e Aversão ao Risco (BKM – 6 / HG – 4) Diversificação (BKM – 7 / HG – 5) Escolha Ótima de Carteira (BKM – 8 / HG – 5) Índices de Performance de carteiras (periódicos) Equilíbrio no Mercado de Capitais: CAPM (BKM – 9 / HG – 8) Modelo de Fatores e APT (BKM – 10 e 11 / HG – 10) Evidências Empíricas sobre Modelos de Fatores (periódicos) Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 2 Eficiência de Mercado e Evidências Empíricas (BKM – 12 e 13 / HG – 24 e 25) Estudos de caso e artigos científicos: V – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS Bibliografia Básica: [NA] Notas de Aula [BKM] Bodie, Z., Kane, A. e Marcus, A. (2005). “Investiments”, 6ª edição, Mc Graw-Hill Irwin. [BM] Bodie, Z., Kane, A. e Merton, R. (2003). “Finanças”, 1ª edição, Bookman. Bibliografia Auxiliar: [HG] Haugen (2000). “Modern Investment Theory”, 5ª edição, Prentice-Hall International. [WS] Sharpe, W. (2008) “Investidores e mercados”. 1ª edição, Ed. Novo Conceito. Periódicos científicos: [1] Adcock, Chris; Areal, Nelson; Armada, Manuel; Cortez, Maria; Oliveira, Benilde e Silva, Florinda (2010), Does the use of downside risk-adjusted measures impact performance rankings of UK investments trusts?”, 6th PFN [2] Alexander, Gordon; Baptista, Alexandre e Yan, Shu (2010), “Bank regulation and risk management: na assessment os the Basel market risk framework”, 6th PFN. [3] Areal, Nelson; Cortez, Maria e Silva, Florinda (2010), “Investing in mutual funds: does it pay to be a sinner or a saint?”, 6th PFN [4] Bessler, Wolfang; Blake, David; Luckoff, Peter e Tonks Ian (2010), “Why does mutual funds performance not persist? The impact and interaction of fund flows and manager changes”, 6th PFN. [5] Brookfield, David; Bangassa, Ken e Su, Chen (2010), “Investment style performance of UK unit trusts”, 6th PFN [6] Broto, Gustavo; Jacob, Alexsandro e Moura, Marcelo (2010), “Estimação da curva de juros brasileira via estratégia de hedge: uma abordagem com precificação exata”, X EVFin [7] Castro, Javier e Baidya, Tara (2009), “A medida de performance omega: caraterísticas e aplicações”, SBFIN 2009. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 3 [8] Estrada, Javier (2010), “Geometric mean maximization: an overlooked portfolio approach”, 6th PFN. [9] Fama, Eugene e French, Kenneth (2009), “Luck Versus Skill in the Cross Section of Mutual Fund Returns’”, Tuck School of Business Working Paper No. 2009-56 ; Chicago Booth School of Business [10] Fernandes, Marcelo; Corradi, Valentina e Distaso, Walter (2011), “Conditional alphas and realized betas”, XI EBFin. [11] Ferreira, Miguel; Matos, Pedro e Pereira, João (2010), “Do foreigners know better? A comparison of the performance of local and foreign mutual fund managers?”, 6th PFN. [12] Ferson, Wayne e Siegel, Andrew (2005), “Testing Portfolio Efficiency with Conditioning Information”, Working paper. [13] Fonseca, Juliara; Vieira, Kelmara e Ceretta, Paulo (2010), “Influência da Variação da Liquidez na Precificação de Ativos: Análise em Painel do Mercado Brasileiro no Período de Janeiro de 2000 a Junho de 2008”, X EBFin. [14] Li, Jefferson e Lucinda, Claudio (2009), “Uma análise do potencial anticompetitivo da fusão Oi-BrT usando informações do mercado de capitais, ”, IX EBFin. [11] Mathias, Schmit e Lin-Saya, Chao (2010, “Managing growth risk: lessons from the current crisis”, 6th PFN. [15] Lund, Bruno (2009) “The role of jumps and options in the risk premia of interest rates”, IX EBFin. [16] Nair, A.; Sarkar, A.; Ramanathan, A. e Subramanyam, A. (2009) “Anomalies in CAPM: A Panel Data Analysis Under Indian Conditions”, Internaitonal Research Journal of Finance and Economics. [17] Matos, Paulo; Balbina, Ana e Penna, Christiano (2010), “Fundos de investimento em ações no Brasil: incentivos, gestão e convergência”, working paper CAEN/UFC. [18] Matos, Paulo; Bevilaqua, Giovanni e Filho, Jaime (2012), “Previsão do câmbio real-dólar sob um arcabouço de apreçamento de ativos”, Revista Brasileira de Economia, 66:299–351. [19] Matos, Paulo; Bueno, Amadeus e Trompieri , Nicolino (2012), “Análise de integração financeira na América do Sul”, RBE, forthcoming. [20] Matos, Paulo e Colloda, Rodrigo (2011), “Corretoras de valores no Brasil: análise de performance das recomendações de portfolio”, Working paper, CAEN. [21] Matos, Paulo; Costa, João (2010), “Análise do impacto da classificação de risco no mercado de crédito brasileiro”, Planejamento e Políticas Públicas, 39:65–90. [22] Matos, Paulo; Costa, Carlos e Filho, Jaime, (2010), “The forward-premium puzzle: is it time to abandon the usual regression?”, 6th PFN. [23] Matos, Paulo; Costa, Carlos e Issler, João Victor, (2015), “A Note on the forward and the equity premium puzzles: two symptoms of the same illness?”, Macroeconomic Dynamics, forthcoming. [24] Matos, Paulo; Cordeiro, Adailton e Lacerda, Yuri (2013), “O Poder de Diversificação Internacional de um Investidor Brasileiro: Hermanos, Yes, We Can!”, Mimeo CAEN/UFC. [25] Matos, Paulo; Cruz, Rogerio e Azevedo, Alana, (2013), “Modelagem condicional específica da gestão de risco de mercado nos BRIC”, Mimeo CAEN/UFC. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 4 [26] Matos, Paulo; Cruz, Rogerio e Ferreira, Antônio, (2014), “Gestão de risco das principais tesourarias de fundos de investimento em ações no Brasil”, Mimeo CAEN/UFC. [27] Matos, Paulo; Dias, Ingrid e Trompieri, Nicolino, (2013), “CASSH or ASSH?”, The Empirical Economic Letters. [28] Matos, Paulo; Filho, Alexandre e Beviláqua, Giovanni, (2013), “Modelagem e Apreçamento de ações do Setor Financeiro utilizando fatores setoriais”, Mimeo, CAEN/UFC.[29] Matos, Paulo e Filho, José, (2010), “Instituições financeiras públicas de fomento: exagero de conservadorismo da política de investimentos?”, Revista de Administração Pública, volume 44, nº 2. [30] Matos, Paulo; Landim, Nazareth e Penna, Christiano (2010), “Análise de convergência de performance das Bolsas de Valores: a situação do Ibovespa no cenário mundial”, Revista Brasileira de Finanças, v. 9. [31] Matos, Paulo; Linhares, Fabrício e Zech, Gustavo (2012), “Análise do efeito do patrimônio líquido no apreçamento de fundos de investimento em ações”, Brazilian Business Review, forthcoming. [32] Matos, Paulo; Matias, Gregório e Penna, Christiano (2010), “Análise de Convergência dois retornos das ações no setor financeiro brasileiro”, XI EBFin. [33] Matos, Paulo; Nave, Artur (2012), “On the stock mutual funds management expertise”, Brazilian Business Review, volume especial 1–38. [34] Matos, Paulo e Nogueira, Thiago (2012),”Análise de Performance e Gestão de Fundos de Investimento Multimercados No Brasil”, XII EBFIN. [35] Matos, Paulo e Oliveira, Yan (2014),” Modelagem condicional específica da gestão de risco de mercado das principais bolsas da América do Sul no período de 1998 a 2013”, Mimeo CAEN. [36] Matos, Paulo; Oquendo, Regis e Trompieri , Nicolino (2012), “BRIC: a financial integrated group?”, working paper CAEN/UFC. [37] Matos, Paulo; Benegas, Maurício e Padilha, Guilherme (2012) “On the Management Efficiency of Brazilian Stock Mutual Funds”, Working paper CAEN. [38] Matos, Paulo; Pessoa, Fernanda e Azevedo, Alana, (2013), “Gestão de Risco dos Índices Setoriais do Mercado de Ações Brasileiro”, Mimeo CAEN/UFC. [39] Matos, Paulo; Reis, Cauê e Silva, Felipe (2010), “Estratégia ativa no mercado acionário brasileiro: otimização ou aposta nas winners?”, working paper CAEN/UFC. [40] Matos, Paulo e Rocha, Alan (2009), “Ações e fundos de investimento em ações: fatores de risco comuns?”, Brazilian Business Review, v. 6, nº 1. [41] Matos, Paulo; Reinaldo, Luciana e Sampaio, Roberto (2014), “O que motiva o default das famílias? Modelagem da inadimplência dos estados brasileiros”, Mimeo CAEN/UFC. [42] Matos, Paulo; Silva, Felipe e Correa, Wandermon (2012), “Há bons gestores de fundos de investimento em ações no Brasil?” VIII Prêmio ANBIMA de Mercado de Capitais. [43] Matos, Paulo e Simonassi, Andrei (2008), “On The Empirics of The risk-free rate: the Brazilian case”, 5th PFN. [44] Matos, Paulo; Vasconcelos, Joyciane e Penna, Christiano (2013), “Política creditícia no Brasil: o sertão vai virar mar?”, ANPEC, forthcoming. [45] Nobre, Lucas e Linhares, Fabricio (2009) “Análise de Eficiência para Mercados de Ações Interdependentes”, X SBE. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 5 [46] Rubbany, Ghulame; Verschoor, Willem e Lelyveld, Iman (2010), “Home bias and dutch pension fund’s investment behavior”, 6th PFN. [47] Silva, Elizângela e Lima, Romeu (2009), “Evidências Empíricas do Efeito Janeiro no Mercado Acionário Brasileiro”, working paper. [48] Varga, Gyorgy e Wengert Maxim. (2009), “The Brazilian Mutual Fund History”, SBFIN 2009. VI – METODOLOGIA - Aulas presenciais teóricas - Análise de modelos econômicos - Apresentação de estudos de caso - Uso de softwares - Resolução de exercícios VII – CURRICULUM RESUMIDO DO PROFESSOR Paulo Rogério Faustino Matos é Doutor em Economia pela Fundação Getulio Vargas (EPGE/FGV-RJ, 2003 - 2006), onde foi bolsista Nota 10 da FAPERJ – destinada ao primeiro lugar do curso – e Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Ceará (UFC, 1997 - 2002). Atualmente é Professor Adjunto III nos programas de Graduação em Administração e Ciências Atuariais da UFC e de Pós-Graduação em Economia da UFC (CAEN/UFC), Coordenador da Graduação em Ciências Atuariais e Coordenador do Mestrado Profissional em Finanças e Seguros (MPFS/CAEN). Em termos de pesquisa, é Pesquisador CNPQ (2F), compõe o grupo de pesquisadores do Laboratório de Estudo da Pobreza (LEP/CAEN), coordena o Núcleo de Conjuntura Econômico-Financeira (NCF/CAEN), é parecerista de algumas das principais revistas em finanças e economia do país e membro da Sociedade Brasileira de Finanças (SBFin) e Editor Associado da Brazilian Business Review (BBR). Suas áreas de pesquisa são: i) Finanças Internacionais; ii) Apreçamento de Ativos e iii) Sistema Financeiro e Desenvolvimento. Endereço para CV lattes: http://lattes.cnpq.br/0288522400109962 Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 6 1. Mercados e instrumentos financeiros Noções básicas sobre o mecanismo dos mercados financeiros e os tipos de instrumentos financeiros e suas principais características são fundamentais para o estudo de qualquer tema em Finanças. Dessa forma, iremos apresentar nesta seção a terminologia, as definições e os conceitos, enfatizando os diversos ativos brasileiros e mundiais. 1.1. Instrumentos Financeiros Os instrumentos financeiros podem ser segmentados em dois tipos principais de ativos: 1 1. Ativos do Mercado Monetário (ou cash equivalents) - Ativos de alta liquidez e baixo risco 2. Ativos do Mercado de Capitais - Ativos de longo prazo e maior exposição ao risco. Devido ao seu grande número são subdivididos em: (a) Renda Fixa de Longo Prazo (b) Mercado de Ações (c) Mercado de Derivativos Financeiros Mais detalhadamente, temos a Figura 1.1: 1.1.1. Mercado monetário Este mercado é um componente do mercado de renda fixa, sendo composto por ativos de curto prazo de alta liquidez e grandes denominações, muitas vezes inacessíveis ao investidor individual, que os adquirem através de instituições financeiras (via fundos). Títulos públicos: Os títulos públicos são vistos como de maior liquidez e de menor risco para os investidores. No entanto, esse risco existe e pode ser chamado de risco de default, associado à capacidade do emissor conseguir pagar suas obrigações. Para avaliar esse risco, existem as agências de classificação (rating) que medem o risco de inadimplência de firmas e de governos. Algumas das mais conhecidas são: Moody’s Investor Service, Standard & Poor’s e Fitch.: 1. Títulos Brasileiros 2 (a) Pré-fixados i. Letras do Tesouro Nacional (LTN) (b) Pós-fixados i. NTN-C: Indexadas ao IGPM + cupons semestrais de 6% a.a. ii. NTN-D: Indexadas ao dólar (PTAX) + cupons semest. de 6%a.a. iii. NTN-H: Corrigidas pela TR iv. Letras Financeiras do Tesouro (LFT): Correção pela taxa SELIC (c) Híbridos (Pré-fixados até uma data definida e pós-fixados, daí em diante) i. BBC-A 1 É possível ainda citar os mercados de crédito e de câmbio como sendo componentes do sistema financeiro. Para maiores detalhes do mercado de câmbio e previsão, ver Matos, Bevilaqua e Filho (2010). Para detalhes sobre o mercado de crédito no Brasil, com mapeamento da alocação de recursos, ver Matos, Vasconcelos e Penna (2010) e para impacto de ratings nesse mercado, ver Matos e Costa (2010). 2 É importante lembrar que, devido à Lei de Responsabilidade Fiscal, a partir de março de 2002 o BACEN não poderá mais emitir títulos. Desta forma, a política monetária será feita com títulos do Tesouro. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 7 Figura 1.1. Mercado Financeiro Brasileiro Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 8 2. Títulos Americanos (a) Treasure Bills: Pré-fixado com vencimento em até 1 ano A negociação dos títulos públicos é totalmente eletrônica (SISBACEN no Brasil), existindo diversos tipos de leilão que permitem ao Governo escolher as melhores ofertas e estabelecer as quantidades vendidas aos investidores. Outro ponto importante é que cada mercado possui um formato peculiar de divulgação de seus preços. Alguns mercados negociam o deságiosobre o valor de face, outros diretamente o preço do ativo e ainda a taxa over. (Ver Exercício 1) Ainda sobre os títulos do governo brasileiro, em 2004, o Tesouro Nacional promoveu diversas novas medidas visando melhorar a gestão da dívida pública, além de aprimorar outras que já haviam sido tomadas em 2003. Do lado da oferta, foi dada ênfase ao mercado de títulos indexados a índices de preços, especialmente NTN-B (indexado ao IPCA). A partir de setembro, passou-se também a emitir NTN-B com prazo de 40 anos, que se constitui no mais longo título público atualmente em circulação, tanto no mercado doméstico quanto no mercado internacional. O grande range no risco e nos prazos de vencimento dos títulos (de 1 a 40 anos), gera complicação na “classificação destes ativos”, se pertencentes a um ou a outro mercado. A seguir, um gráfico da evolução da dívida líquida do setor público como razão do PIB, cujo resultado pode ser uma conseqüência de efeitos conjuntos associados às taxas de crescimento do PIB brasileiro, assim como uma possível postura mais austera em termos fiscais. Figura 1.2.: Evolução da Dívida Líquida do Setor Público/PIB (Fonte: Tesouro Nacional) Na Figura 1.3, consta a evolução na composição da dívida do governo brasileiro. Figura 1.3.: Evolução da Composição da Dívida Pública (Fonte: Tesouro Nacional) Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 9 Conforme esta evolução, também extraída do Tesouro, tem-se a composição dos títulos emitidos pelo governo brasileiro em função dos indexadores, em que se observa uma espécie de “migração”de títulos lastreados em moeda estrangeira (original sin), no começo da década para títulos indexados em índices de preço e SELIC, em um sinal emitido por investidores de confiança na estabilidade econômica sem ilusão monetária e no regime de metas de inflação. Certificados de Depósito: Caracterizam-se por depósitos remunerados num banco, onde os juros e o principal somente são recebidos após o vencimento. Correspondem aos CDB’s e RDB’s no caso brasileiro e aos TD’s no mercado americano. Commercial Papers: Títulos emitidos pelas empresas para captar recursos diretamente dos investidores, não utilizando o sistema bancário como intermediário da operação. Eurodólares: Correspondem aos depósitos denominados em dólares em contas fora dos Estados Unidos. Dicas acadêmicas: Papers (renda fixa) bem aceitos no X EBFIN-SP foram Broto, Jacob e Moura (2010), assim como o premiado, porém bastante denso, Lund (2009). 1.1.2. Mercado de capitais Corresponde aos ativos de maior prazo ou risco do que os do mercado monetário. Mercado de Renda Fixa: Basicamente, composto pelos títulos Públicos de Longo Prazo. O pequeno prazo de vencimento da maioria dos ativos brasileiros faz com que eles sejam majoritariamente enquadrados no mercado monetário. Além disso, a grande variância nos prazos de vencimento dos títulos pertencentes a uma mesma série, pode fazer com que façam parte deste mercado e não do descrito anteriormente. 1. Títulos Americanos (a) Treasure Notes (T-Notes): Pré-fixado com vencimento em até 10 anos e pagamentos semestrais de juros (que variam de acordo com a emissão) (b) Treasure Bonds (T-Bonds): Prazo de vencimento entre 10 e 30 anos. Os T-Bonds possuem além do prazo de vencimento uma característica diferente das T-Notes, que é a opção de recompra. Assim, o Governo tem o direito de recomprar o papel a partir de uma data estabelecida na emissão (geralmente 5 anos). Estes títulos são negociados como uma fração do valor de face (ex.: 96,32%). Mercado Hipotecário: (Mortgage-Backed Securities) Nos Estados Unidos, o mercado de hipotecas imobiliárias é muito grande, sendo considerado o maior mercado financeiro existente, correspondendo a 13% Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 10 do total de ativos do setor financeiro americano (aproximadamente US$ 4 trilhões ao final do ano de 2007).3 As hipotecas individuais são agregadas em um grande fundo, permitindo que sejam emitidos títulos de longo prazo lastreados nas receitas destes fundos (o pagamento dos financiamentos). Isto permite a criação de um mercado secundário, diluindo o risco de crédito das instituições financeiras e impulsionando os investimentos neste setor. Dicas acadêmicas: Querendo relembrar ou aprender um pouco mais sobre a crise financeira internacional, ver a apresentação no FENAFISCO 2009 de Paulo Matos. Títulos Corporativos: Nesta classe estão os diversos tipos de títulos utilizados pelas empresas para financiar seus projetos e necessidades financeiras. Podemos citar as debêntures (títulos sem garantia), os títulos com garantia e títulos subordinados (aqueles com algum direito aos ativos da empresa em caso de falência). Estes títulos também podem possuir uma opção de recompra (callable bonds) ou serem conversíveis, isto é, podem ser convertidos em ações da empresa emissora. Mercado de Ações: (Equity Markets) Neste mercado, estão englobados todos os ativos que dão direito de propriedade sobre o patrimônio da empresa a seus detentores, caso das ações e, generalizando, dos índices de mercado. As ações correspondem ao ativo mais comum (e conhecido), cujas principais características inerentes ao possuidor da ação, ou seja, sócio da empresa, são: a responsabilidade limitada e os direitos residuais (limited liability e residual claims). O direito residual significa que os acionistas são os últimos da “fila” de todos aqueles que têm direito sobre os ativos e a renda da empresa em questão, de forma que em uma liquidação dos ativos da empresa, os acionistas possuem direito sobre o que sobrar depois de pagar mediante especificação da Lei de Falências, os outros reclamantes, tais como, as os funcionários, as autoridades tributárias, fornecedores... A contrapartida deste aspecto consiste na responsabilidade limitada, ou seja, no fato de que o acionista por sua vez, no máximo perde, em caso de falência da empresa, seu dinheiro investido, pois estes não funcionam como donos da empresa, não podendo, portanto, ser importunados por credores reivindicando direitos sobre os ativos pessoais do acionista. As ações podem assumir diferentes valores ou cotações, conforme definições abaixo: - Contábil – valor lançado no estatuto - Patrimonial – razão entre o PL (valor contábil devido pela pessoa jurídica aos sócios ou acionistas, baseado no Princípio da Entidade) e quantidade total de ações emitidas - Intrínseco – valor apurado em estudo fundamentalista - Liquidação – valor estimado para o caso de encerramento das atividades da companhia - Subscrição – valor em subscrições para aumento de capital de capital social (investimento efetuado na companhia pelos seus proprietários e acionistas, que adquiriram os títulos denominados de ações) - Mercado – valor cotado nas bolsas e em mercado de balcão 3 O mercado cambial é tido como o maior mercado financeiro, quando considerado o mercado mundial, movimentando cerca de 10 vezes o volume transacionado em mercados, como a Bolsa de Nova Iorque (NYSE – New York Stock Exchange). Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 11 As ações podem ainda ser classificadas em ON e PN, ou de acordo com sua representatividade no mercado ou tradição da empresa. A seguir, algumas das principais taxonomias usadas no mercado brasileiro.4 Existem, basicamente, dois tipos de ação: - Ordinárias Nominativas (ON) - Ação que proporciona participação nos resultados econômicos de uma empresa. Confere a seu titular o direito de voto em assembléia sobre o sistema de poder na companhia. Não dão direito preferencial a dividendos.5 - Preferenciais Nominativas (PN) - Ação que oferece a seu detentor prioridades no recebimento de dividendos e/ou, no caso de dissolução da empresa, noreembolso de capital. Em geral não concede direito a voto em assembléia. Podem existir em uma mesma empresa mais de um tipo de ações PN, geralmente denominadas PNA e PNB. A Lei de 9547/1997 atribuiu às preferenciais um dividendo no mínimo 10% maior que os atribuídos às ações ordinárias.6 Qual delas deveria possuir maior liquidez? Observe o trecho da Ata do dia 09 de novembro de 2009 da empresa Investimentos Itaú SA e analise o que poderia estar motivando tal sugestão. [...] II - Conversibilidade de Ações Como é do conhecimento geral, existe uma diferença substancial de liquidez entre as ações preferenciais da Companhia, integrantes do índice Bovespa, e as ações ordinárias, cujo volume de negociação é substancialmente menor. A título de exemplo, no corrente ano foram negociadas, nos pregões da BM&FBOVESPA, 1.851 milhões de ações preferenciais da Companhia (média diária de 8.774 mil ações), ao passo que no mesmo período foram negociadas apenas 7 milhões de ações ordinárias (média diária de 37 mil ações). Neste contexto, vimos propor aos acionistas que se faculte a conversão de ações ordinárias em preferenciais dos acionistas que assim o desejarem, mediante prévia alteração estatutária, nos termos do artigo 19 da Lei nº 6.404/76, e conforme proposta específica formulada em cada caso pelo Conselho de Administração, respeitado o limite legal de 2/3 de ações preferenciais previsto na lei e no estatuto social. [...] Uma Ação Endossável é uma ação nominativa que pode ser transferida mediante simples endosso no verso. De acordo com o tipo de registro podem ser classificadas como: - Nominativas : Cautela ou certificado que apresenta o nome do acionista, cuja transferência é feita com a entrega da cautela e a averbação do termo, em livro próprio da sociedade emitente e identificada pelo acionista. - Escriturais : não são representadas por cautela ou certificado. Funciona como uma conta corrente, na qual os valores são lançados a débito ou a crédito dos acionistas. Não há movimentação física de documentos. As ações negociadas no Brasil na Bovespa e no mercado de balcão organizado são deste tipo. - Ao portador : Sem identificação de propriedade. São de quem apresentar as ações. Desde 1990 o Brasil não possui mais ações dessa forma, como forma de coibir o uso desses papéis na lavagem de dinheiro. 4 Fonte: Wikipedia 5 Geralmente, estabelecidos em assembléias dos acionistas, sendo seu valor uma função do lucro líquido, com o mínimo de 25% deste. 6 Estas podem dar direito a voto, se definido pelo estatuto da companhia. Em caso de não distribuição de resultados por 3 exercícios consecutivos, estas ações passam a conceder direito a voto, assim como as ordinárias. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 12 Pela liquidez do papel, tem-se a seguinte classificação: - Primeira linha ou blue chips : grande volume negociado, grande número de vendedores e compradores; - Segunda linha : ações menos negociadas. Pelo grau de capitalização da empresa: - Large caps: alta capitalização - Mid caps: média capitalização - Small caps: baixa capitalização Pelo tipo de mercado em que são vendidas, as ações podem ser classificadas como: - Mercado Integral (Lote padrão): Lote de títulos que apresentam múltiplos da quantidade estabelecida como lote padrão. Essa quantidade de títulos é prefixada pelas bolsas de valores. Quando um investidor opera comprando ou vendendo em múltiplos do lote padrão, sua ordem cai no Mercado Integral, onde estará disponível para investidores de maior porte, que também estão operando dentro do lote padrão. - Mercado fracionário (Lote fracionário): Lote de títulos que apresenta uma quantidade de ações inferior ao lote-padrão estabelecido. Quando um investidor opera comprando ou vendendo em quantidades abaixo do lote padrão, sua ordem cai em um mercado paralelo chamado de Mercado Fracionário, onde estará disponível somente para investidores de pequeno porte, os quais também estão operando abaixo do lote padrão. Curiosidade: Uma operação comum no mercado acionário consiste no split. Assim como no dicionário, no mercado acionário esta operação de desdobramento basicamente significa dividir uma ação em mais, gerando assim seus “filhotes”. Portanto, uma empresa que desdobra suas ações multiplica o total de ações em circulação no mercado, mas sem aumentar o seu capital social. Um exemplo recente foi a CSNA3 que no dia 25/3 passou de R$68,50 para R$34,25 no seu fechamento. Qual o benefício implícito nesta operação? Índices: Neste tópico encaixam-se também os índices de mercado, que são uma ponderação do preço de vários ativos usados para construção de um número-índice representativo (ex: Nasdaq, Ibovespa, IBA, IBX, DJIA, etc...). Os índices podem ser divididos de acordo com sua metodologia de construção: 1. Ponderação Simples (Equal-Weighted) Esta forma de ponderação utiliza a média aritmética dos retornos dos ativos em um dado momento do tempo. Estes índices são problemáticos, pois ações de baixa capitalização de mercado podem possuir grande peso, caso tenham tido excelente performance. Um exemplo bem conhecido seria o DJIA – Dow Jones Industrial Average. 2. Capitalização de Mercado (Market-Cap Weighted ou Value Weighted) Este índice corrige o viés mencionado acima, ao utilizar o valor de mercado de cada ativo/empresa como ponderador. Os exemplos mais conhecidos seriam a Nasdaq e o Ibovespa. (Ver Exercício 2). Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 13 Na tabela a seguir, retirada do site do S&P 500, um exemplo da performance e do peso de cada uma das cinco ações que compõem um índice hipotético. Tabela 1.1: Performance de carteira hipotética (equal vs. value weighted) Stock Return % Mkt. Weight % Equal Weight % Contribution Mkt. Weight Contribution Equal Weight ABC 4 50% 20% 2 0.80 DEF 3 30% 20% 0.90 0.60 GHI 7 10% 20% 0.70 1.40 JKL 4 7% 20% 0.28 0.80 MNO 12 3% 20% 0.36 2.40 Total - 100% 100% 4.24% 6% Por fim, vejamos agora os índices de ações e títulos mais conhecidos. Índices de Títulos: (a) J.P. Morgan’s EMBI+ Bond Index: Mensura retornos de instrumentos da dívida externa de países emergentes. Inclui Brady bonds e eurobônus. Os três maiores países da América Latina: Argentina, Brasil e México (que têm o maior volume de negociação destes instrumentos de dívida), são os que possuem maior peso no índice. Além disso são incluídos África do Sul, Bulgária, Filipinas, Marrocos, Nigéria, Polônia e Rússia. (b) J.P. Morgan’s EMBI Global: Similar ao EMBI+, porém inclui um número muito maior de países e de instrumentos da dívida, propondo-se a ser o benchmark para avaliação da performance dos instrumentos da dívida dos países emergentes. (c) Lehman Brothers ® Aggregate Bond Index: Mede o retorno agregado de um grande conjunto de títulos americanos. Com relação aos índices de ações, comecemos pelo Índice Bovespa (IBOVESPA), o mais importante indicador do desempenho médio das cotações do mercado de ações brasileiro. Sua relevância advém do fato do Ibovespa retratar o comportamento dos principais papéis negociados na BOVESPA e também de sua tradição, pois o índice manteve a integridade de sua série histórica e não sofreu modificações metodológicas desde sua implementação em 1968. Com relação à construção deste importante índice, seu valor corresponde ao valor atual, em moeda corrente, de uma carteira teórica de ações constituída em 02/01/1968 (valor-base: 100 pontos), a partir de uma aplicação hipotética.7 Mas o que estaria sendo dito quando de um anúncio no jornal de que a Bolsa atingiu X mil pontos? Se um índice de ações alcança X mil pontos, isso significa que alguém que tenha investido $ 100 no primeiro dia de negociação, obedecendo à composição das ações da carteira,7 O Índice sofreu, unicamente para efeito de divulgação e sem prejuízo de sua metodologia de cálculo, as seguintes adequações: 1 – divisão por 100, em 03/10/1983; 2 – divisão por 10, em 02/12/1985; 3 – divisão por 10, em 29/08/1988; 4 – divisão por 10, em 14/04/1989; 5 – divisão por 10, em 12/01/1990; 6 – divisão por 10, em 28/05/1991; 7 – divisão por 10, em 21/01/1992; 8 – divisão por 10, em 26/01/1993; 9 – divisão por 10, em 27/08/1993; 10 – divisão por 10, em 10/02/1994; 11 – divisão por 10, em 03/03/1997. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 14 terá hoje $ X mil, desde que essa pessoa tenha reinvestido todos os dividendos recebidos ao longo do tempo seguindo a carteira. Tabela 1.2: Composição do Ibovespa no segundo quadrimestre de 2008 Supõe-se não ter sido efetuado nenhum investimento adicional desde então, considerando-se somente os ajustes efetuados em decorrência da distribuição de proventos pelas empresas emissoras (tais como reinversão de dividendos recebidos e do valor apurado com a venda de direitos de subscrição, e manutenção em carteira das ações recebidas em bonificação). Dessa forma, o índice reflete não apenas as variações dos preços das ações, mas também o impacto da distribuição dos proventos, sendo considerado um indicador que avalia o retorno total de suas ações componentes. Extremamente confiável e com uma metodologia de fácil COD. ACAO TIPO PART. % COD. ACAO TIPO PART. % ALLL11 ALL AMER LAT UNT ED 1,74 KLBN4 KLABIN S/A PN 0,48 AMBV4 AMBEV PN ES 1,21 LIGT3 LIGHT S/A ON 0,28 ARCZ6 ARACRUZ PNB 0,85 LAME4 LOJAS AMERIC PN 1,13 BTOW3 B2W VAREJO ON 1,14 LREN3 LOJAS RENNER ON 1,07 BBDC4 BRADESCO PN 3,84 NATU3 NATURA ON 0,89 BRAP4 BRADESPAR PN EJ 1,42 NETC4 NET PN 1,56 BBAS3 BRASIL ON 2,38 BNCA3 NOSSA CAIXA ON 0,42 BRTP3 BRASIL T PAR ON 0,34 PCAR4 P.ACUCAR-CBD PN ED 0,73 BRTP4 BRASIL T PAR PN 0,73 PRGA3 PERDIGAO S/A ON EJ 1,11 BRTO4 BRASIL TELEC PN 0,76 PETR3 PETROBRAS ON EB 2,64 BRKM5 BRASKEM PNA 0,87 PETR4 PETROBRAS PN EB 14,14 CCRO3 CCR RODOVIAS ON 0,79 RSID3 ROSSI RESID ON 0,54 CLSC6 CELESC PNB ED 0,18 SBSP3 SABESP ON 0,54 CMIG4 CEMIG PN EDB 1,80 SDIA4 SADIA S/A PN 1,00 CESP6 CESP PNB 1,55 CSNA3 SID NACIONAL ON EDJ 2,77 CGAS5 COMGAS PNA 0,19 CRUZ3 SOUZA CRUZ ON EJ 0,52 CPLE6 COPEL PNB 0,82 TAMM4 TAM S/A PN 1,13 CSAN3 COSAN ON 1,05 TNLP3 TELEMAR ON 0,64 CPFE3 CPFL ENERGIA ON 0,68 TNLP4 TELEMAR PN 1,52 CCPR3 CYRE COM-CCP ON ED 0,10 TMAR5 TELEMAR N L PNA 0,27 CYRE3 CYRELA REALT ON ED 1,28 TMCP4 TELEMIG PART PN 0,19 DURA4 DURATEX PN 0,79 TLPP4 TELESP PN 0,26 ELET3 ELETROBRAS ON 0,93 TCSL3 TIM PART S/A ON 0,33 ELET6 ELETROBRAS PNB 1,08 TCSL4 TIM PART S/A PN 0,99 ELPL6 ELETROPAULO PNB ED 0,83 TRPL4 TRAN PAULIST PN 0,34 EMBR3 EMBRAER ON 0,79 UGPA4 ULTRAPAR PN 0,48 GFSA3 GAFISA ON 0,99 UBBR11 UNIBANCO UNT 2,78 GGBR4 GERDAU P N 26,738 2,59 USIM3 USIMINAS ON EB 0,56 GOAU4 GERDAU MET PN 0,81 USIM5 USIMINAS PNA EB 3,06 GOLL4 GOL PN ED 1,23 VCPA4 V C P PN 0,70 ITAU4 ITAUBANCO PN ED 3,16 VALE3 VALE R DOCE ON 3,35 ITSA4 ITAUSA PN EBS 2,44 VALE5 VALE R DOCE PNA 12,75 JBSS3 JBS ON ED 0,61 VIVO4 VIVO PN 0,86 Quantidade teórica total 100,00 Composição do Ibovespa - 2º quadrimestre de 2008 Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 15 acompanhamento pelo mercado, o Índice Bovespa representa fielmente o comportamento médio das principais ações transacionadas, e o perfil das negociações à vista observadas nos pregões da BOVESPA, cuja metodologia de cálculo detalhada encontra-se no apêndice deste capítulo e cuja composição em 2008.2 encontra-se a seguir. (Ver Exercício 4). Além, porém deste que é o principal índice, há ainda outros, tais como: (a) IBrX100 (Índice Brasil), que mede o desempenho de uma carteira composta por 100 ações entre as mais negociadas da Bolsa de Valores; (b) IGC (Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada), que mede o desempenho das ações de empresas listadas no Novo Mercado e nos Níveis 1 e 2 de governança corporativa da BOVESPA; (c) ITAG (Índice de Ações com Tag Along Diferenciado), que mede o desempenho das ações de companhias que concederam aos acionistas não controladores ou minoritários o direito de receber proposta de compra de ações em caso de mudança de controle em condição melhor do que a preconizada pela Lei das Sociedades Anônimas (Lei n. 6.404, 15/12/76); (d) ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial), que mede o desempenho de ações de empresas que atendem critérios de sustentabilidade econômica, social e ambiental; (e) IEE (Índice de Energia Elétrica), que mede o desempenho das ações de empresas do setor elétrico; (f) ITEL (Índice de Telecomunicações), que mede o desempenho de ações de empresas do setor de telecomunicações. (g) IMOB (Índice Imobiliário), que medindo o comportamento das ações das empresas representativas dos setores da atividade imobiliária compreendidos por construção civil , intermediação imobiliária e exploração de imóveis (h) IVBX-2 (Índice de Valor da Bovespa), que mensura o comportamento de papéis emitidos por empresas de excelente conceito junto aos investidores, classificadas a partir da 11ª posição, em termos de valor de mercado e liquidez de suas ações. (i) FGV-100, que consiste em um índice de ações Calculado pela FGV desde 1986, composto por 100 empresas privadas não-financeiras, que têm seus papéis negociados na Bovespa. O FGV100 tem servido ao mercado financeiro como importante referencial de desempenho das chamadas "ações de segunda linha" nas bolsas brasileiras, sendo a seleção da carteira de ações baseada no tamanho, no desempenho econômico-financeiro das empresas, onde parâmetros como alta rentabilidade e baixo nível de endividamento contam pontos a favor, e no alto coeficiente de liquidez dos papéis. Na construção do índice, os preços de cada ação são ponderados pelo patrimônio líquido (P.L.) da empresa correspondente. Índices de ações representativos das respectivas bolsas: (a) EUA: DJIA, S&P 500, Nasdaq, Russel 2000, Wilshire 5000 (b) Inglaterra (Londres): FTSE-100 (Footsie) (c) Alemanha (Frankfurt): DAX (d) Japão (Tóquio): Nikkei 225 (e) França (Paris): CAC-40 Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 16 Um estudo recente sobre a performance prevista, a ser modelada via arcabouços semi- paramétricos de convergência de séries temporais com tendência, é Matos, Landim e Penna (2010), aceito no X EBFIN-SP. Este artigo consiste em uma análise da validade da hipótese de tendência de crescimento comum presente na evolução da cotação dos Índices de 36 das principais Bolsas de Valores mundiais alocadas em economias com os mais diversos níveis de desenvolvimento, situadas em todos os continentes, durante o período de janeiro de 1998 a dezembro de 2007, com base no arcabouço semi-paramétrico de Philips e Sul (2007). Observe a Figura 1.4, a seguir, onde fica evidente o uso de uma técnica que seja capaz de capturar a hipótese de convergência, dada a heterogeneidade dos países e uma vasta possibilidade de trajetórias possíveis. Figura 1.4. Performance acumulada de índices de 36 das principais bolsas de valores no mundo De acordo com esta figura, parece ser possível evidenciar aparentemente um descolamento mais significativo a partir de 2005 dos índices IGBVL (Lima) e IGBC (Bogotá), além de um segundo grupo, no qual estariam os índices JCI (Jacarta), Ibovespa (São Paulo), RTS (Moscou), All Shares (Joanesburgo), IPC(México), BUX (Budapeste) e KOSPI (Seul), estando as demais bolsas muito próximas umas das outras ao final do período analisado. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 17 Tabela 1.3. Estatísticas descritivas dos índices de 36 das principais bolsas de valores no mundo Desvio- Padrão Semi- variância Mínimo Máximo AEX AMSTERDÃ (HOLANDA) 0,018% 6,053% 4,809% -27,498%13,459% 1983 MVW SET-BANGKOK BANGCOC (TAILÂNDIA) 1,084% 9,524% 6,353% -21,620% 32,870% 1995 MVW IGBC BOGOTÁ (COLÔMBIA) 2,062% 8,754% 5,972% -20,214% 26,486% 2001d MVW SENSEX-30 BOMBAIM (ÍNDIA) 1,695% 7,320% 5,388% -15,983% 19,256% 1986 MVW IBOVESPA SÃO PAULO (BRASIL) 2,014% 9,535% 7,166% -39,554% 24,046% 1968 MVW BEL-20 BRUXELAS (BÉLGICA) 0,634% 6,344% 4,129% -19,639% 44,015% 1990 MVW BUX BUDAPESTE (HUNGRIA) 1,311% 7,806% 6,060% -36,064% 18,539% 1995 MVW MERVAL BUENOS AIRES (ARGENTINA) 1,619% 11,750% 7,732% -39,114% 48,676% 1986 PW IBVC CARACAS (VENEZUELA) 1,895% 10,742% 6,720% -42,367% 48,288% 1987 MVW STRAITS TIMES CINGAPURA (CINGAPURA) 0,974% 7,657% 5,241% -19,524% 28,213% 1998 MVW KFX COPENHAGUE (DINAMARCA) 0,793% 5,147% 3,783% -14,384% 13,105% 1996 MVW OMX ESTOCOLMO (SUÉCIA) 0,253% 12,107% 9,775% -78,338% 30,634% 1986 PW DAX-30 FRANKFURT (ALEMANHA) 0,768% 6,757% 5,066% -25,422% 21,378% 1987 MVW HANG SENG HONG KONG (H. KONG) 1,057% 7,353% 4,859% -13,956% 28,813% 1969 MVW CAMP-JCI JACARTA (INDONÉSIA) 1,982% 8,610% 6,136% -28,913% 28,427% 1982 MMCW ALL SHARES JOANESBURGO (A. DO SUL) 1,496% 6,274% 4,764% -29,870% 14,312% 1999 MVW KLSE COMP KUALA LUMPUR (MALÁSIA) 1,061% 8,172% 5,250% -24,771% 34,235% 1986 MVW IGBVL LIMA (PERU) 2,225% 7,874% 5,426% -26,197% 28,415% 1981 MVW F.TIMES-100 LONDRES (R. UNIDO) 0,266% 3,858% 2,986% -11,958% 8,654% 1984 MVW GERAL MADRI (ESPANHA) 1,243% 9,731% 6,103% -34,612% 53,915% 1985 MVW P CAMP MANILA (FILIPINAS) 0,863% 8,027% 5,232% -25,837% 39,329% 1994 MVW IPC MÉXICO (MÉXICO) 1,722% 7,265% 5,463% -29,518% 19,317% 1978 MVW MIBTEL MILÃO (ITÁLIA) 0,632% 5,815% 3,960% -15,333% 23,595% 1994 MSW NASD – COMP NOVA IORQUE (EUA) 0,773% 8,147% 5,948% -22,902% 21,976% 1961 MMCW DOW JONES NOVA YORQUE (EUA) 0,524% 4,288% 3,146% -15,132% 10,605% 1896 PW CAC 40 PARIS (FRANÇA) 0,676% 5,490% 4,102% -17,490% 13,415% 1987 MVW IPSA SANTIAGO (CHILE) 1,132% 7,680% 5,571% -29,860% 33,165% 1977 MVW KOSPI SEUL (C. DO SUL) 1,840% 10,166% 6,483% -20,082% 48,363% 1983 MVW SHENZEN B SHENZEN (CHINA) 1,436% 16,053% 10,096% -80,851% 109,076% 1992 MVW ALL ORDINARIES SIDNEI (AUSTRÁLIA) 0,785% 2,997% 2,294% -8,278% 7,137% 1980 MVW TAIPÉ TAIPÉ (TAIWAN) 0,314% 7,594% 5,145% -19,348% 25,132% 1996 MVW NIKKEI TÓQUIO (JAPÃO) 0,140% 5,230% 3,826% -13,866% 10,225% 1949 PW S&P500 NOVA IORQUE (EUA) 0,432% 4,134% 3,062% -11,002% 9,672% 1957 MVW SSE GENEBRA (SUIÇA) 0,918% 8,292% 3,923% -18,934% 75,885% 1988 MVW S&P500 TORONTO (CANADÁ) 0,708% 4,501% 3,430% -14,781% 12,447% 1975 MVW RTS MOSCOU (RÚSSIA) 2,578% 14,359% 10,579% -56,158% 55,981% 1995 MVW a Painel contendo séries temporais mensais de retornos nominais líquidos de índices de 36 das principais bolsas de valores no mundo (1998.1 a 2007.12, 120 observações) b Pela classificação usual, uma carteira pode ser tal que, sua composição seja price weighted, PW, (o preço de cada ativo component é a única variável relevante na determinação do valor da carteira), market-value ou capitalization weighted, MVW, (a cotação da carteira é ponderada de acordo com seu valor de mercado), market-share weighted , MSW , (a cotação da carteira é ponderada de acordo com sua quantidad de ações emitidas), ou modified market cap weighted, MMCW, (uma metodologia híbrida entre equal weighting e capitalization weighting ). MÉDIA RISCO CIDADE (PAÍS)ÍNDICE AMPLITUDE Ano de construção do Índice Weighting Uma observação, porém, mais atenta a esta Figura permite inferir que, diante de séries temporais de variáveis tão voláteis (desvios-padrão que oscilam entre 3% e 16% ao mês), com valores iniciais bastante próximos, em torno de um, e terminais que variam de um a dez, Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 18 aproximadamente, sem uma espécie de refinamento torna-se impossível fazer distinções com um mínimo grau de precisão sobre as tendências lineares ou não de crescimento das 36 séries temporais apresentadas. No painel acima selecionado, o qual compreende 36 índices, ou seja, todas as bolsas de valores mundiais com série temporal completa entre 1998 e 2007 na base de dados do CMA Trade, têm-se: seis bolsas em cidades situadas na América do Sul, uma na América Central, quatro na América do Norte, uma no continente Africano, doze em países europeus, onze na Ásia e uma na região da Oceania. Uma característica interessante desta amostra consiste não somente em sua heterogeneidade em termos de localização geográfica, mas também no que se refere à maturidade dos índices em questão, havendo índices com mais de 60 anos de existência, como o Nikkei no Japão, até carteiras que somente nesta última década começaram a ser oficialmente transacionadas publicamente. Com relação á fórmula usada na composição da cotação do índice, percebe-se um padrão bastante comum, em que, exceto pelos índices Nikkei, OMX, Merval e Dow Jones, todos estes price-weighted, e dos índices CAMP-JCI e Nasdaq COMP, ambos compostos tais que, são modified market cap weighted, todos os demais assumem uma ponderação dada pelo valor de mercado das empresas em questão no cálculo da cotação do índice, métrica que reduz a sensibilidade da carteira a variações excessivas em ações tidas como de segunda linha ou menos relevantes (small caps). Observando as estatísticas descritivas mais simples, evidencia-se um comportamento comum a todos os índices de ganhos médios nominais, oscilando desde 0,02% ao mês em Amsterdã até cerca de 2,6% na Bolsa da Rússia, com destaque para o padrão caracterizado pelos altos níveis de retorno esperado para bolsas na América do Sul, todos com valores superiores a 1,5% ao mês, exceto pelo IPSA no Chile. Nos países asiáticos, os ganhos mensais médios oscilam entre 0,8% a 1,9%, exceto Taiwan, havendo ainda um perfil mais conservador das bolsas na América do Norte e na Europa, tanto em termos de ganhos mais moderados, oscilando entre 0% e 1,3%, exceto Rússia, como consequentemente nos riscos associados, mensurados por métricas, como o tradicional e simétrico desvio-padrão, à sofisticada e intuitiva semi-variância. Seguindo a lógica intuitiva na relação risco-retorno, esta última métrica assume valores que variam de 3% a 6% ao mês nestas regiões, com as exceções dadas pela Rússia e Suécia, sendo tais valore mais elevados na Ásia e América, em torno de 5% a 6% e 5% a 8%, respectivamente, com exceção da volátil bolsa chinesa. Com relação aos resultados, segundo os autores, sendo o índice uma carteira dinâmica com propriedades específicas de rebalanceamento usado como indicador de desempenho das empresas com capital aberto em um determinado país ou setor econômico específico, as conclusões obtidas agregam à literatura de integração entre mercados financeiros e de teoria de carteira, ao permitir evidenciar a existência de três clubes de convergência, com dinâmicas de transição bastante próprias, cuja composição parece possui características bastante específicas. O primeiro clube Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 19 possui índices voláteis de bolsas com razoável nível de maturidade, situadas em economias em desenvolvimento localizadas principalmente na América Latina e Central e com altos índices de inflação, sendo o Ibovespa o mais antigo dos índices deste grupo, enquanto o segundo clube compreende a maioria das bolsas analisadas, as quais são marcadas por um maior nível de maturidade e tradição dos mercados financeiros e de desenvolvimento das economias, situadas basicamente na Europa, América do Norte e Ásia. O terceiro clube com apenas quatro índices, não possui padrões muito claros em termos macroeconômicos, financeiros ou geográficos. Mercado de Derivativos Financeiros: Neste mercado estão todos os instrumentos financeiros cujos retornos sejam funções dos preços de outros ativos (os ditos ativos subjacentes ou underlying assets). A seguir, um gráfico evidenciando a evolução deste mercado, cujo volumeequivale a quase seis vezes o PIB global, já sendo superior ao mercado de ações, depósitos bancários e títulos em mais de 50 trilhões de dólares. Estimativas atuais já apontam que mesmo com a crise, o volume ao longo do ano de 2008 foi acima de 500 trilhões de dólares em todo o mundo. Figura 1.5: Economia real vs. mercados financeiros Dividiremos sua discussão em três partes: opções, futuros e swaps. As opções constituem-se simplesmente em direitos (daí o nome opções) de comprar ou vender um determinado ativo de acordo com as condições pré-estabelecidas entre as partes. Temos opções de compra (onde o comprador tem o direito de comprar o ativo por um determinado preço) e opções de venda (onde o comprador tem o direito de vender o ativo por um determinado preço). Além disso, as opções são comumente divididas nos seguintes tipos: 1. Européia: Só pode ser exercida na data de vencimento. 2. Americana: Pode ser exercida a qualquer momento. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 20 No mercado brasileiro, as opções de venda têm liquidez muito baixa e para contornar este problema, existem formas de construir opções de venda sinteticamente, utilizando o ativo subjacente e opções de compra. Enquanto as opções sobre ações são negociadas na Bovespa, a Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) concentra as operações de inúmeros tipos de opções, como, por exemplo, opções sobre o índice Bovespa, sobre commodities e opções cambiais. Os contratos futuros representam compromissos de entregar/ receber um dado ativo no futuro a um dado preço pré-estabelecido (e não somente um direito de entrega / recebimento, como numa opção). No Brasil, os contratos futuros também são negociados na BM&F, tendo os mais diversos tipos de ativos subjacentes (commodities, cupom cambial, taxas de juros e câmbio, etc..). Os futuros representam um importante mecanismo de gerenciamento de risco para os agentes, pois permite que os indivíduos possam fazer hedge para diversas situações, como por exemplo, um agricultor que vende sua safra no mercado futuro, eliminando assim a incerteza sobre o preço de venda de seus produtos na época da colheita. A seguir, um quadro extraído da CME (Chicago Mercantile Exchange), maior bolsa de contratos futuros do mundo, onde pode se observar os valores de compra da moeda dólar canadense (pela ótica de um americano) no dia 27 de outubro de 2008 com prazo de execução nas terceiras quartas-feiras dos meses de dezembro de 2008 e março, junho, setembro e dezembro de 2009. Tabela 1.4: Exemplo de tabela contendo cotações de futuro cambial Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 21 Contratos futuros são os contratos a termo – com padronização estabelecida pela bolsa. Os mercados a termo – apesar de mais modernos e transparentes – não são tão versáteis quanto os mercados futuros, como observamos na tabela a seguir: Tabela 1.5: Diferenças entre mercado a termo e futuro no Brasil Como vimos, uma característica institucional importante do mercado de futuros é a existência dos chamados ajustes diários (ou mark-to-market). Neste sistema os ganhos/perdas são computados diariamente e não somente no vencimento do contrato. Exemplo 1.1.: Suponha que você comprou um contrato do índice Bovespa futuro com vencimento em fevereiro a um valor de 10.000 pontos logo no início do pregão. No fechamento, o preço de ajuste (que é um pouco diferente do preço de fechamento) é de 10.600 pontos. Neste caso, estaríamos com um lucro de 600 pontos. Pelo sistema de ajuste diário, receberíamos amanhã o equivalente a 1.200 reais por contrato (cada ponto vale R$ 2,00), com o preço de 10.600 pontos sendo nosso novo preço de ajuste. No dia seguinte, suponhamos que o mercado tenha fechado em queda, com o ajuste do mercado futuro sendo cotado a 10.350 pontos. Assim em relação ao ajuste de ontem (10.600) tivemos um prejuízo de 250 pontos, sendo então obrigados a pagar o equivalente a 500 reais por contrato (R$ 2,00 x 250). Assim, o novo preço de ajuste passa de 10.600 para 10.350 pontos e assim sucessivamente. Este exemplo utiliza duas noções muito importantes aos mercados de derivativos e o de ações, que são a compra com margem e a venda à descoberto. A compra por margem permite ao investidor comprar ações sem desembolsar o custo total da transação, tomando emprestado uma fração dos recursos com a corretora (até um certo percentual pré-estabelecido) e deixando as próprias ações como garantia. A venda à descoberto permite que no mercado acionário o investidor possa também vender uma ação sem possuí-la (daí o termo venda à descoberto). Se nesse período a ação caiu de preço, o investidor obtém lucro. Nos mercados futuros, as vendas à descoberto são bem mais simples, já que por negociarem o preço futuro de um ativo, não requerem o empréstimo do ativo subjacente. No mercado brasileiro as exigências para que as vendas à descoberto sejam efetuadas são muito grandes, desincentivando este tipo de operação. Uma forma muito comum de fazer isto é justamente através do mercado futuro do índice Bovespa. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 22 A marcação a mercado permite reduzir o risco das operações, já que as perdas devem ser compensadas (via ajustes) diariamente e não somente no vencimento do contrato. Notamos, porém que na prática, a questão da liquidez do indivíduo ao longo do tempo passa a ser importante já que mesmo que a posição possa dar muito lucro no longo prazo, temos a possibilidade de não poder satisfazer as necessidades de caixa no curto prazo, sendo obrigado a encerrá-las antes de auferir lucros. (Ver Exercício 3) Um swap é um contrato de troca de fluxos financeiros entre dois agentes. Estes fluxos podem ser indexados a qualquer tipo de índice (CDI, US$, TR, etc...) ou ter como base uma taxa pré-fixada. Este tipo de derivativo é muito usado por empresas para fazer hedge de suas posições ou para trocar indexadores aos quais estão atrelados. Exemplo 1.2: Suponha que uma empresa que tenha um empréstimo de US$ 10.000.000 no mercado internacional atrelado à taxa Libor, a 5, 0% ao ano. O diretor financeiro desta empresa acredita que esta taxa subirá nos próximos meses, o que aumentaria seus gastos com juros. Uma forma de proteger-se é através de um swap de taxas de juros. Baseado no valor de US$ 10.000.000, ele recebe um fluxo corrigido à taxa Libor e paga à contraparte a correção deste valor numa taxa pré-fixada em 5%. Assim, se a taxa Libor subir para 6% a empresa não tem nenhum custo adicional com juros, já que o aumento nos gastos do empréstimo é compensado pela diferença ganha com o swap. Porém, caso o diretor financeiro erre sua previsão e a taxa caia, a empresa não será beneficiada pela queda, pois a diferença entre os fluxos a pagar e a receber no swap será negativa. (Ver Exercício 5) Fundos de Investimento: Tais fundos, também conhecido como fundos mútuos aqui no Brasil e mutual funds ou open-end company8 nos Estados Unidos, consistem em organizações jurídicas na forma de um condomínio de investidores, os quais possuem uma política de investimento específica em acordo com um estatuto social próprio, onde constam também os direitos e deveres dos cotistas, regras sobre o sistema de cobrança de taxas e os aspectos relativos à organização social do fundo, tais como a gestão do patrimônio, a administração e a custódia dos ativos que compõem a carteira do fundo de investimento. Atualmente, estima-se que 90% do volume de transações financeiras que se destinam a investir ou financiar empresas no mundo todo estejam diretamente associados aos fundos de investimento. Nos Estados Unidos, cerca de 50% das famílias investem em fundos de investimento, sendo crescente sua popularidade também em economias em desenvolvimento como Brasil, China e Índia. A representatividadee relevância dessa instituição no mercado financeiro mundial podem ser evidenciadas na Figura 1.5, segundo a qual, o crescimento deste mercado acontece em todo o mundo, sendo os Estados Unidos o país que mais atrai capital para esse mercado. 8 O termo open-end significa que o fundo de investimento está aberto para emisssão de novas cotas, ou para recompra de cotas já emitidas. Há também as close-end companies, (menos comuns, movimentando um mercado bem menor) nas quais há uma quantidade fixa e que não pode ser alterada de cotas, que por sua vez só podem ser vendidas no mercado, uma vez que o fundo não as recompra. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 23 Figura 1.6: Valores Totais de ativos investidos em Fundos Mútuos de Investimentos Mundiais No Brasil, apesar desse mercado ainda ser relativamente novo, no começo de 2008, o mercado de fundos de investimento brasileiro era o 10º maior do mundo, sendo, o país emergente com a melhor colocação no ranking mundial. Tabela 1.6: PIB e Patrimônio Líquido de Fundos de Investimento no Mundo 1 Estados Unidos 13,24 Estados Unidos 10,76 2 Japão 4,37 Luxembrugo 2,31 3 Alemanha 2,9 França 1,88 4 China (sem Hong Kong e Macau) 2,63 Austrália 0,94 5 Reino Unido 2,37 Reino Unido 0,78 6 França 2,23 Irlanda 0,82 7 Itália 1,85 Honk Kong 0,65 8 Canadá 1,27 Japão 0,62 9 Espanha 1,23 Canadá 0,6 10 Brasil 1,07 Brasil 0,46 11 Rússia 0,98 Itália 0,44 12 Coréia do Sul 0,89 Espanha 0,38 13 Índia 0,89 Alemanha 0,35 14 México 0,84 Coréia 0,25 15 Austrália 0,75 16 Países Baixos 0,66 17 Bélgica 0,39 18 Turquia 0,39 19 Suécia 0,39 20 Suíça 0,38 PIB 2006 (trilhões de dólares) F.: Banco Mundial Pat. Líq. F.I. 2007.3 (trilhões de dólares) Fonte: IIFA Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 24 Patrimônio Líquido* Captação Líquida* Número de Fundos 2002 356.056,49 -63.825,14 2.927 2003 515.957,13 61.540,81 2.917 2004 613.700,58 7.948,89 2.981 2005 739.179,30 20.342,00 2.835 2006 939.356,18 68.420,64 3.229 2007 1.157.916,78 50.429,63 3.645 2008 1.135.370,25 -56.861,56 4.276 2009** 1.356.826,01 77.559,14 4.812 *Dados em milhões de R$ **Dados até outubro de 2009 Fonte : ANBID No Brasil, apesar de terem surgido os primeiros fundos de investimento na década de 50, mais precisamente com o “Fundo Crescinco” em 1957, somente com a Lei de Mercados de Capitais (lei no. 4.728) este setor ganhou alguma força, tendo havido um segundo estímulo significativo na década de 70, quando houve uma maior regulamentação dada pela resolução 145 do Banco Central. Atualmente, funciona sobre a autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão responsável por sua regulação e fiscalização, buscando a proteção do investidor, através da Instrução CVM No. 409, de 18/08/2004. A importância crescente deste tipo de mercado no Brasil pode ser evidenciada pelas estatísticas da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (ANBID). Na Tabela 1.7, por exemplo, observa-se a evolução com tendência consistente de crescimento do patrimônio líquido agregado e na quantidade de fundos. Em 2007 a captação líquida foi de R$ 50,8 bilhões, com um patrimônio líquido de R$ 1,16 trilhão. Em 2008, em razão da crise financeira mundial, nota-se um quadro bastante diferente, havendo uma retração na ordem de R$ 60 bilhões e encerrando o ano com patrimônio aproximado de R$ 1,13 trilhão. Já em 2009, este segmento teve uma de suas melhores performances, atingindo recordes de captação, patrimônio líquido e número de fundos. Tabela 1.7: Evolução dos fundos de investimento no Brasil Dicas acadêmicas: Para o caso brasileiro, um interessante e completo survey de caráter descritivo foi escrito por Varga e Wengert (2010), com ênfase na evolução do mercado de fundos de investimento, seu cenário regulatório, sua organização e tipo de investidores. No Brasil, podemos dividir os fundos de investimento de acordo com as seguintes categorias: Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 25 Curto Prazo: Os fundos de investimento dessa categoria possuem a sua carteira de investimentos composta por títulos de renda fixa cujo prazo seja inferior a 360 dias possuindo assim um prazo médio da carteira menor. Referenciado: Os fundos de investimentos dessa categoria têm por objetivo proporcionar uma rentabilidade atrelada a um indexador financeiro e a sua carteira de investimento deverá ser composta (95%) por títulos de renda fixa que tenham rentabilidade atrelada a esse indicador financeiro. Renda Fixa: Os fundos dessa categoria possuem a sua carteira de investimentos (80%) composta por títulos de renda fixa pré- ou pós-fixados. Ações: Os fundos dessa categoria têm a sua carteira de investimentos composta por 67% (no mínimo) em ações de empresas negociadas em Bolsa de Valores. Cambial: Estes fundos têm a sua carteira de investimentos composta por (80%) títulos de renda fixa que tenham como objetivo de rentabilidade proporcionar a variação de preços de uma determinada moeda estrangeira. Divida Externa: Os fundos dessa categoria têm a sua carteira de investimento composta por (80%) títulos emitidos pelo governo brasileiro negociados no mercado internacional. Direitos Creditórios: A carteira de investimento desses fundos é composta em sua totalidade por títulos que representam operações realizadas nos segmentos financeiro, comercial, industrial, imobiliário, de arrendamento mercantil e de prestação de serviços. Esses títulos são conhecidos como recebíveis. Esses fundos possuem uma regulamentação própria (Instruções CVM 356/2001 e 399/2003 e suas modificações). Fundos de Previdência: São fundos de investimento destinados a acolher os recursos captados pelo plano gerador de benefícios livres ( PGBLs ). Imobiliário: São fundos de investimento cujos recursos são destinados para empreendimentos imobiliários e possuem uma regulamentação própria (Instruções CVM 205/1994 e 206/1994 e suas modificações. ). Multimercados: Os fundos dessa categoria são tidos como mais arriscados e complexos, sendo suas carteiras compostas por juros, moedas, ações e derivativos, o que permite o gestor do fundo alavancar o patrimônio do mesmo.9 Estes fundos são considerados como o centro de tudo que ocorre no mercado financeiro ultimamente, sendo associados desde a pequena volatilidade das bolsas de valores americanas até o crescimento de fusões e aquisições no mundo. No Brasil, este é o segmento do mercado financeiro que mais cresce, sendo o patrimônio atual, da ordem de 30 bilhões de dólares, ainda muito pequeno se comparado com o montante administrado por estas carteiras no mundo todo de 1,5 trilhão de dólares. Observe a evolução na Figura 1.7, a seguir. 9 A alavangem é a possibilidade que o gestor possuir de aplicar varias vezes o patrimônio do fundo, possibilidade que somente os derivativos financeiros proporcionam. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 26 Figura 1.7: Evolução do PL dos fundos multimercados em R$ bilhões. A seguir, a Figura 1.8 com o retorno acumulado de 18 Fundos de investimento em ações durante 1997 e 2006 em comparação com o Ibovespa. Figura 1.8: Evolução de retorno acumulado de fundos de investimento em ações A Tabela 1.8 retrata que a participação do fundo de ações atingiu o ápice em 2007, quando representava mais de 15% do mercado de fundos de investimento. Apesar da queda em 2008, em 2009 já se nota uma recuperação, apesar de discreta. De forma esperada, a categoria dos fundos de renda fixa dominam o mercado com uma representatividade de 27% em 2009, com tendência decrescente nos últimos anos. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 27 Os fundos de investimento em ações sãotambém chamados de fundos de renda variável devem investir, no mínimo, 67% de seu patrimônio em ações negociadas na Bolsa de Valores ou mercado de balcão organizado, havendo pouca restrição sobre a composição dos 33% residuais. Esta modalidade ação surgiu com Decreto-Lei 157 (DL 157), de 1967 que permitia a pessoas físicas aplicar uma fração do imposto de renda devido em fundos mútuos fiscais. Estes seriam administrados por bancos de investimento, corretoras ou financeiras, e os recursos deveriam ser majoritariamente investidos em ações ou em debêntures conversíveis, sendo a intenção associada à criação dos fundos, a geração de recursos, através da aquisição de ações e debentures nos mercados primários, para a capitalização de empresas. Em 1984, a Resolução Bacen n º 961 criou duas categorias de fundos mútuos: Fundo Mútuo de Ações, com um mínimo de 70% em ações e Fundo de renda fixa, com um mínimo de 60% em títulos de renda fixa emitidos pelo governo, e um máximo de 10% investidos em ações. Finalmente, em 1985, a Resolução n º 1023 transformou todo o "Fundo 157" em fundos de investimento em ações. A Tabela 1.9 retrata que apesar de não ser o fundo de investimento com maior paticipação no mercado, o seu retorno acumulado supera o dos demais, assim como o retorno acumulado do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (IBOVESPA). Tipo de Fundo 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009* Curto Prazo - 2,72 3,64 2,74 2,48 2,39 3,22 3,58 Referenciado DI 24,58 18,86 17,99 20,23 17,81 14,59 16,18 14,23 Renda Fixa 32,86 33,44 30,16 39,64 33,76 30,25 28,96 27,08 Multimercado 25,77 27,51 28,6 17,23 22,68 23,57 23,45 24,15 Cambial 1,68 1,31 0,78 0,29 0,14 0,06 0,07 0,04 Ações 8,87 7,93 8,27 8,34 10,17 15,48 10,11 11,42 Previdência 2,89 4,32 5,81 6,86 7,94 8,01 9,81 10,34 Participações - - - - - - 2,21 2,55 Off Shore 3,15 3,56 3,56 2,55 2,71 3,08 2,1 2,85 Outros 0,19 0,35 1,19 2,11 2,32 2,57 3,91 3,76 Tabela 1.8: Participação dos Fundos de Investimento no Mercado Brasileiro (%) *Até outubro de 2009 Fonte : ANBID Fonte : Quantum Investimentos Multimercado Referenciado Renda Fixa Tabela 1.9: Retorno Acumulado por categoria de fundos de investimento (Dados de: 2002.1 a 2008.12) Tipo de Fundo Ações IBOVESPA Retorno Acumulado Médio 253% 118% 203% 174% 177% 172% Renda Fixa de Curto Prazo Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 28 1.2 Estruturas de mercado Nesta subseção falaremos um pouco a respeito da forma como os ativos são transacionados. Iniciaremos a discussão falando um pouco sobre como os títulos são emitidos e posteriormente transacionados entre os agentes. 1.2.1. Mercado primário O mercado primário é aquele onde as novas emissões de ativos são realizadas, como, por exemplo, quando uma empresa de capital fechado resolve abrir seu capital e lança ações para financiar novos investimentos, ou então uma emissão de debêntures por uma empresa de telecomunicações. 1.2.2. Mercado secundário O mercado secundário é aquele onde ocorrem as transações após a emissão primária dos títulos, como por exemplo, a Bovespa, a NYSE (New York Stock Exchange) e a Nasdaq. Estas transações podem ocorrer nas bolsas de valores, no mercado de balcão (over-the-counter market) ou diretamente entre as partes. 1. Bolsas de Valores Uma bolsa de valores provê um meio para que seus associados (e somente eles) transacionem ativos. Para tornarem-se membros, eles devem comprar assentos nestas bolsas, cuja grande maioria pertence às firmas corretoras, permitindo que um corretor associado a estas firmas execute as transações para seus clientes, recebendo comissão pela execução das ordens. A negociação de um ativo nas bolsas depende do cumprimento de uma série de pré- requisitos (que variam de instituição para instituição), tais como patrimônio líquido, quantidade de acionistas e valor de mercado. Além disso, todas as transações são executadas via especialistas (ou market-makers), uma característica muito importante das bolsas americanas, nem tanto aqui no Brasil. Este agente é o responsável por prover liquidez ao mercado de um dado ativo, sendo obrigado a dar cotações de compra e venda (bid/ask) para o ativo e fazer o casamento entre as ofertas dos compradores e vendedores (que podem ser o próprio especialista). Eles mantêm uma carteira com o ativo e transacionam normalmente como qualquer agente, porém a maior parte de seu lucro vêm da diferença obtida. Só para termos noção de valor, o preço médio de um assento na NYSE valia em 1996 aproximadamente US$ 1.350.000,00 entre os preços de compra e os preços de venda. Nas ações negociadas na NYSE, os especialistas participam de aproximadamente 10% a 20% das transações. 2. Mercado de Balcão O mercado de balcão não corresponde a uma bolsa formal. Não existem pré-requisitos para listagem dos ativos (apesar de sua existência para que sejam listados na Nasdaq, que é uma rede eletrônica de negócios) nem a necessidade de ser dono de um assento. Nestes mercados os corretores registram-se como dealers, passando a dar suas cotações de compra e venda (bid e ask) e para execução da transação basta que o corretor contate o dealer. Como os especialistas passam a Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 29 ser desnecessários, o mercado de balcão não exige um espaço físico, com cada dealer podendo estar em qualquer parte do país. Nestes mercados as transações são negociadas diretamente pelos dealers, que mantêm um estoque de determinado ativos e obtêm lucro através da diferença entre o preço de compra (bid) e o preço de venda (ask). Quando um investidor quer adquirir uma ação, ele entra em contato com seu corretor, que tenta encontrar o dealer que oferece o melhor preço. Isto difere dos negócios nas bolsas, que são negociados através do especialista, que tenta encontrar as melhores ofertas de compra para efetuar a transação. Uma das vantagens deste mercado é que por ser eletrônico, permite aos investidores incorrer em custos menores de transação. Uma das desvantagens dos dealers é que os investidores ficam a mercê da prática de execução de suas transações aos preços de bid/ask, mesmo quando existem outros agentes com ofertas melhores. Esta prática é proibida pelas bolsas, que exigem que a oferta com o melhor preço seja executada primeiro. 3. Transações Diretas Atualmente podem existir também transações diretas de ativos listados em bolsas, mas que não passam por corretores, permitindo redução ainda maior nos custos de corretagem, especialmente em transações envolvendo grande quantidade de ações. Têm sido criadas várias redes eletrônicas de negociação, que funcionam como uma bolsa normal. Estas, porém por não precisarem de um espaço físico nem de intermediários (sejam eles dealers ou especialistas), permitem que os compradores entrem diretamente em contato com os vendedores reduzindo seus custos. Além disso, oferecem maior sigilo aos investidores, que muitas vezes não querem sinalizar publicamente suas intenções de compra/venda. Outra característica importante é a maneira pelo qual os agentes repassam suas ordens de compra / venda de ações. Estas podem ser divididas nos seguintes tipos: 1. Ordem a Mercado (Market Order): Investidor especifica apenas a quantidade e a transação é feita ao preço corrente. 2. Ordem Limitada (Limit Order): Ele especifica a quantidade e o preço máximo pelo qual está disposto a pagar pelo ativo. 3. Ordem Casada: Uma compra / venda de um ativo é condicionada à venda / compra de outro. A existência do especialista é alvo de grande atenção por parte da literatura econômica, que estuda a chamada microestrutura dos mercados financeiros. Como ele é obrigado a sempre prover liquidez a um mercado, ele está sujeito a exploração por agentes informados (que possuem uma melhor noção de preços do queo especialista). Assim cabe perguntar por que os especialistas não estabelecem grandes spreads entre os preços de compra e venda para reduzir as perdas quando transacionam com agentes informados. Um especialista que usasse essa estratégia perderia dinheiro pelo seguinte motivo: grande parte de seus lucros derivam-se do volume de transações executadas, assim grandes spreads tornam os preços dos especialistas não-competitivos em relação às ordens limitadas, diminuindo sua rentabilidade. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 30 Os incentivos que motivam os especialistas a estabelecer o spread das ofertas de compra e venda (o bid/ask spread) da forma como o fazem, como a possibilidade da existência de agentes informados transacionando, considerações à respeito do estoque de ativos, entre outros, constituem um vasto campo de pesquisa no campo das finanças. Apêndice: A metodologia de cálculo detalhada deste índice atende basicamente aos seguintes critérios: 1) Critérios de Inclusão de Ações no Índice A carteira teórica do Ibovespa é composta pelas ações que atenderam cumulativamente aos seguintes critérios, com relação aos doze meses anteriores à formação da carteira: • estar incluída em uma relação de ações cujos índices de negociabilidade somados representem 80% do valor acumulado de todos os índices individuais; • apresentar participação, em termos de volume, superior a 0,1% do total; • ter sido negociada em mais de 80% do total de pregões do período. 2) Participação da ação na carteira teórica A participação de cada ação na carteira tem relação direta com a representatividade desse título no mercado à vista – em termos de número de negócios e volume financeiro – ajustada ao tamanho da amostra. Essa representatividade é obtida pelo índice de negociabilidade da ação, calculado pela seguinte fórmula: V vi N ni IN onde: IN = índice de negociabilidade ni = número de negócios com a ação "i" no mercado à vista (lote-padrão) N = número total de negócios no mercado à vista da BOVESPA (lote-padrão) vi = volume financeiro gerado pelos negócios com a ação "i" no mercado à vista (lote- padrão) V = volume financeiro total do mercado à vista da BOVESPA (lote-padrão) 3) Critérios de Exclusão de Ações no Índice Uma ação selecionada para compor a carteira só deixará de participar quando não conseguir atender a pelo menos dois dos critérios de inclusão anteriormente indicados. Deve-se ressaltar que companhias que estiverem sob regime de recuperação judicial, processo falimentar, situação especial ou sujeitas a prolongado período de suspensão de negociação não integrarão o Ibovespa. 4) Apuração do Índice Bovespa O Índice Bovespa é o somatório dos pesos (quantidade teórica da ação multiplicada pelo último preço da mesma) das ações integrantes de sua carteira teórica. Assim sendo, pode ser apurado, a qualquer momento, por meio da seguinte fórmula: Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 31 Ibovespa t = n i titi QP 1 ,, . onde: Ibovespa t = Índice Bovespa no instante t n = número total de ações componentes da carteira teórica P = último preço da ação "i" no instante t Q = quantidade teórica da ação "i" na carteira no instante t 5) Procedimentos para Rebalanceamento Nos rebalanceamentos quadrimestrais são adotados os seguintes procedimentos: • A BOVESPA calcula o índice de negociabilidade para cada uma das ações nela negociadas nos últimos doze meses. Esses índices são colocados em uma tabela em ordem decrescente, e uma coluna apresenta a soma de tais índices à medida que se percorre a tabela do maior para o menor. Calcula-se então a participação de cada índice de negociabilidade individual em relação à soma total, listando-se as ações até que o montante de suas participações atinja 80%. • As ações listadas vão compor a carteira do índice, desde que atendam aos outros dois critérios de inclusão. Caso não os atendam, elas são substituídas pelas ações que vierem a seguir na listagem decrescente, e que consigam atender a tais parâmetros. • O passo seguinte é identificar, entre as ações que pertencem à carteira vigente, se alguma delas será excluída. • Os índices de negociabilidade das ações escolhidas são listados novamente, apurando-se o percentual de participação de cada papel em relação à soma dos índices de todas as ações da carteira. • A participação ajustada de cada ação, aplicada sobre o valor do índice do último dia do quadrimestre anterior, determinará o "peso" inicial (no. de pontos do índice) de cada ação. • A quantidade teórica de cada ação, resultante da divisão de sua parcela na composição do índice (peso) pelo seu preço de fechamento no último dia do quadrimestre anterior, permanecerá constante pelos quatro meses de vigência da carteira, somente sendo BOVESPA Ibovespa alterada caso ocorra distribuição de proventos (dividendos, bonificações, subscrições, etc.) por parte da empresa. Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 32 Exercícios: Exercício 1: Suponha uma LTN com emissão em 01/10/2007 e vencimento em 28/03/2008 (180 dias) e que o preço pago na emissão tenha sido R$ 925,00. Qual o retorno líquido nominal mensal desta transação? Exercício 2: Vejamos agora como seria feita a construção de um índice baseado na capitalização de mercado. Suponha que este índice seja composto por apenas duas ações: PETR4 (Petrobrás PN) e VALE5 (Vale do Rio Doce PNA). Elas possuem os seguintes dados: Tabela 1.10: Construção de índices Nome Quantid. P(t) Valor total em t P(t+1) Valor total em t+1 PETR4 10 un. R$ 50,00 R$ 500,00 100 R$ 1.000,00 VALE5 100 un. R$ 20,00 R$ 2.000,00 20 R$ 2.000,00 Calcule os valores em t e em t+1 e depois o retorno em t+1, dos índices (equal- e value- weighted) com base apenas nestas duas ações. É possível evidenciar alguma diferença significativa? O que estaria motivando esse comportamento? Exercício 3: Em um estudo empírico feito em 1990 por Froot e Thaler, adotando-se expectativas racionais neutralidade ao risco dos agentes, fez-se uso da seguinte regressão 11101 )( tttttt sfss onde, st consiste no log do câmbio e tft+1 no log do futuro cambial. a. Caso você acredite que o futuro é uma boa aposta a respeito do valor do câmbio no futuro, qual sua opinião sobre os valores de 0̂ e 1̂ ? b. O referido estudo empírico foi feito para uma amostra de mais de 75 câmbios em períodos diferentes e os resultados foram os seguintes: 1̂ < 0 para a maioria das estimações e 1̂ (médio) = - 0,88 Com base nesses resultados, o que você poderia concluir sobre o mercado de futuros cambiais? O que você faria caso você tivesse que decidir entre apostar a favor ou contra a tendência do mercado futuros cambais? Exercício 4: Para a resolução deste exercício, na apuração da nova carteira são consideradas todas as negociações efetuadas no mercado à vista (lote-padrão) da Bovespa nos doze meses anteriores. Por uma questão de simplificação, utilizaremos no exemplo os dados abaixo como Investimentos & Gerência de Ativos II, Atuária - 2013 33 sendo representativos de todo o mercado, e consideraremos que o cálculo do índice de negociabilidade é feito com base nos totais do mercado (e não com base nos dados diários). Observe a tabela a seguir: Tabela 1.11: Amostra de ações fictícias para composição do Ibovespa Com base nesta tabela, calcule a quantidade de pontos do índice e a variação em D+1 considerando que em D0, a bolsa estava com 10.000 pontos. Exercício 5: O Banco Central anunciou hoje, após o fechamento do câmbio, que realizará leilão de "swap cambial reverso" na próxima segunda-feira (05.12.2005). A instituição vai ofertar ao mercado 12,5 mil contratos, o equivalente a US$ 625 milhões. Os contratos terão quatro vencimentos: maio e outubro de 2006, janeiro
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