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Textualidade Coesão Coerência (1)

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Textualidade, Coerência e Coesão
Um texto não pode ser construído com frases soltas, desconexas. Além disso, a alteração da sequência de suas partes pode modificar profundamente seu sentido. Para um texto ter unidade de sentido, para ser um todo coerente, é necessário que apresente textualidade, isto é, que apresente conexões gramaticais (coesão) e articulação de ideias (coerência).
Coesão = conexões gramaticais existentes entre palavras, orações, frases, parágrafos e partes maiores de um texto.
Coerência = estruturação lógico-semântica de um texto, isto é, a articulação de ideias que faz com que numa situação discursiva palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores.
OBS: Um dos princípios básicos da coerência textual é a não contradição, ou seja, as ideias não podem ser contraditórias entre si nem apresentar incoerência em relação à realidade, a não ser que a contradição seja proposital.
Pode haver coerência sem coesão?
R.: Há textos que se organizam por justaposição ou com elipses e, mesmo assim, podem ser considerados textos por seus leitores/ouvintes, pois constituem uma unidade de sentido.
Ex.:
	sobressalto
	esse desenho abstrato
minha sombra no asfalto (Arnaldo Antunes)
ALGUÉM MAIS MERECE ZERO
Talvez seja uma injusta simplificação atribuir à internet toda a responsabilidade pelo vexame do Enem 2014, em que incríveis 500 mil candidatos tiraram nota zero em redação. Pode ter sua parcela de culpa, mas é preciso reconhecer que graças a ela nunca se exercitou tanto a prática da escrita. É difícil encontrar alguém no mundo de hoje que não redija pelo menos alguns e-mails por dia, sem contar os posts em blogs, sites, Twitter e Facebook, além, claro, do WhatsUpp.
Conheço adolescentes que não escreviam, mas, para não ficarem isolados no grupo, passaram a usar essas ferramentas a fim de ter com quem conversar virtualmente. O problema não é de quantidade, mas de qualidade. Os jovens estão escrevendo muito, mas mal (ou “mau”, como diriam alguns), estropiando a língua com as reduções (tb, vc, naum, pq) e as infrações gramaticais: falta de acentuação e pontuação, concordância errada, desconhecimento do sentido das palavras.
Das três dimensões da linguagem — a ortográfica, a sintática e a semântica — a primeira é a mais visível, mas é a última, a do significado, a que sofre mais com a crise da palavra escrita. Salta aos olhos o uso incorreto de letras como em “seje” ou em “meza”, por exemplo. Outro dia, reclamei de um erro assim, e a pessoa com quem me correspondia alegou: “É a preça”.
Disse-lhe então que “pressa” demora apenas uma letra a mais para ser digitada e tem a vantagem de estar certa. É inaceitável, mas a semântica é que é fundamental para impedir o analfabetismo funcional. Dos quase seis milhões de estudantes que tiveram suas provas corrigidas, apenas 250 alcançaram nota máxima, ou seja, só essa minoria soube se comunicar por escrito.
Uma vez li um texto indignado de um internauta contra o escândalo na Petrobras. “O pior nesse país”, dizia, “não é a corrupção, mas a falta de impunidade”. Ele quis reclamar justamente do contrário: não da falta, mas do excesso. Em contexto parecido, flagrei outro atentado ao sentido de um termo: “Isso é ruim para a nossa alta estima”. O autor não sabia a diferença entre “alto” e “auto”.
O tema, considerado mais difícil, “Publicidade infantil no Brasil”, pode ter contribuído para os baixos resultados deste ano, mas a má qualidade do ensino, reconhecida pelo próprio ministro da Educação, Cid Gomes, também merece zero, por não priorizar a leitura e não reforçar a dissertação. Alunos que tiraram nota mil revelaram o quanto o hábito de ler e escrever foi importante para eles.
A sergipana Lorena Araújo, de 19 anos, por exemplo, deu a fórmula para ter sido uma das 250 estudantes a alcançar a nota máxima no Enem: “O segredo da redação está na técnica e na prática”. E acrescentou: “além de escrever muito, procuro ler de tudo, por necessidade e por gosto”.
A receita é infalível.
(O GLOBO – Zuenir Ventura – 17/01/2015)
Questão:
No texto de Zuenir, o problema evidenciado no 5º parágrafo é de coesão ou de coerência? Justifique.
Leia:
Uma das grandes obras da literatura brasileira é Grande Sertão: veredas, do escritor mineiro Guimarães Rosa. O narrador, o ex-jagunço Riobaldo, apesar de ser um homem simples do sertão, faz reflexões filosóficas profundas, cheias de poesia e sabedoria. Leia o que essa personagem pensa sobre contar histórias e sobre a saudade.
	Contar é muito dificultoso. Não pelos anos que já se passaram. Mas pela astúcia que têm certas coisas passadas de fazer balancê, de se remexerem dos lugares. A lembrança da vida da gente se guarda em trechos diversos; uns com outros acho que nem misturam [...]. Contar seguido, alinhavado, só mesmo sendo coisas de rasa importância. Tem horas antigas que ficaram muito mais perto da gente do que outras de recente data. Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a melhor coisa seria contar a infância não como um filme em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá sentido, princípio, meio e fim, mas como um álbum de retratos, cada um completo em si mesmo, cada um contendo o sentido inteiro. Talvez seja esse o jeito de escrever sobre a alma em cuja memória se encontram as coisas eternas, que permanecem...
1- A segunda e a terceira frases iniciam-se, respectivamente, com as palavras “não” e “mas”. Que ideia anteriormente expressa é negada pela palavra “não”?
R.: A ideia de que contar seja difícil.
2- A palavra “mas” introduz uma ideia que se opõe a outra anteriormente expressa. A ideia anterior se encontra na primeira ou na segunda frase?
R.: Encontra-se na segunda frase, ou seja, de que contar seja difícil em virtude dos anos passados.
3- A palavra “uns”, da quarta frase, refere-se a um termo anteriormente expresso, no interior da mesma frase. Qual é esse termo?
R.: Trechos diversos.
Releia este trecho:
“Toda saudade é uma espécie de velhice. Talvez, então, a melhor coisa seria contar a infância não como um filme em que a vida acontece no tempo, uma coisa depois da outra, na ordem certa, sendo essa conexão que lhe dá sentido, princípio, meio e fim”
4- O trecho “uma coisa depois da outra, na ordem certa” cumpre o papel de explicar uma afirmação anterior. Qual é essa afirmação?
R.: Um filme em que a vida acontece no tempo.
5- Nas questões anteriores, você observou algumas das conexões gramaticais do texto. Além delas, existem também as conexões de ideias. No início do texto, o autor afirma que é difícil contar seguidamente os fatos da infância, pois eles se remexem e não aceitam a ordem linear do tempo. Diante dessa dificuldade, o autor sugere um método para contar fatos tão distantes. Qual é esse método?
R.: Contar como um álbum de retratos, cada um com um sentido completo em si mesmo.

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