Buscar

Aparelho Urogenital 1 sistema urogenital

Prévia do material em texto

APARELHO	UROGENITAL
UNIDADE 1 – SISTEMA UROGENITAL
Autor: Luıś Otávio Carvalho de Moraes - Revisão técnica: Rita De Cássia Machado
Introdução
Nessa unidade iremos estudar o sistema urinário que é composto pelos rins, ureteres, bexiga urinária e pela
uretra, e também iremos estudar o sistema genital masculino e feminino. Você sabia que ambos os sistemas
genitais, masculino e feminino, apresentam correlações embriológicas, anatômicas e funcionais? Assim, o
módulo do sistema urogenital tratará desses conceitos de forma integrada.
O sistema urinário é um sistema simples do ponto de vista anatômico, apresentando uma organização mais
simples, formada por apenas quatro órgãos. Funcionalmente, os rins exercem a maior parte das funções.
Basicamente, os rins �iltram o sangue e excretam substâncias excedentes ou tóxicas para o organismo,
regulando a homeostase.
Já os genitais estão incumbidos primordialmente com a perpetuação da espécie. O genital masculino
compartilha um órgão com o sistema urinário, esse órgão compartilhado é a uretra (que transporta a urina e
os espermatozoides).
O genital feminino precisa receber o gameta masculino, permitir a fecundação, promover os processos de
nidação, implantação e desenvolvimento do novo ser, até o momento do nascimento.
Portanto, nesse capı́tulo iremos aprender a morfologia desses dois sistemas e relacioná-los com algumas
patologias. 
Bom estudo!
1.1 Desenvolvimento embrionário
O sistema urogenital é constituı́do pelos sistemas urinário e genital (masculino ou feminino). O
desenvolvimento embrionário dos sistemas urinário e genital ocorrem de maneira associada.
Durante a terceira semana de gestação ocorre no embrião o processo denominado de gastrulação (formando
um disco trilaminar), contendo três camadas, denominadas de endoderma, mesoderma e ectoderma. O
aparelho urogenital se origina do mesoderma.
O dobramento embrionário durante a quarta semana de desenvolvimento marca o inı́cio do trato urinário com
a formação de uma massa longitudinal conhecida como crista urogenital. A crista pode se dividir em partes,
dependendo do sistema que forma, o cordão nefrogênico formará o trato urinário enquanto a crista gonadal se
desenvolverá no sistema reprodutivo. Começando rostralmente e progredindo caudalmente, três rins se
formarão ao longo de algumas semanas dentro do cordão nefrogênico: pronefros, mesonefros e metanefros.
Por volta da quarta semana se inicia o desenvolvimento dos rins, em três estágios: inicialmente o prónefro
(rins não funcionais), posteriormente o mesonefro, que se desenvolve até formar o metanefro.
O metanefro formará os rins permanentes, desenvolvendo-se no inı́cio da quinta semana de vida intrauterina e
o inı́cio de sua função ocorre por volta da nona semana de vida intrauterina. Na sexta semana de vida
intrauterina inicia a formação da pelve renal, ureteres e do sistema calicial renal. A urina formada pelos rins
metanéfricos é conduzida até a cavidade amniótica (Sadler, 2005).
Os rins, durante o desenvolvimento embrionário, estão localizados na cavidade pélvica, na altura do sacro. A�
medida que ocorre o desenvolvimento fetal, a cavidade abdominal aumenta, os rins (individualizados) sobem
em direção a região lombar (posição ocupada de�initivamente), na nona semana de gestação.
VOCÊ SABIA?
Uma alteração congênita dos rins é a agenesia unilateral (a = ausência de; genesia
= formação). O indivıd́uo com agenesia unilateral não apresenta sintomas, o rim
desenvolvido supre as necessidades orgânicas. Podemos pensar no mesmo
processo para indivıd́uos que doam o rim para pacientes com falência renal. Já a
agenesia bilateral é incompatıv́el com a vida.
VOCÊ QUER LER?
Ectopia renal é uma das mais comuns anormalidades de desenvolvimento renal.
Contudo, somente poucos casos de ectopia renal cruzada com fusão têm sido relatados
na literatura. Para saber um pouco mais sobre quadros clıńicos relacionados sobre
essa anormalidade você pode ler o artigo de Oliveira et	al., intitulado “Ectopia renal
cruzada com fusão: relato de dois casos e revisão da literatura”, con�ira:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
28002012000300011 (https://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0101-28002012000300011)
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002012000300011
Uma variação anatômica conhecida é a denominada de rim em ferradura, como ilustra a �igura a seguir. Essa
variação ocorre quando, durante o desenvolvimento do metanefro, ambas as massas permanecem unidas
inferiormente, assim, os rins se desenvolvem mas seus polos inferiores estão conectados. Ao ascender para o
abdômen, o rim em ferradura assumirá uma posição mais baixa que o normal. Sua posição �inal será na altura
da artéria mesentérica inferior (na região da terceira vértebra lombar).
#PraCegoVer: A �igura ilustra a variação anatômica de um rim, chamado de rim em ferradura, que possui
suas extremidades inferiores unidas.
 
Outra variação conhecida é a ectopia renal, quando os rins estão fora da posição anatômica adequada. A não
subida de um rim durante o desenvolvimento caracteriza o rim ectópico pélvico (o rim permanece na
cavidade pelve, não ascendendo em direção ao abdome). Quando a ascendência de um rim ocorre
normalmente e o rim oposto ascende para o mesmo lado (teremos ambos os rins do mesmo lado do corpo),
essa ectopia é denominada de rim ectópico cruzado (o rim cruzou para o lado oposto).
Figura 1 - Representação de rim em ferradura
Fonte: joshya, Shutterstock, 2020.
1.2 Introdução morfofuncional do Sistema Urinário
Os rins são os órgãos que desempenham diversas funções corporais, dentre elas a formação a urina
(uropoese) é a mais conhecida. Outras funções podem ser desempenhadas pelos rins como o controle
hidroeletrolı́tico do corpo, regulação da osmolaridade, a regulação da pressão arterial e a produção de
hormônios (eritropoitina e renina) e conversão de hormônios ativando-os, como o calcitriol (1,25
dihidroxivitamina D3).
A uropoese (formação da urina) é uma das principais funções do sistema urinário. Os rins recebem cerca de
20% do débito cardı́aco e tem como função �iltrar o sangue. A �iltração renal é cerca de 180 litros por dia e
apenas cerca de 1% desse volume �iltrado será excretado como urina. A urina formada pelos rins é
direcionada ao sistema pielocalicial (cálices renais e pelve renal), posteriormente para os ureteres,
alcançando a bexiga urinária (local onde a urina será armazenada até o momento da micção), e por �im
atravessando a uretra. Anatomicamente, podemos identi�icar os componentes do sistema urinário: rins,
ureteres, bexiga urinária e uretra, como ilustra a �igura a seguir. E� conveniente lembrar que a uretra masculina
terá forma e função diferente da uretra feminina. 
#PraCegoVer: A �igura ilustra o sistema urinário humano, com a veia cava e a aorta ligadas aos rins, no topo
destes as glândulas suprarrenais, e os ureteres saindo dos rins e descendo até a bexiga, e na parte inferior
desta, a uretra.
 
A unidade anátomo-funcional do rim é denominada de néfron. Cada néfron é formada por partes especı́�icas,
identi�icadas histologicamente e com origens embrionárias próprias. Basicamente, podemos reconhecer no
néfron uma rede de capilares enovelados, denominada de glomérulo. O glomérulo é envolvido por tecido
epitelial simples, denominado de cápsula de Bowman. A junção do glomérulo e a cápsula de Bowman forma o
corpúsculo renal. E� no corpúsculo renal que ocorre o processo de �iltração do sangue. A partir do corpúsculo
renal parte uma série de túbulos, denominados, na sequência que o �iltrado atravessa: túbulo contorcido
Figura 2 - Visão geral do sistema urinário, com a localização dos órgãos que compõem o sistema
Fonte: Olga Bolbot, Shutterstock, 2020.
proximal, alça do néfron (Henle) com seus ramos descendente eascendente, e túbulo contorcido distal. O
�iltrado do túbulo contorcido distal é direcionado para os ductos coletores. Cada ducto coletor recebe diversos
túbulos contorcidos distais.
#PraCegoVer: a imagem mostra a organização funcional do néfron, com indicações do �luxo sanguı́neo nos
túbulos contorcidos e na alça do néfron (Henle).
 
Os outros órgãos que compõem o sistema urinário estão envolvidos com o transporte da urina (ureter e
uretra) e o armazenamento da urina (bexiga urinária). Os ureteres e uretra são órgãos tubulares, que
apresentam músculo liso em suas paredes, promovendo a propulsão da urina. A bexiga urinária é o
reservatório da urina até o momento da micção (ato de esvaziar a bexiga), enquanto a micção não ocorre o
armazenamento de urina e sua contenção determinam a continência urinária. As relações anatômicas da
bexiga urinárias são diferentes entre os gêneros masculino e feminino e a uretra masculina apresenta
anatomia e função diferente da uretra feminina.
1.2.1 Anatomia dos rins
Os rins são órgãos localizados na cavidade abdominal, posicionados paralelamente à coluna vertebral, atrás
da membrana de revestimento do abdome denominada de peritônio (posição retroperitoneal). Apresentam
dimensões variáveis entre adultos, sendo em torno de 10,5cm de comprimento, 5,2cm de largura e 5,7cm de
espessura.
Figura 3 - Organização da unidade funcional do rim - néfron.
Fonte: Aldona Griskeviciene, Shutterstock, 2020.
Os órgãos da cavidade abdominal nem sempre são pares ou simétricos. Um exemplo é o fı́gado, órgão ı́mpar,
com seu maior volume localizado do lado direito da cavidade abdominal. Por conta da posição do fı́gado, o
rim direito se apresenta em um nı́vel mais inferior na cavidade abdominal se comparado com a posição do
rim esquerdo (mais alto) (MOORE, DALLEY, 2014).
Os rins apresentam anatomia externa e interna iguais, contudo, os rins apresentam relações anatômicas
(sintopia) diferentes (MOORE, DALLEY, 2014).
VOCÊ O CONHECE?
O Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP) foi criado em 1969 e
atua com ensino, extensão e pesquisa. Entre suas atividades, conduziu uma iniciativa
que possibilita a diminuição da �ila de transplantes no Brasil, através do
xenotransplante, uma modalidade que consiste no transplante de órgãos entre duas
espécies diferentes. Você pode saber mais acessando aqui:
https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/tecnica-desenvolvida-na-usp-pode-
reduzir-�ila-de-transplantes-no-brasil/ (https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-
noticias/tecnica-desenvolvida-na-usp-pode-reduzir-�ila-de-transplantes-no-brasil/). 
https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/tecnica-desenvolvida-na-usp-pode-reduzir-fila-de-transplantes-no-brasil/
#PraCegoVer: Nesta �igura observamos duas imagens. A primeira imagem mostra a anatomia externa dos
rins, com o ureter e os vasos renais. A segunda imagem mostra a anatomia interna dos rins, com os cálices
renais, pelve renal, seio renal e como se forma o ureter. Além de novamente mostrar as artérias e veias renais.
 
Podemos descrever, consoante a (MOORE, DALLEY, 2014), a anatomia externa do rim apresentando a seguinte
con�iguração: dois polos, duas faces e duas margens, descritas a seguir:
Figura 4 - Anatomia externa e interna dos rins
Fonte: solar22, Shutterstock, 2020.
Um polo superior (relacionado com a glândula suprarrenal). 
Um polo inferior (livre, exceto nas alterações de formação embrionária onde os polos inferiores
dos rins podem se juntar formando o rim em ferradura). Os rins em ferradura apresentarão uma
posição �inal mais baixa, sua ascendência é bloqueada pela presença da artéria mesentérica
inferior. 
Uma face posterior (relacionada com os músculos da parede posterior do abdome sendo os
músculos psoas maior, quadrado do lombo e transverso do abdome, respectivamente de medial
para lateral). 
Uma face anterior (relacionada com vı́sceras abdominais, que são diferentes entre os rins direito
e esquerdo). Relações viscerais do rim direito: glândula suprarrenal direita, fı́gado, duodeno, colo
ascendente e jejuno. Relações viscerais do rim esquerdo: glândula suprarrenal esquerda,
Internamente podemos dividir o rim em uma região denominada medula renal e, outra região de posição mais
periférica denominada de córtex renal.
O córtex renal é subcapsular (abaixo da cápsula �ibrosa). O córtex renal forma projeções, que dividem a
medula renal em porções. As projeções formadas pelo córtex renal são denominadas de colunas renais e, as
colunas renais dividem a medula renal em pirâmides renais. Desta forma a pirâmide renal, circundada pelas
colunas renais e córtex renal formam o chamado lobo renal. 
Os corpúsculos renais são estruturas histológicas encontradas exclusivamente no córtex renal, enquanto seus
túbulos podem ocupar o córtex e a medula renal.
A pirâmides renais apresentam suas bases voltadas para o córtex renal e seus ápices para o hilo renal. Cada
rim tem cerca de 16 a 20 pirâmides renais. O ápice da pirâmide renal, denominado de papila renal com
diversos orifı́cios, provenientes dos ductos coletores, permite que a urina goteje pelas papilas renais.
estômago, baço, pâncreas, colo descendente e jejuno. 
Uma margem medial, côncava, que podemos localizar uma abertura vertical denominada de hilo
renal. O hilo renal se continua internamente no rim, formando o seio renal. A gordura que reveste
a superfı́cie do rim, denominada de gordura perirrenal (ou cápsula adiposa) invade o hilo renal,
preenchendo o seio renal. Atravessando o hilo renal podemos identi�icar um conjunto de
estruturas denominadas de pedı́culo renal, formado basicamente pela veia renal (anteriormente),
artéria renal (posição média) e pelve renal (posteriormente), junto de vasos linfáticos e nervos.
VOCÊ QUER VER?
Os rins são os órgãos responsáveis por �iltrar as impurezas do nosso corpo. Este vıd́eo
mostra quais são os hábitos que você precisa adotar e/ou abandonar para mantê-los
sempre saudáveis e funcionando bem. Con�ira: https://www.youtube.com/watch?
reload=9&v=C6WhwWfRLRA (https://www.youtube.com/watch?
reload=9&v=C6WhwWfRLRA).
https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=C6WhwWfRLRA
Para coletar a urina, proveniente das papilas renais, forma-se nos rins um sistema convergente denominado
de pielocalicial. Os cálices renais menores estão conectados as papilas renais, recebendo destas a urina. A
reunião de cálices renais menores forma os cálices renais maiores (encontramos cerca de 5 cálices renais
maiores em cada rim). A urina proveniente dos cálices renais menores alcança os cálices renais maiores. Os
cálices renais maiores continuam com o sistema de convergência, desta forma, se unem para formar a pelve
(pielo = bacia) renal.
A pelve renal é a porção mais dilatada do sistema pielocalicial. A pelve renal atravessa o hilo do rim e começa
a afunilar. Sua extremidade afunilada, localizada externamente ao rim se continua com o ureter. A junção da
pelve renal com o ureter é uma parte estreita, denominada de constrição ureteropélvica (local em que alguns
cálculos podem obstruir a passagem da urina, provocando a ureterolitı́ase) (MOORE, DALLEY, 2014).
De acordo com uma estimativa feita pela Sociedade Brasileira de Nefrologia, cerca de 20 milhões de
brasileiros sofrem de ureterolitı́ase, sendo o principal ponto de obstrução na constrição ureteropelvica.
#PraCegoVer: essa imagem mostra a anatomia interna dos rins, demonstrando com mais exatidão a divisão
dos vasos renais dentro dos rins e a formação da pelve renal a partir dos cálices renais menores.
 
Os rins são órgãos extremamente vascularizados (recebendo cerca de 20% do débito cardı́aco). A
vascularização de um órgão é dividida em dois circuitos vasculares, o circuito arterial (denominado de
irrigação) e o circuito venoso (denominado de drenagem). Os rins rebem o sangue arterial proveniente dos
ramos da parte abdominalda aorta, denominadas de artérias renais. A artéria renal direita é mais longa que a
artéria renal esquerda (por conta da posição da aorta, que está do lado esquerdo do plano mediano).
Figura 5 - Morfologia interna dos rins
Fonte: Lightspring, Shutterstock, 2020.
Normalmente, cada artéria renal próxima ao hilo, se divide em artérias segmentares, cinco no total. As artérias
segmentares são denominadas de: artéria segmentar superior, artéria segmentar ântero-superior, artéria
segmentar ântero-inferior, artéria segmentar inferior e artéria segmentar posterior. As artérias segmentares se
rami�icam em artérias interlobares, que atravessam os lobos renais e na região da base das pirâmides renais
essas artérias dão origem às artérias arqueadas. Das artérias arqueadas partem as artérias interlobulares,
formando a arterı́ola aferente que alcança o glomérulo (MOORE, DALLEY, 2014).
O sangue venoso dos rins é drenado no sentido inverso. Contudo, no rim encontramos um sistema porta,
formado pela arterı́ola aferente, glomérulo, arterı́ola eferente e vasos peritubulares que posteriormente
formam as veias interlobulares, veias arqueadas, veias interlobares, veias segmentares (posterior, ântero-
superior, ântero-inferior, inferior e superior), que se reúnem para formar as veias renais. As veias renais são
tributárias da veia cava inferior. A veia cava inferior está posicionada do lado direito do plano mediano, desta
forma, a veia renal esquerda é mais longa que a veia renal direita.
As veias renais também apresentam diferenças nas veias que as tributam. A veia renal esquerda recebe as
veias gonadal e suprarrenal do lado esquerdo, enquanto que essa tributação não ocorre do lado direito.
Outra diferença importante é a relação anatômica dos vasos. A veia renal esquerda atravessa o espaço entre a
parte abdominal da aorta (posteriormente) e a artéria mesentérica superior (anteriormente).
1.2.2 Anatomia dos ureteres
A urina é transportada dos rins (da região da pelve renal) até a bexiga urinária pelos ureteres. A condução
ocorre por movimentos peristálticos da parede do ureter (a parede do ureter apresenta músculo liso em sua
constituição). O ureter apresenta a mesma caracterı́stica histológica em sua parede, em toda a sua extensão,
contudo, por atravessar áreas diferentes do corpo. 
VOCÊ SABIA?
Geralmente nos transplantes de rim, o melhor rim do doador �ica com ele e o
outro é doado. Outro dado curioso é que o rim esquerdo é eleito para ser doado
com maior frequência, por sua veia renal ser mais longa.
#PraCegoVer: Esta imagem mostra o posicionamento dos rins no abdome, sendo o direito mais inferior do
que o esquerdo, além do percurso realizado pelo ureter até a bexiga urinária.
 
Anatomicamente o ureter pode ser dividido em três partes:
Figura 6 - Trajeto e partes do ureter
Fonte: Andrea Danti, Mediapool, 2020.
Essa parte inicia na junção do ureter com a pelve renal (junção ureteropelvica = JUP), desce pela
parede posterior da cavidade abdominal, próximo aos processos transversos das vértebras
lombares, se direcionando para a cavidade pélvica. 
•
•
Parte	abdominal	do	ureter	
Parte	pélvica	do	ureter
O diâmetro normal do ureter não é homogêneo, em alguns locais podemos identi�icar estreitamentos. Esses
locais mais estreitos são denominados de constrições do ureter. De acordo com Moore e Dalley (2014), são
três constrições: 
Constrição ureteropélvica (ou junção
ureteropélvica = JUP)
Ponto estreito entre a pelve renal e o inıćio do
ureter.
Constrição ilíaca
Estreitamento do ureter quando o mesmo cruza
super�icialmente a divisão da artéria ilıáca
comum.
Constrição vesical (ou junção ureterovesical =
JUV)
Estreitamento que ocorre dentro da parede da
bexiga urinária.
O suprimento sanguı́neo do ureter é proveniente dos ramos das artérias renal, gonadal, ilı́aca comum, ilı́aca
interna, vesical e uterina, e pela parte abdominal da aorta. A drenagem venosa dos ureteres geralmente segue o
padrão inverso do suprimento arterial.
Fibras dos plexos renais e hipogástricos alcançam o ureter. O ureter é suprido por �ibras aferentes (que
conduzem informações provenientes dos nociceptores viscerais), em direção aos segmentos medulares T11-
L2. Quando o ureter sofre obstrução por uma litı́ase (lito=pedra), a sensação de dor alcança os segmentos
medulares T11-L2. Contudo, esses mesmos segmentos medulares recebem informações provenientes da área
Inicia na abertura superior da pelve (próximo da divisão da artéria ilı́aca comum), desce pela
parede póstero-lateral da pelve e se direciona para a região posterior da bexiga urinária. 
Essa parte perfura a parede da bexiga, de forma oblı́qua, terminando no interior da bexiga, formando
o óstio do ureter. 
•
•
•
•
Parte	intramural	do	ureter	
da pele proveniente do quadrante inferior (do mesmo lado). Assim, quando a litı́ase estimula os nociceptores
viscerais nosso cérebro interpreta como uma informação proveniente da pele do quadrante inferior. Esse tipo
de dor é denominado de dor referida (MOORE, DALLEY, 2014). 
1.2.3 Anatomia da bexiga urinária
A bexiga urinária é um órgão localizado na cavidade pélvica (quando vazia) e pode alcançar o abdome
(quando repleta). E� uma vı́scera oca com alta distensibilidade. Sua parede apresenta �ibras musculares,
denominada de músculo detrusor. A mucosa que reveste a região interna da bexiga é pregueada, menos em
uma região denominada de trı́gono da bexiga.
A função da bexiga é armazenar a urina e, posteriormente, quando seu músculo detrusor sofrer estimulação, a
pressão no interior da bexiga aumenta e o processo de micção inicia.
Entre os gêneros masculino e feminino a bexiga urinária apresenta as mesmas partes:
A bexiga urinária masculina apresenta relações com o reto e as glândulas seminais (posteriormente), a
próstata (inferiormente), as alças intestinais (superiormente) e a sı́n�ise púbica anteriormente (MOORE,
DALLEY, 2014). 
Ápice	da
bexiga	
E� a ponta da bexiga, direcionada anteriormente. 
Corpo	da
bexiga	
Região da bexiga entre o ápice e o fundo. 
Fundo	da
bexiga	
Região posterior, oposta ao ápice. O fundo da bexiga recebe os ureteres. 
Colo	da
bexiga	
Localizado na região inferior da bexiga (nos homens apoiam na próstata).
#PraCegoVer: Essa imagem mostra algumas estruturas anatômicas do sistema urinário e genital masculino,
como a bexiga urinária conectada a uretra, e a vesı́cula seminal no interior da bexiga conectada ao epidı́mio
através do ducto deferente.
 
Nas mulheres a bexiga urinária se relaciona com o útero (superiormente), sı́n�ise púbica (anteriormente),
parede anterior da vagina (posteriormente) e musculatura do assoalho pélvico (inferiormente).
Figura 7 - Relações anatômicas da bexiga urinária no gênero masculino
Fonte: logika600, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer: essa imagem mostra algumas estruturas anatômicas do sistema urinário e genital feminino,
sendo possı́vel visualizar o útero, a vagina, a bexiga urinária conectada a uretra, e o atravessamento realizado
pelos músculos do diafragma da pelve por baixo dos outros órgãos.
 
No interior da bexiga podemos observar a formação de uma área triangular, o trı́gono da bexiga. Nesse local a
mucosa não é pregueada. Podemos delimitar o trı́gono da bexiga utilizando: os dois óstios dos ureteres e a
prega interuretérica (formando a base desse trı́gono) e o óstio interno da uretra (formando o ápice do trı́gono).
Em torno do óstio interno da uretra é circundado por �ibras musculares provenientes do m. detrusor,
formando o músculo esfı́ncter interno da uretra.
Figura 8 - Relações anatômicas da bexiga urinária no gênero feminino
Fonte: Alila Medical Media, Shutterstock, 2020.
#PraCegoVer:	 essa foto mostra uma importante região da bexiga urinária chamada de trı́gono da bexiga
urinária, com os óstios uretéricos e o óstio interno da uretra.
 
Na região do trı́gono da bexiga podemosencontrar uma elevação denominada de úvula da bexiga. A úvula da
bexiga é uma elevação formada pelo lobo médio da próstata (localizado inferiormente).
A bexiga urinária é irrigada pelas artérias vesicais e drenada por veias que tributam para as veias ilı́acas
internas.
Estı́mulos simpáticos (para relaxamento do músculo detrusor e contração do músculo esfı́ncter interno da
uretra) e parassimpáticos (para a contração do músculo detrusor e relaxamento do m. esfı́ncter interno da
uretra) alcançam a bexiga (MOORE, DALLEY, 2014). 
Figura 9 - Trı́gono da bexiga urinária
Fonte: ilusmedical, Shutterstock, 2020.
VOCÊ SABIA?
A hiperplasia prostática benigna provoca aumento do lobo médio da próstata.
Quando esse lobo médio hipertro�ia a úvula da bexiga aumenta. A úvula está
localizada no trıǵono da bexiga, próximo ao óstio interno da uretra. Desta forma, a
hiperplasia prostática benigna di�iculta o ato miccional.
1.2.4 Anatomia da uretra
A uretra masculina e feminina tem diferenças anatômicas e funcionais. A uretra masculina transporta a urina
(durante a micção) e os espermatozoides (na ejaculação), e a uretra feminina é um órgão exclusivo do sistema
urinário, transportando apenas urina.
A uretra masculina tem comprimento de 18 a 22cm, seu inı́cio é no óstio interno da uretra (na bexiga urinária)
e término no óstio externo da uretra (localizado na glande do pênis). Apresenta trajeto sinuoso, atravessando a
parede da bexiga (parte intramural), a próstata (parte prostática), a membrana perineal (parte membranácea) e
o corpo esponjoso do pênis (parte esponjosa) (MOORE, DALLEY, 2014).
#PraCegoVer: essa �igura ilustra as partes internas da uretra masculina.
 
 A parte prostática recebe a urina proveniente da bexiga urinária no momento do relaxamento do músculo
esfı́ncter interno da uretra. Essa mesma parte da uretra recebe as aberturas dos ductos ejaculatórios (ductos
formados pela junção do ducto deferente e do ducto da glândula seminal), transportando para a uretra os
espermatozoides (MOORE, DALLEY, 2014).
A parte membranácea da uretra atravessa a membrana perineal. Ao atravessar a membrana perineal, recebe
�ibras musculares estriadas esqueléticas, que circundam essa parte da uretra, formando o músculo esfı́ncter
externo da uretra (musculatura de inervação somática via nervo pudendo - controle voluntário).
A maior parte da uretra masculina é a parte esponjosa, que atravessa o corpo esponjoso do pênis, para se abrir
na glande do pênis, formando o óstio externo da uretra. A parte esponjosa da uretra apresenta um segmento no
inı́cio do corpo esponjoso, denominada de segmento bulbar. Na glande do pênis a parte esponjosa da uretra é
mais dilatada, formando a fossa navicular.
A irrigação da uretra é realizada pelas artérias vesicais inferiores, retais médias e dorsal do pênis. A drenagem
é feita para o plexo venoso prostático.
A uretra feminina é mais curta, possuindo em média 4cm, é retilı́nea e apresenta seu óstio externo na região
denominada de vestı́bulo da vagina (espaço entre os lábios menores). Possuindo duas partes: intramural e
membranácea. 
Figura 10 - Partes da uretra masculina
Fonte: Sakurra, Shutterstock, 2020.
A uretra feminina se relaciona posteriormente com a parede anterior da vagina. Sua irrigação é feita por ramos
das artérias pudenda interna e vaginal. Sua drenagem é realizada por veias de mesmo nome das artérias
(MOORE, DALLEY, 2014).
1.3 Histologia do néfron
O néfron é formado por uma extremidade dilatada, denominada de corpúsculo renal (formada pelos
glomérulos e a cápsula de Bowman). Os corpúsculos renais estão localizados, exclusivamente, no córtex
renal.
Partindo do corpúsculo renal podemos identi�icar uma sequência de tubos, que atravessam córtex e medula
renal. Os tubos são denominados, sequencialmente, de: o túbulo contorcido proximal, as partes delgadas e
espessa da alça do néfron (Henle) e o túbulo contorcido distal. O túbulo conector conecta o túbulo contorcido
distal aos segmentos corticais ou medulares dos ductos coletores.
O glomérulo é formado por uma rede capilar, proveniente da arterı́ola aferente. O glomérulo é envolvido pela
cápsula de Bowman (formando o corpúsculo renal). A cápsula de Bowman é formada por dois folhetos um
interno (visceral), e outro externo, ou parietal. Entre os dois folhetos há um espaço denominado de espaço de
Bowman (que recebe o �iltrado) (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2013).
O folheto parietal da cápsula de Bowman é formado por células epiteliais, compondo um epitélio simples
pavimentoso. O folheto interno apresenta células epiteliais modi�icadas, denominadas de podócitos. Os
podócitos são células que apresentam diversos prolongamentos e contém actina. Esses prolongamentos
envolvem completamente o glomérulo (formando uma barreira de �iltração).
O túbulo contorcido proximal é formado por epitélio cúbico, com região apical apresentando especializações
denominadas de microvilosidades (a maior reabsorção do �iltrado é realizado nos túbulos contorcidos
proximais).
A alça do néfron (Henle) apresenta forma de U, com segmentos descendente (logo após o túbulo contorcido
proximal) e ascendente (antes do túbulo contorcido distal). A alça do néfron (Henle) é formada por epitélio
simples pavimentoso.
O túbulo contorcido distal é formado por epitélio cúbico simples com células mais estreitas e sem as
microvilosidades (em relação ao túbulo contorcido proximal). O túbulo contorcido distal desemboca nos
túbulos conectores que levam o lı́quido até os ductos coletores.
Os ductos coletores são formados por epitélio cúbico e à medida que se aproximam das papilas renais, suas
células se tornam colunares (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2013).
1.4 Histologia da via urinária
A mucosa da bexiga urinária é formada por epitélio de transição (internamente) que funciona como uma
barreira, músculo liso (camada média) e tecido conjuntivo (externamente). O tecido epitelial de transição é
necessário para que ocorra a distensão adequada da bexiga. A mesma estrutura é mantida no ureter.
A uretra apresenta alterações em seu epitélio, sendo de transição na parte prostática, pseudoestrati�icado
colunar na parte membranácea e esponjosa. 
A uretra feminina é revestida por epitélio estrati�icado pavimentoso, com áreas de epitélio
pseudoestrati�icado colunar (JUNQUEIRA, CARNEIRO, 2013).
1.5 Controle de micção
A bexiga urinária envia �ibras aferentes para a medula espinal, informando sobre o grau de distensão de sua
parede. Quanto mais cheia está a bexiga maior é seu grau de distensão.
Os nervos simpáticos e parassimpáticos seguem em direção à bexiga urinária para inervar o músculo
detrusor e o músculo esfı́ncter interno da uretra.
Podemos relacionar a atividade simpática com o relaxamento do músculo detrusor. Fibras simpáticas liberam
noradrenalina, que se ligam aos receptores adrenérgicos do tipo beta II, provocando o relaxamento do m.
detrusor. Ao mesmo tempo �ibras simpáticas alcançam o m. esfı́ncter interno da uretra, nesse local a
noradrenalina se liga ao receptor adrenérgico alfa I, provocando a contração do m. esfı́ncter interno da uretra.
Desta forma, o simpático facilita o enchimento da bexiga .
As �ibras parassimpáticas estimulam a contração do músculo detrusor, por meio da liberação da acetilcolina e
sua interação com os receptores colinérgicos do tipo muscarı́nicos I e III localizados no m. detrusor da bexiga
(provocando a contração do músculo). Fibras parassimpáticas alcançam o m. esfı́ncter interno da uretra,
provocando seu relaxamento (admite-se que o mediador é o óxido nı́trico, que provoca relaxamento das �ibras
do m. esfı́ncter interno da uretra). Assim, o parassimpático estimula a contração do m. detrusor e o
relaxamento do m. esfı́ncter interno da uretra, gerando a micção.
De forma voluntária podemos estimular o m. esfı́ncter externo da uretra (inervado pelo nervo pudendo).A
contração desse músculo mantém a continência urinária.
O re�lexo miccional ocorre quando �ibras aferentes levam a informação de distensão da parede muscular para
a medula. Fibras alcançam as regiões T12 e L1, inibindo a atividade simpática e, �ibras alcançam as regiões
sacrais da medula estimulando a parte parassimpática (DOUGLAS, 2006; GUYTON, HALL, 2011).
 
Conclusão
Concluı́mos esta unidade e tivemos a oportunidade de nos debruçar sobre as principais estruturas que
compõem o sistema urogenital, partindo do desenvolvimento embrionário, as caracterı́sticas
morfofuncionais, anatômicas e histológicas. De modo geral, foi possı́vel compreender as funcionalidades
desempenhas pelo sistema e sua importância para o funcionamento do corpo humano. 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
conhecer o desenvolvimento do sistema urogenital;
compreender a organização anatômica do sistema urinário;
identificar os componentes do néfron e as características
histológicas da via urinária;
conhecer a embriologia dos rins;
estudar sobre o controle da micção.
•
•
•
•
•
Bibliografia
DOUGLAS, C.R. Tratado	 de	 �isiologia	 aplicada	 às	 ciências	 médicas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2006.
GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado	de	�isiologia	médica. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. 
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J.; ABRAHAMSOHN, P. Histologia	básica: texto e atlas. 13. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2017.
JUNQUEIRA LCU, CARNEIRO J. Histologia	básica - Texto e Atlas. 12 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2013.
MINISTE�RIO DA SAU� DE. Rins: o grande �iltro do nosso corpo. [S.l.], 12 mar. 2019. 1 vı́deo (2 min). Disponı́vel
em: https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=C6WhwWfRLRA (https://www.youtube.com/watch?
reload=9&v=C6WhwWfRLRA). Acesso em: 19 de maio de 2020.
MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia	orientada	para	a	clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.
OLIVEIRA, C. M. C. et	 al. Ectopia renal cruzada com fusão: relato de dois casos e revisão da literatura.
Sociedade	 Brasileira	 de	 Nefrologia, São Paulo, v. 34, n. 3, p. 283-287, Set. 2012. Disponı́vel em:
(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
28002012000300011)http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002012000300011
(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002012000300011). Acesso em: 19 de
maio de 2020.
PORTAL MEDICINA E SAU� DE. Cálculo renal acomete 20 milhões de brasileiros. [S.l.]11/04/2017. Disponı́vel
em: https://www.portalmedicinaesaude.com.br/calculo-renal-acomete-20-milhoes-de-brasileiros.html
(https://www.portalmedicinaesaude.com.br/calculo-renal-acomete-20-milhoes-de-brasileiros.html). Acesso
em: 19 de maio de 2020.
SADLER, TW. Langman	Embriologia	médica. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=C6WhwWfRLRA
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002012000300011
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-28002012000300011
https://www.portalmedicinaesaude.com.br/calculo-renal-acomete-20-milhoes-de-brasileiros.html

Continue navegando