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Introdução
Diferença entre Direitos Humanos e Direito Humanitário.
Tanto o Direito Internacional Humanitário quanto o Direito Internacional dos Direitos Humanos são vertentes do Direito Internacional da Pessoa Humana, que surgiu após a Segunda Guerra Mundial e criou normas jurídicas para garantir o respeito à dignidade da pessoa humana.
Embora algumas normas sejam idênticas, trata-se de dois ramos diferentes que se desenvolveram separadamente e constam em tratados diferentes. O Direito Internacional dos Direitos Humanos assegura e protege os direitos decorrentes da dignidade humana em situação de normalidade, diferentemente do Direito Internacional Humanitário. 
O que é o DIH?
O Direito Internacional Humanitário é o direito que se aplica única e exclusivamente aos conflitos armados, sejam eles conflitos armados internacionais (coma participação de pelo menos dois Estados) ou internos (todas as partes devem seguir as normas do DIH).
Ele consolida e positiva normas sobre conflitos armados que procuram limitar os efeitos e abrangem duas áreas: a proteção das pessoas que não participaram ou que deixaram de participar nas hostilidades e o conjunto das restrições dos meios de combate (armas) e métodos (táticas militares).
A maioria dessas normas são aceito atualmente como Direito Consuetudinário, ou seja, com base nos costumes e aplicadas a todos os Estados.
O Direito Humanitário divide-se tradicionalmente em duas vertentes: just ad bellum e just in bello.
Jus Ad Bellum - Direito de Haia
É a vertente do direito internacional humanitário responsável pelas regras que possibilitam o uso da força, ou seja, buscam uma justificativa para ir à guerra. As fontes para os critérios de legitimidade de um conflito armado atualmente encontram-se na Carta da ONU.
Históricamente houve tentativas de proibir os conflitos armados como a Conferência de Haia em 1907 que previa limites as condutas nos combates. Mas ela não foi capaz de impedir a Primeira Guerra Mundial. Com o fim desse conflito, em 1928 os EUA e França assinaram o Pacto Briand-Kellog (Pacto de Paris) que proibia a guerra. A exemplo de Haia, ele também não impediu a Segunda Guerra Mundial e com toda a barbárie cometida durante esse conflito, a criação da ONU concretizou, mais uma vez, a tentativa de limitar a guerra como recurso dos Estados para solução de conflito. 
A Carta da ONU determina que:
Art 2º paragrafo 3. Todos os Membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.
4. Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força contra a integridade territorial ou a dependência política de qualquer Estado, ou qualquer outra ação incompatível com os Propósitos das Nações Unidas.
Porém a Carta apresenta duas exceções à proibição: Legitima defesa e Operações Autorizadas pela ONU. 
Jus In Bello – Direito de Genebra
Essa vertente apresenta as regras de conduta durante a guerra. Sua principal fonte são as 4 Convenções de Genebra de 1949 e seus Protocolos de 1977 e 2005. 
As Convenções têm por base o respeito pelo ser humano e pela sua dignidade. Obrigam a que as pessoas que não participem diretamente nas hostilidades e aquelas que sejam postas fora de combate por doença, ferimento, cativeiro ou qualquer outra causa, sejam respeitadas. Obrigam também a que as pessoas sejam protegidas contra os efeitos da guerra e a que aquelas que sofrem sejam socorridas e tratadas sem distinção.
a) Convenção de Genebra I: protege feridos e doentes das forças armadas em campanha; b) Convenção de Genebra II: protege feridos, doentes e náufragos das Forças Armadas no mar;
TODOS OS FERIDOS, ENFERMOS E NÁUFRAGOS DEVEM SER RESPEITADOS E PROTEGIDOS EM QUAISQUER CIRCUNSTÂNCIAS
 c) Convenção de Genebra III: trata dos prisioneiros de guerra; 
PRISIONEIRO DE GUERRA: MEMBROS DAS FORÇAS ARMADAS DE UMA PARTE EM CONFLITO ARMADO CAPTURADOS PELA PARTE ADVERSÁRIA. DEVEM SER DISTINGUIDOS DA POPULAÇÃO CIVIL POR USO DE UNIFORME E DISTINTIVO. PS: POPULAÇÃO CIVIL EM TERRITÓRIO NÃO OCUPADO QUE QUANDO O INIMIGO SE APROXIMA TOMA AS ARMAS PARA COMBATE,TEM DIREITO AO ESTADO DE PRISIONEIRO DE GUERRA.
TRATAMENTO: TODA PESSOA CAPTURADA DEVE SER TRATADA COMO PRISIONEIRO DE GUERRA ATÉ QUE SEJA PROVADO CONTRÁRIO POR UM TRIBUNAL COMPETENTE. DEVE SER TRATADO COM HUMANIDADE, NÃO É OBRIGADO A FORNECER INFORMAÇÕES ALÉM DE NOME E MATRICULA. TEM DIREITO A PROCESSO EQUITATIVO. APÓS O FIM DAS HOSTILIDADES OS PRISIONEIROS DE GUERRA DEVEM SER LIBERTADOS E REPATRIADOS IMEDIATAMENTE.
d) Convenção de Genebra IV: aborda o tratamento da população civil; 
POPULAÇÃO CIVIL: TODA E QUALQUER PESSOA QUE NÃO PERTENÇA ÀS FORÇAS ARMADAS. 
NÃO DEVEM SER ATACADOS, DEVEM RECEBER TODA A ASSISTÊNCIA NECESSÁRIA EM CASO DE POPULAÇÃO EM TERRITÓRIO DOMINADO. GARANTIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS SEM QUALQUER DESCRIMINAÇÃO.
e) Protocolo Adicional I: amplia o conceito de conflito armado internacional, incorporando aqueles em que se luta contra regimes de dominação colonial ou racistas; 
ESSA AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE CONFLITO ARMADO INTERNACIONAL INCLUI SITUAÇÕES ONDE GRUPOS DE PESSOAS EXERCEM O DIREITO DA AUTODETERMINAÇÃO CONTRA DOMÍNIO COLONIAL, OCUPAÇÃO ESTRANGEIRA OU REGIMES RACISTAS. AS GUERRAS DE LIBERTAÇÃO NACIONAL TÊM DE SER TRATADAS COMO CONFLITOS DE CARÁTER INTERNACIONAL.
f) Protocolo Adicional II: aplica princípios das Convenções (artigo 3° comum) a conflitos armados internos,quando esses ocorrerem devido à atuação de grupos armados organizados (ou forças armadas dissidentes) que controlem, de maneira organizada, alguma parte do território. 
APLICA OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DAS CONVENÇÕES AOS CONFLITOS ARMADOS NÃO INTERNACIONAIS, OU SEJA, GARANTIR A SEGURANÇA E RESPEITO ÀS PESSOAS QUE NÃO PARTICIPEM DIRETAMENTE DOS CONFLITOS OU QUE FORAM POSTOS FORA DE COMBATE. 
O just in bello também abrange as normas que tratam dos tipos de armas que podem ser utilizadas e da conduta geral de todos os envolvidos no conflito armado. Em termos gerais é proibido uso de meios e métodos que causem ferimentos supérfluos ou sofrimentos desnecessários.
Também está presente o princípio da distinção, que exige que os atos de guerra só sejam cometidos contra combatentes identificados do lado inimigo. Todo combatente tem o direito de cometer atos de guerra legítimos durante o conflito armado apenas contra alvos legítimos, não civis. Para que não haja confusão é necessário distinguir os integrantes da força armada dos civis, com uniformes por exemplo. 
Além disso, são proibidos ataques indiscriminados e é previsto o princípio da proporcionalidade, que determina que as perdas não devam ser excessivas em relação à vantagem militar. 
Esses princípios não se aplicam, por exemplo, às armas nucleares. Seu uso causa destruição em massa, sem definir combatente de civis e deixam conseqüências por muitos anos no local e nas pessoas. Infelizmente, temos como prova as bombas que atingiram Hiroshima e Nagasaki no fim da Segunda Guerra, lançadas pelos Estados Unidos. Para evitar que tragédias como essa aconteçam novamente, foi assinado o Tratado de não proliferação Nuclear em 1968 (só foi ratificado em 2002).
Existem algumas convenções que proíbem o uso de outros tipos de armas que infrinjam esses princípios:
Em 1972, a Convenção de Armas Bacteriológicas/Biológicas foi aprovada com vistas a alcançar progressos efetivos em matéria de desarmamento, a Convenção marcou um passo decisivo na proibição e eliminação das armas de destruição em massa. Seu objetivo último é o de excluir completamente a possibilidade de que agentes bacteriológicos (biológicos) e as toxinas sejam utilizadas como armas. Ela complementa o Protocolo de Genebra de 1925 sobre a proibição de gases asfixiantes, tóxicos ou similares.
Em 1980, houve a Convenção de Armas Convencionais que restringe certos tipos de armas convencionais com o objetivo de proteger civis de seus efeitos indiscriminados e poupar combatentes de ferimentos que não atendem a propósitos militares,por exemplo: o emprego de armas que ferem por fragmentos que não podem ser detectados por raios-X; regular o uso de minas terrestres, armadilhas e outros artefatos explosivos; restringir o emprego de armas incendiárias; o uso e a transferência de armas a laser projetadas para causar cegueira permanente e minimizar os riscos e efeitos dos resíduos explosivos de guerra em situação de pós-conflito.
E em 1983, a Convenção de Armas Químicas quer excluir qualquer possibilidade do uso de armas químicas e complemente a convenção de 1972.
Um dos temas mais discutidos pelo DIH é a questão do desarmamento. Acredita-se que quanto menor a quantidade de armas, menor a possibilidade de conflito.
No âmbito das Nações Unidas, a relação entre Desarmamento e Desenvolvimento começou a ser debatida em 1955.Na década de 1970, foram elaborados documentos sobre as consequências econômicas e sociais do desarmamento, e também sobre e sua importância para garantir a sobrevivência da humanidade e reduzir o risco de guerra. Em 1987, ocorreu a Conferência Internacional sobre o Relacionamento entre Desarmamento e Desenvolvimento que teve, como um de seus principais temas, as consequências dos excessivos gastos militares para os países.
Apesar de toda a discussão em torno do tema, ainda é preocupante a situação de alguns países. No Relatório de Desenvolvimento Humano de 1999, nota-se que ainda há significativa discrepância entre gastos militares e gastos com o desenvolvimento. Em ao menos 84 países, os gastos militares excedem gastos com saúde. 
Assim, há a necessidade de se continuar a debater o tema procurando soluções que englobem aspectos referentes ao aprimoramento de políticas de desenvolvimento, à redução dos gastos militares, e ao controle das exportações de armamentos.
Just post bellum
Também conhecido como Direito de Nova York e resulta diretamente das ações da ONU. Ele se ocuparia de regular as consequências dos conflitos armados, quando há, por exemplo, ocupação, esforços pós-conflito e a necessidade de julgar violações do DIH. A necessidade por uma normatização após o conflito ficou evidente com as recentes intervenções e suas consequências (Bósnia Herzegovina, Kosovo, Iraque e Afeganistão).
O Just post bellum teria o propósito de fazer com que se cumpra a justificativa do início da Guerra, assegurar os termos necessários para o fim do conflito, mostrar o caminho para os tratados de paz, prevenir que grupos continuem guerreando durante as negociações de paz e outros.
Essa vertente ainda está em fase de delimitação e ainda há divergências quanto ao seu conteúdo. 
Guantánamo
Um dos casos mais polêmicos, em que se questiona a aplicação do DIH, é o caso de Guantánamo.
Após os atentados de 2001, o Congresso americano autorizou o presidente a usar a força contra nações, organizações e pessoas que, em sua opinião, tivessem qualquer relação com os ataques ou com atos de terrorismo internacional que fossem cometidos no futuro. 
Assim foi declarada a Guerra ao terror, cujo ponto de partida foi justamente a Guerra do Afeganistão, onde o objetivo máximo dos EUA era derrubar o Talibã do poder e por fim a Al Qaeda. O Patriot Act, aprovado pelo Congresso, autorizou o Pentágono a manter cidadãos não nacionais sob custódia indefinida e sem encargos; proíbe-se que os detentos interponham qualquer recurso perante tribunais estadunidenses, estrangeiros ou internacionais; e afirma-se que, em caso de serem julgados, o julgamento realizar-se-á no âmbito das comissões militares nomeadas pelo Executivo (e não por tribunais independentes e imparciais).
A partir dai as forças armadas americana capturaram diversos suspeitos de terrorismo, principalmente nos campos de batalha no Afeganistão, e os levaram para a prisão de Guantánamo, em Cuba. Os detentos receberam status de “combatentes inimigos”, status esse inexistente tanto do ponto de vista do direito interno dos EUA, como no âmbito do Direito Internacional de guerra. Tal categoria foi criada pelo Governo de Bush a fim de afastar a aplicabilidade da legislação internacional em relação aos aprisionados.
Além disso após alguns anos da abertura da prisão, saíram as primeiras acusação de tortura nos interrogatórios. Essas acusações se repetiram, juntamente com as de humilhações psicológicas, físicas e sexuais; privação de sono e alimentos; ameaças e outras.
O governo americano passou por cima de diversas normas do DIH; os detentos deveriam receber o status de prisioneiros de guerra e ter seus direitos presentes nas Convenções de Genebra e Protocolos, garantidos. Como o tratamento com humanidade, respeito a sua pessoa e honra, direito a habeas corpus e outros recursos jurídicos, contato com familiares etc.
Nesse ano foi publicado o livro “O diário de Guantánamo”, escrito por um dos detentos, Mohamedou Ould Slahi. Ele foi detido em 2002 e está lá até hoje. Os Estados Unidos nunca o acusaram de um crime. Em 2010, um juiz federal ordenou sua libertação, mas o governo resistiu e não há perspectiva de liberdade. 
Cruz Vermelha
O Comité Internacional da Cruz Vermelha é uma instituição privada apolítica, humanitária neutra, imparcial e independente. Visa a proteção e assistência às vítimas de conflitos internos ou internacionais e das suas consequências mais diretas. Criado em 1863, ele é o orgão fundador do Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. O C.I.C.V. está investido de um mandato único no que diz respeito o acompanhamento do tratamento dos prisioneiros de guerra, dispondo igualmente de um direito de iniciativa humanitária reconhecido pela comunidade internacional.
Algumas de suas funções são:
Manter e difundir os princípios fundamentais do Movimento (humanidade, imparcialidade, neutralidade, independência, unidade, universalidade, voluntariado)
Assumir as tarefas que lhe são reconhecidas pelas Convenções de Genebra. Trabalhar com vista à aplicação fiel do Direito Internacional Humanitário aplicável em tempo de conflito armado e receber todas as queixas referentes a alegadas violações desse direito.
Esforçar-se sempre por assegurar a proteção e assistência às vítimas militares e civis de conflitos armados e de distúrbios internos.
Contribuir para a formação e preparação de pessoal e de material sanitários, em colaboração com as Sociedades Nacionais, os serviços de saúde militares e civis e outras autoridades competentes.
Trabalhar com vista à difusão e à compreensão do Direito Internacional Humanitário aplicável nos conflitos armados e à preparação dos seus eventuais desenvolvimentos.

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