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Direito Internacional PROFª JULIA ABDALLA BEM - VINDOS - AULA Nº 06 2 RECAPITULANDO 3 4 ➢ Abrangência Pessoal das normas do Estado. ➢ Nacionalidade ➢ O apátrida e a proteção dos estrangeiros. ➢ Responsabilidade Internacional do Estado. - Unidade de Ensino: 02 – Direito de Guerra e Domínio Público Internacional (Teórico) CONTEÚDO: ➢ Direito de Guerra ➢ Tribunal Penal Internacional Aula nº: 06 BLOCO 1 Direito Internacional da Guerra 6 CONTEÚDO 8 Direito Internacional da Guerra O Direito Internacional, portanto, em consonância com os seus objetivos, veda o uso da força como meio idôneo para a resolução de conflitos. Entretanto, a utilização da força somente se admite como lícita nos casos permitidos e autorizados pelo Conselho de Segurança da ONU, órgão que possui como principal objetivo zelar pela manutenção da paz. (MAZZUOLI, 2019) Desde o surgimento da ONU ainda não tivemos guerra mundial, apenas regional. Ramo que surge para estudar o tema, pode ser chamado de Direito Internacional Humanitário 9 Direito Internacional da Guerra Antes do início de um conflito armado entre Estados é comum a utilização de mecanismos coercitivos para tentar resolver o conflito. Os meios coercitivos mais comuns utilizados pelos Estados para a satisfação de seus interesses são: a) a retorsão; b) as represálias; c) o embargo; d) a boicotagem; e) o rompimento das relações diplomáticas. 10 Direito Internacional da Guerra Retorsão: A retorsão é a medida de reação não armada contra um ato do Estado que, muito embora seja lícito, é considerado descortês, demasiado rigoroso ou que acarreta danos a seus interesses. (MAZZUOLI, 2019) Resposta Imediata Não podem, portanto, violar uma regra obrigatória do direito internacional, como o jus cogens, ou tratados anteriores entre os dois Estados que gerem sua responsabilidade internacional. 11 Direito Internacional da Guerra Represália: As represálias representam o contra-ataque de um Estado em relação a outro, em virtude de eventual injustiça que este tenha cometido contra aquele ou contra os seus nacionais. Diferencia-se da retorsão por se tratar de medidas mais duras e mais arbitrárias, mesmo fundando-se na injustiça cometida por um Estado a outro. Trata-se, portanto, de contra-ataque relacionado aos casos de violação de direitos, perpetrado ou não por meio do uso da força. As únicas represálias atualmente admitidas são estas últimas (praticadas sem o uso da força), devendo quaisquer outras ser consideradas ilícitas e violadoras das regras do Direito Internacional (MAZZUOLI, 2019) 12 Direito Internacional da Guerra A represália se distingue da retorsão na medida em que se baseia na existência de uma injustiça ou violação de um direito, enquanto a retorsão é motivada por um ato que o direito não proíbe ao estado estrangeiro, mas que causa prejuízo ao estado que desta lança mão. 13 Direito Internacional da Guerra Tipos de represália: Embargo. O chamado embargo é uma das formas especiais pela qual se reveste a represália, por meio dele, um Estado, em tempo de paz, sequestra navios e cargas de nacionais de país estrangeiro, ancorados em seus portos ou em trânsito nas suas águas territoriais, a fim de fazer predominar a sua vontade em relação à vontade do Estado embargado. (MAZZUOLI, 2019) 14 Direito Internacional da Guerra Tipos de represália: Boicotagem. Trata-se, como se percebe, de uma interrupção de relações comerciais com um Estado tido como ofensor dos interesses ou dos nacionais de outro Estado. Por meio do boicote, então, este último Estado ou os seus nacionais empregam medidas de interrupção de relações comerciais, a fim de obrigar o primeiro a modificar sua atitude anteriormente adotada, tida como agressiva ou injusta. (MAZZUOLI, 2019) Ex: Cuba e EUA 15 Direito Internacional da Guerra Rompimento das Relações Diplomáticas: Se os meios coercitivos empregados pelo Estado não surtiram efeitos, ainda lhe resta uma última alternativa antes da efetiva declaração de guerra: o rompimento das relações diplomáticas, consistente na suspensão (normalmente temporária) das relações oficiais dos Estados em conflito. Esta não é propriamente um meio coercitivo de solução de controvérsias, muito embora possa indiretamente produzir o efeito desejado pelo Estado. (MAZZUOLI, 2019) Não significa o rompimento das relações econômicas e consulares 16 Direito Internacional da Guerra Quando essas medidas não são suficientes? Quando esses mecanismos não atingem o seu objetivo e não põem fim ao conflito, este pode acabar evoluindo e gerando uma guerra. INTERAÇÃO 17 18 PERGUNTAS? 19 Durante a crise entre os Estados Unidos e o Irã, após o incidente na Embaixada norteamericana em Teerã, no qual 52 norte-americanos foram mantidos reféns por 444 dias (de 4 de novembro de 1979 a 20 de janeiro de 1981), após um grupo de estudantes e militantes islâmicos tomar a embaixada americana em Teerã, em apoio à Revolução Iraniana, os Estados Unidos passaram a ser mais rígidos no tratamento com os estudantes iranianos nos Estados Unidos, deportando todos aqueles que estavam em situação irregular. Qual meio coercitivo usado pelos EUA e porque? 20 RETORSÃO Essas medidas têm por objetivo conduzir o Estado atingido a mudar sua política. A retorsão não admite o uso da força armada. BLOCO 2 Direito Internacional da Guerra II 21 22Direito Internacional da Guerra O que é guerra? A guerra pode ser conceituada como todo conflito armado entre dois ou mais Estados, durante um certo período de tempo e sob a direção dos seus respectivos governos, com a finalidade de forçar um dos adversários a satisfazer a(s) vontade(s) do(s) outro(s). (MAZZUOLI, 2019, p. 1666) 23Direito Internacional da Guerra JUS AD BELLUM Direito à guerra–direito de fazer guerra (Guerra Justa - Direito internacional clássico) Caiu em desuso no DI, pois temos situações excepcionais de defesa e não de fazer guerra; JUS IN BELLO Direito de Guerra (Direito aplicável a guerra) Amenizar o sofrimento das vítimas na guerra, são as normas que estudamos nesta unidade 24Direito Internacional da Guerra A guerra é proibida? A Carta da ONU prevê o uso da força contra um Estado em casos excepcionais: em situações de legítima defesa ou de segurança coletiva. São as únicas situações consideradas lícitas para justificar a ação militar contra um sujeito de direito internacional. Se não for estas situações, será ilícita! A Carta da ONU não utiliza formalmente a expressão guerra, fazendo referência ao uso da força. 25Direito Internacional da Guerra Legítima Defesa: pressupõe uma agressão atual ou iminente, uma resposta proporcional ao ataque, a comunicação imediata do ato ao Conselho de Segurança da ONU, a limitação da resposta até que o Conselho de Segurança tome medidas efetivas para o restabelecimento da paz e da segurança internacional. (Caso Navio Caroline) O ato de agressão não precisa ter ocorrido. O Estado, em face da iminência de um ataque, pode reagir, neutralizando as capacidades do outro Estado em atacá-lo. 26Direito Internacional da Guerra Legítima Defesa: Não existe: Legítima defesa preventiva, ou legítima defesa na política de dissuasão e legítima defesa de terceiros(Discussão no DI – Doutrina Bush e desfiles militares) A resposta do Estado deve ser proporcional ao ataque real ou potencial e dirigida ao Estado que realiza o ataque. Usado pelos Eua na intervenção na guerra do Vietnã, em defesa do Vietnã do Sul; pela África do Sul, nos ataques à Rodésia do Sul; por Israel nos ataques ao sul do Líbano (que ainda ocorrem nos dias de hoje. 27Direito Internacional da Guerra Segurança coletiva é a ação conjunta da Comunidade Internacional contra um Estado ou um grupo considerado pela maioria dos Estados como culpado por violar a paz internacional. Seu objetivo principal é paz internacional. É prevista na Carta da ONU em três situações: ameaça à paz internacional:antes de o conflito eclodir; ruptura da paz internacional: quando o conflito já foi deflagrado, diante de atos de agressão reconstrução da paz: depois que o conflito foi amenizado, reconstruir as estruturas do Estado afetado. ** Dica: Filme Sérgio - Netflix 28Direito Internacional da Guerra História da Guerra: O efetivo nascimento do direito de guerra se deu pelas treze Convenções de Haia, de 1899 e 1907. Muitas das práticas previstas em seus comandos normativos não mais subsistem, tendo em conta o moderno conceito de guerra lícita e o ideal humanitário que deve pautar a atuação dos Estados, mesmo no contexto de beligerância. Dessa forma, no contexto de guerra a atuação dos Estados também é limitada por normas de Direito Internacional. 29Direito Internacional da Guerra O Direito de Haia limita a atuação dos Estados na guerra, o aclamado professor Rezek (2014) nos ensina que essas normas podem ser divididas em três macro princípios limitadores: • limites em razão da pessoa: institui como dever dos Estados não atacar os não combatentes. • limites em razão do local: determina que somente podem ser alvos de ataques aqueles lugares considerados como estrategicamente importantes no sentido militar da guerra. • limites em razão das condições: impõem a utilização de armamento ou instrumentos de combate que evitem causar sofrimento aos inimigos. 30Direito Internacional da Guerra Direito de Haia: Princípio da neutralidade, o qual permite que um Estado opte por se manter neutro, por não tomar partido no conflito, não alinhar com qualquer dos beligerantes preservando, assim, sua inviolabilidade territorial e mantendo um dever de imparcialidade e de abstenção no ambiente do conflito. Baseia na noção de soberania; Todavia, Estado não pode se manter neutro se isso signifique ir conta a manutenção da paz e dos direitos humanos Situação Problema 31 32 O Estado da Conleia do Leste já demonstrou fortemente perante a comunidade internacional sua produção de armas nucleares. Neste sentido, o Conselho de Segurança da ONU determina o embargo sobre a venda de armas, o congelamento de todos os bens de norte-coreanos, assim como de bens de empresas de controle direto ou indireto de pessoas que participaram ou deram suporte a programas relacionados à aquisição de armas nucleares ou mísseis balísticos pela Conleia do Leste. Essas medidas são lícitas? 33 Com a expansão do instituto da segurança coletiva após 1990, mesmo quando não há ruptura da paz, o Conselho de Segurança tem exigido o cumprimento de suas resoluções pelos Estados-membros e não membros. No mesmo sentido, o Conselho de Segurança criou órgãos subsidiários para impor sanções, como o Comitê de Sanções, que tem por meta criar modalidades de sanções mais efetivas para atingir os objetivos propostos. 34 PERGUNTAS? BLOCO 3 Direito Internacional da Guerra III 35 36Direito Internacional da Guerra Direito de Genebra (1949): (JUS COGENS) Primordial entender o conceito de combatente e não combatente Composto de 4 convenções A I Convenção de Genebra protege os soldados feridos e enfermos durante a guerra terrestre. A II Convenção de Genebra protege os militares feridos, enfermos e náufragos durante a guerra marítima A III Convenção de Genebra aplica-se aos prisioneiros de guerra. A IV Convenção de Genebra outorga proteção aos civis, inclusive em território ocupado. 37 Direito Internacional da Guerra Direito de Nova Iorque (1968): Estabelece regras para a proteção dos direitos humanos em período de conflito armado. São chamadas regras de Nova Iorque por terem na sua base a atividade desenvolvida pelas Nações Unidas no âmbito do direito humanitário. Resolução 2444 (XXIII) "Respeito dos direitos humanos em período de conflito armado“ Instrumentos que abarcam aspectos de Haia e Genebra em forma de complementaridade e especificação desses aspectos. 38 Direito Internacional da Guerra Proteção dos não combatentes Não se admite ataques contra a população civil; População civil não pode ser usada com escudo Os bens essenciais a população civil não podem ser atacados Danos severos e duradouros: patrimônio ambiental, cultural (não pode) Aviso antes de bombardeios 39 Direito Internacional da Guerra Ingerência Humanitária Com o fim da Guerra Fria, o direito internacional adotou uma nova lógica de ingerência humanitária, agora com legitimidade aportada pela concordância da maioria dos Estados. Não escolhe lado do conflito; Organizações Não Governamentais como Cruz Vermelha, Médicos Sem Fronteiras; Oferecem assistência humanitária em casos de guerra ou fenômenos naturais graves; 40 Direito Internacional da Guerra Guerra: os seguintes elementos constitutivos do conceito de guerra: a) a existência de um conflito armado; b) a contenda entre pelo menos dois Estados (o que não impede que o conflito seja dentro do território de apenas um deles, salvo o caso das guerras civis, que não se enquadram no conceito jurídico- internacional de guerra, exatamente por não haver conflito entre dois ou mais Estados); c) a direção das hostilidades pelos respectivos governos desses Estados; e d) a intenção de sobrepor à outra parte os desejos (diametralmente opostos) de um ou mais Estados. 41 Direito Internacional da Guerra Importante: o Direito Internacional regula apenas a conduta das partes em conflito, com o objetivo de impedir a proliferação indiscriminada da violência. Não se pronuncia sobre as razões que movem as partes, restringindo-se, antes, a disciplinar o comportamento dos contendores desde o momento em que a guerra foi declarada. (AMARAL JÚNIOR, 2015, p. 218) 42 Direito Internacional da Guerra Como a guerra começa? O estado de guerra pode ter início com uma declaração formal de um Estado em relação a outro nesse sentido, por meio de um ultimatum manifestando a intenção do Estado de recorrer à guerra caso, dentro de um período certo de tempo, não forem satisfeitas as suas exigências, ou ainda em decorrência do início de atos de hostilidades (ou de força) cometidos contra outro Estado. As hostilidades têm início com a autorização da luta armada, quando o governo de um Estado ataca de fato o território de outro. 43 Direito Internacional da Guerra No Brasil: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; A declaração de guerra compete ao presidente da República e não necessariamente é condicionada à prévia autorização do Congresso Nacional. 44 Direito Internacional da Guerra Como a guerra termina? A guerra normalmente termina com a vitória de uma parte sobre a outra. Mas, do ponto de vista jurídico, a maneira ideal e civilizada de se colocar termo à guerra é por meio da conclusão de um tratado de paz, em que se declaram solenemente terminadas todas as hostilidades e se estipulam as condições de paz entre os dois (ou mais) Estados envolvidos no conflito. 45 Direito Internacional da Guerra Considera-se crime de guerra, por exemplo: o uso de armas que provocam sofrimentos inúteis à população, como armas químicas ou biológicas; o bombardeio a regiões habitadas por civis, onde não há corpos militares; a pilhagem, o estupro ou abuso sexual por parte dos militares; a produção e o uso de minas antipessoais; armas a laser cuja principal função seja cegar permanentemente as tropas adversárias; Tortura de combatentes presos, ou obrigação de trabalho forçado; 46 Direito Internacional da Guerra INTERAÇÃO 47 48 I - A Missão de Paz da qual o Brasil participa no Haiti com o envio de tropas é, na verdade, uma missão de imposição de paz, embasada no Cap. VII da Carta das Nações Unidas, razão pela qual tem-seuma situação de aplicação do direito internacional dos conflitos armados para o nosso país, pois as organizações militares brasileiras estão em situação de ocupação parcial de território de outro país, ainda que não haja resistência armada, tal como assim define o artigo 2o comum das quatro Convenções de Genebra de 1949. II - As Forças Militares brasileiras em Missão de Paz no Haiti estão imunes ao direito internacional dos conflitos armados, razão pela qual não podem cometer crimes de guerra, embora o Brasil tenha aderido ao Estatuto de Roma. III - Como a ONU não está sujeita ao direito internacional dos conflitos armados, logo, os nossos militares no Haiti estão imunes à prática dos crimes de guerra definidos no Estatuto de Roma. 49 TODAS AFIRMATIVAS ESTÃO ERRADAS 50 PERGUNTAS? BLOCO 4 Tribunal Penal Internacional 51 52 Tribunal Penal Internacional O Tribunal Penal Internacional constitui-se em um marco do Direito Internacional, pois com sua criação institui-se pela primeira vez uma Corte Penal Internacional capaz de julgar indivíduos que tenham cometido violações de direitos humanos. Tratado: Estatuto de Roma, elaborado em 1998. O Brasil ratificou o Estatuto em 2002 Sede: Haia mas pode funcionar em outros locais se necessário 53 Tribunal Penal Internacional Antes da criação, a sanção era feita através de Tribunais Ad Hoc autorizados pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Foram criados quatro: A) Tribunal de Nuremberg Esteve constituído de 20/11/1945 a 1/10/1946; criado para julgar os oficiais nazistas pelos crimes cometidos durante a Segunda Guerra Mundial B) Tribunal de Tóquio (1946-1948) criado para julgar os oficiais japoneses pelos crimes cometidos no mesmo conflito 54 Tribunal Penal Internacional Tribunal Penal para a Ex-Iugoslávia e Ruanda Novas discussões foram realizadas para implementação de um tribunal permanente, mas a Guerra Fria travou tais discussões. Guerra Civil Desta forma, os países buscaram no Conselho de Segurança da ONU a saída para os crimes ocorridos na Iugoslávia e Ruanda. Resolução 827 (1993) – Iugoslávia Resolução 955 (1994) – Ruanda Críticas: Ofensa aos princípios da legalidade, anterioridade e irretroatividade da lei penal Tribunal Penal Internacional Tribunal Penal Internacional Depois de uma grande discussão na ordem internacional em 1998 foi assinado o Estatuto de Roma, que criava o TPI. Art. 1.º - Fica instituído pelo presente um Tribunal Penal Internacional. O Tribunal será uma instituição permanente, estará facultada a exercer sua jurisdição sobre indivíduos com relação aos crimes mais graves de transcendência internacional, em conformidade com o presente Estatuto, e terá caráter complementar às jurisdições penais nacionais. A jurisdição e o funcionamento do Tribunal serão regidos pelas disposições do presente Estatuto. Brasil ratificou em 2002. Julga crimes imprescritíveis Tribunal Penal Internacional Tem personalidade própria -O Tribunal poderá exercer os seus poderes e funções nos termos do seu Estatuto, no território de qualquer Estado-parte e, por acordo especial, no território de qualquer outro Estado (art. 4º, §§ 1º e 2º). Capacidade jurídica para o exercício de suas funções; Órgão independente e complementar Possui em sua estrutura os seguintes órgãos: 1) Presidência; 2) Seção de Recurso; 3) Seção de Julgamento em Primeira Instância; 4) Seção de Instrução; 5) Gabinete do Procurador; 6) Secretaria Jurisdição do Tribunal Penal Internacional Crimes de genocídio Qualquer ato praticado com intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso. Atos que são genocídio: a) homicídio de membros do grupo; b) ofensas graves à integridade física ou mental de membros do grupo; c) sujeição intencional do grupo a condições de vida com vista a provocar a sua destruição física, total ou parcial; d) imposição de medidas destinadas a impedir nascimentos no seio do grupo; e e) transferência, à força, de crianças do grupo para outro grupo. Jurisdição do Tribunal Penal Internacional Crimes contra a humanidade O art. 7.º do Estatuto de Roma estabelece como crime contra a humanidade os atos de homicídio, extermínio, escravidão, deportação ou transferência forçada de uma população, prisão ou outra forma de privação da liberdade física grave, tortura, agressão sexual, perseguição de um grupo ou coletividade, desaparecimento forçado de pessoas, crime de apartheid e outros atos desumanos que causem intencionalmente grande sofrimento, cometidos no quadro de um ataque generalizado ou sistemático contra qualquer população civil. Jurisdição do Tribunal Penal Internacional Crimes de guerra O estatuto de Roma estabeleceu como crimes de guerra as violações da Convenção de Genebra de 1949 e de outras normas convencionais ou costumeiras que regem os conflitos armados internacionais. O descumprimento das regras do direito internacional humanitário. Tratados e costumes sobre os meios ou condutas que devem ser adotadas durante uma guerra. Tais crimes têm como fundamento o jus in bello (direito na guerra; ou limitações jurídicas ao exercício da guerra), em oposição ao jus ad bellum (direito à guerra; ou permissibilidade de se iniciar uma guerra). Inclusão no rol dos crimes dessa espécie dos chamados conflitos armados não internacionais Jurisdição do Tribunal Penal Internacional Crime de agressão: Não foi definido pelo Estatuto por falta de consenso entre os Estados. 2010 – Conferência de Revisão do Estatuto definiu como crime de agressão: Qualquer conduta perpetrada por um sujeito apto a dirigir as ações políticas ou militares de um Estado que planeja, prepara ou realiza um ato de agressão contra a soberania, integridade territorial, independência política de outra nação ou qualquer ação incompatível com a Carta das Nações Unidas. Jurisdição do Tribunal Penal Internacional Deve recair sobre os indivíduos que os perpetraram Nos termos do art. 25, §§ 1º e 2º, do Estatuto, o Tribunal tem competência para julgar e punir pessoas físicas, sendo considerado individualmente responsável quem cometer um crime da competência do Tribunal. “irrelevância da qualidade oficial” https://www.icc-cpi.int/ - Acessar o site e mostrar os casos https://www.icc-cpi.int/ Jurisdição do Tribunal Penal Internacional O TPI pode ser acionado Estados membros Conselho de Segurança Procuradoria Devem ser observados os princípios da anterioridade e irretroatividade da Lei Penal, razão pela qual ele não pode julgar crimes ocorridos antes de 1.º/07/2002. Entrega x Extradição Por esse princípio, o TPI não exercerá sua jurisdição caso o Estado com jurisdição já houver iniciado ou terminado investigação ou processo penal, salvo se este não tiver “capacidade” ou “vontade” de realizar justiça. 63 PERGUNTAS? Situação Problema 64 65Situação Problema Adolpho Rytler é um líder político com um complexo de superioridade étnica bastante inflado. Por sentir que a sua etnia é superior a todas as demais, começou a fomentar o ódio contra pessoas de origem asiática. Grita aos quatro cantos e propaga um discurso de ódio contra pessoas dessa origem, cometendo verdadeiras atrocidades. Adolpho, entretanto, por ser muito popular, por meio da mídia acaba conseguindo tantos adeptos que forma uma espécie de exército com milhares de seguidores da sua ideologia. Liderando seus discípulos, ele parte efetivamente para uma violenta dizimação das pessoas asiáticas dentro do território do país que governa, a Adolpholândia. 66Situação Problema O Poder Judiciário do seu país, apesar de receber inúmeras ações contra Adolpho pelas atrocidades cometidas, não as julga e declara expressamente que não irá fazê-lo. E agora, as ações criminosas promovidas por Adolpho terão alguma consequência internacional? Ensejam responsabilidade dele como indivíduo? Como ela poderá ser apurada? Considere que você é atualmente Procuradordo TPI e tomou conhecimento do caso e precisa elaborar uma denúncia fundamentada para que Adolpho possa ser julgado e responsabilizado pelos seus crimes internacionalmente. 67Resolução O genocídio faz parte do catálogo de crimes de competência do TPI, esse é o primeiro ponto a ser observado. Ademais, o próprio estado que possui a competência originária para processar e julgar os crimes cometidos por Adolpho declarou expressamente que não o faria, logo, o TPI, em observância ao princípio da complementariedade, pode exercer a competência nesse caso. A gravidade das ações de Adolpho choca a comunidade internacional, por isso ele não pode ficar impune e deve ser responsabilizado penalmente a nível internacional. Portanto, você deverá oferecer denúncia contra o indivíduo Adolpho pela prática do crime de genocídio, explicitando que o Estado onde os crimes foram cometidos não irá julga-los, para que o indivíduo seja então processado e julgado pelo TPI, sendo responsabilizado pelos atos criminosos que violam a ordem internacional e reclamam atuação desta Corte Internacional permanente. RECAPITULANDO 68 69 ➢ Uso lícito da força ➢ Direito de Guerra ➢ Tribunal Penal Internacional
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