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apostila de SAÚDE-REPRODUTIVA

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1 
 
 
SAÚDE REPRODUTIVA, GÊNERO E GERAÇÃO 
1 
 
 
Sumário 
SAÚDE REPRODUTIVA, GÊNERO E GERAÇÃO........................................ 
 GÊNERO, SEXUALIDADE E SAÚDE ......................................................... 3 
REPRODUÇÃO E GÊNERO: PATERNIDADES E TEORIAS DA 
CONCEPÇÃO ....................................................................................................... 6 
NECESSIDADES DE SAÚDE, POLÍTICAS PÚBLICAS E GÊNERO: 
PERSPECTIVAS DAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS ........................................... 10 
INTEGRALIDADE E GÊNERO NA ASSISTÊNCIA A SAÚDE .................... 13 
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a instituição, como entidade oferecendo serviços 
educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
GÊNERO, SEXUALIDADE E SAÚDE 
 
Uma breve análise gênero nas análises sociais, Gênero é um conceito das 
ciências sociais que se refere à construção social do sexo. Significa dizer que a 
palavra sexo designa agora no jargão da análise sociológica somente a 
caracterização anátomo-fisiológica dos seres humanos e a atividade sexual 
propriamente dita. O conceito de gênero existe, portanto, para distinguir a dimensão 
biológica da social. 
 Genericamente, as ciências humanas utilizam termos em suas teorias que são 
de uso da linguagem comum. Portanto, definir com precisão o sentido e a que 
dimensão da realidade a que se referem seus instrumentos conceituais é 
preocupação semelhante à das demais ciências. O raciocínio que apoia essa 
distinção baseia-se na ideia de que há machos e fêmeas na espécie humana, mas a 
qualidade de ser homem e ser mulher é realizada pela cultura. Mas, por que é possível 
afirmar-se que homens e mulheres só existem na cultura, ou melhor, que são 
realidades sociais e não naturais? 
Na conjuntura dos direitos reprodutivos articulados entre as problemáticas do 
gênero e da sexualidade, a dimensão no campo da saúde que incidem sobre o 
domínio da reprodução e da prevenção das doenças sexualmente transmissíveis 
avaliando os sujeitos aos quais elas se destinam, estão marcados por condições 
sociais distintas, entrelaçando estas, determinações de classe, gênero, etnia, faixa 
etária, posição no ciclo reprodutivo, afiliação religiosa, capital cultural e educacional. 
 A dimensão de itens deve ser considerada como constituindo a moldura que 
fabrica e encerra as condições de existência dos seres sociais e atualiza os dilemas 
da contemporaneidade, considerando como conciliar universalismo e diferença na 
formulação de políticas. 
 
“Através da comparação entre diversas sociedades, pode-se 
perceber que homens e mulheres são concebidos 
representacionalmente e modelados socialmente de maneira muito 
variada, deduzindo-se assim a fraca determinação da natureza na 
4 
 
 
definição de comportamentos sociais; a espécie humana é 
essecialmente dependente da socialização” (Elias, 1987). 
 
Portanto, é usual conceber-se, no senso comum que as condutas que homens 
e mulheres ostentam da consequência da dimensão natural inscrita em seus corpos. 
A exemplo disso são as convicções muito difundidas sobre correlação inata entre sexo 
e personalidade. 
 Na cultura ocidental, imagina-se que o masculino é dotado de maior 
agressividade e o feminino de maior suavidade e delicadeza. Margareth Mead, uma 
antropóloga americana, na década de 30, resolveu estudar essa questão nos anos 
30. Seu livro Sexo e Temperamento (Mead,1969) traz os resultados da pesquisa 
realizada na Nova Guiné sobre o que então se chamava de papéis sexuais, e que 
hoje em dia chamamos de construção social do gênero. Da comparação entre três 
culturas (Arapesh, Mundugomor e Tchambuli) que compartilhavam de uma 
organização social semelhante. 
 Portanto a cultura é composta de conjuntos ideacionais específicos 
apresentam se como um todo integrado; cada domínio pode ser objeto de concepções 
peculiares, contudo eles mantêm entre si uma tessitura que não é de simples 
justaposição, ao contrário, integram um sistema interdependente que provê a 
coerência de uma determinada visão de mundo. 
Mas quais são as articulações entre gênero e reprodução? “A problemática do 
gênero explica ser na apropriação da fecundidade feminina pelo sexo masculino a 
origem da desigualdade entre os gêneros presentes em diversas sociedades” 
(Barbieri, 1991). 
 Toda via o constrangimento que a natureza exerce sobre a organização social 
para essas tarefas é bastante frágil. Na vida social lidamos sempre com formas 
institucionais e, portanto, arbitrárias de arranjo das relações entre seres humanos. É 
apenas efeito da ideologia, e do seu subsistema de ideia referidos ao gênero, 
"conceber instituições estáveis da sociedade como formas 'naturais' de organização 
da vida coletiva" (Durham,1983::15). 
5 
 
 
No que diz a respeito da palavra a sexo, foi desalojada do entendimento da 
elaboração cultural das condutas de homens e mulheres, a sexualidade como 
expressão das trocas eróticas entre sujeitos de sexos diferentes ou de um mesmo 
sexo foi despejada de uma significação transhistórica e/ ou transcultural. 
“A sexualidade é uma forma moderna (sec.XVIII) de arranjo e construção de 
representações e atitudes acerca do que seria uma orientação erótica expontânea, 
traduzindo uma dimensão interna dos sujeitos, ordenada pelo desejo”. 
Relativo à sexualidade em sua dimensão na construção social, ou seja, a 
cultura quem delimita nesse esforço a pessoa, no próprio sentido de vem ser 
masculino e feminino, também o próprio reconhecimento a ser um ser humano, 
subjetiva e socialmente falando-se, depende das representações coletivas presentes 
em uma sociedade sobre o que significa. 
 
“Este modo de formular a questão apoia-se na perspectiva 
construtivista, que privilegia uma abordagem do sexo como um 
domínio social equivalente a outros tantos: carece de socialização, de 
internalização de representações, de introdução a determinadas 
práticas, de negociação de significados sobre atitudes do que venha a 
se constituir como erótico o sexual em um determinado contexto social” 
(Gagnon e Simon:1973). 
 
Portanto a cultura é a grande responsável pela transformação de corpos 
sexuados em corpos socializados, inseridos estes em redes de significados que 
definem categorizações de gênero, de orientação sexual e de escolha de parceiros; é 
por intermédio de valores que se modelam, se orientam e se esculpem os desejos e 
as trajetórias sexuais-amorosas. 
O sexo é um canal de comunicação, um meio de troca, articulado nuns visão 
de mundo, onde estão igualmente presentes, concepções sobre amor romântico, 
intimidade, corpo e os sentimentos a ele relacionados como gostoe desagrado, 
também estes culturalmente fabricados. 
 
6 
 
 
 
REPRODUÇÃO E GÊNERO: PATERNIDADES E TEORIAS DA 
CONCEPÇÃO 
 
De acordo a concepção de Strathern, gênero se refere a um tipo de categoria 
de diferenciação. Gênero se refere a categorizações de pessoas, artefatos, eventos, 
sequências e tudo o que desenha a imagem sexual, indicando os meios pelos quais 
as características de masculino e feminino tornam concretas as ideias das pessoas 
sobre a natureza das relações sociais. 
As mediações em relação a paternidade mostram-se concebida como 
fundamental para uma determinada masculinidade, a dos casados, uma vez que a 
dos solteiros pode fundamentar-se na sua falta de responsabilidades, liberdade 
sexual e acesso a várias mulheres. Assim, o casamento (heterossexual e 
monogâmico) recria a noção de masculinidade ao incorporar a paternidade, com suas 
consequentes responsabilidades 
Retratando a paternidade, não se refere apenas como ‘fazer filhos’; ela está 
relacionada também à capacidade de sustentá-los e educá-los. Sustentar os filhos é 
uma responsabilidade considerada masculina, o que coloca o trabalho remunerado 
dos homens como referência fundamental nas concepções sobre paternidade e 
masculinidade. Sendo assim, fazer filhos’ pode servir para comprovar o atributo físico 
da paternidade, conseguir sustentá-los e educá-los comprova seu atributo moral. 
A conjunção de atributos físicos e morais na representação da paternidade 
elucida a coexistência do desejo por filhos ‘próprios’, de ‘seu sangue’, junto com a 
criação de filhos da companheira com outro parceiro, de filhos da irmã, ou filhos 
adotivos. 
 Ou seja, criar filhos que não são ‘biologicamente’ seus relaciona-se aos 
atributos morais da paternidade, como dar sustento, educação e amor. Atributos estes 
que são colocados, porém, no atributo físico da paternidade, entendido como a origem 
modelar de doação de amor, educação e sustento. 
7 
 
 
“Strathern enfatiza que, na representação por ela denominada de “euro-americana”, 
parentesco é um conceito híbrido, uma vez que é considerado como um fato da 
sociedade enraizado em fatos da natureza”. 
 No processo de procriação como tal é visto como, pertencendo ao domínio da 
natureza, e não ao domínio da sociedade. Ou seja, o parentesco é visto como um 
arranjo social dos fatos naturais, entre os dois domínios. As tecnologias reprodutivas 
permitem que homens e mulheres se tornem pais e mães através da manipulação de 
um ou mais fatos considerados naturais da vida: relação sexual, transmissão de genes 
e dar à luz. 
Portanto as tecnologias reprodutivas abrem mais possibilidades para as atribuições 
de maternidade e paternidade, mas sem que estas deixem de ser consideradas, de 
acordo Strathern em relação ao parentesco, um fato da sociedade enraizado em fatos 
da natureza. 
 Entretanto a paternidade é atribuição da masculinidade, mas não da mesma forma 
que a maternidade é atribuição da feminilidade. A maternidade é vista pelas mulheres 
como um desejo que sempre existiu, como natural, instintivo, essencial, como a 
realização de um sonho do passado. Dessa forma, a representação de que as 
mulheres vão se constituindo mães ao longo de suas trajetórias de vida, e que a 
maternidade é uma experiência de continuidade, de repetição, de realização de um 
plano desde sempre elaborado no passado feminino. 
 Em relação à masculinidade, segundo Almeida, relata, que esta não pode ser vista 
como a mera formulação cultural de um dado natural, uma vez que ela é marcada por 
assimetrias (como heterossexual/homossexual) e hierarquias (de mais a menos 
‘masculino). No que diz afirmativa em relação à feminilidade, e a questão da 
esterilidade ilustra bem esse ponto. 
 mesmo havendo a incorporação de dimensões femininas na masculinidade, 
não há uma falta de delimitação de prerrogativas normativas masculinas e femininas. 
A necessidade de manutenção de demarcação de fronteiras aparece como evitando 
o perigo da contaminação inerente à união do que deveria estar. 
 
8 
 
 
“Segundo Delaney, culturas influenciadas pelo monoteísmo 
elaboraram uma teoria monogenética da reprodução. Essa teoria 
considera que os homens são os geradores das crianças, e a 
participação das mulheres restringe-se a acolher a criança em seu 
corpo para que se desenvolva. A analogia é com a plantação, pois os 
homens simbolizam a semente e as mulheres a terra: a semente 
germina e se transforma independentemente da terra em que foi 
cultivada.” Carol DELANEY, 1986. 
 
 Uma vez que, a ideia da existência de uma teoria monogenética da reprodução 
estar bem alicerçada no trabalho de campo de Delaney, mesmo que sua afirmação 
que essa teoria continua informando noções sobre reprodução em outros lugares da 
Europa e na América, acaba por encobrir a existência de outra teoria sobre a 
reprodução que pode ser encontrada nas culturas influenciadas pelas religiões 
monoteístas. 
 Strathern em sua representação euro-américa onde aponta a teoria 
duogenética da reprodução, considerando que pai e mãe contribuem geneticamente 
para gerar a criança. Mas é uma participação desigual, na medida em que a mãe 
contribui com um elemento a mais, o útero. 
 Dessa forma, a denominação de teoria duogenética de reprodução para referir 
às representações que consideram que pai e mãe participam do processo reprodutivo, 
mas de maneira desigual, uma vez que a gravidez é tida como um processo que 
ocorre exclusivamente (até agora, pelo menos) no corpo da mãe, e o embrião 
desenvolve independentemente da participação paterna. 
Esta é a confirmação das noções de amor natural materno, de ligação natural 
e automática da mãe com o filho. Ou seja, a gravidez é tomada como a responsável 
por estabelecer esse amor e essa ligação natural da mãe com o filho, pois confere à 
mãe uma experiência exclusiva de intimidade com a criança. 
Para Fonseca, quando mostra que a noção do amor natural materno está 
presente em setores sociais onde é comum a circulação de crianças. As mães que 
entregam seus filhos para que outras mulheres cuidem temporariamente (o que pode 
significar anos) não consideram que abandonaram seus filhos. 
9 
 
 
 
Ao contrário, acreditam que fizeram um grande sacrifício ao cederem suas 
pejorativas maternas para outras mulheres em nome do bem-estar da criança. Mas, 
ainda que essa prerrogativa possa ser cedida, ela nunca é perdida, uma vez que os 
laços de sangue são considerados perenes, e a mística da ligação mãe–filho é 
onipresente. Cláudia FONSECA, 1995. 
Portanto a gravidez representa um processo que, uma vez ocorrido, prescinde 
da participação paterna para seu desenvolvimento, sendo exclusivo das mulheres – 
contida na teoria duogenética da reprodução –, informa as concepções da 
maternidade como uma essência e as da paternidade como um projeto. 
 Senso assim, a uma diferença considerada natural e biológica é atribuído um 
peso explicativo. Além disso, o ‘modo natural de reprodução’ – compreendido como 
incluindo relação sexual, transmissão de genes e gravidez – é tomado como modelo 
a ser seguido nos arranjos sociais relativos à reprodução, como a adoção e o uso de 
tecnologias reprodutivas. 
NECESSIDADES DE SAÚDE, POLÍTICAS PÚBLICAS E 
GÊNERO: PERSPECTIVAS DAS PRÁTICAS 
PROFISSIONAIS 
 
No âmbito da saúde, circula como questão no campo da Saúde Coletiva, 
estudos sobre o acesso a serviços e cuidados, a qualidade da assistência e das 
práticas dos profissionais, situando como os direitos à saúde e deveres do Estado em 
suas políticas públicas. Foi o centro da estruturação da Saúde Coletiva, nos anos 
1970, vinculando-se à democratização do estado brasileiro e à reforma da saúde. 
Enfatizando o estudo das necessidades em permitia o serviço da assistência 
quando o tema foi tratado como necessidades satisfeitas e não satisfeitas pelos 
serviços de saúde então existentes.Causou a discussão sobre a premência 
transformadora do Estado, com o reconhecimento dos direitos de cidadania e do 
acesso universal aos serviços de saúde. 
10 
 
 
A Saúde Coletiva teve na realização do Sistema Único de Saúde (SUS) em 
1980, o maior engajamento, cujo projeto democratizante, mesmo tendo avançado, até 
hoje persiste como questão. Porém os estudos das necessidades também levavam, 
à época, à crítica da especialização assistencial, tanto em termos das práticas 
profissionais, quanto do ensino médico. 
 Perspectiva de gênero voltada para a saúde dos homens, alinhando à 
produção da última década na Saúde Coletiva. Gênero implica dois parâmetros de 
análise: a dimensão relacional que leva a pensar homens de modo articulado com 
mulheres e a tomada explícita da desigualdade de poder entre eles, sendo um maior 
valor atribuído à esfera masculina de questões sociais, o que repercute em 
necessidades de homens e de mulheres. 
 A teoria de gênero permite a compreensão da construção sócio histórica 
acerca do ser homem e mulher com a pretensão de sua desconstrução: identifica a 
desigualdade de valor, evidenciando as formas tradicionais de definir e abordar 
homens e mulheres na vida social, para uma crítica contra cultural, em busca da 
equidade de gênero. 
Aproxima se a crítica ao encontro do princípio da integralidade para as políticas 
públicas de saúde e toma necessidades de modo alternativo ao pensamento 
hegemônico da racionalidade biomédica. Em alguma forma já indica que a maior 
equidade na atenção integral não se assenta em medidas idênticas para homens e 
mulheres, pois a construção das desigualdades reflete uma dada concepção de poder 
na sociedade. 
Portanto as relações entre as distintas classes sociais nessa reprodução, onde 
o social conforma um todo cujas partes se apresentam em uma dinâmica de afirmação 
e negação das características sócio históricas desse todo. Refere se a noção de 
(re)produção como uma reiteração que é, ao mesmo tempo, uma nova produção, 
gerando tensões. Ou seja, mesmo em práticas sociais que conservam o social, 
mudanças podem ser impulsionadas por sujeitos sociais agentes das mesmas. 
A exemplo, estudos apontam que as práticas de violências socializam os 
meninos na formação da identidade masculina, revelando também que, embora as 
noções de competitividade e uso da força física, que estão na base da representação 
11 
 
 
de virilidade, sejam a referência simbólica hegemônica de masculinidade dos homens, 
nem todos efetivamente se comportam de modo violento, evidenciando a diversidade 
de práticas sociais na mesma referência cultural de gênero. 
Portanto é de esperar, que o campo da saúde venha (ré)produzindo a desigualdade 
de gênero e contribuindo para sua conservação em modalidades de atenção dirigidas 
a homens e a mulheres que apresentem aspectos comuns e divergentes entre si, 
sendo assim conservem, de modo conflituoso, a referência do maior valor das 
questões masculinas. 
Portanto a crítica cultura, requer o reconhecimento das dominâncias 
(biomédica e de gênero) e de seus 'escapes', o que deve ser perseguido nos estudos 
e pesquisas exploradores dessa tensão. Portanto, a conquista da atenção 
integral para homens e mulheres, programas com ajustes similares não 
serão suficientes; Porem, significa que alguns projetos e algumas medidas 
práticas poderão ser similares, sendo a principal base de mudança o valor 
desses sujeitos perante a sociedade e, pois, a diferença de sentidos com 
que se inserem na racionalidade assistencial biomédica e hegemônica na 
atenção à saúde. 
No parecer, gênero, permite enriquecer conceitualmente 'necessidades de 
saúde', bem como diferenciar práticas profissionais de atenção integral destinadas a 
homens e mulheres particulares e concretos, para alcançar maior equidade nas 
políticas públicas. 
Considerando a política pública, diz respeito à tomada de decisões por parte 
do Estado, já enquanto o resultado das disputas de grupos de interesses presentes 
no governo. O Estado decide perante alternativas de responder a questões sociais, 
cada qual já representando ganhos e perdas para distintos grupos, entre eles os 
profissionais e os cientistas da saúde. 
 Às alternativas representadas por todos envolvidos, a técnico-científica nem 
sempre é a referência de maior valor, tal como o é para o exercício profissional. O 
estatuto dos conhecimentos científicos e técnicos é bastante diverso para a instância 
12 
 
 
da política e a das práticas de saúde; necessidades de saúde, portanto, serão alvo de 
leituras diversas nessas instâncias. 
Na esfera das políticas já está tão vinculada à dos serviços, e a democratização 
do acesso aos serviços e o reconhecimento dos direitos humanos e sociais já são 
questões tão presentes para a elaboração de programas de atenção específicos, que 
parecerá até estranho querer destacar a distinção. 
Referente ao pensamento hegemônico em saúde, ainda bastante presente na 
área da medicina, as práticas dos profissionais eram vistas como independentes das 
questões sociais, econômicas, políticas ou culturais, parecendo que sua qualidade se 
baseava exclusivamente na dimensão técnico-científica de seus saberes. 
Tendo o planejamento como emergência da gestão em saúde como 
instrumento de mudança social, foi um dos produtos da politização da Saúde a partir 
da estruturação da Saúde Coletiva, abrindo definitivo diálogo entre a política e a 
organização das redes de serviços e do sistema de saúde. 
 O movimento, porém, perdeu-se de vista a problemática da distinção e com 
isso a reflexão em torno à capacidade de mudanças articuladas. Não obstante, é 
inegável a importância histórica da Saúde Coletiva1, que já bem estabelecida como 
campo, ou seja, como movimento social politizador, sempre permanecer atuante e 
revisitar criticamente suas próprias conquistas. 
 
INTEGRALIDADE E GÊNERO NA ASSISTÊNCIA A SAÚDE 
 
Sobre integralidade, questões importantes são apresentadas e debatidas no 
campo da Saúde Coletiva nas últimas três décadas no Brasil. Nessa direção, 
recorremos a tal perspectiva para discutir gênero e suas articulações com sexualidade 
e reprodução no contexto da Atenção Primária à Saúde (APS) e, em especial, na 
Estratégia Saúde da Família (ESF) que, desde 2006, com a publicação da Política 
Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2006), foi reafirmada como a principal 
estratégia para a organização da APS. 
13 
 
 
Segundo Teixeira (2003) ressalta que os diversos sentidos empregados à 
noção de integralidade no campo da saúde se articulam sempre em torno de um 
núcleo semântico simples e geral: a qualidade de integral como equivalente a estar 
todo, inteiro, completo. Dessa forma, as diversas compreensões da noção 
dependeriam fundamentalmente do que os diferentes projetos tecnopolíticos no 
campo pretendem integrar, tornar inteiro. 
 Foi inserida a introdução no vocabulário analítico de gênero a dimensão 
relacional da categoria, com a qual as mulheres e os homens são definidos em termos 
recíprocos. Com o referencial, atentamos para o fato histórico de que a apropriação 
da perspectiva de gênero no âmbito das práticas e das políticas de saúde resvala em 
desarticulações, sobretudo no que diz respeito à compreensão relacional do binômio 
homem-mulher. 
 Portanto a história da saúde da mulher de um lado está atrelada ao desenvolvimento 
da medicina e da produção da tecnologia médica, propicia para o corpo feminino, que 
foram responsáveis por um avanço nas condições de saúde e sobrevivência de 
mulheres e crianças, solucionando problemas cruciais da reprodução social (VIEIRA, 
2002). 
Conforme o autor, ao mesmo tempo, essa história é marcada pela manutenção 
do controle médico, sobretudo ginecológico, sobre as mulheres (ROHDEN, 2001), tal 
como apontado na crítica feita pelo movimento feminista. 
A reivindicação do movimento demulheres no Brasil a respeito da necessidade 
de superar o reducionismo que circunscrevia a abordagem dos problemas de saúde 
das mulheres, aos contextos culturais e às diversas formas de dominação que 
conferiam especificidades a seu adoecimento, influenciou diretamente a elaboração 
do PAISM. 
A definição das mulheres como população-alvo prioritária de ações em saúde 
nesse programa assinala uma ruptura com a concepção que marcava sua presença 
no grupo materno-infantil (MATTOS, 2003). 
A partir do PAISM a formulação da assistência como atenção integral, 
fornecesse as bases para a articulação entre diferentes temas da saúde da mulher, 
14 
 
 
entre eles destacavam se a reprodução e a sexualidade, tal proposta não se efetivou 
plenamente. 
Para (SCHRAIBER, 2008) a saúde sexual, por exemplo, não conseguiu se 
desenvolver tanto quando a saúde reprodutiva. Nesse sentido, mesmo diante da 
tentativa de ultrapassar o reducionismo da mulher a mamas, útero e gestação, a 
principal referência das práticas em saúde para mulheres parece ainda ser a 
diferenciação do corpo feminino como um corpo que reproduz (MEDEIROS; 
GUARESCHI, 2009). 
 
“Em virtude dessa histórica inserção das mulheres nos 
serviços da APS, elas representam melhor do que os homens 
a clientela atendida, tanto em termos de frequência, quanto de 
familiaridade com o espaço e a lógica de organização; 
mostram-se mais adaptadas aos moldes de funcionamento do 
serviço e mais à vontade na comunicação com os 
profissionais, no uso do espaço e nas formas de interação” 
(COUTO et al., 2010). 
 
Em virtude a inserção das mulheres nos serviços da APS, elas representam 
melhor do que os homens a clientela atendida, tanto em termos de frequência, quanto 
de familiaridade com o espaço e a lógica de organização; mostram-se mais adaptadas 
aos moldes de funcionamento do serviço e mais à vontade na comunicação com os 
profissionais, no uso do espaço e nas formas de interação (COUTO et al., 2010). 
Nesse sentido, um dos desafios que a implantação de ações em saúde do 
homem tem a enfrentar é a própria inserção dos homens nos serviços da APS 
Entre os documentos da política chamam a atenção por pouca ênfase dada às 
questões de saúde reprodutiva e à paternidade (MEDRADO et al., 2011). Essa 
preocupação está relacionada a inclusão dos homens nas discussões reprodutivas, 
realizada de forma instrumental, na qual ocupam não o lugar de sujeitos que se 
reproduzem e podem regular sua fecundidade, mas o papel daqueles que apoiam ou 
dificultam as decisões de suas parceiras (FIGUEROA-PEREA, 1998). 
15 
 
 
Neste contexto compreendemos a legítima aplicação da dimensão relacional, 
considerando a estreita relação que a construção social delas mantém entre si e com 
o referencial cultural de gênero. Segundo Villela e Arilha (2003), uma vez que a 
relação sexual entre homem e mulher pode gerar outros seres, parte das normas 
relacionadas às práticas sexuais está atrelada ao modo como cada cultura lida com a 
reprodução. 
Em relacionando - homens-mulheres e sexualidade-reprodução - nos remete à 
noção de integralidade, em sua acepção primeira de "tornar inteiro", uma vez que 
nosso argumento segue na direção de conectar, articular, tornar dialógico o que 
compreendemos como intrinsecamente relacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
BARBIERI, Teresita de. “Sobre la categoria de género - una introducción 
téorico-metodologica" In: AZEREDO, Sandra & STOLCKE, Verena. Direitos 
Reprodutivos. São Paulo: Fundação Carlos Chagas/DPE, 1991, p. 25-46. 
ELIAS, Norbert “On human beings and their emotions: a process-sociological 
essay” In:Theory, Culture ad Society. SAGE, Londodn, v.4 1987 (339-3361) 
MEAD, Margareth. Sexo e Temperamento. São Paulo: Perspectiva, 
1969.PAICHELER, Geneviève & QUEMIN, Alain. “Integration des conaissances et 
logiques preventives face au risque de contamination par le HIV”. IN: 
Connaissances, représentations, comportements. Paris: ANRS, 1994. 
DURHAM, Eunice. "Família e reprodução humana". In: FRANCHETTO et alii. 
Perspectivas antropológicas da mulher n . 3. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. 
21. Bourdieu P. Razões Práticas. Sobre a teoria da ação. São Paulo: Papirus; 
1996. 
VIEIRA, E.M. A medicalização do corpo feminino. Rio de Janeiro: Fiocruz, 
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