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Universidade Federal de Sergipe Departamento de Ciências Contábeis – DCCI Fundamentos de Economia Docente: Tacito Augusto Farias Discentes: Josefa Denise Andrade Félix Thainá Menezes dos Santos Monopólio Os monopólios, podem cobrar preços elevados por seus produtos, e seus clientes parecem não ter outra escolha a não ser pagar o preço que o monopólio estiver cobrando. Os monopólios podem controlar o preço de seus produtos, mas, como os preços elevados reduzem a quantidade que os clientes compram, seus lucros não. Por que surgem os monopólios Monopólio é uma empresa que é a única vendedora de um produto que não tem substitutos próximos. As barreiras à entrada é a causa fundamental dos monopólios, porque como as outras empresas não podem entrar no mercado e competir com ela, o monopólio se mantém como o único vendedor de seu mercado. Existem três origens principais das barreiras à entrada: recursos de monopólio; regulamentações do governo; e o processo de produção. Recursos de monopólio Um monopólio, de maneira bem simples, pode surgir quando uma empresa é proprietária de um recurso chave. Por exemplo, se em uma pequena cidade do Velho Oeste houver apenas um poço para fornecer água a toda cidade e não tiver nenhuma outra forma de obter água, então o dono do poço terá um monopólio sobre a água. O monopolista tem muito mais poder de mercado que qualquer empresa em um mercado competitivo. Mesmo que a propriedade exclusiva de um recurso chave seja uma causa potencial de monopólios, eles raramente surgem por esse motivo na prática. As economias atuais são grandes e os recursos tem muitos proprietários. Como muitos bens são negociados internacionalmente, o alcance natural de seus mercados muitas vezes é mundial. Com isso, há poucos exemplos de empresas que são proprietárias de um recurso que não tem substitutos próximos. Monopólios criados pelo governo Os monopólios surgem, em muitos casos, porque o governo concede a uma só pessoa ou empresa o direito exclusivo de vender algum bem ou serviço. Pode decorrer, às vezes, da influência política de quem deseja ser monopolista. Já em outros casos, o governo concede um monopólio porque isso é visto como de interesse público. Dois exemplos importantes são as leis de patentes e direitos autorais. Quando uma companhia farmacêutica descobre um novo medicamento, pode requerer do governo uma patente. Se o medicamento for considerado original, a patente é aprovada, e a empresa consegue o direito exclusivo de fabricação e venda do produto por 20 anos. Quando um autor termina de escrever um romance, pode requerer o direito autoral sobre ele. O direito autoral é uma garantia do governo de que ninguém poderá imprimir e vender o livro sem a permissão do autor. O direito autoral faz do autor um monopolista sobre a venda de seu livro. Monopólios naturais São monopólios que surgem porque uma só empresa consegue ofertar um bem ou serviço a um mercado inteiro, a um custo menor do que ocorreria se existissem duas ou mais empresas no mercado. Um exemplo está na distribuição de água. Para levar água aos moradores de uma cidade, uma empresa precisa construir uma rede de tubulações. Se mais empresas competissem na prestação desse serviço, cada empresa teria de pagar o custo fixo da construção da rede. Por isso, o custo total médio da água é menor se uma só empresa suprir o mercado. Como os monopólios decidem produzir e como determinar o preço Com o surgimento dos monopólios, pode-se examinar como uma empresa monopolista decide quanto produzir e que preço cobrar pelo seu produto. A análise do comportamento monopolista é o ponto de partida para avaliar se os monopólios são desejáveis e que políticas o governo pode adotar nos mercados monopolistas. Monopólio versus competição A principal diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista é a capacidade que esta tem de influenciar o preço de seu produto. Uma empresa competitiva não consegue influenciar o preço de seu produto, aceita o que é apresentado pelas condições do mercado. Por outro lado, um monopólio pode alterar o preço de seu bem ajustando a quantidade que oferta ao mercado, pois é a única produtora em seu mercado. Pode se enxergar essa diferença entre uma empresa competitiva e uma monopolista examinando a curva de demanda de cada uma. Uma empresa competitiva enfrenta uma curva de demanda horizontal. A curva de demanda da empresa monopolista é a curva de demanda do mercado, pois ela é a única ofertante do seu mercado. A receita de um monopólio Vamos imaginar uma cidade que só tenha um produtor de água. Veja na tabela como a receita do monopólio poderia depender da quantidade de água produzida. As duas primeiras colunas mostram a escala de demanda do monopólio. A terceira representa a receita total da empresa monopolista, que é a quantidade vendida multiplicada pelo preço. A quarta coluna traz a receita média da empresa, que é o quanto de receita que a empresa recebe por cada unidade vendida. E a última coluna fornece o cálculo da receita marginal da empresa, que é a receita que a empresa recebe pela venda de cada unidade adicional do produto. A receita marginal do monopolista é sempre menor que o preço do bem, porque ele se depara com uma curva de demanda com inclinação descendente. Para aumentar a quantidade vendida, uma empresa monopolista precisa reduzir o preço do bem que cobra de todos os clientes. A receita marginal dos monopólios é muito diferente da receita marginal das empresas competitivas. Quando um monopolista aumenta a quantidade vendida, afeta de duas formas a receita total (P x Q): • O efeito quantidade: É vendida uma quantidade maior, de modo que Q é maior, o que faz com que a receita total aumente. • O efeito preço: O preço cai, de modo que P é menor, o que tende a diminuir a receita total. As empresas competitivas podem vender tudo o que quiserem ao preço de mercado, não existe para elas o efeito preço. Quando aumentam a produção em uma unidade, recebem o preço de mercado por essa unidade e não recebem nada a menos pelas unidades que já estavam vendendo. Maximização do lucro Suponha que a empresa esteja operando com um baixo nível de produção. Nesse caso, o custo marginal é menor que a receita marginal. Se a empresa aumentar a produção em 1 unidade, a receita adicional excederá os custos adicionais, e o lucro aumentará. Assim, quando o custo marginal for menor que a receita marginal, a empresa pode aumentar um número maior de unidades. Isso também se aplica a níveis elevados de produção. Nesse caso, o custo marginal é maior do que a receita marginal. Se a empresa reduzir a produção em 1 unidade, os custos poupados serão maiores que a receita. Assim, se o custo marginal for maior que a receita marginal, a empresa poderá aumentar o lucro reduzindo a produção. A empresa ajusta seu nível de produção até que a quantidade atinja QMAX, na qual a receita marginal é igual ao custo marginal. Assim, a quantidade produzida que maximiza o lucro do monopolista é determinada pela intersecção da curva da receita marginal com a curva do custo marginal. Essa intersecção está ilustrada no ponto A da figura abaixo. A receita marginal das empresas competitivas é igual ao preço, e a receita marginal de um monopolista é menor que o preço. Para empresas competitivas: P = RMg = CMg. Para monopolistas: P>RMg = CMg. A igualdade da receita marginal e do custo marginal na quantidade que maximiza o lucro é a mesma para ambas as empresas. O que os diferencia é a relação entre o preço, a receita marginal e o custo marginal. O lucro de um monopolista O lucro é igual à receita total (RT) menos os custos totais (CT): Lucro = RT – CT Pode essa expressão ser reescrita como: Lucro = (RT/Q – CT/Q) x Q, onde RT/Q é a receita média, que é igual ao preço P, e CT/Q é o custo totalmédio CTM. Portanto, Lucro = (P – CTM) x Q. Essa equação do lucro, a mesma das empresas competitivas, permite medir o lucro do monopolista no gráfico. O custo do monopólio em relação ao bem-estar Observa-se que um monopólio, diferentemente das empresas competitivas, cobra preços superiores ao custo marginal. Do ponto de vista dos consumidores, esse preço elevado faz com que os monopólios sejam indesejáveis. Ao mesmo tempo, contudo, os monopolistas lucram com os altos preços que cobram. Do ponto de vista dos proprietários das empresas, o preço elevado torna o monopólio muito atraente. O peso morto Se a empresa monopolista fosse administrada por um planejador social benevolente, que não se preocupa somente com o lucro obtido pelos proprietários da empresa, mas também com os benefícios recebidos pelos consumidores dos produtos vendidos pela empresa. Ele tenta maximizar o excedente total, que é igual ao valor do bem para os consumidores menos os custos de produção do produtor monopolista. A quantidade socialmente eficiente se encontra no ponto em que as curvas de demanda e de custo marginal se cruzam. Abaixo dessa quantidade, o valor de uma unidade extra para os consumidores excede o custo marginal de ofertá-la, de modo que aumentar a produção aumentaria o excedente total. Acima dessa quantidade, o custo de produzir uma unidade extra excede o valor daquela unidade para os consumidores, de modo que diminuir a produção elevaria o excedente total. Na quantidade ideal, o valor de uma unidade extra para os consumidores, de modo que diminuir a produção elevaria o excedente total. Na quantidade ideal, o valor de uma unidade extra para os consumidores é exatamente igual ao custo marginal de produção. A ineficiência do monopólio pode ser medida com um triângulo que representa o peso morto. A curva de demanda reflete o valor para os consumidores e a curva de custo marginal reflete o custo para o monopolista, a área do triângulo que representa o peso morto entre a curva de demanda e a de custo marginal se iguala à perda do excedente total, por causa do preço de monopólio. O peso morto causado pelo monopólio é semelhante ao causado por um imposto. O lucro do monopólio: um custo social? É certo que os monopólios obtêm altos lucros por seu poder de mercado, mas a análise econômica do monopólio diz que não é necessariamente o lucro da empresa um problema para a sociedade. O bem-estar de um mercado monopolizado, como em qualquer outro mercado, inclui tanto o bem-estar dos consumidores quanto dos produtores. Caso um consumidor pague um real a mais para um produtor por causa de um preço monopolista, sua situação piora em um real e a do produtor melhora no mesmo valor. Isso não afeta o excedente total do mercado, que é a soma dos excedentes do consumidor e do produtor. Ou seja, o lucro monopolista não representa por si só não representa uma redução do tamanho do bolo econômico, é apenas uma fatia maior para os produtores e uma fatia menor para os consumidores. A menos que os consumidores sejam mais merecedores que os produtores, o lucro do monopólio não é um problema social. Discriminação de preço Uma empresa monopolista cobra o mesmo de todos os clientes, porém em muitos casos as empresas tentam vender o mesmo bem a diferentes clientes por preços diferentes, com os mesmos custos de produção. Isso se chama discriminação de preços. Uma parábola sobre a determinação do preço Vejamos um exemplo para entender porque um monopolista poderia praticar a discriminação de preços. Caso você fosse presidente de uma editora, pagasse R$ 2 milhões pelo direito de publicação de um livro e o custo de impressão fosse zero. O lucro seria a receita obtida com a venda menos os R$ 2 milhões pagos à autora. Para saber quanto cobrar pelo livro, é preciso primeiramente estimar uma possível demanda pelo livro. Sabe-se que o livro atrairá dois tipos de leitores. Os 100 mil fãs incondicionais da autora poderão pagar até R$30,00 pelo livro. E poderá atrair cerca de 400 mil leitores que só estarão dispostos a pagar R$5,00 por ele. Sendo prensado e calculado que, se a empresa vender 100 mil cópias a R$30,00 lucrará mais do que vender 500 mil a R$5,00, ela opta por maximizar o lucro e abrir mão da oportunidade de vender aos 400 mil leitores menos interessados. Essa decisão gera um peso morto. Esse peso morto é a habitual influência que surge sempre que um monopolista cobra um preço superior ao custo marginal. A editora pode modificar sua estratégia de marketing e lucrar ainda mais. Pode cobrar R$30,00 dos leitores mais interessados pelo livro e R$5,00 dos 400 mil menos interessados. Não seria surpreendente se a editora optasse por seguir a estratégia de discriminação de preços. A moral da história A história da editora ensina algumas lições importantes e gerais. A primeira é que a discriminação de preços é uma estratégia racional para a maximização dos lucros monopolistas, ou seja, cobrando diferentes preços de diferentes clientes um monopolista pode aumentar seu lucro. A segunda é que a discriminação exige separação dos compradores segundo a sua disposição para pagar. A terceira lição é que a discriminação de preços pode levar ao bem-estar econômico. Quando a editora cobra apenas um preço de R$30,00 surge um peso morto, porém quando ela pratica a discriminação de preços todos os leitores compram o livro e o resultado é eficiente. Análise da discriminação de preços Uma discriminação de preços perfeita descreve uma situação em que o monopolista conhece exatamente a disposição que cada cliente tem para pagar e pode cobrar de cada comprador um preço diferente. A figura a seguir mostra os excedentes do produtor e do consumidor com e sem discriminação de preços. Sem discriminação a empresa cobra um preço único, superior ao custo marginal. Com discriminação, em alguns casos, o comprador atribui ao bem um valor superior ao custo marginal, e o compra a um preço igual a sua disposição para pagar. Na realidade a discriminação de preços não é perfeita. Os clientes não chegam nas lojas anunciando sua disposição para pagar, ao invés disso, as empresas praticam a discriminação de preços dividindo as pessoas em grupos, por faixa etária, dias da semana, região e assim por diante. Exemplos de discriminação de preços • Ingressos de cinema: Muitos cinemas cobram preços mais baixos pelos ingressos de crianças e idosos que dos demais frequentadores. • Preço de passagens aéreas: Os assentos em aviões são vendidos a muitos preços diferentes. • Cupons de desconto: Muitas empresas fornecem cupons de desconto ao público por meio de jornais e revistas. • Ajuda financeira: Muitas faculdades concedem ajuda financeira através de bolsas de estudo a estudantes necessitados. Política pública quanto aos monopólios Os formuladores de políticas do governo podem reagir ao problema dos monopólios de quatro maneiras: • Tentando tornas as indústrias monopolizadas mais competitivas; • Regulamentando o comportamento dos monopólios; • Transformando alguns monopólios privados em empresas públicas; • Não fazendo nada. Aumento da competição com as leis antitruste Caso a Coca-Cola e a PepsiCo quisessem se fundir, essa transação seria analisada pelo governo federal antes de ser realizada. Poderiam, os advogados e economistas do Departamento de Justiça, concluir que a fusão dessas duas grandes empresas de bebidas tornaria o mercado de refrigerantes menos competitivo e com isso reduziria o bem-estar econômico do país como um todo. Nesse caso, o Departamento de Justiça contestaria a fusão na corte e as duas empresas seriam impedidas de se fundir. A legislação antitruste proporciona ao governo diversos meios para promover a competição. Regulamentação O governo pode lidar com o problema do monopólio regulamentado o comportamento dos monopolistas. Isso é comum no caso dosmonopólios naturais, como das empresas de água e energia elétrica. Essas empresas não podem cobrar os preços que desejam, há agências governamentais que regulamentam seus preços. Propriedade pública Nessa política, em vez de regulamentar um monopólio natural administrado por uma empresa privada, o próprio governo pode administrar o monopólio. Isso é comum em muitos países europeus, onde o governo é proprietário e operador de empresas de serviços públicos como as de telefonia, água e energia elétrica. Não fazer nada As políticas anteriores destinadas a reduzir o problema do monopólio tem, cada uma, suas desvantagens. Por esse motivo, alguns economistas defendem que, em muitos casos, o melhor para o governo é não tentar remediar as ineficiências de determinação de preços monopolista. Conclusão Dessa forma, um monopólio é uma firma que é o único vendedor em seu mercado. Ela enfrenta uma curva de demanda negativamente inclinada para seu produto. A receita marginal do monopolista é sempre menor que o preço de venda do bem. Assim como a firma competitiva, um monopólio maximiza lucro produzido a quantidade para a qual o custo marginal e receita marginal são iguais. Ao contrário da firma competitiva, seu preço excede sua receita marginal e, portanto, também é maior que o custo marginal. O nível de produção que maximiza o lucro monopolista está abaixo do nível que maximiza a soma dos excedentes do produtor e do consumidor. Um monopólio causa um peso morto similar àquele causado por um imposto. Os formuladores de políticas públicas podem responder à ineficiência do comportamento do monopólio com leis antitruste, regulamentação de preços ou tornando o monopólio uma empresa pública. Se a falha do mercado é relativamente pequena, os formuladores de políticas podem decidir não fazer nada. Os monopolistas podem aumentar seu lucro determinando diferentes preços para diferentes compradores baseando-se em sua disposição a pagar. A discriminação de preços pode aumentar o bem-estar econômico e diminuir o peso morto. Referência MANKIW, N. Gregory, “Introdução à Economia”.
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