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Universidade Federal de Sergipe Departamento de Ciências Contábeis – DCCI Fundamentos de Economia Docente: Tacito Augusto Farias Discentes: Josefa Denise Andrade Félix Thainá Menezes dos Santos Empresas em mercados competitivos Vejamos o mercado de gasolina e de água de determinado bairro. Um aumento no preço do combustível de um posto fará com que ocorra uma queda na quantidade vendida de gasolina. Por outro lado, se a empresa que fornece água aumentasse o preço, isso poderia fazer com que as pessoas reduzissem seu consumo, e seria improvável encontrar outro fornecedor. A diferença entre esses mercados é óbvia, há várias empresas fornecendo gasolina, mas apenas uma empresa de abastecimento de água. O que é um mercado competitivo? O mercado é competitivo quando cada comprador e cada vendedor são pequenos em relação ao mercado e, portanto, têm pouca capacidade de influenciar nos preços do mercado (são tomadores de preço). Por outro lado, se uma empresa é capaz de influenciar o preço de mercado, dizemos que tem poder de mercado. O significado da competição Um mercado perfeitamente competitivo tem as seguintes características: • Existem muitos vendedores e compradores no mercado, todos, individualmente, detêm uma pequena parcela do mercado. • Os bens ofertados pelos vários vendedores são muito semelhantes. • As firmas podem entrar e sair livremente do mercado. - Não há barreiras à entrada e à saída (legais ou não) - Não há custos irrecuperáveis (sunk-costs) - As informações fluem livremente e sem custo Como resultado de suas características, o mercado perfeitamente competitivo tem as seguintes consequências: • As ações de um único comprador ou vendedor têm um impacto negligenciável sobre o preço do mercado. • Cada vendedor ou comprador assume o preço como determinado pelo mercado. Compradores e vendedores em mercados competitivos são denominados tomadores de preço. Compradores e vendedores devem aceitar o preço determinado pelo mercado. A receita de uma empresa competitiva Empresas que operam em mercados competitivos procuram maximizar seu lucro, que é igual à receita total menos custo total. Como o preço da mercadoria não depende da quantidade de produto que uma empresa, pequena em relação ao mercado, produz ou vende, se a empresa dobrar a quantidade produzida o preço se mantém constante e a receita total dobra. • Receita média é a receita total dividida pela quantidade produzida; diz a receita que a empresa recebe por uma unidade típica vendida. Para todas as empresas, a receita média é sempre igual ao preço do bem. • Receita marginal é a variação da receita total decorrente da venda de uma unidade adicional do produto. Para todas as empresas competitivas, a receita marginal é igual ao preço do bem (se aplica somente às competitivas pois o preço do bem é fixo somente para elas). Maximização do lucro e a curva de oferta de uma empresa competitiva Para maximizar o lucro, a empresa deve: 1. Escolher a quantidade produzida que torna o lucro o maior possível. 2. Encontrar a quantidade que maximiza o lucro comparando a receita marginal e o custo marginal de cada unidade produzida, pois enquanto a receita marginal for maior que o custo marginal, o aumento da quantidade produzida irá elevar os lucros. Um exemplo simples de maximização do lucro Se a receita marginal for maior que o custo marginal, os vendedores deverão aumentar a produção do bem porque receberão mais (receita marginal) do que gastam (custo marginal). Se a receita marginal for menor que o custo marginal os vendedores deverão diminuir a produção. Se eles pensarem na margem e fizerem ajustes incrementais no nível de produção, serão levados naturalmente a produzir a quantidade que maximiza o lucro. A curva de custo marginal e a decisão de oferta da empresa Ao observar o gráfico abaixo, é possível analisar que quando a receita marginal é maior que o custo marginal, como em Q1, é possível aumentar os lucros elevando a produção. Quando a receita marginal for menor que o custo marginal, como em Q2, a empresa pode aumentar o lucro reduzindo a produção. A empresa acabará ajustando a produção em Qmáx, quando ocorre a intersecção do preço com a curva de custo marginal. Chegamos, assim, à regra geral de maximização do lucro: • No nível de produção que maximiza o lucro, a receita marginal e o custo marginal são exatamente iguais. Nesse sentido, quando há aumento dos preços de mercado, a empresa percebe que a receita marginal fica maior que o custo marginal no nível de produção anterior e, por isso, aumenta a quantidade produzida. Com a nova quantidade que maximiza o lucro, o custo marginal é igual ao novo e mais elevado preço. Em essência, como a curva de custo marginal das empresas determina a quantidade de produto que estas estão dispostas a ofertar a qualquer preço dado, é a curva de oferta das empresas competitivas. A decisão da empresa de suspender as atividades no curto prazo Paralização é uma decisão de curto prazo de não produzir nada durante um determinado intervalo de tempo por causa das condições atuais do mercado. a) A empresa ainda precisa arcar com custos fixos, que serão chamados de custos irrecuperáveis. b) Ocorre quando a receita que obteria produzindo é menor que seus custos variáveis de produção, ou seja, se o preço do bem é menor que o custo variável médio de produção (RT<CV, dividindo ambos os lados por Q, teremos P<CVM). c) Em outras palavras, se o preço não cobrir o custo variável médio, a empresa ficará em melhor situação se suspender a produção. Custos irrecuperáveis (sunk-costs) são o oposto do custo de oportunidade, um custo de oportunidade é aquele que você precisa abrir mão se optar por fazer uma coisa em vez de outra, enquanto o custo irrecuperável não pode ser recuperado, independentemente da atividade realizada. Um empreendimento deve estar em funcionamento somente enquanto a receita exceder os custos variáveis. A curva de oferta de curto prazo das empresas competitivas é a parcela da curva de custo marginal que está acima do custo variável médio, e a magnitude do custo fixo não é importante para essa decisão de oferta. Leite derramado e outros custos irrecuperáveis Os economistas dizem que um custo é um custo irrecuperável quando já ocorreu e não pode ser recuperado. Como não há nada a fazer sobre os custos irrecuperáveis, eles podem ser ignorados na tomada de decisões a respeito de diversos aspectos da vida, inclusive na estratégia empresarial. A análise da decisão de paralisação das atividades de uma empresa é um exemplo da irrelevância dos custos irrecuperáveis. A decisão da empresa de entrar em um mercado ou sair dele no longo prazo Saída refere-se a uma decisão de longo prazo de deixar o mercado. a) A empresa deixa de pagar tanto os custos fixos quanto os custos variáveis; b) Ocorre quando a receita que a empresa obteria com a produção é menor que seus custos totais (RT<CT, dividindo ambos os lados por Q, teremos P<CTM); c) Em outras palavras, a empresa sai do mercado se o preço do bem não cobrir o custo total médio. A curva de oferta de longo prazo das empresas competitivas é a parcela da curva de custo marginal que está acima do custo total médio. No caso do empreendedor que deseja abrir uma empresa, ela entrará no mercado se isso for lucrativo, ou seja, se o preço do bem supera o custo total médio de produção. Medindo o lucro da empresa competitiva por meio de um gráfico Quando se estuda a saída e a entrada do mercado, é útil analisar o lucro da empresa em maiores detalhes. O lucro é igual a receita total (RT) menos o custo total (CT): Lucro = RT – CT Essa definição pode ser reescrita multiplicando e dividindo o lado direito por Q: Lucro = (RT/Q – CT/Q) x Q Mas pode se perceber que RT/Q é a receita média, que é o preço P,e CT/Q é o custo total médio CTM. Por isso: Lucro = (P – CTM) x Q Essa maneira de expressar o lucro da empresa permite medir o lucro em gráficos. O painel (a) mostra a empresa com lucro positivo e o painel (b) uma empresa com prejuízo (ou lucro negativo). A curva de oferta de um mercado competitivo Em determinados cálculos econômicos, a distinção entre curto e longo prazo é puramente lógica, relacionada com o ajuste de variáveis do modelo. O curto prazo: oferta do mercado com um número fixo de empresas Inicialmente, considere um mercado com mil empresas idênticas. A qualquer preço dado, cada empresa fornece uma quantidade de produto para qual o custo marginal é igual ao preço. Enquanto o preço estiver acima do custo variável médio, a curva de custo marginal de cada empresa será sua curva de oferta. A quantidade de produto ofertada no mercado é igual a soma das quantidades que cada uma das mil empresas oferta. Para derivar a curva de oferta do mercado, soma-se a quantidade que cada empresa oferta no mercado. Como as empresas são idênticas a quantidade ofertada no mercado é mil vezes maior do que a quantidade que cada empresa oferta. O longo prazo: oferta do mercado com entrada e saída de empresas Agora, vejamos o que acontece se as empresas são capazes de entrar no mercado ou sair dele. Suponha que todas tenham acesso à mesma tecnologia de produção dos bens e aos mesmos mercados para comprar os insumos de produção. Com isso, todas as empresas existentes e em potencial tem as mesmas curvas de custos. Nesse tipo de mercado, as decisões de entrada e saída dependem dos incentivos que há para os proprietários das empresas existentes e para os empreendedores que podem fundar novas empresas. Se as empresas que já existem no mercado forem lucrativas, será um incentivo para novas empresas entrarem no mercado. Coma essa entrada o número de empresas se expandirá, aumentará a quantidade ofertada do bem e reduzirá os preços e os lucros. De maneira inversa, se as empresas do mercado tiverem prejuízos, algumas das existentes sairão do mercado. Isso reduzirá o número de empresas e a quantidade ofertada do produto e aumentará os preços e os lucros. Nesse processo de entrada e saída, as empresas que ficaram no mercado, ao fim, deverão ter lucro econômico igual a zero. Uma empresa em atividade terá lucro zero somente se o preço do bem for igual ao custo total médio da produção do bem em questão. Se o preço for superior ao custo total médio, o lucro será positivo, fazendo com que novas empresas entrem no mercado. Se o preço for inferior ao custo total médio, o lucro será negativo, o que encorajará a saída de algumas empresas. O processo de entrada e saída só termina quando o preço e o custo total médio se igualam. Por que as empresas competitivas se mantêm em atividade quando têm lucro zero? É importante lembrar que o lucro é igual à receita total menos o custo total e que esse custo inclui todos os custos de oportunidade da empresa. Inclui o custo de oportunidade do tempo e do dinheiro que o proprietário dedica à empresa. No equilíbrio de lucro zero, a receita da empresa precisa compensar os proprietários pelos custos de oportunidade. Para melhor entender, usemos o exemplo de um fazendeiro que tenha precisado investir R$ 1 milhão para iniciar sua fazenda e que esse dinheiro pudesse, alternativamente, ter sido depositado em um banco e render R$ 50 mil por ano em juros. E também para dar início ao seu negócio, ele teve que abrir mão de um emprego que lhe renderia R$ 30 mil por ano. O custo de oportunidade do fazendeiro inclui tanto os juros que poderia ter ganho, quanto o salário que renunciou, que chegaria a um total de R$ 80 mil. Ainda que o lucro seja reduzido a zero, sua receita como fazendeiro compensará por esses custos de oportunidade. Os contadores e economistas medem custos de maneiras diferentes, os contadores acompanham os custos explícitos e geralmente deixam de lado os implícitos. Medem os custos que exigem saída de dinheiro da empresa, mas deixam de incluir os custos de oportunidade da produção que não envolvem desembolso de dinheiro. Por isso, no equilíbrio de lucro zero, o lucro econômico é zero, mas o contábil é positivo. A mudança na demanda no curto e longo prazo As variações de demanda têm efeitos diferentes em diferentes horizontes de tempo. No curto prazo, um aumento da demanda eleva os preços e gera lucros e uma queda da demanda reduz os preços e gera prejuízos. Mas, se as empresas podem entrar e sair livremente do mercado, então no longo prazo o número de empresas se ajusta para conduzir o mercado de volta para o equilíbrio de lucro zero. Por que a curva de oferta no longo prazo pode ter inclinação ascendente Isso indica que é necessário um maior preço para induzir um aumento na quantidade ofertada. Como as empresas podem entrar e sair com mais facilidade no longo prazo do que no curto, a curva de oferta de longo prazo é tipicamente mais elástica do que a curva de oferta de curto prazo. Algum recurso usado na produção pode estar disponível somente em quantidades limitadas. É o que ocorre quando mais pessoas se tornam agricultoras, o preço das terras cultiváveis aumenta e isso eleva os custos para todos os agricultores do mercado. Assim, o aumento da quantidade ofertada induz o aumento de preços, dando origem a uma curva de oferta ascendente. As empresas podem ter custos diferentes. Para aumentar a quantidade ofertada, as pessoas precisam ser encorajadas a entrar no mercado e, como estão sujeitas a custos maiores, o preço precisa subir para que a entrada no mercado seja lucrativa para elas. Conclusão Portanto, a firma competitiva é tomadora de preço, sendo assim, sua receita é proporcional à quantidade produzida. O preço do bem se iguala à receita média e receita marginal. Para maximizar o lucro, a firma escolhe a quantidade a ser produzida para a qual a receita marginal é igual ao custo marginal. Para este nível de produção o preço é igual ao custo marginal. Portanto, a curva de custo marginal da firma é sua curva de oferta. No curto prazo, quando a firma não consegue cobrir seus custos fixos, a empresa irá decidir suspender temporariamente a produção se o preço do bem é menor que seu custo variável médio. No longo prazo, quando a firma deverá cobrir os custos fixos e variáveis ela irá decidir sair do mercado se o preço for menor que o custo total médio. Num mercado com livre entrada e saída, o lucro é levado a zero no longo prazo e todas as firmas produzem em escala eficiente. Variações na demanda têm diferentes efeitos em diferentes horizontes de tempo. Referência MANKIW, N. Gregory, “Introdução à Economia”.
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