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Universidade Federal de Sergipe Departamento de Ciências Contábeis – DCCI Fundamentos de Economia Docente: Tacito Augusto Farias Discentes: Josefa Denise Andrade Félix Thainá Menezes dos Santos Desigualdade de renda e pobreza Um dos Dez princípios de Economia é que os governos às vezes podem melhorar os resultados de mercado, portanto, essa possibilidade torna-se extremamente importante ao se considerar a distribuição de renda. O mercado faz com que os recursos sejam alocados de forma eficiente, porém, sem segurança alguma de ser do modo justo. A maioria dos economistas acreditam na ideia de que o governo deveria redistribuir a renda para obter maior igualdade. No entanto, ao tentar fazer isso o governo se depara com outro dos Dez Princípios de Economia: os tradeoffs que as pessoas enfrentam. A mensuração da desigualdade • Taxa de pobreza: A porcentagem da população cuja renda familiar se encontra abaixo de um nível denominado linha de pobreza. • Linha de pobreza: Nível absoluto de renda fixado pelo governo federal para cada tamanho de família, abaixo do qual a família é considerada em estado de pobreza. Desigualdade de renda nos Estados Unidos Embora os Estados Unidos sejam um país com maior PIB, é um país desigual. Em países onde os salários são baixos e as mudanças tecnológicas reduziram a demanda por mão de obra não qualificada e aumentaram a demanda por mão de obra qualificada, assim, os salários caíram e os qualificados aumentaram essa diferença de salário aumentou a desigualdade de renda das famílias. A tabela abaixo mostra as faixas de renda de cada um desses grupos, assim como para os 5% superiores. Para examinar as diferenças de distribuição de renda ao longo do tempo, os economistas consideram mais útil apresentar os dados de renda como na tabela a seguir, que mostra a parcela da renda total recebida por cada grupo de famílias por um período específico. Em 2008, o quinto inferior das famílias recebeu 4,0% de toda a renda e o quinto superior, 47,8% de toda a renda. Em outras palavras, embora os quintos superior e inferior incluam o mesmo número de famílias, o quinto superior tem cerca de doze vezes mais renda que o quinto inferior. A tabela acima mostra também a distribuição de renda em vários anos a partir de 1935. À primeira vista, a distribuição de renda parece ter permanecido notavelmente estável ao longo do tempo. Nas últimas décadas, o quinto inferior das famílias recebeu cerca de 4% a 5% da renda, enquanto o quinto superior recebeu cerca de 40% a 50% da renda. Mas uma inspeção mais cuidadosa da tabela mostra algumas tendências quanto ao grau de desigualdade. De 1935 a 1970, a distribuição tornou-se, gradualmente, mais igual. A participação do quinto inferior subiu de 4,1% para 5,5%, e a participação do quinto superior caiu de 51,7% para 40,9%. Em anos mais recentes, essa tendência se reverteu. De 1970 a 2008, a participação do quinto inferior caiu de 5,5% para 4,0%, e a do quinto superior aumentou de 40,9% para 47,8%. Desigualdade ao redor do mundo O estudo da desigualdade de renda entre países é algo difícil, pois cada país adota práticas diferentes na sua coleta de dados, a exemplo, alguns coletam dados sobre renda individual, enquanto outros sobre a renda familiar. Com isso, não se sabe ao certo se há uma desigualdade mesmo ou só foi divergência na coleta de dados. A imagem a seguir compara a desigualdade em 12 países. A medida da desigualdade é a razão entre a renda dos 10% mais ricos da população e a dos 10% mais pobres. A maior igualdade é encontrada no Japão, onde os 10% mais ricos recebem 4,5 vezes mais que os 10% mais pobres. A menor igualdade é encontrada no Brasil, onde o grupo superior recebe 40,6 vezes mais que o grupo inferior. Embora todos os países apresentem disparidades significativas entre ricos e pobres, o grau da desigualdade varia substancialmente em todo o mundo. Quando os países são classificados por grau de desigualdade, os Estados Unidos ficam no meio do grupo. Em comparação com outros países economicamente avançados, como Japão, Alemanha e Canadá, os Estados Unidos apresentam desigualdade substancial. Entretanto, os Estados Unidos têm distribuição de renda mais igual que muitos países em desenvolvimento, como o México, África do Sul e Brasil. A taxa de pobreza A taxa de pobreza é uma medida comum para se verificar a distribuição de renda. Ela representa o percentual da população cuja renda familiar está abaixo de um nível absoluto denominada linha de pobreza, essa linha de pobreza é determinada pelo governo federal abaixo do qual a família é considerada pobre. A imagem abaixo mostra a taxa de pobreza desde 1959, quando começam os dados oficiais. Você pode constatar que a taxa de pobreza caiu de 22,4%, em 1959, para uma taxa inferior de 11,1%, em 1973. Essa queda não surpreende porque a renda média da economia (descontada a inflação) cresceu mais de 50% nesse período. Como a linha de pobreza é um padrão absoluto, não relativo, mais famílias são trazidas para cima da linha à medida que o crescimento económico conduz toda a distribuição de renda para cima. Como disse John F. Kennedy, a maré alta ergue todos os barcos. Desde o início da década de 1970, contudo, a maré alta da economia deixou alguns barcos para trás. Apesar do crescimento contínuo na renda média, a taxa de pobreza não caiu abaixo do nível atingido em 1973. Essa falta de avanços na redução da pobreza nas últimas décadas está estreitamente relacionada ao aumento da desigualdade. Embora o crescimento econômico tenha aumentado a renda da família típica, o aumento da desigualdade tem impedido as famílias mais pobres de compartilhar essa maior prosperidade económica. A pobreza é uma doença económica que afeta todos os grupos da população, mas não os afeta com igual frequência. A tabela abaixo mostra as taxas de pobreza de diversos grupos e revela três fatos marcantes: • A pobreza está correlacionada à raça. Negros e hispânicos têm cerca de três vezes mais probabilidade de viver na pobreza que os brancos. • A pobreza está correlacionada à idade. As crianças têm probabilidade acima da média de pertencer a famílias pobres, e os idosos têm menos probabilidade que a média de ser pobres. • A pobreza está correlacionada à composição da família. As famílias encabeçadas por um adulto do sexo feminino e sem cônjuge têm quase seis vezes mais probabilidade de viver na pobreza que as famílias encabeçadas por um casal. Esses três fatos descrevem a sociedade norte-americana há muitos anos e mostram quais pessoas têm maior probabilidade de ser pobres. Esses efeitos também atuam em conjunto: entre as crianças negras e hispânicas que vivem em famílias encabeçadas por mulheres, cerca de metade vive na pobreza. Problemas na mensuração da desigualdade Por inúmeras razões os dados sobre distribuição de renda e taxa de pobreza oferecem um panorama incompleto da desigualdade nos padrões de vida. Algumas dessas razões são: Transferências em gêneros: As transferências aos pobres por meio de bens e serviços são denominadas transferências em gêneros. As medidas padrão do grau de desigualdade não consideram essas transferências. Como as transferências em gêneros são na maior parte das vezes recebidas pelos membros mais pobres da sociedade, a falha de se incluir determinadas transferências como parte da renda afeta bastante a taxa de pobreza medida. Através de um estudo feito pelo Censo, se as transferências em gêneros fossem acrescentadas à renda por seu valor de mercado, o número de famílias pobres seria cerca de 10% menor do que o indicado pelos cálculos convencionais. Ciclo de vida econômico: As rendas variam de forma previsível ao longo da vida das pessoas. O padrão normal do ciclo da vida provoca desigualdadena distribuição de renda anual, mas não representa uma verdadeira desigualdade nos padrões de vida. Para medir essa desigualdade, a distribuição de renda vitalícia é mais relevante do que a distribuição de renda anual. Portanto, ao observar quaisquer dados relativos à desigualdade, é de relevante ter em mente o ciclo da vida. Como a renda vitalícia ameniza os altos e baixos do ciclo da vida, as rendas vitalícias são, sem dúvida, distribuídas de forma mais equânime na população do que as rendas anuais. Renda transitória e renda permanente: Não só de forma previsível se varia a renda ao longo da vida das pessoas, mas também por fatores aleatórios e transitórios. Da mesma maneira que as pessoas podem tomar empréstimo e poupar para amenizar a variação de renda decorrente do ciclo da vida, elas também podem tomar empréstimos e emprestar para amenizar variações de renda transitórias. Na medida em que uma família poupa ou toma empréstimos para compensar variações transitórias de renda, essas atitudes não afetam seu padrão de vida. A capacidade de compra de bens e serviços de uma família depende em boa medida de sua renda permanente, que é sua renda normal, ou média. A renda permanente é mais relevante do que a distribuição de renda anual quando se vai aferir a desigualdade dos padrões de vida. Por mais que seja difícil medir a renda permanente, o conceito é importante. Como a renda permanente exclui as alterações transitórias, ela é distribuída mais igualmente do que a renda corrente. Mobilidade econômica Os movimentos de Ascenso podem ser devidos à boa sorte ou ao trabalho árduo, e os movimentos descendentes podem ser devidos à má sorte ou à indolência. Parte dessa mobilidade se reflete numa variação transitória de renda, enquanto outra parte reflete mudanças mais permanentes na renda. Como a mobilidade econômica é tão grande, muitos dos que estão abaixo da linha da pobreza só permanecem de forma temporária. A pobreza é um problema de longo prazo para um número relativamente pequeno de famílias. Uma outra forma de aferir a mobilidade econômica é observar a permanência do sucesso econômico de geração para geração. A filosofia política da redistribuição de renda O que o governo deveria fazer em relação a desigualdade econômica? A análise econômica não pode, de forma isolada, dizer se os formuladores de políticas deveriam tornar a sociedade mais igualitária, mas sim, mostrar que em grande medida, esse problema está relacionado a filosofia política. No entanto, como o papel do governo na redistribuição de renda é em grande parte um ponto central dos debates relativos à política econômica, o debate sairá da ciência econômica para a filosofia política. Utilitarismo Seus fundadores foram os filósofos ingleses Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806-1873). O grande objetivo dos utilitaristas é aplicar a lógica da decisão individual às questões relativas à moralidade e às políticas públicas, utilitarismo é uma filosofia política segundo a qual o governo deveria escolher políticas destinadas a maximizar a utilidade total de todos na sociedade, e essa totalidade significa uma medida de felicidade e satisfação que uma pessoa obtém a partir de suas circunstâncias, ela é uma medida de bem-estar. O governo utilitário deve equilibrar os ganhos de uma maior igualdade e as perdas decorrentes da distorção de incentivos. Portanto, para maximizar a utilidade, o governo não pode tornar a sociedade completamente igualitária. Liberalismo Desenvolvido por John Rawls em seu livro Uma Teoria da Justiça. Ele inicia seu argumento afirmando que as instituições, as leis e as políticas da sociedade deveriam ser justas, de tal maneira avaliadas por um observador imparcial oculto por um “véu de ignorância”. Portanto, ao estabelecer políticas públicas, devemos procurar aumentar o bem-estar das pessoas que estão em pior situação social, ou seja, em vez me maximizar a soma de todas as utilidades, como faria o utilitarista, maximizaria a utilidade mínima. A regra de Rawls é chamada de critério maximin, que é a afirmação de que o governo deveria ter por objetivo maximizar o bem estar da pessoa em pior posição em uma sociedade. Rawls nos permite considerar a redistribuição de renda como uma forma de seguro social Libertarismo Criada por Robert Nozick, diz que a igualdade de oportunidades é mais importante do que a igualdade de rendas. Os libertaristas acreditam que o governo deveria garantir direitos individuais para garantir que todos tenham as mesmas oportunidades de usarem seus talentos e obterem sucesso. Políticas de redução da pobreza Os filósofos políticos têm diversas teorias sobre o papel que o governo deve desempenhar na alteração da distribuição de renda. O debate político entre a grande população de eleitores reflete uma discussão semelhante. Apesar desses debates, a maioria das pessoas acredita que, no mínimo, o governo deveria tentar ajudar os mais necessitados. De acordo com uma metáfora popular, o governo deveria oferecer uma "rede de segurança" para impedir que qualquer cidadão sofra uma grande queda. A pobreza é um dos problemas mais difíceis enfrentados pelos formuladores de políticas. As famílias pobres estão mais sujeitas, do que a população em geral, à falta de abrigo, à dependência de drogas, a problemas de saúde, à gravidez na adolescência, ao analfabetismo, ao desemprego e ao baixo grau de escolaridade. Os membros de famílias pobres têm mais probabilidade de praticar crimes ou de ser vítimas de crimes. Embora seja difícil separar as causas da pobreza de seus efeitos, não há dúvida de que ela esteja associada a diversos males econômicos e sociais. Legislação do salário mínimo Leis que estabelecem o pagamento mínimo aos trabalhadores das empresas são fonte de permanente debate. Seus defensores as encaram como forma de auxiliar o pobre trabalhador sem qualquer custo para o governo. Seus críticos a consideram prejudiciais para aqueles a quem pretendem ajudar. Para trabalhadores com poucas habilidades e experiências, um salário mínimo alto coloca o salário acima do nível em que oferta e demanda se igualam. Então, aumenta o custo do trabalho para as empresas e reduz a quantidade de trabalho que estas demandam. A dimensão desses efeitos depende crucialmente da elasticidade da demanda. Bem-estar social Uma das maneiras de aumentar o padrão de vida dos pobres é através de uma suplementação de renda paga pelo governo. Esse auxílio é resultado do sistema de bem estar, o welfare. Uma crítica comum aos programas de bem-estar social é que eles criam incentivos para que as pessoas se tornem “necessitadas”. Imposto de renda negativo Quando o governo escolhe um sistema de coleta de impostos, afeta diretamente a distribuição de renda. Muitos economistas deram a ideia de suplementar a renda dos pobres por um imposto de renda negativo. Segundo essa política, todas as famílias declarariam sua renda. As famílias de altas rendas pagariam um imposto sobre suas rendas. As famílias de baixa renda receberiam um subsídio, ou seja, pagariam um imposto negativo. Com um imposto de renda negativo as famílias pobres não necessitariam declarar necessidade para receber assistência financeira, apenas exigiria auferir que se tem uma renda baixa. Esse aspecto pode ser positivo ou negativo, dependendo do ponto de vista. Transferência em espécie Outra maneira de ajudar os pobres é dando-lhes alguns dos bens e serviços necessários para elevar seu padrão de vida. Os defensores da transferência em gêneros afirmam que estas garantem que os pobres obtenham o que mais necessitam. Já os defensores dos pagamentos em dinheiro argumentam que as transferências em gêneros são ineficientes e desrespeitosas. O governo não tem noção de quais bens e serviços os pobres necessitam mais. Programas antipobreza e incentivosao trabalho Boa parte das políticas com objetivos de ajudar os pobres podem ter o efeito não intencional de desestimulá-los na busca autoral para uma saída daquela situação. O problema que esses programas podem trazer é o aumento de custo dos programas de combate à pobreza. Afinal, se os benefícios forem eliminados de forma gradual à medida que a renda das famílias pobres aumenta, então as famílias no limite da linha de pobreza também são candidatas a benefícios substanciais. Quanto mais gradual for a retirada dos benefícios, mais famílias serão candidatas e maior será o custo do programa. Portanto, os formuladores de políticas econômicas enfrentam um tradeoff entre onerar os pobres com elevadas alíquotas marginais efetivas e onerar os contribuintes com programas de combate à pobreza dispendiosos. Outras formas são a exigência de que qualquer pessoa que receba benefícios seja obrigada a aceitar um emprego oferecido pelo governo e a outra é oferecer os benefícios apenas por um período limitado. Conclusão Sendo assim, os dados sobre a distribuição de renda mostram uma ampla disparidade na sociedade norte-americana. A renda das famílias do quinto mais rico é mais de dez vezes maior que a do quinto mais pobre. Como as transferências em espécie, o ciclo de vida econômico, a renda transitória e a mobilidade económica são tão importantes para a compreensão das variações da renda, é difícil medir o grau de desigualdade na sociedade usando dados de distribuição de renda somente de um ano. Quando esses outros fatores são levados em conta, tendem a sugerir que o bem-estar econômico é distribuído mais igualmente que a renda anual. Os filósofos políticos divergem em suas teorias sobre o papel do governo na alteração da distribuição de renda. Utilitaristas (como John Stuart Mill) escolheriam a distribuição de renda que maximiza a soma das utilidades de todos na sociedade. Liberalistas (como John Rawls) determinariam a distribuição de renda como se estivéssemos por trás de um "véu de ignorância" que nos impedisse de conhecer a situação em que viveríamos. Libertaristas (como Robert Nozick) prefeririam que o governo assegurasse os direitos individuais para garantir um processo justo, mas não se preocupariam com a desigualdade da distribuição de renda resultante. Diversas políticas têm por objetivo ajudar os pobres - legislação do salário mínimo, bem-estar social, imposto de renda negativo e transferências em espécie. Embora cada uma dessas políticas ajude algumas famílias a escapar da pobreza, também têm efeitos colaterais não intencionais. Como a assistência financeira diminui à medida que a renda aumenta, os pobres frequentemente se deparam com alíquotas marginais efetivas muito elevadas que desencorajam as famílias pobres a escapar da pobreza por si próprias. Referência MANKIW, N. Gregory, “Introdução à Economia”.
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