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CLÍNICA E INSTITUCIONAL 2 Faculdade de Minas Sumário Introdução ........................................................................................................ 4 Áreas de atuação da Psicopedagogia .......................................................... 6 Atendimento Psicopedagógico ................................................................. 7 A intervenção Psicopedagógica: a busca pela significação do aprender ... 10 Aspectos básicos: diagnóstico e intervenção na clínica Psicopedagógica .... 11 Psicopedagogia Institucional uma visão sistêmica ........................................ 19 Diagnóstico institucional ............................................................................. 20 Métodos, Instrumentos e Técnicas da Psicopedagogia na Instituição ....... 23 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 29 3 Faculdade de Minas FACUMINAS A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 4 Faculdade de Minas Clínica e Institucional Introdução A Psicopedagogia surge no cenário ocidental como um fazer empírico, apoiado na prática, nas experiências vividas e, principalmente, na observação de fatos. Sua demanda era a de atender crianças com dificuldades de aprendizagem cujas causas fossem estudadas pela medicina e pela psicologia. Seu objeto de estudo eram os sintomas das dificuldades de aprendizagem, como a desatenção, o desinteresse, a lentidão e a astenia, que seria a perda ou diminuição da força física (também podendo ser a perda ou diminuição das forças ou da resistência do sistema nervoso) . E o seu objetivo era remediar esses sintomas. A dificuldade de aprendizagem seria apenas um mau desempenho, um produto a ser tratado. 5 Faculdade de Minas Nesse momento, Psicologia e Pedagogia são vistas como elementos justapostos. Psicologia é apenas estimuladora, normativa e reguladora da vida intelectual. E a Psicopedagogia é vista como uma síntese simplificada dos múltiplos conhecimentos psicológicos e pedagógicos existentes. Com o tempo, entretanto, verifica-se que tratar os sintomas é insuficiente para o êxito escolar. Começa-se a entender o sintoma como um sinal, um produto: o sintoma é a emergência de desarticulação dos diferentes aspectos da aprendizagem – aspectos afetivos, sociais, cognitivos. Entramos em uma nova fase: o objeto passa a ser o processo de aprendizagem e o objetivo, remediar ou refazer esse processo em todos os seus aspectos. A Psicopedagogia passa a ser percebida como saber independente com instrumentos corretivos e profiláticos próprios. Mas isso ainda há de mudar. Pois, se o processo está ancorado no sujeito, o trabalho acontece entre o psicopedagogo e o ser em processo de construção do conhecimento, ou seja, o ser cognoscente. E esse ser é social, contextualizado, determinado pelas condições materiais de existência em que vive na sociedade. Transforma as informações obtidas segundo o código das determinações sociais que penetram no seu psiquismo pela mediação de suas motivações conscientes e inconscientes – e, sobretudo, pela mediação de sua ação sobre o objeto. Ele é determinado pelas relações que estabelece com outros sujeitos. O ser cognoscente é determinado pelas relações que estabelece com outros sujeitos. Ele é o objeto de estudo da Psicopedagogia. A Psicopedagogia Clínica tem como foco diagnosticar e tratar os sintomas emergentes no processo de aprendizagem. Para Weiss (1991), é através do diagnóstico psicopedagógico que se busca investigar, identificar e pesquisar para averiguar quais são os obstáculos que estão levando o sujeito à situação de não aprender, aprender com lentidão ou com dificuldade, buscando assim esclarecer uma queixa do próprio sujeito, da família, escola ou local de trabalho. Dá-se na relação entre um sujeito com sua história vital (pessoal) e sua modalidade de aprendizagem. Cabe ao profissional desta área compreender o que o sujeito aprende, como aprende, sua estratégias de aprendizagem, porquês, dúvidas e 6 Faculdade de Minas anseios. Visando trabalhar focando nos sintomas e na prevenção dos problemas de aprendizagem. Áreas de atuação da Psicopedagogia A atuação da Psicopedagogia pode acontecer a partir da perspectiva Clínica, Institucional e da Pesquisa. A Psicopedagogia Clínica ocupa-se do entendimento do sujeito que aprende, através de sua história pessoal, de seus vínculos familiares, de sua modalidade de aprendizagem, compatibilizando conhecimento e saber. Procura compreender o sujeito a partir de seu processo de aprender e de não aprender, indagando como, o que e de que maneira ele pode aprender. Exerce suas funções nas dimensões terapêutica e institucional, buscando a compreensão das complexas relações de aprendizagem, dos lugares e papéis de sujeitos em suas redes históricas e pela formulação de espaços e dispositivos adequados ao resgate e à promoção da aprendizagem. Realiza ações voltadas para o resgate da aprendizagem, através da formulação de espaço e vínculo de confiança e da proposição de recursos adequados e específicos. Busca possibilitar que o sujeito construa sua autoria na aprendizagem. A Psicopedagogia Institucional considera as amplas e intrincadas relações de aprendizagem de uma instituição, analisando as relações institucionais e buscando elaborar condições de articular a qualificação dos processos de aprendizagem. Objetiva fazer com que os sujeitos de um grupo possam se conceber e agir como protagonistas de seus próprios processos de aprendizagem. Pode ter como objetivo, na escola, a diminuição da incidência dos problemas de aprendizagem. Analisa e age em relação às questões da didática e da metodologia, através da intervenção: na formação permanente e na assessoria junto aos professores; no atendimento familiar; no diagnóstico de sujeitos; no relacionamento entre alunos e professores; nas relações afetivas envolvidas nos processos de aprender; no significado que os alunos e professores dão à aprendizagem; na elaboração de currículos e ações pedagógicas que tenham efetivo desempenho junto ao processo de aprendizagem. 7 Faculdade de Minas A Psicopedagogia como área de Pesquisa compõe um conjunto de conhecimentos que auxiliam na investigação sobre os fenômenos dos processos de aprendizagem humana. Atendimento Psicopedagógico Entre os diferentes aspectos queprecisam ser considerados ao longo de um atendimento psicopedagógico, seja institucional ou clínico, destacam-se alguns que necessitam de atenção, tais como o momento do diagnóstico, a anamnese, a elaboração de hipóteses e a análise do processo de construção da lecto-escrita. O processo diagnóstico caracteriza-se como os primeiros encontros nos quais se interage de forma mais direta com o sujeito encaminhado e com sua família, procurando conhecer mais detalhes de sua história. Porém, não é um momento fechado, que tenha como objetivo atribuir um rótulo ao sujeito. Há diagnósticos como transtorno de hiperatividade e déficit de atenção, autismo, entre outros, que não podem ser dados por um especialista em Psicopedagogia, que pode sugerir para a família procurar um profissional como um psiquiatra ou um neurologista para avaliar e realizar tal diagnóstico. O especialista em Psicopedagogia deve sempre realizar os encaminhamentos que julgar necessários, mencionando que há outras questões que também atrapalham a aprendizagem do sujeito e que só podem ser avaliadas por outro profissional habilitado. Por isso, fala-se tanto das parcerias nos atendimentos psicopedagógicos e de um trabalho interdisciplinar. Na medida em que o trabalho interdisciplinar é fundamental na ação psicopedagógica, é importante conhecer as ferramentas que existem e são usadas pelos outros profissionais envolvidos, para saber entendê-las adequadamente, quando se recebe um diagnóstico. Porém, isso não significa que se possa utilizá- las, já que algumas ferramentas são de uso exclusivo do psicólogo, do fonoaudiólogo ou do médico. 8 Faculdade de Minas O diagnóstico psicopedagógico necessita concentrar-se nos processos de aprendizagem. Esse momento não pode estar focado apenas no sujeito, mas em todas as relações que ele mantém seja na família, na escola ou no grupo de amigos, dentre outros. O diagnóstico é um momento no qual se pode iniciar o levantamento de hipóteses sobre como e o que o sujeito aprende, bem como o que o impede de aprender. Nessa ocasião, já se inicia também o tratamento. Quando se analisa a situação do sujeito, precisa-se propor desafios de superação, para que novas hipóteses possam ser levantadas e questões já possam ser superadas. Logo, não há uma separação rígida entre o período do diagnóstico e o do tratamento. Ao iniciar o diagnóstico, já se está começando o tratamento. Ao longo do processo diagnóstico, é importante ser realizada uma entrevista de anamnese, que se constitui numa técnica de investigação e análise, a partir da retomada da história de vida do sujeito através de uma conversa com a família. Ela é utilizada para auxiliar a compreender o funcionamento familiar, no sentido de se observar como o sujeito é visto por esse grupo, qual o seu papel, como o veem e 9 Faculdade de Minas compreendem sua situação ao longo da vida e como descrevem a dificuldade de aprendizagem. A anamnese auxilia o especialista em psicopedagogia a compreender o processo de aprendizagem do sujeito em diferentes momentos de sua vida. Por isso, suas perguntas devem se centrar mais no “como” do que no “quando”, como, por exemplo: Como foi que ele começou a andar? Como foi que ele aprendeu a falar? O quando traz uma questão mais relacionada com a temporalidade, o que tem importância, mas não tanto quando o processo de cada aprendizagem. A elaboração de hipóteses sobre como o sujeito aprende e o que o impede é de suma importância para o atendimento, pois é a partir dela que a ação do especialista em psicopedagogia é planejada e organizada. Ao longo de todo o tratamento, as hipóteses são elaboradas, superadas e redefinidas. A partir da superação de uma questão, outra poderá ser elaborada pelo especialista em Psicopedagogia. É significativo sempre partir do que o sujeito sabe fazer, o que conhece, aquilo no que tem sucesso. Além de reforçar suas possibilidades, com essa perspectiva também se consegue, muitas vezes, observar e analisar as estratégias utilizadas e lhe ajudar a usá-las nas situações de dificuldades. Outro aspecto relevante tem relação com as inúmeras vezes em que os especialistas centram a investigação psicopedagógica na leitura e na escrita quando o encaminhamento ocorre devido a uma dificuldade nessa área. Porém, precisa-se sempre lembrar de também analisar questões relativas ao pensamento lógico matemático. Várias vezes, recebe-se dos educadores a avaliação de que o sujeito domina as questões relacionadas ao conhecimento matemático, mas o que ele consegue fazer são cálculos mecanizados, sem compreensão. A construção do pensamento lógico-matemático é estruturante da construção da leitura e da escrita, ou seja, são a base para a aprendizagem da leitura e da escrita. A testagem do nível de leitura e escrita precisa ser realizada juntamente com a observação, pois é importante observar as estratégias que o sujeito utiliza para ler e escrever sua própria produção. 10 Faculdade de Minas A intervenção Psicopedagógica: a busca pela significação do aprender “Somos aqueles que podem ajudá-las a lidar melhor com suas vidas, a enfrentar as frustrações e a compensar suas fraquezas. Também somos os que podem ajudá-las a perceber seus dons e a valorizar seu jeito único de ser.” (Sandra Rief,1993) Em uma época que muito se discute sobre dificuldades, inclusão e até mesmo o conhecido fracasso escolar de crianças e jovens e ao mesmo tempo multiplicam- se diversas descobertas da neurociência, não poderíamos deixar de ressaltar a importância da intervenção psicopedagógica como forma de significação do aprender. Este especialista está preparado para trabalhar com todo processo da aprendizagem humana, ou seja, ensinar / aprender. Através de técnicas diferenciadas trabalha com os padrões normais ou não do aprender considerando sempre a influência e participação do meio (escola, família e sociedade) no seu desenvolvimento. Para Fabrício (2008), todo trabalho psicopedagógico está centrado e focalizado no autoconhecimento e na autoria do pensamento, buscando sempre estratégias de suporte com a finalidade que a criança aprenda. Muitas das crianças que fracassam e são encaminhadas aos consultórios psicopedagógicos trazem consigo a queixas por parte dos educadores e da escola suspeitas de “deficiências” em uma ou várias funções cognitivas. O que estas instituições esquecem é que este sintoma produzido por tal criança pode ser considerado um sinal de mal estar mais profundo que relaciona-se com um conflito inconsciente tornando-se desconhecido ao próprio sujeito, em outras palavras, dizemos que a criança não sabe os reais fatos de sua não aprendizagem. A intervenção psicopedagógica é um meio eficaz como forma de prevenção do fracasso escolar, seu trabalho norteado por recursos cognitivos e emocionais permite não apenas o sucesso na aprendizagem, mas possibilita o resgate de sua 11 Faculdade de Minas autoestima e autonomia individual tornando assim mais fácil sua socialização com os demais colegas. De acordo com Maluf (2009), para estabelecer um bom diagnóstico é necessário termos conhecimento do desenvolvimento individual da criança bem como centrar-se em serviços especializados que vão além dos farmacológicos. Para que todo este processo ocorra, sabemos que há uma grande necessidade de participação da família e da instituição escolar com vistas a juntos constituirmos meios afetivos e de estimulação cognitiva de forma que estas intervenções tornem- se eficazes e alcancem seus reais objetivos que é o resgate e o gosto por aprender. Aspectos básicos: diagnóstico e intervenção na clínica Psicopedagógica No diagnóstico psicopedagógico é realizada uma investigação na qual se procura compreender a formaque o paciente aprende e os desvios que ocorrem nesse processo. Segundo Weiss (2004, p.27): O diagnóstico é uma das peças chaves para uma intervenção eficiente. Não basta ao psicopedagogo conhecer técnicas e provas, pois cada caso é singular e exige do profissional, além da competência teórica, um olhar sensível e particular. Cada paciente que chega à clínica traz junto sua história, suas individualidades e suas relações de coletividade, para o psicopedagogo é sempre um novo e complexo começo, que evoca seguidamente um novo olhar. “O sucesso de um diagnóstico não reside no grande número de instrumentos utilizados, mas na competência e sensibilidade do terapeuta em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em cada situação”. (WEISS, 2000, p.30). Weiss (2000, p.31), comenta que: 12 Faculdade de Minas Para Weiss (2004), o diagnóstico psicopedagógico tem como objetivo básico identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social, possibilitando assim ao psicopedagogo fazer as intervenções e os encaminhamentos necessários. Podemos defini-lo como um processo de investigação referente ao que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta esperada. Fernández (1991) comenta que o diagnóstico para o psicopedagogo tem a mesma função que a rede para o equilibrista. O diagnóstico funciona como base para a intervenção. Em consonância com Fernández, a psicopedagoga Weiss se expressa a respeito do Modelo de Aprendizagem: A relação do paciente com o terapeuta é, também, de fundamental importância para o processo do diagnóstico. Essa relação implica na validade e qualidade do diagnóstico, por isso, é importante terem empatia, ou seja, se identificarem um com outro, apresentando confiança; respeito e engajamento. Weiss (2004), afirma que o processo diagnóstico tem base no inter- relacionamento dinâmico e de condutas interdependentes entre o terapeuta que no caso é o diagnosticador e o paciente que é o diagnosticado, a comunicação que é estabelecida entre os dois faz com que o diagnosticador atue sobre o paciente 13 Faculdade de Minas sempre que apresentar qualquer conduta. Tudo na comunicação entre estes dois sujeitos deverá ser analisada durante o diagnóstico: a palavra, o modo de falar, a atitude, os gestos, a linguagem corporal, etc. A autora se refere a mecanismos transferenciais, pois nesse mecanismo é o paciente que traz seus sentimentos, atitudes e condutas inconscientes para com o terapeuta. No diagnóstico é importante que todas as regras de relacionamento, horários e honorários sejam bem definidos desde o primeiro contato. Essas regras devem ser claras e definidas em conjunto com o paciente e sua família. Por isso, é necessário o estabelecimento de um contrato com os pais e a construção de um enquadramento com estes e com o sujeito. Weiss (2004) determina alguns aspectos importantes do contrato e do enquadramento: previsão de número aproximado de sessões e forma de encerramento do trabalho, definição de dias, horários e duração das sessões; definição dos locais; honorários contratados e forma de pagamento. Estes aspectos são essenciais para o estabelecimento do profissional psicopedagogo. 14 Faculdade de Minas O processo do diagnóstico psicopedagógico clínico abrange várias etapas, que são: motivo da consulta, história vital, hora do jogo, provas projetivas, entre outr as. Paín (1985) afirma que no motivo da consulta é importante observar porque e por quem o paciente chegou até o terapeuta, se foi pela escola, pela professora, por um médico ou pela família. Isso é importante, pois dessa forma o psicopedagogo consegue entender que tipo de vínculo o paciente irá estabelecer, revelando dessa forma o grau de independência com que o paciente assume seu problema. 15 Faculdade de Minas Segundo Paín (1985), este primeiro momento com a família, é uma ocasião para estabelecer hipóteses sobre alguns aspectos importantes para o diagnóstico dos problemas de aprendizagem, como significação do sintoma na família ou, com maior precisão, a articulação funcional do problema de aprendizagem; significação do sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus membros ao assumir a presença do problema; fantasias de enfermidade e cura e expectativas acerca de sua intervenção no processo diagnóstico e de tratamento; modalidades de comunicação do casal e função do terceiro, entre outros. Este espaço de escuta oferecido para a família permite que a mesma elenque livremente, os motivos pelos quais busca a ajuda psicopedagógica e, também, quais os fatores que acredita causarem a não aprendizagem do paciente. Deve-se sugerir que os mesmos comentem sobre o motivo que os trouxe à clínica e que falem livremente sem que façamos perguntas particularizadas. (FERNÁNDEZ, 1991). A entrevista do motivo da consulta permite conhecer as expectativas que os pais têm em relação à intervenção do psicopedagogo. Muitos pais, mesmo solicitando ou assumindo as consequências da consulta, apresentam resistências à ação do terapeuta. “A versão problemática que obtemos por intermédio dos pais, pode dar-nos algumas chaves para aproximarmo-nos do significado que o não aprender tem na família.” (PAÍN, 1985, p. 37). O momento da história vital no diagnóstico é realizado como uma segunda entrevista com a mãe, sendo que essa é realizada após o psicopedagogo conhecer um pouco seu paciente. Conforme Paín (1985), no caso de um paciente que consulta por problemas de aprendizagem, serão as seguintes as áreas de indagação predominantes: antecedentes natais na fase pré-natal que abrange as condições de gestação e expectativas do casal e da família, onde as doenças durante a gestação, dados 16 Faculdade de Minas genéticos e hereditários, serão solicitados somente se o caso justificar; fase perinatal que envolve as circunstâncias do parto, sofrimento fetal, cianose ou lesão, entre outros danos que costumam ser causas de destruição de células nervosas que não se produzem e também de posteriores transtornos e fase neonatal que inclui a adaptação do recém-nascido, choro, alimentação, capacidade de adaptação da família do bebê através do respeito ao ritmo individual do bebê entendendo suas demandas. Ainda nessa lista de indagações predominantes temos, segundo Paín (1985), aspectos significativos que devem ser investigados, como doenças e traumatismos ligados, diretamente, à atividade nervosa superior; tempo de reclusão a que a criança foi obrigada; processos abertamente psicossomáticos; disponibilidade física, fatigabilidade e limitações corporais, além de analisar o desenvolvimento motor; desenvolvimento da linguagem e desenvolvimento de hábitos da criança. Importante saber se as aprendizagens foram feitas pela criança no momento esperado, precoces ou retardadas pela família; também é necessário saber se a criança passou por situações dolorosas, mudanças, situações de perda, participação da criança nesses casos e condições em que se deram e conhecer as experiências escolares, transformações ocorridas na criança, expectativas para a família, entre outros. Com a obtenção desses dados o terapeuta começará a encaixar as peças e começará a delinear suas hipóteses. A Hora do Jogo é onde o psicopedagogo observará a estimulação do desenvolvimento motor, social, cognitivo e afetivo do paciente. De acordo com Paín (1985), assim como são analisados os esquemas práticos de conhecimentos por meio da atividade assimilativo-acomodativa no bebê, a ludicidade fornece informações sobre os esquemas que organizam e integram o conhecimento num nível representativo. Por istoconsidera-se de grande interesse para o diagnóstico do problema de aprendizagem na infância, a observação do jogo do paciente, e se faz isto através de uma sessão que se denomina “hora do jogo”. Para realizar essa atividade, o psicopedagogo conta com uma caixa que contém diversos materiais, sucatas e elementos não figurativos de vários tipos. 17 Faculdade de Minas Nessa etapa do diagnóstico o psicopedagogo consegue analisar de que forma a criança se relaciona com os objetos e em que condições ela é capaz de brincar. Outro momento importante do diagnóstico são as provas projetivas, que têm como objetivo conseguir identificar fatores emocionais que influenciam no desenvolvimento da aprendizagem do paciente. Segundo Paín (1985, p. 61) Existem três tipos de diagnósticos mais comuns dentro das provas projetivas: desenho da figura humana, relatos e desiderativo. Segundo Paín (1985), o desenho da figura humana permite avaliar os recursos simbólicos do sujeito para referir a diferenças como criança/adulto; feminino/masculino; fada/bruxa, etc., o que revela o nível de sua adequação semiótica, cuja relação com a aprendizagem se teve oportunidade de enfatizar na ocasião em que se analisou a hora do jogo. Nas provas de relatos, Paín (1985) comenta que elas têm como instrução criar uma história ou antecipar seu final. São oferecidos ao sujeito estímulos gráficos ou verbais que sugerem certas relações ou transformações viáveis. O sujeito percorre um dos caminhos insinuados trazendo elementos mais ou menos originais. As lâminas e contos não são neutros, pelo contrário, apontam temas classicamente conflitivos, provocando defesas mais ou menos apropriadas. Em relação ao diagnóstico desiderativo, Paín (1985), afirma que as dificuldades, as falhas e os rodeios que os sujeitos com problemas de aprendizagem apresentam na prova denominada de desiderativo indicam sua dificuldade para recuperar intelectualmente objetos perdidos e reprimidos. O diagnóstico não segue uma linearidade, cabe ao psicopedagogo durante o processo observar o andamento das sessões e, assim, vai construindo o percurso. 18 Faculdade de Minas Após as sessões diagnósticas, o psicopedagogo tem condições de avaliar o processo de ensino e aprendizagem do paciente. Segundo Paín (1985), de acordo com a hipótese diagnóstica, uma vez que foi recolhida toda a informação e reunidos os diferentes aspectos que interessam a cada área investigada, tem-se a necessidade de avaliar o peso de cada fator na ocorrência do transtorno de aprendizagem. Em relação à devolução diagnóstica, a mesma autora comenta que talvez o momento mais importante desta aprendizagem seja a entrevista dedicada à devolução do diagnóstico, pois se realiza primeiramente com o paciente e depois com os pais, nesse caso quando se trata de uma criança. Segundo a autora, a tarefa psicopedagógica começa justamente aqui. Após a conclusão do diagnóstico, o psicopedagogo necessita determinar qual tratamento é mais adequado para o problema em que o paciente apresenta. “Diremos que, em geral, o tratamento psicopedagógico é o mais indicado no caso de tratar-se de um transtorno na aprendizagem”. (PAÍN, 1985, p.74). O tratamento psicopedagógico possui o enquadramento, os objetivos e as técnicas. “A tarefa diagnóstica tem um enquadramento próprio que possibilita solucionar rapidamente os efeitos mais nocivos do sintoma para depois dedicar-se a afiançar os recursos cognitivos”. (PAÍN, 1985, p. 77). Paín (1985) comenta que os objetivos básicos do tratamento diagnóstico são a desaparição do sintoma e a possibilidade do sujeito de aprender normalmente ou, ao menos, no nível mais alto que suas condições orgânicas, constitucionais e pessoais lhe permitam. Ainda, conforme a autora pode-se resumir os objetivos do tratamento em três fundamentais: em primeiro lugar, conseguir uma aprendizagem que seja uma realização para o sujeito; em segundo lugar, conseguir uma aprendizagem independente por parte do sujeito e por último, propiciar uma correta autovalorização. De acordo com Paín (1985), para poder cumprir os objetivos expostos e garantir a conservação do enquadre, o psicopedagogo necessita adotar técnicas 19 Faculdade de Minas gerais que são as seguintes: organização prévia da tarefa, graduação, autoavaliação, historicidade, informação e indicação. Psicopedagogia Institucional uma visão sistêmica O papel do psicopedagogo numa instituição consiste em diagnosticar através de um processo investigativo, as causas que podem estar impedindo o curso regular da aprendizagem institucional, a circulação do conhecimento, o papel das lideranças e dos liderados, bem como os motivos que podem levar ao insucesso organizacional. O profissional contratado, assiste aos clientes na melhoria de seu desempenho tanto nos aspectos de eficiência como na introdução da tecnologia, ou seja, no aprimoramento das relações interpessoais. O Psicopedagogo faz sua intervenção a partir da história da organização e de suas 20 Faculdade de Minas características atuais. Nesta perspectiva, a contribuição da Psicopedagogia é empenhar-se em levar a instituição à vivência que permita aos personagens (funcionários) desse cotidiano dar-se conta da importância do seu trabalho para a manutenção da saúde e sobrevivência organizacional, atuando diretamente nas relações de aprendizagem. O trabalho do Psicopedagogo Institucional poderá ser dividido em 4 etapas: 1. Identificação do Problema (Diagnóstico Psicopedagógico); 2. Caracterização da Organização; 3. Intervenção; 4. Integração. O Psicopedagogo também pode atuar como Assessor Psicopedagógico em instituições escolares, direcionando a potencialização da competência dos professores. Geralmente a assessoria é utilizada como um recurso, a fim de que estas possam dar uma resposta adequada às necessidades dos alunos diante das dificuldades para aprender, bem como facilitar a relação ensino / aprendizagem. Para trabalhar em instituições, o psicopedagogo deve adquirir competências na área administrativa e de planejamento estratégico, conhecer teorias sobre liderança, comportamento grupal e análise de potencial e desempenho. Diagnóstico institucional Quando somos apresentados a uma Instituição, podemos dizer que estamos diante de um problema. Não no sentido negativo do termo, mas no sentido de algo a ser trabalhado. Precisamos lidar com essa questão, esse fenômeno, esse problema que a instituição apresenta em seus processos de aprendizagem. São três os aspectos 21 Faculdade de Minas gerais do processo de solução de problemas: interpretação, estratégia e avaliação. É tentador buscar solucionar um problema de forma direta, ou seja, sem analisar suas causas. É, por exemplo, tentador pensar em eliminar os corruptos que roubam o dinheiro da população. O problema, entretanto, não será necessariamente resolvido dessa forma (ainda que prender alguns deles seja uma excelente medida). A questão da corrupção é estrutural, social e precisa ser analisada a partir desse viés para que possamos solucioná-la. Assim, é preciso analisar a questão, interpretá-la, conhecer suas diferentes faces. Esse é o papel do Diagnóstico Psicopedagógico. Depois de realizado esse processo, é estabelecida uma estratégia de intervenção junto ao plano de avaliação daquilo que será realizado. Quando essa etapa é realizada, há menos dificuldades e um menor índice de erros. Avaliar é aperfeiçoar suas decisões. É pensar, depois do problema solucionado, se aquela estratégia foi bem-sucedida. A avaliação é elemento-chave do processo.A prática psicopedagógica institucional é uma etapa de grande importância, pois traduz a intencionalidade do profissional que elaborou uma avaliação e que vai programar ações corretivas ou preventivas do s possíveis problemas de aprendizagem encontrados. A intervenção é a etapa posterior do processo psicopedagógico e, ao mesmo tempo, seu “reinício”. Os resultados, após análise, podem levar o psicopedagogo e a instituição a um novo ponto de partida e de reflexão sobre o fazer psicopedagógico no contexto institucional. Assim como o diagnóstico, a intervenção não representa um fim em si mesma, mas um conjunto de medidas que vão gerar novas práticas de prevenção, correção e enriquecimento da aprendizagem, mesmo que de modo não intencional. Um diagnóstico psicopedagógico bem elaborado reúne dados que sustentam uma intervenção de qualidade, situando a aprendizagem em seu contexto, considerando: 1) O lócus onde ocorre a aprendizagem e seus possíveis problemas; 22 Faculdade de Minas 2) Os sujeitos diretamente envolvidos; 3) Os sujeitos indiretamente envolvidos; 4) A identificação do(s) problema(s) e sua caracterização; 5) A identificação dos diferentes contextos (sala de aula, salas de atendimento, setores de trabalho, no caso de empresas, relação professor e aluno, currículo, estratégias didáticas, características do professor e do aluno, dos líderes e dos colaboradores envolvidos, dos profissionais de saúde, no caso de instituições de saúde, contexto familiar do aluno, do paciente, do usuário, do idoso, etc.); 6) As principais áreas de interferência da dificuldade de aprendizagem (conteúdos específicos, dimensões afetiva, cognitiva, relacional, etc.). Com essas informações, o psicopedagogo pensa a aprendizagem ou a queixa de aprendizagem, reflete sobre seus condicionantes e elementos constituintes, conversa com os sujeitos envolvidos e começa a decidir sobre os caminhos que irá propor para intervir e buscar alternativas de solução e/ou prevenção para a situação em questão. É muito importante ter clareza com relação: À apropriação teórica, que é o principal aspecto norteador da prática psicopedagógica. Sem uma boa teoria, não existe uma prática de qualidade. O maior engano que se comete na prática da psicopedagogia institucional é considerá-la ação realizada por meio do improviso. O trabalho psicopedagógico exige planejamento, estrutura, estratégias de ação e avaliação para que ele se autorregule, se renove e alcance seus objetivos. Para planejar e agir adequadamente, temos de assumir posturas teóricas e ideológicas que vão definir nossa visão de mundo, de homem, de educação e de aprendizagem. Somente com concepções teóricas bem sustentadas é possível pensar em intervir no contexto institucional, buscando modificações nesse sistema; O psicopedagogo necessita conhecer, com profundidade, o espaço institucional onde vai atuar. Precisa conhecer o sistema educacional 23 Faculdade de Minas do país, o sistema de saúde, o sistema de assistência social, sua legislação, o modus operandi da máquina pública e privada, sua eficácia, as avaliações que são realizadas, as intencionalidades que permeiam as decisões políticas vinculadas à educação, saúde, assistência social, segurança – enfim, ter ciência da realidade do país, com complexidade e postura crítica. Após construir uma visão adequada do sistema geral, esse especialista deve aprofundar- se na investigação da instituição onde irá intervir. Para isso, é indispensável compreender a história da instituição, os sujeitos envolvidos nessa história, as crenças e valores que foram surgindo ao longo da existência da instituição, as mudanças mais significativas, suas estratégias de gestão, coordenação e orientação dos profissionais, além de usuários, as estratégias de avaliação, as práticas diárias, a forma como a instituição lida com o sucesso, o fracasso e as dificuldades de aprendizagem, dentre tantos outros fatores. O psicopedagogo que pretende atuar de modo competente deve passar um pente fino na instituição no sentido de compreendê-la com relação aos aspectos físicos, legais e institucionais, assim como os aspectos subjetivos orientados por crenças, valores e práticas. O psicopedagogo é o especialista que realizará o trabalho de avaliação, intervenção e regulação das situações relacionadas à aprendizagem e às suas dificuldades no contexto da instituição. Seu trabalho é, por natureza, interdisciplinar. Ele não atua sozinho. Não pode nem deve realizar ações psicopedagógicas sem a participação da comunidade envolvida no processo. É sua responsabilidade chamar todos os envolvidos para participar de sua solução. Métodos, Instrumentos e Técnicas da Psicopedagogia na Instituição Diagnóstico diferencial é um método sistemático desenvolvido pela medicina. Ele tem o objetivo de analisar, discriminar e identificar características de doenças que apresentem 24 Faculdade de Minas semelhanças na sintomatologia que dificultam sua compreensão. A Psicopedagogia (clínica ou institucional) utiliza esse método para obter melhores resultados na compreensão dos casos clínicos e institucionais. Há muitos casos em que os transtornos de aprendizagem são semelhantes, assim como as queixas da instituição ou de seus membros podem ser muito semelhantes – apesar de suas origens diversas. É necessário fazer uma análise do caso clínico ou da instituição acompanhada, sempre que necessário, de instrumentos de avaliação e coleta de dados a fim de programarmos a melhor intervenção, seja ela clínica ou institucional. A proposta de intervenção da Psicopedagogia Institucional reside na elaboração de um diagnóstico da realidade institucional. A partir desse diagnóstico, é iniciada a elaboração dos planos de intervenção. O psicopedagogo atua inicialmente realizando o diagnóstico da situação-problema para, em seguida, definir as formas mais adequadas de intervenção. O diagnóstico pretende, principalmente, investigar os "quês" e os "porquês" de determinadas situações. Assim, é importante diferenciar o psicopedagogo funcionário de uma instituição daquele que fará apenas uma consultoria ou avaliação. Seus instrumentos e técnicas podem ser muito distintos. Em termos de planejamento, por exemplo, o psicopedagogo que não tem vínculo com a instituição poderá ter de lidar com um prazo determinado para a realização da análise e intervenção. Para esse profissional, haverá sempre uma questão específica a ser desenvolvida, sanada, resolvida ou analisada. Já o psicopedagogo institucional que tem vínculo empregatício com a instituição precisa de um espaço de trabalho que lhe garanta autonomia para projetar sua tarefa em função do diagnóstico ser efetuado a partir de suas investigações iniciais. O psicopedagogo se coloca diante da questão fundamental de ter de lidar com ambos os objetivos da instituição e os seus próprios. Seu trabalho é essencialmente preventivo: como ele é uma presença no dia a dia daquele local, o psicopedagogo vai lidar com as relações humanas nesse cotidiano. O prazo não está, a princípio, definido. 25 Faculdade de Minas Em ambos os casos, antes de qualquer coisa, é necessário umlevantamento dos objetivos específicos da instituição e os meios pelos quais ela busca alcançar tais objetivos. Dados objetivos devem ser conhecidos, como o número de pessoas que são colaboradores, gestores, auxiliares, etc. Qual o produto produzido pela instituição, qual serviço é oferecido à comunidade. Além disso, claro, sobre a história da instituição. Pois toda produção humana, seja uma cadeira ou uma instituição, tem a contribuição de muitos sujeitos que, em um tempo anterior, fizeram indagações, realizaram descobertas, inventaram técnicas e desenvolveram ideias. O estudo dos objetivos institucionais, de suas dinâmicas e consequências inclui também aqueles que levaram a instituição a solicitar a intervenção ou avaliação profissional de um psicopedagogo institucional. É necessário investigar, além dos aspectos objetivos da instituição, a concepção que a mesma constrói acerca daquilo o psicopedagogo faz ou poderá fazer dentro dela. 26 Faculdade de Minas A atuação desse profissional pode promover ansiedades de tipos e graus variados que implicarão em um manejo específico no sentido de ultrapassar as resistências que tentarão impedir sua ação. O levantamento desses objetivos proporcionará ao profissional a possibilidade de criar um planejamento de trabalho. Diferentes instituições vão necessitar de diferentes abordagens em função de sua natureza. Aqui apresentaremos alguns instrumentos e técnicas que, de forma geral, serão utilizados em qualquer instituição. Para atuar em uma instituição, o psicopedagogo, seja ou não funcionário, deve estar ciente que seu principal método de estudo será a observação, pois é a partir dela que ele conhecerá a dinâmica institucional, como ela interage com seus membros e como seus membros a influenciam. Ele pode iniciar seus trabalhos de investigação com vistas ao conhecimento das questões objetivas e subjetivas relacionadas ao seu papel, utilizando- se de técnicas de entrevistas. São utilizadas entrevistas individuais com gesto res e colaboradores, além de entrevistas coletivas com membros de um setor, por exemplo. O planejamento das entrevistas dependerá de cada instituição e de seus membros. A entrevista deve ser planejada e sistematizada para ser eficaz e eficiente. É uma conversação dirigida a um propósito definido de avaliação. Pode-se dizer que é um tipo de comunicação entre um pesquisador que pretende colher informações sobre fenômenos e os indivíduos que detêm essas informações e podem emiti -las. As informações colhidas são indicadores de variáveis que se pretende estudar, analisar. Possuem objetivos bem definidos e estratégia de trabalho. Sugerimos uma entrevista mista, semiestruturada. Ou seja, o profissional perguntará sobre uma série de informações pré-estabelecidas, objetivas (entrevista estruturada), e então seguirá à entrevista não estruturada, em que o entrevistado escolhe por onde vai começar a falar. Aqui as perguntas são de 27 Faculdade de Minas caráter geral, com o objetivo de melhorar a qualidade e a quantidade das informações colhidas. É importante utilizarmos local adequado, sem intervenções de terceiros , e também que o objetivo da entrevista seja explicado aos que estão sendo entrevistados. A partir daqui, cabe ao psicopedagogo detectar os pontos de urgência a serem trabalhados utilizando-se de técnicas grupais. Propõe-se um trabalho com grupos operativos, que possuem objetivos, problemas e conflitos que devem ser estudados e considerados pelo próprio grupo na medida em que vão aparecendo. O método do grupo operativo, chamado também por Pichon-Rivière (2014) de grupos centrados na tarefa, tem nessa tarefa grupal a proposta de superar e resolver situações fixas e estereotipadas, possibilitando sua transformação em situações flexíveis que permitam questionamentos, favorecendo o debate, o diálogo, numa lógica dialética. O grupo, através da realização de uma tarefa, irá passar do ponto "dilemático" para o ponto "dialético". No grupo operativo – e através da tarefa –, o múltiplo, o heterogêneo, o divergente podem integrar -se numa síntese multiforme que enriquece a todos e a cada um dos integrantes, que se esclarecem, nessa prática, acerca da complexidade do real. Nesse processo de trabalho e integração, o objeto de conhecimento se mostra na complexidade de seus aspectos e determinações, tornando-se progressivamente mais concreto. Além dos grupos operativos formados a partir da identificação das necessidades, são viáveis outras possibilidades de intervenção, levando-se em consideração a singularidade da instituição em questão. Reuniões de caráter informativo com equipes, pais, jovens, mulheres grávidas, grupos de enfermos, são muito bem-vindas. Muitas vezes o problema institucional se resume à falta de informação de seus usuários quanto aos objetivos da própria instituição. No hospital, por exemplo, saber sobre o tratamento prolongado e as restrições que algumas doenças possuem é fundamental. A ansiedade se instala em alguns doentes e suas famílias em função da falta de informação. 28 Faculdade de Minas No trabalho com crianças, é também importante estabelecermos grupos onde seja possível a brincadeira. No ambiente hospitalar, é fundamental que a criança tenha espaço para ser criança, além de ser doente. Grupos com crianças e brincadeiras com materiais de sucata, pintura e massinha são importantes para o desenvolvimento das mesmas e para a elaboração de suas possíveis dores. No trabalho institucional com empresas, o psicopedagogo trabalhará também junto ao setor de Recursos Humanos, realizando os processos de recrutamento, seleção e treinamento. O trabalho individualizado não é esperado na instituição. Isso não quer dizer que não seja possível a avaliação de algum problema específico de aprendizagem de um indivíduo ou grupo. Se houver, porém, a necessidade de um atendimento clínico, ele será encaminhado para um profissional fora da instituição. 29 Faculdade de Minas REFERÊNCIAS FABRÍCIO, Nívea Maria de Carvalho. Palestra “O psicopedagogo e seu papel frente as dificuldades de aprendizagem”. I Congresso sobre as dificuldades de aprendizagem, Gramado/RS, 2008 MALUF,Maria Irene. A intervenção psicopedagógica como recurso no tratamento dos distúrbios neurológicos e psiquiátricos. 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