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CLÍNICA-E-INSTITUCIONAL


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CLÍNICA E INSTITUCIONAL 
 
 
 
 
 
 
 
2 
Faculdade de Minas 
 
Sumário 
 
Introdução ........................................................................................................ 4 
Áreas de atuação da Psicopedagogia .......................................................... 6 
Atendimento Psicopedagógico ................................................................. 7 
A intervenção Psicopedagógica: a busca pela significação do aprender ... 10 
Aspectos básicos: diagnóstico e intervenção na clínica Psicopedagógica .... 11 
Psicopedagogia Institucional uma visão sistêmica ........................................ 19 
Diagnóstico institucional ............................................................................. 20 
Métodos, Instrumentos e Técnicas da Psicopedagogia na Instituição ....... 23 
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
Faculdade de Minas 
 
FACUMINAS 
 
A história do Instituto Facuminas, inicia com a realização do sonho de um 
grupo de empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Facuminas, como entidade 
oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A Facuminas tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos 
que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, 
de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
Faculdade de Minas 
Clínica e Institucional 
 
Introdução 
 
A Psicopedagogia surge no cenário ocidental como um fazer empírico, 
apoiado na prática, nas experiências vividas e, principalmente, na observação 
de fatos. Sua demanda era a de atender crianças com dificuldades de 
aprendizagem cujas causas fossem estudadas pela medicina e pela psicologia. 
Seu objeto de estudo eram os sintomas das dificuldades de aprendizagem, 
como a desatenção, o desinteresse, a lentidão e a astenia, que seria a 
perda ou diminuição da força física (também podendo ser a perda ou 
diminuição das forças ou da resistência do sistema nervoso) . E o seu objetivo 
era remediar esses sintomas. A dificuldade de aprendizagem seria apenas um mau 
desempenho, um produto a ser tratado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
Faculdade de Minas 
Nesse momento, Psicologia e Pedagogia são vistas como elementos 
justapostos. Psicologia é apenas estimuladora, normativa e reguladora da vida 
intelectual. E a Psicopedagogia é vista como uma síntese simplificada dos 
múltiplos conhecimentos psicológicos e pedagógicos existentes. Com o tempo, 
entretanto, verifica-se que tratar os sintomas é insuficiente para o êxito escolar. 
Começa-se a entender o sintoma como um sinal, um produto: o sintoma é a 
emergência de desarticulação dos diferentes aspectos da aprendizagem – 
aspectos afetivos, sociais, cognitivos. Entramos em uma nova fase: o objeto passa 
a ser o processo de aprendizagem e o objetivo, remediar ou refazer esse 
processo em todos os seus aspectos. 
 A Psicopedagogia passa a ser percebida como saber independente 
com instrumentos corretivos e profiláticos próprios. Mas isso ainda há de mudar. 
Pois, se o processo está ancorado no sujeito, o trabalho acontece entre o 
psicopedagogo e o ser em processo de construção do conhecimento, ou 
seja, o ser cognoscente. E esse ser é social, contextualizado, determinado 
pelas condições materiais de existência em que vive na sociedade. 
Transforma as informações obtidas segundo o código das determinações 
sociais que penetram no seu psiquismo pela mediação de suas motivações 
conscientes e inconscientes – e, sobretudo, pela mediação de sua ação sobre 
o objeto. Ele é determinado pelas relações que estabelece com outros 
sujeitos. O ser cognoscente é determinado pelas relações que estabelece com 
outros sujeitos. Ele é o objeto de estudo da Psicopedagogia. 
A Psicopedagogia Clínica tem como foco diagnosticar e tratar os sintomas 
emergentes no processo de aprendizagem. Para Weiss (1991), é através do 
diagnóstico psicopedagógico que se busca investigar, identificar e pesquisar para 
averiguar quais são os obstáculos que estão levando o sujeito à situação de não 
aprender, aprender com lentidão ou com dificuldade, buscando assim esclarecer 
uma queixa do próprio sujeito, da família, escola ou local de trabalho. Dá-se na 
relação entre um sujeito com sua história vital (pessoal) e sua modalidade de 
aprendizagem. Cabe ao profissional desta área compreender o que o sujeito 
aprende, como aprende, sua estratégias de aprendizagem, porquês, dúvidas e 
 
 
 
 
 
 
 
6 
Faculdade de Minas 
anseios. Visando trabalhar focando nos sintomas e na prevenção dos problemas de 
aprendizagem. 
 
Áreas de atuação da Psicopedagogia 
 
A atuação da Psicopedagogia pode acontecer a partir da perspectiva Clínica, 
Institucional e da Pesquisa. 
A Psicopedagogia Clínica ocupa-se do entendimento do sujeito que aprende, 
através de sua história pessoal, de seus vínculos familiares, de sua modalidade de 
aprendizagem, compatibilizando conhecimento e saber. Procura compreender o 
sujeito a partir de seu processo de aprender e de não aprender, indagando como, o 
que e de que maneira ele pode aprender. Exerce suas funções nas dimensões 
terapêutica e institucional, buscando a compreensão das complexas relações de 
aprendizagem, dos lugares e papéis de sujeitos em suas redes históricas e pela 
formulação de espaços e dispositivos adequados ao resgate e à promoção da 
aprendizagem. Realiza ações voltadas para o resgate da aprendizagem, através da 
formulação de espaço e vínculo de confiança e da proposição de recursos 
adequados e específicos. Busca possibilitar que o sujeito construa sua autoria na 
aprendizagem. 
A Psicopedagogia Institucional considera as amplas e intrincadas relações de 
aprendizagem de uma instituição, analisando as relações institucionais e buscando 
elaborar condições de articular a qualificação dos processos de aprendizagem. 
Objetiva fazer com que os sujeitos de um grupo possam se conceber e agir como 
protagonistas de seus próprios processos de aprendizagem. Pode ter como objetivo, 
na escola, a diminuição da incidência dos problemas de aprendizagem. Analisa e 
age em relação às questões da didática e da metodologia, através da intervenção: 
na formação permanente e na assessoria junto aos professores; no atendimento 
familiar; no diagnóstico de sujeitos; no relacionamento entre alunos e professores; 
nas relações afetivas envolvidas nos processos de aprender; no significado que os 
alunos e professores dão à aprendizagem; na elaboração de currículos e ações 
pedagógicas que tenham efetivo desempenho junto ao processo de aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
7 
Faculdade de Minas 
A Psicopedagogia como área de Pesquisa compõe um conjunto de 
conhecimentos que auxiliam na investigação sobre os fenômenos dos processos de 
aprendizagem humana. 
 
Atendimento Psicopedagógico 
 
Entre os diferentes aspectos queprecisam ser considerados ao longo de um 
atendimento psicopedagógico, seja institucional ou clínico, destacam-se alguns que 
necessitam de atenção, tais como o momento do diagnóstico, a anamnese, a 
elaboração de hipóteses e a análise do processo de construção da lecto-escrita. 
O processo diagnóstico caracteriza-se como os primeiros encontros nos 
quais se interage de forma mais direta com o sujeito encaminhado e com sua 
família, procurando conhecer mais detalhes de sua história. Porém, não é um 
momento fechado, que tenha como objetivo atribuir um rótulo ao sujeito. Há 
diagnósticos como transtorno de hiperatividade e déficit de atenção, autismo, entre 
outros, que não podem ser dados por um especialista em Psicopedagogia, que 
pode sugerir para a família procurar um profissional como um psiquiatra ou um 
neurologista para avaliar e realizar tal diagnóstico. 
O especialista em Psicopedagogia deve sempre realizar os 
encaminhamentos que julgar necessários, mencionando que há outras questões 
que também atrapalham a aprendizagem do sujeito e que só podem ser avaliadas 
por outro profissional habilitado. Por isso, fala-se tanto das parcerias nos 
atendimentos psicopedagógicos e de um trabalho interdisciplinar. 
Na medida em que o trabalho interdisciplinar é fundamental na ação 
psicopedagógica, é importante conhecer as ferramentas que existem e são usadas 
pelos outros profissionais envolvidos, para saber entendê-las adequadamente, 
quando se recebe um diagnóstico. Porém, isso não significa que se possa utilizá-
las, já que algumas ferramentas são de uso exclusivo do psicólogo, do 
fonoaudiólogo ou do médico. 
 
 
 
 
 
 
 
8 
Faculdade de Minas 
O diagnóstico psicopedagógico necessita concentrar-se nos processos de 
aprendizagem. Esse momento não pode estar focado apenas no sujeito, mas em 
todas as relações que ele mantém seja na família, na escola ou no grupo de 
amigos, dentre outros. O diagnóstico é um momento no qual se pode iniciar o 
levantamento de hipóteses sobre como e o que o sujeito aprende, bem como o que 
o impede de aprender. Nessa ocasião, já se inicia também o tratamento. Quando se 
analisa a situação do sujeito, precisa-se propor desafios de superação, para que 
novas hipóteses possam ser levantadas e questões já possam ser superadas. Logo, 
não há uma separação rígida entre o período do diagnóstico e o do tratamento. Ao 
iniciar o diagnóstico, já se está começando o tratamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao longo do processo diagnóstico, é importante ser realizada uma entrevista 
de anamnese, que se constitui numa técnica de investigação e análise, a partir da 
retomada da história de vida do sujeito através de uma conversa com a família. Ela 
é utilizada para auxiliar a compreender o funcionamento familiar, no sentido de se 
observar como o sujeito é visto por esse grupo, qual o seu papel, como o veem e 
 
 
 
 
 
 
 
9 
Faculdade de Minas 
compreendem sua situação ao longo da vida e como descrevem a dificuldade de 
aprendizagem. A anamnese auxilia o especialista em psicopedagogia a 
compreender o processo de aprendizagem do sujeito em diferentes momentos de 
sua vida. Por isso, suas perguntas devem se centrar mais no “como” do que no 
“quando”, como, por exemplo: Como foi que ele começou a andar? Como foi que ele 
aprendeu a falar? O quando traz uma questão mais relacionada com a 
temporalidade, o que tem importância, mas não tanto quando o processo de cada 
aprendizagem. 
A elaboração de hipóteses sobre como o sujeito aprende e o que o impede é 
de suma importância para o atendimento, pois é a partir dela que a ação do 
especialista em psicopedagogia é planejada e organizada. Ao longo de todo o 
tratamento, as hipóteses são elaboradas, superadas e redefinidas. A partir da 
superação de uma questão, outra poderá ser elaborada pelo especialista em 
Psicopedagogia. É significativo sempre partir do que o sujeito sabe fazer, o que 
conhece, aquilo no que tem sucesso. Além de reforçar suas possibilidades, com 
essa perspectiva também se consegue, muitas vezes, observar e analisar as 
estratégias utilizadas e lhe ajudar a usá-las nas situações de dificuldades. 
Outro aspecto relevante tem relação com as inúmeras vezes em que os 
especialistas centram a investigação psicopedagógica na leitura e na escrita quando 
o encaminhamento ocorre devido a uma dificuldade nessa área. Porém, precisa-se 
sempre lembrar de também analisar questões relativas ao pensamento lógico 
matemático. 
Várias vezes, recebe-se dos educadores a avaliação de que o sujeito domina 
as questões relacionadas ao conhecimento matemático, mas o que ele consegue 
fazer são cálculos mecanizados, sem compreensão. A construção do pensamento 
lógico-matemático é estruturante da construção da leitura e da escrita, ou seja, são 
a base para a aprendizagem da leitura e da escrita. A testagem do nível de leitura e 
escrita precisa ser realizada juntamente com a observação, pois é importante 
observar as estratégias que o sujeito utiliza para ler e escrever sua própria 
produção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
A intervenção Psicopedagógica: a busca pela significação do 
aprender 
 
“Somos aqueles que podem ajudá-las a lidar melhor com suas vidas, a 
enfrentar as frustrações e a compensar suas fraquezas. Também somos os que 
podem ajudá-las a perceber seus dons e a valorizar seu jeito único de ser.” (Sandra 
Rief,1993) 
Em uma época que muito se discute sobre dificuldades, inclusão e até 
mesmo o conhecido fracasso escolar de crianças e jovens e ao mesmo tempo 
multiplicam- se diversas descobertas da neurociência, não poderíamos deixar de 
ressaltar a importância da intervenção psicopedagógica como forma de significação 
do aprender. 
Este especialista está preparado para trabalhar com todo processo da 
aprendizagem humana, ou seja, ensinar / aprender. Através de técnicas 
diferenciadas trabalha com os padrões normais ou não do aprender considerando 
sempre a influência e participação do meio (escola, família e sociedade) no seu 
desenvolvimento. Para Fabrício (2008), todo trabalho psicopedagógico está 
centrado e focalizado no autoconhecimento e na autoria do pensamento, buscando 
sempre estratégias de suporte com a finalidade que a criança aprenda. 
Muitas das crianças que fracassam e são encaminhadas aos consultórios 
psicopedagógicos trazem consigo a queixas por parte dos educadores e da escola 
suspeitas de “deficiências” em uma ou várias funções cognitivas. O que estas 
instituições esquecem é que este sintoma produzido por tal criança pode ser 
considerado um sinal de mal estar mais profundo que relaciona-se com um conflito 
inconsciente tornando-se desconhecido ao próprio sujeito, em outras palavras, 
dizemos que a criança não sabe os reais fatos de sua não aprendizagem. 
A intervenção psicopedagógica é um meio eficaz como forma de prevenção 
do fracasso escolar, seu trabalho norteado por recursos cognitivos e emocionais 
permite não apenas o sucesso na aprendizagem, mas possibilita o resgate de sua 
 
 
 
 
 
 
 
11 
Faculdade de Minas 
autoestima e autonomia individual tornando assim mais fácil sua socialização com 
os demais colegas. 
De acordo com Maluf (2009), para estabelecer um bom diagnóstico é 
necessário termos conhecimento do desenvolvimento individual da criança bem 
como centrar-se em serviços especializados que vão além dos farmacológicos. Para 
que todo este processo ocorra, sabemos que há uma grande necessidade de 
participação da família e da instituição escolar com vistas a juntos constituirmos 
meios afetivos e de estimulação cognitiva de forma que estas intervenções tornem- 
se eficazes e alcancem seus reais objetivos que é o resgate e o gosto por aprender. 
 
Aspectos básicos: diagnóstico e intervenção na 
clínica Psicopedagógica 
 
No diagnóstico psicopedagógico é realizada uma investigação na qual se 
procura compreender a formaque o paciente aprende e os desvios que ocorrem 
nesse processo. Segundo Weiss (2004, p.27): 
 
O diagnóstico é uma das peças chaves para uma intervenção eficiente. Não 
basta ao psicopedagogo conhecer técnicas e provas, pois cada caso é singular e 
exige do profissional, além da competência teórica, um olhar sensível e particular. 
Cada paciente que chega à clínica traz junto sua história, suas individualidades e 
suas relações de coletividade, para o psicopedagogo é sempre um novo e complexo 
começo, que evoca seguidamente um novo olhar. “O sucesso de um diagnóstico 
não reside no grande número de instrumentos utilizados, mas na competência e 
sensibilidade do terapeuta em explorar a multiplicidade de aspectos revelados em 
cada situação”. (WEISS, 2000, p.30). Weiss (2000, p.31), comenta que: 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
 
Para Weiss (2004), o diagnóstico psicopedagógico tem como objetivo básico 
identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do 
sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio 
social, possibilitando assim ao psicopedagogo fazer as intervenções e os 
encaminhamentos necessários. Podemos defini-lo como um processo de 
investigação referente ao que não vai bem com o sujeito em relação a uma conduta 
esperada. 
Fernández (1991) comenta que o diagnóstico para o psicopedagogo tem a 
mesma função que a rede para o equilibrista. O diagnóstico funciona como base 
para a intervenção. Em consonância com Fernández, a psicopedagoga Weiss se 
expressa a respeito do Modelo de Aprendizagem: 
 
A relação do paciente com o terapeuta é, também, de fundamental 
importância para o processo do diagnóstico. Essa relação implica na validade e 
qualidade do diagnóstico, por isso, é importante terem empatia, ou seja, se 
identificarem um com outro, apresentando confiança; respeito e engajamento. 
Weiss (2004), afirma que o processo diagnóstico tem base no inter-
relacionamento dinâmico e de condutas interdependentes entre o terapeuta que no 
caso é o diagnosticador e o paciente que é o diagnosticado, a comunicação que é 
estabelecida entre os dois faz com que o diagnosticador atue sobre o paciente 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
sempre que apresentar qualquer conduta. Tudo na comunicação entre estes dois 
sujeitos deverá ser analisada durante o diagnóstico: a palavra, o modo de falar, a 
atitude, os gestos, a linguagem corporal, etc. 
 
A autora se refere a mecanismos transferenciais, pois nesse mecanismo é o 
paciente que traz seus sentimentos, atitudes e condutas inconscientes para com o 
terapeuta. 
 
No diagnóstico é importante que todas as regras de relacionamento, horários 
e honorários sejam bem definidos desde o primeiro contato. Essas regras devem 
ser claras e definidas em conjunto com o paciente e sua família. Por isso, é 
necessário o estabelecimento de um contrato com os pais e a construção de um 
enquadramento com estes e com o sujeito. 
Weiss (2004) determina alguns aspectos importantes do contrato e do 
enquadramento: previsão de número aproximado de sessões e forma de 
encerramento do trabalho, definição de dias, horários e duração das sessões; 
definição dos locais; honorários contratados e forma de pagamento. Estes aspectos 
são essenciais para o estabelecimento do profissional psicopedagogo. 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
O processo do diagnóstico psicopedagógico clínico abrange várias etapas, 
que são: motivo da consulta, história vital, hora do jogo, provas projetivas, entre 
outr
as. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Paín (1985) afirma que no motivo da consulta é importante observar porque e 
por quem o paciente chegou até o terapeuta, se foi pela escola, pela professora, por 
um médico ou pela família. Isso é importante, pois dessa forma o psicopedagogo 
consegue entender que tipo de vínculo o paciente irá estabelecer, revelando dessa 
forma o grau de independência com que o paciente assume seu problema. 
 
 
 
 
 
 
 
15 
Faculdade de Minas 
Segundo Paín (1985), este primeiro momento com a família, é uma ocasião 
para estabelecer hipóteses sobre alguns aspectos importantes para o diagnóstico 
dos problemas de aprendizagem, como significação do sintoma na família ou, com 
maior precisão, a articulação funcional do problema de aprendizagem; significação 
do sintoma para a família, isto é, as reações comportamentais de seus membros ao 
assumir a presença do problema; fantasias de enfermidade e cura e expectativas 
acerca de sua intervenção no processo diagnóstico e de tratamento; modalidades 
de comunicação do casal e função do terceiro, entre outros. 
Este espaço de escuta oferecido para a família permite que a mesma elenque 
livremente, os motivos pelos quais busca a ajuda psicopedagógica e, também, quais 
os fatores que acredita causarem a não aprendizagem do paciente. Deve-se sugerir 
que os mesmos comentem sobre o motivo que os trouxe à clínica e que falem 
livremente sem que façamos perguntas particularizadas. (FERNÁNDEZ, 1991). 
A entrevista do motivo da consulta permite conhecer as expectativas que os 
pais têm em relação à intervenção do psicopedagogo. Muitos pais, mesmo 
solicitando ou assumindo as consequências da consulta, apresentam resistências à 
ação do terapeuta. “A versão problemática que obtemos por intermédio dos pais, 
pode dar-nos algumas chaves para aproximarmo-nos do significado que o não 
aprender tem na família.” (PAÍN, 1985, p. 37). 
O momento da história vital no diagnóstico é realizado como uma segunda 
entrevista com a mãe, sendo que essa é realizada após o psicopedagogo conhecer 
um pouco seu paciente. 
 
Conforme Paín (1985), no caso de um paciente que consulta por problemas 
de aprendizagem, serão as seguintes as áreas de indagação predominantes: 
antecedentes natais na fase pré-natal que abrange as condições de gestação e 
expectativas do casal e da família, onde as doenças durante a gestação, dados 
 
 
 
 
 
 
 
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Faculdade de Minas 
genéticos e hereditários, serão solicitados somente se o caso justificar; fase 
perinatal que envolve as circunstâncias do parto, sofrimento fetal, cianose ou lesão, 
entre outros danos que costumam ser causas de destruição de células nervosas 
que não se produzem e também de posteriores transtornos e fase neonatal que 
inclui a adaptação do recém-nascido, choro, alimentação, capacidade de adaptação 
da família do bebê através do respeito ao ritmo individual do bebê entendendo suas 
demandas. 
Ainda nessa lista de indagações predominantes temos, segundo Paín (1985), 
aspectos significativos que devem ser investigados, como doenças e traumatismos 
ligados, diretamente, à atividade nervosa superior; tempo de reclusão a que a 
criança foi obrigada; processos abertamente psicossomáticos; disponibilidade física, 
fatigabilidade e limitações corporais, além de analisar o desenvolvimento motor; 
desenvolvimento da linguagem e desenvolvimento de hábitos da criança. Importante 
saber se as aprendizagens foram feitas pela criança no momento esperado, 
precoces ou retardadas pela família; também é necessário saber se a criança 
passou por situações dolorosas, mudanças, situações de perda, participação da 
criança nesses casos e condições em que se deram e conhecer as experiências 
escolares, transformações ocorridas na criança, expectativas para a família, entre 
outros. 
Com a obtenção desses dados o terapeuta começará a encaixar as peças e 
começará a delinear suas hipóteses. A Hora do Jogo é onde o psicopedagogo 
observará a estimulação do desenvolvimento motor, social, cognitivo e afetivo do 
paciente. De acordo com Paín (1985), assim como são analisados os esquemas 
práticos de conhecimentos por meio da atividade assimilativo-acomodativa no bebê, 
a ludicidade fornece informações sobre os esquemas que organizam e integram o 
conhecimento num nível representativo. 
Por istoconsidera-se de grande interesse para o diagnóstico do problema de 
aprendizagem na infância, a observação do jogo do paciente, e se faz isto através 
de uma sessão que se denomina “hora do jogo”. Para realizar essa atividade, o 
psicopedagogo conta com uma caixa que contém diversos materiais, sucatas e 
elementos não figurativos de vários tipos. 
 
 
 
 
 
 
 
17 
Faculdade de Minas 
Nessa etapa do diagnóstico o psicopedagogo consegue analisar de que 
forma a criança se relaciona com os objetos e em que condições ela é capaz de 
brincar. Outro momento importante do diagnóstico são as provas projetivas, que têm 
como objetivo conseguir identificar fatores emocionais que influenciam no 
desenvolvimento da aprendizagem do paciente. 
Segundo Paín (1985, p. 61) 
 
Existem três tipos de diagnósticos mais comuns dentro das provas projetivas: 
desenho da figura humana, relatos e desiderativo. Segundo Paín (1985), o desenho 
da figura humana permite avaliar os recursos simbólicos do sujeito para referir a 
diferenças como criança/adulto; feminino/masculino; fada/bruxa, etc., o que revela o 
nível de sua adequação semiótica, cuja relação com a aprendizagem se teve 
oportunidade de enfatizar na ocasião em que se analisou a hora do jogo. 
Nas provas de relatos, Paín (1985) comenta que elas têm como instrução 
criar uma história ou antecipar seu final. São oferecidos ao sujeito estímulos gráficos 
ou verbais que sugerem certas relações ou transformações viáveis. O sujeito 
percorre um dos caminhos insinuados trazendo elementos mais ou menos originais. 
As lâminas e contos não são neutros, pelo contrário, apontam temas classicamente 
conflitivos, provocando defesas mais ou menos apropriadas. 
Em relação ao diagnóstico desiderativo, Paín (1985), afirma que as 
dificuldades, as falhas e os rodeios que os sujeitos com problemas de 
aprendizagem apresentam na prova denominada de desiderativo indicam sua 
dificuldade para recuperar intelectualmente objetos perdidos e reprimidos. 
O diagnóstico não segue uma linearidade, cabe ao psicopedagogo durante o 
processo observar o andamento das sessões e, assim, vai construindo o percurso. 
 
 
 
 
 
 
 
18 
Faculdade de Minas 
Após as sessões diagnósticas, o psicopedagogo tem condições de avaliar o 
processo de ensino e aprendizagem do paciente. 
Segundo Paín (1985), de acordo com a hipótese diagnóstica, uma vez que foi 
recolhida toda a informação e reunidos os diferentes aspectos que interessam a 
cada área investigada, tem-se a necessidade de avaliar o peso de cada fator na 
ocorrência do transtorno de aprendizagem. 
Em relação à devolução diagnóstica, a mesma autora comenta que talvez o 
momento mais importante desta aprendizagem seja a entrevista dedicada à 
devolução do diagnóstico, pois se realiza primeiramente com o paciente e depois 
com os pais, nesse caso quando se trata de uma criança. Segundo a autora, a 
tarefa psicopedagógica começa justamente aqui. 
Após a conclusão do diagnóstico, o psicopedagogo necessita determinar qual 
tratamento é mais adequado para o problema em que o paciente apresenta. 
“Diremos que, em geral, o tratamento psicopedagógico é o mais indicado no caso 
de tratar-se de um transtorno na aprendizagem”. (PAÍN, 1985, p.74). O tratamento 
psicopedagógico possui o enquadramento, os objetivos e as técnicas. 
“A tarefa diagnóstica tem um enquadramento próprio que possibilita 
solucionar rapidamente os efeitos mais nocivos do sintoma para depois dedicar-se a 
afiançar os recursos cognitivos”. (PAÍN, 1985, p. 77). Paín (1985) comenta que os 
objetivos básicos do tratamento diagnóstico são a desaparição do sintoma e a 
possibilidade do sujeito de aprender normalmente ou, ao menos, no nível mais alto 
que suas condições orgânicas, constitucionais e pessoais lhe permitam. 
Ainda, conforme a autora pode-se resumir os objetivos do tratamento em três 
fundamentais: em primeiro lugar, conseguir uma aprendizagem que seja uma 
realização para o sujeito; em segundo lugar, conseguir uma aprendizagem 
independente por parte do sujeito e por último, propiciar uma correta 
autovalorização. 
De acordo com Paín (1985), para poder cumprir os objetivos expostos e 
garantir a conservação do enquadre, o psicopedagogo necessita adotar técnicas 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Faculdade de Minas 
gerais que são as seguintes: organização prévia da tarefa, graduação, 
autoavaliação, historicidade, informação e indicação. 
 
Psicopedagogia Institucional uma visão sistêmica 
 
 O papel do psicopedagogo numa instituição consiste em diagnosticar através 
de um processo investigativo, as causas que podem estar impedindo o curso regular 
da aprendizagem institucional, a circulação do conhecimento, o papel das lideranças 
e dos liderados, bem como os motivos que podem levar ao insucesso 
organizacional. 
O profissional contratado, assiste aos clientes na melhoria de seu 
desempenho tanto nos aspectos de eficiência como na introdução da tecnologia, ou 
seja, no aprimoramento das relações interpessoais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O 
Psicopedagogo faz sua intervenção a partir da história da organização e de suas 
 
 
 
 
 
 
 
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características atuais. Nesta perspectiva, a contribuição da Psicopedagogia é 
empenhar-se em levar a instituição à vivência que permita aos personagens 
(funcionários) desse cotidiano dar-se conta da importância do seu trabalho para a 
manutenção da saúde e sobrevivência organizacional, atuando diretamente nas 
relações de aprendizagem. 
 O trabalho do Psicopedagogo Institucional poderá ser dividido em 4 etapas: 
1. Identificação do Problema (Diagnóstico Psicopedagógico); 
2. Caracterização da Organização; 
3. Intervenção; 
4. Integração. 
 
O Psicopedagogo também pode atuar como Assessor Psicopedagógico em 
instituições escolares, direcionando a potencialização da competência dos 
professores. Geralmente a assessoria é utilizada como um recurso, a fim de que 
estas possam dar uma resposta adequada às necessidades dos alunos diante das 
dificuldades para aprender, bem como facilitar a relação ensino / aprendizagem. 
Para trabalhar em instituições, o psicopedagogo deve adquirir competências 
na área administrativa e de planejamento estratégico, conhecer teorias sobre 
liderança, comportamento grupal e análise de potencial e desempenho. 
Diagnóstico institucional 
Quando somos apresentados a uma 
Instituição, podemos dizer que estamos 
diante de um problema. Não no sentido 
negativo do termo, mas no sentido de algo 
a ser trabalhado. Precisamos lidar com essa 
questão, esse fenômeno, esse problema que 
a instituição apresenta em seus processos 
de aprendizagem. São três os aspectos 
 
 
 
 
 
 
 
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gerais do processo de solução de problemas: interpretação, estratégia e 
avaliação. É tentador buscar solucionar um problema de forma direta, ou seja, 
sem analisar suas causas. É, por exemplo, tentador pensar em eliminar os 
corruptos que roubam o dinheiro da população. 
O problema, entretanto, não será necessariamente resolvido dessa forma 
(ainda que prender alguns deles seja uma excelente medida). A questão da 
corrupção é estrutural, social e precisa ser analisada a partir desse viés para 
que possamos solucioná-la. 
Assim, é preciso analisar a questão, interpretá-la, conhecer suas 
diferentes faces. Esse é o papel do Diagnóstico Psicopedagógico. Depois de 
realizado esse processo, é estabelecida uma estratégia de intervenção junto ao 
plano de avaliação daquilo que será realizado. Quando essa etapa é 
realizada, há menos dificuldades e um menor índice de erros. Avaliar é 
aperfeiçoar suas decisões. É pensar, depois do problema solucionado, se aquela 
estratégia foi bem-sucedida. A avaliação é elemento-chave do processo.A prática psicopedagógica institucional é uma etapa de grande importância, 
pois traduz a intencionalidade do profissional que elaborou uma avaliação e 
que vai programar ações corretivas ou preventivas do s possíveis problemas 
de aprendizagem encontrados. 
A intervenção é a etapa posterior do processo psicopedagógico e, ao 
mesmo tempo, seu “reinício”. Os resultados, após análise, podem levar o 
psicopedagogo e a instituição a um novo ponto de partida e de reflexão 
sobre o fazer psicopedagógico no contexto institucional. Assim como o 
diagnóstico, a intervenção não representa um fim em si mesma, mas um 
conjunto de medidas que vão gerar novas práticas de prevenção, correção e 
enriquecimento da aprendizagem, mesmo que de modo não intencional. 
Um diagnóstico psicopedagógico bem elaborado reúne dados que sustentam 
uma intervenção de qualidade, situando a aprendizagem em seu contexto, 
considerando: 
1) O lócus onde ocorre a aprendizagem e seus possíveis problemas; 
 
 
 
 
 
 
 
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2) Os sujeitos diretamente envolvidos; 
3) Os sujeitos indiretamente envolvidos; 
4) A identificação do(s) problema(s) e sua caracterização; 
5) A identificação dos diferentes contextos (sala de aula, salas de 
atendimento, setores de trabalho, no caso de empresas, relação professor e aluno, 
currículo, estratégias didáticas, características do professor e do aluno, dos 
líderes e dos colaboradores envolvidos, dos profissionais de saúde, no caso 
de instituições de saúde, contexto familiar do aluno, do paciente, do usuário, do 
idoso, etc.); 
6) As principais áreas de interferência da dificuldade de aprendizagem 
(conteúdos específicos, dimensões afetiva, cognitiva, relacional, etc.). 
Com essas informações, o psicopedagogo pensa a aprendizagem ou a 
queixa de aprendizagem, reflete sobre seus condicionantes e elementos 
constituintes, conversa com os sujeitos envolvidos e começa a decidir sobre 
os caminhos que irá propor para intervir e buscar alternativas de solução e/ou 
prevenção para a situação em questão. 
É muito importante ter clareza com relação: 
 À apropriação teórica, que é o principal aspecto norteador da 
prática psicopedagógica. Sem uma boa teoria, não existe uma prática de 
qualidade. O maior engano que se comete na prática da psicopedagogia 
institucional é considerá-la ação realizada por meio do improviso. O trabalho 
psicopedagógico exige planejamento, estrutura, estratégias de ação e avaliação 
para que ele se autorregule, se renove e alcance seus objetivos. Para 
planejar e agir adequadamente, temos de assumir posturas teóricas e 
ideológicas que vão definir nossa visão de mundo, de homem, de educação e 
de aprendizagem. Somente com concepções teóricas bem sustentadas é 
possível pensar em intervir no contexto institucional, buscando modificações 
nesse sistema; 
 O psicopedagogo necessita conhecer, com profundidade, o 
espaço institucional onde vai atuar. Precisa conhecer o sistema educacional 
 
 
 
 
 
 
 
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do país, o sistema de saúde, o sistema de assistência social, sua legislação, 
o modus operandi da máquina pública e privada, sua eficácia, as avaliações 
que são realizadas, as intencionalidades que permeiam as decisões políticas 
vinculadas à educação, saúde, assistência social, segurança – enfim, ter 
ciência da realidade do país, com complexidade e postura crítica. Após 
construir uma visão adequada do sistema geral, esse especialista deve aprofundar-
se na investigação da instituição onde irá intervir. Para isso, é indispensável 
compreender a história da instituição, os sujeitos envolvidos nessa história, as 
crenças e valores que foram surgindo ao longo da existência da instituição, 
as mudanças mais significativas, suas estratégias de gestão, coordenação e 
orientação dos profissionais, além de usuários, as estratégias de avaliação, as 
práticas diárias, a forma como a instituição lida com o sucesso, o fracasso e 
as dificuldades de aprendizagem, dentre tantos outros fatores. O 
psicopedagogo que pretende atuar de modo competente deve passar um pente fino 
na instituição no sentido de compreendê-la com relação aos aspectos físicos, 
legais e institucionais, assim como os aspectos subjetivos orientados por crenças, 
valores e práticas. 
O psicopedagogo é o especialista que realizará o trabalho de 
avaliação, intervenção e regulação das situações relacionadas à aprendizagem 
e às suas dificuldades no contexto da instituição. Seu trabalho é, por 
natureza, interdisciplinar. Ele não atua sozinho. Não pode nem deve realizar 
ações psicopedagógicas sem a participação da comunidade envolvida no 
processo. É sua responsabilidade chamar todos os envolvidos para participar de 
sua solução. 
Métodos, Instrumentos e Técnicas 
da Psicopedagogia na Instituição 
 
Diagnóstico diferencial é um método 
sistemático desenvolvido pela medicina. Ele tem 
o objetivo de analisar, discriminar e identificar 
características de doenças que apresentem 
 
 
 
 
 
 
 
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semelhanças na sintomatologia que dificultam sua compreensão. A 
Psicopedagogia (clínica ou institucional) utiliza esse método para obter melhores 
resultados na compreensão dos casos clínicos e institucionais. Há muitos casos 
em que os transtornos de aprendizagem são semelhantes, assim como as 
queixas da instituição ou de seus membros podem ser muito semelhantes – 
apesar de suas origens diversas. É necessário fazer uma análise do caso 
clínico ou da instituição acompanhada, sempre que necessário, de 
instrumentos de avaliação e coleta de dados a fim de programarmos a 
melhor intervenção, seja ela clínica ou institucional. 
A proposta de intervenção da Psicopedagogia Institucional reside na 
elaboração de um diagnóstico da realidade institucional. A partir desse diagnóstico, 
é iniciada a elaboração dos planos de intervenção. O psicopedagogo atua 
inicialmente realizando o diagnóstico da situação-problema para, em seguida, 
definir as formas mais adequadas de intervenção. O diagnóstico pretende, 
principalmente, investigar os "quês" e os "porquês" de determinadas situações. 
Assim, é importante diferenciar o psicopedagogo funcionário de uma 
instituição daquele que fará apenas uma consultoria ou avaliação. Seus 
instrumentos e técnicas podem ser muito distintos. Em termos de planejamento, por 
exemplo, o psicopedagogo que não tem vínculo com a instituição poderá ter de lidar 
com um prazo determinado para a realização da análise e intervenção. 
Para esse profissional, haverá sempre uma questão específica a ser 
desenvolvida, sanada, resolvida ou analisada. Já o psicopedagogo institucional 
que tem vínculo empregatício com a instituição precisa de um espaço de trabalho 
que lhe garanta autonomia para projetar sua tarefa em função do diagnóstico 
ser efetuado a partir de suas investigações iniciais. 
O psicopedagogo se coloca diante da questão fundamental de ter de lidar 
com ambos os objetivos da instituição e os seus próprios. Seu trabalho é 
essencialmente preventivo: como ele é uma presença no dia a dia daquele local, o 
psicopedagogo vai lidar com as relações humanas nesse cotidiano. O prazo não 
está, a princípio, definido. 
 
 
 
 
 
 
 
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Em ambos os casos, antes de qualquer coisa, é necessário umlevantamento 
dos objetivos específicos da instituição e os meios pelos quais ela busca alcançar 
tais objetivos. Dados objetivos devem ser conhecidos, como o número de 
pessoas que são colaboradores, gestores, auxiliares, etc. Qual o produto 
produzido pela instituição, qual serviço é oferecido à comunidade. Além disso, 
claro, sobre a história da instituição. Pois toda produção humana, seja uma 
cadeira ou uma instituição, tem a contribuição de muitos sujeitos que, em um 
tempo anterior, fizeram indagações, realizaram descobertas, inventaram 
técnicas e desenvolveram ideias. 
O estudo dos objetivos institucionais, de suas dinâmicas e 
consequências inclui também aqueles que levaram a instituição a solicitar a 
intervenção ou avaliação profissional de um psicopedagogo institucional. É 
necessário investigar, além dos aspectos objetivos da instituição, a concepção 
que a mesma constrói acerca daquilo o psicopedagogo faz ou poderá fazer dentro 
dela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A atuação desse profissional pode promover ansiedades de tipos e 
graus variados que implicarão em um manejo específico no sentido de 
ultrapassar as resistências que tentarão impedir sua ação. O levantamento 
desses objetivos proporcionará ao profissional a possibilidade de criar um 
planejamento de trabalho. Diferentes instituições vão necessitar de diferentes 
abordagens em função de sua natureza. 
Aqui apresentaremos alguns instrumentos e técnicas que, de forma geral, 
serão utilizados em qualquer instituição. Para atuar em uma instituição, o 
psicopedagogo, seja ou não funcionário, deve estar ciente que seu principal 
método de estudo será a observação, pois é a partir dela que ele conhecerá a 
dinâmica institucional, como ela interage com seus membros e como seus 
membros a influenciam. 
Ele pode iniciar seus trabalhos de investigação com vistas ao 
conhecimento das questões objetivas e subjetivas relacionadas ao seu papel, 
utilizando- se de técnicas de entrevistas. 
São utilizadas entrevistas individuais com gesto res e colaboradores, 
além de entrevistas coletivas com membros de um setor, por exemplo. O 
planejamento das entrevistas dependerá de cada instituição e de seus 
membros. A entrevista deve ser planejada e sistematizada para ser eficaz e 
eficiente. É uma conversação dirigida a um propósito definido de avaliação. 
Pode-se dizer que é um tipo de comunicação entre um pesquisador que 
pretende colher informações sobre fenômenos e os indivíduos que detêm essas 
informações e podem emiti -las. 
As informações colhidas são indicadores de variáveis que se pretende 
estudar, analisar. Possuem objetivos bem definidos e estratégia de trabalho. 
Sugerimos uma entrevista mista, semiestruturada. Ou seja, o profissional 
perguntará sobre uma série de informações pré-estabelecidas, objetivas 
(entrevista estruturada), e então seguirá à entrevista não estruturada, em que o 
entrevistado escolhe por onde vai começar a falar. Aqui as perguntas são de 
 
 
 
 
 
 
 
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caráter geral, com o objetivo de melhorar a qualidade e a quantidade das 
informações colhidas. É importante utilizarmos local adequado, sem intervenções de 
terceiros , e também que o objetivo da entrevista seja explicado aos que estão 
sendo entrevistados. 
A partir daqui, cabe ao psicopedagogo detectar os pontos de urgência 
a serem trabalhados utilizando-se de técnicas grupais. Propõe-se um trabalho com 
grupos operativos, que possuem objetivos, problemas e conflitos que devem 
ser estudados e considerados pelo próprio grupo na medida em que vão 
aparecendo. 
O método do grupo operativo, chamado também por Pichon-Rivière 
(2014) de grupos centrados na tarefa, tem nessa tarefa grupal a proposta de 
superar e resolver situações fixas e estereotipadas, possibilitando sua 
transformação em situações flexíveis que permitam questionamentos, 
favorecendo o debate, o diálogo, numa lógica dialética. 
O grupo, através da realização de uma tarefa, irá passar do ponto 
"dilemático" para o ponto "dialético". No grupo operativo – e através da tarefa 
–, o múltiplo, o heterogêneo, o divergente podem integrar -se numa síntese 
multiforme que enriquece a todos e a cada um dos integrantes, que se 
esclarecem, nessa prática, acerca da complexidade do real. 
Nesse processo de trabalho e integração, o objeto de conhecimento se 
mostra na complexidade de seus aspectos e determinações, tornando-se 
progressivamente mais concreto. Além dos grupos operativos formados a partir da 
identificação das necessidades, são viáveis outras possibilidades de intervenção, 
levando-se em consideração a singularidade da instituição em questão. 
Reuniões de caráter informativo com equipes, pais, jovens, mulheres grávidas, 
grupos de enfermos, são muito bem-vindas. 
Muitas vezes o problema institucional se resume à falta de informação de 
seus usuários quanto aos objetivos da própria instituição. No hospital, por 
exemplo, saber sobre o tratamento prolongado e as restrições que algumas 
doenças possuem é fundamental. A ansiedade se instala em alguns doentes 
e suas famílias em função da falta de informação. 
 
 
 
 
 
 
 
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No trabalho com crianças, é também importante estabelecermos grupos 
onde seja possível a brincadeira. No ambiente hospitalar, é fundamental que a 
criança tenha espaço para ser criança, além de ser doente. Grupos com crianças e 
brincadeiras com materiais de sucata, pintura e massinha são importantes para o 
desenvolvimento das mesmas e para a elaboração de suas possíveis dores. No 
trabalho institucional com empresas, o psicopedagogo trabalhará também junto 
ao setor de Recursos Humanos, realizando os processos de recrutamento, 
seleção e treinamento. 
O trabalho individualizado não é esperado na instituição. Isso não quer dizer 
que não seja possível a avaliação de algum problema específico de aprendizagem 
de um indivíduo ou grupo. Se houver, porém, a necessidade de um 
atendimento clínico, ele será encaminhado para um profissional fora da instituição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
 
FABRÍCIO, Nívea Maria de Carvalho. Palestra “O psicopedagogo e seu papel 
frente as dificuldades de aprendizagem”. I Congresso sobre as dificuldades de 
aprendizagem, Gramado/RS, 2008 
MALUF,Maria Irene. A intervenção psicopedagógica como recurso no 
tratamento dos distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Revista Direcional Educador, 
nº , Julho/2009 
WEISS, Maria Lúcia L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos 
problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2004. 
PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal, São Paulo, Martins 
Fontes, 2014. 
FERNÁNDEZ, Alicia. A mulher escondida na professora: uma leitura 
psicopedagógica da mulher, da corporalidade e da aprendizagem. Porto Alegre: 
Artmed, 1994. 
FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: Abordagem psicopedagógica 
da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 
PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1985. 
VISCA, Jorge. Clínica Psicopedagógica: epistemologia convergente. Porto 
Alegre: Artes Médicas, 1987. 
WEISS, M. L. L. Psicopedagogia Clínica: uma visão diagnóstica dos 
problemas de aprendizagem escolar. Rio de Janeiro, DP&A, 2003. 
ZENICOLA, Ana Maria. BARBOSA, Laura Monte S.CARLBERG, Simone. 
Psicopedagogia: saberes/olhares/fazeres. São José dos campos: Pulso, 2007.