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Fisioterapia em terapia intensiva R E S U M O S enya F I S IOTERAP IA rolim Sumário Introdução a fisioterapia respiratória..............................................01 Algumas doenças respiratórias pulmonares....................................04 Gasometria arterial.......................................................................09 Avaliação Fisioterapêutica..............................................................11 Monitorização respiratória.............................................................15 Oxigenioterapia.............................................................................17 Ventilação mecânica......................................................................20 Ventilação mecânica não invasiva..................................................22 1 Introdução a Fisioterapia Respiratória Divisão do sistema respiratório Vias aereas superiores Nariz, boca, faringe e laringe Vias aereas inferiores Traqueia, bronquios, bronquiolo, ductos e sacos alveolares Fisioterapia Respiratória – resumos - @enyarolim Anatomofisiologia A respiração é fundamental ocorre no âmbito celular e orgânico. A respiração celular ocorre a partir de quebras de carbono, sendo ela necessária para manter as células bem nutridas. A respiração orgânica é caracterizada pela troca gasosa na expiração e inspiração, ou seja, a entrada de oxigênio e saída de gás carbono. Esta ocorre em duas fases: O mecanismo da respiração ocorre devido à existência de um gradiente de pressão que possibilita que o fluxo possa ser gerado. Na inspiração, a pressão intra-alveolar é menor que a pressão atmosférica e, com o aumento da cavidade torácica, o ar é direcionado para dentro dos pulmões. Na expiração, a pressão intra-alveolar se eleva mais do que a pressão atmosférica e o fluxo é invertido. Durante o processo de respiração, o tórax sofre alterações de suas dimensões lateral, vertical e anteroposterior. O movimento que as costelas realizam é comumente denominado como braço de bomba e alça de balde. Figura 1 O principal músculo da respiração é o diafragma, que é inervado pelos nervos frênicos (C3 a C5). Sua contração gera uma pressão negativa intratorácica. Em uma respiração tranquila, esse é o principal músculo inspiratório e a expiração ocorre de forma passiva pela retração elástica. Também existem os músculos acessórios da respiração, utilizados quando a demanda ventilatória aumenta. As principais funções do sistema respiratório são: • oxigenação sanguínea, • termorregulação, • eliminação de CO2 e • equilíbrio ácido-base. Anatomicamente, o trato respiratório se estende da boca/nariz até os alvéolos. O sistema respiratório é subdividido em vias aéreas superiores e inferiores e em zona de condução e zona respiratória. As vias aéreas superiores têm por finalidade aquecer, filtrar e umidificar o ar inspirado. Nas vias aéreas inferiores e na zona respiratória, ocorre a hematose. https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Ffisioterapeutaraiany.wixsite.com%2Fevidenciafp%2Fsingle-post%2F2016%2F09%2F08%2Fmec%25C3%25A2nica-respirat%25C3%25B3ria&psig=AOvVaw11DRHIulIoq8xnsXdTiQpO&ust=1626978026160000&source=images&cd=vfe&ved=0CAwQjhxqFwoTCOiTzNbj9PECFQAAAAAdAAAAABAa 2 Introdução a Fisioterapia Respiratória Figura 2 Figura 3 ÁCINO RESPIRATÓRIO: Local onde ocorre a troca gasosa. O órgão que abriga parte das vias aéreas inferiores é o pulmão: Figura 4 O pulmão direito é dividido em três lobos (superior, médio e inferior) e o pulmão esquerdo possui dois lobos (superior e inferior). O pulmão é revestido por uma estrutura chamada pleura que se subdivide em duas: pleura parietal (mais externa e que envolve a cavidade torácica) e a pleura visceral (que está em contato direto com o pulmão). Entre as pleuras, existe o líquido pleural em pequena quantidade. Componentes histológicos dos alvéolos: Pneumócitos tipo: I Controlam o movimento de fluidos entre o interstício e a região aerada dos alvéolos. Pneumócitos tipo II: Produzem surfactante pulmonar e possuem capacidade regenerativa, podendo ocasionalmente substituir os pneumócitos tipo I, quando necessário. Macrófagos alveolares: Defesa celular no espaço alveolar e fagocitose de células estranhas. Poros de Kohn Conexão entre os alvéolos, permitindo ventilação colateral. Controle neural da respiração Os centros respiratórios são três pares de núcleos localizados na formação reticular da ponte e do bulbo. • Centro rítmico da respiração: ajusta o ritmo respiratório; • Centro apnêustico: produz movimentos inspiratórios intensos; • Centro pneumotáxico: inibe o centro apnêustico e o centro inspiratório no bulbo. Reflexos respiratórios (sensores) Reflexos mecanorreceptores: respondem a alterações no volume dos pulmões e/ou na pressão arterial. Reflexos quimioceptores: respondem a alterações na PCO2, pH e na PaO2 do sangue e do líquido cefalorraquidiano. P a re d e s a lv e o la re s Pneumócitos tipo I Pneumócitos tipo II Macrofagos Poros de Kohn https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org%2Fwiki%2FTrato_respirat%25C3%25B3rio_inferior&psig=AOvVaw3breDME4mKwFWO5lm_T4lr&ust=1626978817001000&source=images&cd=vfe&ved=0CAwQjhxqFwoTCMDb6s_m9PECFQAAAAAdAAAAABAJ https://docplayer.com.br/142442737-Biofisica-da-respiracao.html https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fpt.vecteezy.com%2Farte-vetorial%2F1782959-fissuras-e-lobos-pulmoes&psig=AOvVaw1RqLZSJTatpGaanpmxUA5u&ust=1626979230326000&source=images&cd=vfe&ved=0CAwQjhxqFwoTCMiK6a3o9PECFQAAAAAdAAAAABAa 3 Introdução a Fisioterapia Respiratória Reflexos protetores: respondem a danos e/ou irritação do trato respiratório. Por meio desses sensores os centros de controle central (ponte, bulbo e outras partes do cérebro) recebem (aferente) o “sinal” para enviar (eferente) aos músculos respiratórios, os efetores. Volumes e capacidades pulmonares O sistema respiratório possui quatro volumes e quatro capacidades pulmonares, que representam a soma de dois ou mais volumes. VOLUMES Volume corrente (Vc): Volume de ar inspirado ou expirado em um ciclo respiratório. • Valor considerado normal: 500 ml. Volume de reserva inspiratório (VRI): Máximo de ar que pode ser inspirado após uma inspiração basal. • Valor considerado normal: ~ 3000 ml. Volume de reserva expiratório (VRE): Máximo de volume de ar que ainda pode ser expirado após uma expiração basal. • Valor considerado normal:~ 1100 ml. Volume residual (VR): Volume de ar que permanece nos pulmões mesmo após uma expiração forçada. CAPACIDADES Capacidade inspiratória (CI): Volume máximo que um indivíduo pode inspirar após expiração basal. • (CI= Vc + VRI). Capacidade vital (CV): Volume máximo de ar mobilizado entre inspiração e expiração máximas. • (CV = Vc + VRI+ VRE). Valor considerado normal: 65- 75 ml/kg. Capacidade residual funcional (CRF): Volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração basal. • (CRF= VRE +VR). Capacidade pulmonar total (CPT): Volume contido nos pulmões após uma inspiração máxima. • (CPT= VRI +Vc + VRE +VR). Relação ventilação perfusão V/Q O oxigênio (O2) e o dióxido de carbono (CO2) se movem entre o ar e o sangue por difusão simples, isto é, de uma área de alta pressão para outra de baixa pressão. A relação ventilação perfusão (V/Q) refere-se à quantidade de ventilação e a quantidade de sangue que chega ao pulmão. Para ocorrer uma troca gasosa considerada ideal, é necessário que o volume de ar que entra no alvéolo (V) seja próximo ao volume de sangue (Q) que passa através do pulmão. O fluxo de sangue não se distribui de forma homogênea e depende de fatores, como: • pressão hidrostática capilar, • diferença de pressão entre o ar alveolar e as arteríolas pulmonares. Índices normais da V/Q em diferentes áreas pulmonares No ápice,o V/Q é alto devido a ventilação ser maior que a perfusão. Na base, o índice V/Q é baixo devido a perfusão ser melhor que a ventilação. No médio há equilíbrio na relação. Alterações na VQ: V/Q ALTO - A ventilação é alta e o fluxo sanguíneo é baixo. Isso produz aumento de espaço morto. V/Q BAIXO - A ventilação é baixa e o fluxo sanguíneo é alto. Pode ser chamado de shunt intrapulmonar. V/Q NULA - Não há ventilação nem perfusão sanguínea. 4 Algumas doenças respiratórias pulmonares Fisioterapia Respiratória – resumos - @enyarolim DOENÇA PULMONAR OBSTRUTRIVA CRÔNICA – DPOC Caracteriza-se por obstrução crônica ao fluxo aéreo e que não é completamente reversível. É uma doença progressiva que não tem cura, mas pode ser controlada. Desenvolve-se a partir de uma resposta inflamatória do sistema respiratório a gases e partículas nocivas. O tabagismo é o principal fator de risco associado ao desenvolvimento da DPOC e está engloba particularmente duas condições principais: enfisema e bronquite crônica Bronquite crônica: é a inflamação do revestimento dos tubos brônquicos. Caracteriza-se pela produção exacerbada de muco (escarro). Os tubos brônquicos se tornam inflamados e estreitos. O indivíduo passa a apresentar tosse crônica capaz de causar expectoração por 3 meses anualmente e em dois anos consecutivos. Figura 5https://www.saudedica.com.br/wp- content/uploads/2017/06/bronquite.jpg Enfisema pulmonar: os alvéolos dos pulmões são destruídos como resultado da exposição prejudicial à fumaça do cigarro e a outros gases e partículas irritantes. Ocorre alargamento anormal e permanente dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal e destruição das paredes frágeis e fibras elásticas dos alvéolos. As vias aéreas pequenas colapsam quando o indivíduo expira, prejudicando o fluxo de ar dos pulmões. Associado a limitação ao fluxo aéreo e assim consequente aprisionamento de ar. Figura 6 https://www.mayoclinic.org Fatores de risco: • Tabagismo, exposição a gases e poeiras, vapores, queima de combustíveis e asmáticos; • E o fator genético associado à DPOC é a deficiência de ALFA-1-ANTITRIPSINA. Sendo essa uma proteína produzida no fígado e secretada na corrente sanguínea para ajudar a proteger os pulmões. A deficiência de alfa-1-antitripsina pode causar doenças hepáticas e pulmonares. Diagnóstico: Realizado mais comumente através da espirometria onde a relação VEF 1/CVF (Volume Expiratório Forçado no 1º segundo - VEF1 - e Capacidade Vital Forçada - CVF) pós- broncodilatador se encontra < 0,70 representando a presença de limitação persistente do fluxo aéreo. Apesar disso, a espirometria não deve ser utilizada de forma isolada no diagnóstico da patologia. Não existe um único teste de diagnóstico para DPOC. A confirmação da doença é baseada na avaliação clínica, levando em consideração uma combinação de histórico, exame físico e confirmação da presença de obstrução ao fluxo aéreo usando espirometria. A gravidade da limitação do fluxo aéreo pode ser determinada pelos percentuais encontrados do VEF1 em quatro níveis de acordo com a iniciativa global para a doença pulmonar obstrutiva crônica (GOLD). https://www.mayoclinic.org/ 5 Algumas doenças respiratórias pulmonares Figura 7 https://draflaviasalame.com/espaco-do-aluno/pbl/cenario-2/ Além da classificação do GOLD, para se estabelecer o estadiamento da doença, outros instrumentos são utilizados para compor essa avaliação e classificação. Entre eles, destacam-se: • Escala de dispneia do Medical Research Council modificada. • Questionário para avaliação da DPOC (CAT). • Espirometria. • Número de exacerbações por ano. O aprisionamento de ar da DPOC pode ter outras diversas repercussões como: • Redução da capacidade contrátil do diafragma; • Alteração do posicionamento do diafragma; • Aumento da CRF; • Redução da CI; As principais comorbidades associadas à DPOC são: • Cardiovascular: (insuficiência cardíaca; arritmias; hipertensão; cardiopatia isquêmica; doença vascular periférica). • Musculoesquelético: osteoporose. • Ansiedade e depressão. • Síndrome metabólica e diabetes. • Refluxo gastroesofágico. MEDIDAS DE CONTROLE DA DPOC • Cessação do tabagismo. • Farmacoterapia (broncodilatadores; β 2 -agonistas; antimuscarínicos; metilxantinas). • Manter calendário vacinal atualizado (vacinas contra influenza e pneumocócica). • Reabilitação pulmonar. • Oxigenoterapia. • Ventilação não invasiva. CARCINOMA PULMONAR O carcinoma broncogênico refere-se a tumores originários do parênquima pulmonar ou dentro dos brônquios. É o 2º mais visualizado entre homens e mulheres no Brasil (sem contar o câncer de pele não melanoma). Com alto grau de malignidade o câncer representa um crescimento celular anormal, incontrolável, que invade os tecidos próximos e distantes. Quanto a fisiopatologia dá-se a exposição repetida a agentes cancerígenos, em especial a fumaça de cigarro, leve à displasia do epitélio pulmonar. Se a exposição for continua haverão mutações genéticas que afetam a síntese de proteínas. Isso, por sua vez, interrompe o ciclo celular e promove a carcinogênese. Fatores de risco: Principalmente o tabagismo. O risco aumenta com o número de cigarros fumados e a duração do tempo de tabagismo, sendo que a duração é um fator de risco maior. 6 Algumas doenças respiratórias pulmonares • Exposição à poluição do ar, infecções pulmonares frequentes, deficiência e excesso de vitamina A, doença pulmonar obstrutiva crônica, fibrose pulmonar idiopática, fatores genéticos, histórico familiar de câncer. • A idade avançada também é considerada um fator de risco, pois costuma afetar indivíduos por volta dos 50-70 anos. • Exposição ocupacional a agentes químicos ou físicos como sílica, urânio e cromo. Sendo que o amianto tem uma relação causal com o câncer. Sintomas: • Tosse; • Dispneia; • Hemoptise; • Dor torácica; • Rouquidão. Os quatro tipos histológicos mais frequentes de sendo o 1. espinocelular, 2. adenocarcinoma (ocorre nos brônquios e bronquíolos), 3. carcinoma de grandes células e 4. carcinoma de pequenas células (são tumores agressivos, com estreita relação com o tabagismo). Carcinoma de pulmão de pequenas células (CPPC) é considerado mais agressivo e de rápida disseminação. O sistema nervoso central, fígado e osso são os locais mais comuns de metástase. Está fortemente associado ao tabagismo. Diagnóstico: Com base em quadro clínico e exames complementares como Raio-X do tórax, e por tomografia computadorizada (sendo os principais para investigar suspeitas de câncer pulmonar) A broncoscopia (endoscopia respiratória) deve ser feita para avaliar a árvore traquebrônquica e a biópsia (retirada de pedacinhos do tumor com uma agulha para exame), sendo fundamental obter um diagnóstico mais preciso. Uma vez obtida a confirmação da doença, é feito o estadiamento, que avalia o estágio de evolução, ou seja, verifica se a doença está restrita ao pulmão ou disseminada para outros órgãos. No caso do CPPC – considera-se um tumor limitado quando a doença se encontra-se em apenas um dos pulmões e talvez acometa os linfonodos vizinhos e extenso quando acomete outros órgãos. Tumor (T), nódulo (N) e metástase (M) é uma forma internacionalmente aceita de estadiamento. É abrangente na definição do tamanho e extensão do tumor, localização e disseminação à distância, o que ajuda os médicos a tirar conclusões significativas sobre o melhor tratamento, evitar cirurgias desnecessárias e fornecer um encaminhamento oportuno para cuidados paliativos se a cura não for uma opção. Estágio O- carcinoma in situ; Estágio I • Estágio IA - T1 N0 M0; • Estágio IB- T2 N0 M0; Estágio II • Estágio II A -T1 N1M0; • Estágio IIB- T2 N1 M0 T3 N0 M0; Estágio III A- T3 N1 M0 e Tl-2-3N2 M0; Estágio III B- T4 N0-1-2-3 M0 Tl-2-3N3M0; Estágio IV Qualquer T / Qualquer N M1a ou M1b. T= Tamanho e a extensão do tumor primário (TX, TO, Tis, T1, T2, T3 T4). Os tumores T1 e T2 são intrapulmonares. T3 - tumores com invasão extrapulmonar. T4 - tumores, de qualquer tamanho, com invasão extrapulmonar e considerados irressecáveis. N = Grau de comprometimento linfonodal (N0, N 1, N 2, N 3). M= Metástases. MX- Metástases a distância não avaliáveis. MO- Não existe metástases a distância. M1 - Metástases distantes presentes; com nódulos neoplásicos em outros lobos pulmonares. Tratamento: Para o adequado planejamento do tratamento, é necessário fazer o diagnóstico histológico e o estadiamento para definir se a doença está localizada no pulmão ou se existem focos em outros órgãos. Para os pacientes com doença localizada, e, particularmente, sem linfonodo (gânglio) aumentado (íngua) 7 Algumas doenças respiratórias pulmonares no mediastino (região entre os dois pulmões), o tratamento é cirúrgico, seguido ou não de quimioterapia e/ou radioterapia. Para aqueles com doença localizada no pulmão e nos linfonodos, o tratamento é feito com radioterapia e quimioterapia ao mesmo tempo. Em pacientes que apresentam metástases a distância, o tratamento é com quimioterapia ou, em casos selecionados, com medicação baseada em terapia-alvo. Portanto, o tratamento do câncer de pulmão depende do tipo histológico e do estágio da doença, podendo ser tratado com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, e/ou modalidades combinadas. Exercícios aeróbios associados à fisioterapia respiratória de forma intensiva no pré-operatório de pacientes que possuem indicação de ressecção pulmonar por neoplasia de pulmão, demonstram melhorar a capacidade pulmonar e reduzir o risco de complicações pós-operatórias. SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO AGUDO (SDRA) Considerada uma lesão inflamatória aguda, difusa, que leva ao aumento da permeabilidade vascular pulmonar e perda da aeração alveolar. Essas alterações geram colapso pulmonar e perpetuam a resposta inflamatória. Com isso a indução de edema pulmonar não hidrostático rico em proteínas. E consequente, hipoxemia profunda bem como achados radiológicos de infiltrados pulmonares bilaterais e difusos. Os riscos de evolução são: • pulmonares, como pneumonia, quase afogamento, broncoaspiração • e extrapulmonar como sepse, grande queimado e pancreatite. Figura 8- https://pebmed.com.br/sindrome-do- desconforto-respiratorio-agudo-diretriz-do-annals-of- intensive-care/ Figura 9https://pebmed.com.br/sindrome-do-desconforto- respiratorio-agudo-diretriz-do-annals-of-intensive-care/ As definições/classificações anteriores, chamam-se “definições de Berlim”. Como visto, a SDRA precisa de um fator de risco para ocorrer. Além disso, a oxigenação guia o diagnóstico e a classificação. É importante realizar o cálculo dividindo a Pressão Arterial de Oxigênio (PaO2) pela Fração Inspirada de Oxigênio (FiO2). A PaO2 pode ser obtida através de uma gasometria e a FiO2 pelo ventilador mecânico. mmHg, SDRA apenas se valor inferior a 300 mmHg. Ressalta-se que essa síndrome é secundária a alguma condição e, para a sua resolução, primeiro precisa-se normalizar essa condição causadora. Porém, enquanto essa causa não estiver controlada existe a necessidade de ventilação mecânica com estratégias protetoras que visam diminuir a lesão pulmonar induzida pelo ventilador (VILI). No decorrer do tempo, no tratamento dessa síndrome, foi instituído o suporte ventilatório invasivo, com pressões ventilatórias crescentes, associando assim a mais lesão pulmonar e maior mortalidade. Deve ser usado um volume corrente igual ou menor que 6 ml/kg que mantenha a pressão de platô menor que 30 cmH2O. (quanto mais grave menor o volume corrente utilizado). Calculo do peso ideal para identificar o ml de volume corrente será utilizado: Homem = 50 + 0,91 x (ALTURA (cm) – 152,4) Mulher = 45,5 + 0,91 x (ALTURA (cm) – 152,4) https://pebmed.com.br/sindrome-do-desconforto-respiratorio-agudo-diretriz-do-annals-of-intensive-care/ https://pebmed.com.br/sindrome-do-desconforto-respiratorio-agudo-diretriz-do-annals-of-intensive-care/ https://pebmed.com.br/sindrome-do-desconforto-respiratorio-agudo-diretriz-do-annals-of-intensive-care/ 8 Algumas doenças respiratórias pulmonares Ex: paciente do sexo masculino com 1,62m. Peso ideal= 50 + 0,91 (162 – 152,4) 50 + 0,91 x 9,6 50 + 8,73 = 58,73 Kg Volume corrente= 6 ml x 58,73 Kg VC = 352,38 mL Quando se utiliza VC baixos há o risco de hipoventilação e acúmulo de dióxido de carbono (CO2), isso gera a acidose respiratória. Assim é necessário, o aumento da frequência respiratória está indicado até 35 ipm. Caso haja uma redução maior do tempo expiratório ou inverter a relação inspiração/expiração. Se isso ocorrer, o CO2 não tem tempo para sair, ficando acumulando e piorando a acidose. Essa retenção “consentida” de CO2 é chamada de hipercapnia permissiva. Como as regiões colapsadas, uma alternativa é o uso de PEEP altas para homogeneizar o pulmão. A recomendação, mesmo que fraca, é o uso de PEEP alta em pacientes com SDRA de moderada a grave. Por exemplo, se o paciente estivesse com a FiO2 de 70%, deve usar PEEP de 10 a 14 cmH2O ou de 20 cmH2O, dependendo se você está trabalhando com níveis mais baixos ou mais altos de pressão, respectivamente. Para SDRA leve Figura 10https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_re stritos/files/documento/2021- 03/PROTOCOLO%20DE%20VENTILA%C3%87%C3%83O MEC%C3%82NICA%20%E2%80%93%20SARA.pdf Alguns autores sugerem que antes de aumentar a PEEP é necessário recrutar os alvéolos colapsados e depois instituir uma PEEP que os mantenham abertos. A manobra de recrutamento alveolar deve ser feita da seguinte forma: • Colocar no modo PCV, com pressão inspiratória de 15 cmH2O, incremento de 5 em 5 cmH2O a cada 2 minutos até alcançar 25 cmH2O • e, por último, aumentar de 10 em 10 cmH2O até 45 cmH2O. Após o recrutamento, titula-se o nível de PEEP ideal para manutenção desses alvéolos abertos. Isso pode ser feito através da curva de pressão/volume, tomografia computadorizada, tomografia por impedância elétrica, PEEP-FiO2 e complacência estática. A posição prona na SDRA A perfusão ocorre melhor na região dorsal do pulmão. Assim, pacientes com SDRA e em decúbito dorsal apresentam piora da relação ventilação/perfusão (V/Q). Nessa posição, existirá perfusão, mas a ventilação estará comprometida. Com a posição prona melhora-se a ventilação na região posterior, pois a área de edema e colapso ocuparão a parte anterior do pulmão (dependente) e assim a ventilação melhora, casando com perfusão que já é adequada nessa região. Com essa estratégia, existirá otimização das trocas gasosas. Deve ser feita em pacientes que apresentem a relação PaO2/FiO2 menor que 150 mmHg e permanecer desse modo por, pelo menos, 18 horas. Após esse tempo, deve retornar ao decúbito dorsal e, havendo manutenção da relação abaixo de 150, nova pronação deve ser realizada. O tempo de dorsal entre uma prona e outra é de seis horas. Duvidas com termos: Ventilação é a entrada e saída de ar nos pulmões. Ela possibilita a entrada do ar vindo do meio ambiente e rico em oxigênio e sua chegada aos alvéolos pulmonares. Possibilita também a saída do ar carregado de gás carbônico, dos alvéolos até o meio externo. Perfusão é o mecanismo que bombeia sangue nos pulmões. . 9 Gasometria Arterial Fisioterapia Respiratória – resumos - @enyarolim A gasometria arterial é um exame realizado através da punção em especial da artéria radial, mas também pode ser realizado nas artérias braquial e femoral. Auxilia a identificar distúrbios respiratórios e/ou metabólicos, sendo capaz de monitorar os gases e o equilíbrio ácido-base. A alteração nos valores de referencia dositens a seguir pode causar graves danos a saúde, inclusive a morte. o Determina o pH do sangue; o Capacidade de transporte do oxigênio; o Níveis de oxigênio; o Níveis de CO2; o Níveis de íon de bicarbonato; O pH é representado pela formula: pH=HCO3/PaCO2 A PCO2 representa a capacidade de ventilação e é determinado pelo sistema respiratório já o HCO3 representa o sistema metabólico. O HCO3 – tem relação diretamente proporcional ao pH, ou seja, se o HCO3 aumenta, o pH também, sendo o contrário verdadeiro. PaCO2 – tem relação inversamente proporcional ao pH, ou seja, se o PaCO2 aumenta o pH diminui, sendo o contrário verdadeiro. Valores de referência encontrados na gasometria arterial pH PCo2 (mmHg) Po2 (mmHg) HCO3 (mEq/l) BE 7,35-7,45 35-45 80-100 22-26 +2/-2 A acidose e0/ou alcalose podem ser de origem respiratória, metabólica ou mista, em que ocorrem alterações simultâneas de HCO3 e PaCO2 que alteram de forma semelhante o pH. Distúrbio Caracterização Causas Acidose metabólica Alteração primária: HCO3 < Acúmulo de ácidos não voláteis. As causas da acidose pH < Compensação: PCO2 > metabólica podem ser subdivididas em: • Perda de bicarbonato; • Falência renal da excreção de ácidos; • Adição de ácidos. Acidose respiratória Alteração primária: PCO2 > pH < Compensação: HCO3 > Ocorre por redução do volume corrente/volume minuto podendo estar associado a diminuição da frequência respiratória. Pode estar presente em alterações do SNC ou doenças pulmonares, cardíacas e neuromusculares. Alcalose metabólica Alteração primária: HCO3 > pH > Compensação: PCO2 > Perda de ácidos gástricos, aumento da atividade mineralocorticoide e administração de diuréticos de alça ou tiazídicos. Alcalose respiratória Alteração primária: PCO2 < pH > Compensação: HCO3 < Aumento da ventilação alveolar. Hiperventilação é tida como a principal causa primária de alcalose respiratória Esses distúrbios podem encontrar-se: • Compensados. • Descompensados. • Parcialmente compensados. 10 Gasometria Arterial Exercício: Considere os resultados da gasometria arterial a seguir: Valor Referência pH = 7,49 7,35 – 7,45 PaCO2 = 28 mmHg 35-45 mmHg HCO3 = 18 mEq/ml 20-30 mEq/ml. Com base nos dados apresentados, pode-se definir o distúrbio ácido-básico (DAB) como: 🅐 Acidose metabólica 🅑 Acidose respiratória 🅒 Acidose mista 🅓 Alcalose respiratória 🅔 Alcalose metabólica Podemos afirmar que há uma alcalose respiratória. Observe que o pH está alto (alcalose), o PaCO2 está baixo (sendo que este é inversamente proporcional ao pH) e o HCO3 está baixo (este é proporcional ao pH). Para ser uma alcalose metabólica o HCO3 deveria estar aumentado tendo em vista a elevação do pH. Considere os resultados da gasometria arterial a seguir: pH= 7,48; pCO2 = 48 mmHg; HCO3- = 36 mEq/l Com base nos dados apresentados, pode-se definir o distúrbio ácido-básico (DAB) como: 🅐 Acidose metabólica 🅑 Acidose respiratória 🅒 Acidose mista 🅓 Alcalose respiratória 🅔 Alcalose metabólica O pH aumentado significa alcalose, a pCO2 aumentada significa aumento de ácidos pela via respiratória e o HCO3 aumentado significa diminuição de ácidos pela via metabólica. Portanto, tem-se uma alcalose metabólica parcialmente compensada. Considere os resultados da gasometria arterial a seguir: pH= 7,52; pCO2 = 30 mmHg; HCO3- = 24 mEq/l. Com base nos dados apresentados, pode-se definir o distúrbio ácido-básico (DAB) como: 🅐 Acidose metabólica 🅑 Acidose respiratória 🅒 Acidose mista 🅓 Alcalose respiratória 🅔 Alcalose metabólica O pH está aumentado, significa que há uma alcalose, a pCO2 diminuída, então há diminuição de ácidos pela via respiratória e o HCO3 está normal. Portanto tem-se uma alcalose respiratória (não compensada). pH Alterad o Parcialmente compensado: Quando um parametro altera-se para tentar normalizar o pH Descompensado: quando o parâmetro não se altera Normal Compensado 11 Avaliação Fisioterapêutica Fisioterapia Respiratória – resumos - @enyarolim EXAME FÍSICO Condições gerais o baqueteamento digital (Hipocratismo digital) caracterizado pelo aumento das falanges terminais dos quirodáctilos e pododáctilos que se desenvolve no decorrer do tempo. Avaliação do nível de consciência é um parâmetro importante não só para os pacientes com patologias de base neurológica, mas para todos os pacientes críticos, pois a alteração da consciência pode significar uma piora do quadro. Há alguns estágios com diferentes denominações: 1. Sonolência – o paciente com dificuldade para manter-se desperto, mas pode ser facilmente acordado; 2. Estado confusional – desorientação no tempo e espaço, má interpretação de estímulos e dificuldade em atender comandos; 3. Delírio – desorientação, irritabilidade, alucinações, má interpretação de estímulos e comandos; 4. Torpor – o paciente mantem-se em sono profundo, sendo acordado apenas por estímulos vigorosos, volta a dormir quando o estimulo cessa; 5. Coma – não desperta independente do estimulo. A consciência pode ser avaliada por meio de estímulos (auditivos, visuais, táteis, dolorosos) e comandos verbais. Para avaliar o nível de consciência pode-se utilizar várias escalas como a de Glasgow, de Ramsay e a escala de sedação e agitação de RASS (Richmond Agitation-Sedation Scale). Figura 11 - Escala de Rass (google imagens) Na avaliação dos sinais vitais o fisioterapeuta deve coletar a frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial, pressão arterial média, saturação de oxigênio (95 – 100%) e temperatura corpórea. Frequência Cardíaca • Até 2 anos de idade: 120 a 140 bpm, • Entre 8 anos até 17 anos: 80 a 100 bpm, • Adulto sedentário: 70 a 80 bpm, • Adulto que faz atividade física e idosos: 50 a 60 bpm. Frequência Respiratória 12 Avaliação Fisioterapêutica • Adultos – 12 a 20 inspirações/ min; • Crianças – 20 a 25 inspirações/ min; • Bebês – 30 a 60 respirações/ min. Temperatura – terminologia • Hipotermia: Temperatura abaixo de 35°C • Afebril: 36,1°C a 37,2°C • Febril: 37,3°C a 37,7°C • Febre: 37,8°C a 38,9°C • Pirexia: 39°C a 40°C • Hiperpirexia: acima de 40°C Pressão arterial (PA) • Hipotensão – inferior a 100 x 60 mmHg • Normotensão – 120 x 80 mmHg • Hipertensão limite – 140 x 90 mmHg • Hipertensão moderada – 160 x 100 mmHg • Hipertensão grave – superior a 180 x 110 mmHg. Ausculta pulmonar Sons normais a. Som traqueal b. Som brônquico c. Murmúrio vesicular d. Som broncovesicular Sons anormais a. Descontínuos: estertores finos e grossos b. Contínuos: roncos, sibilos e estridor c. Sopros d. Atrito pleural Sons vocais a. Broncofonia, b. Egofonia c. Pectorilóquia fônica e afônica. SONS OU RUÍDOS ANORMAIS Descontínuos São representados pelos estertores. Estertores são ruídos audíveis na inspiração ou expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Os estertores finos ou crepitantes ocorrem no final da inspiração e têm frequência alta, isto é, são agudos de curta duração. Soam como o ruido produzido pelo atrito dos fios de cabelo. Podem ocorrer devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar (como pneumonia). Os estertores grossos, bolhosos ou subcrepitantes têm frequência menor e maior duração que os finos. Podem desaparecer com tosse e são audíveis em todo o tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Surgem quando há secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas (como na bronquite crônica e bronquiectasias). Contínuos Os roncos são constituídos por sons graves, portanto de baixa frequência originam-se nas vibraçõesdas paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo, edema da parede ou secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Os sibilos também se originam de vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração. Em geral são múltiplos e disseminados por todo o tórax, quando provocados por enfermidades que comprometem a árvore brônquica, como acontece na asma e bronquite. O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou traqueia, o que pode ser provocado por difteria, laringites agudas, CA de laringe e estenose de traqueia. Na hiperpneia, o aumento do fluxo de ar intensifica esse som. Sopros ocorrem em algumas regiões torácicas (C7 no dorso, traqueia e região interescapular), percebe-se sopro brando, mais longo na expiração que inspiração. Nesses casos é normal. Porém, quando o pulmão perde sua textura normal, como nas pneumonias bacterianas, grandes cavernas e pneumotórax hipertensivo ocorrem, respectivamente sopro tubário, cavitário e anfórico. 13 Avaliação Fisioterapêutica Atrito pleural: em condições normais, os folhetos parietal e visceral deslizam um sobre o outro, durante movimentos respiratórios, sem produzir qualquer ruído. Na pleurite, estão recobertas de exsudato e produzem ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração, com frequência comparado ao ranger de couro atritado. SONS VOCAIS (AUSCULTA DA VOZ) Para ausculta da voz, o paciente pronúncia “33” enquanto faz a ausculta comparando regiões homólogas. Os sons produzidos pela voz e ouvidos na parede torácica são ressonância vocal. Quando há consolidação (pneumonia, infarto pulmonar) a transmissão é facilitada. O aumento da ressonância é chamado broncofonia e ocorre quando há condensação pulmonar, neoplasia ou peri-cavitária. Egofonia é forma especial de broncofonia, broncofonia de qualidade nasalada e metálica, comparada ao balido de cabra. Aparece na parte superior dos derrames pleurais e nas condensações pulmonares. Quando se ouve com nitidez a voz falada, chama- se pectorilóquia fônica. Com a voz cochichada, pectorilóquia afônica. AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR RESPIRATÓRIA Um dos testes para avaliação da força muscular respiratória é a medida das pressões máximas que podem ser geradas durante a inspiração e a expiração. O aparelho que mede essas pressões positivas (manômetro) e as pressões negativas (vacuômetro) é o manovacuômetro. A proposta das seguintes equações para determinar os valores da PImax e PEmax. PImax homens = 0,80 (idade) + 155,3 PImax mulheres = 0,49 (idade) + 110,4 PEmax homens = 0,81 (idade) + 165,3 PEmax mulheres = 0,61 (idade) + 115,6 Na ausculta da voz, a ressonância vocal pode estar aumentada, diminuída ou normal. Tipos de tórax • Tonel – diâmetro anteroposterior aumentado devido hiperinsuflação; • Escavado – esterno para trás, os arcos costais mais anteriores; • Em quilha – o esterno está mais a frente; • Cifoescoliótico – devido deformidades na coluna; Configuração toracoabdominal Respiração anacrônica – quando há atraso de tempo entre o movimento do abdome e tórax; Movimento paradoxal – ocorre quando há movimentação oposta do compartimento abdominal e tórax. Padrões respiratórios Apneia pós-hiperventilação – parada respiratória após períodos de hiperventilação; Respiração de Cheyne-Stokes – períodos de respiração crescentes chegando ao ápice, seguido por uma fase decrescente, entre esses há apneia prolongada; Hiperventilação neurogênica – incursões rápidas e profundas de maneira sustentada; Respiração atóxica – caracterizada por lesões bulbares, sendo completamente irregular. É importante atentar-se a tiragem (depressão inspiratória dos espaços intercostais) e a sinais como o de Hoover onde observa-se a retração do terço inferior do tórax durante a inspiração e não a expansão como esperado normalmente. Tosse e aspecto da secreção • A tosse pode ser eficaz, ineficaz, produtiva ou seca; • O excesso de secreção e o aumento da viscosidade impedem o fluxo aéreo alterando a distribuição e a troca gasosa pulmonar; • Tosse e escarro com sangue é denominada hemoptise. Coloração: • Amarela – infecção pulmonar ou traqueobronquite; • Esverdeada – quadro infeccioso; • Amarronzado – quando a secreção pulmonar é composta por muco, transudato, exsudato e fragmentado de parênquima pulmonar com 14 Avaliação Fisioterapêutica substâncias estranhas nele aderidas, como a nicotina. As cores podem aparecer combinadas. A viscosidade depende da quantidade de muco, podendo ser viscosa e secreção fluídica (sendo a ultima de fácil expetoração). No sistema Cardiovascular o avaliador deverá observar os possíveis sinais: edema, áreas com aumento de temperatura ou alteração na coloração, que podem indicar uma possível doença vascular periférica (trombose). Sinais de trombos: • dor; • calor; • vermelhidão; • rigidez da musculatura na região em que se formou o trombo. Figura 12- Google Imagens No sistema neuromioarticular avalia-se Tônus, trofismo (grau de hipertrofia), força muscular, capacidade de movimentação, amplitude de movimento articular, capacidade de realizar as condutas propostas e posicionamento no leito. Todas as informações geradas com a avaliação motora devem ser inseridas na ficha de avaliação. Para avaliar a força muscular o fisioterapeuta deverá utilizar a escala MRC (Medical Research Council). Figura 13- Google Imagens Figura 14 - Fonte: google imagens Algumas tabelas e escalas importantes Figura 15- Google imagens Zona de Kramer Figura 16- Google Imagens / valores abaixo de 48 indicam fraqueza muscular Figura 17- Google Imagens 15 Monitorização respiratória Fisioterapia Respiratória – resumos - @enyarolim É importante saber o que o aparelho aponta, como curvas de fluxo, pressão e volume, assim como as alças volume/pressão e fluxo/volume. Enfim, isso só será possível compreendendo os mecanismos fisiopatológicos subjacentes. Assim, esse trecho irá abordar a monitorização respiratória com base na fisiopatologia do intercâmbio gasoso e da mecânica respiratória. INTERCAMBIO GASOSO PULMONAR Ventilação alveolar e espaço morto O volume de ar inspirado em cada ciclo respiratório é denominado volume de ar corrente. Em condições basais, é de aproximadamente meio litro no adulto sadio. Esse volume, ao penetrar as vias aéreas superiores, é dividido em duas partes. Volume alveolar – entra em contato com os capilares pulmonares e participa ativamente das trocas gasosas entre os alvéolos e a circulação pulmonar na hematose. Espaço morto – não tem contato com a circulação, não sofre hematose e é constituído principalmente pelas vias aéreas. Seu valor é de 150ml ou cerca de 30% do volume de ar corrente. O volume de ar corrente ( Vt ) corresponde, então a soma de espaço morto ( VD ) e o volume alveolar ( VA ). Vt = VA + VD O espaço morto anatômico foi o que acabamos de abordar, ele não é o único. Sabendo que parte dos alvéolos não são integralmente perfundidos, mas normalmente ventilados, o excesso de volume de ventilação em relação a perfusão é inútil e recebe o nome de espaço morto alveolar. VD fis = VD an + VD alv Sabendo que haverá alvéolos com perfusão insuficiente para determinada ventilação alveolar, assim como haverão outros com uma perfusão em excesso para sua ventilação. A fração de espaço morto fisiológico em relação ao volume de ar corrente pode ser calculado pela equação de Bohr, modificada por Enghoff: VD = PaCO2 – PeCO2 Vt PaCO2 A fração de espaço morto fisiológico, normalmente, varia entre 0,30 e 0,35. Valores altos de espaço morto fisiológico indicam alvéolos ventilados e inadequadamente perfundidos.• Isso ocorre na embolia pulmonar, choque hemorrágico, graus avançados de enfisema e em pacientes submetidos a VM. VENTILAÇÃO ALVEOLAR E PRESSÃO PARCIAL DE GÁS CARBÔNICO ARTERIAL O intercambio gasosos pulmonar é um processo dinâmico que precisa ser avaliado em função do tempo. Volumes por unidade de tempo são, então, expressos pelo símbolo V’. O volume expirado por minuto é expresso por V’E e corresponde ao volume corrente expirado do (VE) multiplicado pela frequência respiratória FR. V’E = VE X FR A ventilação alveolar minuto (V’A) também pode ser expressa da mesma forma e corresponde ao produto da ventilação em cada ciclo respiratório que efetivamente participa das trocas gasosas (VA), multiplicada pela frequência respiratória (FR). V’A = V A X FR A quantidade de gás carbônico excretada pelo pulmão por minuto (V’CO2) é proporcional ao produto da ventilação alveolar (V’A) e a pressão partícula de gás carbônico alveolar (PACO2) V’CO2 proporcional V’A X PACO2 Como a produção de gás carbônico em condições basais é constante pode se enunciar: K proporcional V’A X PACO2 16 Monitorização respiratória Na prática, a PACO2 de forma que, substituindo, temos: K proporcional V’A X PACO2 Assim a ventilação alveolar é o fator determinante da PACO2, pois a hipoventilação expressa-se por retenção de gás carbônico, o contrario é verdadeiro. 17 Oxigenioterapia Fisioterapia Respiratória – resumos - @enyarolim Um conceito base A concentração de O2 no ar atmosférico (ar ambiente) é de 21%. A elevação da pressão de O2 inspirado (PiO2) pode ser realizada aumentando a fração de O2 inspirada (FiO2), assim, haverá um aumento do O2 no alvéolo, que corresponde a pressão alveolar de O2 (PaO2) e isso elevará a pressão arterial de O2 (PaO2). Em um paciente com hipoventilação grave pode-se elevar a PaO2 Ex: PaO2 = 50mmHg e PaCO2 = 80mmHg, a inalação de 100% de O2 levará a um aumento de 10 vezes da concentração de O2 arterial, elevando a PaO2, para mais de 60mmHg. Definição A Oxigenioterapia objetiva fornecer oxigênio suplementar a um paciente que por diversos fatores está em insuficiência respiratória, incapaz de manter o O2 em valores adequados. Ressalta-se que essa não traz pressão (força para respirar), sendo apenas suporte de O2., traduzindo-se que a mecânica ventilatória deve estar a melhor possível. A razão em que a oxigenoterapia é normalmente mais utilizada é a insuficiência respiratória. Graduação da insuficiência respiratória em função da relação da PaO2/ FiO2: Obtido por meio desses valores divididos e multiplicados por 100 (para remover a porcentagem da FiO2) • Superior a 400 mmHg - Normal. • De 300-400 mmHg- Déficit de oxigenação. • Inferior a 300 mmHg- Insuficiência respiratória. • inferior a 200 mmHg- Insuficiência respiratória grave A insuficiência respiratória (IR) pode ser entendida como o estado em que o sistema respiratório é incapaz de gerar valores da pressão arterial de oxigênio (Pao2) e/ou pressão arterial de gás carbônico na faixa de normalidade para a demanda metabólica. Na gasometria, a insuficiência respiratória pode ser representada pelo seguinte ponto de corte: PaO2: < 60 mmHg PaCO2: > 50 mmHg A INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA PODE SER CLASSIFICADA EM TIPO I (HIPOXÊMICA), TIPO II (HIPERCÁPNICA) E MISTA. Figura 18- https://www.e-sanar.com.br/aluno/noticia/260,insuficiencia-respiratoria-aguda.html Um mecanismo importante de hipoxemia ´o SHUNT, caracterizado por: alvéolos do pulmão perfundidos normalmente com sangue, mas a ventilação falha em suprir a região perfundida. Dispositivos para liberação de O2 (as convencionais são de baixo fluxo e não convencionais (venturi, cnaf e helmt) alto fluxo): • Cânula nasal; • Cateter tipo óculos; • Máscara facial simples ou com reservatório; • Cateter transtraqueal; • Máscara de venturi. • CNAF • HELMT / HELMO Os sistemas de baixo fluxo apresentam rendimento variável e podem administrar oxigênio com uma FiO2 de 21% a 95%. OBS sobre os filtros • HMEF: aquece, umidifica e filtra. Com localização proximal ao paciente, depois do Y; • HME: aquece e umidifica, fica proximal, depois do Y, porque tá “preparando” o ar que vai entrar; • HEPA: só filtra, então fica distal ao paciente, próximo ao ventilador, porque vai filtrar o ar que está sendo exalado. Calculo da FiO2: FiO2 = L O2/min X 4 + 21 Interfaces para administração de O2 Cateter nasal Apresenta fácil instalação e proporcionam fluxo: 3l/min e esse deve ser o máximo para evitar ressecamento da VA. Considerado confortável para a maioria dos pacientes. https://www.e-sanar.com.br/aluno/noticia/260,insuficiencia-respiratoria-aguda.html 18 Oxigenioterapia Não impede a alimentação, mas pode gerar irritação da mucosa nasal e a concentração de O2 inspirada é desconhecida. Figura 19- Google imagens As máscaras faciais são os sistemas normalmente mais utilizados. Existem três tipos de máscaras: simples, de reinalação parcial e de não reinalação. • A máscara facial simples apresenta um fluxo de 4 a 15 l/min. • Abrange nariz e boca. • Tem como desvantagens o fato de dificuldade para comunicação e alimentação, lesões se devem à pressão gerada. Figura 20- Google imagens A máscara com reservatório é uma máscara com as mesmas características da máscara facial, porém com uma bolsa onde o oxigênio é armazenado e liberado durante as inspirações do paciente. Acoplada a uma bolsa inflável 1 l (fluxo 7 a 10 l/min). Pode ser um sistema de reinalação parcial. Não contém válvulas. Durante a inspiração, o oxigênio flui para o interior da máscara e passa diretamente ao paciente. Durante a expiração, parte do ar é armazenado na bolsa. Outra opção é o sistema sem reinalação, que impede a reinalação através de válvulas unidirecionais. Uma válvula inspiratória se encontra no topo da bolsa, enquanto as válvulas expiratórias cobrem as portas de expiração sobre o corpo da máscara. Ressalta-se que o fluxo de O2 deve ser suficiente para manter o volume da bolsa reservatório. Cateter transtraqueal Consiste na inserção de um cateter por meio do traqueóstomo ou tubo orotraqueal. » Garante um melhor aproveitamento de O2. Apresenta como desvantagens ser um procedimento invasivo, com maior risco para infecções do sistema respiratório. A concentração de O2 varia de 25% a 45% com fluxo de 1-6 litros/minuto. Máscaras de Venturi Figura 21 - Google imagens Figura 22- Google imagens Se baseiam em um sistema de passagem de um alto fluxo de oxigênio a orifícios no corpo da máscara, cuja escala de concentração de oxigênio varia de 24% a 50%. Assim, consegue ofertar uma FiO2 conhecida ao paciente. A máscara de Venturi segue o princípio de Bernouilli. Este princípio afirma que, ao se aplicar um gás sobre pressão pelo 19 Oxigenioterapia sistema, ocorrerá o desenvolvimento de uma pressão lateral ao pequeno orifício que permitirá a entrada do gás que se encontra próximo ao jato pelos orifícios laterais. Riscos • Depressão do sistema respiratória. • Hipercapnia. • Acidose respiratória. • Atelectasias por absorção (níveis elevados de oxigênio depletam rapidamente os níveis de nitrogênio, o que propicia uma atelectasia precoce). • Diminuição da relação V/Q. • Diminuição do surfactante pulmonar. • Nas crianças prematuras, Pa02 >100 mmHg pode causar retinopatia. • Lesão por radicais livres. OXIGENIOTERAPIA por tempo prolongada domiciliar (OPD) Oxigenioterapia por tempo prolongado domiciliar (OPD) é o tratamento mais eficaz contra hipoxemia e insuficiência respiratória crônica. Suas indicações: PaO2 < 55mmHg ou SaO2 < 88% ou PaO2 56-59mmHg ou SaO2 89% associada a – edema causado por ICC descompensada, evidencia de cor pulmonale, hematócrito > 56%. Oxigenio durante o exercício quando a PaO2 < 55mmHg ou SaO2 < 88% documentada durante o exercício.Oxigenioterapia noturna quando a PaCO2 < 55mmHg ou SaO2 < 88% durante o sono; Queda da SaO2 > 5% com sinais e hipoxemia (definidos como embotamento do processo cognitivo, fadiga ou insônia. Obs: apenas a medida da SpO2 por oxímetro de pulso não é válida para prescrição de OPD. Na DPOC busca-se obter uma PaO2 de pelo menos 60mmHg e uma SaO2 não inferior a 90%. Para titular o fluxo adequado utiliza-se um oxímetro de pulso conectado ao dedo do paciente que deverá estar em repouso, posição ereta e sem falar por 20 minutos. Outra forma é o teste de caminhada de 6min onde o fluxo é direcionado para minimizar a hipoxemia mantendo a SaO2 acima de 95% e a PaO2 de 80mmHg. O mesmo pode ser realizado durante o sono (monitorização). O tempo mínimo aceitável é de 15H por dia de suporte de O2. Risco do suporte de O2: ao respirar altas concentrações de oxigênio, o paciente terá um processo de atelectasia de absorção acelerado. Isso ocorre porque a inalação de altas concentrações de O2 irá reduzir a quantidade de nitrogênio nos alvéolos e este gás normalmente retarda o processo de absorção por causa da sua baixa solubilidade. Quando se substitui o nitrogênio por qualquer gás que é rapidamente absorvido predispõe ao colapso. 20 Ventilação Mecânica Fisioterapia Respiratória – resumos - @enyarolim A ventilação mecânica ela pode ser invasiva, por meio de traqueostomia e intubação, ou não invasiva, quando a interface é a mascara ou capacete. Parâmetros ventilatórios Volume corrente Vt: volume inspirado e expirado em uma respiração normal; valor de referência = 5-8ml/kg Frequência respiratória fR: de 12 – 16, acima de 20 atenta-se para o risco de auto-PEEP. Volume minuto (VM): resultado do Vt X fR se esse aumenta a fR também aumenta, então nos casos de acidose respiratória deve- se aumentar o volume minuto elevando a fR ou a Vt e se houver alcalose, diminui. Fluxo (V’): velocidade com que o ar entra nos pulmões, medida em livros/seg. No modo de ventilação controlada os ventiladores disponibilizam quatro ondas de fluxo: quadrado (constante), sinusoidal, acelerado e desacelerado (decrescente). A mais utilizada é a decrescente pois oferece menor pico de pressão, com o mesmo volume corrente quando comparada a quadrada. Os valores de referencia são de 40L/min a 60L/min. A onda quadrada é utilizada mais para calcular a PEEP ideal e no modo VAPS. Tempo inspiratório: no modo pressão controlada e geralmente de 0,8 a 1,2. Pausa inspiratória: no modo volume controlado é de 0,3 a 0,5 segundos, é recomendada para que o ar inspirado possa ser melhor redistribuído melhorando a ventilação alveolar. Relação I:E : em uma respiração normal/espontânea esse tempo é de 1:2 até 1:4, ou seja, a expiração é de 2 a 4 vezes maior. Em casos de hipoxemia grave e SDRA essa relação pode ser invertida, levando em consideração os riscos de auto-PEEP. Relações de 1:1 podem ser utilizadas para pacientes hipoxêmicos. PEEP: Manutenção da pressão positiva na via aérea ao final da expiração, após a fase inspiratória ter ocorrido a cargo do ventilador mecânico. Em indivíduos sem comprometimento pulmonar utiliza-se 5 cmH2O. Quando há necessidade de ventilação com FiO2 acima de 40% utiliza-se de 8-12 cmH2O. Acima de 12 utiliza-se em casos de hipoxemia grave. Fração inspirada de Oxigenio (FiO2): é recomendada que de inicie a ventilação com 100% e reduza-se gradativamente de acordo com a SatO2 e gasometria. Pressão inspiratória: Programada no modo de pressão controlada, pressão suporte e VAPS. Ajusta-se de acordo com o volume corrente desejado. Indivíduos com complacência diminuída ou resistência precisam de maior pressão para atingir o volume corrente indicado. Pressão de pico (PPI) é a pressão máxima atingida durante a inspiração. Parâmetro de alerta, pois, em ventilação com PPI acima de 40 cmH2O há risco de barotrauma. Pressão platô (P PLAT): Ao final da inspiração quando o volume corrente predeterminado é atingido a válvula de fluxo do ventilador fecha e o fluxo é zero. Aqui a curva de pressão cai ocorrendo acomodação mais lenta do sistema respiratório e redistribuição do ar dentro dos pulmões até que o platô seja atingido. O valor de referencia é abaixo de 35 cmH2O para evitar lesão pulmonar. MODOS VENTILATÓRIOS VENTILAÇÃO CONTROLADA A VOLUME (VCV) Esse tipo de ventilação é assisto-controlada, ou seja, permite ciclos assistidos (na presença do esforço muscular) e controlados (disparados a tempo), sendo o volume a variável de controle. Na VCV, o volume corrente é fixo, portanto, o volume minuto também, porém a pressão nas vias aéreas é variável. Em casos de piora da complacência do sistema respiratório, a pressão aumentará proporcionalmente. No modo VCV, deve-se ajustar o alarme de pressão de pico máximo (evitar ultrapassar 40 cmH2O) devido à possibilidade de variação e mínimo, representando vazamento no sistema. Principais parâmetros usados no modo VCV e seus valores de referência: Parâmetros Valores de Referência Volume corrente (Vt) 6 a 8 ml/kg predito Fluxo insp. (V’) 40 a 60L/min Pausa insp. 0,3 a 0,5 Frequência 12 a 20 ipm PEEP 4 a 8 cmH2O Sensibilidade a fluxo 1 a 3 L/min 21 Ventilação Mecânica Sensibilidade a pressão -2 cmH2O VENTILAÇÃO CONTROLADA A PRESSÃO (PCV) Também é uma modalidade assisto-controlada, onde a pressão controlada é constante durante toda a fase inspiratória. O ventilador, durante a fase inspiratória, controla a válvula de fluxo para manter a pressão na via respiratória constante, no valor programado, sendo a liberação de fluxo livre. O disparo pode ser a fluxo ou pressão (ciclos assistidos) e a tempo (ciclos controlados). A ciclagem ocorre a tempo, de acordo com o ajuste do tempo inspiratório. Como a pressão é constante durante toda a fase inspiratória, o volume corrente será variável, dependendo do ajuste da pressão inspiratória, do tempo inspiratório e da impedância do sistema respiratório (resistência e complacência). No modo PCV, o ventilador ajusta o fluxo para manter constante a pressão nas vias aéreas, mantendo esse fluxo livre, o que, em comparação com o modo VCV, torna a sincronia paciente- ventilador melhor. No modo PCV, deve-se ajustar os alarmes de volume minuto máximo e mínimo, visto que existe a possibilidade de variação do volume. Principais parâmetros usados no modo PCV e seus valores de referência: Parâmetros Valores de Referência Pressão insp. Deve gerar 6 a 8 ml/kg Tempo insp. 0,8 a 1,2 seg Freq. Resp. 12 a 20 ipm PEEP 4 a 8 cmH2O FiO2 21% a 100% Sens. A fluxo 1 a 3 L/min Sens. A pressão -2 cmH2O VENTILAÇÃO COM PRESSÃO DE SUPORTE (PSV) Trata-se de um modo ventilatório assistido, limitado a pressão, no qual o ventilador mecânico fornece ao paciente uma pressão pré-estabelecida e com fluxo inspiratório livre, de acordo com o esforço do paciente. Em todos os ciclos, o disparo só acontecerá após a contração muscular. Situações como vazamento no circuito ventilatório ou oscilações cardíacas podem ocasionar o chamado autodisparo, o que pode ser resolvido eliminando o motivo da assincronia ou ajustando a sensibilidade. A ciclagem ocorrerá a fluxo. Esse processo de transição normalmente existe quando há redução de 25% do fluxo inspiratório. Essa porcentagem pode ser ajustada de acordo com a necessidade de cada paciente, tornando o tempo inspiratório maior ou menor. O nível do suporte deve levar em consideração o volume corrente e a frequência respiratória. O volume deve permanecer entre 6 a 8 ml/kg, enquanto a frequência deve ser mantida abaixo de 25 ipm. Esse modo pode ser usado para realização do teste de respiração espontânea durante o desmame ventilatório, porém deve ser estimulado em pacientes que não possuem critérios para retirada da ventilação e estão estáveis clínica e hemodinamicamente, visando manutenção da contração muscular e diminuindoassim a fraqueza ventilatória. 22 Ventilação Mecânica Não Invasiva Fisioterapia Respiratória – resumos - @enyarolim Denomina-se ventilação mecânica não invasiva a administração de qualquer forma de suporte ventilatório utilizando-se de técnicas que não requerem uma via aérea artificial, como tubo endotraqueal, mascara laríngea ou traqueostomia. Muito utilizada para pacientes com insuficiência respiratória e apneia obstrutiva do sono. São modalidades de suporte ventilatório com pressão positiva: • CPAP; • Bilevel; A VNI tem nível de evidência no que se refere a eficácia, principalmente para insuficiência respiratória aguda, estabelecendo troca gasosa e reduzindo o trabalho respiratório com resultados significativos. Indicado para: Edema Agudo de Pulmão (EAP), exacerbação da DPOC, crise de asma, pneumonia, pós operatórios e desmame da VMI; Contraindicações: obstrução ou trauma de via aérea superior, pneumotórax não drenado, instabilidade hemodinâmica grave, redução do nível de consciência e agitação psicomotora excessiva. Absolutas (sempre evitar) - Necessidade de intubação de emergência - Parada cardíaca ou respiratória. Relativas (analisar caso a caso risco x benefício): - Incapacidade de cooperar, proteger as vias aéreas, ou secreções abundantes - Rebaixamento de nível de consciência (exceto acidose hipercápnica em DPOC) - Falências orgânicas não respiratórias (encefalopatia, arritmias malignas ou hemorragia digestivas graves com instabilidade hemodinâmica) - Cirurgia facial ou neurológica - Trauma ou deformidade facial - Alto risco de aspiração - Obstrução de vias aéreas superiores - Anastomose de esôfago recente (evitar pressurização acima de 20 cmH2O) INTERFACES Facial: permite maior volume corrente, não apresenta elevado risco de retenção de dióxido de carbono e é bem aceita pelos pacientes. As desvantagens são a difícil monitorização de broncoaspiração e a possibilidade de lesões por pressão se houver uso por longos períodos. Figura 23- Google Imagens Nasal: muito usada em condições domiciliares e nos portadores de apneia do sono. A sua grande limitação é no paciente com insuficiência respiratória. Como o fluxo é entregue pelo nariz, aumenta a resistência à passagem do ar, favorecendo o escape pela boca visto que esses pacientes podem adotar uma respiração oral na tentativa de reduzir a resistência e captação de maior volume de ar. Figura 24- Google imagens 23 Ventilação Mecânica Não Invasiva Facial total: Essa interface proporciona maior conforto ao paciente e, por apresentar maior contato com a pele, diminui os riscos de úlceras por pressão. É possível utilizar maiores pressões inspiratórias, gerando volumes mais altos. Havia grande preocupação sobre o espaço morto existente dentro dela e possibilidade de acúmulo de CO2, porém, trabalhos recentes mostram que os níveis desse gás dentro da máscara são semelhantes aos encontrados na máscara facial. Figura 25- Google imagens MODOS CPAP: é gerada uma pressão constante nas vias sem suporte do ventilador ou gerador de fluxo. Ou seja, a mesma pressão na inspiração e na expiração. Bilevel: sendo agora aplicados dois níveis de pressão. Um na inspiração (IPAP) e outro na expiração (EPAP). Partindo do objetivo principal, que é aumentar a ventilação, em pacientes hipercápnicos, o IPAP deve superior 5 a 7 cmH2O do EPAP. A VNI NO EAP Pacientes com EAP de origem cardiogênica apresentam essa condição por uma falha da bomba cardíaca e aumento da pressão hidrostática a nível de vasos pulmonares. Esse aumento de pressão favorece o extravasamento e preenchimento do espaço intersticial, distanciando alvéolo e capilar e piorando as trocas gasosas. Nesse cenário, a aplicação de VNI está indicada nos modos CPAP ou BIPAP. O CPAP deve ser aplicado com uma pressão de 5 a 10 cmH2O e o BIPAP com EPAP de 5 a 10 cmH2O e o IPAP até 15 cmH2O. A escolha depende do padrão ventilatório. Pacientes com maior desconforto se beneficiam com a aplicação do BIPAP, enquanto pacientes mais confortáveis com o CPAP. O objetivo aqui é aumentar o volume alveolar, redistribuindo o líquido, aproximando- o do alvéolo e melhorando as trocas gasosas. A VNI PARA O DESMAME DA VMI Para o desmame da VMI é necessário realizar TRE - Teste de respiração espontânea: pode ser feito de três formas (durante 30 a 120min) Caso o paciente apresente intolerância retorna para a VM e aguarda 24h para um novo TRE; Pode ser realizado de 3 formas: • Tubo T: Com suporte de O2 • Ventilação por pressão suporte Vt = 5 a 7 ml/kg e FR = < 30 ipm • Pressão positiva continua na VA (CPAP) Classificações do desmame: • Desmame fácil - 1 TRE < 3 dias de tubo • desmame difícil 3/7 dias de tubo • desmame prolongado 3/7 dias de tubo. Em pacientes com DPOC, é comum a falha nesse momento, porém é indicada a extubação e instituir a VMNI imediatamente. Esse tipo de estratégia é chamado de VNI facilitadora e deve ser aplicada em pacientes com DPOC e neuromusculares. Sendo feita, diminui o tempo de VMI e mortalidade. Outro cenário é o paciente que passa no teste, mas apresenta fatores de risco para falha após a extubação. Nesses pacientes, deve ser realizada a VNI preventiva. Ainda há a VNI de resgate, mas essa não tem comprovação cientifica exceto em pós cirúrgicos.
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