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UnisulVirtual Palhoça, 2014 Universidade do Sul de Santa Catarina Contratos Internacionais Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Sebastião Salésio Herdt Vice-Reitor Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Luciano Rodrigues Marcelino Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos Valter Alves Schmitz Neto Diretor do Campus Universitário de Tubarão Heitor Wensing Júnior Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual Fabiano Ceretta Campus Universitário UnisulVirtual Diretor Fabiano Ceretta Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) - Educação, Humanidades e Artes Marciel Evangelista Cataneo (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços Roberto Iunskovski (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria Diva Marília Flemming (articuladora) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social Aureo dos Santos (articulador) Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos Moacir Heerdt Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão Roberto Iunskovski Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos Márcia Loch Gerente de Prospecção Mercadológica Eliza Bianchini Dallanhol Livro didático UnisulVirtual Palhoça, 2014 Designer instrucional Lis Airê Fogolari Contratos Internacionais Maria da Graça Poyer Livro Didático Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2014 Professor conteudista Maria da Graça Poyer Designer instrucional Lis Airê Fogolari Projeto gráfico e capa Equipe UnisulVirtual Diagramador(a) Frederico Trilha Revisor(a) Diane Dal Mago Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 342.38224 P89 Poyer, Maria da Graça Contratos internacionais : livro didático / Maria da Graça Poyer ; design instrucional Lis Airê Fogolari. – Palhoça : UnisulVirtual, 2014. 77 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Direito internacional. 2. Contratos – Direito internacional público. I. Fogolari, Lis Airê. II. Título. Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 Formação do Contrato | 9 Capítulo 2 Lei aplicável aos contratos internacionais | 31 Capítulo 3 Modelos de Contratos Internacionais | 45 Considerações Finais | 73 Referências | 75 Sobre o Professor Conteudista | 77 Introdução Prezados alunos, Bem-vindos à Unidade de Aprendizagem de Contratos Internacionais. Os conteúdos que serão estudados aqui são fundamentais para que o negociador internacional obtenha maiores informações acerca de contratos internacionais. Os capítulos trarão subsídios para que você possa entender quais os contratos internacionais mais utilizados. Você terá oportunidade de estudar as cláusulas necessárias para elaborar ou acompanhar alguns contratos internacionais de compra e venda, agenciamento, entre outros. Bons estudos! Professora Maria da Graça Poyer 9 Habilidades Seções de estudo Seção 1: Aspectos gerais sobre contrato comercial internacional Seção 2: Formação de um contrato Neste capítulo, o estudante obterá uma visão quanto às especificidades para a formação de um contrato internacional. Desenvolverá a habilidade para comparar as diferenças e possibilidades que envolvem a elaboração de um contrato internacional. Formação do Contrato Capítulo 1 10 Capítulo 1 Seção 1 Aspectos gerais sobre contrato comercial internacional Com o processo de globalização acabaram-se, em grande parte, as barreiras que dividiam o país do resto das economias, impedindo o fluxo de produtos e serviços. As barreiras estão caindo ao longo dos anos. Apesar disso, ainda há muitas dificuldades para uma empresa internacionalizar-se, por isso, devem estar preparadas em alguns aspectos, tais como, para o contrato internacional e as questões que o envolvem, pois as negociações internacionais se concretizam na forma de contratos. Nesse sentido, é essencial que o negociador tenha uma compreensão do processo, pois ele fará a minuta do contrato. Redigir um contrato não é tarefa fácil, mas defini-lo também não o é, pois é preciso ponderar do que pode ser considerado um contrato. A seguir, apresentam-se algumas conceituações e opiniões de diversos autores sobre contratos. Segundo Roque (1994, p. 11), “o contrato é um acordo, uma convenção, um pacto, uma avença, um ajuste. Esse acordo é estabelecido entre duas ou mais partes, podendo ser assim um contrato bilateral ou plurilateral”. Garcia Jr (2004, p. 14) segue o mesmo enfoque quando informa: O termo contrato tanto pode significar o acordo, uma avença, o pacto realizado entre as partes, segundo o qual são estabelecidos direitos e deveres mútuos e correspectivos, como o documento (instrumento) sobre o qual tais direitos e deveres foram registrados. Na opinião de Cunha (2004, p. 11), “o contrato é expressão do acordo de vontades das partes. [...] Essa manifestação de vontade pode ser direta, decorrente de manifestação expressa por meio de palavras ou por escrito, ou ainda indireta, decorrente de atitudes do contratante”. Analisando os conceitos apresentados, deduz-se que contrato e acordo significam a mesma coisa e constam dos direitos e deveres das partes. Com relação ao contrato de compra e venda internacional, observa- se que somente algumas obras citam “compra e venda internacional”, consequentemente, alguns conceitos a seguir são apenas de “compra e venda”. Segundo Bulgarelli (2001, p. 211) “a conceituação do que seja a compra e venda internacional, a doutrina também vem se esforçando para fixar os seus elementos básicos”. E lembra que a compra e a venda internacional são, sem dúvida, a base 11 Contratos Internacionais de todos os contratos ditos internacionais, pois delas provêm os contratos de transportes, de seguros, de financiamentos, entre outros. Já Venosa (2013, p. 23) vai mais além, informando que o contrato de compra e venda é o mais importante e utilizado e que, por sua importância econômica, trata-se do contrato mais minuciosamente regulado pela lei, tanto na hipótese de compra e venda pura e simples, como nas numerosas cláusulas e subespécies do contrato-padrão. Para Murta (1998, p. 17): O contrato de compra e venda objetiva, especificamente, regular os direitos e as obrigações das partes contratantes, com relação a determinado objeto, para que o ato jurídico seja perfeito e a transação rigorosamente legal. Ele existe para regulamentar a negociação realizada entre parceiros comerciais. Será Internacional, quando a relação jurídica ocorrer entre parceiros comerciais de nações diferentes – exportador e importador. Conforme cita Damian (2006, p. 198), o contrato pode apresentar diversos conceitos, dependendo do sistema jurídico nacional. Assim, de acordo com o Código Comercial Brasileiro, artigo 191, contrato de compra e venda mercantil é perfeito e acabado quando o comprador e o vendedor concordam na mercadoria, no preço e nas condições. O Código Civil Italiano, artigo 1.321 define o contrato como sendo o acordo entre duas ou mais pessoas, com o fim de constituir, regular ou extinguir relação jurídica patrimonial entre elas. O Código Civil Francês, artigo 1.101 estabelece que o contrato é uma convenção pela qual duas ou mais pessoas se obrigam, umas com relação às outras, a dar, a fazer ou a não fazer qualquer coisa. O Código Civil Espanhol, artigo 1.254 dispõe que o contrato existe desde que uma ou mais pessoas concordem em obrigar-se, uma com relação às outras, a dar alguma coisa ou prestar algum serviço. Para o direito inglês, o contrato é um acordo que será redigido ou reconhecido legalmente com efeitos nos direitos e nas obrigações das partes. Para Damian (2006), fica difícil definir o contrato internacional de forma a contemplartodos os conceitos e princípios existentes nos diversos sistemas jurídicos nacionais. De qualquer forma, um contrato internacional é aquele cujos elementos permitem vinculá-lo a mais de um sistema jurídico nacional, pela existência de contratantes em domicílios de nacionalidades distintas e portadores de culturas e costumes diversos. 12 Capítulo 1 Para finalizar, Carnio (2009, p. 10) confirma outras teorias, quando menciona que um contrato pode ser considerado internacional quando tem ligação com mais de um sistema jurídico, seja pelos aspectos relativos à sua execução ou conclusão, seja pela situação das partes, em vista de sua nacionalidade ou domicílio, ou mesmo pela localização do objeto contratual. Ainda nessa linha, pode ser considerado internacional o contrato que tem liames com diversos sistemas jurídicos, ou o contrato em que os sistemas de conexão não se situam no mesmo sistema jurídico. Observa-se que a questão da aplicação dos diferentes sistemas jurídicos pode complicar a elaboração do contrato, nesse caso, é importante o auxílio de um advogado que tenha experiência na área internacional. O processo da formação de um contrato inicia na negociação, a qual determina as obrigações e responsabilidades das partes, até chegar ao contrato formal, que se concretizará no desenrolar das negociações. Isso significa que, a partir do momento em que houver um comprometimento por escrito ou até mesmo verbal, o que foi acordado deverá ser cumprido, caso contrário, poderá gerar um conflito judicial. Mas atenção! Quando a outra parte está mal intencionada, não há contrato que a faça cumprir o que foi acordado. Na prática, deve-se ter um cuidado especial com países da África e Ásia. Já com os Estados Unidos, o cuidado deve concentrar-se em alguns Estados. Você vende hoje, amanhã a empresa não existe mais! Outra questão importante que não podemos deixar de mencionar são as partes que envolvem esse contrato de compra e venda, entende-se que em uma negociação sempre haverá um comprador e um vendedor, além do objeto que está sendo negociado. Murta (1998, p. 18) confirma os três elementos essenciais que compõem o contrato de compra e venda internacional: a. Proponente - vendedor (exportador) b. Proposto – comprador (importador) c. Objeto – Mercadoria ou bem que se pretende negociar O autor conclui que a partir destes três elementos iniciar-se-á o que se pode chamar propriamente de contrato. É importante sabermos quais as principais obrigações das partes. Na opinião de Soares (2004, p. 149), são obrigações do vendedor (exportador): 13 Contratos Internacionais • entregar a mercadoria; • transferir a propriedade dos bens; • remeter os documentos. As mercadorias devem ser entregues pelo vendedor em conformidade com o negociado, na data ou no período acordado e na embalagem especificados no contrato, e colocando-as à disposição: a) do transportador, quando o contrato requerer a contratação do transporte pelo vendedor; b) do comprador no local onde foram fabricadas ou fracionadas em lotes, quanto o contrato assim determinar; c) do comprador no seu estabelecimento, no momento da conclusão do contrato e demais casos. As mercadorias devem ser entregues sem nenhum ônus e livres de pretensão de terceiros ou de direitos de propriedade intelectual, eventualmente reivindicados por terceiros, exceto se o comprador aceitá-las nessas condições, constituindo a transferência de propriedade das mercadorias para o comprador. Quando o contrato determinar, cabe ao vendedor não apenas preparar os documentos como também enviá-los corretamente e no tempo requerido. Para isso, o vendedor deve: • informar o comprador que a mercadoria foi entregue ao transportador sem marcação que as distinguisse das demais; • tomar providências para a contratação do transporte usual e do seguro específico para o tipo de mercadoria, quando o contrato estipular tal obrigação ao vendedor; • enviar os documentos em perfeito estado na data ou no momento previstos no contrato. Com relação ao comprador (importador) suas obrigações são: • efetuar o pagamento do preço; • aceitar a entrega. O comprador deve tomar as providências e cumprir as formalidades para o pagamento do preço das mercadorias no estabelecimento do vendedor; no local da remessa de documentos ou das mercadorias; ou no momento em que as mercadorias estejam à sua disposição, acompanhadas dos seus documentos em ordem. A aceitação da entrega se resolve por um ato habitual, que se espera de quem importa determinada mercadoria, como efetuar o desembaraço aduaneiro no país de importação e guardar as mercadorias, ou dependendo do contrato, retirá-las do recinto em que lhe foram colocadas à disposição pelo vendedor. 14 Capítulo 1 1.1 Proforma As questões apontadas acima podem ser formalizadas por meio de uma fatura proforma, pois em uma negociação de compra e venda, o primeiro comprometimento ocorre por meio da Fatura Proforma (Proforma Invoice), também conhecida como cotação, ou resumidamente falando, um pré-contrato mais informal, por já constarem quase todos os aspectos comerciais acordados. Segundo o entendimento de Soares (2004, p. 124-125), “uma cotação ou oferta pode ser expressa em forma de carta ou de fatura proforma. Ambas contêm as mesmas informações e a função de manifestar a intenção de firmar um contrato de compra e venda.”. A esse respeito, Vazquez (2009, p. 153) afirma que a Fatura Proforma é o “primeiro documento [...] é o início efetivo do negócio. [...] Após trocas de informações, o exportador cota seu produto ao comprador através da fatura proforma que servirá para emissão da Fatura Comercial”. Seguindo a mesma linha de pensamento, Roberto Murta (1998, p. 19) é bem claro nas suas afirmações quando menciona a importância da Fatura Proforma como um contrato: A fatura proforma, espelhando todos os seus detalhes da negociação, remetida pelo Exportador ao importador, para que este a analise e aprove - ou conteste, segundo seus interesses - também representa um contrato e, diga-se de passagem, é uma das formas mais utilizadas mundialmente. Uma vez perfeitamente de acordo quanto aos termos contidos no documento contratual, passará então o mesmo a ter a validade jurídica de um contrato internacional. As afirmações anteriores dão a certeza de que a Fatura Proforma, além de ser um documento importante, porque apresenta o que foi negociado e aceito pelas partes, é considerado um contrato em função dos detalhes que nele constam. Pode-se observar na figura a seguir, uma Fatura Proforma ou cotação e os itens que a compõem, fundamentais para garantir o cumprimento do que foi negociado: 15 Contratos Internacionais Figura 1– Fatura Proforma Sold to: Consigned to: Notify: Your Order: Payment Terms: Delivery: Labels & Marks Port of Loading: Port of Discharge: Carrier: Date: Quantity Description Price in: UNIT Total Net Weight Gross Weight Country Origin Remarks: Fonte: Elaborado pela autora, 2014. 16 Capítulo 1 Todos os itens abordados na Fatura Proforma são relevantes: nome do exportador e importador, endereço, cidade, país, porto/aeroporto de embarque e desembarque, quantidade, preço etc.; lembrando que se faz necessário abordar com mais atenção o item que diz respeito à “Modalidade de Venda”, mais conhecida como Internacional Commercial Terms – Incoterms. 1.2 Incoterms Segundo Santos (2011, p. 11), os Termos Internacionais de Comércio (Incoterms) servem para definir, dentro da estrutura de um contrato de compra e venda internacionais, os direitos e obrigações recíprocas do exportador e do importador, estabelecendo um conjunto padrão de definições e determinando regras e práticas neutras. Os Incoterms têm esse objetivo, uma vez que se trata de regras internacionais, imparciais, de caráter uniformizador, constituindo toda a base dos negócios internacionais e objetivando promover sua harmonia. Na realidade, não impõem e sim propõemo entendimento entre vendedor e comprador quanto às tarefas necessárias para deslocamento da mercadoria do local onde é elaborada até o local de destino final (zona de consumo): embalagem, transportes internos, licenças de exportação e de importação, movimentação em terminais, transporte e seguro internacionais etc. Os Incoterms são muito conhecidos daqueles que lidam com comércio exterior e têm significativas cláusulas que compõem um contrato. É conveniente lembrar que os Incoterms cobrem apenas direitos e deveres relativos ao transporte e à entrega das mercadorias. É um contrato de transporte. Paralelamente à Fatura Proforma, pode-se utilizar outros meios para registrar o que está sendo negociado, a carta de intenção é um exemplo. 1.3 Carta de Intenção Sobre a carta de intenção, Minervine (2001, p. 340) explica: ”Este documento tem a finalidade de formalizar algumas decisões e de regulamentar a forma de conduzir as negociações”. Para o autor, as cartas de intenção podem ser de quatro tipos: Cartas que descrevem os objetivos das negociações entre as partes e indicam o procedimento para conduzir a negociação, fixando prazo. Cartas mais simples que mencionam somente alguns aspectos que as partes querem colocar em negociação. Cartas que estabelecem deveres e responsabilidades precisos de ambas as partes (como, por exemplo, não negociar contemporaneamente com outros, manter informações confidenciais e a mesma negociação). 17 Contratos Internacionais Cartas que definem exatamente a que ponto chegou a negociação. (MINERVINE, 2011, p. 340) Continuando na mesma linha de raciocínio, o autor indica os principais pontos que uma carta de intenção deve conter: a) declarar os motivos que levaram ao início das negociações; b) indicar eventuais acordos já alcançados; c) deixar claro os direitos e obrigações das partes; d) fixar um prazo para o acordo global; e) imposição recíproca de sigilo. (MINERVINE, 2011, p. 340) A seguir, apresento um modelo de uma carta de intenção, lembrando que o foco aqui é comércio internacional, temos que considerar que cada produto, país, empresa, tem suas características próprias. Figura 2 - Modelo de Carta de Intenção INÍCIO DA CARTA: >>> Cidade, dia, mês, ano APRESENTAÇÃO: >>> Sou fulano de tal (Fale de você) da sua empresa ou grupo, coloque as informações de documentação como CNPJ no caso de empresa ou CPF no caso de pessoa física assim como endereço. CORPO E ARGUMENTAÇÃO: >>> Prezado Senhor , Venho, por meio de esta, manifestar minha intenção em adquirir ... comprar, vender. Sugiro uma forma inicial de pagamento tal... Aguardo seu contato para continuarmos com a negociação. Atenciosamente... FINALIZAÇÃO: >>> Assinatura do interessado na compra e o nome legível Fonte: http://duquesalopes.blogspot.com/2011/01/carta-de-intencao-modelo-site do.html. Acesso em: 19 maio 2014. Não há confirmações sobre a eficácia dos vínculos que a carta de intenção ou acordo de confidencialidade criam. Depende da legislação de cada país, por isso, quando adotada, deve ter os objetivos bem definidos para não gerar dúvidas sobre o que já foi negociado, principalmente se estiverem em outro idioma. A carta de intenção dá a liberdade de negociar e de contratar ou não. http://duquesalopes.blogspot.com/2011/01/carta-de-intencao-modelo-site do.html 18 Capítulo 1 Para Baptista (2011, p. 154) a carta de intenção pode nascer para obrigar as partes a negociarem seriamente, para estabelecer as etapas da negociação e para fixar o calendário das tratativas. O acordo de confidencialidade pode ser celebrado entre partes que já estão seguras de que estabelecerão uma relação contratual ou entre aquelas que ainda estão analisando essa possibilidade. Em qualquer hipótese, importa que haja total discrição dos envolvidos quanto às informações que são recebidas de parte a parte. Nesse instrumento, é vital que sejam descritos os motivos que ensejam sua celebração, pois podem existir várias negociações entre as partes e o sigilo referir-se apenas a uma delas. Outro ponto fundamental é a definição do que será considerado como informação confidencial. 1.4 Negociações orais Há negociações em que as discussões orais também são entendidas como confidenciais. É evidente que esse tipo de previsão possa ser estabelecido contratualmente, porém, igualmente clara será a dificuldade de se constituir prova a respeito do que foi ou não dito, caso haja alguma discussão judicial a respeito da questão. Quando enviadas por meio físico ou mídia eletrônica, apontar a confidencialidade da mensagem se torna mais simples. O acordo de confidencialidade pode ser celebrado entre partes que já estão seguras de que estabelecerão uma relação contratual ou entre aquelas que ainda estão analisando essa possibilidade. Em qualquer hipótese, importa que haja total discrição dos envolvidos quanto às informações que são recebidas de parte a parte. A seguir, uma ilustração desse documento, apenas para auxiliar sua compreensão. Figura 3 - Acordo de Confiabilidade ACORDO DE CONFIDENCIALIDADE [denominação da parte], inscrito no CNPJ/MF no ________________, com sede na Cidade de ________________, Estado de ________________, na {Rua / Av.] ________________ doravante denominado “Contratado”; [denominação da parte], empresa constituída de acordo com as leis de ________________, com sede na Cidade de ________________, Estado de ________________, na {Rua / Av.] ________________, doravante denominada “Con- tratante”, 19 Contratos Internacionais Considerando que o Contratado tem interesse em celebrar com o Contratante [DESCREVER O CONTRATO/OPERAÇÃO A SER CELEBRADO(A)], doravante denominado “Negócio”, e que, para tanto, existe a necessidade de troca, entre as partes, de informações de caráter confidencial; Considerando que as partes desejam estabelecer os direitos e obrigações de cada uma delas com relação às informações confidenciais reveladas por força do Negócio, têm entre si justo e contratado celebrar o presente Acordo de Confidencialida- de (“Acordo”), que será regido conforme segue: 1. Informação Confidencial: para fins do presente Acordo, será considerada Informação Confidencial toda a informação técnica e comercial relativa ao Negócio revelada por uma parte (“Provedor”) à outra (“Recebedor”): (i) de forma escrita ou virtual, que possa ser lida ou decifrada por máquinas ou computadores; (ii) verbalmente, desde que venham a ser reduzidas a termo e identificadas por escrito no prazo de 30 (trinta) dias da divulgação; e (iii) de outras formas que incorporem ou exibam o conteúdo da informação e que estejam identificadas como confidenciais. 2. Obrigações de Confidencialidade: a Informação Confidencial deverá ser mantida em sigilo pelo Recebedor, seus empregados, consultores, auditores e representantes autorizados, que serão devidamente informados das obrigações de confidencialidade ora assumidas, não permitindo que a Informação Confidencial seja publicada, divulgada ou revelada a qualquer pessoa, em presa ou entidade pelo Recebedor, exceto mediante autorização expressa por escrito do Provedor. O Recebedor não poderá utilizar a Informação Confidencial para qualquer outro fim, que não diretamente relacionado ao Negócio. 3. Autorização para Revelação de Informação Confidencial: poderá o Recebedor revelar a informação confidencial, ainda, em virtude de determinação judicial ou por força de lei, devendo o Recebedor tomar todas as medidas ao seu alcance para notificar o Provedor imediatamente da necessidade de revelar a informação, de maneira a permitir ao Provedor, em tempo hábil, contestar tal divulgação. 4. Proteção da Informação: obrigam-se as partes a envidar seus melhores esforços para assegurar que seus procedimentos de controle de documentos Confidencial que receba em virtude do Negócio e deste Acordo. 5. Propriedade da Informação: o Provedor original de qualquer informação confidencial permanecerá como proprietário da informação,mantendo seus direitos sobre a mesma, especialmente quanto a (i) material ou informação protegida por direito autoral, inclusive qualquer tradução, adaptação ou modificação dos mesmos; e (ii) dados ou processos protegidos por segredo de indústria, assim qualquer novo processo ou produto desenvolvido a partir de tais dados ou processos. 20 Capítulo 1 6. Exceções: as obrigações de confidencialidade ora assumidas pelas partes não se aplicam à informação que: (a) já for de domínio público ou do conhecimento do Recebedor, por fontes legítimas diversas do Provedor, ao tempo do recebimento da informação; (b) seja ou se torne de domínio público, sem que tal fato haja decorrido de culpa ou dolo do Recebedor ou de seus empregados; (c) seja recebida, sem restrições, de terceiros que estejam autorizados a divulgar a informação; ou (d) seja independentemente desenvolvida por uma das partes sem a utilização de qualquer informação fornecida pela outra parte. 7. Não implementação do Negócio: caso o Negócio não seja implementado pelas partes em até 1 (um) ano, a contar da assinatura do presente instrumento, o Provedor original de cada informação confidencial permanecerá como titular dos direitos sobre a mesma, cabendo ao Recebedor de cada informação confidencial inutilizar todos os documentos recebidos durante a vigência do Acordo. 8. Notificações: qualquer aviso, concessão, autorização, solicitação ou qualquer outra comunicação prevista neste Acordo, ou decorrente das obrigações ora assumidas, deverá ser feito por escrito e somente será considerado como devidamente entregue à outra parte se entregue em mãos ou enviado por correio, com aviso de recebimento, nos endereços mencionados no preâmbulo deste Acordo. 9. Lei Aplicável: o presente Acordo será regido pela lei brasileira. E, por assim estarem justas e contratadas, celebram as partes o presente Acordo de Confidencialidade, por meio de seus representantes legais, em 02 (duas) vias, junto com duas testemunhas abaixo assinadas. Data: Testemunhas: 1. Nome: RG no : CPF no: End.: 2. Nome: RG no : CPF no: End.: 21 Contratos Internacionais Além da opção acima, podemos citar outras formas de pré-acordo, ou contrato preliminar. Mamede (2010, p. 335) informa que os contratos preliminares podem ser melhores compreendidos quando se tem em mente a ideia de pacto, tais como: • Pacto de preferência: “pela qual alguém assume a obrigação de dar preferência a outrem na venda de determinada coisa.”. • Pacto de opção: é a convenção pela qual uma das partes fica vinculada à declaração negocial de celebrar o contrato e a outra parte com a faculdade de aceitar ou não o contrato. • Pacto de negociar: trata-se de um compromisso de negociar que não contém a obrigação de contratar. Pode-se observar que há várias maneiras de elaborar um acordo preliminar, ou pacto como o autor menciona. O importante é que se estabeleçam vínculos gradativos, conforme o desenrolar da negociação. Mesmo sendo um contrato preliminar, acordo, carta de intenção, entre outros, deverá atender os princípios gerais do direito. O ideal é registrá- lo em um cartório, porém, na prática, isto não ocorre com freqüência, dificilmente será registrada uma carta de intenção, apenas um contrato definitivo e muitas vezes nem isto! Mamede (2010) lembra ainda que um contrato internacional de vendas vincula a si todos os demais contratos que resultam da operação, por exemplo, contrato de transporte, contrato de câmbio, contrato de seguro, entre outros. Carnio (2009, p. 6) informa que em termos eminentemente práticos, plasmar as obrigações de parte a parte em um instrumento válido enseja a clareza e a segurança almejada pelas partes contratuais, apresentando-se como mais um elemento motivador das relações sociais e econômicas. Há países que não fazem questão de contrato, basta um e-mail confirmando o aceite das partes, suas obrigações e responsabilidades. A este respeito Soares (2004, p. 137) comenta que um contrato verbal, parece loucura, mas aqui entra o principio básico da lex mercatoria. Isso significa que em alguns sistemas jurídicos, a intenção e o comportamento bastam para selar uma obrigação contratual, que no caso dos contratos de venda internacionais podem ser provados por testemunha. O autor lembra ainda que um contrato internacional de vendas vincula a si todos os demais contratos que resultam da operação, por exemplo, contrato de transporte, contrato de câmbio. No contrato verbal, considera-se o dever da boa-fé que serve como regra de conduta para as partes. No Brasil, bem como outros países, a boa-fé tornou uma regra escrita de direito, isso significa que é lei. 22 Capítulo 1 Baptista (2011, p. 142) informa que a boa fé opera em vários momentos do contrato. No curso das negociações, depois no curso da execução ou quando do fim do contrato. No direito do comércio internacional, a consideração de boa-fé estende-se e exige do agente reflexão sobre os efeitos que um ato seu possa ter sobre terceiros, não envolvidos diretamente na relação jurídica, mas afetados por esta. Aqui entra as diferenças culturais, pois há países que são mais sérios e que realmente é lei, mas há países como os da América Latina, que gostam de levar vantagens. No Brasil, é comum as empresas venderem mais que podem produzir, ou não cumprem o que foi negociado, nesse caso, é melhor não ter contrato para o prejuízo não ser pior, já que o cliente, provavelmente foi perdido. É importante salientar, como ocorre em qualquer acordo bilateral, o contrato de compra e venda pode ser revogado, cancelado ou anulado. Murta (1998, p. 35) define três espécies de rescisão contratual: • Rescisão automática: ocorre ao terminar o prazo da vigência, sem que haja interesse das partes em renová-la. • Rescisão voluntária, quando uma das partes sente-se lesada, isto é, a outra parte não está cumprindo adequadamente as cláusulas. Nesse caso, à parte que se sentir lesada é dado o direito de voluntariamente solicitar a rescisão do contrato. • Rescisão involuntária: quando uma das partes torna-se absolutamente incapaz de continuar exercendo os seus direito e obrigações durante o prazo de vigência do contrato. Agora se a dúvida for com relação ao cliente ser ou não bom pagador, confiável, o melhor é checar o crédito da empresa e/ou da pessoa. No Brasil, você poderá fazer isso via Banco do Brasil, Aduaneiras, entre outros. É rápido e vale a pena, principalmente se o negócio envolve um grande montante. Seção 2 Formação de um contrato As negociações internacionais de compra e venda, na grande maioria, ocorrem a médio e longo prazo, se considerarmos desde o primeiro envio de amostras, produção, entrega do pedido, e seu final que ocorre com o pagamento do pedido e arquivo do processo. 23 Contratos Internacionais O contrato acompanha o desenrolar das negociações, por isso muitas empresas optam por uma carta de intenção, ou confiabilidade antes de finalizar o contrato, já que ele poderá demorar muitos meses e às vezes até 1 ano, dependendo do objeto que está sendo negociado. Consequentemente, o contrato será elaborado por etapas, as quais podemos acompanhar no quadro a abaixo. Quadro 1 - Etapas da formação de um Contrato de Compra e Venda Internacional Etapa Documento Objetivo Oferta Fatura Proforma Cotação Descreve as mercadorias, fixa as Quantidades e condições de entrega e dispõe sobre o preço e a modalidade de pagamentos. Envio Fatura Proforma Uma proposta somente é eficaz quando chega ao destinatário. Negociação Revogação Mensagem por qualquer meio de comunicação. O proponente retira a proposta antes do fechamento ou antes da aceitação. Aceitação Mensagem por qualquer meio de comunicação. Uma declaração ou comportamento que revele consentimento com a proposta é uma aceitação. O silêncio e a inação não são considerados aceitação. Uma aceitação é eficaz somente quando chega ao proponente. Rejeição Mensagem porqualquer meio de comunicação. A contraparte rejeita os termos da proposta. Contraoferta Mensagem por qualquer meio de comunicação. Uma resposta que aceite a proposta, mas a altere substancialmente ou faça uma contraproposta. Conclusão Mensagem por qualquer meio de comunicação. O contrato está concluído quando aceitação por qualquer meio chegue ao proponente dentro do prazo estipulado na proposta. Fonte: Soares (2004). 24 Capítulo 1 Analisando o quadro, percebe-se que poderão se passar meses até que o contrato de compra e venda seja concluído, podendo haver várias modificações ou cancelamento após o envio da Fatura Proforma. As modificações mais comuns que ocorrem são nas questões referentes ao produto (especificações, modelos, tamanhos etc.) e quantidades para fechar o pallet e o containeir. Isso vai depender de cada produto ou do objeto que está sendo negociado. Martins (2010, p. 69) informa que as chamadas fases de formação dos contratos consistem na iniciativa tomada por uma das partes, a que se dá o nome de proposta ou oferta, e na manifestação da vontade de outra parte sobre o mesmo objeto, denominada de aceitação. Já que o contrato é um acordo de vontades, para sua existência, tornam-se necessárias uma proposta ou oferta e uma aceitação. Tratando-se de um contrato internacional, as atenções devem ser redobradas, pois cada país tem sua forma de entender as fases, principalmente na questão da aceitação. O processo de formação dos contratos, as atenções devem ser redobradas, pois cada país tem sua forma de entender as fases. Para Baptista (2011, p. 132) no âmbito do comércio internacional, o processo de formação dos contratos não se limita à oferta e aceitação, revelando-se, frequentemente, como uma operação longa e delicada, que se pode decompor em muitas fases, cada uma dotada de força obrigatória. Na prática, costuma-se estabelecer uma data de validade caso o comprador não confirme o pedido, até a data, o vendedor desobriga-se de qualquer compromisso. Essa é uma maneira de não ficar dúvidas com relação algum pedido. Mas conforme foi informado, vai depender do objeto do contrato. Baptista (2011, p. 135-136) fornece uma rápida visão sobre alguns países Europeus que a negociação difere da oferta. Na Inglaterra e Irlanda, por exemplo, o autor nas negociações não tem intenção de se obrigar pela simples aceitação de entrar na negociação; na Dinamarca, a subjetividade repousa no destinatário, pois uma declaração de vontade não obriga seu autor. O importante é que os objetivos sejam sempre claros e precisos, para que não haja conflitos antes mesmo de assinar o acordo. O ideal é que ambas as partes fiquem satisfeitas e não se sintam de lesadas. Ainda com todo o cuidado na hora de elaborar um contrato, os problemas podem surgir, dependendo do país, os conflitos podem ser dos mais variados. Soares (2004, p. 135) indica as questões mais comuns que podem surgir durante a formação do contrato, as quais estão contidas abaixo: 25 Contratos Internacionais Quadro 2 - Problemas e soluções básicas de um Contrato Internacional Problemas Soluções Ausência de um direito único para todos os contratos. Utilização da lex mercatoria, quando possível. Falta de uma jurisdição única para solução de litígios. Escolha da arbitragem ou da lei de um país (autonomia da vontade). Diferenças de idioma. Utilização de uma língua comum na redação dos documentos. Diferenças culturais. Definição clara dos objetivos comerciais comuns. Procedimentos administrativos e aduaneiros dos países. Adequação dos documentos às normas do país de cada parte. Fonte: Soares (2004, p. 135). A ausência de um direito internacional privado único para todos os contratos é outro problema, pois é difícil entender as legislações de cada país. Por isso, é de fundamental importância que seja mencionado, no contrato, sob qual ordenamento jurídico ele estará vinculado ou qual o foro internacional que será utilizado no caso de surgir conflitos. A diferença de idioma é outro entrave que pode trazer diferentes interpretações, principalmente se há termos técnicos referentes ao produto. Tanto Minervine quanto Soares abordam a questão referente ao idioma em que será elaborado o contrato e que pode vir a ser outro problema também, pois expressões técnicas se diferenciam e podem ser interpretadas erroneamente, caso não forem compreendidas por ambas as partes. Na opinião de Melo (2000, p. 49) ”[...] o idioma em que se processa a negociação deve estar claramente definido, [...] evitando-se desacordos oriundos de interpretação equivocada por tradução inadequada das cláusulas contratuais.”. Martinelli (1998, p. 224) enfatiza que: a escolha do idioma do contrato é um dado técnico muito relevante,já que pode acarretar a determinação do direito quanto ao foro competente, além de nortear todo o contexto jurídico no qual se insere a relação entre as partes. A linguagem é ferramenta da comunicação no processo de negociação entre as partes. Não pode, portanto, ser relegada a segundo plano. 26 Capítulo 1 Além do idioma, temos que considerar as barreiras referentes ao produto, que são um entrave às exportações. Nem todas as empresas têm condições de obter a certificação exigida para seus produtos ou de adaptá-los conforme as diferenças tecnológicas, culturais, entre outras. Melo informa ainda que “[...] entre as diversas dificuldades para a viabilização de contratos internacionais, [...] uma delas diz respeito às barreiras impostas aos produtos sujeitos ao comércio internacional.”. Com a globalização e a integração de mercados, surgiu a necessidade de se obter informações cada vez mais rápidas, seja sobre uma taxa de câmbio, seja sobre cotações da bolsa de valores, enfim, o ambiente empresarial exige rapidez nas informações. A comunicação internacional conta, atualmente, com recursos que garantem agilidade e rapidez nas transações. É o caso da internet, uma interconexão mundial de redes padronizadas que possibilita a um chinês acessar a rede e enviar mensagens para outros pontos do globo, fazendo suas negociações internacionais em tempo hábil. Com o exposto, conclui-se que as práticas contratuais devem ser utilizadas pelas empresas para evitar futuros problemas com relação às negociações . Apesar de que a Fatura Proforma já é um comprometimento das partes e sua função é manifestar a intenção de firmar um contrato de compra e venda, ela não deve ser substituída pelo contrato, pois a Fatura Proforma indica apenas questões pontuais de compra e venda e não descreve os objetivos de uma negociação. O que pode ser feito, além da Proforma, é uma carta de intenção formalizando decisões, mas não há confirmação sobre a eficácia de uma carta de intenção, quanto ao comprometimento das partes. Os modelos de contratos apresentados neste estudo são simples na sua composição, significando, com isso, que o próprio negociador pode redigir, porém, deve-se ser cauteloso em alguns aspectos, uma vez que os problemas mais comuns estão relacionados às diferenças de idioma, à ausência de um direito e jurisdição única, às diferenças culturais, entre outros. O ideal seria que os contratos internacionais fossem elaborados por um advogado e um negociador internacional, cada um contribuindo em sua área, coerentemente, superando as diferenças legais e negociais. Assim como há diversos tipos de contrato, há também uma classificação para contrato. A esse respeito, Cunha (2004, p. 24) comenta: ”No campo contratual, a classificação se mostra muito importante porque, a partir dela, se constrói toda a aplicação de normas e interpretações.”. 27 Contratos Internacionais Referindo-se à classificação, a autora indica um quadro das diferentes formas de contratos, dando uma ideia das possibilidades. Fica a critério de cada empresa utilizar o que melhor lhe convier. Quadro 3 - Classificação dos Contratos 1. Quanto à formação Sempre bilaterais 2. Quanto à previsãolegislativa Típicos, atípicos, mistos 3. Quanto aos efeitos Unilaterais, bilaterais, bilaterais imperfeitos, plurilaterais. 4. Quanto ao objeto Onerosos, gratuitos (benéficos) 5. Quanto à constituição Consensuais, reais 6. Quanto à forma Formais, não formais, solenes, não solenes 7. Quanto ao momento de aperfeiçoamento do contrato Comutativos, aleatórios 8. Quanto ao momento de cumprimento das obrigações Execução imediata (instantânea) Diferida (retardada) trato sucessivo (continuada) 9. Quanto ao grau de dependência em relação a outro contrato Principais, acessórios 10. Quanto ao alcance Individuais, coletivos 11. Quanto à posição das partes Paritário, contrato-tipo, contrato de adesão 12. Quanto à execução do contrato Pessoais, impessoais Fonte: Adaptado de Cunha (2004). Essa classificação é importante porque informa como podem ser os contratos e qual a melhor opção na hora de firmar um acordo de compra e venda. Segue explicação de Martins (2010, p. 83) para alguns itens mencionados acima: 2. Contratos típicos e atípicos: Dizem típicos ou nominados os contratos para os quais há regras jurídicas próprias e denominação estipulada em lei: os atípicos ou inominados são os que ainda não foram regulados pela lei. 3. Contratos Bilaterais: O contrato é uma fonte de obrigações, essas obrigações poderão, contudo, ser apenas para uma das partes ou para as duas. Quando do contrato nascem obrigações apenas para uma das partes, diz-se que esse 28 Capítulo 1 contrato é unilateral; se as obrigações forem para as duas partes o cotrato é bilateral. Não se deve confundir que a bilateraridade dos contratos com o fato de, na formação deles, sempre existirem duas partes. 4. Contratos gratuitos e onerosos: Diz-se gratuito o contrato que resulta vantagem apenas para uma das partes, cabendo à outra um sacrifício, consistindo na diminuição do seu patrimônio.Oneroso é o contrato em que há proveito para ambas as partes. 5. Consensual: Entende-se por contratos consensuais aqueles que se tornam perfeitos pelo simples consentimento das partes. Os contratos, como acordos de vontades, exigem sempre o consentimento de ambas as partes para que possa existir. Assim, na sua origem, o contrato é sempre consensual. 6. Contratos solenes ou não solenes: Solenes, também chamados formais, são aqueles que devem obedecer a certas formalidades, já os não solenes ou informais não se exigem requisitos especiais. 7. Comutativos aleatórios: Dizem comutativos os contratos em que as prestações são certas: é o caso de compra e venda em que são certas as prestações de ambas as partes. Aleatório é o contrato em que uma prestação pode deixar de existir em virtude de um acontecimento incerto e futuro. 9. Contratos principais e acessórios: Chamam-se principais os contratos cuja existência não depende da existência dos outros: acessórios, pelo contrário, são contratos que ficam subordinados a outros, não tendo, assim, vida autônoma. No caso de dúvidas sobre qual a melhor opção, o negociador deve desenvolver o contrato junto com o advogado da empresa, como já foi mencionado, está é a melhor forma de elaborar um contrato internacional, o negociador participa com conhecimentos dos termos comerciais e dados sobre a negociação, e o advogado contribui com seus conhecimentos jurídicos. O ideal é que o contrato seja compreensível, claro, para evitar erros que possam comprometer as negociações. Minervine (2001, p. 339) tece algumas considerações importantes sobre contratos: Consultar sempre um especialista. Cuidar com a definição do território de responsabilidade do agente: não deixar termos vagos ou de interpretação dúbia. A legislação do país pode estar em conflito com a legislação do país importador. 29 Contratos Internacionais Há países, como o Japão, onde recorrer a contratos é considerado prejudicial para a “harmonia” que deve prevalecer nas relações empresariais. Quando surgem problemas, é melhor renunciar aos direitos contratuais e solucionar o “conflito” com harmonia, baseada na confiança e proveito mútuo; Muito cuidado com quem assina o contrato. Assegurar-se de quem tem o poder de fazê-lo. Ter cuidado com o idioma que prevalece no contrato. Definir bem as obrigações do fabricante e do importador. Nos contratos de compra e venda, deixar muito claro sobre os inconterms utilizados. Um aspecto de primordial importância é o tema da seleção do fórum, em caso de controvérsia. Formalizar por escrito todo o contrato. Ser claro quanto à definição das características do produto, qualidade, entrega, quantidades, término de pagamentos, inspeção prévia ao embarque, responsabilidade pelo não cumprimento do fornecimento, eventual variação dos preços . Em caso de controvérsia, quem poderá ajudá-lo? Ser o mais detalhado possível na elaboração do texto contratual, pelo menos para reduzir os riscos de conflitos com eventuais normas nacionais aplicáveis; No mercado existem vários modelos de contratos. Antes de discutir um contrato, começar por uma carta de intenção (letter of intent). As considerações de Minervine são pertinentes e não podem passar despercebidas na hora da formação de um contrato, pois, sendo sugestões importantes, o fato de não inseri-las em um acordo poderá causar sérios problemas nas questões de direitos e obrigações das partes. O essencial é que não haja termos dúbios. Com as informações mencionadas neste capítulo, pode-se obter uma visão dos itens mais importantes que envolvem um contrato internacional, consequentemente, evitando que o negociador cometa erros na hora da finalização do contrato. 31 Habilidades Seções de estudo Seção 1: Protocolo de Buenos Aires e a Cláusula Compromissória Seção 2: Lei aplicável e foro internacional Seção 3: Cláusula de força maior Seção 4: Lex mercatoria e Incoterms O estudante terá condições de analisar e acompanhar a formulação dos contratos internacionais e poderá aplicar as cláusulas necessárias na elaboração de um contrato; além de interpretar os Incoterms, entendendo-os como um contrato de transporte. Lei aplicável aos contratos internacionais Capítulo 2 32 Capítulo 2 Seção 1 Protocolo de Buenos Aires e a Cláusula Compromissória Apesar do intercâmbio mundial de informações, as diferenças entre os países são muitas, às vezes, em uma negociação, parecem simples e fáceis de resolver , outras vezes são mais complicadas e exigem mais experiência e conhecimento do negociador. Dependendo do tipo de negociação, especificidades do produto e do país, talvez a melhor opção é um contrato simples, sem muitos detalhes legais. Lembrando que os Incoterms e os termos de Pagamento são, por si só, um contrato de transporte e pagamento. Levando em conta que os contratos comerciais internacionais baseiam-se em critérios mercantis que podem variar, faz se necessário entender alguns itens extremamente importantes e relevantes na hora de elaborar um contrato. Em função que é inviável mencionar as regras, acordos, leis que regem os contratos de todos os continentes, nosso estudo estará mais focado para o Mercosul, que apesar de ser um Bloco Econômico , há divergências entre as legislações dos seus integrantes. Sobre tratados, Antônio (2006, p. 8) informa que “os tratados internacionais multilaterais e os tratados constitutivos de blocos econômicos como também os trabalhos de unificação e consolidação realizados por organismos internacionais e organizações não governamentais exercem influência na lex mercatoria. Mesmo quando não se positivam nos ordenamentos jurídicos nacionais, os tratados e convenções servem como princípios e conceitos jurídicos para os contratos internacionais e ao poder judiciário dos sistemas jurídicos nacionais.”. Em virtude dessa necessidade, em 05 de agosto de 1994, os membros do Mercosul se reuniram, com a finalidade de harmonizar suas legislações para facilitar o fluxo das negociações, principalmente do setor privado, e a segurança jurídica para garantirsoluções corretas para seus conflitos. O Protocolo de Buenos Aires foi aprovado pelo Congresso Nacional brasileiro, por meio do decreto nº 2.095, de 17 de dezembro de 1996, com o objetivo de reger relações contratuais internacionais e regular vários aspectos dos negócios empresariais internacionais. Mas é importante observar as informações de Garcia Jr (2001, p. 33), quando alerta que nem todos os contratos celebrados no âmbito do Mercosul submetem-se ao Protocolo de Buenos Aires. Na opinião de Garcia Jr (2001, p. 33), os contratos de importação/exportação e os de prestação internacional de serviços são o objeto fundamental desse Protocolo. 33 Contratos Internacionais Na visão do autor, o Protocolo de Bueno Aires exclui alguns itens de seu âmbito de aplicação, tais como: a) as relações jurídicas entre falidos e seus credores e demais procedimentos análogos,especificamente concordatas; b) a matéria tratada em acordos no âmbito do direito de família e das sucessões; c) os contratos de seguridade social; d) os contratos de trabalho; e) os contratos de venda ao consumidor; (GARCIA Jr, 2001, p. 33). Dos contratos mencionados acima, os que mais geram dúvidas são os de venda ao consumidor, pois o foco do Protocolo de Buenos Aires é o contrato entre empresas, e não o contrato entre essas e os clientes (GARCIA Jr, 2001). Isto também significa que, no âmbito de aplicação, o Protocolo de Buenos Aires ajusta- se somente aos contratos privados internacionais de natureza civil ou comercial. O Acordo de Buenos Aires realizou vários progressos nas questões de arbitragem comercial internacional no Mercosul, mas muitas questões ainda são ambíguas, prejudicando assim sua eficácia. Lee (2001, p. 3261) afirma que certas ambiguidades no Acordo podem dificultar sua aplicação em alguns aspectos, tais como o campo de aplicação, que é difícil de delimitar, pois o Acordo possui um campo de aplicação muito amplo. No que diz respeito à eficácia da cláusula compromissória, um ponto continua discutível: a autossuficiência da cláusula compromissória para começar o procedimento arbitral, já que somente o direito paraguaio admite que a cláusula arbitral é suficiente para constituir o tribunal arbitral. O direito argentino e o uruguaio exigem o cumprimento de um compromisso, mesmo que a cláusula arbitral seja validamente celebrada entre as partes, e a lei brasileira de 1996 adota uma via intermediária, pela qual o compromisso só é exigido se a cláusula compromissória não previr a modalidade de constituição do tribunal arbitral. E com relação ao direito aplicável ao mérito do litígio, somente o direito brasileiro prevê regras sobre este tema. Há várias cláusulas que podem ser inseridas em um contrato, conforme mencionado anteriormente, vai depender da especificidade de cada negócio e o tipo de contrato que ele exige. É importante salientar que na hipótese de não incluir em um contrato alguma cláusula, não quer dizer que a empresa não possa recorrer, no futuro, a algum método de resolução de conflitos, tais como: arbitragem e mediação. A arbitragem como forma de resolução de conflitos nos contratos internacionais origina-se quando as partes inserem no texto a Cláusula Compromissória. As cláusulas, em geral, são como alicerces de sustentação dos contratos. 34 Capítulo 2 É importante que a cláusula compromissória seja mencionada no contrato, pois ela prevê situações futuras e determina onde e como o conflito será resolvido. Caso a mesma não for mencionada, não tem problema, desde que as partes concordam com o mesmo método de resolução de conflito. Mas analise a seguinte questão: melhor inserir cláusulas no contrato, quando a negociação está fluindo e tudo está sendo acordado conforme desejo das partes, ao invés da possibilidade de ocorrer um conflito. Nesse estágio, decidir onde e como resolver o conflito torna-se outro problema a ser resolvido, quando poderia ter sido evitado. Venosa (1997, p. 174) alega que: [...] a cláusula compromissória pode ser considerada como um contrato dentro de outro,pois as partes estabelecem um plano de orientação, para a futura arbitragem. [...] Nada impede que no momento de operacionalizar a arbitragem as partes modifiquem suas cláusulas. Continuando essa linha de pensamento, Strenger (1998, p. 109) explica que: [...] a cláusula compromissória ressalta, entre diversas funções, a de constituir-se em prova de que as partes admitiram submeter- se ao regime arbitral para solver suas pendências na execução do contrato. [...] Sem este elemento a arbitragem não pode existir validamente. Outro aspecto importante é com relação aos itens que devem ser mencionados na cláusula compromissória, sendo que eles devem estar relacionados ao (s) método(s) de resolução de conflito(s). Conforme sugestão do autor Stersi dos Santos (1998, p. 136), a cláusula compromissória pode ser estruturada com os seguintes elementos: a) número de árbitros e/ou o Tribunal arbitral responsável pela solução das disputas futuras; b) legislação material e processual aplicável; c) local da arbitragem; d) cláusula geral estipulando multas e perdas e danos; e) forma do rateio das custas e despesas como processo arbitral; f) remuneração de árbitros. Os elementos acima são essenciais na cláusula de arbitragem, definindo bem as questões mais críticas, ou seja, o local que será feita a arbitragem, qual a lei aplicável,entre outros. 35 Contratos Internacionais Quanto ao modelo de cláusula compromissória, fica a critério de cada empresa, apenas como sugestão, seguem alguns exemplos indicados pelo auto Soares (2004, p. 186-187): • AAA- American Arbitration Association: “Qualquer controvérsia ou demanda que surja do presente contrato ou que com ele se relacione deverão ser resolvidas por arbitragem, conforme as Regras de Arbitragem Internacional da Associação Americana de Arbitragem.”. • CBAC- Corte Brasileira de Arbitragem Comercial “Qualquer dificuldade ou controvérsia que se produza entre os contratantes em relação à aplicação, interpretação, duração, validade ou execução desse contrato ou qualquer outra causa a ele referentes, será dirimida, por arbitragem, segundo o Regulamento Modelo de Arbitragem da Corte Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial, e administrada por .........................( Câmara de Arbitragem)”. As partes,segundo sua conveniência, são livres para estabelecer complementos à cláusula arbitral, como a quantidade de árbitros, se um ou três, o lugar da arbitragem, o idioma, a norma de direito aplicável. • CCI- Câmara de Comércio Internacional de Paris “Todas as controvérsias que derivem do presente contrato serão resolvidas definitivamente de acordo com o Regulamento de Conciliação e de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional, por um ou mais árbitros nomeados de conformidade com esse Regulamento”. • Uncitral-United Nations Commission on Internacional Trade Law: “Qualquer disputa, controvérsia ou demanda decorrente ou relativo a este contrato ou à sua infração, extinção ou invalidez, são resolvidas pela arbitragem, de acordo com as Regras de Arbitragem da UNCITRAL atualmente em vigor.”. A cláusula compromissória é um item fundamental que deve constar nos contratos internacionais, no entanto, há modelos de contratos que não mencionam o item “cláusula compromissória”, mas ainda assim indicam onde resolver futuros conflitos ou a palavra “arbitragem” substitui a cláusula compromissória. As expressões podem diferenciar-se, os meios também, mas o importante é que seja feita a menção ao uso da Arbitragem e Mediação nas soluções de futuras controvérsias que poderão surgir entre as partes. 36 Capítulo 2 Seção 2 Lei aplicável e foro internacional Com relação à lei aplicável e foro internacional e conforme mencionado anteriormente, o comércio internacional possui regras para facilitar as transações entre países, mas ainda não existe um Sistema Jurídico Internacional padronizado,gerando, com isso, uma certa dificuldade de eleger a lei aplicável ao foro internacional. É muito importante registrar no contrato essa escolha. Costuma-se encerrar o contrato com a definição da lei aplicável e o foro. Na visão de Strenger (1998, p. 113): os contratos sem cláusula de lei aplicável estão sujeitos aos elementos de conexão vigentes nos ordenamentos positivos de Direito Internacional Privado. Nessa hipótese, a escolha vai depender não só da qualificação como dos critérios que o próprio contrato enseja adotar. Sob esse mesmo enfoque, Soares (2004, p. 131) ressalta que o contrato poderá ser regido pela lei do país do exportador ou importador, ou ainda pela lei de um terceiro país com o qual as partes estejam, de alguma forma, vinculadas (domicílio, sede, nacionalidade, entre outros). A escolha de um terceiro país geralmente ocorre em alguns continentes, tais como África, que o sistema jurídico de alguns países é precário, nesse caso, opta- se pela lei de um terceiro país, localizado na Europa. Outro exemplo que podemos mencionar é uma negociação entre Brasil e um país Europeu, provavelmente a lei aplicável será do país Europeu, isso acontece por falta de confiança no sistema jurídico brasileiro. Strenger (1998, p. 113) é bem claro a esse respeito quando expõe sua ideia de que os contratos internacionais de comércio, não ficam subordinados a regimes unitários, e não se submetem à normatividade de um único Estado. Isso significa que há duas opções: ou o contrato é omisso quanto ao Direito aplicável, portanto, sujeitando-se às regras que viabilizam a determinação do direito local, ou as partes exercitam essa faculdade optando pela lei regedora. Mas afinal qual país que será escolhido como Foro: será o país do exportador ou do importador? 37 Contratos Internacionais A resposta está na afirmação de Murta (1998, p. 21) Como regra geral - salvo em contrário entre as partes - o foro dos contratos Internacionais será do local onde esteja estabelecido o exportador. Assim sendo, serão, obviamente, as leis do seu país que regularão os termos do contrato, com renúncia expressa a qualquer outro, independentemente do local onde o mesmo tenha sido celebrado. Na prática não ocorre assim, consequentemente, a definição do foro internacional deverá ser uma preocupação do negociador, pois a omissão ou dubiedade quanto a esse elemento poderá acarretar conflitos difíceis de resolver. O negociador também não poderá esquecer de fazer o registro, em cartório, do contrato. Conforme Ventura (2001, p. 26 e 39), (...) para que um contrato internacional firmado em um país tenha validade em outro, torna-se necessário que, além do registro equivalente ao cartório de títulos e documentos, o contrato seja registrado no consulado do segundo país. [...] E no caso que a legislação aplicável ou a lei for brasileira, é muito importante que no instrumento do contrato conste também a assinatura de duas testemunhas, por ser esta uma exigência da legislação brasileira. O que os autores citados apresentam nada mais são do que sugestões para que um contrato internacional seja elaborado com sucesso. A elaboração do contrato e o que nele consta não deve gerar nenhum conflito, por isso, o contrato deve ser claro e objetivo. Strenger (1998, p. 113) enfatiza que “alguns sistemas jurídicos limitam a escolha a uma lei que tenha inevitavelmente relações com as partes ou com a transação, a lei do lugar da execução do contrato. Outros limitam essa possibilidade à lei nacional ou domiciliar das partes”. Para Antônio (2006, p. 8), os “Organismos internacionais e organizações não governamentais são responsáveis pela edição de leis uniformes e leis-modelos caracterizadas por regras e princípios que regulam os atos do comércio internacional.” Essas instituições internacionais possuem personalidade própria, burocracia e organização capazes de regular os interesses e as atividades de grupos específicos e interferir nos sistemas jurídicos nacionais. São exemplos dessas leis: Lei Uniforme de Genebra – LUG; regras e usos uniformes de créditos documentários; regras uniforme para garantia de contratos; Lei-modelo de arbitragem; Convenção internacional sobre compra e venda internacional; Princípios de contratos internacionais e a Convenção interamericana sobre direito aplicável aos contratos internacionais. 38 Capítulo 2 É interessante lembrar que a escolha da legislação aplicável ao contrato é feita com base na autonomia da vontade. Por meio dos conceitos, percebe-se que a grande dificuldade é elaborar um contrato internacional com mais de um sistema jurídico. O ideal seria que existissem práticas que uniformizassem os contratos em todos os seus aspectos: de crédito, de soluções de controvérsias, entre outros. Atenção para não confundir o Foro Internacional que está ligado diretamente à lei aplicável, com Fórum, que é o local onde ocorrem os processos. Murta (1998, p. 20) entende por “Foro Internacional, o Sistema Jurídico do país ao qual ficará vinculado o contrato, cujas leis serão aplicadas para regular sua forma, bem como os direitos e as obrigações atribuídas às partes contratantes.”. Para finalizar, citamos os comentários de Antônio (2006), o qual afirma que a Lei de Introdução ao Código Civil não estabelece expressamente a permissão ou a proibição para a autonomia da vontade, deixando sua permissão à lei do contrato, ou seja, sua aplicação indireta, sempre que a lei da celebração o permitir. Entretanto, a legislação brasileira impõe limites ao princípio de autonomia da vontade, dispondo que os contratos realizados no estrangeiro não serão eficazes no território nacional se ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes, respeitando, entretanto, os requisitos formais do contrato, que ficam subordinados ao local de constituição da obrigação. As normas de direito internacional privado dos sistemas jurídicos nacionais de vinculação dos contratos apresentam disparidades entre os vários ordenamentos jurídicos, e isso tem causado conflitos de competência entre os diversos juízes nacionais. Por isso, é preciso indicar o direito aplicável ao contrato, como também saber como resolver o conflito e de que forma o sistema jurídico de uma das partes vai aplicar a decisão judicial baseada no direito da outra parte. Ás vezes, a pacificação do conflito somente é possível por meio da aplicação de normas do direito internacional uniformizado, entendido como sobre direito, resultante de tratados e convenções realizados entre dois ou mais países, que visam a uniformizar os atos de comércio internacional. Em se tratando de contratantes de sistemas jurídicos diferentes, a capacidade para contratar depende do que cada legislação estrangeira estabelece. As questões legais são muito complexas e você negociador pode estar pensando que um contrato internacional deve ser elaborado por um advogado. Conforme estudado, o ideal é que o negociador contribua com seus conhecimentos da negociação e o advogado com conhecimentos legais, mas na prática vai depender que tipo de contrato está sendo feito e que tipo de produto está sendo vendido/comprado. Muitas vezes apenas um e- mail, uma carta de intenção é o suficiente e o negociador não precisa ter conhecimentos muito além do que está sendo negociado. 39 Contratos Internacionais Seção 3 Cláusula de força maior A princípio, um contrato é feito para ser cumprido e, de um modo geral, as partes assumem a responsabilidade pela inadimplência ou defeituosa execução do contrato. Mas há momentos em que, devido a certas situações, o contrato fica prejudicado e as partes não têm controle, mas são capazes de explicar o porquê do inadimplemento, sem a necessidade de recorrerem ao direito reparatório. Determinados eventos da natureza podem modificar consideravelmente as condições do contrato, eventos esses que podem ser de origem natural (terremotos, enchentes e outros) ou desastres provocadospelo homem (guerras, greves). A expressão que normalmente caracteriza essas situações denomina-se força maior. Alguns autores identificam essa terminologia com a expressão técnica hardship. Mas é preciso ficar atento, pois várias obras têm conceitos diferentes para “força maior” e hardship. Logo, na hora de elaborar o contrato é necessário identificar qual das expressões será usada. Tanto as cláusulas de força maior quanto as cláusulas de hardship foram criadas como uma forma cautelar dos motivos que possam influir, independente da vontade das partes, no descumprimento do contrato, pois ninguém pode ser compelido ao impossível. Analisando a bibliografia que trata do assunto, nota-se que as opiniões e definições de vários autores são bastante homogêneas. Tratando da cláusula de força maior, Soares (2004, p. 190) informa que ela é inserida em um contrato e isenta as partes de responsabilidade pelo não cumprimento, se esse ocorrer devido a fatos e situações aleatórios à vontade delas. Segundo Strenger (1998, p. 246) as definições mais singelas da força maior são vinculantes aos fenômenos da natureza, às guerras, à política. Os contratos internacionais do comércio têm reconhecido a cláusula de não responsabilidade decorrente dessas circunstâncias, mas estabelecendo que o credor deve ser notificado num certo prazo. Baptista (2011, p. 229) vai mais além, informa que a Câmara de Comércio Internacional afirma que a expressão “força maior” foi adotada como designação a uma cláusula a qual melhor se chamaria de cláusula de desoneração. Ainda para o autor, essas cláusulas são aceitas no direito inglês, francês e americano (com diferenças entre os Estados) e devem obedecer a preceitos de ordem pública, como não prejudicar consumidores ou configurar fraude. A maior parte dos redatores de contratos, especialmente nos países da Common Law, agrupam esses eventos em determinados tipos: 40 Capítulo 2 a. Cataclismo: terremotos, tufões, tempestades, epidemias, em que os ingleses usam a expressão: Act of God., como fórmula genérica que engloba todos esses cataclismos. Esses fatos, na classificação brasileira, na maioria das vezes, entrariam como fortuitos. b. Conflitos armados: guerra, revoluções, atos terroristas, bloqueios etc.; c. Conflitos no trabalho: tal como se lê em certa cláusula: “greves gerais, greves organizadas sindicalmente na empresa do vendedor e nas empresas de seus subcontratantes.”. d. Fato do príncipe: nele incluídas as proibições de exportação e importação, tais como: “atos do governo ou qualquer autoridade governamental ou representante (...)”. “impossibilidade do uso de ferrovia, porto, aeroporto, transporte fluvial, estradas (...)”. “grave crise de abastecimento ou de matérias indispensáveis à produção (...)”. e. Quebra de máquinas e acidentes análogos. Os itens acima são bem abrangentes, pois é inviável especificar em detalhes, o termo greve, por exemplo, é uma greve portuária? Ou é uma greve em todos os modais de transporte? Além disso, não basta simplesmente alegar que o acontecimento impediu de cumprir, faz-se necessário provar o que realmente aconteceu e se houve tentativas para evitar as consequências do ocorrido. Quanto à cláusula de hardship, faz-se necessário verificar alguns conceitos para que não haja dúvidas com relação aos objetivos dessa cláusula, os quais sãos os mesmos da cláusula de força maior. Nas palavras de Soares (2004, p. 190), “a cláusula de hardship tem por objetivo a renegociação dos termos contratuais”. Da mesma forma, Melo (1999, p. 83-84) entende que a cláusula de hardship assemelha- se à cláusula de força maior no tocante à imprevisibilidade e à inevitabilidade do evento. A cláusula foi concebida para possibilitar um ajuste convencional na ocorrência de uma circunstância futura e imprevista no momento da conclusão do contrato. Nesta linha de raciocínio, Strenger (1998, p. 247-248) afirma que: (...) as chamadas cláusulas exonerativas de responsabilidade, aparecem algumas variantes, que sutilmente são chamadas de cláusulas de revisão, e que também podem ocorrer da impossibilidade de executar um contrato. A revisão não está, na prática, fora de cogitação dos contratualistas internacionais. Essa possibilidade, como variante da força maior, tem sido chamada de hardship. 41 Contratos Internacionais Lanzana (2006, p. 178) cita que hardship é um evento externo às partes e cita dois exemplos: 1) “Um embargo decretado pela ONU ao país fornecedor de matéria-prima a ser utilizada na fabricação do produto e que demandará aquisição desse insumo em outro local e por preço elevado. O preço cotado pelo vendedor, indicando a origem da matéria-prima, levava em contato a aquisição por um valor mais razoável, e agora o fabricante/vendedor terá de buscar a alternativa cara. 2) um fato externo que implique a modificação na conjuntura econômica ou nos custos de uma das partes, tornando mais oneroso para ela o cumprimento de suas obrigações contratuais. Em outras palavras: a equação econômico-financeira do contrato, que teve por base certos pressupostos quando da sua negociação e assinatura, encontra-se agora subvertida, com ônus excessivo para um dos lados. Pode-se concluir que a claúsula de hardship, na maioria dos casos, ocorre quando há necessidade de alterações no contrato e que as partes estão de acordo para fazerem os ajustes necessários. Seja qual for a forma adotada, elas dizem respeito às cláusulas de não responsabilidade. E é fundamental que em um contrato internacional, principalmente de compra e venda, seja incluída essa cláusula, a qual nada mais é do que uma proteção para as partes, a fim de que sejam evitados conflitos, custos, entre outros. É importante salientar que, independente das cláusulas acima , todo o contrato pode chegar ao fim, seja lá qual o motivo, a esse fato dá-se o nome de extinção dos contratos. Há várias maneiras que um contrato pode terminar. Martin (2010, p. 87-88) informa quais são: a. Extinção pelo cumprimento da obrigação: uma vez cumpridas as obrigações no tempo, modo e condições estipuladas, o contrato produz o desejado, nesse caso, extingue-se. b. Extinção do contrato pelo não cumprimento da obrigação. Resolução: Algumas vezes uma das partes não cumpre ou não pode cumprir a obrigação oriunda do contrato, consequentemente, a outra parte fica lesada, podendo, nesse caso, pôr fim ao contrato. Diz que em tal caso, há resolução. c. Extinção do contrato por resilição: Sob o nome de resilição, usado pelos juristas franceses, designa o modo de extinção dos contratos. No Brasil, é utilizado extinção, e em alguns casos ruptura. 42 Capítulo 2 Mas, Martin (2010) alerta para não confundir os termos acima, com Nulidade dos Contratos, existem contratos que podem ser nulos e contratos que podem ser anulados. O que motiva esse estado de coisa é a existência de vícios, de tal ordem que afetam profundamente o contrato. Se o vício for insanável, há nulidade absoluta ou pleno direito e o contrato é como se não existisse, não produzindo nenhum efeito entre as partes, porém, se o vício for sanável, existirá apenas uma nulidade relativa e o contrato será anulável a requerimento daqueles que tiverem interesse nele. Poderá, contudo, haver ratificação, nesse caso, reparado o vício, o contrato passará a produzir os seus efeitos legais. Com base nas citações anteriores, percebe-se que a grande dificuldade é elaborar um contrato internacional com mais de um sistema jurídico. O ideal seria existirem práticas que uniformizassem os contratos em todos os seus aspectos: de crédito, de soluções de controvérsias, entre outros. Seção 4 Lex mercatoria e Incoterms Diante de tantas diferenças entre os mais variados países, fez-se necessário criar algumas regras, sejam elas comerciais ou legais, caso contrário o comércio internacional seria uma confusão nas interpretações, cada uma das partes entenderiam como melhor lhe conviesse. Devido a essa necessidade,foram criadas várias regras para ajudar o processo de uniformização, evitando, assim vários, conflitos comerciais. É o caso da lex mercatoria, é um sistema que forma normas para auxiliar o comércio exterior. Analise a seguir alguns conceitos para um melhor entendimento. Para Soares, (2004, p.104) denomina-se lex mercatoria “o conjunto de práticas e costumes do comércio internacional que vêm sendo sistematicamente uniformizados por organizações não governamentais representativas de operadores do comércio internacional”. Melo (1999, p. 37) define lex mercatoria como “um sistema de fontes múltiplas que formam as normas regentes do comércio internacional, em suas diversas manifestações, tais como: compra e venda, cambiária, industrial, entre outras. Antônio (2006) informa que embora não represente um sistema jurídico, a lex mercatoria possui um conjunto de princípios e práticas uniformes, que, quando aplicados ao contrato internacional lhe asseguram previsibilidade quanto à sua interpretação. 43 Contratos Internacionais A definição de Baptista (2011, p. 63) é clara quando informa que hoje em dia a lex mercatoria é o nome que se costuma dar ao conjunto de princípios, instituições e regras com origem em diversos focos, e que se caracterizam por serem inspiradas e voltadas aos relacionamentos dos operadores do comércio internacional. Para Cárnio (2011, p. 155), a lex mercatoria pode ser conceituada como um extenso conjunto de regras emanado por organismos internacionais, entidades particulares ou de origem convencional de natureza “quase-legal”. Em qualquer hipótese, tais regras atuam de forma desvinculada das jurisdições específicas ou de sistemas legais deste ou daquele país. Caracteriza-se como um sistema de múltiplas fontes, que formam as normas regentes do comércio internacional, em suas diversas manifestações. Pode-se observar que a lex mercatoria evolui acompanhando os operadores do comércio internacional, sendo que, ao ser aplicada em juízo arbitral, tais decisões passam a integrar o organismo vivo da lex mercatoria, retroalimentando-o, formando um círculo virtuoso que harmoniza as relações comerciais internacionais, suprindo sua necessidade de dinamismo. O autor informa um bom exemplo, que são dos créditos documentários, prática largamente difundida no mercando internacional, envolvendo a emissão de uma carta de crédito para dar garantia às operações de importação e exportação. A carta de crédito é documento de cunho obrigacional, emitido por uma instituição bancária em nome do Exportador, sendo que os bancos são de primeira linha. Talvez as regras mais conhecidas são os Incoterm e os, Internacional Commercial Terms, que referem-se à modalidade de venda. Isso nada mais é que um contrato de transporte e seguro, que cobrem apenas direitos e deveres relativos ao transporte e seguro das mercadorias, sendo registrado na Fatura Proforma e posteriormente em outros documentos. Nas palavras Soares (2004, p. 148), “Incoterms é um conjunto de siglas que surgiu espontaneamente na prática do comércio internacional, com a finalidade de indicar as responsabilidades das partes na entrega e no transporte das mercadorias.”. Venosa (1997, p. 56) complementa afirmando que “a simples menção das siglas faz a compra e venda inserir-se no rol de obrigações dos termos internacionais referidos, se do contrário não resultar a vontade das partes.”. Na visão de Irineu Strenger (1998, p. 263), o objetivo dos Incoterms é: (...) prover um conjunto internacional de regras para harmonização dos termos comerciais, comumente mais usados no comércio internacional. Dessa forma, as incertezas quanto às diferentes interpretações desses termos em diferentes países podem ser evitadas, ou pelo menos, bastante reduzidas. 44 Capítulo 2 Para finalizar, na opinião de Cárnio (2011, p. 32), tais termos são desenvolvidos e consolidados pelas Câmaras de Comércio Internacional, com vistas a administrar, de forma prática e dinâmica, os conflitos decorrentes da interpretação de contratos internacionais entre exportadores e importadores referentes à efetiva transferência de mercadorias, despesas envolvidas nesse ato e limites das responsabilidades pela eventual ocorrência de perdas e danos. Com o exposto acima, deduz-se que Incoterms, além de ser um termo internacionalmente usado e conhecido, estabelece as obrigações e responsabilidades com relação à entrega da mercadoria e é preciso quando delimita o local e o momento de transferência dos riscos e custos entre vendedor e comprador. A modalidade de venda está ligada diretamente ao preço do produto. Consequentemente, estará registrada na Proforma, carta de intenção, acordo de confidencialidade ou memorando de entendimentos, para que as partes fiquem amparadas e resguardadas nesse período. Levando em conta as informações dos diversos autores, pode-se concluir sobre a necessidade de os negociadores internacionais, além de conhecerem os padrões que regem o produto que é objeto do contrato (padrões físicos, técnicos, entre outros), terem conhecimento também do Direito Internacional Privado e das normas internacionais existentes. Com isso, reduzir-se-ão as contradições de comunicação, de concepção ou de articulação, pois as cláusulas contratuais do comércio internacional, quase sempre, são universalmente aceitas, facilitando a elaboração do contrato. 45 Habilidades Seções de estudo Seção 1: Contratos de compra e venda internacionais Seção 2: Contrato de agência Seção 3: Contrato de Joint venture, Franquia e Know How Neste capítulo, o estudante desenvolverá uma visão geral dos contratos internacionais mais utilizados no comércio exterior. Desenvolverá também a habilidade para elaborar contratos de compra e venda internacional. Modelos de Contratos Internacionais Capítulo 3 46 Capítulo 3 Seção 1 Contratos de compra e venda internacionais Várias são as questões que envolvem um contrato internacional, desde sua elaboração até algumas cláusulas importantes, que darão maior flexibilidade para as partes contratantes, caso ocorra imprevistos durante a vigência do contrato. O negociador internacional, tendo esses conhecimentos, poderá evitar os problemas mais comuns e elaborar um contrato de acordo com as regras da empresa. Lembrando que cada produto tem suas especificidades e cada empresa pode escolher qual o tipo de contrato que fará. Na prática, por incrível que pareça, a grande maioria das empresas não faz um contrato e não tem conhecimento sobre os métodos não adversariais de conflito. As empresas de pequeno e médio porte que exportam, geralmente, não fazem nenhum tipo de contrato além da fatura proforma. Por um lado, não é um fator negativo, pois muitas dessas empresas não cumprem o que foi negociado, vendem mais que podem produzir, não entregam, ou atrasam o pedido, entre outras questões. Isso é muito comum, principalmente em países que podemos definir como “menos confiáveis”, que é o caso do Brasil. É fundamental que as empresas elaborem seus contratos para oficializar o que foi negociado, pois em caso de algum conflito ficará bem mais fácil resolver. Existem vários tipos de contratos internacionais, além de um e-mail ou uma carta de intenção, e a empresa deve escolher qual contrato que é melhor para aquele tipo de negociação. Conforme Soares (2004, p. 136), os contratos internacionais mais conhecidos podem ser assim descritos: 47 Contratos Internacionais • Agência: Contrato pelo qual um exportador nomeia um representante comercial no mercado que deseja vender suas mercadorias. • Distribuição: Contrato pelo qual um exportador nomeia uma empresa que importará seus produtos em determinadas condições, para revendê-los no seu mercado de atuação. • Fornecimento de longo prazo: Contrato em que um produtor de determinada mercadoria se compromete a entregá-la de forma continuada e consecutiva por determinado período. • Factoring: Contrato pelo qual um comerciante
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