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D o u t o r a G a b r i e l a P r a d o B i o m é d i c a – Tu t o r a e x t e r n a 4 º P E R Í O D O UNIDADE 3 »UNIDADE 3 – IMUNOLOGIA APLICADA »TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS »TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES »TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS IMUNIDADE AOS MICRORGANISMOS As respostas de defesa antimicrobianas do hospedeiro, apesar de numerosas e variadas, existem algumas características comuns que devemos ressaltar: (1) A defesa contra os micro-organismos é mediada pelos mecanismos efetores da imunidade inata e adaptativa; (2) o sistema imunológico responde de maneira especializada, distinta e eficaz aos diferentes tipos de agentes infecciosos; (3) a sobrevivência e a patogenicidade dos micro-organismos em um hospedeiro são criticamente influenciadas pela capacidade dos micro-organismos para evadir-se ou resistir aos mecanismos efetores da imunidade; (4) os micro-organismos podem estabelecer infecções latentes ou persistentes, nas quais a resposta imune controla, mas não elimina o microrganismo e, o microrganismo sobrevive sem propagar a infecção; (5) em respostas aos micro-organismos, podem ocorrer lesões teciduais TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS IMUNIDADE CONTRA BACTÉRIAS EXTRACELULARES As bactérias extracelulares possuem uma característica muito importante: são capazes de se replicar fora das células hospedeiras, por exemplo, no sangue, em tecidos conjuntivos, nos espaços teciduais e nos lúmens das vias aéreas e do trato gastrointestinal. Existem muitas bactérias extracelulares patogênicas e a doença por elas causada se desenvolve por meio de dois mecanismos: (1) essas bactérias induzem uma resposta inflamatória, o que resulta na destruição dos tecidos no local da infecção; (2) essas bactérias produzem toxinas que levam a diversos efeitos patológicos TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS Bactérias Extracelulares Exemplos de doenças Staphylococcus aureus Infecções de pele e tecidos moles (Síndrome do choque tóxico) Streptococcus pyogenes (grupo A) Faringite, impetigo, escarlatina Streptococcus pneumoniae (pneumococo) Pneumonia,meningite Escherichia coli Infecções do trato urinário, gastroenterites Vibrio Cholerae Cólera Clostridium tetani Tétano Neisseria meningitis Meningite TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS A resposta imune contra as bactérias extracelulares ativa, primeiramente, a imunidade inata e, após, a imunidade adquirida. Os principais mecanismos da imunidade inata contra bactérias extracelulares são a ativação do complemento, a fagocitose e a resposta inflamatória. Na imunidade adaptativa, a imunidade humoral, aquela mediada por anticorpos, é predominante. A imunidade humoral tem três características importantes no combate a bactérias extracelulares: bloqueia a infecção, elimina as bactérias e neutraliza suas toxinas. TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS IMUNIDADE CONTRA BACTÉRIAS INTRACELULARES As bactérias intracelulares facultativas têm como característica importante a capacidade de sobreviver e até mesmo se replicar dentro de um fagócito (por exemplo: o macrófago). A manutenção dessas bactérias dentro de um fagócito constitui um mecanismo de escape ou de defesa do micro-organismo, pois, uma vez dentro de uma célula do hospedeiro, a bactéria fica inacessível a anticorpos circulantes e células fagocitárias. Bactérias Intracelulares Exemplos de doenças Micobactérias Tuberculose, lepra Listeria monocytogenes Listeriose Legionella pneumophila Doença dos legionários (lesão pulmonar e inflamação) TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS A resposta imune inata às bactérias intracelulares envolve as células fagocitárias (inicialmente neutrófilos e posteriormente macrófagos) e as células natural killer (NK). Em situações normais, os fagócitos ingerem e destroem diretamente os micro-organismos circulantes, mas as bactérias intracelulares patogênicas são resistentes à degradação dentro dos fagócitos, portanto, não são destruídas. TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS Na imunidade adaptativa às bactérias intracelulares, ocorre a predominância da imunidade celular, através do recrutamento e ativação de fagócitos mediados por células T. TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS As bactérias fagocitadas estimulam a resposta de células TCD8+ se os antígenos bacterianos estiverem no citosol ou se as bactérias escaparem dos fagossomos e entrarem no citoplasma da célula infectada, onde não são mais suscetíveis aos agentes microbicidas. Para a sua eliminação, devem ser destruídas pelos CTLs. TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS IMUNIDADE CONTRA VÍRUS Os vírus possuem como particularidade serem micro-organismos intracelulares obrigatórios que utilizam os componentes do ácido nucleico e a maquinaria da síntese de proteínas do hospedeiro para se replicar e se espalhar. Os vírus são capazes de infectar diversos tipos de células utilizando moléculas de superfície presentes em células normais como receptores. Depois de entrar nas células, os vírus podem causar lesão tecidual e doenças virais. A replicação viral também interfere na síntese de proteínas e nas funções normais da célula, levando à morte da célula infectada. TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS Os objetivos das respostas imunes inatas e adaptativas contra os vírus são bloquear a infecção e eliminar as células infectadas. A imunidade inata aos vírus consiste na inibição da infecção pelos interferons do Tipo I (IFNs tipo I) e a morte das células infectadas pela célula NK. A imunidade adaptativa é mediada por anticorpos que bloqueiam a ligação do vírus e a sua entrada nas células hospedeiras, os anticorpos antivirais ou neutralizantes, e por células citotóxicas (CTLs), que eliminam a infecção, matando as células infectadas pelo vírus. A resposta imune adaptativa ocorre através das células apresentadoras de antígenos, via MHC de Classe I às células TCD8+, consequentemente, ativando-as. Essas células exercem citotoxicidade através do reconhecimento de antígenos virais nas células-alvos, através da liberação de granzimas e perforinas (enzimas que quebram proteínas). TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS Vírus da imunodeficiência humana (HIV) O HIV é um retrovírus da Família Retrovidae, do Gênero Lentivirus causador da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), que é uma DST que, quando presente, faz com que os indivíduos necessitem de atendimento dos profissionais da saúde, exames e tratamento medicamentosos para acompanhamento da doença, sendo estes oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS https://youtu.be/QV2Qz5jVyK0 https://youtu.be/QV2Qz5jVyK0 TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS IMUNIDADE CONTRA PARASITAS Doenças parasitárias humanas são causadas pela infecção do homem com parasitas de animais, tais como protozoários, helmintos e ectoparasitas (Quadro 2). Tais parasitas são responsáveis por maiores taxas de morbidade e mortalidade do que qualquer outra classe de organismos infecciosos, particularmente nos países em desenvolvimento. As respostas imunes contra os parasitas são projetadas para eliminálos quando possível, sem muito dano ao hospedeiro, ou para controlá-los em infecções crônicas. Entretanto, para a maior parte das infecções parasitárias, não está claro como eles são eliminados ou controlados.Ocorrendo uma combinação de mecanismos imunológicos e fisiológicos. TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS Na resposta inata aos helmintos, os fagócitos também podem atacar os helmintos, secretando substâncias microbicidas. Porém, a maioria dos parasitas helmínticos tem o tegumento da sua pele muito resistente, e são muito grandes para serem fagocitados, o que os torna resistentes a esse tipo de resposta (fagocitose). A resposta imunológica aos parasitas vai depender da sua classe (protozoário ou helminto). A imunidade adaptativa aos parasitas protozoários é mediada por células, em particular pela ativação de macrófagos por citocinas derivadas de células T CD4+ TH1. Por exemplo, no caso de protozoários como Leishmania e Toxoplasma, parasitas que residem dentro de macrófagos o papel das células TH1 é ativar os macrófagos para destruir os invasores; através da produção de INF-γ e TNF, que atuam na ativação dos macrófagos. Por outro lado, a ativação das células TH2 pelos protozoários resulta no aumento da sobrevivência do parasita e na exacerbação de lesões devido às ações supressoras de citocinas TH2 (IL-10, IL-4, IL-12) que atuarão na inibição da ativação dos macrófagos; TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS A Imunidade adaptativa de parasitas helmintos é mediada, principalmente, pela imunidade celular, pela ativação de células TH2, caracterizada pela produção de anticorpos da classe IgE e a ativação de eosinófilos. TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS https://youtu.be/NV20z6cFZ7w A IgE reveste os parasitas e os eosinófilos se ligam à IgE e são ativados para liberar seus conteúdos granulares, conhecida como proteína básica principal, que destroem os helmintos. https://youtu.be/NV20z6cFZ7w TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS IMUNIDADE AOS FUNGOS As infecções por fungos, também chamadas de micoses, são importantes causas de morbidade e mortalidade em seres humanos. Algumas infecções fúngicas são endêmicas, ou seja, doenças que afetam muitas pessoas e estas infecções são normalmente causadas por fungos presentes no ambiente e cujos esporos contaminam os humanos. Outras infecções fúngicas são chamadas de oportunistas, pois os agentes causadores causam doenças brandas ou não manifestam doença em indivíduos sadios, mas podem infectar e causar doença grave em pessoas imunocomprometidas (pessoas que têm o sistema imune mais fraco); TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS A imunidade inata contra fungos intracelulares é mediada pelas células fagocitárias (neutrófilos e macrófagos). Os neutrófilos presumivelmente liberam substâncias fungicidas, tais como as espécies reativas de oxigênio e enzimas lisossomais e fagocitam os fungos para a morte intracelular. Em virtude disso, pacientes com neutropenia, como pacientes com câncer, HIV soropositivos, são extremamente suscetíveis a infecções por fungos oportunistas. A fagocitose após a ativação de macrófagos via IFN-γ e TNF mediada pelas células TH1, é um importante papel de defesa nas micoses, entretanto, alguns fungos (por exemplo, Histoplasma capsulatum) são capazes de residir muito bem em macrófagos, e acabam burlando o sistema imune, e tornando-se doenças resistentes. TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS A imunidade adaptativa contra os fungos é mediada por células TCD4+ e é diferente para fungos intracelulares e extracelulares. • Para fungos intracelulares ocorre predominantemente uma resposta celular do tipo TH1. A fagocitose ocorre após a ativação de macrófagos por IFNy e TNF mediada por células TH1 (ROITT, 2013). • Fungos extracelulares provocam fortes reações do tipo TCD4+ TH17. As células TH17 migram do tecido linfoide em que foram produzidas e pela corrente sanguínea migram para os locais da infecção, onde são estimuladas pelo antígeno a produzir várias citocinas, dentre elas IL-17 e IL-17F. • Essas citocinas estimulam queratinócitos ou células epiteliais pulmonares a produzir quimiocinas que recrutam neutrófilos para o local da infecção. • Outra citocina produzida é a IL-22, que estimula a produção de peptídeos antimicrobianos por queratinócitos. A ação coordenada desses tipos celulares e fatores produzidos resultem na eliminação desses fungos extracelulares TÓPICO 1 – RESPOSTA IMUNOLÓGICA AOS MICRORGANISMOS A principal função efetora das células TH17 é induzir a inflamação neutrofílica, que serve para destruir bactérias e fungos extracelulares TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Caro acadêmico, você já deve ter ouvido falar que existem algumas doenças em que o nosso organismo começa a agir contra ele mesmo. Isso é o que ocorre nas doenças autoimunes, ou seja, doenças em que há uma resposta imunológica contra um ou mais autoantígenos. Autoantígenos são chamados os antígenos próprios do nosso corpo aos quais o nosso sistema imune responde e, normalmente, são proteínas que constituem os nossos tecidos e órgãos. A primeira doença que foi identificada como tendo origem autoimune foi a tireoidite de Hashimoto, na década de 1950. Essa doença é caracterizada pela produção de anticorpos contra a proteína da tireoide tiroglobulina, o que leva a uma destruição de grande parte do tecido glandular, levando ao mau funcionamento da glândula TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES DOENÇAS AUTOIMUNES: CONCEITOS As doenças autoimunes se manifestam quando o nosso sistema imune ataca o nosso próprio corpo. Os anticorpos produzidos contra autoantígeno, são chamados de autoanticorpos e os linfócitos cujos receptores de antígenos são específicos para autoantígenos são chamados de células autorreativas. Quase todas as doenças autoimunes envolvem a produção de células TCD4+ autorreativas e, dependendo da doença, pode haver também a produção de células TCD8+ autorreativas e células B autorreativas. TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES CARACTERÍSTICAS IMUNOLÓGICAS DAS DOENÇAS AUTOIMUNES Os tipos de respostas imunes em doenças autoimunes não são diferentes das respostas imunes montadas para combater os micro-organismos. Durante uma resposta autoimune o sistema imunológico também produz células efetoras e moléculas que atacam partes do nosso organismo. Dentro dessas células efetoras podemos incluir células TCD4+ e TCD8+. As doenças autoimunes apresentam diversas características gerais que são importantes para a definição de seus mecanismos implícitos: ➢ As doenças autoimunes podem ser sistêmicas (envolve vários órgãos) ou órgão-específicos, dependendo da distribuição dos autoantígenos que são reconhecidos; ➢ Vários são os mecanismos efetores responsáveis pela lesão do tecido em diferentes doenças autoimunes. Esses mecanismos incluem a formação de complexos imunológicos (antígeno-anticorpos), autoanticorpos pré-existentes circulantes e linfócitos T autorreativos. ➢ As doenças autoimunes tendem a ser crônicas, progressivas e de autoperpetuação (torna- se contínuo). TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Como ocorre uma doença autoimune? Podemos dizer que a doença autoimune ocorre quando há uma falha dos mecanismos normais de tolerância imunológica que resultam em reações contra as células e tecidos do próprio organismo. Podemos definir tolerância imunológica quando o organismo não deve reagir contra antígenos do próprio indivíduo (não responsividade a antígenos próprios – autotolerância), definimos também que quando um antígeno induz tolerância é chamado de tolerógeno TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES A tolerância central ocorre na maturação dos linfócitos no qual o encontro como antígeno pode levar à morte celular ou à substituição de um receptor de antígeno autorreativo por outro que não apresente esta condição. Isso ocorre nos órgãos geradores (por exemplo: timo). Esses órgãos contêm autoantígenos e antígenos internos. A tolerância periférica desencadeia-se quando linfócitos maduros reconhecem autoantígenos e morrem por apoptose ou quando se tornam incapazes de serem ativados pela reexposição àquele antígeno. TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES A autoimunidade resulta da combinação de algumas das três anormalidades imunológicas principais. TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES HIPERSENSIBILIDADES: MECANISMOS E CLASSIFICAÇÕES O termo hipersensibilidade surgiu da definição clínica de imunidade como uma sensibilidade. O conceito de sensibilidade baseia-se na observação de que um indivíduo que tenha sido exposto a um antígeno exibe uma reação detectável, ou torna-se sensível a encontros subsequentes com esse antígeno (memória imunológica). Existem quatro tipos de hipersensibilidades: • hipersensibilidade do Tipo I é a mais comum e também é conhecida como alergia; • hipersensibilidade do Tipo II é causada por anticorpos citotóxicos contra componentes do tecido normal; • hipersensibilidade do Tipo III é causada pela deposição de complexos antígenosanticorpos em vasos sanguíneos de vários tecidos; • hipersensibilidade do Tipo IV é uma resposta imunológica tardia e não envolve anticorpos, mas sim células T TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES HIPERSENSIBILIDADE IMEDIATA: TIPO I Podemos definir as reações de hipersensibilidade do Tipo I como reações alérgicas causadas pela produção de IgE contra antígenos inócuos. O anticorpo IgE é produzido pelas células plasmáticas (plasmócitos) localizadas nos linfonodos que drenam o sítio de entrada do antígeno, ou localmente, nos sítios de reações alérgicas (que em geral são tecidos de mucosa ou da derme). A hipersensibilidade do Tipo I também é conhecida como hipersensibilidade imediata, porque ela começa rapidamente, poucos minutos após o contato com o alérgeno (antígeno estranho que causa alergia), e tem importantes consequências patológicas (hipersensibilidade). TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES SEQUÊNCIA DE EVENTOS DAS REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE DO TIPO I TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Doenças relacionadas com a hipersensibilidade do Tipo I TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES HIPERSENBILIDADE POR ANTICORPOS: TIPO II A hipersensibilidade do Tipo II envolve a produção de anticorpos da classe IgG ou IgM que reagem com antígenos em células ou tecidos. Os anticorpos IgG e IgM podem causar lesão tecidual por meio da ativação do sistema complemento, recrutando células inflamatórias e interferindo nas funções celulares normais. Alguns desses anticorpos são específicos para antígenos de determinadas células ou da matriz extracelular e são encontrados ligados a essas células ou tecidos ou como anticorpos livres na circulação. Os mecanismos efetores das doenças causadas por anticorpos ocorrem em três etapas: Opsonização e fagocitose; Inflamação mediada por complemento e receptor a Fc; Respostas fisiológicas anormais sem lesão celular/tecidual. TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Os anticorpos específicos para receptores de hormônios ou de neurotransmissores da superfície celular podem estimular a atividade desses receptores mesmo na ausência do hormônio, como se observa na doença de Graves (hipertireoidismo), ou podem inibir a ligação do neurotransmissor ao seu receptor, como ocorre na miastenia grave. TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Doenças relacionadas à hipersensibilidade do Tipo II TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Anemia Hemolítica Autoimune Proteínas da membrana dos eritrócitos Opsonização e fagocitose dos eritrócitos Hemólise (anemia) TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Diabetes insulino-resistente (tipo I) Antígeno alvo é o receptor a insulina Ac inibe a ligação da insulina Hiperglicemia e Cetoacidose TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Miastenia Gravis Antígeno alvo é o receptor de Acetilcolina Ac inibe a ligação da acetilcolina Fraqueza muscular, paralisia TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES HIPERSENSIBILIDADE MEDIADA POR IMUNOCOMPLEXOS: TIPO III A hipersensibilidade do Tipo III é causada por imunocomplexos que são formados de antígenos-anticorpos. Esses imunocomplexos são depositados nos tecidos, particularmente nas paredes dos vasos sanguíneos, causando lesões. As doenças mediadas por imunocomplexos tendem a ser sistêmicas e afetam vários órgãos e tecidos, embora sejam mais suscetíveis nos rins e nas articulações. Os imunocomplexos circulantes se depositam na parede de vasos sanguíneos, onde ativarão as proteínas do sistema complemento, e consequentemente, o recrutamento e ativação de células inflamatórias no vaso sanguíneo, levanto a uma resposta inflamatória intensa no vaso, no caso da imagem (vasculite). Normalmente, é comum confundirem hipersensibilidade do Tipo II e hipersensibilidade do Tipo III, pois ambas apresentam as mesmas classes de anticorpos (IgG e IgM) e ativação de complemento que leva ao processo inflamatório. A diferença entre elas consiste na natureza do antígeno: na hipersensibilidade Tipo II o antígeno é expresso no tecido-alvo da doença; já na hipersensibilidade Tipo III, o antígeno não está associado ao tecido-alvo, e sim na formação de imunocomplexos; assim, a doença é determinada pelos locais onde os imunocomplexos se depositam, normalmente em pequenos vasos sanguíneos, nas articulações ou nos rins. TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES https://youtu.be/c-baYspboBg https://youtu.be/c-baYspboBg TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES HIPERSENSIBILIDADE POR CÉLULAS T: TIPO IV A hipersensibilidade do Tipo IV, também conhecida como hipersensibilidade tardia, é encontrada em muitas reações alérgicas a agentes infecciosos, na dermatite de contato resultante de sensibilização a determinadas substâncias químicas simples e na rejeição a transplantes. As hipersensibilidades do Tipo IV são mediadas por linfócitos T que induzem inflamação e matam diretamente as células-alvo, causando lesão no tecido. O principal tipo de linfócito T ativado nas reações de hipersensibilidades do Tipo IV são as células auxiliares CD4+, as quais secretam citocinas que promovem a inflamação e ativam leucócitos, especialmente neutrófilos e macrófagos. As células T auxiliares também estimulam a produção de anticorpos que danificam os tecidos e induzem a inflamação, observado na Figura 22 (A). Os CTLs (citotóxicas) contribuem para a lesão de tecidos em determinadas doenças, observados na Figura 22 (B) (ABBAS, 2015). TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇASAUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES TÓPICO 2 – HIPERSENSIBILIDADE E DOENÇAS AUTOIMUNES Artrite Reumatóide Doença sistêmica que afeta pequenas articulações Linfócitos T específicos para o colágeno articular e também Acs Deformidades nas articulações que comprometem os movimentos TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES No ano de 1933, foi realizado o primeiro transplante no mundo e, em 1964, esse tipo de procedimento foi inaugurado no Brasil com um transplante renal realizado no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. As técnicas de transplantação e fármacos imunossupressoras evoluíram muito desde então, a fim de que se possa dar uma melhor qualidade de vida ao transplantado. O transplante clínico para tratar doenças humanas tem aumentado continuamente durante os últimos 45 anos. Segundo a Associação Brasileira de transplantes de órgãos (ABTO), de janeiro a setembro de 2019 houve uma melhora nas taxas de doações e de transplantes de alguns órgãos, mas ainda não é o ideal para tratar todos os doentes da fila de espera (RBT, 2019). TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES TRANSPLANTES O transplante de órgãos envolve a transferência de tecidos, células ou órgãos que podemos chamar de enxerto; de um local anatômico para outro, podendo ser na mesma pessoa ou entre pessoas diferentes. O indivíduo que fornece o enxerto, é denominado de doador, e o indivíduo que recebe o enxerto é chamado de receptor. No caso da transferência de células do sangue circulante ou plasma de um indivíduo para outro, podemos chamar de transfusão. Rejeição: reação inflamatória contra o enxerto. A rejeição é o reflexo da resposta imunológica aumentada (inicialmente local) envolvendo, na maioria das vezes, os antígenos HLA do órgão transplantado. TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES TIPOS DE TRANSPLANTES Para começar a falar sobre como o sistema imune age nos transplantes precisamos entender que eles são divididos em diferentes categorias ou tipos, podendo ser entre indivíduos e entre espécies. Podemos definir os transplantes em quatro tipos: autoenxerto, isoenxerto, aloenxerto e xenoenxerto. TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES IMUNOLOGIA DOS TRANSPLANTES No transplante de tecidos que contêm células nucleadas, as respostas das células T às moléculas do MHC altamente polimórficas quase sempre disparam uma resposta contra o órgão enxertado. A compatibilidade entre o tipo de MHC do doador e do receptor aumenta o índice de sucesso dos enxertos; porém, a identidade perfeita só é possível quando o doador e o receptor são gêmeos idênticos e, nesses casos, o risco de rejeição é muito menor. O estudo da rejeição foi abordado pela primeira vez em experimentos com camundongos. Foram transplantadas pele entre linhagens de camundongos. Em autoenxertos (mesmo animal ou pessoa), a pesquisa obteve 100% de sucesso; em indivíduos da mesma espécie, geneticamente idênticos, o enxerto teve 100% de sucesso também. Entretanto, quando a pele é enxertada entre dois indivíduos da mesma espécie, mas geneticamente diferentes, sem parentesco, o enxerto é inicialmente aceito, porém, após 10 a 13 dias, é rejeitado. TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES A, No caso do alorreconhecimento direto, as células dendríticas do doador migram para tecidos linfoides secundários no enxerto, onde apresentam as moléculas de MHC alogênicas para as células T do hospedeiro. No caso do alorreconhecimento indireto, as células dendríticas do receptor que entraram no aloenxerto transportam as proteínas do MHC do doador para os tecidos linfoides secundários e apresentam os peptídios derivados destas proteínas do MHC alorreativas de células T do hospedeiro. Em ambos os casos, as células T tornam-se ativadas e diferenciam-se em células efetoras. B, as células T efetoras alorreativas migram para o enxerto, tornam-se reativado por aloantígenos e medeiam os danos. TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES REJEIÇÃO: TIPOS DE REJEIÇÃO E TRATAMENTOS TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES • Existem três maneiras que devem ser tomadas para prevenir a rejeição de um enxerto. Primeiramente, o doador e o receptor precisam ter o tipo sanguíneo compatível, para que não ocorra complicação de compatibilidade sanguínea. Em seguida são realizados testes de pesquisa de anticorpos irregulares no soro do receptor para verificar se o receptor possui anticorpos preexistentes contra o doador. • A segunda etapa para aumentar o sucesso de um transplante é correlacionar o HLA do receptor e doador através de uma tipagem tecidual. Quanto mais correlações houver de HLA, mais chance o transplante tem de ser bem-sucedido. Na Unidade 2, estudamos o HLA humano. • A terceira etapa na prevenção à rejeição aos enxertos é o uso de fármacos imunossupressores, que envolvem o emprego de fármacos ou anticorpos que inibem a resposta imune dos linfócitos T contra o enxerto. • Embora esses fármacos inibam a rejeição dos enxertos, eles também inibem a resposta aos patógenos; isso faz com que pessoas transplantadas apresentem um maior risco de infecções e o desenvolvimento de tumores. TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES https://youtu.be/AdgjiPL0cjQ https://youtu.be/AdgjiPL0cjQ TÓPICO 3 – IMUNOLOGIA E TRANSPLANTES Canais de contato: 0800 642 5000 Ambiente Virtual de Aprendizagem Tutor Online