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DIREITO INTERNACIONAL (1)

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DIREITO INTERNACIONAL 
 
IMIGRAÇÃO 
 
Imigrante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que trabalha ou reside e se estabelece temporária 
ou definitivamente no Brasil; 
 
Emigrante: brasileiro que se estabelece temporária ou definitivamente no exterior; 
 
Residente fronteiriço: pessoa nacional de país limítrofe ou apátrida que conserva a sua residência 
habitual em município fronteiriço de país vizinho; 
 
Visitante: pessoa nacional de outro país ou apátrida que vem ao Brasil para estadas de curta duração, 
sem pretensão de se estabelecer temporária ou definitivamente no território nacional; 
 
Apátrida: pessoa que não seja considerada como nacional por nenhum Estado. 
 
 
NACIONALIDADE 
 
É rotineiramente conceituada como o vínculo jurídico-político que une o indivíduo ao Estado. 
 
O conceito sociológico de nacionalidade consiste no pertencimento do indivíduo nacional de 
determinado Estado ao seu povo, à nação. Assim, ser nacional significa pertencer a determinado 
grupo de pessoas ligadas entre si pela cultura, tradições, hábitos e costumes. 
 
Povo e População 
 
A distinção entre povo e população, no sentido de que o conjunto de nacionais de um Estado forma 
o seu povo (aqui entendido como elemento característico do Estado), ao passo que população é tão 
somente o grupamento de pessoas que habitam no território de um Estado (incluindo-se aqui portanto 
estrangeiros e apátridas), um conceito mais geográfico ou econômico do que jurídico. 
 
Nacionalidade e cidadania 
 
Cidadão é o nacional que está no gozo dos direitos políticos. Logo, o brasileiro menor de 16 anos, ou 
entre 16 e 18 anos e não alistado eleitoralmente, não é cidadão. Não é dado a um estrangeiro ser titular 
de direitos políticos no Brasil, ou seja, o estrangeiro nunca é cidadão no País, ao passo que o nacional 
pode ser mas nem sempre é cidadão. Ao contrário, todos os cidadãos são nacionais. 
 
Art. 12. São brasileiros: 
 
I - natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não 
estejam a serviço de seu país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a 
serviço da República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em 
repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em 
qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
 
II - naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de 
língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na República Federativa do Brasil há mais 
de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade 
brasileira 
§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de 
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta 
Constituição. 
 
Aquisição de nacionalidade 
 
A doutrina identifica duas espécies de nacionalidade: a primária (ou originária) e a secundária (ou 
derivada, adquirida). 
 
A nacionalidade primária é aquela que resulta no nascimento, ou seja, a pessoa faz jus à nacionalidade 
por critérios de aquisição vinculados à sua origem. A nacionalidade secundária é aquela que o 
indivíduo busca adquirir, não vinculado, portanto, à sua origem, mas derivada de fato posterior ao 
nascimento. É, via de regra, a naturalização. Naturalizado é o indivíduo nacional de um Estado que 
adquiriu a nacionalidade de forma secundária, em oposição aos natos, que adquiriram a nacionalidade 
em decorrência de sua origem. Ambos são, no entanto, igualmente nacionais do Estado. 
 
Nacionalidade primária (originária) 
 
De forma mais ou menos uniforme, identificam-se dois critérios como os mais comuns entre os 
Estados para determinarem a aquisição originária da nacionalidade: o ius sanguinis (pela filiação, 
pelo sangue) e o ius soli (pelo território). 
 
Os Estados em geral adotam um desses critérios, não sendo incomum adotarem ambos em 
concomitância, ainda que elegendo um deles como o principal, no que a doutrina comumente 
identifica como critério misto. É o que acontece no Brasil, em que o principal critério é o 
territorial (ius soli), estabelecido no art. 12, I, “a”, mas admitindo, no art. 12, I, alíneas “b” e 
“c”, o critério da filiação (ius sanguinis), pelo qual os filhos de brasileiros no estrangeiro também 
podem adquirir originariamente a nacionalidade brasileira. 
 
No Brasil, basta que um dos pais (o pai ou a mãe, indistintamente) seja brasileiro para que o filho 
nascido no estrangeiro possa adquirir a nacionalidade brasileira 
 
Nacionalidade secundária (derivada ou adquirida) 
 
Na aquisição derivada há o concurso de vontades, no sentido de que não basta a determinação das 
regras para a naturalização pelo Estado mas também a vontade do indivíduo em requerer tal 
nacionalidade (ainda que existam casos de imposição de naturalização em alguns países, o que não 
ocorre em absoluto no Brasil). 
Assim, mesmo que o indivíduo se enquadre nas possibilidades legais de naturalização, o Estado não 
pode a ele impor sua nacionalidade. 
 
Art. 64. A naturalização pode ser: 
I - ordinária; 
II - extraordinária; 
III - especial; ou 
IV - provisória. 
 
Art. 65. Será concedida a naturalização ordinária àquele que preencher as seguintes condições: 
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - ter residência em território nacional, pelo prazo mínimo de 4 (quatro) anos; 
III - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e 
IV - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. 
 
Art. 66. O prazo de residência fixado no inciso II do caput do art. 65 será reduzido para, no mínimo, 
1 (um) ano se o naturalizando preencher quaisquer das seguintes condições: 
I - (VETADO); 
II - ter filho brasileiro; 
III - ter cônjuge ou companheiro brasileiro e não estar dele separado legalmente ou de fato no 
momento de concessão da naturalização; 
IV - (VETADO); 
V - haver prestado ou poder prestar serviço relevante ao Brasil; ou 
VI - recomendar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística. 
Parágrafo único. O preenchimento das condições previstas nos incisos V e VI do caput será avaliado 
na forma disposta em regulamento. 
 
Art. 67. A naturalização extraordinária será concedida a pessoa de qualquer nacionalidade fixada 
no Brasil há mais de 15 (quinze) anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira 
a nacionalidade brasileira. 
 
Art. 68. A naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro que se encontre em uma das 
seguintes situações: 
I - seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do Serviço Exterior 
Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou 
II - seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por 
mais de 10 (dez) anos ininterruptos. 
 
Art. 69. São requisitos para a concessão da naturalização especial: 
I - ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
II - comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do naturalizando; e 
III - não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. 
 
Art. 70. A naturalização provisória poderá ser concedida ao migrante criança ou adolescente 
que tenha fixado residência em território nacional antes de completar 10 (dez) anos de idade e 
deverá ser requerida por intermédio de seu representante legal. 
Parágrafo único. A naturalização prevista no caput será convertida em definitiva se o 
naturalizando expressamente assim o requererno prazo de 2 (dois) anos após atingir a 
maioridade. 
Art. 71. O pedido de naturalização será apresentado e processado na forma prevista pelo órgão 
competente do Poder Executivo, sendo cabível recurso em caso de denegação. 
§ 1º No curso do processo de naturalização, o naturalizando poderá requerer a tradução ou a 
adaptação de seu nome à língua portuguesa. 
§ 2º Será mantido cadastro com o nome traduzido ou adaptado associado ao nome anterior. 
 
Art. 72. No prazo de até 1 (um) ano após a concessão da naturalização, deverá o naturalizado 
comparecer perante a Justiça Eleitoral para o devido cadastramento. 
 
 
 
Distinções do brasileiro nato e brasileiro naturalizado 
 
Uma vez adquirida, o indivíduo é nacional, não havendo distinções entre natos ou naturalizados, 
exceto se o Estado assim determinar 
 
Extradição: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, 
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de 
entorpecentes e drogas afins, na forma da lei”. 
 
Art.12, CF 
 
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos: 
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; 
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; 
III - de Presidente do Senado Federal; 
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; 
V - da carreira diplomática; 
VI - de oficial das Forças Armadas. 
VII - de Ministro de Estado da Defesa 
 
 
Perda de nacionalidade 
 
O Estado não tem jurisdição e a ele é vedado impor ou retirar do indivíduo qualquer nacionalidade 
que não a do próprio Estado. 
 
Art12, CF 
 
§ 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao 
interesse nacional; 
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;) 
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado 
estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis; 
 
 
 
 
Reaquisição da nacionalidade 
 
É possível, desde que ausente a causa da perda (por ex. a concomitância de nacionalidades 
voluntárias) e presentes os requisitos para a aquisição. 
 
Conflito positivo de nacionalidade 
 
É o caso do Brasil (art. 12, § 4º, II, “a”), onde a dupla nacionalidade é admitida no caso de 
reconhecimento de nacionalidade originária pelo outro Estado. 
 
Em relação a qual ordenamento jurídico vai ser aplicado nas questões de Direito Internacional, 
embora as soluções sejam analisadas caso a caso, em geral busca-se aplicar o ordenamento mais 
próximo do indivíduo. 
 
 
Exclusão do estrangeiro 
 
São três os institutos que possibilitam a retirada forçada do estrangeiro do território nacional: a 
repatriação, a deportação e a expulsão. 
 
Diferem elas da extradição, que não se dá por iniciativa própria do Estado, senão por solicitação 
de governo estrangeiro. 
 
a) Repatriação. Consiste a repatriação (ou repatriamento) na medida administrativa de devolução ao 
país de procedência ou de nacionalidade da pessoa em situação de impedimento de ingresso no 
território nacional, identificada no momento da entrada em território brasileiro. 
 
Art. 45 da lei de imigração 
 
Pode ser repatriada a pessoa: 
I – anteriormente expulsa do país, enquanto os efeitos da expulsão vigorarem; 
II – condenada ou respondendo a processo por ato de terrorismo ou por crime de genocídio, crime 
contra a humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de 
Roma do Tribunal Penal Internacional, de 1998; 
III – condenada ou respondendo a processo em outro país por crime doloso passível de extradição 
segundo a lei brasileira; 
IV – que tenha o nome incluído em lista de restrições por ordem judicial ou por compromisso 
assumido pelo Brasil perante organismo internacional; 
V – que apresente documento de viagem que: 
a) não seja válido para o Brasil; 
b) esteja com o prazo de validade vencido; ou 
c) esteja com rasura ou indício de falsificação; 
VI – que não apresente documento de viagem ou documento de identidade, quando admitido; 
VII – cuja razão da viagem não seja condizente com o visto ou com o motivo alegado para a 
isenção de visto; 
VIII – que tenha, comprovadamente, fraudado documentação ou prestado informação falsa por 
ocasião da solicitação de visto; ou 
IX – que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal. 
 
parágrafo único do mesmo art. 45, que “ninguém será impedido de ingressar no País por motivo de 
raça, religião, nacionalidade, pertinência a grupo social ou opinião política”. 
 
A repatriação não se aplica à pessoa em situação de refúgio ou de apatridia, de fato ou de direito, ao 
menor de dezoito anos desacompanhado ou separado de sua família, exceto nos casos em que se 
demonstrar favorável para a garantia de seus direitos ou para a reintegração à sua família de origem, 
ou a quem necessite de acolhimento humanitário, nem, em qualquer caso, medida de devolução para 
país ou região que possa apresentar risco à vida, à integridade pessoal ou à liberdade da pessoa. Art. 
49 §4º. 
 
b) Deportação. A deportação consiste na retirada compulsória do estrangeiro do território nacional, 
fundamentada no fato de sua irregular entrada (geralmente clandestina) ou permanência no país. 
Frise-se que a deportação só tem lugar depois que o estrangeiro ingressou no país, não se 
confundindo com o impedimento de ingresso, no qual o estrangeiro não chega a efetivamente 
entrar no território nacional, não passando da barreira policial da fronteira, porto ou 
aeroporto. A permanência irregular no país quase sempre se dá por excesso de prazo, ou pelo 
exercício de trabalho remunerado, no caso dos turistas. 
 
No Brasil, o Departamento de Polícia Federal (por meio dos seus agentes policiais federais) 
tem competência para deportar estrangeiros com entrada ou permanência irregular no país 
(iniciativa local), sem envolvimento da cúpula do governo e independentemente de qualquer 
processo judicial. 
 
A causa da deportação é o não cumprimento dos requisitos necessários para o ingresso regular 
ou para a permanência do estrangeiro no país. Nada impede, porém, que o deportado retorne 
posteriormente ao nosso país, desde que com sua documentação regularizada, uma vez que a 
medida não é punitiva (mas sim, apenas administrativa). 
 
A deportação é sempre realizada individualmente, não se admitindo qualquer tipo de deportação 
coletiva (de pessoas ou grupos de pessoas). 
 
c) Expulsão. A expulsão, por sua vez, é a medida administrativa de retirada compulsória de 
migrante ou visitante do território nacional, conjugada com o impedimento de reingresso por 
prazo determinado (Lei de Migração, art. 54, caput). Por meio dela, o Estado retira de seu 
território (impedindo que a este retorne por prazo determinado) o estrangeiro que cometeu crimes 
graves no país, atentando, portanto, contra dignidade nacional, a segurança e a tranquilidade do 
Estado, ainda que neste tenha ingressado regularmente. A pessoa se torna indigna de permanecer no 
Estado, em razão dos atos graves praticados contra a nossa ordem pública. 
 
Nos termos do art. 54, § 1º, da Lei de Migração, poderá dar causa à expulsão a condenação: 
 
I - com sentença transitada em julgado relativa à prática de crime de genocídio, crime contra a 
humanidade, crime de guerra ou crime de agressão, nos termos definidos pelo Estatuto de Roma do 
Tribunal Penal Internacional; 
 
II- crime comum doloso passível de pena privativa de liberdade, consideradas a gravidade e as 
possibilidades de ressocialização em território nacional. 
 
A expulsão é medida político-administrativa, não é criminal (que não deixa, por isso, de ser 
repressiva) de salvaguarda da ordempública e do interesse social decorrente do poder de polícia do 
Estado, sem qualquer intervenção do Poder Judiciário no que tange ao mérito da decisão. Trata-se 
de medida administrativa discricionária e não de ato arbitrário do governo. 
 
O estrangeiro expulso é encaminhado para qualquer país que o aceite, embora somente o seu 
Estado patrial tenha o dever de recebê-lo. Sendo apátrida o estrangeiro, o Estado deve 
encaminhá-lo para o país da nacionalidade perdida, podendo também encaminhá-lo para o país 
de onde anteriormente proveio. O que não pode o Estado fazer é enviá-lo para terceiro Estado 
onde esteja o estrangeiro sendo procurado pela prática de algum crime, como forma de 
vingança do mesmo, o que se configuraria em flagrante arbitrariedade estatal. 
 
Ao contrário da deportação, a expulsão não tem efeitos imediatos. Sua decretação (ou revogação) 
depende, no que toca à conveniência e oportunidade, de ato formal do Poder Executivo. O governo, 
portanto, não é obrigado a expulsar. Ele poderá fazê-lo, se assim entender necessário (conveniente ou 
oportuno), sendo certo que essa discricionariedade varia de governo a governo. É evidente, porém, 
que discricionariedade não é o mesmo que arbitrariedade; assim, não pode o governo expulsar sem 
causa definida em lei ou em violação das liberdades individuais garantidas pela Constituição ou por 
tratados internacionais. 
 
Art. 55, inc II, da lei de imigração 
 
não se procederá à expulsão quando o expulsando: 
a) tiver filho brasileiro que esteja sob sua guarda ou dependência econômica ou socioafetiva ou 
tiver pessoa brasileira sob sua tutela; 
b) tiver cônjuge ou companheiro residente no Brasil, sem discriminação alguma, reconhecido 
judicial ou legalmente; 
c) tiver ingressado no Brasil até os 12 (doze) anos de idade, residindo desde então no país; ou 
d) for pessoa com mais de 70 (setenta) anos que resida no País há mais de 10 (dez) anos, 
considerados a gravidade e o fundamento da expulsão”. 
 
Extradição: Denomina-se extradição a medida de cooperação internacional pela qual um Estado 
entrega à justiça repressiva de outro, a pedido deste, indivíduo nesse último processado ou 
condenado criminalmente e lá refugiado, para que possa aí ser julgado ou cumprir a pena que 
lhe foi imposta. Assim, há duas possibilidades para a extradição: ou a pessoa responde a processo 
penal no Estado requerente, ou nesse Estado já foi julgada (em definitivo) no âmbito criminal. O 
Estado que envia o extraditando é o Estado requerido, e o que solicita a sua entrega, o Estado 
requerente. 
 
No Brasil, a extradição e sua rotina de comunicação é realizada pelo Ministério da Justiça e Segurança 
Pública em coordenação com o Ministério das Relações Exteriores e outras autoridades judiciárias e 
policiais competentes (Lei de Migração, art. 81, § 2º; Regulamento, art. 262, caput). 
 
A extradição só opera em caso da prática de infrações penais. 
 
O direito extradicional tem como fontes atuais as seguintes: 
a) os tratados internacionais de extradição, bem como, em sua ausência (ou até mesmo em seu 
complemento), as declarações formais de reciprocidade; 
b) as leis sobre extradição; 
c) a jurisprudência; e 
d) os usos e costumes internacionais. 
 
No Brasil, as fontes mais utilizadas são os tratados, a Lei de Migração e a jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal. 
 
São condições básicas para a concessão da extradição, sem prejuízo de outras previstas em tratados: 
1) ter sido o crime cometido no território do Estado requerente ou serem aplicáveis ao extraditando 
as leis penais desse Estado; e 
2) estar o extraditando respondendo a processo investigatório ou a processo penal ou ter sido 
condenado pelas autoridades judiciárias do Estado requerente a pena privativa de liberdade 
superior a dois anos (Lei de Migração, art. 83, incs. I e II; Regulamento, art. 263, incs. I e II). 
Sem a presença de ambas as condições nenhum pleito extradicional poderá lograr êxito. 
 
Quando for o STF analisar qualquer pleito extradicional deve verificar se o Estado requerente 
dispõe, em seu Direito interno, de garantias judiciais adequadas e em conformidade com os 
princípios de direitos humanos universalmente reconhecidos. Havendo, v.ġ., suspeita de que o 
extraditando será submetido à tortura ou a tratamento desumano ou degradante no Estado requerente, 
a entrega não deverá ser autorizada 
 
A extradição apresenta basicamente duas modalidades principais, que não se confundem: 
 
extradição ativa (que tem lugar quando o nosso governo requer a outro país a extradição de 
criminoso foragido da justiça brasileira) 
 
extradição passiva (que ocorre quando um país estrangeiro solicita ao Brasil a extradição de 
indivíduo de lá foragido que se encontra em nosso território). deve ser sempre requerida (com o 
consequente pedido de entrega) por outro Estado estrangeiro, não havendo extradição espontânea ou 
ex officio. 
 
Não havendo tratado de extradição entre o Estado requerente e o Estado requerido, a concessão 
da extradição passa a subordinar-se, exclusivamente, às disposições da legislação interna, desde 
que o Estado requerente ofereça “promessa de reciprocidade” ao Estado requerido. A promessa de 
reciprocidade nada mais é do que um acordo diplomático (normalmente materializado em uma 
Nota Diplomática) estipulado entre os dois Estados para a entrega de determinado indiciado, 
sem as formalidades de um tratado internacional. 
 
Tanto a Lei de Migração quanto o seu Regulamento exigem promessa de reciprocidade apenas para 
os casos de: (a) pedido de prisão cautelar do extraditando, e nas hipóteses de (b) transferência de 
execução da pena e (c) transferência de pessoa condenada. 
 
 
IMUNIDADE DIPLOMÁTICA 
 
Em suma, a imunidade de jurisdição surge a fim de garantir a independência e a estabilidade dos 
representantes de um Estado estrangeiro, baseada na ficção da extraterritorialidade. 
 
São os enviados diplomáticos: 
 
a) os Embaixadores, Legados Papais e Núncios Apostólicos; 
b) Enviados Extraordinários e Ministros Plenipotenciários; 
c) Ministros residentes; 
d) encarregados de Negócios. 
 
Essa imunidade, de direito público, consistente em privilégios de ordem criminal, civil e fiscal, é 
também chamada de extraterritorialidade, por uma ficção jurídica de prolongamento dos efeitos das 
regras aplicáveis a determinadas pessoas no território nacional. 
 
Diplomacia e serviço consular. O tema relativo aos privilégios e imunidades concernentes às 
relações diplomáticas e consulares foi tratado por duas convenções celebradas nos anos sessenta: a 
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, de 1961, e a Convenção de Viena sobre 
Relações Consulares, de 1963, ambas ratificadas pelo Brasil e em vigor entre nós. 
 
Frise-se que a diferença básica entre as duas convenções está na amplitude dos privilégios e 
imunidades: enquanto os dos membros de missões diplomáticas são amplíssimos, os dos cônsules e 
funcionários consulares são totalmente restritos. 
 
- Prerrogativas e imunidades diplomáticas. Com a finalidade de permitir aos agentes diplomáticos 
o exercício pleno e sem restrições dos deveres que lhes são inerentes, a representação dos Estados 
lhes outorgam certos privilégios e prerrogativas inerentes à função, sem os quais não poderiam 
livremente e com independência exercer os seus misteres. 
 
No que tange à missão diplomática, tanto os diplomatas de carreira (que vão do embaixador ao 
terceiro-secretário) quanto o pessoal do quadro administrativo e técnico (consultores, tradutores, 
contabilistas etc.) – estes últimos, desde que provenham do Estado de origem, e não recrutados in 
loco – têm imunidade quase absoluta, sendo poucas as exceções a esta regra, a exemplo das questões 
relativas à propriedade privada imobiliária, à herança e às atividades comerciais privadas (art. 31, § 
1º, alíneas a, b e c, da Convenção de 1961). Assim,o pessoal da missão goza de ampla imunidade de 
jurisdição penal e civil, e ainda da tributária, sem se perquirir até que ponto os seus atos foram ou não 
praticados no exercício de suas funções. Aqui também se inclui, por óbvio, o Chefe do Estado 
(Monarca, Rei ou Presidente da República). Tais pessoas são também fisicamente invioláveis, e não 
podem em caso algum serem obrigadas a depor como testemunhas. Não há falar, como já dissemos 
anteriormente e pelos motivos ali expostos, que as embaixadas e os locais da missão diplomática são 
extensão do território de seus respectivos Estados. Cuida-se, aqui, das prerrogativas ou privilégios 
que tanto o pessoal da missão como os cônsules gozam relativamente à jurisdição do Estado onde se 
encontram. 
 
Dentro da sistemática da Convenção de Viena de 1961, pode-se dividir as prerrogativas e imunidades 
diplomáticas em dois grupos: 
(a) as relativas à missão diplomática; e 
(b) as relativas aos agentes diplomáticos 
 
- Prerrogativas e imunidades da missão. Os locais da missão são invioláveis, não podendo os 
agentes do Estado acreditado– uma autoridade policial ou judiciária – neles penetrar sem o 
consentimento do Chefe da Missão (art. 22, § 1º). Essa é uma regra universalmente aceita desde muito 
tempo, justificada pelo fato desses locais serem usados como sede da missão (muitos até a consideram 
a mais importante prerrogativa diplomática existente). Assim, tal inviolabilidade – segundo a CDI 
das Nações Unidas – é um atributo do Estado acreditante e não uma consequência da inviolabilidade 
do Chefe da Missão. 
 
Nesse sentido é que não podem policiais do Estado acreditado, sem o consentimento do Chefe da 
Missão, invadir a embaixada de país estrangeiro a fim de capturar certo indivíduo procurado, e lá 
asilado. 
 
Além de respeitar a inviolabilidade dos locais da missão, o Estado acreditado tem ainda a 
obrigação especial de adotar todas as medidas necessárias para proteger tais locais contra 
qualquer intrusão ou dano e evitar perturbações à tranquilidade da missão ou ofensas à sua 
dignidade (art. 22, § 2º). Os locais da missão, seu mobiliário e demais bens neles situados, assim 
como os meios de transporte da missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou 
medida de execução (art. 22, § 3º). São também invioláveis os arquivos e documentos da missão, em 
qualquer momento e onde quer que se encontrem (art. 24), bem como a sua correspondência oficial 
(art. 27, § 2º). 
 
Ademais, os direitos e emolumentos que a missão perceba em razão da prática de atos oficiais 
também são isentos de todos os impostos ou taxas (art. 28). O que se disse em relação às 
prerrogativas e imunidades da missão diplomática também se aplica às atividades das demais 
repartições que o Estado mantém no exterior, na medida em que o Direito Internacional possa imputar 
ao próprio Estado a regência das atividades de tais repartições. Assim, tanto no caso das missões 
diplomáticas quanto no caso relativo às demais repartições que o Estado mantém no exterior, tem-se 
como certo que a responsabilidade pelos atos por estes órgãos causados deve recair sobre o Estado 
acreditante, sem que este possa alegar que a missão ou a repartição sua, situada no estrangeiro, 
ultrapassou os comandos atribuídos, uma vez que, em se tratando de órgãos seus, sobre ele deve recair 
eventual responsabilidade. 
 
Privilégios e imunidades dos agentes diplomáticos. São basicamente três os tipos de garantias 
conferidos aos agentes diplomáticos: a inviolabilidade pessoal e domiciliar, a imunidade 
jurisdicional, e a isenção fiscal. 
 
 
1) Inviolabilidade pessoal e domiciliar. 
Nesse sentido, não podem ser presos, detidos ou perseguidos, estando a salvo de qualquer ato de 
polícia contra a sua pessoa. Além do pessoal da missão, a inviolabilidade alcança obviamente os 
chefes de Estado, seus familiares, os chefes de governo, os ministros de relações exteriores e o pessoal 
que os acompanha. Ela tem início quando o agente entra no território do país para onde foi enviado, 
se sua missão for anunciada e, em qualquer caso, quando provar essa sua qualidade oficial por meio 
de seus documentos pessoais (como o seu passaporte etc.). 
Não obstante sua inviolabilidade pessoal, o agente poderá ser retirado do país onde serve, a pedido 
seu ou por expulsão, caso pratique atos ofensivos à dignidade ou à tranquilidade local. Assim, nos 
termos do art. 29 da Convenção de Viena de 1961, a pessoa do agente diplomático não poderá ser 
objeto de nenhuma forma de detenção ou prisão, devendo o Estado acreditado tratá-lo com o devido 
respeito e adotar todas as medidas adequadas para impedir qualquer ofensa à sua pessoa, liberdade 
ou dignidade. 
Os locais da missão (edifícios, departamentos etc.) são fisicamente invioláveis, assim como o seu 
mobiliário e demais bens neles situados, bem como os meios de transporte da missão. A residência 
particular do agente diplomático – por residência “particular”, entenda-se onde vive o agente 
(podendo ser até mesmo um quarto de hotel etc.) – goza da mesma inviolabilidade e proteção que os 
locais da missão (o que se chama de franchise d’hótel, permitindo-se a ele inclusive asilar perseguidos 
políticos que lhe peçam guarida), bem como os seus documentos, sua correspondência oficial 
(inclusive, evidentemente, os e-mails) e seus bens (art. 30, §§ 1º e 2º). 
 
São também invioláveis os locais residenciais utilizados pelo quadro administrativo e técnico, 
bem assim os seus arquivos e documentos, em qualquer momento e onde quer que se encontrem. 
A inviolabilidade dos edifícios diplomáticos não significa, contudo, que eles estejam à margem do 
direito local, exatamente por não serem extensão do território estrangeiro dentro do território 
nacional. Quanto aos arquivos e documentos, deve-se ter como certo que, hoje em dia, nesse conceito 
também se incluem todos os suportes de dados eletrônicos ou digitais da missão, como computadores, 
CDROMs, cartões de memória etc. 
 
- Imunidade jurisdicional. 
Têm também os agentes diplomáticos imunidade à jurisdição civil e penal nos Estados em que estão 
acreditados. A imunidade penal é absoluta e irrenunciável, não podendo tais agentes serem presos ou 
processados pelos crimes que cometerem no Estado acreditado, quaisquer que sejam os delitos, 
bastando a apuração de sua qualidade funcional para fazer cessar o processo; o privilégio está ligado 
à integral liberdade que devem ter os agentes diplomáticos no exercício de suas funções, onde quer 
que estejam. Quando se diz, porém, que a imunidade penal é absoluta “quaisquer que sejam os 
delitos”, se está referindo aos crimes tipificados pelo direito interno do Estado acreditado, não 
aos crimes internacionais tipificados pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, 
de 1998. Assim, é bom fique nítido que a imunidade penal absoluta de que trata a Convenção de 
Viena sobre Relações Diplomáticas não alcança os crimes de competência do TPI, nos termos do 
art. 27, § 2º, do Estatuto de Roma, segundo o qual “as imunidades ou normas de procedimentos 
especiais decorrentes da qualidade oficial de uma pessoa; nos termos do Direito interno ou do 
Direito Internacional, não deverão obstar a que o Tribunal exerça a sua jurisdição sobre essa 
pessoa” 
 
O agente também não é obrigado a prestar depoimento como testemunha, e não está sujeito a nenhuma 
medida de execução, a não ser nas hipóteses excepcionadas pela própria Convenção, e desde que a 
execução possa realizar-se sem afetar a inviolabilidade de sua pessoa ou residência (art. 31, §§ 1º e 
2º, da Convenção de 1961). A imunidade à jurisdição civil, ao contrário da penal, não é absoluta. 
É possível haver renúncia (sempre expressa) à imunidade de jurisdição civil do agente levada a efeito 
pelo seu Estado de origem, a fim de permitir que Estado acreditado que deflagre contra ele uma ação 
cível de qualquer índole. Frise-se,porém, que o art. 32, § 4º, da Convenção de Viena de 1961, 
estabelece que a “renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas não 
implica renúncia à imunidade quanto às medidas de execução da sentença, para as quais nova renúncia 
é necessária”, regra esta que já foi considerada imoral por certa doutrina. Assim, é possível ao Estado 
acreditante renunciar expressamente à imunidade de jurisdição civil garantida ao seu agente 
diplomático, a qual não se estenderá, porém, à eventual execução da sentença, para a qual nova 
renúncia será necessária. 
 
Os empregados domésticos ou os criados particulares que trabalham nas residências dos 
diplomatas, pagos por estes próprios, não têm qualquer privilégio garantido pelas Convenções 
de Viena citadas. 
 
-Isenção fiscal. 
O terceiro privilégio conferido aos agentes diplomáticos (constante do art. 34 da Convenção) é a 
isenção fiscal, que libera o agente do pagamento de todos os impostos e taxas, pessoais ou reais, 
nacionais, regionais ou municipais, com as exceções seguintes: 
a) os impostos indiretos que estejam normalmente incluídos no preço das mercadorias ou dos 
serviços; 
b) os impostos e taxas sobre bens imóveis privados, situados no território do Estado acreditado, a não 
ser que o agente diplomático os possua em nome do Estado acreditante e para os fins da Missão; 
c) os direitos de sucessão percebidos pelo Estado acreditado (salvo o disposto no § 4º do art. 39); 
d) os impostos e taxas sobre rendimentos privados que tenham a sua origem no Estado acreditado e 
os impostos sobre o capital, referente a investimentos em empresas comerciais no Estado acreditado; 
e) os impostos e taxas cobrados por serviços específicos prestados (como água, esgoto, iluminação 
pública etc., nos países em que tais serviços são prestados por empresas particulares contratadas); e 
f) os direitos de registro, de hipoteca, custas judiciais e imposto de selo relativos a bens imóveis (salvo 
o disposto no art. 23). 
 
Assim, tudo quanto importar em incidência direta não pode ser aplicado ao agente, que receberá 
apenas os ônus fiscais indiretos, ou seja, aqueles contidos no preço da mercadoria. Naturalmente, 
tudo quanto se destine ao uso oficial e pessoal da missão, bem como de seus funcionários, está livre 
de quaisquer encargos. Além disso, o Estado acreditado permitirá, de acordo com leis e regulamentos 
que adote, a entrada livre do pagamento de direitos aduaneiros, taxas e gravames conexos, que não 
constituam despesas de armazenagem, transporte e outras relativas a serviços análogos: 
a) dos objetos destinados ao uso oficial da Missão; e 
b) dos objetos destinados ao uso pessoal do agente diplomático ou dos membros de sua família que 
com ele vivam, incluídos os bens destinados à sua instalação (art. 36, § 1º). 
 
As imunidades à jurisdição civil e tributária encontram exceções. Assim, não há imunidade à 
jurisdição civil no caso das ações sucessórias em que o agente diplomático esteja envolvido a 
título exclusivamente privado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou 
legatário (art. 31, § 1º, alínea b). Da mesma forma, não há falar-se em imunidade do agente que, 
havendo proposto uma ação cível, enfrenta uma reconvenção (art. 32, § 3º). E, ainda, também 
não há imunidade no caso de feito relativo a uma profissão liberal ou atividade comercial 
exercida pelo agente fora de suas funções oficiais (art. 31, § 1º, alínea c). Não obstante o art. 42 da 
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas expressamente proibir o agente diplomático de 
exercer, no Estado acreditado, atividades profissionais ou comerciais em proveito próprio, o certo é 
que em muitos casos os mesmos, ou membros de sua família, podem exercê-las, a exemplo de quando 
são médicos ou professores universitários, não sendo lógico, nessas hipóteses, que o agente argua a 
sua imunidade de jurisdição para cercear à outra parte a proteção da justiça. Outra imunidade à 
jurisdição civil diz respeito a eventual actio in rem sobre imóvel particular do agente situado no 
território do Estado acreditado, naqueles países que admitem que governos estrangeiros adquiram 
imóveis a título particular (art. 31, § 1º, alínea a); mas tal, a priori, não é o caso do Brasil, vez que a 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (art. 11, §§ 2º e 3º) diz não poderem os governos 
estrangeiros (bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, 
dirijam ou hajam investido de funções públicas) adquirir no país bens imóveis ou susceptíveis 
de desapropriação, salvo se necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes 
consulares. A imunidade tributária, como já se falou acima, não incide sobre os tributos indiretos 
que o beneficiário do privilégio diplomático deve arcar, os quais já se encontram normalmente 
embutidos no preço dos bens ou serviços, assim como as tarifas correspondentes a serviços que tenha 
efetivamente utilizado. 
 
Em suma, os agentes do Estado estrangeiro têm que respeitar as leis e os regulamentos do Estado 
acreditado, salvo quando há isenção dessa obrigação decorrente dos privilégios e imunidades de que 
gozam tais agentes; ademais, segundo a CDI, o não cumprimento pelo agente diplomático das suas 
obrigações não absolve o Estado acreditado do seu dever de respeitar as imunidades do agente. 
 
- Imunidade penal do pessoal da missão diplomática. 
“O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado acreditado”. Daí se dizer 
que tal imunidade é absoluta. Para gozarem de imunidade à jurisdição penal no Estado acreditado, 
os agentes diplomáticos devem ter residência permanente nesse mesmo Estado. Se assim for, os 
crimes por eles praticados em território brasileiro não estarão sujeitos (salvo renúncia expressa 
do Estado acreditante) à nossa jurisdição penal, sejam quais forem esses delitos (homicídio, 
latrocínio, roubo, furto, sequestro, extorsão etc.). Mesmo um atentado contra a vida do Presidente 
da República, praticado por membro da missão diplomática, será imune à jurisdição penal brasileira. 
Em virtude disso, o agente não pode ser preso e julgado pela autoridade do Estado onde exerce 
suas funções, seja qual for o crime de que o acusem. Nada impede, contudo, que o agente criminoso 
seja declarado pelo Estado acreditado persona non grata (o que não lhe retira a imunidade). Destaque-
se que a prática de delitos pelos membros da missão diplomática, em território de outro Estado, não 
os livra do processo-crime que, seguramente, devem sofrer no seu país de origem, uma vez que a 
imunidade da jurisdição penal não significa impunidade. Tal está previsto no art. 31, § 4º, da 
Convenção, segundo o qual “a imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado 
acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante”. Frise-se, ainda, que nada do que 
se falou acima exclui a competência do Tribunal Penal Internacional para julgar o cometimento 
de crimes de sua competência, nos termos do Estatuto de Roma de 1998 (v. infra). 
Destaque-se não poder haver renúncia tácita à imunidade, devendo a mesma (para ter valor 
jurídico) dar-se expressamente, nos termos do art. 32, § 2º, da Convenção de Viena de 1961. Essa 
faculdade de renúncia (que se estende, obviamente, às imunidades civis) é concedida somente ao 
Estado e a mais nenhum outro ente. Assim, ainda que os próprios representantes diplomáticos e 
consulares pretendam renunciar às suas imunidades penais e civis, não poderão pessoalmente 
fazê-lo. A renúncia à imunidade há de ser sempre interpretada restritivamente, por implicar submissão 
de uma potência estrangeira ou de seu agente à jurisdição de outra. “o Estado acreditado poderá a 
qualquer momento, e sem ser obrigado a justificar a sua decisão, notificar ao Estado acreditante 
que o Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal diplomático da Missão é persona non 
grata ouque outro membro do pessoal da missão não é aceitável”. 
 
Pode-se dizer que a imunidade penal clássica dos membros de missões diplomáticas ainda se 
mantém, mas para crimes previstos nos ordenamentos internos dos Estados acreditados, que 
por estes poderiam ser julgados, não para os delitos internacionais assim definidos pelo Direito 
Internacional Penal, que integram a categoria do jus cogens no plano internacional. 
 
Destaque-se que a imunidade penal dos agentes diplomáticos não impede que a polícia local 
investigue o crime praticado e colha as informações necessárias ao seu esclarecimento, as quais 
deverão ser enviadas às autoridades do país de origem do agente, a fim de que a sua Justiça tome as 
providências necessárias para o seu processo e julgamento. 
 
No que diz respeito aos cônsules, como falamos, a sua imunidade penal só alcança os atos de 
ofício. Assim, ao contrário dos diplomatas e do pessoal da missão diplomática, relativamente aos 
cônsules, não se tem dúvida de que os crimes comuns por eles praticados em território nacional 
poderão ser investigados e aqui julgados. Apenas os crimes afetos à estrita função consular – estes 
sim acobertados pela imunidade penal – é que não serão passíveis de punição pelo país local, a 
exemplo da outorga fraudulenta de passaportes, da falsidade na lavratura de guias de exportação etc. 
 
A Constituição brasileira de 1988 é expressa apenas em relação aos “chefes de missão diplomática 
de caráter permanente”, ao dizer que os mesmos serão processados e julgados originariamente 
pelo STF (art. 102, inc. I, alínea c). 
 
Frise-se, por fim, que o agente diplomático ou consular que tiver a nacionalidade do Estado 
acreditado não terá imunidade à jurisdição penal deste, sequer podendo alegá-la como meio de 
regresso ao Estado acreditante para que, nesse último, seja processado e julgado. Tome-se como 
exemplo o caso de um agente brasileiro que serve na missão do Brasil na Itália, país do qual também 
é nacional em razão de dupla nacionalidade. Nesse caso, cometido o crime na Itália (Estado 
acreditado), pode perfeitamente a Justiça deste país julgá-lo e condená-lo, pois o agente (não obstante 
a serviço do Brasil) é também nacional italiano. Aqui, a regra da imunidade em razão do serviço cai 
em face do direito sagrado que têm os Estados de impor aos seus nacionais a sua jurisdição. 
 
 
 
- Privilégios e imunidades consulares. 
Em regra, os cônsules e funcionários consulares, gozam de inviolabilidade física e de imunidade 
ao processo (penal ou cível) apenas no que diz respeito aos seus atos de ofício. Portanto, as 
imunidades dos representantes consulares são relativas e divergem daquelas concedidas aos agentes 
diplomáticos em dois pontos: 
a) não existe imunidade penal absoluta para os representantes consulares (a qual, tampouco, se 
estende aos seus familiares); e 
b) a imunidade de jurisdição civil a eles concedida (segundo a regra ne impediatur officium) restringe-
se tão somente aos atos realizados no exercício das funções consulares, não se estendendo aos atos 
praticados a título particular. 
 
Será um Cônsul imune à jurisdição local caso tenha, no exercício de suas funções, cometido um ilícito 
penal (a exemplo da falsificação de um passaporte), mas não terá qualquer imunidade caso ofenda ou 
agrida o vizinho de sua residência, como já decidiu o STF no HC 50.155 de 1972. Mas quando 
reconhecida a imunidade em favor de Cônsul honorário – que normalmente é cidadão do Estado local 
e não súdito do Estado acreditante – é lítico a este último, explica Rezek, “processá-lo com base no 
princípio da defesa (visto que se trata de crime contra sua administração pública), ou simplesmente 
renunciar ao privilégio, para que o agente seja punido no próprio Estado territorial”. 
 
 
ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
 
Assim, para os fins do Direito Internacional Público, pode-se conceituar “organização internacional” 
como a associação voluntária de sujeitos do Direito Internacional, criada mediante tratado 
internacional (nominado de convênio constitutivo) e com finalidades predeterminadas, regida 
pelas normas do Direito Internacional, dotada de personalidade jurídica distinta da dos seus 
membros, que se realiza em um organismo próprio e estável, dotado de autonomia e 
especificidade, possuindo ordenamento jurídico interno e órgãos auxiliares, por meio dos quais 
realiza os propósitos comuns dos seus membros, mediante os poderes próprios que lhes são 
atribuídos por estes. 
 
As organizações internacionais intergovernamentais, assim como os Estados, têm personalidade 
jurídica internacional (podendo contrair obrigações e reclamar direitos) e esfera própria de 
atuação no cenário internacional. São criadas por acordos (tratados) entre diversos Estados 
soberanos, por meio de um ato constitutivo, regidas pelo Direito Internacional, e têm personalidade 
jurídica distinta da dos seus membros. 
 
Elas não têm soberania, vez que esta é atributo dos Estados, e como elas são criadas por Estados 
tem-se como certo que o poder que tais organizações detêm são apenas mediatos. 
 
A distinção entre tais organizações internacionais (ORGS) e aquelas organizações internacionais 
privadas ou não governamentais (ONGs). 
 
Tanto as organizações intergovernamentais como as organizações não governamentais são produto 
de um ato de vontade que, no primeiro caso, promana dos Estados, quando elaboram um tratado 
multilateral constitutivo da organização e, no segundo, da vontade de particulares, com ou sem a 
interveniência de órgãos públicos, almejando criar uma organização não governamental para 
finalidades lícitas. Entretanto, tais organizações internacionais não governamentais, como a 
Anistia Internacional (AI), a União Internacional para a Conservação da Natureza e seus Recursos 
(UICN), os Médicos Sem Fronteiras (MSF) e o Fundo Mundial da Vida Selvagem (WWF), não 
se confundem com as organizações internacionais intergovernamentais por não deterem (pelo 
menos por enquanto) personalidade jurídica de Direito Internacional. Apenas estas últimas (as 
ORGS) são verdadeiros sujeitos do Direito Internacional Público e detêm o poder de celebrar tratados 
com os Estados e com outras organizações internacionais da mesma natureza. 
 
As organizações não governamentais têm a característica de serem criadas por particulares e não 
por Estados soberanos, não havendo tratado instituidor, o que as destitui de personalidade jurídica 
internacional, não podendo assim celebrar tratados, manter relações diplomáticas com outros 
sujeitos internacionais etc. As ONGs são sempre organizações não resultantes de um acordo 
intergovernamental. São instituições criadas por normas jurídicas internas de determinado 
Estado e regidas por tais normas, não pelas regras do Direito Internacional Público. 
 
As organizações internacionais intergovernamentais, como a Organização das Nações Unidas 
(ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA), são instituições internacionais criadas 
por tratados e regidas pelo Direito Internacional. O seu poder para celebrar tratados vem regulado 
pela Convenção de Viena sobre Direito dos Tratados entre Estados e Organizações 
Internacionais ou entre Organizações Internacionais, de 1986. 
 
As Organizações Internacionais Intergovernamentais são sujeitas de DIP e apresentam as 
seguintes características: 
 
a) são criadas por Estados e, por isso, devem ser tidas como interestatais (essa “interestatalidade” é, 
aliás, imprescindível à noção de organização internacional), excluindo-se, assim, as organizações de 
natureza privada; 
b) são instituídas por meio de tratados internacionais multilaterais, que as constituem e 
estabelecem suas regras e competências, sendo eles a verdadeira constituição (ou a “certidão de 
nascimento”) da organização; são neles que se preveem os direitos e as obrigações dos Estados-
membros para com a organização. Daí seentender terem natureza dúplice os tratados instituidores 
dessas entidades: são acordos multilaterais e também a sua constituição; 
c) são criadas à base de um acordo de vontades, pela associação livre dos Estados, que não podem 
ser coagidos a ingressar na organização se esta não lhe for de interesse; 
d) têm capacidade civil e personalidade jurídica própria, ou seja, distinta da dos seus membros 
(v. item nº 5, infra), o que faz com que a base voluntarista de sua criação perca terreno para uma 
vontade de status superior à dos próprios Estados que as criaram; 
e) compõem-se de órgãos de caráter permanente, que são distintos e independentes dos demais 
membros da organização (v.ġ., um Conselho, uma Assembleia e um Secretariado); 
f) seus órgãos têm vontade própria e primam pelos interesses da organização e não dos Estados que 
a compõem, o que não significa, em última análise, que não exista o objetivo de atingir o interesse 
comum desses Estados; e 
g) gozam, junto aos seus órgãos e delegados governamentais acreditados, dos privilégios e 
imunidades necessários ao exercício de suas funções (a exemplo da isenção de impostos diretos, 
bem assim de direitos aduaneiros e de vedações à importação ou exportação de bens de uso 
oficial etc.). 
 
As organizações internacionais intergovernamentais são sujeitos derivados (ou secundários) do 
Direito Internacional Público, de natureza funcional, eis que criadas por Estados (sujeitos primários 
e plenos da sociedade internacional). Sua criação se dá por meio de um convênio constitutivo, ou 
seja, por um tratado internacional multilateral. Não há organização internacional que não seja 
criada por meio de tratado concluído entre Estados. Normalmente dá-se o nome de Carta, Estatuto, 
ou Constituição ao tratado multilateral constitutivo da organização. O convênio constitutivo da 
organização é a sua carta orgânica, sua constituição, em relação à qual todas as demais normas 
inferiores devem ser subordinadas. 
Tais instrumentos não estão sujeitos a reservas e têm primazia sobre quaisquer outros tratados 
internacionais comuns. 
 
Toda organização internacional, assim como sucede com as sociedades privadas, possuem também 
um Estatuto interno, que regula as relações dos órgãos da sociedade. Este Estatuto, que não se 
confunde com o acordo constitutivo, não tem natureza jurídica convencional, isto é, não se 
consubstancia num tratado, sendo emanação espontânea dos órgãos de cúpula da própria organização, 
apesar de terem o seu fundamento de validade no convênio constitutivo da organização que autorizou 
a sua criação. O Estatuto é a regulamentação do direito interno da organização. Nele estão 
contidas as regras de auto-organização do organismo internacional, as relativas ao funcionamento dos 
principais órgãos deliberativos, dos órgãos subsidiários, as suas normas procedimentais e 
administrativas etc. 
 
Ademais, as organizações internacionais têm de ser permanentes. E essa permanência é a chave 
para a independência e autonomia da organização frente aos seus Estados-membros. Daí serem 
compostas de órgãos igualmente permanentes, distintos e independentes dos demais componentes da 
organização. 
 
Mas, pelo menos em dois aspectos, essas entidades têm algo em comum: a existência de uma 
assembleia-geral, na qual todos os seus membros têm direito ao voto, e de uma secretaria, 
responsável pelo funcionamento operacional e administrativo da organização. 
As organizações internacionais podem ser classificadas, dentre outros critérios, em relação às suas 
finalidades, sua natureza e em relação ao âmbito territorial de sua atuação. 
 
No que tange aos fins que perseguem, as organizações podem ser classificadas em organizações 
internacionais de fins gerais e de fins específicos. 
 
São exemplos das primeiras (fins gerais) a Organização das Nações Unidas (ONU), cujos objetivos 
principais são a manutenção da paz e da segurança internacionais, e a Organização dos Estados 
Americanos (OEA), que atua num âmbito territorial mais restrito e tem por finalidade a segurança 
continental, a solução pacífica de controvérsias e a cooperação dos Estados Americanos. 
 
São organizações de finalidades específicas, por sua vez, aquelas destinadas à cooperação 
econômica (como a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, o FMI e 
o Banco Mundial), as de cooperação social, cultural e humanitária, como a UNESCO e a OIT, 
as de cooperação técnica, como a União Postal Universal (UPU), a União Internacional de 
Telecomunicações (UIT) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e as de cooperação 
militar, como a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN. 
 
Tanto as organizações internacionais de fins gerais quanto as de fins específicos, podem ter alcance 
universal ou regional. 
 
Existem também organizações de alcance regional com finalidade técnica específica, a exemplo 
da então Comunidade Econômica Europeia (CEE), da Associação Latino-Americana de Integração 
(ALADI) e o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA). Aqui também se incluem 
a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) e a Comunidade Europeia da Energia Atômica 
(CEEA). 
 
As organizações internacionais universais ou regionais também podem ter finalidade política, 
quando atuam em situações de conflito e exercem influência sobre temas importantes para o Estado 
(como os ligados à soberania e independência, bem como os relativos à proteção dos direitos humanos 
etc.). 
 
Quanto à participação de Estados, as organizações internacionais podem ser abertas ilimitadamente 
(caso permitam o ingresso de qualquer Estado indiscriminadamente, como a ONU), abertas 
limitadas (caso permitam o ingresso de apenas alguns Estados, tais como a União Europeia e a OEA, 
normalmente levando-se em conta a situação geográfica deles, ou, menos comumente, as afinidades 
econômicas entre eles – como é o caso da OPEPE) ou fechadas (as quais não permitem o ingresso 
de nenhum Estado que não participou originariamente de sua criação). 
 
Conforme a sua base territorial, as organizações internacionais classificam-se em globais (ou 
universais) e regionais. As primeiras são aquelas que admitem qualquer país do mundo como 
membro (ou, pelo menos, estão abertas ao maior número de Estados possível) e as segundas aquelas 
que somente permitem o ingresso de países pertencentes à sua base territorial, como a OEA, que só 
admite o ingresso de Estados pertencentes ao continente americano, assim como a Liga Árabe, que 
somente permite o ingresso de Estados Árabes. 
 
A personalidade jurídica das organizações internacionais não se confunde com a dos seus membros, 
o que lhes dá total autonomia e independência funcional para gerir os seus interesses e alcançar as 
finalidades para as quais foram criadas. Em outras palavras, essa personalidade jurídica autônoma e 
não vinculada à dos seus membros permite-lhe atender às expectativas do conjunto de Estados que 
dela fazem parte, independentemente da vontade individualizada de cada um deles. Tal 
personalidade jurídica tem início na data em que as mesmas começam a funcionar 
efetivamente. Pode-se então considerar que a existência jurídica de uma organização internacional 
depende integralmente da sua condição de poder decidir autônoma e livremente sem se vincular à 
vontade dos seus Estados-membros. 
 
A personalidade jurídica das organizações internacionais tem atualmente fundamento 
convencional, uma vez que é no seu instrumento constitutivo que normalmente vêm expressos 
os seus poderes específicos (nada obstando que o reconhecimento da personalidade jurídica venha 
expresso num tratado sobre privilégios e imunidades). Nesse caso, entende-se que os Estados cedem 
parcela de sua soberania para a criação de uma organização com vontade própria, distinta da vontade 
dos seus criadores. Dizer que as organizações internacionais têm vontade própria,contudo, não 
significa dizer que ela poderá se desvirtuar dos propósitos (para os quais foi criada) estabelecidos no 
seu tratado-fundação que, em última análise, consiste em expressar a vontade coletiva dos seus 
membros. O Protocolo Adicional ao Tratado de Assunção sobre a Estrutura Institucional do Mercosul 
(Protocolo de Ouro Preto) de 1994, é exemplo claro dessa cessão de poderes soberanos, feita pelos 
Estados em instrumento convencional, em virtude do disposto no art. 34, segundo o qual o 
“Mercosul terá personalidade jurídica de Direito Internacional”. 
 
Contudo, falar em personalidade jurídica internacional não significa, ipso jure, o poder imediato 
para celebrar tratados. Esta faculdade (chamada de jus tractuum ou direito de convenção) deve vir 
expressa no convênio constitutivo da organização. Pode-se dizer que a capacidade das 
organizações internacionais para firmar tratados, tanto com outras potências estrangeiras quanto com 
outras organizações internacionais, é essencial para “implementar as atribuições e a autoridade que 
lhes foram concedidas pelo seu instrumento constitutivo; e sua responsabilidade por direitos dos 
Estados membros”. Não se pode confundir, porém, os tratados em que a organização é parte com 
outros Estados ou com outras organizações internacionais (ou seja, os tratados que ela celebra com 
outros sujeitos do Direito Internacional em decorrência do jus tractuum ou direito de convenção de 
que dispõe nos termos do seu convênio constitutivo) com aqueles apenas celebrados sob sua égide, 
em que são partes apenas os Estados. 
 
Todas as organizações internacionais têm competência para expressar, por meio de atos dos seus 
órgãos decisórios, sua própria vontade, que é em tudo distinta da dos seus membros. Esses atos 
provêm sempre de um processo decisório tomado no seio da organização, o qual pode resultar de 
procedimentos dos mais diversos, a depender do tipo e da finalidade da organização. Normalmente, 
as decisões e deliberações das organizações intergovernamentais são tomadas por votações em 
assembleias-gerais ou órgãos congêneres. Tais votações representam a vontade conjunta dos Estados-
membros da organização, sendo totalmente autônomas e independentes da vontade unilateral e 
individualizada destes. Assim, ainda que da formação da sua vontade participem ativamente os seus 
Estados-membros, esta vontade, quando manifestada, é independente da vontade individual daqueles 
e tem total autonomia. A regra quase absoluta nesse campo (salvo raras exceções que veremos a 
seguir) é a de valer a vontade da maioria dos Estados para tornar vinculativo o que ali se decide, 
conforme o sistema de votação eleito em cada organização. Mas, não obstante esse fato constatado, 
ainda é nebuloso nos textos dos respectivos tratados constitutivos essa caracterização. Talvez o 
primeiro exemplo de texto claro a esse respeito seja o art. 39 do Convênio Constitutivo da OIT, de 
1919, segundo o qual: “A Organização Internacional do Trabalho deve ter personalidade jurídica, e, 
precipuamente, capacidade para: 
a) adquirir bens, móveis e imóveis, e dispor dos mesmos; 
b) contratar; 
c) intentar ações”. 
 
Às vezes, dos órgãos deliberativos de certas organizações não participam todos os Estados, podendo-
se já distinguir aqueles em que todos os membros têm direito de voto e aqueles em que apenas alguns 
deles o têm. Tal pode dar-se, inclusive, dentro de uma mesma organização internacional, como é o 
caso das Nações Unidas, em que todos os Estados participam das votações da Assembleia-Geral, mas 
apenas quinze participam das decisões do Conselho de Segurança. 
 
Há duas classes de membros de uma organização internacional: os originários e os admitidos. 
Os membros originários são os que participaram do processo de formação da organização em sua 
gênese, tendo subscrito ab initio (e, claro, ratificado) o seu tratado constitutivo. São membros 
admitidos aqueles que, não tendo participado da elaboração do ato constitutivo da organização, a este 
aderiram por meio de ratificação posterior. É quanto a estes últimos que o problema da admissão se 
coloca. 
 
A admissão de novos membros à organização deve vir obrigatoriamente disciplinada no seu 
tratado constitutivo. É a adesão ao convênio constitutivo da organização (nos termos estabelecidos 
pelo próprio convênio) que atribui a um Estado o status de “membro”. Tal ingresso, no entanto, não 
é sempre livre e sem qualquer restrição. Há certos limites de admissão de novos membros nos próprios 
instrumentos constitutivos que devem ser observados, ainda que alguns desses limites soem um tanto 
quanto românticos a quem os interpreta. 
 
Manifestada a sua vontade expressa, a adesão ao convênio constitutivo da organização se presume 
integral, isto é, sem reservas. Os tratados constitutivos de organizações internacionais são, pela 
sua própria natureza, contrários à ratificação ou à adesão com reservas. 
 
- A ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS 
 
A referida Carta foi assinada em 26 de junho de 1945, na cidade de São Francisco (Califórnia), 
juntamente com o ECIJ. Mas foi somente em 24 de outubro de 1945 que as Nações Unidas 
efetivamente se constituíram, quando entrou em vigor internacional a carta constitutiva da 
organização (Carta da ONU), tendo a Assembleia-Geral deliberado estabelecer sua sede em Nova 
York. 
 
O tratado-fundação da ONU, que é a carta orgânica da instituição, foi firmado inicialmente por 51 
Estados-membros.78 Desde então, passou a abarcar de maneira crescente e progressiva inúmeros 
outros Estados, contando hoje com quase todos os Estados independentes do mundo. É fora de 
propósito, entretanto, considerar a Organização das Nações Unidas uma entidade 
supranacional – como é a União Europeia, ainda único exemplo desse tipo organizacional – uma 
vez que os seus atos unilaterais (decisões, resoluções etc.) não integram imediatamente os 
ordenamentos internos dos seus Estados-partes, não revogando, ipso jure, as normas domésticas com 
eles incompatíveis. 
 
Os propósitos da Organização das Nações Unidas vêm indicados tanto no preâmbulo de sua Carta 
constitutiva quanto no art. 1º desse mesmo instrumento. Fazendo-se uma síntese desses propósitos, 
pode-se dizer que suas intenções consubstanciam-se em: 
a) preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes trouxe sofrimentos 
indizíveis à humanidade; 
b) reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, da dignidade e no valor do ser humano, na 
igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas; 
c) estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de 
outras fontes do direito internacional possam ser mantidos; 
d) promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade mais ampla; 
e) praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças 
para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição 
dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum; 
f) empregar um mecanismo internacional para promover o progresso econômico e social de todos os 
povos; 
g) manter a paz e a segurança internacionais e, para esse fim, tomar coletivamente, medidas efetivas 
para evitar ameaças à paz e reprimir os atos de agressão ou outra qualquer ruptura da paz e chegar, 
por meios pacíficos e de conformidade com os princípios da justiça e do direito internacional, a um 
ajuste ou solução das controvérsias ou situações que possam levar a uma perturbação da paz; 
h) desenvolver relações amistosas entre as nações, baseadas no respeito ao princípio de igualdade de 
direito e de autodeterminação dos povos, e tomar outras medidas apropriadas ao fortalecimento da 
paz universal; 
i) conseguir uma cooperação internacional para resolveros problemas internacionais de caráter 
econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o respeito aos direitos 
humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião; e 
j) ser um centro destinado a harmonizar a ação das nações para a consecução desses objetivos comuns. 
Para a realização desses propósitos, devem os Estados-membros da ONU proceder de acordo com os 
princípios seguintes: igualdade soberana de todos os membros; boa-fé no cumprimento das 
obrigações; solução pacífica das controvérsias; abstenção do uso da força contra a integridade 
territorial ou a independência política de qualquer Estado; não intervenção em assuntos 
essencialmente internos dos Estados. 
 
A ONU é composta por dois tipos de membros: os originários e os admitidos (ou eleitos). A matéria 
vem regulada pelo Capítulo II da Carta das Nações Unidas (arts. 3º ao 6º). 
 
Os chamados membros originários são aqueles cinquenta e um Estados que estiveram presentes à 
Conferência de São Francisco e ali assinaram (e posteriormente ratificaram) a Carta. O Brasil é 
membro originário das Nações Unidas. 
 
Os segundos (membros admitidos) são os que ingressaram na instituição após a sua criação. 
Os últimos países a ingressar nas Nações Unidas foram a Suíça e o Timor Leste, ambos em 2002. 
Nos termos do art. 4º, § 1º, da Carta da ONU, a admissão como membro das Nações Unidas está 
aberta “a todos os Estados amantes da paz que aceitarem as obrigações” ali contidas. 
 
Nesse caso, a admissão como membro das Nações Unidas fica condicionada à obediência a três 
condições, quais sejam: 
a) ser um Estado amante da paz; 
b) aceitar as obrigações impostas pela Carta; e 
c) estarem aptos e dispostos a cumpri-las. 
 
A admissão de quaisquer Estados como membros das Nações Unidas é efetuada por decisão da 
Assembleia-Geral, mediante recomendação do Conselho de Segurança. 
A suspensão e a expulsão de um membro das Nações Unidas vêm reguladas nos arts. 5º e 6º da 
Carta da ONU. Nos termos do art. 5º da Carta, o membro das Nações Unidas contra o qual for levada 
a efeito ação preventiva ou coercitiva por parte do Conselho de Segurança poderá ser suspenso do 
exercício dos direitos e privilégios de membros pela Assembleia-Geral, mediante recomendação 
do Conselho de Segurança. O exercício desses direitos e privilégios poderá, no entanto, ser 
restabelecido pelo Conselho de Segurança. Segundo o seu art. 6º, por sua vez, o Estado-membro 
“que houver violado persistentemente os princípios contidos na presente Carta”, poderá ser 
expulso da ONU, cabendo tal decisão à Assembleia-Geral “mediante recomendação do Conselho 
de Segurança”. Nesse último caso, por se tratar de medida de extrema gravidade, perceba-se que a 
expulsão somente poderá operacionalizar-se – tal como prevê a Carta – se a violação que a determinou 
houver sido persistente. A decisão sobre a expulsão de Estado-membro deve dar-se pela 
deliberação da maioria de dois terços dos membros presentes e votantes à Assembleia-Geral, 
segundo disposição expressa do art. 18, § 2º, da mesma Carta. 
Todos os Estados-membros das Nações Unidas – que nela mantêm uma representação permanente 
– são representados por delegados. A escolha dos representantes do Estado fica a cargo de cada 
governo, devendo passar pelo crivo de uma comissão de verificação dos poderes, que examina as 
credenciais de tais representantes, faz seu relatório (art. 28 do Regulamento Interno da Assembleia-
Geral) e decide sobre o aceite dos agentes eleitos. 
 
Entendeu a Carta que a proteção dos direitos humanos é conditio sine qua non para o bem-estar 
da sociedade internacional. Essa intenção da Carta de São Francisco pode ser percebida com a 
leitura do seu Preâmbulo, segundo o qual – como já se falou – os povos das Nações Unidas têm por 
propósitos, dentre outros, “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas 
vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade”. 
 
Para o alcance dos objetivos contidos em sua Carta, as Nações Unidas foram organizadas em diversos 
órgãos, dentre os quais, nos termos do seu art. 7º, os principais são 
- Assembleia-Geral, 
- Conselho de Segurança, 
- Corte Internacional de Justiça, 
- Conselho de Tutela, 
- Secretariado e 
- Conselho Econômico e Social. 
 
Assembleia-Geral. É a Assembleia-Geral o órgão principal das Nações Unidas e o único composto 
por representantes de todos os Estados-membros, com um máximo de 5 (cinco) delegados por 
Estado, que representa o maior foro de discussões que se tem notícia – tem competência para discutir 
e fazer recomendações relativamente a qualquer matéria que for objeto da Carta ou se relacionarem 
com as atribuições e funções de qualquer dos órgãos nela previstos. São exemplos de atribuições da 
Assembleia-Geral matérias como: paz e segurança internacionais, eleição dos membros não 
permanentes do Conselho de Segurança, eleição dos membros do Conselho Econômico e Social, 
eleição dos membros do Conselho de Tutela, admissão de novos membros para a organização e 
suspensão ou expulsão dos já existentes, aprovação de emendas à Carta etc. Daí se dizer ser a 
Assembleia-Geral o único órgão das Nações Unidas dotado de competência totalmente genérica. 
 
A Assembleia-Geral da ONU se manifesta por meio de resoluções, declarações ou recomendações, 
de efeito não vinculante aos seus Estados-membros. 
 
b) Conselho de Segurança. É o órgão das Nações Unidas que tem como principal atribuição a 
“manutenção da paz e segurança internacionais” (art. 24, § 1º),89 sendo atualmente considerado 
– ao menos teoricamente – como o órgão primordial da organização. 
 
É composto por cinco membros permanentes e dez não permanentes. 
Membros permanentes são (segundo a ordem da Carta da ONU): a China, a França, a Rússia 
(desde 1992, tendo sucedido à implosão da ex-URSS), o Reino Unido e os Estados Unidos da 
América. 
 
Os membros não permanentes são eleitos pela Assembleia-Geral, com mandato de dois anos, 
considerando sua contribuição para os propósitos das Nações Unidas (em especial, para a manutenção 
da paz e da segurança internacionais) e a distribuição geográfica equitativa (art. 23, §§ 1º e 2º). 
A distribuição de vagas para membros não permanentes no Conselho de Segurança foi 
regulamentada pela Resolução 1991, de 17 de dezembro de 1963, da Assembleia-Geral, que dividiu 
geograficamente os Estados em quatro grupos: 
Europa Ocidental e “outras potências”; Europa Oriental; América Latina; e África e a Ásia. 
 
Cada membro do Conselho de Segurança tem, dentro do órgão, um representante e, portanto, o 
direito de um voto apenas. Nos termos do art. 32 da Carta da ONU, qualquer Membro da 
Organização “que não for Membro do Conselho de Segurança, ou qualquer Estado que não for 
Membro das Nações Unidas será convidado, desde que seja parte em uma controvérsia submetida ao 
Conselho de Segurança, a participar, sem voto, na discussão dessa controvérsia”. 
O Conselho de Segurança determinará, também, “as condições que lhe parecerem justas para 
a participação de um Estado que não for membro das Nações Unidas”. 
 
É o Conselho de Segurança da ONU o único órgão das Nações Unidas com poder para tomar 
decisões mandatórias, as quais os demais membros da Organização têm de fielmente acatar e 
executar, nos termos do art. 25 da Carta.102 Frise-se que todas as decisões do Conselho de Segurança 
são obrigatórias (em virtude do que dispõe o referido art. 25). 
Por fim, cumpre dizer que o Conselho de Segurança é assessorado, em questões de caráter militar, 
por uma comissão de Estado-Maior formada pelos Chefes de Estado-Maior, dos membros 
permanentes do Conselho de Segurança, investida das responsabilidades de direção das forças 
armadas colocadas por tais membros à disposição do Conselho. 
 
c) Corte Internacional de Justiça. A Corteé o principal órgão judicial das Nações Unidas, com 
sede na Haia (Holanda). 
Compõe-se de quinze juízes (art. 3º, § 1º, do Estatuto da Corte) eleitos pela Assembleia-Geral em 
ato conjunto com o Conselho de Segurança, para um mandato de nove anos, com possibilidade de 
reeleição. Tais juízes são eleitos entre as pessoas indicadas pelos grupos nacionais da Corte 
Permanente de Arbitragem. 
São vedados dois juízes da mesma nacionalidade na Corte. 
O disciplinamento da CIJ é fixado pelo seu Estatuto, que foi anexado à Carta das Nações Unidas. 
Tem a Corte competência contenciosa e consultiva, estando somente os Estados, contudo, 
habilitados a serem partes em questões perante ela (art. 34, § 1º, do ECIJ). Cada Estado-membro 
das Nações Unidas se compromete a aceitar as decisões proferidas pela CIJ em qualquer caso 
em que esse Estado for parte. 
 
Se uma das partes num caso deixar de cumprir as obrigações que lhe incumbem em virtude de 
sentença proferida pela Corte, a outra terá direito de recorrer ao Conselho de Segurança que poderá, 
se julgar necessário, fazer recomendações ou decidir sobre medidas a serem tomadas para o 
cumprimento da sentença (art. 94, §§ 1º e 2º). 
 
Organismos internacionais de cooperação social: 
1)Organização Internacional do Trabalho (OIT). Trata-se de organização internacional criada 
pelo Tratado de Paz de 1919 (Tratado de Versailles). Nasceu como uma forma de anexo à Liga das 
Nações, não obstante dotada de total autonomia. Anos mais tarde, em outubro de 1946, a organização 
incorporou a Declaração de Filadélfia, de 1944, como anexo à Constituição da OIT. 
 
2) Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). A 
conhecida UNESCO (sigla de United Nations Educational Scientific Cultural Organization) nasceu 
em 4 de dezembro de 1946, com sede em Paris, resultado da Conferência de Londres, dos ministros 
da Educação de quarenta e quatro países. O seu lema é: “Se a guerra nasce na mente dos homens, é 
na mente dos homens que devem ser construídas as defesas da paz”. 
Seu principal objetivo consiste em fomentar a educação, a ciência e a cultura da sociedade 
internacional e, ao mesmo tempo, auxiliar os Estados-partes na busca de soluções para os problemas 
que desafiam as sociedades interna e internacional, a exemplo do grave problema do analfabetismo e 
outros congêneres. Dentre as suas funções, estão a de colaborar na tarefa de difundir os 
conhecimentos mútuos e o entendimento entre os povos por meio de todas as comunicações possíveis; 
impulsionar a educação popular e a difusão da cultura; e ajudar na conservação, progresso e 
difusão do saber. Para o alcance desses misteres “deve ela colaborar na obra destinada a promover 
o conhecimento e compreensão dos povos entre si, através de todos os meios de comunicações; dar 
impulso à educação popular e à disseminação da cultura; desenvolver e difundir conhecimentos”. 
Seus principais órgãos são a Conferência Geral, o Conselho Executivo e o Secretariado. 
 
3) Organização Mundial de Saúde (OMS). Criada em 1946, com sede em Genebra, a finalidade 
da OMS é alcançar o mais elevado índice de saúde para todos os povos do planeta, combatendo a 
mortalidade infantil, fomentando a recuperação de pessoas com deficiência etc. Tal como se 
estabelece em sua Constituição, o objetivo da OMS é que todos os povos possam gozar do máximo 
grau de saúde possível. Para a Constituição da OMS, a expressão “saúde” não significa apenas a 
ausência de doenças ou enfermidades, mas o estado de completo bem-estar físico, mental e social 
dos indivíduos. 
Entre as suas funções, podem ser destacadas: a erradicação das epidemias e endemias; a assistência 
técnica e os serviços sanitários; o auxílio aos governos; e as pesquisas sobre saúde. São órgãos da 
OMS a Assembleia Mundial de Saúde, o Conselho Executivo e o Secretariado. É importante frisar 
que a OMS nasceu de uma iniciativa do Brasil, por meio da delegação brasileira na Conferência 
de São Francisco, de 1945. 
 
 - Organismos internacionais de cooperação econômica: 
1) Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD ou Banco Mundial) e o 
Fundo Monetário Internacional (FMI). 
O FMI foi criado por força da Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas, de 1944, já 
no quadro da preparação do pós-guerra, destinada a promover a cooperação internacional nos 
campos monetário e comercial, garantindo a estabilidade do câmbio e minimizando o desequilíbrio 
das balanças internacionais de pagamento, no intuito de evitar as políticas de “empobrecimento do 
vizinho” surgidas durante a grande depressão de 1929 a 1933 e que, de alguma forma, estiveram na 
base da evolução econômica e política posterior a esse período. Sua sede é em Washington. 
Na mesma ocasião, juntamente com o FMI, também foi criado – por meio do Acordo de Bretton 
Woods – o BIRD, também chamado de Banco Mundial, responsável pelo empréstimo (a juros) de 
recursos financeiros aos seus Estados-membros, sobretudo para o financiamento de projetos de 
infraestrutura de médio e longo prazos nos países periféricos. 
 
2) Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Sua criação foi 
decorrência de uma ideia nascida durante a Segunda Guerra Mundial acerca da necessidade da criação 
de um organismo destinado ao exame e estudo constantes das condições mundiais de 
alimentação, especialmente no campo da agricultura. Sua criação efetiva se deu em 16 de outubro 
de 1945, num ato internacional assinado em Quebec, no Canadá. O lugar originalmente designado 
para a sua sede foi Washington, tendo sido transferida para Roma, em 1951. 
As principais metas e objetivos da FAO são: fomentar a pesquisa científica na área agrícola; aumentar 
o nível de alimentação e a expectativa de vida do planeta; melhorar a conservação os recursos 
naturais; melhorar o sistema de distribuição de produtos agrícolas e da pesca; e como implementar 
melhoria das condições de vida das populações rurais. Pode-se dizer, entretanto, que a preocupação 
atual da FAO está mais ligada à segurança alimentar. Seus órgãos principais são a Conferência, 
o Conselho e o Secretariado. 
 
3) Organização Mundial do Comércio (OMC). A OMC não é uma “agência especializada” da 
ONU, não sendo qualquer das suas atividades coordenadas pelas Nações Unidas, como se 
depreende de sua política e do seu próprio acordo constitutivo. Mas ela será aqui estudada (até mesmo 
por questão didática) levando-se em consideração o fato de também ser uma organização 
internacional de cooperação econômica, que mantém inclusive mecanismos de cooperação com as 
Nações Unidas. 
 
A OMC nasce com a natureza jurídica de organização internacional intergovernamental 
(composta por Estados e também por territórios aduaneiros), com personalidade jurídica de Direito 
Internacional, ao contrário do GATT, que é simplesmente um tratado multilateral, sem qualquer 
personalidade jurídica de direito das gentes. 
O objetivo primordial da OMC consiste na supressão gradual das tarifas alfandegárias que tornam 
difíceis e discriminam as relações comerciais internacionais, servindo de foro para negociações de 
novas regras ou temas relativos ao comércio. Trata-se, atualmente, do único organismo 
internacional que se ocupa das normas que regem o comércio entre os Estados, objetivando 
ajudar os produtores de bens e serviços, exportadores e importadores a desenvolverem e levar 
adiante suas atividades. 
A organização também está dotada de um sistema de solução de controvérsias bem mais complexo 
que o existente no quadro organizacional do GATT. 
 
- ORGANIZAÇÕES REGIONAIS E SUPRANACIONAIS 
As organizações intergovernamentais regionais e sub-regionais compõem outro grupo importante de 
instituições internacionais. Tais instituições, da mesma forma que aquelas de caráter global, também 
são formadas por tratados constitutivos e têm atribuições

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