Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONTEÚDO ELABORADO DE ACORDO COM AS QUESTÕES DE CONCURSO DEMONSTRAÇÃO DOS ASSUNTOS MAIS COBRADOS DICA-CONTEÚDO CHAMANDO ATENÇÃO PARA AS PEGADINHAS DAS BANCAS 2020 ALEXANDRE HERCULANO AMANDA DE MELO BEZERRA Criminalística col eção Estudo direcionado LEONARDO GARCIA Coordenador col eção direcionado LEONARDO GARCIA Coordenador 5 • Vestígios, evidências e indícios 125 5 Vestígios, evidências e indícios Essa parte é bem abordada nos concursos. É sabido que objetivo maior da perícia criminal é materia- lização do delito, oferecendo os elementos para identificar o autor do fato. Para isto utiliza um conjunto de procedimentos científicos relacionados à elucidação de um evento delituoso. Sua qualidade depende de uma série de cuidados a serem tomados, desde a requisição de exame pericial até a análise do laudo peri- cial por parte da autoridade judiciária. Faz-se necessário então entender sobre a cadeia de custódia. A legislação brasileira não contém sistematicamente a cadeia de custódia de forma precisa. Para isso, é muito importante saber a cadeia de custódia, que vimos no capítulo anterior, a qual se inicia no local de cri- me, onde o perito criminal analisa o local e procede à prova pericial, científica que se inicia primordialmente com o correto levantamento do local onde ocorreu o crime, onde para tan- to, necessita que este local tenha sido devidamente isolado e preservado. Em que pese inexistir hierarquia de provas no pro- cesso penal, os operadores do Direito todos os dias verificam Estudo direcionado • Criminalística ALEXANDRE HERCULANO E AMANDA BEZERRA 126 que na prática, a prova pericial vem se destacando das demais, por ser ela produzida com base científica, não estando, sujeita à subjetividade de testemunhos nem tampouco ao sabor dos desejos dos poderosos. APROFUNDANDO Para ser realizar um bom exame os peritos devem exercitar a: • Paciência: ter calma na busca dos vestígios, sem elimi- nar etapas do processo para não perder informações importantes; • Perseverança: Em determinadas situações é possível que não alcancemos a plenitude do exame com com- pleto esclarecimento e convencimento próprio acerca dos fatos, no entanto, se formos perseverantes na bus- ca de vestígios, via de regra, chegaremos a um resul- tado satisfatório. • Atenção: primordial para um diagnóstico correto da cena do crime, pois um pequeno detalhe aparente- mente insignificante poderá configurar-se um vestígio que será o ponto chave para iniciarmos a montagem do quebra-cabeça. Em perícia não se poder descartar nada em antes analisar sua veracidade e correlação com a cena do crime. Os peritos criminais, ao examinarem um local de crime, estarão procurando todos os tipos de objetos, marcas, ou sinais sensíveis que possam ter relação com o fato investigado. Todos esses elementos, individualmente, são chamados de vestígios. Assim, vestígio é todo objeto ou material bruto constata- do e/ou recolhido em um local de crime para análise posterior. Assim podemos dizer que o vestígio é tudo o que encontramos no local do crime que, depois de estudado e interpretado pelos peritos, possa vir a se transformar individualmente ou associa- do a outros – em prova. É claro que antes de se transformar em uma prova, passará pela fase da evidência. 5 • Vestígios, evidências e indícios 127 Todos os vestígios encontrados em um local de crime, num primeiro momento, são importantes e necessários para elucidar os fatos, ou seja, na prática, o vestígio é assim chama- do, para definir qualquer informação concreta que possa ter, ou não, alguma relação com o crime. A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente provocador (que o cau- sou ou contribuiu para tanto) e de um suporte adequado (local em que o vestígio se materializou). Vestígio – faca artesanal encontrada próxima a vítima de homicídio por arma branca Vestígios, evidências e indícios não são palavras sinônimas! APLICAÇÃO EM CONCURSO (FUMARC – 2013 – PC-MG – Perito Criminal) O Perito Criminal ob- tém os vestígios e as evidências físicas, EXCETO: a) da vítima. b) da oitiva das testemunhas. c) do suspeito e seu ambiente. d) da cena do crime propriamente dita. Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Oi- tiva das testemunhas já está na fase do processo! Não cabe ao perito criminal. Estudo direcionado • Criminalística ALEXANDRE HERCULANO E AMANDA BEZERRA 128 (FUMARC – 2013 – PC-MG – Perito Criminal) O estudo dos vestígios em um local de crime tem como objetivo, EXCETO: a) estabelecer a dinâmica do evento. b) trabalhar para a identificação da vítima. c) reconstruir a cena do fato em apuração. d) demonstrar subjetivamente a existência do fato deli- tuoso. Comentários: A alternativa D é o gabarito da questão. Conforme aprendemos na aula passada, o vestígio é todo objeto ou material bruto constatado e/ou recolhido em um local de crime para análise posterior. Assim podemos dizer que o vestígio é tudo o que encontramos no local do cri- me que, depois de estudado e interpretado pelos peritos, possa vir a se transformar individualmente ou associado a outros – em prova. É claro que antes de se transformar em uma prova, passará pela fase da evidência, assim, poderá estabelecer a dinâmica do evento, a identificação da víti- ma, bem como reconstruir a cena do fato a ser apurado. (2012 – CESGRANRIO – PETROBRAS – Inspetor de Segurança) Im- pressões palmares e plantares, encontradas em locais de ocorrência de crime, e que podem, mais tarde, levar à iden- tificação dos criminosos, são denominadas a) indícios. b) vestígios. c) fatos relacionados. d) provas. e) provas circunstanciadas. Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Ves- tígio é todo objeto ou material bruto constatado e/ou re- colhido em um local de crime para análise posterior, como as impressões palmares e plantares. Assim podemos dizer que o vestígio é tudo o que encontramos no local do cri- me que, depois de estudado e interpretado pelos peritos, possa vir a se transformar individualmente ou associado a outros – em prova. É claro que antes de se transformar em uma prova, passará pela fase da evidência. 5 • Vestígios, evidências e indícios 129 Há algumas classificações doutrinárias que acho interes- sante abordamos. Os vestígios podem ser: • VESTÍGIOS VERDADEIROS: é uma depuração total dos elementos encontrados no local do crime, pois somente o são aqueles produzidos diretamente pelos atores da infração e, ainda, que sejam produto direto das ações do cometimento do delito em si; • VESTÍGIOS ILUSÓRIOS: é todo elemento encontrado no local do crime que não esteja relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção não tenha ocorrido de maneira intencional. A presen- ça deste tipo de vestígio é devida principalmente pela falta de isolamento e preservação do local; • VESTÍGIOS FORJADOS: todo elemento encontra- do no local do crime, cujo autor teve a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto dos elementos originais produzidos pelos atores da infração. Para os peritos criminais, sempre será mais difícil a constatação e análise de um vestígio ilusório ou forjado, pois terão que adicionar outros exames e análises para que possam chegar a conclusão de que se trata de situações não relacionadas diretamente à ação dos atores da infração; • VESTÍGIOS PROPOSITAIS: são produzidos com o ob- jetivo de indicar uma qualidade, uma condição, um aviso, uma advertência. Como exemplos têm-se mar- ca de indústria, distintivo de sócio, figura de um crâ- nio humano com duas tíbias cruzadas como sinal de perigo, as placas e sinais de trânsito; Estudo direcionado • Criminalística ALEXANDRE HERCULANO E AMANDA BEZERRA 130 • VESTÍGIOS ACIDENTAIS: são produzidos involunta- riamente pelo agente. São exemplos as impressões di- gitais, as manchas de materialorgânico, pêlos, cinzas, fibras, sinais de luta, a posição do corpo; • VESTÍGIOS PERCEPTÍVEIS: são aqueles que podem ser diretamente captados pelos sentidos humanos (tato, visão, paladar, audição e olfato), sem a utiliza- ção de qualquer artifício ou aparelho, como manchas de sangue, sinais de arrastamento, armas eventual- mente deixadas no local; • VESTÍGIOS LATENTES: necessitam da utilização de técnicas ou aparelhos especiais para serem observa- dos, como manchas de esperma, resíduos provenientes de disparos de arma de fogo, impressões digitais, etc.; • VESTÍGIOS PERENES: são aqueles que não desapa- recem com o tempo, sendo destruídos somente por evento natural incomum e de grandes proporções. Como exemplos, as ossadas, os danos decorrentes de acidentes automobilísticos, mossas, projéteis; • VESTÍGIOS PERSISTENTES: permanecem indeléveis por um longo tempo, permitindo sua análise poste- riormente. Como exemplos, manchas de sangue em tecidos, pêlos, fibras, etc. APLICAÇÃO EM CONCURSO (FUMARC – 2013 – PC-MG – Perito Criminal) Quanto ao referencial de produção, classificam-se os vestígios, EXCETO como: a) Ilusório. b) Forjado. c) Alternativo. d) Verdadeiro. Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. Al- ternativo não! Vejamos: 5 • Vestígios, evidências e indícios 131 – vestígios verdadeiros: é uma depuração total dos elemen- tos encontrados no local do crime, pois somente o são aqueles produzidos diretamente pelos atores da infração e, ainda, que sejam produto direto das ações do cometi- mento do delito em si; – vestígios ilusórios: é todo elemento encontrado no local do crime que não esteja relacionado às ações dos atores da infração e desde que a sua produção não tenha ocorrido de maneira intencional. A presença deste tipo de vestígio é devida principalmente pela falta de isolamento e preser- vação do local; – vestígios forjados: todo elemento encontrado no local do crime, cujo autor teve a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto dos elementos originais produzidos pelos atores da infração. Para os peritos crimi- nais, sempre será mais difícil a constatação e análise de um vestígio ilusório ou forjado, pois terão que adicionar outros exames e análises para que possam chegar a conclusão de que se trata de situações não relacionadas diretamente à ação dos atores da infração; – vestígios propositais: são produzidos com o objetivo de indicar uma qualidade, uma condição, um aviso, uma ad- vertência. Como exemplos têm-se marca de indústria, dis- tintivo de sócio, figura de um crânio humano com duas tíbias cruzadas como sinal de perigo, as placas e sinais de trânsito; – vestígios acidentais: são produzidos involuntariamente pelo agente. São exemplos as impressões digitais, as man- chas de material orgânico, pêlos, cinzas, fibras, sinais de luta, a posição do corpo; – vestígios perceptíveis: são aqueles que podem ser dire- tamente captados pelos sentidos humanos (tato, visão, paladar, audição e olfato), sem a utilização de qualquer artifício ou aparelho, como manchas de sangue, sinais de arrastamento, armas eventualmente deixadas no local; – vestígios latentes: necessitam da utilização de técnicas ou aparelhos especiais para serem observados, como man- chas de esperma, resíduos provenientes de disparos de arma de fogo, impressões digitais, etc.; – vestígios perenes: são aqueles que não desaparecem com o tempo, sendo destruídos somente por evento natural incomum e de grandes proporções. Como exemplos, as Estudo direcionado • Criminalística ALEXANDRE HERCULANO E AMANDA BEZERRA 132 ossadas, os danos decorrentes de acidentes automobilís- ticos, mossas, projéteis; – vestígios persistentes: permanecem indeléveis por um longo tempo, permitindo sua análise posteriormente. Como exemplos, manchas de sangue em tecidos, pêlos, fibras, etc. A idoneidade dos vestígios é fator primordial no contexto de uma perícia, uma vez que poderemos comprometer todo o trabalho e, com isso, estarmos prejudicando o conjunto da in- vestigação criminal e do processo judicial posterior. Entende-se por evidência, quando o expert chega à conclusão, após análise sobre o conjunto dos elementos coletados, que determinado vestígio está ligado, de fato, com o caso em exames, deixando assim de ser um simples vestígio para passar a ser denominado de evidência. APROFUNDANDO A evidência, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, significa: qualidade de evidente, certeza manifesta. (Cf. evidencia, do v. evidenciar.) tornar evidente; mostrar com clareza; comprovar; p. aparecer com evidência; mostrar-se, patentear-se. No conceito da criminalística evidência sig- nifica qualquer material, objeto ou informação que esteja relacionado com a ocorrência do fato. Assim, evidência é o vestígio analisado e depurado, tornando-se uma prova por si só ou em conjunto, para ser utilizada no esclarecimento dos fatos. As evidências, por decorrerem dos vestígios, são elementos exclusivamente materiais e, por conseguinte, de natureza puramente objetiva. Seguindo, o Código de Processo Penal define indício, em seu artigo 239, como sendo: • “Art. 239 – Considera-se indício a circunstância conhe- cida e provada, que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias.” 5 • Vestígios, evidências e indícios 133 Claro que nesta definição legal do que seja indício, estão, além dos elementos materiais, outros de natureza subjeti- va, ou seja, estão incluídos todos os demais meios de prova. Todas as investigações criminais se relacionam com pessoas ou com coisas. Somente pessoas cometem crimes, mas elas invariavelmente o fazem por intermédio de instrumentos. São estas coisas que, juntas, constituem o vasto campo dos vestígios. Assim sendo, podemos deduzir que a evidência é o vestígio que, mediante pormenorizados exames, análises e interpre- tações pertinentes, se enquadra inequívoca e objetivamen- te na circunscrição do fato delituoso. Ao mesmo tempo, in- fere-se que toda evidência é um indício, porém o contrário nem sempre é verdadeiro, pois o segundo incorpora, além do primeiro, elementos outros de ordem subjetiva. Segundo a doutrina se um determinado vestígio após devidamente analisado e interpretado com os resultados dos exames complementares, em conjunto com os dados da inves- tigação policial, tiver uma relação com o fato delituoso e com as pessoas com este relacionadas, este terá se transformado em indício. Para fecharmos essa parte, vamos aos principais vestígios encontrados em locais de crime. A boa técnica pericial deter- mina que o perito deve considerar como vestígio material so- mente o que ele próprio constatar como tal, jamais aceitando que terceiros lhe apresentem possíveis “corpos de delito” que estariam fazendo parte de um local de crime por ele examinado e não constatado no ato. Dependendo do tipo de delito, os locais de crimes po- derão ter conteúdo variado de vestígios, como, por exemplo, nos crimes contra a pessoa, que possuem evidências específi- cas, relacionadas à vítima. Já nos crimes contra o patrimônio, os vestígios apresentados relacionam-se à coisa. Ressalta-se que no local de crime serão pesquisados elementos físicos que Estudo direcionado • Criminalística ALEXANDRE HERCULANO E AMANDA BEZERRA 134 configurarão as provas materiais para a tipificação do delito e a busca de sua autoria, sendo definidos como sendo, os vestígios que determinada ação criminosa deixa. Por outro lado, a importância dos vestígios não se encon- tra adstrita somente ao que eles representam, mas, é de vital importância, também, as posições em que se encontram e suas possíveis relações com outros vestígios, que podem não serem analisados de imediato. Todavia, apesar de ser extremamente evitado modificar o estado das coisas, ocorrem casos em quealgumas medidas destas se fazem necessário, tais como cobrir o cadáver, objetivando impedir que a chuva, ou outra intem- périe destrua vestígios importantes como manchas de fluídos corpóreos ou esfumaçamento. É preciso entender, conforme já mencionamos, que a pri- meira providência dos peritos quando chegam ao local do cri- me é fazer uma observação geral (isso já foi cobrado em prova) e à distância do ponto central (que normalmente é onde está o cadáver), a fim de dividir a área a ser examinada em local imediato e em local mediato, visando a sistematização dos seus procedimentos ao longo de todo o exame naquela área. A perí- cia em local de crime contra a pessoa, o chamado local de mor- te violenta, é uma das áreas da criminalística que mais oferece riqueza de vestígios, capaz de propiciar ao perito criminal um trabalho de desafio ao raciocínio lógico e à metodologia cientí- fica que deve ser aplicada em cada caso. Em um local de crime, as manchas de sangue podem va- riar em volume, tamanho, quantidade, forma de preservação, ligação com outros objetos. As manchas não apresentam um padrão único e isolado dos outros, e devido a isso, sempre exis- te o questionamento sobre o tipo de mancha avaliada e com que tipo de ação a mancha está relacionada. 5 • Vestígios, evidências e indícios 135 Um dos principais vestígios encontrados são as manchas de sangue. O estudo das mesmas é de suma importância e visa, sobretudo, determinar a principio, se realmente se trata de sangue humano, qual é o grupo sanguíneo e o fator RH, cujo exame será efetuado no laboratório criminal, depois de ade- quada colheita procedida pelo Perito, quando do levantamento do local. Cabe, entretanto, exame no próprio local, de aspecto formal da mancha, isto é da forma como se apresenta aderida a uma determinada superfície, a qual pode fornecer detalhes importantes para se estabelecer a possível dinâmica do evento. APLICAÇÃO EM CONCURSO (CEFET-BA – 2008 – PC-BA – Delegado de Polícia) Identifique com V as afirmativas verdadeiras e com F, as falsas. ( ) As manchas de sangue em local de crime não podem ser consideradas como indícios. ( ) A viatura deve ser estacionada o mais próximo possível do cadáver para facilitar o trabalho dos peritos, nos ca- sos de homicídio. ( ) O policial, para verificar se a vítima tem sinais vitais, deve se aproximar por um caminho e se afastar por ou- tro, de modo a garantir a integridade e preservação dos indícios. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a a) V V V b) F F F c) V F V d) F V F e) V V F Comentários: A alternativa B é o gabarito da questão. Po- demos perceber que todas as opções vão de encontro ao que abordei, ok? Primeiramente, sabemos que todos mate- riais (vestígios) encontrados no local de crime não podem Estudo direcionado • Criminalística ALEXANDRE HERCULANO E AMANDA BEZERRA 136 ser descartados. E depois ao analisarem criteriosamente (análise técnica) os peritos podem concluir que tais ob- jetos, ou até mesmo uma mancha de sangue, são indícios de um crime. A viatura não poderá ser estacionada o mais próximo pos- sível do local de crime, pois poderá prejudicar a perícia no local. Ao chegar no local do crime, o policial tem que isolar o local de crime para a preservação daquele, logo, ele não poderá ir por um local e retornar por outro, pois assim "contaminará" mais ainda o local e os peritos ao chegarem é recomendado que utilizem o mesmo local feito pelos policiais, ok? (2015 – FUNIVERSA – SEGPLAN-GO – Perito Criminal) A criminalísti- ca, como uma disciplina que tem por objetivo o reconheci- mento e a interpretação dos indícios materiais extrínsecos relativos ao crime ou à identidade do criminoso, está dire- tamente relacionada à preservação do local do crime. Con- siderando essa informação, assinale a alternativa correta. a) O principal objetivo na preservação de um local de cri- me é evitar o maior número de alterações possíveis, não movendo ou retirando objetos, bem como não adi- cionando elementos que não estavam presentes origi- nalmente no local; a inobservância dos procedimentos adequados de preservação invalida, obrigatoriamente, o local examinado como prova material a ser utilizada pelo Poder Judiciário. b) O objeto de estudo da criminalística são os vestígios materiais encontrados na cena do crime, cabendo ao perito criminal demonstrar técnica e materialmente a existência do fato delituoso, reconstruir o local, a cena do fato em apuração e identificar a vítima; não caben- do a ele a identificação de autores e coautores, mesmo que seja possível a demonstração material por meio de provas técnico-científicas do grau de participação de cada um deles. c) Várias são as causas responsáveis pelas alterações das características dos vestígios, que podem ocorrer na 5 • Vestígios, evidências e indícios 137 forma de contaminações, mudanças químicas, altera- ções de formas, remoções de partes ou adição de ca- racterísticas estranhas; essas causas podem ser dividi- das em naturais, acidentais e propositais. d) A autoridade policial, ao tomar conhecimento de uma infração penal, deve tomar medidas no sentido de pre- servar o corpo de delito, acionando de imediato a equi- pe de perícia externa para esse objetivo. e) O vestígio é definido, no Código de Processo Penal Bra- sileiro, como a circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, con- cluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. Comentários: A alternativa C é o gabarito da questão. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá dirigir-se ao local, providen- ciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais, segundo preco- niza o artigo 6, I, do CPP. Caso o local de crime não esteja preservado, o Perito transcreverá as alterações no laudo e discorrerá sobre as suas consequências neste, sem que, obrigatoriamente, a utilização do local examinado como prova seja invalidada. Vejamos o que diz o parágrafo único do artigo 167 do CPP: “Os peritos registrarão, no laudo, as alterações do estado das coisas e discutirão, no relatório, as consequências dessas alterações na dinâmica dos fatos”. Ao examinar um local de crime, entre as competências do Perito está a identificação de autores e coautores, quando possível a sua demonstração material por meio de provas técnico-científicas do grau de participação de cada um de- les. Todo o estudo começa com a coleta de vestígios na cena, que serão estudados e terão sua importância relatada no laudo, assim como sua ligação com o evento criminoso. Apesar do objeto de estudo da Criminalística serem os ves- tígios materiais encontrados na cena do crime, o Código de processo Penal não traz seu conceito, sendo apenas concei- tuado “indícios”, a luz do artigo 239, como “a circunstância conhecida e provada, que, tendo relação com o fato, autori- ze, por indução, concluir-se a existência de outra ou outras circunstâncias. 6 • Principais vestígios encontrados em locais de crime contra a pessoa 139 6 Principais vestígios encontrados em locais de crime contra a pessoa e em locais de crime contra o patrimônio Dependendo do tipo de delito, os locais de crimes pode- rão ter conteúdo variado de vestígios, como, por exemplo, nos crimes contra a pessoa, que possuem evidências específicas, relacionadas à vítima. Já nos crimes contra o patrimônio, os ves- tígios apresentados relacionam-se à coisa. Ressalta-se que no local de crime serão pesquisados elementos físicos que configu- rarão as provas materiais para a tipificação do delito e a busca de sua autoria, sendo definidos como sendo, os vestígios que determinada ação criminosa deixa. A importância dos vestígios não se encontra adstrita so- mente ao que eles representam,mas, é de vital importância, também, as posições em que se encontram e suas possíveis re- lações com outros vestígios, que podem não serem analisados Estudo direcionado • Criminalística ALEXANDRE HERCULANO E AMANDA BEZERRA 140 de imediato. Todavia, apesar de ser extremamente evitado mo- dificar o estado das coisas, ocorrem casos em que algumas me- didas destas se fazem necessário, tais como cobrir o cadáver, objetivando impedir que a chuva, ou outra intempérie destrua vestígios importantes como manchas de fluídos corpóreos ou esfumaçamento. Podemos citar crimes contra a pessoa e contra o patrimô- nio, no entanto, os mais comuns, ou aqueles que ocorrem com mais frequência, furtos, roubos, latrocínios – roubo; e, as ten- tativas de consumação. O estudo e metodologia dos exames periciais nos locais onde ocorreram tais tipos de crimes, fazem parte de estudo autônomo em face da sua complexidade e cuidados que devem ser observados pelos peritos criminais. Assim, os mais comuns, encontrados em locais dos crimes contra pessoa são: • desconhecidos, drogas, etc.; • pegadas e marcas de ferramentas; • fluidos corporais (sangue, esperma, saliva, vômito); • cabelo e pelos; • armas ou evidência, furos de bala, cartuchos); • agendas telefônicas, documentos eletrônicas e identi-ficadores de chamadas); • sinais de luta; • sinais de violência; • tipos de ferimentos. 6 • Principais vestígios encontrados em locais de crime contra a pessoa 141 Pedras de crack encontradas no bolso da bermuda de vítima de homicídio. Sinais de luta corporal em local de encontro de vítima de homicídio. Já nos crimes contra o patrimônio, podemos encontrar um ou outro vestígio que mencionei acima, por isso vamos estu- dar em conjunto. Entretanto, nos crimes contra o patrimônio, como o próprio nome sugere, são os delitos praticados cuja in- tenção do autor era a de obter vantagem ilícita pecuniária ou patrimonial, por intermédio da apropriação de objetos, bens ou valores. Estudo direcionado • Criminalística ALEXANDRE HERCULANO E AMANDA BEZERRA 142 Além dos crimes tradicionais e mais comuns ocorridos contra o patrimônio, nesta classificação estarão todos os de- mais exames periciais externos, excetuando-se os de acidente de tráfego e os de crimes contra a pessoa. Nessa classificação podemos incluir os casos de arrombamentos; furto ou roubo de veículos; danos materiais; local de lenocínio (prostituição); exercício ilegal da profissão; jogos de azar; exercício arbitrário das próprias razões; maus tratos contra animais; alteração de limites; parcelamento irregular de solo; furto de energia, tele- fone, água e TV a cabo; furto de combustíveis; incêndio, meio- -ambiente, etc. Eis os vestígios, mais comuns, encontrados em locais de crime contra o patrimônio: • impressões digitais; • objetos abandonados; • móveis e objetos desarrumados; • imagens de circuito de TV; • vidros quebrados; • ferramentas e suas marcas de arrombamento; • cartuchos deflagrados; • vestígios biológicos; • marcas de escaladas; • pegadas e marcas de pneus; • marcas de objetos furtados; • depoimentos de pessoas. 6 • Principais vestígios encontrados em locais de crime contra a pessoa 143 Arrombamento de porta de residência. Rompimento de obstáculo
Compartilhar