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DIREITO ADMINISTRATIVO Princípios Administrativos Os princípios clássicos do direito administrativo, que são de observância obrigatória e imediata (eficácia plena), e estão expressos na CF são o famoso: (L) egalidade, (I) mpessoalidade, (M )oralidade, (P) ublicidade, (E) ficiência ● Há ainda os princípios implícitos na CF, que são: motivação, razoabilidade, proporcionalidade, segurança jurídica, supremacia do interesse público e continuidade dos serviços públicos; A inobservância de qualquer um dos princípios (expressos ou implícitos) implicará na nulidade da conduta do agente público. É importante ressaltar que não há hierarquia entre os princípios e que nenhum princípio é absoluto, tendo em vista que todos comportam exceções. Destaque-se, contudo, que a doutrina de Celso Antônio B. de Melo tem entendido que a supremacia do interesse público e a indisponibilidade do interesse público constituem a BASE do regime jurídico-administrativo. Já Di Pietro entende que a base seriam a legalidade e a supremacia do interesse público. Vejamos detidamente cada um dos princípios (expressos e implícitos): 1) LEGALIDADE: Esse princípio, no que tange à administração pública, é bem mais restrito do que quando se volta aos administrados, uma vez que o agente público somente pode fazer aquilo que a lei autoriza. * Esse princípio não retira completamente a discricionariedade do agente, pois a lei não é capaz de prever todas as possibilidades do caso concreto. O conceito de legalidade tem evoluido para o de “juridicidade”, que consiste não só na estrita observância da lei, mas também na dos princípios e demais fontes normativas, de forma que o agente público deve atuar de acordo com o ordenamento jurídico. EXCEÇÃO AO PRINCÍPIO: Celso A. B. Melo ressalta como exceções a medida provisória, o estado de defesa e o estado de sítio, pois MP não é lei, apenas tem força de lei. 2) IMPESSOALIDADE: Esse princípio possui dois vieses, o de que o tratamento com os administrados deve acontecer de maneira isonômica, sem privilégios e o de que o administrador deve agir sem vistas a se promover SE LIGA! Hely Lopes (2004), entende que o princípio da impessoalidade se equipara ao da finalidade; significa que o administrador não pode buscar interesse pessoal ou de outrem, impondo ao administrador a prática exclusiva do ato para o seu fim legal. Impessoalidade e finalidade são expressões sinônimas (impessoalidade = finalidade). Já Celso Antônio (2004) entende que o princípio da finalidade é autônomo. Sendo que o princípio da finalidade busca a vontade maior da lei, busca o espírito desta. Por isso, não se confunde ● O princípio da impessoalidade está intrinsecamente ligado à Súmula Vinculante 13 do STF, que diz respeito à vedação ao nepotismo, que também decorre da moralidade e da eficiência. 3) MORALIDADE: A conduta do administrador deve ser pautada de acordo com a ética, o bom senso e os bons costumes/honestidade, ou seja, não basta só fazer o que a lei manda, é preciso fazer de forma proba e honesta. A moralidade administrativa é PRESSUPOSTO DE VALIDADE de TODO ato administrativo! A inobservância da moralidade administrativa na prática de qualquer ato realizado pelo agente público vai resultar na responsabilização por improbidade administrativa, passíveis das seguintes punições: 1. Suspensão de direitos políticos (cassação não!) 2. Perda da função pública; 3. Indisponibilidade dos bens; 4. Ressarcimento do erário na forma e gradação previstas em lei * IMPROBIDADE NÃO É CRIME. A SANÇÃO É DE CUNHO CÍVEL/ADMINISTRATIVO * 4) PUBLICIDADE: Trata-se do dever de transparência da Administração Pública, de forma que a atuação do agente deve ser transparente e seu conhecimento facilitado ao cidadão. Trata-se de requisito de eficácia e moralidade do ato. As informações devem ser fornecidas ao cidadão na grande maioria das vezes, no entanto, comportará exceção nos casos de: defesa da intimidade ou privacidade do cidadão ou por motivo de segurança da sociedade ou do Estado. As exceções devem ser devidamente fundamentadas ● A Lei n. 8.429/1992, de Improbidade Administrativa, trata como ato de improbidade que viola princípio administrativo aquele em que o agente público se nega a dar publicidade a atos oficiais. Dessa forma, pode resultar para o agente público as sanções do art. 37, § 4º da CF e do art. 12 da referida lei . PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS 1) RAZOABILIDADE: É uma forma de controlar os excessos da administração pública quando atua de forma discricionária. A doutrina tem entendido que razoabilidade e proporcionalidade são sinônimos, no entanto, é possível fazer uma diferenciação pontual da razoabilidade como sendo “bom senso” e da proporcionalidade como sendo a “compatibilidade entre meios e fins”. * Uma conduta razoável/proporcional deve ser: ADEQUADA, NECESSÁRIA e PROPORCIONAL, ou seja, o meio utilizado deve ser apto a atingir determinado fim, a conduta deve ser a menos gravosa aos bens envolvidos e as vantagens daquela atuação deve superar as suas desvantagens. 2) MOTIVAÇÃO: É o fundamento do ato administrativo, o embasamento que o autoriza, devendo ser claro, congruente e explícito. É a exteriorização do motivo (motivo é requisito do ato, motivação não) ● A doutrina fala na Teoria dos Motivos Determinantes: Que significa que quando a Administração Pública indica os motivos para prática de determinado ato, ele só será considerado válido se os motivos forem verdadeiros, se a motivação for falsa, inexistente ou incompatível, o ato será ilegal. ● A motivação deve ser anterior ou concomitante ao ato, caso seja posterior será ILEGAL. ● Todos os atos podem ser motivados, mas nem todos os atos devem ser motivados. Motivação é a regra, mas comporta exceções. JURISPRUDÊNCIA Direito Administrativo. Motivação posterior do ato de remoção ex officio de servidor. – “O vício consistente na falta de motivação de portaria de remoção ex officio de servidor público pode ser convalidado, de forma excepcional, mediante a exposição, em momento posterior, dos motivos idôneos e preexistentes que foram a razão determinante para a prática do ato, ainda que estes tenham sido apresentados apenas nas informações prestadas pela autoridade coatora em mandado de segurança impetrado pelo servidor removido. De fato, a remoção de servidor público por interesse da Administração Pública deve ser motivada, sob pena de nulidade. Entretanto, consoante entendimento doutrinário, nos casos em que a lei não exija motivação, não se pode descartar alguma hipótese excepcional em que seja possível à Administração demonstrar de maneira inquestionável que: o motivo extemporaneamente alegado preexistia; que era idôneo para justificar o ato; e que o motivo foi a razão determinante da prática do ato. Se esses três fatores concorrem, há de se entender que o ato se convalida com a motivação ulterior”. (Precedentes citados: REsp 1.331.224-MG, Segunda Turma, DJe 26/2/13; MS 11.862-DF, Primeira Seção, DJe 25/5/09. AgRg no RMS 40.427-DF, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, julgado em 3/9/2013. INFORMATIVO 529 STJ) A doutrina menciona também a existência da motivação aliunde (per relatione), que é quando apenas há a concordância com os motivos expostos em pareceres, informações (para fixar, as sentenças do judiciário não podem ter esse tipo de motivação, devem pontuar necessariamente a justificativa da decisão) Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: (motivação obrigatória) I – neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; II – imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; III – decidam processos administrativos de concurso ou seleção pública; IV – dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; V – decidam recursos administrativos; VI – decorram de reexame de ofício; VII – deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; VIII – importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de ato administrativo.3) SUPREMACIA DO INTERESSE PÚBLICO SOBRE O PARTICULAR: É considerado um dos pilares do regime jurídico administrativa, tendo em vista que o que se busca com a Administração Pública é a satisfação da sociedade como um todo, devendo o interesse coletivo se sobrepor ao do particular. ● O interesse público se divide em PRIMÁRIO (que é o da coletividade) e SECUNDÁRIO (que é o interesse do Estado como sujeito de direitos). O interesse secundário somente será válido se coincidir com o primário. É partindo desse princípio, da supremacia do interesse público, que decorre o princípio da INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO, que de acordo com Celso Antônio B de Melo, são pilares do regime jurídico-administrativo. Nesse sentido, o agente público não poderá abrir mão de satisfazer os interesses da coletividade na sua atuação. A jurisprudência vem autorizando a arbitragem como forma de solução de conflitos mais ágil envolvendo a Administração Pública e que não fere a indisponibilidade do interesse público, vejamos: JURISPRUDÊNCIA Administrativo. Mandado de segurança. Permissão de área portuária. Celebração de cláusula compromissória. Juízo arbitral. Sociedade de economia mista. Possibilidade. Atentado. – “11. Sob esse enfoque, saliente-se que dentre os diversos atos praticados pela Administração, para a realização do interesse público primário, destacam-se aqueles em que se dispõe de determinados direitos patrimoniais, pragmáticos, cuja disponibilidade, em nome do bem coletivo, justifica a convenção da cláusula de arbitragem em sede de contrato administrativo. 12. As sociedades de economia mista, encontram-se em situação paritária em relação às empresas privadas nas suas atividades comerciais, consoante leitura do artigo 173, § 1º, inciso II, da Constituição Federal, evidenciando-se a inocorrência de quaisquer restrições quanto à possibilidade de celebrarem convenções de arbitragem para solução de conflitos de interesses, uma vez legitimadas para tal as suas congêneres”. (MS 11.308/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09.04.2008, DJe 19.05.2008 4) CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA: Trata-se, respectivamente, da garantia que cada parte goza de se manifestar sobre as provas e alegações produzidas pela parte contrária, bem como da garantia que cada uma das partes tem de usar todos os meios legais disponíveis para provar e defender suas alegações. IMPORTANTE: Os Tribunais de Contas, quando a decisão puder resultar em anulação ou revogação de ato administrativo, deve assegurar o contraditório e a ampla defesa de modo a não prejudicar o administrado, no entanto, há uma exceção: que diz respeito ao registro inicial de aposentadoria, reforma e pensão, nesses casos, não haverá direito ao contraditório e a ampla defesa perante o TCU, tendo em vista que se trata de ATO COMPLEXO (ou seja, trata-se da conjugação de vontade de 02 órgãos) - conforme entendimento do STF. JURISPRUDÊNCIA Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de 5 (cinco) anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. (ou seja, ultrapassados os 05 anos, haverá uma espécie de homologação tácita, o que dispensa o contraditório e a ampla defesa) 5) SEGURANÇA JURÍDICA: Busca trazer estabilidade às decisões e situações jurídicas, ainda que apresentem ilegalidade. Por isso, há a vedação de aplicação retroativa de nova interpretação legal. 6) AUTOTUTELA: É o poder que a Administração Pública tem de controlar os próprios atos, podendo revogar atos legais e anular atos ilegais sem precisar recorrer ao poder Judiciário. ● SÚMULA 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos. ● SÚMULA 473 STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. ** O prazo para anulação de atos ilegais é de 05 anos, salvo comprovada má-fé, tendo em vista que a população não pode ficar à mercê, ad eternum, de possível anulação de ato ilegal (por força da segurança jurídica) 7) CONTINUIDADE DOS SERVIÇOS PÚBLICOS: Via de regra, os serviços públicos essenciais não devem sofrer interrupção a fim de que a população não reste prejudicada. A suspensão somente é permitida em caso EMERGENCIAL ou após AVISO PRÉVIO desde que: i. Motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; ii. Por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade; Desse princípio pode-se extrair a exceção do contrato não cumprido, que é uma cláusula implícita comum nos contratos, inclusive administrativos, no entanto, nos casos envolvendo a Administração Pública, mesmo que esta não honre com a sua parte no contrato, a suspensão somente poderá ocorrer quando os prazos superarem 90 (noventa) dias. 8) PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS: Todo o ato administrativo surge com presunção relativa de legitimidade, ou seja, presunção juris tantum, admitindo prova em contrário. O ato, então, produzirá efeitos normalmente até que seja provada a sua ilegalidade. 9) ESPECIALIDADE: A administração pública, com a adoção do modelo descentralizado e criação da Administração indireta, passou a criar entidades, autarquias, etc, especializadas em matérias específicas visando promover a eficiência da Administração (ex: ANVISA, INSS, IBAMA, etc).
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