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Catarina Viterbo EXAME FÍSICO DA COLUNA LOMBAR Inspeção Paciente deve estar em: posição ereta e despido. Pele - Buscar: ● Cicatrizes, escoriações, equimoses ou hematomas → Cirurgias anteriores ou ferimentos ● Manchas “café-com-leite” → Neurofibromatose, displasia fibrosa e doença do colágeno. ● Tufos pilosos → Espina bífida oculta e diasmatomielia ● Edema ou depressão anormal → Espondilolistese ● Lesões ou manchas na pele, localizadas na linha média → Lesões neurais ocultas ou anomalias do mesoderma. Postura do paciente ● Avaliar no plano sagital ○ Alinhamento da coluna. ○ Postura do paciente em relação a si, das curvas sagitais ○ Aumento ou redução da lordose lombar podem ser causados por problemas na coluna lombar. Ou secundários a deformidades presentes na alteração do quadril ou segmentos mais altos da coluna vertebral. ● Avaliar Plano frontal: ○ Alinhamento vertical da coluna vertebral, ○ Alinhamento horizontal das cristas ilíacas, ○ Simetria do controle lateral da cintura e do ○ Triângulo de Talhe (membros superiores e face lateral do tronco. ● Escoliose → Desvio da coluna. Pode estar relacionado a: ○ Diferença de comprimento dos MMII ○ Contratura em adução e abdução na articulação do quadril ○ Escoliose idiopática ○ Escoliose neuromuscular ○ Escoliose Congênita ○ Processos álgicos da coluna lombar → Hérnias de disco, tumores. (Devido a uma contratura reflexa da musculatura paravertebral) Balanço da coluna vertebral ● Avaliado no plano frontal por meio de uma linha de prumo, apoiada sobre o occipital ou C7. Nos indivíduos normais está no sulco glúteo. Escolioses estruturadas → Idiopáticas, neuromusculares ou congênitas. ● NÃO são corrigidas com manobras na bacia e nos MMII ● Observa-se uma saliência da musculatura paravertebral no lado da convexidade da curva, que corresponde à rotação das vértebras do lado convexo da curva (giba). ● Manobra de Adams: ● Escolioses estruturadas → Giba se torna evidente ● Escoliose não estruturadas → Giba desaparece Escoliose não estruturadas: Encurtamento dos MMII, Doenças do quadril, problemas álgicos. Complementação do Exame da coluna lombar ● Inspeção dos MMII: Procura de deformidades, atrofia muscular, fasciculações, pé cavo e artelhos em garra. Podem ser manifestações de doença na região lombar. Palpação Verificar a horizontalização da bacia : palpar bilateralmente as cristas e espinhas ilíacas póstero e ântero-superiores. ● As cristas ilíacas estão localizadas na região do espaço discal entre L4 e L5, e a espinha ilíaca póstero-superior, em S2. Processos espinhosos → Palpados na procura de pontos dolorosos ou depressões (espondilolistese). Traumatismos vertebrais → A palpação pode identificar lesões dos ligamentos posteriores Musculatura paravertebral → Palpação para identificar contratura muscular, presença de nódulos e tumorações. ● Pontos de gatilhos → Regiões hipersensíveis. Relacionados às síndromes miofasciais. Nervo Ciático → Deve ser palpado desde a nádega até a região poplítea. ● Pode ser lesado por tumores, injeções IM profundas, traumatismos penetrantes. Região anterior ● Musculatura abdominal → Paciente em posição semi-sentada. ○ Observar → Assimetria e fraqueza muscular, que recebe a inervação segmentar. ○ Porção superior → Inervada por T7-T10 ○ Inferior → T11-L1 Promontório Sacral → Pode ser palpado em indivíduos magros, assim como os corpos vertebrais L4, L5, S1, porém com dificuldade. Abdome → Detecção de dor, massas, visceromegalias, frêmitos. Toque retal→ pacientes com dor coccígea ou sintomas relacionados à próstata. Exame da pelve: em mulheres, cujos os sintomas sejam sugestivos dessa região. Movimentos Amplitude ● Muda de acordo com a idade e sofre influência da flexibilidade das articulações e do grau de alongamento ● Flexão: 40-60º ● Extensão: 20-35º ● Inclinação lateral: 15-20º ● Rotação: 3-18º Catarina Viterbo Catarina Viterbo Exame do movimento de flexão do tronco ● Verificar se é possível tocar o solo com as mãos sem que haja movimento nesse segmento vertebral. ● O esperado é que ocorra a inversão da lordose lombar, cuja concavidade inicial em situações normais apresenta forma convexa ao final do movimento. ● Limitação do movimento ou dor → Geralmente, devido a irritação do nervo ciático por hérnia de disco. Podendo aparecer também em entorses, fraturas, infecções e tumores. (Achado não específico) ○ Dor causada pela extensão → não é específica, porém muito ligada a Espondilólise ou espondilolistese ( jovens) e estenose do canal e artrose facetária (idosos) Retorno do movimento após a flexão ● Observar se o paciente retorna de modo suave, ou se inicialmente se estende a coluna lombar e fixa a posição de lordose para, a seguir, realizar a extensão dos quadris até alcançar a posição ereta. ○ Isso pode ser observado nos pacientes com artrose das facetas articulares. Movimento de inclinação lateral ● Aparecimento ou melhora da dor radicular → Relação com a posição do fragmento herniado do disco intervertebral em relação à raiz nervosa. ○ Protrusão do disco lateral à raiz nervosa → piora com a inclinação para o mesmo lado dos sintomas. ○ Protrusão está localizada medialmente à raiz nervosa → ocorre o alívio da dor. Os movimentos devem ser realizados de forma combinada, pois as lesões raramente ocorrem durante a realização de um movimento puro. Combinações mais comuns: flexão lateral e flexão, flexão lateral e extensão, flexão e rotação, extensão e rotação. Teste de Schober modificado → Identifica os que apresentam uma verdadeira limitação de movimento da coluna lombar. Com o paciente na posição ortostática é delimitado um espaço de 15cm (10cm acima e 5cm abaixo do processo espinhoso de L5) ● Positivo → se não ocorrer aumento de pelo menos 6cm na flexão máxima. EXAME NEUROLÓGICO Avaliação da parte motora → Considerar a existência de lesão do neurônio motor superior e inferior. Lesões do neurônio motor inferior ● Primeiro sintoma → compressão do trato corticoespinal, responsável pelos sintomas iniciais da lesão muscular devido a compressão. É um enrijecimento súbito da perna, tropessão sobre pequenas ondulações e dificuldade de caminhar em terreno irregular. ● O paciente refere capacidade de caminhar rapidamente ou interromper a corrida, e clônus espontâneo do tornozelo pode ser relatado como vibração do pé e tornozelo, que aparece ao subir o degrau ou escada. Sintomas da lesão do neurônio motor superior Dependem de velocidade de compressão da medula espinhal, podendo ocorrer no período horas ou dias (tumores) ou de modo insidioso. ● São observados sinais de lesão piramidal que ocorrem em combinações e uma sequência que consiste na alteração dos reflexos (exacerbação dos reflexos abaixo da lesão, ausência do reflexo abdominal superficial, do reflexo cremastérico), alteração do tônus e fraqueza muscular. Sintomas da lesão do neurônio motor inferior → Perda e fraqueza da musculatura e perda dos reflexos locais. Avaliação da sensibilidade ● Exame dos dermátomos (áreas de sensibilidade cutânea inervadas por um determinado segmento muscular) ○ Pesquisa sensibilidade térmica, tátil e dolorosa. Avaliação da força motora ● Exame da força muscular dos diferentes miótomos: grupos musculares inervados por um mesmo segmento da medular. Classificado em graus 0 a 5. Escala de avaliação da força muscular ● Grau 0: ausência de contração muscular ● Grau 1: presença de contração muscular e sem movimento ● Grau 2: movimentos com eliminação da força da gravidade ● Grau 3: movimento vence a força da gravidade ● Grau 4: movimento contra a força da gravidade e alguma resistência ● Grau 5: normal - movimento contra a força da gravidade e grande resistência Teste dos músculos da panturrilha e dorsiflexores do tornozelos ● Observar a ponta dos pés e sobre calcanhares, que testam a musculatura da panturrilha (S1-S2) e os dorsi-flexores do tornozelo (L4-L5) Grupos musculares do membro inferior ● Quadril ○ L2-L3 - Flexão ○ L4-L5 - Extensão ● Joelho ○ L3-L4 - Extensão ○ L5-S1 - Flexão ● Tornozelo○ L4-L5 - Flexão dorsal ○ S1-S2 - Flexão plantar Reflexo adutor ● Pesquisa com a coxa do paciente com discreta rotação externa e com joelhos fletidos. ● Percussão dos dedos colocados sobre os tendões adutores, é possível sentir sua contratura na presença desse reflexo. ○ Mediado pelo nervo obturador e corresponde ao nível L3 Reflexo Patelar Catarina Viterbo Catarina Viterbo ● Percussão do tendão de Aquiles, o normal, responde com a flexão plantar do pé. ○ O ramo tibial do nervo ciático conduz os impulsos nervosos desses reflexos, que corresponde à raiz S1. Reflexo lateral e medial do músculo isquiotibial ● Pesquisado por meio da percussão do tendão medial e lateral desse músculo. ● Corresponde a raiz de S1, e o ramo tibial do nervo ciático conduz os impulsos do reflexo da porção medial do músculo. ○ Ramo fibular do n. ciático → Impulsos da porção lateral. Reflexo cutâneo abdominal ● Pesquisa por meio do toque da pele pelos quadrantes do abd com objeto pontiagudo. ● Esperado → contração do m. abdominal para o lado do quadrante estimulado. ● Ausência bilateral → Lesão no neurônio motor superior ● Ausência unilateral → lesão do neurônio motor inferior de T7 a L2. Reflexo cremastérico ● Relacionado ao neurônio motor superior e testa a integridade do nível T12 (eferente) L1 (aferente). ● Reflexo normal: elevação unilateral do sacro escrotal após estímulo da pele na face interna da coxa. Outros testes para identificar lesões da Medula espinhal → Sinal de mielopatia, como hiperreflexia, clônus e sinal de Babinski. Testes Especiais Objetivo: reproduzir sintomas relacionados ao nervo ciático (dectar doenças da articulação do quadil ou sacroilíaca que possam simular dor na coluna lombar Teste para disfunção neurológica ● Elevação unilateral do membro inferior em extensão, as raízes nervosas que formam o nervo ciático (L5, L1, L2) realizam deslocamento de 2 a 6 mm e estão completamente estiradas entre 60-80º de flexão do quadril. ● MI em extensão → não ocorre deslocamento das raízes L2-L3 e raiz de L4 apresenta pequeno deslocamento. ● Flexão do tronco → provoca deslocamento em direção cranial dos nervos espinais, e esse deslocamento é maior nas raizes de L1 e L2, apresentando redução da direção caudal. ● Raiz L3 não apresenta movimento significativo com a flexão do tronco e quase nenhum movimento ocorre em L4. Positivo → Quando os sintomas radiculares referidos são reproduzidos durante a realização do teste. Teste de elevação do membro inferior Realizado por meio da elevação passiva do MI com joelho mantido em completa extensão. O MI é elevado pelo tornozelo, que permanece em posição neutra e relaxada, e é anotado o grau de flexão do quadril no qual os sintomas aparecem. ● Tensão do nervo ciático → ocorre entre 35 e 70º ● Flexão do quadril→ a partir dos 70º, o estresse localiza-se na coluna lombar. Importante realizar bilateralmente antes de decidir a origem dos sintomas. ● Hipermobilidade do quadril → o teste de elevação do MI, mesmo em presença de doença da raiz nervosa, pode não ser positiva aos 110 ou 120º de flexão do quadril. ● Músculos isquiotibiais ou localizados na coxa → podem ser a origem dos sintomas durante a realização desse teste. O MI pode ser abaixado até a posição que os sintomas desaparecem, e então é realizda a dorsiflexão passiva do tornozelo, o que provoca o reaparecimento dos sintomas quando existe irritação da raiz nervosa. ● Teste de elevação do MI e flexionando-se o joelho cerca de 20º: possível provocar o aparecimento dos sintomas radiculares por meio da aplicação de pressão sobre o nervo tibial na fossa poplítea - sinal de “Bow-string”. Durante a realização do teste deve-se impedir a rotação da bacia (causa flexão da coluna lombar, que pode produzir os sintomas). Paciente sentado ou em decúbito lateral. O quadril e o joelho são posicionados a 90º e a coluna lombossacral na posição neutra. O examinador passivamente estende o joelho até o aparecimento dos sintomas, e o grau de flexão é comparado com o lado oposto. O aparecimento dos sintomas no membro que não tem sintomas é indicativo de grande protrusão do disco intervertebral ou a presença de fragmentos livres do disco intervertebral, em geral localizados medialmente à raiz nervosa, pois o teste causa estiramento das raízes nervosas de ambos lados. ● Útil para localização de hérnias em L4-L5 e L5-S1, e sua ausência não diz que não tenha hérnia. Teste de elevação bilateral dos MMII ● Pode produzir sinais de compressão radicular. ● Realiza-se em ambos MMII pelos tornozelos, mantendo-se os joelhos em extensão ● Causa inclinação superior de pelve e diminui o estiramento dos elementos neurais. ● A dor que ocorre até os 70º de flexão do quadril está relacionada ao esforço da articulação sacroíliaca. ○ Acima 70º → relacionada a lesão da coluna lombar ● Útil para identificar dor psicogênica que referem sintomas com angulação menor do que a observada na unilateral do MI. Teste de estiramento do nervo femoral ● Pode ser realizado com o paciente em decúbito ventral (teste de Nachalas) ● Decúbito lateral e consiste na extensão do quadril com joelho em posição de flexão. ● Décubito ventral → realiza a flexão passiva do joelho até que o calcanhar toque a nádega. ○ O aparecimento de dor na região lombar, nádega ou coxa pode indicar lesão nas raízes L2-L3. Catarina Viterbo Catarina Viterbo ● Decúbito lateral → o paciente é apoiado sobre o membro não afetado, que é levemente flexionado no quadril e joelho. ○ Coluna alinhada para evitar a hiperextensão. ○ Quadril é mantido em extensão de 15º, e o joelho fletido gradualmente desde sua posição de extensão completa. Teste de Brudzinski ● Paciente em decúbito dorsal é instruído a realizar a flexão ativa da coluna cervical ● Teste positivo: a flexão da coluna cervical causa aparecimento dos sintomas e o paciente flexiona o joelho e os quadris para aliviá-los. Teste de Kernig ● Paciente em posção sintoma e com quadril e joelhos fletidos realizada extensão do joelho. ● Positivo → Sintomas aparecem com a extensão do joelho e alividados com sua flexao. Teste de Naffziger ● As veias jugulares são comprimidas de ambos lados por aproximadamente 10 segundos, enquanto o paciente permanece na posição supina. ○ A face do paciente fica ruborizada e é pedido para ele tossir. ● Aparecimento da dor lombar causado pela tosse indica aumento da pressão intratecal. Manobra de Vassalva ● Paciente sentado é solicitdo que a expiração forçada com a boca fechada e o esforço semelhante de evacuar. ● O aparecimento de dor indica aumento a pressão intratecal. Testes de para articulação do quadril e sacroilíaca ● A dor com origem no quadril geralmente causa dor na região inguinal e parte proximal da coxa, enquanto a dor oriunda da estenose de canal vertebral se localiza na fase póstero-lateral, estendendo até o joelho. ● Além disso, se não for suficiente para identificar pode ser realizado o exame neurológico. Sendo necessária a aplicação de anestésico local no quadril para auxiliar no esclarecimento da dor. Articulação Sacroilíaca ● Pode ser responsável pela dor lombar. ● Teste de Patrick ou FABERE (flexão, abdução e rotação externa) ● Manobra de Gaenslen:pode provocar dor oriunda dessa articulação Teste de Patrick ou FABERE ● Realizado na posição supina, com quadril e o joelho flexionados, e o pé apoiado sobre o joelho contralateral. ● Pelve é fiada com uma das mãos, enquanto a outra exerce pressão sobre o membro, sendo o teste positivo quando a dor aparece ou é piorada. Teste de Gaenslen ● Paciente é posicionado em decúbito dorsal com os quadris e joelhos fletidos até a face anterior do tronco. ● Com as nádegas sem contato com a superfície de apoio da mesa do exame, o membro inferiro do lado da nádega sem apio é solto em direção ao solo. ● Positivo → dor na região sacroilíaca Presença de Hoover ● É solicitada a elevação dos MMII com o paciente na posição supina, sustentando-os pelos calcanhares. ○ Normalmente, o paciente realiza força para baixo com membrooposto ao que está elevando. ○ A ausência dessa força para baixo no lado contrário ao da elevação sugere simulação. Teste de Burns ● Paciente fica ajoelhado sobre uma cadeira e solicita que ele apanhe objetos no solo. Sinais físicos não-orgânicos 1. Sensibilidade não-orgânica: presença na região lombar de sensibilidade aumentada ao tato leve, localizada ou ampla, ou sensibilidade profunda disseminada em localização não correspondente com o padrão anatômico. 2. Teste de simulação positivo: aparecimento de dor lombar à compressão axial do crânio ou durante a rotação do ombro. 3. Teste de distração - realização do teste que reproduz testes físicos especiais, mas com atenção do paciente desviada. a. Ex: Realização do teste de elevação do MI com o paciente na posição sentada, simulando-se o exame físico do joelho. 4. Distúrbios regionais: envovem anormalidades motoras ou sensitivas em múltiplas regiões, que não podem ser explicadas com base anatômica. 5. Hiper-reação durante o exame: é o sinal estaticamente mais importante entre os sinais não-orgânicos, representado pela verbalização desproporcional dos sintomas, expressão facial inadequada, tremores, desmaio e sudorese. Catarina Viterbo Catarina Viterbo Catarina Viterbo
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