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Moviment� d� Psicologi� n� Sécul� XX PERSPECTIVA E ZEITGEIST Leonardo Bo�, uma palavra atende ao nosso propósito inicial: Perspectiva. Fundamentalmente, em perspectiva, buscamos compreender a complexidade dos fenômenos humanos, as pessoas e, também, os eventos históricos da Psicologia. Uma ciência não se desenvolve no vácuo, ela usa a tecnologia disponível de sua época e tenta dar respostas às perguntas que são feitas. A tecnologia está mais avançada no século XXI. Podemos dizer que, atualmente, os filósofos e os cientistas podem fazer perguntas mais complexas. Não é recomendado julgar e/ou refutar um dado histórico se você estiver pensando com a cabeça do século XXI, a partir de suas ideias preconcebidas e do que você acha certo ou errado, ou seja, do seu sistema de crenças, de sua perspectiva, eventualmente, nutrida pelo senso comum, pelo conhecimento popular que não tenha sido testado e analisado pelo método da Filosofia ou da ciência. Segundo Schultz, é necessário um distanciamento: ou seja, afastar-se momentaneamente do seu sistema de crenças e também do seu conhecimento do século XXI. Compreenda a perspectiva e o Zeitgeist do momento histórico que estiver estudando. Em ciência, não existe o óbvio. Tudo precisa ser investigado e evidenciado. Em ciência, algumas vezes, para acertar é necessário errar. É a partir dos erros que alguns pesquisadores ficam inquietos, buscam evidências válidas e fidedignas para refutar o erro e alcançar evidências de maior qualidade. Os erros são tão relevantes quanto os acertos. A Frenologia é uma pseudociência, mas, em 1796, o alemão Franz Joseph Gall (1758-1828) exerceu influência na Psicologia e na psiquiatria com essa teoria. Com a Frenologia, Gall acreditava ser possível estudar as aptidões mentais analisando o tamanho e o formato do crânio. Por muitos anos, o tamanho e o formato do crânio de Gall e de outros estudiosos da Frenologia foram considerados, por eles mesmos, o padrão de excelência e um exemplo do melhor da espécie humana. Atualmente, essa ideia é um absurdo. No entanto, não podemos achar que esse conhecimento seja inútil, pois, em ciência, não chegamos a conclusões simplesmente por pensarmos que algo é obviamente verdadeiro ou falso. Não existe raça superior, o melhor tratamento para o doente mental não é ser descartado em um hospício e a orientação sexual de uma pessoa só importa a ela mesma. A Psicologia Científica é autônoma e não se confunde com dogma religioso. Várias estratégias vêm sendo desenvolvidas a partir de erros e acertos, para promovermos tolerância, compaixão, autocompaixão, saúde, e bem-estar físico e emocional. Buscamos os acertos e as evidências científicas, bem como caminhos mais éticos, humanizados, integradores. Mas, para acharmos a ética, em algum momento da história, foi necessário perdê-la. Para achar nossa humanidade, em algum momento da história, foi necessário nos depararmos com práticas desumanas. Para chegarmos às estratégias e ao manejo que promovem inclusão, foi necessário que vivenciássemos as consequências econômicas, sociais, éticas e políticas das práticas segregacionistas. A história da Psicologia como ciência demonstra como essa área tem sido importante: ● Para a escola, compreenderem o desenvolvimento humano e determinarem melhores estratégias de aprendizagem. ● Para organizações e instituições desenvolverem melhores práticas na gestão de pessoas. ● Para psicoterapia, para avaliação psicológica, neuroPsicologia, entre outras possibilidades de atuação do psicólogo e da psicóloga. Os eventos históricos são fundamentais para evitar equívocos e não repetir algumas práticas que trouxeram mais confusão do que solução. A Psicologia como ciência e profissão, no Brasil do século XXI, tem sido posicionada de modo a evitar os erros da história, buscando o caminho do bem, promovendo os direitos universais humanos, a inclusão, a tolerância, a ciência, mas sabendo que: todo ponto de vista é a vista de um ponto . A história da Psicologia está imersa na história do desenvolvimento do pensamento humano, na história da Filosofia: é assim que a Psicologia se organiza. Até certo ponto, a história da tradição filosófica é a história da Psicologia. Isso inclui o período da Grécia Antiga com os mitos gregos, a exigência racional com Tales de Mileto, Pitágoras, Heráclito e Parmênides, Sócrates, os Sofistas, Platão, Aristóteles. A Filosofia aborda o objeto que deseja conhecer por intermédio da razão, da argumentação (indutiva e dedutiva), da lógica, da retórica. Esses métodos são necessários para questionar o que é o conhecimento, os tipos de conhecimento, o que é verdadeiro nesse conhecimento. A Filosofia também se ocupa das falácias do conhecimento, ou seja, dos erros da argumentação filosófica, mas que convencem e enganam. Uma falácia do conhecimento sempre vem disfarçada de boas intenções e, eventualmente, confirma ideias do senso comum, confirma os desejos e as opiniões de algumas pessoas, e por isso convence os mais ingênuos. O papel da Filosofia, de apontar as falácias do conhecimento, é fundamental para nossa civilização, ➔ Mecanicismo: pela qual todos os fenômenos se explicam pela causalidade; pela discussão dos Racionalistas (tese) e dos Empiristas (antítese) e pela síntese do filósofo Immanuel Kant, no século XVIII. René Descartes (1596-1650). A publicação relevante para nossa discussão é de 1637: Discurso sobre o método para bem conduzir a razão na busca da verdade dentro da ciência. A Origem das Espécies (1872), livro publicado por Charles R. Darwin (1809-1882), abordou o desenvolvimento filogenético das espécies, incluindo a espécie humana. Isso aproxima os seres humanos de outras espécies que habitam o planeta em uma corrida por adaptabilidade e sobrevivência. Os filósofos especularam sobre o funcionamento da mente humana, com o intuito de determinar por meio de quais processos o conhecimento é produzido. John Locke concebeu a mente como uma espécie de folha em branco, ou tabula rasa, onde a experiência sensorial deixava suas impressões, assumindo, assim, que não havia pressupostos preestabelecidos, tanto para o pensar quanto para o agir. René Descartes e Gottfried Leibniz (1646-1716), posicionavam-se que havia funções da consciência humana que não poderiam ser resultado da mera experiência sensorial, como as categorias do pensamento, o mecanismo das inferências lógicas, a noção de causalidade e o sentido do propósito. Independentemente do mecanismo, para os pensadores iluministas, a especulação precedente abriu uma porta para o funcionamento da mente humana que não poderia mais ser fechada. O debate sobre o mecanismo racional envolvia desde a ideia de que uma porção “divina” nos oferecia o sentido da verdade, do belo e do correto, até uma crítica necessária da “Razão Pura”, empreendida por Immanuel Kant. Outros pensadores afirmaram ainda que as ideias deviam seu processo de construção às dinâmicas sociais, interpretações e relações do sujeito com o meio. Hegel (1770-1831) defende que os seres humanos constroem e reconstroem os seus conceitos. Seja em expedientes sociais, seja nas concepções artísticas, para Hegel, esse processo deve ser descrito como uma espiral constante. As sociedades – e os indivíduos que nelas vivem – estão sempre ancorados em teses, naturalizadas em seu cotidiano e assumidas como verdadeiras. Entretanto, no processo histórico, essas teses são constantemente contrastadas, negadas, enfrentadas, e desse enfrentamento, entre tese e antítese, emerge sempre algo novo, uma síntese (por isso espiral), que, posteriormente, será consolidada no meio social, tornando-se a tese então vigente. INFLUÊNCIA DA PSICOFÍSICA Toda ciência precisa de uma base filosófica consistente para operar: bases epistemológicas. A inovação dos psicofísicos é empregar o método experimental para estudar uma Psicologia Sensorial buscando evidências empíricas por meio do método experimental e de resultados reprodutíveis. A teoria da evolução das espécies, os avanços da Fisiologia experimentalcom os psicofísicos, correlacionando nosso aparato sensorial à mente humana, a rigor, aos estados conscientes dessas sensações. Para compreender o plano de fundo e o Zeitgeist do século XIX, é preciso considerar que os métodos das ciências naturais estavam em alta, e a Psicologia precisava seguir esse caminho. A Fisiologia foi uma resposta possível. O espírito metódico e rigoroso dos pensadores alemães construiu o ambiente propício para o desenvolvimento de uma Fisiologia experimental. Nesse contexto, o conhecimento científico era considerado a via mais segura para se construir um conhecimento verdadeiro. ORIGENS E CIENTISTAS Na Psicologia, considerando a segunda metade do século XIX, as primeiras medidas não eram de natureza psicológica, mas Psicofísicas – uma Psicologia Sensorial. Essa influência da Fisiologia, por meio das primeiras medidas Psicofísicas, buscava as regularidades e os padrões da nossa Fisiologia,ou seja, o geral, não o particular ou as singularidades. Wilhelm M. Wundt (1832-1920) Foi esse pesquisador que, em 1879, delimitou em seu laboratório, fundado na Universidade de Leipzig, na Alemanha, o Psychologische Institut (Instituto Psicológico). Wilhelm M. Wundt Outros psicofísicos precederam o primeiro laboratório de Psicologia e trabalharam juntos (ou separados) a Wundt. Lembre-se de que uma ciência não se desenvolve no vácuo, mas em um continuum de acúmulo de conhecimento e tecnologia. Ernst Weber (1795-1878) Desenvolveu estudos para discriminar a distância tátil perceptível entre dois pontos (limiar de dois pontos), ou seja, a relação de uma estimulação física (sensação) e uma percepção (mental). Gustav Theodor Fechner (1801-1887) suas primeiras contribuições para as ciências tenham se desenvolvido nos campos da matemática e da física. Posteriormente, devido a uma crise pessoal e influenciado pelo filósofo alemão Friedrich. Schelling (1775-1854), passou a interessar-se por questões psicológicas e religiosas. Gustav Theodor Fechner Fechner demonstrou que o mundo mental e o mundo material estão relacionados quantitativamente; e que se pode medi-los. Hermann von Helmholtz (1821-1894) Foi pioneiro em medir a velocidade do impulso nervoso, de uma estimulação sensorial tátil até a resposta, ou seja, o movimento motor resultante. Para a Psicologia, isso foi importante na ideia de que o pensamento e o movimento se seguem um ao outro, e o intervalo entre um pensamento e um movimento resultante poderia ser medido. Wundt prosseguiu usando o método experimental, mas diferentemente de seus antecessores e contemporâneos, estava mais focado em delimitar o campo da nova ciência (Psicologia) e o seu objeto de estudo (consciência). Buscou definir a consciência e descrever o caráter de seus elementos básicos. A maneira de estudá-la foi a introspecção, ou seja, a observação da experiência consciente. Uma forma de auto-observação guiada. O exame do próprio estado mental. Alguns pesquisadores seguiram Wundt, mas outros o contestaram, desenvolvendo uma Psicologia não wundtiana: Hermann Ebbinghaus(1850-1909) estudou a aprendizagem e memória (funções superiores). Franz Brentano(1838-1917) fez uma distinção entre o conteúdo mental e a atividade mental. 1. Estudamos eventos históricos que estão no alicerce da Psicologia como uma ciência e uma profissão. Quais cuidados devemos ter, para estudar determinado conteúdo da nossa história, para torná-lo útil e significativo no tempo presente: R: Usar o método filosófico para evitar as falácias do conhecimento e o método científico para coletar evidências. 2. A Psicologia Científica é do século XIX e rompe com a Filosofia para delimitar-se como uma ciência. Evento que é um marco de 1879 com Wundt fundando o primeiro laboratório de Psicologia Experimental. Analise essa afirmação e responda: R: Afirmativa errada. A Psicologia Científica amplia a abordagem dos fenômenos psicológicos pelo método experimental, mas não rompe com a Filosofia. Módulo 2 ESTRUTURALISMO Em 1896, nos Estados Unidos, o britânico Edward B. Titchener (1867-1927), discípulo de Wundt, divulgou um projeto diferente do de seu professor, em termos epistemológicos. Titchener e seus colaboradores identificaram mais de 40 mil qualidades e sensações, e afirmavam que cada elemento era consciente e poderia ser combinado para formar percepções e ideias. Esses elementos eram determinados pela qualidade, intensidade, duração e nitidez. Todos os processos conscientes e perceptuais poderiam ser reduzidos a esses elementos que, em última análise, são os átomos do pensamento. O reducionismo de chegar ao átomo do pensamento era uma exigência do Zeitgeist – aproximar a Psicologia das ciências naturais e do espírito positivista. Titchener treinou vários observadores a descrever o seu estado consciente em vez de descrever o estímulo, por intermédio de uma introspecção experimental sistemática. (Maçã). FUNCIONALISMO William James (1842-1910) l foi um representante da escola do pragmatismo e do Funcionalismo. James não estava interessado nos átomos do pensamento, mas na experiência imediata que um objeto impunha à consciência, ou seja, um fenômeno. James acreditava que uma alteração fisiológica no organismo levaria a uma emoção, ideia que foi corroborada em um estudo independente pelo fisiologista Carl G. Lange (1834-1900), psicólogo dinamarquês. Na perspectiva desses autores, não experimentamos uma emoção se não houver uma alteração fisiológica no organismo. Assim, o corpo reagiria de modo diverso aos eventos ambientais causadores de emoções, e as experiências emocionais nada mais seriam do que uma tentativa de dar sentido à alteração no organismo. Os funcionalistas sofreram influência da teoria da evolução das espécies e estavam mais interessados no papel adaptativo da consciência, dos hábitos, da emoção, ou seja, em suas respectivas funções. Para os funcionalistas, isso era mais válido e pragmático do que investigar o conteúdo da consciência em termos estruturais. UMA HISTÓRIA À PARTE Sigmund S. Freud Freud também apresenta sua teoria sobre o desenvolvimento psicossexual (fase oral, anal, fálica, período de latência, genital). Lembra-se de quando abordamos o tópico perspectiva e Zeitgeist? Nesse aspecto, do desenvolvimento psicossexual, a Psicanálise é mal compreendida por leigos e pelo senso comum. De maneira geral, uma teoria do impulso, como compreensão do funcionamento humano, concentra-se em explicar como o nosso comportamento mantém o organismo em equilíbrio. A experiência psicológica de um desequilíbrio interno seria um impulso, ou seja, o “energizador” do comportamento. Por exemplo, a sede é um desconforto psicológico para a necessidade de ingestão de líquidos. As teorias do impulso explicam comportamentos e são focadas nas causas, em nosso funcionamento interno, na Fisiologia e/ou na estrutura da nossa mente. Freud descreverá minuciosamente esses mecanismos de defesa. Ele elenca três estruturas do aparato psicológico humano que vivem em uma interação dinâmica e, digamos, medindo forças: id, ego e superego. A produção intelectual da Psicanálise, inicialmente, foi direcionada para a saúde mental e para o tratamento clínico de enfermidades mentais. Uma inovação para a época. Durante o século XX, a Psicanálise foi empregada de maneira mais ampla para compreender diversas manifestações humanas, uma vez que se constitui como uma teoria da personalidade e do desenvolvimento humano. Carl Gustav Jung (1875-1961) O seu sistema é conhecido como Psicologia Analítica que é aplicada na psicoterapia, em saúde mental e na avaliação da personalidade. A tipologia de Myers-Briggs (classificação tipológica de Myers-Briggs) é um instrumento padrão-ouro para avaliação da personalidade (MBTI). Outro teste que é amplamente utilizado no Brasil é o Questionário de Avaliação Tipológica (QUATI). Ambos os recursos são de uso restrito do psicólogo e da psicóloga. BEHAVIORISMO (COMPORTAMENTALISMO) O Behaviorismo, tem como objeto de estudo a análise científica dos comportamentos humano eanimal. Busca descrever as circunstâncias relevantes para que um comportamento seja instalado no repertório comportamental de uma pessoa e o que é preciso para modificar esse comportamento, quando necessário. Desse modo, é possível evidenciar por que determinada pessoa se comporta dessa ou daquela maneira, os motivos de alguma decisão, e prever e alterar os possíveis comportamentos futuros. O Behaviorismo foi um protesto contra a Psicologia Wundtiana, a consciência como objeto de estudo e a introspeção como um método. Em 1913, John Broadus Watson publicou o artigo A Psicologia como um behaviorista a vê, no qual expõe os principais posicionamentos científicos da Psicologia Comportamental. Watson propõe defini-la como uma ciência do comportamento, já que esta é fisicamente observável: é possível ver as pessoas andarem, comerem, conversarem, mas é difícil observar seus pensamentos e sentimentos. Crítica feita pelos behavioristas: “como, porque sinto fome”. Se a fome é resultado da privação de comida, pode-se desconsiderar a causa mental, os pensamentos, a sensação, porque não é possível estudar os eventos só acessíveis pela introspecção. A tese do Behaviorismo é sepreocupar somente com os fatos naturais, facilmente mensuráveis. Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) recebeu influência de Watson e Thorndike e estabeleceu a distinção entre o Behaviorismo radical e o metodológico, além de descrever a aprendizagem por contingência (probabilidade de um evento ser causado por outro; relação entre eventos ambientais). Skinner buscava descrever contingências, como elas ocorrem e são mantidas. Na perspectiva desse autor, o cérebro é um depositário de contingências, ou seja, armazena nossas experiências e os padrões do nosso repertório comportamental. PSICOLOGIA DA GESTALT A Psicologia da Gestalt é uma importante perspectiva da Psicologia. Foi crítica à Psicologia Wundtiana; à Lei do Efeito, de Thorndike (1874-1949), nos Estados Unidos; e à Psicologia do Reflexo, de Pavlov (1849-1936), na Rússia. As principais personalidades desse movimento foram: Max Wertheimer (1880-1943); Kurt Ko�ka (1886-1941); Wolfgang Köhler (1887-1967). Os gestaltistas aceitavam a consciência, mas negavam-se a aceitar que o seu estudo acontecesse pela busca de seus elementos. Max Wertheimer foi o precursor da Psicologia da Gestalt, sendo o principal fundador desse movimento. Em 1912, descreveu o movimento Phi, um fenômeno que demonstrou as propriedades da percepção humana e serviu de base para a tese inicial da Gestalt se opor a outros sistemas teóricos. Ao demonstrar uma ilusão, ou seja, um movimento aparente, os gestaltistas constataram que a consciência, a percepção do movimento, não poderia ser analisada a partir dos seus elementos sensoriais, premissa da Psicologia de Wundt. Como o movimento aparente não é real, não possui os dados sensoriais concretos de um movimento. A Psicologia da Gestalt também criticou a ideia de que a percepção seria a soma de elementos básicos, tese atomista defendida por Wundt. Os cientistas defendiam que uma percepção não dependia de processos mentais superiores ou de aprendizagem, mas os dados da percepção estavam presentes no próprio estímulo apreendido pela percepção, em um todo, não no somatório de partes elementares. A TERCEIRA FORÇA DA PSICOLOGIA: HUMANISMO O Humanismo é um movimento, uma perspectiva teórica da Psicologia, do início da década de 1960. Todas as perspectivas analisadas até aqui têm por base uma doutrina filosófica – o Determinismo, O Humanismo evidencia outra doutrina filosófica: o livre-arbítrio, que preconiza que as pessoas dirigem seus atos de modo consciente, independentemente de determinações psíquicas, cognitivas ou ambientais. O objeto de estudo dos interesses e valores humanos. Os humanistas se opunham ao mecanicismo e ao materialismo da cultura ocidental da época. As escolas com as quais os humanistas rivalizavam eram o Behaviorismo e a Psicanálise; Entre muitas influências, destacamos Gordon Allport (1897-1967), utilizou a expressão Humanismo de forma pioneira, em 1930. Além de Allport, as principais referências da terceira força da Psicologia são: Kenneth B. Clark (1914-2005), militante dos direitos civis e representante do Zeitgeist da época – mesmo que não associado diretamente ao movimento do Humanismo; Abraham Maslow (1908-1970); Carl Rogers (1902-1987). Abraham Harold Maslow foi um precursor do movimento da Psicologia Humanista. Defendia a capacidade de autorrealização de cada pessoa e criou a famosa pirâmide de necessidades. Embora seja uma teoria muito criticada dentro da Psicologia e careça de evidências para generalizar diversas populações, é amplamente utilizada, principalmente, em treinamentos para o desenvolvimento de pessoas. Na perspectiva desse autor, todos temos tendência a buscar uma realização pessoal, que só é alcançada quando atingimos as prioridades dos degraus da pirâmide, da base para o topo. 1. Estudamos inúmeros sistemas teóricos da Psicologia, que surgiram por divergências do objeto de estudo e do método empregado para estudá-lo. Das alternativas abaixo, identifique aquela que caracteriza o Behaviorismo.] R:Uso da observação sistemática e do método experimental para descrever as circunstâncias em que um comportamento ocorre e modificá-lo, se necessário. 2. A frase “O todo é mais importante que o somatório das partes” expressa uma reflexão que nos é dada pela Psicologia da Gestalt, no estudo da consciência e da percepção. Analise as sentenças abaixo e identifique aquela que melhor expressa os argumentos que defendem essa ideia. R: Evidências de um experimento que demonstrou que um movimento aparente não era real e que não podia ser compreendido por teses atomistas, pois o fenômeno simplesmente acontecia e não podia ser explicado, mas era apreendido pela consciência. Módulo 3 O senso comum, quando utiliza a expressão “é psicológico”, tipicamente está fazendo menção a algo que é inventado e/ou uma frescura e/ou que podemos mudar se tivermos força de vontade. Força de vontade não é um construto que explica um comportamento motivado – essa é uma visão equivocada do senso comum. Vamos aprender que tudo é psicológico do ponto de vista da Psicologia Cognitiva (científica). CONCEITO E PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA COGNITIVA pode ser definida como uma área de conhecimento que analisa os processos internos implicados na forma como as pessoas extraem sentido do ambiente – interno (fisiológico) e externo (cultura) – e decidem quais ações são apropriadas. Estuda a atividade e a estrutura do cérebro para compreender a cognição e o comportamento humano. A investigação dos processos cognitivos inclui: ➔ ATENÇÃO ➔ PERCEPÇÃO ➔ APRENDIZAGEM ➔ MEMÓRIA ➔ MOTIVAÇÃO ➔ LINGUAGEM ➔ RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ➔ RACIOCÍNIO ➔ PENSAMENTO Existe diferença entre a Psicologia Cognitiva aplicada à clínica, seus métodos e objetos de estudo, e a Psicologia Cognitiva enquanto um sistema teórico da Psicologia. A perspectiva teórica vai explicar o psicológico como um todo, definir e descrever os processos cognitivos, Tudo é psicológico, e chamamos esse tipo de trabalho de reestruturação cognitiva, ou seja, ensinar uma pessoa a reinterpretar eventos e utilizar essas informações para motivar comportamentos mais adaptados e funcionais em suas vidas, ou seja, buscar qualidade de vida e bem-estar. ● Ensinar a pensar diferente sobre si próprio (o eu, o ego). ● Ensinar a pensar diferente sobre o mundo (as pessoas e os acontecimentos) ● Ensinar a pensar diferente sobre o futuro Afinal, o que é interpretar e decidir? A forma como decidimos as ações que são apropriadas e/ou simplesmente como agimos, nos comportamos e/ou interpretamos os eventos depende de nossa evolução ontogenética (Trata-se do ciclo da vida, do ciclo de desenvolvimento do organismo ao longo da vida, desde o desenvolvimento embrionário). Um esquema cognitivo pode ser positivo ou negativo, adaptado ou desadaptado. Se seu padrão de respostas está desadaptado ao meio e/ou com respostas (comportamentos)muito exacerbados, a Psicologia clínica pode ajudar. Sabe o porquê? Tudo é psicológico, e podemos mudar algumas coisas – outras não, e há aquelas de difícil mudança. A visão é monista, ou seja, não dualista (mente-corpo). Trata-se de uma visão integrada e holística. Falar da mente, do psicológico, ou do cérebro é falar da mesma coisa com vieses diferentes. Exemplo: tomar uma medicação para depressão resulta em mexer na bioquímica do cérebro regulando algo que estava em desequilíbrio. Fazer psicoterapia (Psicologia clínica) também mexe com essa bioquímica do cérebro regulando algo que estava em desequilíbrio. A psicoterapia resulta em plasticidade neural. Trata-se da mudança do sistema nervoso em decorrência dos eventos da vida, da experiência, do comportamento. Podemos pensar a plasticidade neural por dois vieses básicos: estrutural, por conexões sinápticas; ou funcionais, que se traduzem por mudanças no comportamento e/ou no perfil cognitivo. ● Em um aspecto físico (mapeamento neurológico). ● Em um aspecto psicológico (sensopercepção, atenção, pensamento, memória, volição, emoções, sentimentos etc.). ● Em um aspecto ambiental/funcional (mapeamento cultural, socioeconômico etc.). Busca delimitar uma área de conhecimento, definir construtos, construir e testar hipóteses, elaborar teorias que possam descrever os fenômenos. CIÊNCIA APLICADA Utiliza as diversas formas de conhecimento e a ciência básica para encontrar soluções para a vida das pessoas. As teorias de uma ciência aplicada são construídas com um viés de prática, ou seja, em nosso caso, no fazer do(a) psicólogo(a). No escopo da Psicologia Cognitiva básica, surgem teorias da linguagem, da memória, da atenção, da percepção etc., ou seja, o que chamamos de processos cognitivos básicos. A Psicologia Cognitiva estuda, principalmente, alguns construtos que explicam como nos motivamos (comportamentos motivados), como criamos (criatividade), resiliência, autoeficácia, crenças, entre outras variáveis que exercem influência em nosso comportamento. O ano é 1956... Esse foi um ano de grande relevância para coroar o movimento da Psicologia Cognitiva. O cientista cognitivo Noam Chomsky fez uma exposição sobre uma teoria para a linguagem (um processo cognitivo) para o famoso e internacionalmente conhecido Massachusetts Institute of Techonology (MIT). Nessa mesma ocasião, George Miller (1920-2012) apresentou o que ficou conhecido por o mágico número 7 na memória de curto prazo (outro processo cognitivo) e Newell (1927-1992) e Simon (1916-2001) expuseram seu modelo de solução de problemas (General Problem Solver), precursor do desenvolvimento de programas de inteligência artificial. No fim dos anos 1950 e na década de 1960, os sistemas clínicos (ciência aplicada) começam a ganhar forma, e surgem as terapias cognitivas. A tradição filosófica tratou do tema do funcionamento da mente, da consciência, com base em seus métodos, que fundamentalmente englobam o manejo da palavra, a elaboração de ideias, a lógica, a dialética, mas não a experimentação. A ilustração a seguir demonstra o desenvolvimento da Psicologia Cognitiva: A Psicologia Cognitiva resgata a história do estudo da mente que foi negligenciada pela força do Behaviorismo como um sistema teórico dentro da Psicologia. Para entender o Cognitivismo, é necessário compreender a história da Psicologia. Edward Chace Tolman (1886-1959), tentou superar o monismo materialista de Watson (pensamento com hábito). De certa forma, esse autor estabelece os alicerces para o Cognitivismo, pois afirma que aprendizagem não é mudança no comportamento, mas aquisição de novos conhecimentos/cognições. Apresenta as definições de um comportamento intencional – tal intencionalidade, embora existente, é um evento particular ao organismo, uma variável interveniente, e não estaria ao alcance dos instrumentos objetivos da ciência. As contingências behavioristas baseadas na obra do Watson eram respondentes, em outras palavras, um estímulo que gera uma resposta, podendo ser representada da seguinte maneira: As contingências operantes baseadas na obra do Burrhus Frederic Skinner (1904-1990) eram de três termos, um estímulo discriminativo (Sd), um comportamento (R) e uma consequência (S). nas contingências behavioristas (respondentes e operantes), a relação entre um estímulo e uma resposta é direta, não mediada. Nesse modelo teórico, o sistema nervoso era visto como um depositário de contingências, passivo, que apenas codificava em uma linguagem neural (eletroquímica) e armazenava as experiências. Uma vez diante de um estímulo eliciador ou discriminante, gerava uma resposta – de fato, “uma tábula rasa”. A inovação do Cognitivismo foi buscar compreender as operações internas do organismo, ou seja, estudar o efeito dos processos cognitivos e como esses medeiam comportamentos. O cérebro, no Cognitivismo, é ativo, coordena e faz a mediação de comportamentos. Para o Behaviorismo, o importante não é saber o que causa os comportamentos, mas explicar e descrever em que circunstâncias eles acontecem. O Cognitivismo quer compreender o que causa um comportamento, quais as fontes de um comportamento motivado, por exemplo, a criatividade, a arte etc. Na atualidade, são sistemas teóricos que se complementam. 1. Imagine que um individuo tenha motivação para a arte, a corrente que busca compreender as causas dessa motivação é chamada de: R: Cognitivismo O método das Neurociências As Neurociências buscam evidências de como a interação de áreas no cérebro resultam em cognição, uma vez que apenas apontar uma localização (blobology) está caindo em desuso, e até os modelos computacionais estão buscando correlações com o cérebro. Nas Neurociências, vamos encontrar as evidências científicas que são levantadas pelo uso da tecnologia, especialmente o uso de técnicas de neuroimagem, que são capazes de demonstrar atividades em regiões e circuitos do sistema nervoso central, durante um processamento sensorial, motor ou cognitivo. Veja a seguir como o sistema dorsal, o sistema ventral e a amígdala influenciam as respostas comportamentais: SISTEMA DORSAL composto por hipocampo, regiões dorsais do cíngulo anterior e córtex pré-frontal. Esse sistema está relacionado à regulação dos estados afetivos, eliciando respostas comportamentais contextualmente apropriadas, e também está relacionado à cognição (memória e atenção). SISTEMA VENTRAL O sistema ventral é composto por circuitos envolvendo amígdala, ínsula, corpo estriado ventral, regiões ventrais do cíngulo anterior e córtex órbito-frontal. É um sistema que está relacionado às etapas de identificação do significado emocional de estímulos e de produção dos estados afetivos. Esse sistema também recebe aferências de áreas sensoriais primárias e de associação. AMÍGDALA A amígdala estimula respostas automáticas diante de um evento ameaçador, por exemplo: ativação do sistema nervoso simpático estimulando o núcleo hipotalâmico lateral; estimulação do núcleo paraventricular do hipotálamo para liberação de hormônios de estresse; e estimulação do nervo facial trigêmeo para expressão facial de medo. Richard J. Davidson, em seu livro, mostra os resultados de uma pesquisa que indicam que o temperamento típico observado em crianças, quanto a características típicas de uma inibição ou ativação comportamental em situações de desempenho, não é permanente em um indivíduo. Mesmo com as divergências, a discussão de tais sistemas (ativação e inibição) envolve aspectos muito interessantes das bases neurobiológicas da personalidade e dos sistemas cognitivos, no que se refere ao processamento e às interpretações dos eventos que nos circundam. Se tais características são permanentes ou podem variar no desenvolvimento da pessoa é outra análise. O método da Psicologia Cognitiva (pesquisa básica): Diversos são os métodos que podemos identificar, com e sem o uso de tecnologia. Optamos por apresentar uma metodologia de baixo custo e que é responsável por grandes paradigmas da Psicologia Cognitiva quanto às etapasde processamento da informação e do planejamento de uma resposta (comportamento). Trata-se da cronometria mental. A cronometria mental é utilizada para construir modelos do processo cognitivo. Podemos discutir por meio de tarefas se a informação tem um processamento serial, ou seja, uma etapa cognitiva é concluída antes de outra começar, ou um processamento em paralelo, ou seja, dois ou mais processos cognitivos ocorrem ao mesmo tempo. Tarefas de compatibilidade estímulo-resposta, como efeito Simon e efeito Stroop, são clássicos da Psicologia Cognitiva. Na tarefa de Stroop, o voluntário nomeia a cor na qual o nome das cores é apresentado – por exemplo, VERMELHO ou VERMELHO. O voluntário é mais rápido em processar e executar a resposta quando o nome da palavra é congruente com a cor que deve nomear. O método da Psicologia Cognitiva (aplicada): é um modelo para a atuação na Psicologia clínica que, tradicionalmente, busca correlacionar o pensamento, a emoção e o comportamento. Veja como esse modelo funciona: ● O modelo clínico cognitivo propõe que pensamentos disfuncionais influenciam o humor, o comportamento. ● Pensamentos automáticos são ideias que invadem sua mente e são um produto de seu sistema de crenças. ● Seu sistema de crenças pode ser adaptado e funcional ou produzir distorções cognitivas. ● Distorções cognitivas e pensamentos automáticos disfuncionais estão na base de desordens psíquicas e são comuns a todos os tipos de transtornos psicológicos. Por meio de nosso sistema de crenças, interpretamos: a nós mesmos (crenças sobre nossas próprias capacidades; o outro (o quanto somos otimistas sobre as pessoas); o meio em que vivemos (o quanto acreditamos que estamos seguros, o meio nos oferece as condições para vivermos e nos desenvolvermos); e o futuro (o quanto somos otimistas a respeito do futuro). A Neuropsicologia: especialidade em Psicologia que atua no diagnóstico, no acompanhamento, no tratamento e na pesquisa da cognição, das emoções, da personalidade e do comportamento, sob o enfoque da relação entre esses aspectos e o funcionamento cerebral. PREMISSAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICOLOGIA COGNITIVA O pensamento é um ponto central para a Psicologia Cognitiva, e saber como ele opera sobre a motivação parece um bom lugar para começar. Segundo Reeve (2006), os pesquisadores, após a revolução cognitiva, voltaram sua atenção para destrinchar quais as bases cognitivas do pensamento sobre: vontade, otimismo, eficácia, sucesso, realização, autoestima, autoeficácia, meta, planejamento, criatividade, escolha, persistência, desempenho, crenças, valores, sucesso, fracasso, empreendedorismo etc. PREMISSAS E CONCEITOS FUNDAMENTAIS DA PSICOLOGIA COGNITIVA O pensamento é um ponto central para a Psicologia Cognitiva, e saber como ele opera sobre a motivação parece um bom lugar para começar. Segundo Reeve (2006), os pesquisadores, após a revolução cognitiva, voltaram sua atenção para destrinchar quais as bases cognitivas do pensamento sobre: vontade, otimismo, eficácia, sucesso, realização, autoestima, autoeficácia, meta, planejamento, criatividade, escolha, persistência, desempenho, crenças, valores, sucesso, fracasso, empreendedorismo etc. No início dos anos 1970, o Zeitgeist da Psicologia definitivamente era cognitivo, e tais construtos foram amplamente estudados. A vontade não é um constructo psicológico capaz de explicar a complexidade e a variabilidade do comportamento motivado humano, até porque nosso comportamento e nosso perfil cognitivo são predeterminados em decorrência de nossa evolução ontogenética e de muitas outras variáveis que exercem influência sobre nós. No início dos anos 1970, o Zeitgeist da Psicologia definitivamente era cognitivo, e tais construtos foram amplamente estudados. A vontade não é um constructo psicológico capaz de explicar a complexidade e a variabilidade do comportamento motivado humano, até porque nosso comportamento e nosso perfil cognitivo são predeterminados em decorrência de nossa evolução ontogenética e de muitas outras variáveis que exercem influência sobre nós. 1. Godofredo era um jovem de 19 anos que acabara de ingressar na faculdade. Como era do interior, saiu da casa dos pais e foi morar na capital com outro rapaz, da mesma cidade, que também entrou na faculdade. Depois de poucos meses, Godofredo não fez nenhum novo amigo. “As pessoas não são confiáveis na cidade grande”, pensava. No início, conseguia ir às aulas, mas essa ação começou a ficar muito difícil para ele, e sua frequência foi gradualmente caindo nas aulas. Ele tinha medo de estar com as pessoas. Quando não aguentava mais, voltou para casa com um pensamento fixo na cabeça: “Eu não sou capaz, e tudo em minha vida dá errado.” Qual a fonte desse pensamento? R: Sistema de crenças; 2. O cérebro é um órgão ativo que faz mediação de comportamento, e não apenas um depositário de contingências por mera codificação neuronal. Identifique o sistema teórico que faz oposição a essa ideia: R: Behaviorismo. o importante não é saber o que causa os comportamentos, mas explicar e descrever em que circunstâncias eles acontecem. Módulo 4 Para chegarmos até o século XXI, gradualmente evoluímos o nosso jeito de pensar. Por esse motivo, desenvolvemos tecnologias de acordo com a necessidade do ambiente e sempre em um continuum histórico de acúmulo de conhecimento. Por exemplo: 800 mil anos atrás dominamos o fogo; 8 mil anos atrás, a agricultura; atualmente temos smartphones; amanhã, robôs. Essa é a ideia e a tônica: pensar nesses movimentos históricos, no acúmulo de conhecimento, no desenvolvimento do pensamento humano e na tecnologia. Estamos interessados no tempo presente, mas queremos saber como evoluímos o nosso pensamento, nossos processos cognitivos, as emoções e o comportamento, além de nos interessar o papel dessa evolução para adaptabilidade da espécie. No século XIX, vimos a Psicologia demarcar a sua área de conhecimento, não apenas utilizando os métodos da Filosofia, mas empregando o método científico. Em 1879, o objeto de estudo da Psicologia era a consciência, e o método foi a introspecção. Em 1913, abandonamos o estudo da consciência e passamos a focar no comportamento, por meio da observação. Na década de 1950, voltamos a estudar a consciência e também o comportamento, mas, então, a Psicologia era cognitiva. Os processos cognitivos e como estes modulam o comportamento eram o interesse dos psicólogos. O impacto da tecnologia, o modelo computacional e as Neurociências são importantes impulsionadores dessa parte da história, até os dias atuais. Em paralelo ao desenvolvimento da Psicologia, temos a história da Psicanálise, em suas sucessivas tentativas de compreender a aprimorar um sistema clínico que atue eficazmente no sofrimento psíquico do ser humano. Na década de 1960, o Humanismo criticou a Psicanálise e o Behaviorismo. Estabeleceu que estudar a personalidade humana, o seu potencial criativo e a tendência do aprimoramento do ego seriam objetos de estudo da Psicologia. O MOVIMENTO DA PSICOLOGIA POSITIVA A Psicologia Positiva como um movimento, um sistema dentro da Psicologia, é humanista? Em certos aspectos sim, em outros não. A Psicologia Positiva recebe influências do Humanismo, mas é um movimento que ocorre na transição do século XX para o século XXI. Vamos nos lembrar de que uma ciência não se desenvolve no vácuo. Um sistema teórico surge em uma área de conhecimento, basicamente, para preencher lacunas abertas, para estabelecer uma crítica (antítese) ou para inovar. De certa maneira, a Psicologia Positiva cumpre esses três papéis. A Psicologia Humanista também enfatizou aspectos positivos do desenvolvimento das pessoas e buscou compreender as razões dos comportamentos motivados, mas seu status científico, por diversas razões, não causou grande impacto na Psicologia dentro de uma perspectiva metodológica (metodologia científica). Maslow reconheceu a limitação de sua teoria dentro de uma perspectiva científica, mas também, que não existiria outra maneira para estudaros aspectos da autorrealização e, talvez, pudesse ter a esperança de que um dia seus estudos alcançariam confirmações. Mesmo sem estudos atuais que tragam evidências contundentes acerca da hierarquia de necessidades, em cinco pontos, empiricamente, a abordagem de Maslow é amplamente utilizada em certos contextos. Como vimos, a hierarquia em apenas dois eixos possui evidências que podemos generalizar para diversas populações. QUAL A INOVAÇÃO DA PSICOLOGIA POSITIVA? Martin Seligman, psicólogo norte-americano, nascido em 1942, que ficou conhecido por sua teoria do desamparo aprendido, tanto pela qualidade dos achados, mas também pelas críticas ao desenho experimental que resultava em sofrimento para as cobaias. Nesse livro, os autores estabelecem um contraponto para o DSM (Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais norte-americano). Enquanto o DSM é utilizado para compreensão de psicopatologias e tratamento (doenças mentais ou do comportamento), o Character, Strengths and Virtues é utilizado para a análise das virtudes, potencialidades do indivíduo e para o seu desenvolvimento. QUAL FOI A INOVAÇÃO DESSA PUBLICAÇÃO? Ela sistematizou as forças de caráter e virtude tanto quanto os manuais nosológicos (Classificação Internacional de Doenças – CID) sistematizam doenças. Psicologia Positiva versus Psicologia Cognitiva versus Neurociências Um cérebro emocional se desenvolveu e funciona de modo adaptativo, em respostas psicológicas e ambientais, aos estímulos do meio destinados para nos afastar do perigo e nos aproximar de recompensas. Estruturas do Sistema Límbico De acordo com Bear, Connors e Paradiso (2017), o sistema límbico é descrito como o principal circuito mediador de nossas emoções. É um conjunto de estruturas situadas em regiões inferiores ao córtex. Ele integra uma série de áreas e se comunica com todo o sistema nervoso, demonstrando a interação entre essas áreas e estruturas com a finalidade de produzir, gerenciar uma função. A especialização de determinadas áreas do cérebro não é questionada, por exemplo, as áreas de linguagem e de memória. Mas pensar que é a interação de diversas estruturas que gerencia aspectos do nosso funcionamento e comportamento é muito atrativo e atual. A Psicologia Positiva não refuta as Neurociências, pois compreende a importância das redes neurais e como as informações são processadas. A Psicologia Positiva trabalha com parâmetros fenomenológicos da consciência, baseada em teorias da informação. Busca a compreensão dos acontecimentos, dos fenômenos e suas respectivas interpretações, e não apenas por meio do processamento das redes neurais, dos aspectos psicofisiológicos ou não conscientes. Seligman apresenta uma reflexão do papel da Psicologia para o nosso século: o desenvolvimento de forças de caráter e de valores como uma proposta para saúde mental. ● Sabedoria e conhecimento ● Coragem ● Humanidade ● Justiça ● integridade. ● Temperança ● Transcendência Isso não significa abandonar os estudos das funções cognitivas e como elas modulam o comportamento, tampouco abandonar a Psicologia clínica em suas diversas modalidades. Continuamos em interseção com as Neurociências, com a discussão sobre a tecnologia, como incorporá-la à Psicologia, e o impacto dela em nossas vidas. A Psicologia como ciência e a Psicologia Positiva funcionam muito bem em interseção com outras áreas de atuação, dentro das prerrogativas profissionais próprias das áreas de: pedagogia, licenciaturas, gestão, desenvolvimento de soluções e produtos para pessoas, entre outros. Agir com ética, cientificidade e tecnicidade, em acordo com sua formação, é seguro para o cidadão, para nossos filhos, pais, irmãos, familiares e amigos. Psicologia Positiva e orientação profissional Orientação profissional, no século XXI, é uma expressão que substitui a conhecida orientação vocacional. O desafio é compreender o perfil de cada pessoa, levando em consideração o seu desenvolvimento ontogenético. Isso implica compreender em que época essa pessoa se desenvolveu, como ela formou seus valores e suas forças de caráter e como a Psicologia pode auxiliar cada geração a lidar com as demandas da sociedade 4.0. Cada geração apresenta um estilo próprio na maneira de aprender e se desenvolver. Cada geração possui forças de caráter e virtude desenvolvidas, de acordo com a necessidade de seu tempo, com a influência do momento cultural em que viveu, dos acontecimentos políticos e econômicos que vivenciou. Baby Boomers: Nascidos entre 1940 e 1960 Geração X: Nascidos entre 1961 e 1980 Geração Y: Nascidos entre 1981 e 1995 Geração Z: Nascidos entre 1996 e 2010 Geração Alpha: Nascidos depois de 2010 No século XXI, a Psicologia como uma profissão do futuro significa o desenvolvimento de forças de caráter e virtudes das pessoas, bem como de suas habilidades emocionais e comportamentais (as chamadas soft skills). Um projeto de desenvolvimento pessoal significa compreender a história de aprendizagem, que é diferente de pessoa para pessoa, mas vinculada a um período cultural de determinada época. Desenvolver uma pessoa é investigar as fragilidades, descartar patologias ou encaminhar para um cuidado de saúde, quando necessário. Esses cuidados, associados ao levantamento das virtudes e das forças de caráter, resultam em um projeto para um desenvolvimento individual, personalizado, para o florescimento das soft skills de uma pessoa, com ética, cientificidade e tecnicidade, necessárias para a segurança e o respeito à população. 1. Sistematizamos alguns dos principais eventos históricos que estão no alicerce da Psicologia como uma ciência e uma profissão. Essa diversidade de sistemas teóricos da Psicologia se dá por divergências do objeto de estudo e do método empregado para estudá-lo. A Psicologia Positiva se caracteriza: R: Pela busca de compreender as forças e a virtude do caráter de uma pessoa. 2. Sistema analítico da Psicologia no século XXI que compreende o cérebro como um órgão ativo, fenomenológico consciente. A Psicologia tenta compreender alguns adjetivos que são muito admirados quando os encontramos. De qual sistema estamos falando? R: Positivsmo
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