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Termoquímica 2 QUÍMICA ENSINO MÉDIO 10 Termoquímica A LE X A LD O MATERIAL DO PROFESSOR QUI-M10-1.indd 1 20/09/2016 16:34:01 1 A FP QUI-M10-1.indd 2 20/09/2016 16:34:04 1 TERMOQUÍMICA Há muito tempo as pessoas utilizam reações químicas a fim de ob-ter energia, se aquecer, guerrear e cozinhar — mesmo sem saber quais são os mecanismos químicos e físicos que permitem essa utilização. Atualmente, pode-se dizer que não chegamos à metade do dia sem utilizar esses recursos para atender às nossas necessidades. Se, por um lado, isso significa avanço tecnológico, por outro há de se avaliar o im- pacto provocado tanto na qualidade de vida dos seres humanos como no meio ambiente. Do ponto de vista histórico, é recente o interesse do ser humano em estudar com rigor os fenômenos da natureza que envolvem liberação ou absorção de energia. O estudo da termoquímica é muito importante, uma vez que os avanços e as descobertas na área auxiliam a humanidade a prevenir e remediar problemas sérios, sobretudo os ambientais. 111111111 VOCÊ VAI APRENDER A reconhecer reações exotérmicas e endotérmicas; calcular variações de entalpia de uma reação química; reconhecer entalpia de padrão, formação e combustão; conhecer e aplicar a Lei de Hess; conhecer a entropia de um sistema; reconhecer a energia livre de Gibbs; prever espontaneidade de uma reação. QUI-M10-1.indd 3 20/09/2016 16:34:06 4 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO PARA COMEÇAR V IC O IM A G ES /A LI N D RA G U LI N / TH IN K ST O C K /G ET TY IM A G ES K U RG A /T H IN K ST O C K /G ET TY IM A G ES Observe as imagens e converse com os seus colegas sobre as questões propostas. 1. No cotidiano, usamos com muita frequência combustíveis que são queimados para obter ener- gia. Sobre isso, relate quantas vezes você precisou, direta ou indiretamente, nos últimos sete dias, desse tipo de combustível. 2. Caso você fosse impedido de utilizar esses meios para obter energia, o que você usaria no lugar? 3. Qual é o mecanismo usado pelo caminhão para, a partir da queima do combustível, locomover-se? 4. Qual é o problema para o meio ambiente em relação ao uso desses combustíveis? 1 Termoquímica • Processos exotérmicos e endotérmicos • Entalpia (H) 2 Entalpia das reações químicas • Entalpia padrão • Entalpia de formação • Entalpia de combustão • Entalpia de ligação 3 Lei de Hess • Entropia e energia livre ROTEIRO DE APRENDIZAGEM TERMOQUÍMICA Normalmente, as transformações físicas e químicas são acompanhadas por absorção ou liberação de calor. Por exemplo, para derreter, um cubo de gelo precisa absorver calor para haver fusão. O processo inverso, a solidificação, é acom- panhado da liberação de calor. Todas as mudanças de estado físico es- tão associadas ao recebimento ou liberação de calor, conforme o esquema a seguir. Calor é definido como a transferência de energia térmica entre dois corpos de dife- rentes temperaturas, até obterem equilíbrio térmico entre si. Em ciência, ao contrário do que supomos na vida cotidiana, não admitimos a existência desses dois processos de transferência de energia — calor e frio —, mas apenas de um deles, o calor. Mede-se energia (calor), de acordo com o Sistema Internacional de Medidas (SI), na unidade padrão joule (J), em homenagem ao inglês James Prescott Joule (1818-1889), que determinou a relação entre calor e energia. A evidência mais convincente da conversão de calor em trabalho foi derivada de minhas experiências com um motor eletromagnético, uma composição de ímãs e barras de ferro colocadas em movimento por uma máquina de bateria elétrica. James Prescott Joule Source Liberação de calor D O RL IN G K IN D ER SL EY /T H IN K ST O C K /G ET TY IM A G ES Absorção de calor QUI-M10-1.indd 4 20/09/2016 16:34:12 5 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Outra grandeza bastante empregada para quantificar energia é a caloria (cal) — quantidade de energia neces- sária para elevar em 1 ºC a temperatura de 1 g de água. A caloria nutricional (cal) é utilizada quando se trata do conteúdo energético de alimentos. RELAÇÃO ENTRE AS UNIDADES DE ENERGIA UTILIZADAS NA TERMOQUÍMICA 1 cal = 4,184 J Como o joule e a caloria são unidades relativamente pequenas, comumente se usam kJ e kcal. Assim: 1 kJ = 1 000 J 1 kcal = 1 000 cal Para medir o calor envolvido em uma reação química, pode-se empregar o aparelho conhecido por bomba ca- lorimétrica, sistema fechado, constituído por uma cápsu- la onde os reagentes são colocados, e a reação é iniciada pelo aquecimento de uma resistência elétrica. Os calores gerados na combustão aquecem a água que envolve o re- cipiente. Com base na diferença de temperatura do meio, é possível calcular a quantidade liberada pela reação por meio da equação Q = m · c · ∆t. Em que: Q = Quantidade de calor cedida ou recebida por um material; m = massa do material; c = calor específico do material; e ∆T = variação de temperatura. Recipiente isolante Água Cápsula contendo o(s) reagente(s) Agitador Frasco de aço Fios de ignição Termômetro Esquema ilustrado de um calorímetro, aparelho empregado para mensurar reações de combustão. Calorímetro elétrico. SC IE N C EP H O TO S/ A LA M Y /L A TI N ST O C K PROCESSOS EXOTÉRMICOS E ENDOTÉRMICOS Toda reação química é acompanhada por determinada energia na transformação de reagente em produto. Caso a energia envolvida nas transformações químicas seja o calor, os sistemas classificam-se em exotérmicos e endotérmicos. O termo exotérmico forma-se a partir do prefixo exo (“para fora”) + o termo relativo a calor + o sufixo ico. Assim, transformações exotérmicas são aquelas que liberam energia na forma de calor durante as reações. De forma genérica: reagente → produto + calor A quantidade de calor liberada em uma reação quími- ca exotérmica pode ser escrita no 1º ou no 2º membro da equação. Assim: C(s) + O2(g) – 94 kcal CO2(g) ou C(s) + O2(g) CO2(g) + 94 kcal O termo endotérmico forma-se a partir do prefixo endo (“para dentro”) + o termo relativo a calor + o sufixo ico. Assim, transformacoes endotérmicos sao aquelas que absorvem energia na forma de calor durante as reacoes. De forma generica: reagente + produto → calor Exemplo de transformação endotérmica: reação que ocor- re na decomposição do carbonato de cálcio (CaCO3) encontra- do em grande quantidade no minério conhecido como calcário. 1 CaCO3 + 178 kJ 1 CaO + 1 CO2 ou 1 CaCO3 1 CaO + 1 CO2 – 178 kJ Com base no exemplo anterior, percebe-se que as quantidades de calor liberadas ou absorvidas nas reações exotérmicas e endotérmicas dependem diretamente de suas quantidades estequiométricas, ou seja, do número de mols envolvidos na reação. Desse modo, podem se rela- cionar a energia envolvida na reação e a quantidade de matéria das substâncias envolvidas nela. QUI-M10-1.indd 5 20/09/2016 16:34:14 6 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Assim, para o exemplo que mostra a quantidade de energia na forma de calor liberada na queima do carbono, faz-se a seguinte relação: 1 mol de C______94 kcal 4 mol de C______x x = 376 kcal ENTALPIA (H) Determinada por calorímetro, a variação de energia envolvida nas reações químicas, denominada calor da rea- ção, depende, entre vários fatores, das substâncias envolvi- das e da pressão do meio. Nos processos em que a pressão reacional é constante, determina-se o calor da reação pela análise dos estados inicial e final da reação. A energia térmica correspondente ao calor absorvido ou liberado por reações químicas corresponde ao que se conhece por entalpia ou conteúdo de calor, represen- tada pela letra H. Como a obtenção do calor da reação está pautada nos estados inicial e final da energia do sistema, costuma-se calcular a variação da entalpia de reações químicas conside- rando os reagentes como estado inicial e os produtos como estado final. Assim: H = Hprodutos – Hreagentes H EM PROCESSOS EXOTÉRMICOSC ES A RE A N D RE A F ER RA RI /IS TO C K Nas reações exotérmicas, registra-se liberação de calor, pois a entalpia dos reagentes (Hr) é maior que a entalpia dos produtos (HP). Logo, para o reagente transformar-se em produto, o excesso de energia precisa transferir-se para o meio externo da reação, havendo liberação de calor. Assim, genericamente: reagente produto + calor Hr > Hp ∆H = Hp –Hr ∆H < 0 Hinicial Hfinal 2 H2(g) + O2(g) Entalpia (H) ∆H = –572 kJ Calor perdido para o ambiente 2 H2O(ℓ) Hinicial Hfinal Entalpia (H) Reagentes Produtos ∆H < 0 Calor perdido para o ambiente Dentre os vários casos de reação exotérmica, cita-se a queima de combustível (reação de combustão), que libera calor para o meio. Reação de queima de hidrogênio, gás altamente combustível 2 H2 + 1 O2 2 H2O + 572 kJ ou 2 H2 + 1 O2 – 572 kJ 2 H2O Nessa equação, representa-se também o calor liberado na reação no primeiro membro do sistema (ao lado dos reagentes), entretanto, com sinal negativo. Reações endotérmicas (o prefixo endo significa “para dentro”) são as que absorvem energia na forma de calor durante as transformações químicas. De forma genérica: ∆H EM PROCESSOS ENDOTÉRMICOS TO N G RO IM A G ES /T H IN K ST O C K /G ET TY IM A G ES QUI-M10-1.indd 6 20/09/2016 16:34:16 7 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Nas reações endotérmicas, ocorre absorção de calor, pois a entalpia dos reagentes (Hr) é menor que a dos produ- tos (Hp). Logo, para o reagente transformar-se em produto, exige-se um ganho extra de energia para a reação ocorrer, havendo absorção de calor. Assim, genericamente: reagente + calor produto Hr < HP ∆H = HP – Hr ∆H > 0 Hinicial Hfinal Entalpia (H) Reagentes Produtos ∆H > 0 Calor absorvido do ambiente Hinicial Hfinal Entalpia (H) ∆H = +178 kJ Calor absorvido do ambiente CaO(s) + CO2(g) CaCO3(s) Reação de decomposição do carbonato de cálcio: CaCO3(s) + 178 kJ → CaO(s) + CO2(g) ou CaCO3(s) → CaO(s) + CO2(g) – 178 kJ ou CaCO3(s) → CaO(s) + CO2(g) ∆H = +178 kJ Esses processos são estudados pela termodinâmica, ramo da Física que relaciona as transformações de calor em movi- mento, com uso de substâncias denominadas combustíveis. Confira os potenciais de energia medidos por unidade de massa de alguns combustíveis. Potencial energético de alguns combustíveis Combustível Calor produzido Hidrogênio 120 802 J/g Metano 53 922 J/g Propano 49 951 J/g Butano 49 324 J/g Gás liquefeito do petróleo (GLP) 49 030 J/g Gasolina isenta de álcool 46 900 J/g Querosene 45 144 J/g Óleo diesel 44 851 J/g Acetileno 40 964 J/g Gasolina com 20% de álcool 40 546 J/g Etanol 29 636 J/g Carvão metalúrgico 28 424 J/g Álcool combustível 27 200 J/g Metanol 22 200 J/g Gás canalizado 17 974 J/g Lenha 10 550 J/g Por que se coloca sal no gelo para esfriar mais rápido a bebida em lata? Ao adicionar sal ao gelo, seu ponto de solidificação diminui porque ocorre uma forte interação entre as moléculas destas duas substâncias, dificultando a organização dos cristais de gelo. Na Química, este processo é fonte de estudo da Criometria. Normalmente, quando se faz um churrasco, a maioria das pessoas gosta de ter como acompa- nhamento uma bebida bem gelada. Para acelerar seu resfriamento, é colocado sal no gelo ao redor da bebida. Isto faz com que o gelo derreta e a salmoura fique a uma temperatura inferior à que estava quando havia apenas o gelo. Para entender exatamente por que isso acontece, vamos analisar o que faz uma substância passar do estado líquido para o sólido. Para que isso ocorra, as moléculas precisam perder energia cinética; e existem alguns fatores que influenciam nesta liberação. Entre estes está o tipo de forças intermoleculares de cada substância. Quanto menores ou mais fracas forem as forças de atração das moléculas, menor será o ponto de congelamento. O ponto de solidificação (temperatura de congelamento) da água é 0 oC no nível do mar; no entanto, ao se adicionar algum composto não volátil (como o sal), as moléculas deste atraem for- temente as moléculas de água, dificultando a organização dos cristais de gelo e, consequentemente, diminuindo seu ponto de congelamento. Para questão de comparação, numa solução com 10% de sal, o ponto de congelamento cairá para -6 oC e com 20%, para –16 oC. QUÍMICA DA VIDA QUI-M10-1.indd 7 20/09/2016 16:34:16 8 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Desse modo, experimentalmente fica comprovado que a adição de um soluto não volátil a um solvente dá origem a uma solução que tem o ponto de solidificação menor que o solvente puro. Este é o objeto de estudo da crioscopia ou criometria. Esse mesmo princípio é usado em regiões onde neva muito. Para derreter o gelo das estradas, o departamento responsável espalha sal nas ruas. Também para evitar que a água do radiador dos automóveis congele são colocados aditivos que funcionam como anticongelante. O mais comum é o etilenoglicol (C6H6O2). É por isso também que a água dos oceanos, que contém diversos solutos não voláteis como o sal (cloreto de sódio), permanece líquida, apesar de a temperatura nessas regiões ser inferior a 0 oC. Portal Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/quimica/por-que-se-coloca- sal-no-gelo-para-esfriar-mais-rapido-.htm>. Acesso em: jul. 2016. TA TA BR A D A /T H IN K ST O C K /G ET TY IM A G ES Em países onde há muita neve, joga-se sal nas estradas. 1. UFPI (adaptado) — Suponha que um ciclista pedale 6 horas por dia, gastando 8,01 kcal/min de energia acima das necessidades metabólicas normais. Calcule a massa, em kg, de sacarose, C12H22O11, consumida por dia apenas para compensar esse gasto extra de energia. Dados: H = –1 350 kcal/mol massa molar da sacarose = 342 g/mol C12H22O11(s) + 12 O2(g) 12 CO2(g) + 11 H2O(ℓ) 2. É característico de uma reação exotérmica apresentar: a) reagentes e produtos líquidos. b) entalpias iguais para reagentes e produtos. c) apenas participantes gasosos. d) entalpia dos produtos menor que a entalpia dos reagentes. e) entalpia dos produtos maior que a entalpia dos reagentes. 3. Dado o diagrama de entalpia de um processo químico, responda ao que se pede. H (kJ) +400 –170 Produtos Reagentes a) O diagrama de entalpia expressa um processo exo- térmico ou endotérmico? Justifique sua resposta. b) Qual a variação de entalpia ( H) da reação? 8,01 kcal .................. 1 min x .................. 360 min (6 h) x = 2 883,6 kcal são necessárias para pedalar durante 6 horas. Na queima da sacarose: 1 350 kcal ................ 342 g (1 mol) 2 883,6 kcal ................ y y = 730,51 g ou 0,73 kg de sacarose O processo é endotérmico, pois a entalpia do reagente é menor que a entalpia do produto. +400 –170 ΔH = HP – Hr ΔH = (+400) – (–170) ΔH = +570 kJ QUI-M10-1.indd 8 20/09/2016 16:34:18 9 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO 4. Combustíveis orgânicos liberam CO2 em sua combus- tão. O aumento da concentração de CO2 na atmosfera provoca um aumento do efeito estufa, que contribui para o aquecimento global. A tabela informa o valor aproximado da energia liberada na queima de alguns combustíveis a 25 oC. Combustível Energia liberada Nome Fórmula (kJ/mol) etanol C2H5OH 1 400 metano CH4 900 metanol CH3OH 730 n-octano C8H18 5 600 Qual dos combustíveis listados anteriormente liberaria maior quantidade de calor, caso fosse queimado ape- nas 1 g de cada um deles? Dados na ordem crescente: H = 1, C = 12, O = 16 Produção do etanol gera impactos ambientais ainda sem monitoramento Nos últimos anos, a discussão em tor- no dos biocombustíveis vem se acentuando. Eles se apresentam como uma opção renová- vel e menos agressiva ao meio ambiente que os combustíveis fósseis. O Brasil se desta- ca nesse cenário como um grande produtor de bioetanol de cana-de-açúcar. No entan- to, mesmo aparecendo como uma melhor escolha, ainda há impactos ambientais que devem ser debatidos em torno do fomento da produção sucroalcooleira. É o queindi- ca a dissertação “Gestão Ambiental no se- tor sucroalcooleiro de Pernambuco: entre a inesgotabilidade dos recursos naturais e os mecanismos de regulação”, defendida por Maiara Melo no Programa de Pós-Gradua- ção em Desenvolvimento e Meio Ambiente (Prodema) da UFPE, no início de 2011. O trabalho foi orientado pela professora Maria do Carmo Sobral, do Departamento de En- genharia Civil da UFPE e co-orientado pela professora Christine Rufino Dabat. Pernambuco tem uma relação histórica com o cultivo da cana-de-açúcar e a produção de seus derivados. A atividade marcou pro- fundamente a história, paisagem e relações sociais da zona da mata do Estado. A pes- quisadora Maiara Melo parte do princípio do paradigma da inesgotabilidade dos recursos naturais para realizar sua argumentação. “É a ideia, que vem desde o período colonial, de que sempre se pode plantar cana sem pensar no desgaste ambiental, que é grande. Desde o início da cultura canavieira, observam-se problemas como o desmatamento e o des- gaste do solo. É um modelo econômico que nega e explora a natureza”, explica. Para a pesquisadora, a atual empolgação com o bioetanol se encaixa nesse padrão secular. A pesquisa, baseada nos estudos de Manoel Correia de Andrade, relata que, durante toda a história da região, a produ- ção canavieira foi fomentada pelo Estado. SUSTENTABILIDADE Com base nas massas atômicas, calcula-se a massa molar de cada um dos combustíveis. C2H5OH (M = 46 g/mol) CH4 (M = 16 g/mol) CH3OH (M = 32 g/mol) C8H18 (M = 114 g/mol) Com base nesses dados, a regra de três permite calcular a quantidade de calor liberado para a queima de 1 g de combustível. etanol 1 400 kJ.................... 46 g (1 mol) x.....................1 g x = 30,43 kJ metano 900 kJ....................... 16 g (1 mol) x....................... 1 g x = 56,25 kJ metanol 730 kJ....................... 32 g (1 mol) x....................... 1 g x = 22,81 kJ n-octano 5 600 kJ.................... 114 g (1 mol) x.....................1 g x = 49,12 kJ O combustível que libera maior quantidade de calor na queima de 1 g de composto é o metano. QUI-M10-1.indd 9 20/09/2016 16:34:19 10 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO “Nós costumamos dizer que o Estado promo- veu a devastação ambiental da Mata Atlân- tica”, declara a gestora ambiental. Maiara Melo aponta a década de 1930, com a indus- trialização do setor e, principalmente, o ano de 1975, com o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), como marcos na relação do Es- tado com o setor sucroalcooleiro. “Em 1975, quando foi criado o Proálcool, já se tinha no Brasil o Código Florestal e a Secretaria Espe- cial de Meio Ambiente, e, mesmo assim, ne- nhum item relativo à questão ambiental foi contemplado no programa.”. Apenas em 1981, com a promulgação da Política Nacional de Meio Ambiente, é que atividades econômicas foram submetidas a parâmetros ambientais. O estudo analisa 18 empreendimentos su- croalcooleiros localizados na Zona da Mata do Estado, todos filiados ao Sindicato da Indústria do Açúcar e Álcool no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar). Foram observados mecanismos de regulação formal e informal. Os mecanismos de regulação formal são os instrumentos das po- líticas ambientais. Maiara Melo priorizou os seguintes instrumentos: estabelecimento de pa- drões de qualidade ambiental; licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; estabelecimento de espaços territoriais legal- mente protegidos, e as penalidades disciplina- res ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção de degradação ambiental. Além destes, foram trabalhados os termos de outorga pelo uso da água, descritos como instrumento da Política Nacional de Recursos Hídricos. A pesquisadora teve acesso ao arquivo da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), ficando a sua disposi- ção toda a documentação da agência relativa ao setor sucroalcooleiro de 1978 a 2010. “É a pri- meira vez que uma pesquisa tem acesso a esses documentos”, destaca Maiara Melo. O ineditis- mo do trabalho garantiu que a banca examina- dora o indicasse a ser publicado como livro. Por sua vez, os mecanismos de regulação informal são as pressões do mercado e da so- ciedade, principalmente dos moradores das regiões próximas às propriedades, explica a pesquisadora. Dentre estes, destaca-se o certi- ficado ISO 14001. Na opinião da mestre, alguns instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente ainda não estão consolidados e os que estão não são suficientes para evitar os danos ambientais. “Muitas empresas conseguem seu licenciamen- to sem comprovação dos itens da Política. É muito comum, por exemplo, que não se especi- fique o tamanho das áreas de preservação nas propriedades, que segundo o Código Florestal deve ser de 20% da área total para domínios de Mata Atlântica”, exemplifica. A pesquisadora ainda ressalta que nenhuma empresa do Estado possui o certificado ISO 14001, nem demonstra interesse em adquiri-lo em curto e médio prazo. Foram analisados, no trabalho, quatro re- síduos característicos da produção sucroalcoo- leira — o bagaço, a torta de filtro, o vinhoto e a palha de cana. Segundo a pesquisadora, baseada em dados dos Inventários de Resíduos Sólidos de Pernambuco, o setor é responsável pelo expressivo número de 92% de todos os re- síduos produzidos no Estado. Dentre estes, destaca-se o vinhoto. Dire- tamente relacionado à produção do etanol, o vinhoto é um resíduo tóxico comumente despe- jado nas bacias fluviais das regiões produtoras. “Para se ter uma ideia, para cada litro de ál- cool produzido são originados de 10 a 18 litros de vinhoto”, esclarece a pesquisadora. Maiara Melo explica que mesmo as empresas que não despejam o resíduo nos rios, acabam por ar- mazená-lo em espécies de açudes de vinhoto para reaproveitar o material como fertilizante no cultivo da cana. “Mesmo assim, ainda não se sabe a capacidade de penetração do vinhoto no solo e como isso afeta os mananciais subter- râneos”, diz. A pesquisadora confessa ainda que há uma relação especial com o estudo da palha de cana. “É simplesmente aceito que queimar palha de cana faz parte do processo. Muita gente nem a considera como resíduo. É impressionante”, relata. A estudiosa não considera que falte legis- lação para gestão ambiental. O problema é a aplicação das leis já existentes. Para ela, a na- tureza contraditória da relação do Estado com o setor sucroalcooleiro é determinante nessa situação. “O Estado que incentiva a produção QUI-M10-1.indd 10 20/09/2016 16:34:19 11 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO é o mesmo que aplica as leis ambientais, a cor- rente acaba arrebentando no elo mais fraco”, analisa. Outro problema apontado é a falta de estrutura e recursos das Agências Estaduais de Meio Ambiente para a realização de operações de fiscalização, por exemplo. Baseada nesse cenário de negligência em relação às questões ambientais, Maiara Melo teme que a possível expansão do setor para novos mercados, com a força do bioetanol, re- presente apenas mais uma “modernização sem mudança”. A pesquisadora indica que o pro- cesso de modernização não pode ser apenas nas etapas produtivas, mas também no que se refe- re à atenção ambiental, para que o etanol seja realmente “verde” como se vende nos discursos. BATISTA, Otávio. Produção do etanol gera impactos ambientais ainda sem monitoramento. Recife, mar. 2011. Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Disponível em: <https://www.ufpe.br/agencia/index.php?option=com_content&view=article&id=39727:p roducao-do-etanol-gera-impactos-ambientais-ainda-sem-monitoramento&catid=441&Itemid=77>. Acesso em: jul. 2016. ENTALPIA DAS REAÇÕES QUÍMICAS Adotando a entalpia padrão como referencial, é pos- sível determiná-la numa infinidade de compostos, assim como a variação entálpica de muitas outras reações. K LA U S TI ED G E/ TH IN K ST O C K /G ET TY IM A G ES ENTALPIA PADRÃO Sabe-se que o calor inicial e o final de umprocesso químico ou físico servem para determinar a energia envol- vida em uma reação química. Entretanto, com o objetivo de facilitar o cálculo das energias das substâncias, adotou- -se um padrão para avaliar as entalpias de algumas delas sob determinadas condições de temperatura e pressão, que correspondem à forma alotrópica mais estável submetida às condições de 25 ºC e 1 atm. Essas condições definem o estado padrão. Representa- -se a entalpia de uma substância no estado padrão por Hº. Por convenção, no estado padrão, as substâncias sim- ples mais estáveis (forma alotrópica mais comum) possuem entalpia zero. Alguns exemplos de substâncias simples que possuem diferentes formas alotrópicas são apresentados a seguir. H > 0 H = 0 Entalpia (H) O3(g) O2(g) H > 0 H = 0 Entalpia (H) Cdiamante Cgrafita H > 0 H = 0 Entalpia (H) Smonoclínico Srômbico As substâncias simples mais comuns, ou seja, que se apresentam em maior quantidade na natureza, possuem, por convenção, entalpia padrão (Ho) igual a zero. ENTALPIA DE FORMAÇÃO OU CALOR DE FORMAÇÃO É absorvido o calor de reação envolvido na formação de 1 mol de substância a partir da respectiva substância simples no estado padrão. Quando se conhece experimentalmente o Hf da rea- ção de formação, sabendo que os reagentes no estado padrão possuem entalpia, por convenção, igual a zero, ob- tém-se a entalpia da substância composta a ser formada, aplicando a expressão H = HP – Hr. H2(g) + 1/2 O2(g) H2O(ℓ) H = –286 kJ/mol Hf = –286 kJ/mol 0 –286 H (kJ) H2O(ℓ) H2(g) + 1 2 O2(g) ∆Hf = –286 kJ/mol Por convenção Entalpia de 1 mol de H2O(ℓ) QUI-M10-1.indd 11 20/09/2016 16:34:20 12 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Caso as entalpias das substâncias simples (reagentes) sejam iguais a zero, a 25 ºC e 1 atm, afirma-se que a ental- pia da substância água é numericamente igual à variação de entalpia na sua formação. Nesse caso: Hf(H2O) = –286 kJ Portanto, para reações de formação, a entalpia da substância é igual à sua entalpia de formação. Outro exemplo: reação de formação do gás dióxido de nitrogênio, NO2, a partir de suas substâncias simples. 1/2 N2(g) + O2(g) NO2(g) H = +34 kJ/mol +34 0 H (kJ) NO2(g) 1 2 N2(g) + O2(g) ∆Hformação = +34 kJ/mol Por convenção Entalpia do NO2 Percebe-se que a entalpia da substância NO2 é igual à variação de entalpia de formação. Hf(NO2) = +34 kJ Falar de entalpia de formação positiva ou negativa não significa que a energia da substância seja “positiva” ou “ne- gativa”, mas que ela possui maior ou menor conteúdo ener- gético se comparada à entalpia das substâncias simples, que, por convenção, no estado padrão, é igual a zero. Assim: +x 0 Entalpia (H) Substância A Substância B ∆Hf = +x –y ∆Hf = –y Substância simples (estado padrão) • Hf positivo: composto de conteúdo energético maior que a respectiva substância simples. • Hf negativo: composto de conteúdo energético me- nor que suas substâncias simples. Exige-se conhecer a entalpia padrão de formação das substâncias a 25 ºC e 1 atm para determinar as entalpias dos compostos inseridos em diversas reações químicas, au- xiliando no cálculo de suas variações de entalpia. Entalpias de formação de algumas substâncias no estado padrão (25 ºC e 1 atm) Substância Hf 0 (kcal/mol) (kJ/mol) CaO(s) –151,9 –634,9 Ca(OH)2(s) –235,8 –985,6 C(grafite) zero zero C(diamante) +0,5 +2,1 CO(g) –26,4 –110,3 CO2(g) –94,1 –393,3 CH4(g) –17,9 –74,8 CH3OH(ℓ) –57,0 –238,2 CS2(ℓ) +21,0 +87,8 HF(g) –64,2 –268,3 HCℓ(g) –22,1 –92,3 HBr(g) –8,7 –36,3 Hℓ(g) +6,2 +25,9 N2(g) zero zero NO(g) +21,6 +90,1 NH3(g) –11,0 –45,9 HNO3(ℓ) –41,4 –173,1 Na(s) zero zero NaCℓ(s) –98,6 –412,1 H2O(ℓ) –68,3 –286,0 O2(g) zero zero A tabela anterior possibilita prever a variação de ental- pia ( H) de diversas reações químicas. Analise um exemplo. Determine a variação de entalpia, em kJ, para a reação seguinte, com base nos dados de entalpia de formação das substâncias da tabela anterior. CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(ℓ) ∆H = ? H (CH4) = –74,8 kJ/mol H (O2) = 0 (substância simples no estado padrão possui entalpia de formação zero) H (CO2) = –393,3 kJ/mol H (H2O) = –286,0 kJ/mol Aplicando a fórmula H = HP – Hr: CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 HO2(ℓ) HP Hr H = HP – Hr H = [(–393,3) + (2 ⋅ (–286,0)] – [(–74,8) + (2 ⋅ 0)] H = (–965,3) – (–74,8) H = –965,3 + 74,8 H = –890,5 kJ QUI-M10-1.indd 12 20/09/2016 16:34:20 13 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Química para um futuro sustentável é um livro que aborda os proces- sos químicos a partir de questões de interesse da sociedade. Cada capítulo trata de um assunto, como, por exemplo, qua- lidade da água, camada de ozônio, nutrição e energia. Estimula a refle- xão sobre nossas ações em relação ao mundo. AMERICAN CHEMICAL SOCIETY et al. Química para um futuro sustentável. 8. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. CONECTIVIDADE ENTALPIA DE COMBUSTÃO OU CALOR DE COMBUSTÃO Compreende a quantidade de calor libera- da na queima (combustão) de 1 mol de combus- tível, com todos os participantes da reação no estado padrão. Todas as reações de queima são exotérmicas ( H < 0). Reações de combustão envolvem aquelas em que uma substância, combustível, reage com outra, comburente (O2). Quando o com- bustível se constitui de carbono e hidrogênio — ou carbono, hidrogênio e oxigênio —, os produ- tos de sua queima são o CO2(g) e a H2O(), sempre que o processo for completo. Exemplos: C4H10(g) + 13/2 O2(g) 4 CO2(g) + 5 H2O(ℓ) H = –2 280,0 kJ/mol CH3OH(ℓ) + 3/2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(ℓ) H = –726,3 kJ/mol H2(g) + 1/2 O2(g) H2O(ℓ) H = –286,0 kJ/mol 1. Fuvest-SP — Considere os dados da tabela, a 25 oC e 1 atm. Substância Entalpia de formação (kJ/mol) amônia (gás) –46 cloreto de hidrogênio (gás) –92 cloreto de amônio (sólido) –314 a) Calcule a variação de entalpia (em kJ/mol) quando a base reage com o ácido para formar o correspondente sal. b) Essa reação de salificação é exotérmica ou endotérmica? Por quê? 2. Utilizando os dados fornecidos para as en- talpias de formação no estado padrão para as substâncias, determine a entalpia de combustão do propano, C3H8. Dados: entalpias de formação das substâncias: H (C3H8) = –104 kJ/mol H (CO2) = –394 kJ/mol H (H2O) = –286 kJ/mol C3H8(g) + 5 O2(g) 3 CO2(g) + 4 H2O(ℓ) ∆H = ? 3. Um especialista em combustíveis deseja conhecer a entalpia do iso-octano, C8H18, principal componente da gasolina. A de- terminação experimental dessa entalpia, a partir das substâncias simples, é muito complicada para ser realizada em caloríme- tros. No entanto, é calculada por meio do calor de combustão. Considerando os dados, qual o valor da en- talpia de formação do iso-octano? H = –5 100 kJ/mol Entalpia do CO2(g) = –394 kJ/mol Entalpia do H2O(ℓ) = –286 kJ/mol C8H18(g) + 25/2 O2(g) 8 CO2(g) + 9 H2O(ℓ) Sabendo que o valor da entalpia de formação é a própria entalpia das substâncias, e aplicando a fór- mula H = HP – Hr, tem-se: NH �HC NH Cg g H s H r p 3 4( ) + →�� ��� ��� ���� ��( ) ( ) H = (–314 ) – (–46 – 92) H = –176 kJ/mol C H �O �CO �H O H ?g g g3 8 2 2 25 3 4 104 5 0 ( ) ( ) ( )+ → + = −( ) ⋅ � ( ) ( )� � �� ∆ ������ ��� � ���� ���� H Hr P → −( ) ⋅ −394 4 286���� ( ) H = Hp – Hr H = (–1 182 – 1 144 ) – (–104) H = –2 326 + 104 H = –2 222 kJ/mol Exotérmica, H < 0 � / /( )C H � �CO �H O H 5 1 kJ mol x g g g8 18 2 2 225 20 8 9 00( ) ( ) ( )+ → + = − ( � ∆ )) ⋅ → ⋅ −( ) ⋅ −���� ����25 2 0 8 394 9 286/ ( ) ( )� ��� ��� � ���� ���� H Hr P H = HP – Hr –5 100 = (–3 152 – 2 574) – (x) –5 100 = –5 726 – x x = H (C8H18) = –626 kJ/mol QUI-M10-1.indd 13 20/09/2016 16:34:21 14 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Mecanização do corte de cana facilita trabalho, mas aumenta desemprego e jornada exaustiva Pesquisa do Instituto Observatório Social mostra que, apesar dos avanços, setor ainda é marcado por doenças do trabalho, discrimi- nação de mulheres, baixa remuneração e alta rotatividade. JU PI TERI M A G ES /T H IN K ST O C K /G ET TY IM A G ES Elevado número de trabalhadores terceiri- zados provocou ação civil pública do Ministério Público contra a empresa, em 2012. São Paulo — Apesar de o uso de máqui- nas no corte da cana-de-açúcar ter diminuído o desgaste físico dos trabalhadores rurais, au- mentou o desemprego e não reduziu problemas como lesões por esforços repetitivos, discri- minação das mulheres, baixos salários e alta rotatividade, segundo pesquisa publicada pelo Instituto Observatório Social, que será lançada oficialmente hoje (1º). De acordo com a pesquisa, a inserção de máquinas na colheita da cana diminuiu os ca- sos de trabalho escravo e em condições degra- dantes, assim como os problemas ambientais decorrentes das queimadas, mas tornou a jor- nada de trabalho mais intensa: como a remu- neração é baixa e os trabalhadores ganham por tonelada cortada, eles dificilmente fazem pa- radas durante o dia, mesmo para o horário de almoço ou para usar o banheiro e beber água. A principal reclamação dos trabalhadores da colheita mecanizada é que não é possível pa- rar as máquinas. “Eles trabalham por produção: quanto mais toneladas cortam, mais ganham. Então, no tempo em que eles estão na jornada, tentam diminuir ao máximo as paradas para que possam aumentar a produção e ganhar mais”, diz a coordenadora de pesquisa do Instituto Ob- servatório Social, Lilian Arruda. O estudo, intitulado “O comportamento sociotrabalhista da Raízen”, foi encomendado por uma central sindical da Holanda, a Fede- ratie Nederlandse Vakbeweging (FNV), que queria investigar as condições de trabalho dos cortadores de cana em empresas com capital holandês, caso da Raízen. Os resultados já fo- ram encaminhados para a entidade, que vai se reunir com sindicatos brasileiros para elaborar estratégias que melhorem as condições de tra- balho dos cortadores de cana. A pesquisa analisou duas unidades da em- presa nos municípios paulistas de Ibaté e Ipaus- su. No primeiro, foram ouvidos 17 homens e sete mulheres que trabalham no corte manual, e nove homens no corte mecanizado. No segun- do, foram entrevistados 14 homens do corte com máquinas, já que no município não foi encontra- do corte manual. Além disso, foram ouvidos um representante da Raízen e membros de quatro associações trabalhistas do setor. “A empresa coloca à disposição um ôni- bus com toda uma estrutura de água potável e banheiro, que fica parado. Os trabalhadores de Ibaté contaram que, muitas vezes, vão no banheiro no próprio canavial, porque o ônibus está longe e, como não podem parar o traba- lho, acabam procurando a alternativa mais rá- pida”, diz Lilian. Segundo o estudo, nem todos os trabalha- dores do corte manual são incorporados à co- lheita mecanizada, que requer menor mão de obra. “O corte mecanizado não vai empregar todo mundo que saiu do manual. Ele não ab- sorve todos os trabalhadores. Não há um levan- tamento preciso sobre o que acontece com eles, mas acreditamos que muitos vão para o cultivo de laranja e outras culturas”, afirma Lilian. VALORES E DIVERSIDADE QUI-M10-1.indd 14 20/09/2016 16:34:21 15 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Os trabalhadores reclamaram que falta oportunidade de crescimento na empresa e que nem todos têm oportunidade de ingressar no corte mecanizado. O estudo classificou o trabalho no corte de cana como frágil e instá- vel, já que o trabalhador não tem garantia de que será chamado para trabalhar na próxima safra. “O cansaço dos trabalhadores e trabalhado- ras das atividades relacionadas ao corte manual da cana é evidente. Expostos ao sol forte e calor durante todo o dia, com roupas pesadas para se proteger dos riscos que correm e realizan- do uma atividade exte- nuante, o esgotamento físico é inevitável”, diz o estudo. “Trata-se de um trabalho exaustivo e perigoso e, se nem sempre escravo, muitas vezes degradante, que leva muitos trabalha- dores à invalidez preco- ce”, diz a pesquisa. Problemas antigos Os avanços no setor não conseguiram re- solver velhos problemas de trabalho no corte de cana. Em um deles, destacado no estudo, é elevada a quantidade de trabalhadores ter- ceirizados, principalmente na unidade de Iba- té. O caso provocou uma ação civil pública do Ministério Público em 2012 contra a empresa, alegando que a colheita é sua atividade-fim e que, por isso, não pode ser terceirizada, toman- do como base a legislação brasileira. A falta de transparência na pesagem e na re- muneração da produção também foi um proble- ma apontado: nenhum dos trabalhadores tercei- rizados soube dizer como é calculado o valor da produção, nem quais os critérios da empresa para medir a produtividade. “Eles não têm muita no- ção de como é feita a pesagem, do quanto entre- gam e do quanto a empresa paga por tonelada. É preciso deixar claro para eles quanto produzem e qual o preço da tonelada”, diz Lilian. As mulheres do setor estão em condições mais precárias de trabalho do que os homens, sendo que a pesquisa não identificou nenhu- ma mulher trabalhando no corte mecanizado de cana-de-açúcar. A empresa declarou não ter nenhum programa para combater a de- sigualdade de gênero, apesar de sua Política de Desenvolvimento Sustentável pregar que é preciso “oferecer oportunidades iguais a todos os funcionários e candidatos a emprego, pro- mover a diversidade e garantir que não ocorra discriminação”. A principal função das mulheres no setor é recolher o talo da cana-de-açúcar, chamado popularmente de bituca, que é deixado para trás pela máquina na hora do corte. A pesquisa considera que elas são “aliadas das oportunida- des de trabalho na colheita mecanizada”, “ga- nham proporcionalmente menos”, e as ativida- des que desenvolvem são “menos valorizadas”. “Para o corte manual havia uma diferença física, mas elas não são incluídas no corte me- canizado”, critica a coordenadora de pesquisa do Instituto Observatório Social. “O traba- lho mais exaustivo e degradante é exercido por mulheres. Vemos aí uma diferenciação de gênero.” FERNANDES, Sarah. Mecanização do corte de cana facilita trabalho, mas aumenta desemprego e jornada exaustiva. São Paulo, abr. 2014. Rede Brasil Atual. Disponível em: <http://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2014/04/mecanizacao-do- corte-de-cana-facilita-trabalho-mas-aumenta-desemprego-e-jornada-exaustiva-6062.html>. Acesso em: jul. 2016. PERFIL DO TRABALHADOR DA CANA-DE-AÇÚCAR 88% dos trabalhadores da cadeia produtiva são homens. 50% têm entre 30 e 49 anos de idade. 22% estudaram, no máximo, até o 5o ano do ensino fundamental. 73% receberam de 0 a 3 salários mínimos mensais. ENTALPIA DE LIGAÇÃO Para acontecerem reações químicas, há exigência da quebra (ruptura) das ligações nos reagentes, de forma que os átomos se rearranjem e formem novas ligações dos produtos. Dessas quebras e ligações resultam as energias en- volvidas. Nas reações químicas, é necessária, inicialmente, a absorção de energia, a fim de ocorrer a quebra das ligações dos reagentes, processo endotérmico. QUI-M10-1.indd 15 20/09/2016 16:34:22 16 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Após a quebra das ligações, os átomos se reorganizam para originar os produtos, que resultam, portanto, da for- mação de novas ligações entre os átomos dos reagentes. Essas formações são acompanhadas da liberação de ener- gia, configurando, então, processos exotérmicos. ∆H = +242 kJ Entalpia (H) Cℓ ∆H = –242 kJ Cℓ CℓCℓ Q u eb ra U ni ão Segundo esse esquema, a quebra da ligação da mo- lécula de gás cloro, exige uma absorção de 242 kJ (endo- térmico) e, na sua formação, a liberação de 242 kJ (exo- térmico). Desse modo, a energia necessária à quebra das ligações é numericamente igual à da sua formação (união). Define-se a entalpia (ou energia) de ligação a partir da quebra das ligações. Entalpia de ligação é a energia absorvida na quebra ou formação de 1 mol de ligações (no estado gasoso), a 25 ºC e 1 atm. Observe os exemplos. Cℓ — Cℓ(g) Cℓ(g)+ Cℓ(g) H = +242 kJ ∆H = +242 kJ Entalpia (H) Cℓ Cℓ CℓCℓ E n er gi a d e lig aç ão Átomos isolados Átomos ligados H — H(g) H(g) + H(g) H = +436 kJ ∆H = +436 kJ Entalpia (H) H H HH En er gi a d e lig aç ão Átomos isolados Átomos ligados H — Cℓ(g) H(g) + Cℓ(g) H = +431,8 kJ Cℓ ∆H = +431,8 kJ Entalpia (H) H H En er gi a d e lig aç ão Átomos isolados Átomos ligadosCℓ Na quebra de ligações de moléculas poliatômicas, a entalpia de ligação é medida a partir da quebra de cada ligação. Assim: H H C H H 1 C(g) + 4 H(g) ∆H = +1 653,6 kJ No exemplo referente à molécula de metano (CH4), ape- sar de o valor adotado na quebra de todas as ligações ser 1 653,6 kJ, a entalpia de ligação é C H = +413,4 kJ/mol. Valores da energia de algumas ligações Ligação Entalpia de ligação (kcal/mol) (kJ/mol) C — C 83,2 347,8 C = C 146,8 613,6 C ≡ C 200,6 838,6 H — H 104,2 435,6 O = O 119,1 497,8 N ≡ N 225,8 943,8 F — F 37,0 154,6 Cℓ — Cℓ 57,9 242,0 Br — Br 46,1 192,7 — 36,1 150,9 C — H 98,8 412,9 C — O 85,5 357,4 C = O 178,0 744,0 O — H 110,6 462,3 H — F 135,0 564,3 H — Cℓ 103,1 430,9 H — Br 87,4 365,3 H — 71,4 298,4 Os conhecimentos sobre entalpia de ligação têm aplica- ção no cálculo da variação de entalpia de qualquer reação química. Os reagentes absorvem energia na quebra das liga- ções, e os produtos liberam energia na formação de outras. QUI-M10-1.indd 16 20/09/2016 16:34:22 17 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO A variação de entalpia da reação corresponde ao ba- lanço das energias absorvidas e liberadas no processo. Por- tanto, se na quebra das ligações houver gasto maior de energia, em comparação à energia liberada na sua forma- ção, diz-se que a reação é endotérmica. Caso a energia absorvida na quebra das ligações dos reagentes ocorra com gasto menor de energia, em comparação à formação das ligações dos produtos, a reação é exotérmica. Na determinação da variação de entalpia (∆H) das reações, aplicando as entalpias de ligação das substâncias, usa-se a expressão: H = Hligações quebradas + Hligações formadas 1. Usando os valores de energia de ligação da tabela, de- termine o H da reação representada entre o etileno e o cloro, ambos no estado gasoso. H H Cℓ Cℓ C C H H + Cℓ Cℓ H C C H H H Ligação Energia (kJ/mol) C = C 612 Cℓ — Cℓ 243 C — C 347 C — Cℓ 331 Cálculo das energias absorvidas e liberadas na quebra e na formação de ligação, respectivamente. • Ligações a ser quebradas: 1 ligação C = C ............. +612 kJ/mol 1 ligação Cℓ — Cℓ .......... +243 kJ/mol Hligações quebradas = +612 + 243 = +855 kJ • Ligações a ser formadas: 1 ligação C — C ............. –347 kJ/mol 2 ligações C — Cℓ .......... 2 · (–331 kJ/mol) Hligações formadas = –347 + 2 · (–331) = = –347 – 662 = –1 009 kJ • Aplicando a expressão: H = Hligações quebradas + Hligações formadas H = (+855) + (–1 009) H = –154 kJ 2. Calcule a variação de entalpia na reação 2 HBr(g) + Cℓ2(g) 2 HCℓ(g) + Br2(g), conhecendo as seguintes energias de ligação, todas nas mesmas con- dições de pressão e temperatura. H — Br 87,4 kca/mol Cℓ — Cℓ 57,9 kcal/mol H — Cℓ 103,1 kcal/mol Br — Br 46,1 kcal/mol 3. O gás cloro, amarelo-esverdeado, é altamente tóxico. Ao ser inalado, reage com a água existente nos pul- mões, formando ácido clorídrico (HCℓ), um ácido forte capaz de causar graves lesões internas, conforme a se- guinte reação: Cℓ2(g) + H2O(g) HCℓ(g) + HCℓO(g) Utilizando os dados constantes na tabela, qual a va- riação de entalpia, em kJ/mol, para a reação de ácido clorídrico e água? Ligação Energia (kJ/mol) Cℓ — Cℓ 243 H — O 464 H — Cℓ 431 Cℓ — O 205 2 22 2�HBr C �HC �Br 2 87 4 57 9 2 1 g g g g( ) ( ) ( ) ( ) , , ��� �� �+ → + ⋅ +( ) +( ) ⋅ − 00 174 8 57 9 206 2 46 1 3 1 46 1, , , , , , � ��� ( ) −( ) + + − −� ���� ���� � ���� ���� �� , ,+ −232 7 252 3 Hligações quebradas = +232,7 kcal Hligações formadas = –252,3 kcal ∆H = Hligações quebradas + Hligações formadas ∆H = (+232,7) + (–252,3) ∆H = –19,6 kcal C H O HC ���HC O 243 2 464 g g g g�� � ���� � ��� ��2 2( ) ( ) ( ) ( ) + → + +( ) ⋅ +( ) −4431 431 2 5 1 171 ( ) − −( ) + + − − + 0 243 928 431 636� ���� ���� � ���� ���� −−1 670 Hligações quebradas = +1 171 kJ Hligações formadas = –1 067 kJ H = Hligações quebradas + Hligações formadas H = (+1 171) + (–1 067) H = +104 kJ QUI-M10-1.indd 17 20/09/2016 16:34:23 18 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO 4. São dadas as seguintes energias de ligação em kJ/mol de ligação formada: H Cℓ = –431,8; H F = –563,2; Cℓ Cℓ = –242,6; F F = –153,1. A partir desses dados, calcule o H da reação a seguir. 2 HCℓ(g) + 1 F2(g) 2 HF(g) + 1 Cℓ(g) 5. Sabendo que: HCℓ(g) H(g) + Cℓ(g) ΔH = +431 kJ Determine a energia de ligação entre o cloro e o hi- drogênio. Carvão e petróleo devem ficar no passado Relatório da Agência Internacional de Energia mostra que metas para redução de emissões de carbono apresentadas por países são insuficientes para manter aumento da temperatura global em até 2 oC Energy and Climate Change, relatório espe- cial do World Energy Outlook. A Agência Internacional de Energia (AIE) publicou hoje um relatório especial focado em energia e mudanças climáticas. O “Energy and Climate Change” (Energia e Mudanças Cli- máticas) é parte da famosa série de relatórios “World Energy Outlook”, referência na área de energia no mundo todo, e apresenta três cená- rios energéticos possíveis. Um dos cenários considera as metas para redução das emissões de carbono já apresenta- das pelos países e mostra que apenas com elas não será possível manter o aumento da tempe- ratura global em até 2 ºC, limite considerado seguro para conservar a vida na Terra segundo cientistas. “Estamos muito aquém do compro- misso que precisamos. O que está prometido até o momento deve ser o patamar mínimo do compromisso e não o máximo”, afirma o coor- denador político internacional do Greenpeace para mudanças climáticas, Martin Kaiser. O segundo cenário, proposto pela AIE como uma alternativa, considera frear o aumento do uso de petróleo e de carvão nos próximos cinco anos e também incentivar as energias renová- veis e adotar medidas de eficiência energética. Há também um terceiro cenário, que considera o desenvolvimento de novas tecnologias. Atualmente, a produção e o uso de energia são responsáveis por dois terços das emissões de gases de efeito estufa no mundo e este rela- tório especial representa a contribuição da AIE para a próxima Conferência do Clima que será realizada em dezembro, em Paris, e na qual es- pera-se ser assinado um novo acordo que subs- tituirá o Protocolo de Kyoto. “O relatório é positivo já que demanda me- tas mais ambiciosas dos países para diminuir as emissões de carbono”, afirma Kaiser. Além dis- so, reconhece-se a necessidade de descontinuar o uso do carvão, de retirar os subsídios para os combustíveis fósseis e, ainda, que as energias renováveis têm um papel muito importante no futuro energético do planeta. “Estamos à beira de uma nova era ener- gética e a Agência Internacional de Energia reconhece isso. Em breve, o uso do carvão já será passado e o petróleo seguirá o mesmo ca- minho”, continua Kaiser. SUSTENTABILIDADE 2 mol de ligações H Cℓ: 2 ⋅ (+ 431,8) kJ 1 mol de ligações F F: 1 ⋅ (+153,1) kJ ∆Henergia total absorvida = 1016,7 kJ 2 mol de ligações H F: 2 ⋅ (-563,2) kJ 1 mol de ligações Cℓ Cℓ: 1 ⋅ (- 242,6) kJ ∆Henergia total liberada = – 1369 kJ ∆H =∆Henergia total absorvida + ∆Henergia total liberada ∆H = (1016,7 + (–1369) kJ) ∆H = –352,3 kJ A estrutura da substância HCℓ(g) é H Cℓ. Para formar o hidrogênio e o cloro isolados, é necessário romper essa ligação. Como nenhuma ligação é formada na reação fornecida, a entalpia da reação é igual à energia absorvida no rompimento das ligações da molécula de HCℓ: H = energia de ligação em HCℓ = +431 kJ QUI-M10-1.indd 18 20/09/2016 16:34:23 19 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO No ano passado, as emissões de carbono na China diminuíramdevido a uma redução no uso do carvão e o aumento da demanda por energia foi atendido por fontes renováveis. O caso chinês mostra que, mesmo em um curto espaço de tempo, é possível adotar fontes renováveis e que estas já podem atender à demanda de energia pelo mundo, ao contrário de tecnologias arriscadas como a energia nuclear e a captura e armazenamento de carbono (CCS, em inglês), que apesar de ser mencionada no relatório da AIE ainda é incerta e pode causar graves riscos ao meio ambiente. “Nós temos que olhar para um futuro de energia 100% renovável”, diz Kaiser. Portal Greenpeace. Disponível em: <http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Carvao-e-petroleo-devem-ficar-no-passado/>. Acesso em: jul. 2016. LEI DE HESS Experimentalmente, nem sempre é fácil determinar a variação de entalpia ( H) de uma reação, como, por exem- plo, na reação síntese do etanol (C2H5OH), a partir de car- bono, hidrogênio e oxigênio. Só em 1840 o químico suíço Germain H. Hess (1802-1850) enunciou a lei segundo a qual é possível determinar o H de reações inviáveis experi- mentalmente mediante o H de outras reações conhecidas, sem se preocupar com a quantidade de etapas necessárias para sua ocorrência. Lei de Hess: a variação de entalpia de dada rea- ção não depende de seus estados intermediários de energia, mas apenas de seus estados inicial e final. Para exemplificar o funcionamento da lei de Hess, ima- gine que se queira saber a variação de entalpia na transfor- mação de carbono grafite em carbono diamante. Para isso, consideram-se as reações conhecidas das suas combustões. C(grafite) + O2(g) → CO2(g) H = –394 kJ C(diamante) + O2(g) → CO2(g) H = –396 kJ Cgrafite + O2(g) 0 H (kJ) Cdiamante + O2(g) CO2(g) ∆H = +2 kJ ∆H = –394 kJ ∆H = –396 kJ Observa-se que o produto nas duas combustões é o mesmo, portanto a variação de entalpia na reação C(grafite) C(diamante) é dada pela diferença entre elas. H = +2 kJ/mol A equação em que o carbono grafite se transforma em carbono diamante origina-se da soma algébrica entre as equações de combustão dos respectivos alótropos desse elemento. Assim: C(grafite) + O2(g) CO2(g) ∆H = –394 kJ CO2(g) C(diamante) + O2(g) ∆H = +396 kJ C(grafite) C(diamante) ∆H = +2 kJ/mol Genericamente, para uma reação do tipo A B, toma- -se a lei de Hess na determinação de seu H, usando, para isso, outras etapas de reação na formação de intermediá- rios, segundo o diagrama. ∆H = +40 U m a et ap a H (kJ) B A ∆H2 = +16 ∆H1 = +24 Estado final Estado inicial 2a . et ap a 1a . e ta p a O valor para o H = +40 kJ da reação A B é a soma das etapas intermediárias da reação, chegando à expressão H = H1 + H2. Havendo mais de duas etapas de reação, somam-se algebricamente as diversas fases na determinação do H final da reação. H = H1 + H2 + ... QUI-M10-1.indd 19 20/09/2016 16:34:23 20 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO 1. Dadas as equações termoquímicas I. S(s) + O2(g) SO2(g) H1 = –296,8 kJ II. SO2(s) + 1/2 O2(g) SO3(g) H2 = –97,8 kJ Calcule o calor da reação (variação de entalpia) para a reação S(s) + 3/2 O2(g) SO3(g) H = ? De acordo com a lei de Hess, somam-se as equações termoquímicas como se fossem equações algébricas. S(s) + O2(g) SO2(g) H1 = –296,8 kJ SO2(s) + 1/2 O2(g) SO3(g) H2 = –97,8 kJ S(s) + 3/2 O2(g) SO3(g) H = H1 + H2 H = –394,6 kJ 2. Dadas as equações termoquímicas I. C(grafite) + O2(g) CO2(g) H1 = –94,1 kcal II. H2(g) + 1/2 O2(g) H2O(ℓ) H2 = –68,3 kcal III. CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(ℓ) H3 = +212 kcal calcule o valor do ∆H da reação C(grafite) + 2 H2(g) CH4(g) ∆H = ? Para usar a lei de Hess algebricamente, é necessário arrumar as reações de forma a se parecerem com a equação-problema. Lembrar que a inversão do sentido do sistema ou sua multiplicação por um número afeta diretamente o valor do ∆H. Para determinar o ∆H da reação, observa-se a sequên- cia: 1. equação (I): manter inalterada 2. equação (II): multiplicar por 2 3. equação (III): inverter C(grafite) + O2(g) CO2(g) H1 = –94,1 kcal 2 H2(g) + O2(g) 2 H2O(ℓ) H2 = –136,6 kcal CO2(g) + 2 H2O(ℓ) CH4(g) + 2 O2(g) H3 = –212 kcal C(grafite) + 2 H2(g) CH4(g) H = H1 + H2 – H3 H = –18,7 kcal 3. O gás acetileno, C2H2, transforma-se em benzeno, importante solvente para substâncias não polares, de acordo com a equação 3 C2H2(g) C6H6(ℓ) H = ? Com base nessas informações, determine H desse processo. Dados: I. C6H6(ℓ) + 15/2 O2(g) 6 CO2(g) + 3 H2O(ℓ) H1 = –1 115 kJ II. C2H2(g) + 5/2 O2(g) 2 CO2(g) + H2O(ℓ) H2 = –648 kJ 4. O diborano (B2H6) é um hidreto de boro altamente rea- tivo, considerado atualmente como possível combustível de foguetes em programas espaciais. Calcule o H da sín- tese do diborano a partir de suas substâncias simples, de acordo com a equação 2 B(s) + 3 H2(g) B2H6(g) H = ? Dados: I. 2 B(s) + 3/2 O2(g) B2O3(s) H1 = –1 273 kJ II. B2H6(g) + 3 O2(g) B2O3(ℓ) + 3 H2O(ℓ) H2 = –2 035 kJ III. H2(g) + 1/2 O2(g) H2O(ℓ) H3 = –242 kJ B(s) + 3/2 O2(g) B2O3(s) ΔH1 = –1 273 kJ B2O3(ℓ) + 3 H2O(ℓ) B2H6(g) + 3 O2(g) ΔH2 = +2 035 kJ 3 H2(g) + 3/2 O2(g) 3 H2O(ℓ) ΔH3 = –726 kJ 2 B(s) + 3 H2(g) B2H6(g) ΔH = ΔH1 – ΔH2 + ΔH3 ∆H = +36 kJ 6 CO2(g) + 3 H2O(ℓ) C6H6(ℓ) + 15/2 O2(g) ΔH1 = +1 11 5 kJ 3 C2H2(g) + 15/2 O2(g) 6 CO2(g) + 3 H2O(ℓ) ΔH = –1 944 kJ 3 C2H2(g) C6H6(ℓ) ΔH = ΔH1 + ΔH2 ΔH = –829 kJ QUI-M10-1.indd 20 20/09/2016 16:34:24 21 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO ENTROPIA E ENERGIA LIVRE Não se prevê um fenômeno químico ou fí- sico, em termos de sua espontaneidade, apenas aplicando o conceito de entalpia. Faz-se neces- sário o conhecimento de outras grandezas para determinar o quão espontânea é uma transfor- mação ou não. Entropia (S) é a medida do grau de de- sordem ou aleatoriedade de um sistema. Por “ordem” entende-se a proporção em que as partículas de certa substância estão restritas a um espaço. Nas fases de agregação da matéria (estados físicos), é possível diferenciar substâncias quan- to à sua entropia, que é alta quando o sistema está desorganizado. Por isso, ela aumenta do estado sólido para o líquido e, deste, para o es- tado gasoso. D O RL IN G K IN D ER SL EY /T H IN KS TO C K/ G ET TY IM A G ES Entropia (S) aumenta Para solucionar o problema de espontanei- dade, o cientista J. Willard Gibbs, há mais de um século, criou a grandeza energia livre de Gibbs, representada pelo símbolo G. Energia livre de Gibbs (G) é a medida da capacidade de uma substância realizar trabalho. A variação da energia livre para uma reação, G, está relacionada com a variação de en- talpia, H, e com a variação de entropia, S. A equação de Gibbs-Helmholtz relaciona essas quantidades e é expressa por: G = H – T ⋅ S • ∆G < 0 processo espontâneo • ∆G > 0 processo não espontâneo • ∆G = 0 processo em equilíbrio A equação de Gibbs-Helmholtz é válida sob todas as condições de temperatura, pressão e concentração, desde que mantidas constantes. Na maior parte dos casos, porém, calcula-se a energia livre no estado padrão ( Go). Na equação de energia livre, deve constar a temperatura na escala absoluta, ou seja, a uni- dade kelvin (K). Acompanhe a resolução de uma situação- -problema. Para uma reação, sabe-se que H = 20 kcal/ mol e S = 80 cal/mol . K a) Qual a G dessa reação a 1 000 K? b) Agora, responda: a reação ocorre nes- sa temperatura? No site Portal do Professor, você encontra um jogo muito divertido e, ao mesmo tempo, testa seus conhecimentos sobre termoquímica. Disponível em: <http:// portaldoprofessor. mec.gov.br/storage/ recursos/12241/sim_qui_ termotrilha.htm>. Acesso em: jul. 2016. CONECTIVIDADE ΔG = ΔH – T ⋅ ΔS ΔG = 20 000 – 1 000 ⋅ 80 ΔG = –60 000 cal/mol ou ΔG = –60 kcal/mol A reação não ocorre nessa temperatura, pois a ΔG é maior que zero, o que indica uma reação não espontânea. QUI-M10-1.indd 21 20/09/201616:34:25 22 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO 1. Um botijão de gás de cozinha, contendo butano, foi utilizado em um fogão durante um certo tempo, apresen- tando uma diminuição de massa de 1,0 kg. Sabendo-se que: C4H10(g) + 6,5 O2(g) = 4 CO2(g) + 5 H2O(g) ∆H = –2 900 kJ/mol M(C4H10) = 4 · (12) + 1 · (10) = 58 g/mol Conversão de kg para o g: 1 kg = 1 000 g Cálculo da quantidade de matéria de butano: 58 g-----------1 mol 1 000 g-----------x x = 17,24 mol de C4H10 a) Qual quantidade de calor foi produzida no fogão devido à combustão do butano? b) Qual o volume, a 25 oC e 1,0 atm, de butano consumido? Dados: o volume molar de um gás ideal a 25 °C e 1,0 atm é igual a 24,51 litros massas atômicas relativas: C = 12; H = 1 2. O gás de cozinha é composto principalmente de propano e butano. O preço do quilo de cada um desses gases é o mesmo. O calor de combustão para o propano é de 2 200 kJ/mol e, para o butano, 2 900 kJ/mol. A partir desses dados: a) escreva e balanceie a reação de combustão completa de cada um dos gases. b) mencione qual dos dois gases deve estar presente em maior quantidade, no gás de cozinha, a fim de ba- ratear o custo da energia. Justifique. 3. O carbeto de tungstênio (WC) é usado em brocas de perfuração de poços de petróleo. A medição experimental do calor de formação do WC é tarefa difícil, devido à alta temperatura em que a reação ocorre. Entretanto, o calor de formação do WC pode ser calculado a partir dos calores de combustão das substâncias a seguir: W(s) + 3/2 O2(g) WO3(s) ∆H = –840 kJ/mol C(grafite) + O2(g) CO2(g) ∆H = –394 kJ/mol WC(s) + 5/2 O2(g) WO3(s) + CO2(g) ∆H = –1 196 kJ/mol a) Calcule o calor de formação do WC. REGISTRO DA APRENDIZAGEM C3H8 + 5 O2 3 CO2 + 4 H2O C4H10 + 13/2 O2 4 CO2 + 5 H2O W(s) + C(s) WC(s) H = – 38 kJ. O butano, pois o calor de combustão é maior. 1 mol de C4H4---------- –2 900 kJ 17,24 mol de C4H4-----------Q Q = –49 996 kJ 1 mol de C4H4----------24,5 L 17,24 mol de C4H4----------V V = 422,38 L M(C4H10) = 4 · (12) + 1 · (10) = 58 g/mol Conversão de kg para o g: 1 kg = 1 000 g Cálculo da quantidade de matéria de butano: 58 g-----------1 mol 1 000 g-----------x x = 17,24 mol de C4H10 QUI-M10-1.indd 22 20/09/2016 16:34:26 23 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO b) A reação de formação do WC é endotérmica ou exotérmica? Justifique. 4. As seguintes equações termoquímicas são verdadeiras quando reagentes e produtos estão no estado gasoso a 25 oC e a 1 atmosfera de pressão: CH4(g) + Cℓ2(g) CH3Cℓ(g) + HCℓ(g) ∆H = –109 kJ CH3Cℓ(g) + Cℓ2(g) CH2Cℓ2(g) + HCℓ(g) ∆H = –96 kJ CH2Cℓ2(g) + Cℓ2(g) CHCℓ3(g) + HCℓ(g) ∆H = –104 kJ CHCℓ3(g) + Cℓ2(g) CCℓ4(g) + HCℓ(g) ∆H = –100 kJ Qual a variação de entalpia (kJ) correspondente à obtenção de 1 mol de cloreto de metila (CH3Cℓ) a par- tir de tetracloreto de carbono e cloreto de hidrogênio, quando reagentes e produtos forem gases a 25 oC e 1 atmosfera de pressão? Divida o resultado encontrado por 10 (dez). 5. Para romper 1 mol de ligações H — H produzindo átomos H, são necessários 430 kJ. A 4 000 kJ e pressão de 1 atmosfera, o H2 acha-se 60% dissociado (% em mols). Calcule o calor liberado quando um quilograma de átomos de hidrogênio produz hidrogênio molecular, H2. Massa molar do H2 = 2,0 g/mol 6. Adicionando bicarbonato de sódio para auxiliar o cozimento dos alimentos, tem-se a seguinte reação: 2 NaHCO3 Na2CO3 + CO2(g) + H2O. Considerando os dados a seguir: H(NaHCO3) = –226,5 kcal / mol H(Na2CO3) = –270,3 kcal / mol H(CO2) = –94 kcal / mol H(H2O) = –57,8 kcal / mol Calcule a quantidade de calor envolvida quando se utiliza 0,2 mol de bicarbonato de sódio. 7. O ozônio, O3(g), contaminante da baixa atmosfera e protetor da vida na ionosfera, é um composto muito rea- tivo. A entalpia necessária para a formação do ozônio a partir de O2(g) é de +142 kJ/mol de ozônio formado. a) Qual é a entalpia para a reação (2O3(g) 3O2(g))? Trata-se de um processo exotérmico ou endotérmico? Justifique. b) Dada a entalpia de dissociação do oxigênio, 1/2 O2(g) O(g) ∆H o= +247 kJ/mol, determine a entalpia para a reação de dissociação do ozônio O3(g) 3 O(g). Exotérmica, pois H < 0. 60% de 1 kg = 600 g = 600 mols de átomos de hidrogênio isolados 2 H → H2 2 mols de átomos formam 1 mol de H2. Assim, temos: 600 mol / 2 = 300 1 mol de H2______430 kJ 300 mols de H2______x x = 129 000 ou 1,29 · 105 kJ 3,09 kcal ∆H = –284 kJ exotérmico H < 0 ∆H = +228,5 kJ 30 QUI-M10-1.indd 23 20/09/2016 16:34:28 24 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO COMPREENSÃO 1. Unesp-SP — Diariamente podemos observar que rea- ções químicas e fenômenos físicos implicam em varia- ções de energia. Analise cada um dos seguintes pro- cessos, sob pressão atmosférica. I. A combustão completa do metano (CH4) produ- zindo CO2 e H2O. II. O derretimento de um iceberg. III. O impacto de um tijolo no solo ao cair de uma altura h. Em relação aos processos analisados, pode-se afirmar que a) I é exotérmico, II e III são endotérmicos. b) I e III são exotérmicos e II é endotérmico. c) I e II são exotérmicos e III é endotérmico. d) I, II e III são exotérmicos. e) I, II e III são endotérmicos. 2. UECE — Leia o texto a seguir para responder à questão. Na digestão, os alimentos são modificados quimica- mente pelo organismo, transformando-se em molécu- las que reagem no interior das células para que energia seja liberada. A equação química, não balanceada, a seguir representa a oxidação completa de um mol da substância tributirina, também conhecida como butiri- na, presente em certos alimentos. C15H26O6 + O2 → CO2 + H2O H = –8 120 kJ/mol Durante a Segunda Guerra Mundial, o monóxido de carbono foi usado como combustível alternativo nos veículos para suprir a falta de gasolina. O monóxido de carbono era obtido em equipamentos conhecidos como gasogênios, pela combustão parcial da madeira. Nos motores dos automóveis, o monóxido de carbo- no era convertido em gás carbônico ao reagir com o oxigênio, e liberava 57,0 kcal/mol. Sabendo-se que a entalpia do produto dióxido de carbono é –94 kcal, pode-se afirmar corretamente que a entalpia de forma- ção do monóxido de carbono é a) –37,0 kcal/mol. b) –151,0 kcal/mol. c) +37,0 kcal/mol. d) +151,0 kcal/mol. 3. UECE — Os químicos alemães Fritz Haber (1868-1934) e Carl Bosch (1874-1940) desenvolveram, em 1909, um processo de produção de amônia, matéria-prima para a fabricação de explosivos utilizados durante a Primeira Guerra Mundial. De acordo com o processo Haber, a obtenção da amônia se faz através da reação: N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) Para essa reação, a variação de entalpia é negativa, su- gerindo que ela ocorre a baixas temperaturas. No en- tanto, a reação é favorecida por elevada temperatura, garantindo alta energia de ativação para a) quebrar as ligações entre os átomos de hidrogênio. b) quebrar as ligações entre os átomos de nitrogênio. c) melhorar, simultaneamente, o rendimento da amônia e a velocidade da reação. d) reorganizar a estrutura na molécula da amônia. 4. Unicamp-SP — Podemos obter energia no organismo pela oxidação de diferentes fontes. Entre essas fontes destacam-se a gordura e o açúcar. A gordura pode ser representada por uma fórmula mínima (CH2)n, en- quanto um açúcar pode ser representado por (CH2O) n. Considerando essas duas fontes de energia, pode- mos afirmar corretamente que, na oxidação total de 1 grama de ambas as fontes em nosso organismo, os produtos formados são a) os mesmos, mas as quantidades de energia são dife- rentes. b) diferentes, mas as quantidades de energia são iguais. c) os mesmos, assim como as quantidades de energia. d) diferentes, assim como as quantidades de energia. 5. UECE — A glicose é produzida no intestino pela de- gradação dos carboidratos e transportada pelo sangue até as células, onde reage com o oxigênio, produzindo dióxido de carbono e água. Para entender a formação da glicose, são fornecidas as seguintes equações: 1. C(s) + O2(g) CO(2) H= –94,1 kcal 2. H2(g) + 1 2 O2(g) H2O(g) H = –68,3 kcal 3. C6H12O6(s) + 6 O2(g) 6 CO2(6) + 6 H2O H = –673,0 kcal Considerando as reações que conduzem à formação da glicose e apenas as informações acima, pode-se afirmar corretamente que o processo é a) espontâneo. b) não espontâneo. c) endoenergético. d) exoenergético. QUI-M10-1.indd 24 20/09/2016 16:34:28 25 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO 6. UEG-GO — O gráfico a seguir representa a variação de entalpia para uma reação genérica que pode levar à formação dos produtos P1 e P2 a partir do reagente R. Caminho de reação P2 P1 R H y 0 –x A análise do gráfico permite concluir que a a) reação libera energia para produção de P1. b) produção de P2 é um processo endotérmico. c) variação de entalpia para formação de P1 é y. d) reação que leva a P2 ocorre com maior rendimento. DESENVOLVIMENTO 7. UFG-GO (adaptado) — Na digestão, os alimentos são modificados quimicamente pelo organismo, transfor- mando-se em moléculas que reagem no interior das células para que energia seja liberada. A equação quí- mica, não balanceada, a seguir representa a oxidação completa de um mol da substância tributirina, também conhecida como butirina, presente em certos alimentos. C15H26O6 + O2 → CO2 + H2O ΔH = −8 120 kJ /mol Considerando-se que toda a energia da reação este- ja disponível para a realização de trabalho mecânico, quantos mols de O2 são necessários para que uma pes- soa levante uma caixa de 20,3 kg do chão até uma altura h = 2,0 m? Dados: g = 10 m/s2 a) 2,03 · 10–4 b) 4,06 · 10–4 c) 9,25 · 10–4 d) 18,50 · 10–4 e) 20,00 · 10–4 8. PUC-RJ — O metanol é um álcool utilizado como com- bustível em alguns tipos de competição automotiva, por exemplo, na Fórmula Indy. A queima completa (ver reação termoquímica abaixo) de 1L de metanol (densi- dade, 080 g · mL–1) produz energia na forma de calor (em kJ) e CO2 (em gramas) nas seguintes quantidades respectivamente: 2 CH3OH(ℓ) + 3 O2(g) 4 H2O(ℓ) + 2 CO2(g); H = –1 453 kJ Considere: M(CH3OH) = 32 · g mol –1 M(CO2) = 44 g · mol –1 a) 18,2 · 103 e 1,1 · 103 b) 21,3 · 103 e 0,8 · 103 c) 21,3 · 103 e 1,1 · 103 d) 18,2 · 103 e 0,8 · 103 e) 36,4 · 103 e 1,8 · 103 9. Unicamp-SP — Um artigo científico recente relata um processo de produção de gás hidrogênio e dióxido de carbono a partir de metanol e água. Uma vantagem dessa descoberta é que o hidrogênio poderia, assim, ser gerado em um carro e ali consumido na queima com oxigênio. Dois possíveis processos de uso do me- tanol como combustível num carro — combustão dire- ta ou geração e queima do hidrogênio — podem ser equacionados conforme o esquema a seguir: CH3OH(g) + 3 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(g) combustão direta CH3OH(g) + H2O(g) CO2(g) + 3 H2O(g) H2(g) + 1 2 O2(g) H2O(g) geração e queima de hidrogênio De acordo com essas equações, o processo de geração e queima de hidrogênio apresentaria uma variação de energia a) diferente do que ocorre na combustão direta do metanol, já que as equações globais desses dois processos são diferentes. b) igual à da combustão direta do metanol, apesar de as equações químicas globais desses dois pro- cessos serem diferentes. c) diferente do que ocorre na combustão direta do metanol, mesmo considerando que as equações químicas globais desses dois processos sejam iguais. d) igual à da combustão direta do metanol, já que as equações químicas globais desses dois processos são iguais. 10. UFRGS-RS — A reação de cloração do metano, em pre- sença de luz, é mostrada a seguir. CH4 + Cℓ2 CH3Cℓ + HCℓ H = –25 kcal mol –1 Considere os dados de energia das ligações: C — H = 105 kcal mol–1 Cℓ — Cℓ = 58 kcal mol–1 H — Cℓ = 103 kcal mol–1 A energia da ligação C — Cℓ no composto CH3 — Cℓ, é a) 33 kcal mol–1. b) 56 kcal mol–1. c) 60 kcal mol–1. d) 80 kcal mol–1. e) 85 kcal mol–1. QUI-M10-1.indd 25 20/09/2016 16:34:28 26 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO 11. UEPA — O hidróxido de magnésio, base do medicamento vendido comercialmente como leite de magnésia, pode ser usado como antiácido e laxante. Dadas as reações a seguir: I. 2 Mg(s) + O2(g) 2 MgO(s) H = –1 203,6 kJ II. Mg(OH)2(s) MgO(g) + H2O(ℓ) H = +37,1 kJ III. 2 H2(g) + O2(g) 2 H2O(ℓ) H = –571,7 kJ Então, o valor da entalpia de formação do hidróxido de magnésio, de acordo com a reação Mg(s) + H2(g) + O2(g) Mg(OH)2(s), é a) –1 849,5 kJ. b) +1 849,5 kJ. c) –1 738,2 kJ. d) –924,75 kJ. e) +924,75 kJ. 12. PUC-SP — Dados: Entalpia de formação padrão do O3 : 143 kJ mol –1 Entalpia de ligação O = O : 498 kJ mol NO(g) + O3(g) NO2(g) + O2(g) H = –200 kJ Diversas reações ocorrem na atmosfera devido à ação da luz solar e à presença de poluentes. Uma das reações relevan- tes é a decomposição do dióxido de nitrogênio em óxido nítrico e oxigênio atômico. NO2(g) NO(g) + O(g) A partir dos dados, é possível concluir que essa reação é a) endotérmica, absorvendo 306 kJ a cada mol de NO2 decomposto. b) endotérmica, absorvendo 441 kJ a cada mol de NO2 decomposto. c) exotérmica, absorvendo 306 kJ a cada mol de NO2 decomposto. d) exotérmica, liberando 441 kJ a cada mol de NO2 decomposto. 13. ITA-SP — Considere as entalpias padrão de formação dos seguintes compostos: CH4(g) O2(g) CO2(g) H2O(g) Hf 0/kJ mol–1 –74,81 Zero –393,51 –285,83 Sabendo que a capacidade calorífica da água, à pressão constante, vale 75,9 mol–1 e que sua entalpia de vaporização é igual a 40,66 mol–1, assinale a alternativa que melhor corresponda ao número de mols de metano necessários para vaporizar 1L de água pura, cuja temperatura inicial é 25 oC, ao nível do mar. a) 1,0 b) 2,0 c) 2,9 d) 3,8 e) 4,7 APROFUNDAMENTO 14. UFPR — A análise dos dados termodinâmicos de reações permite a previsão da espontaneidade. Na tabela a seguir estão apresentados os dados termodinâmicos de duas reações químicas. Reação ∆Hf Ø, kJ/mol ∆Sf Ø, kJ/mol ∆Gf Ø, kJ/mol 200 K 2 800 K (i) N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) –20,0 –25 –15,0 +50,0 (ii) MgO(s) + CO(g) Mg(s) + CO2(g) +30,0 +5 +29,0 +16,0 A partir dos dados apresentados, identifique as seguintes afirmativas como verdadeiras (V) ou falsas (F), ( ) A diminuição da temperatura desfavorece a espontaneidade da reação (i). ( ) O aumento da temperatura favorece a espontaneidade da reação (ii). ( ) Na temperatura de 400 K, a reação (i) será espontânea. ( ) Na temperatura de 4 000 K, a reação (ii) será espontânea. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo. a) V — V — V — F b) V — F — V — F c) F — V — F — V d) F — V — V — F e) V — F — F — V QUI-M10-1.indd 26 20/09/2016 16:34:29 27 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO 15. Mackenzie-SP — O cicloexano (C6H12) é um hidrocar- boneto líquido à temperatura ambiente, insolúvel em água, que pode ser obtido pela redução com hidrogênio, na presença de um catalisador e pressão adequados, a partir do benzeno, apresentando valor de entalpia-pa- drão de formação igual a –156 kJ mol–1. Sabendo-se que as entalpias padrão de formação, da água líquida e do dióxido de carbono gasoso são, respectivamente, –286 kJ mol–1 e –394 kJ mol–1, pode-se afirmar que a entalpia-padrão de combustão do cicloexano é de a) –524 kJ mol–1. b) –836 kJ mol–1. c) –3 924 kJ mol–1. d) –4 235 kJ mol–1. e) –6 000 kJ mol–1. 16. UEPA — Considerando a equação química que mostra que a queima do butano (gás de cozinha), em nossas residências, é: C4H10(g) + 13 2 O2(g) 4 CO2(g) + 5 H2O(ℓ) Dados: (H = 1; C = 12 e O = 16 g · mol–1) Sobre a queima do gás butano, avalie as afirmativas a seguir. I. A reação é exotérmica. II. A reação é endotérmica. III. Se 58 g do gás butano são queimados, o volume de CO2 produzido é 46,0 L (na CNTP). IV. Se o gás butano está 90% puro, a quantidade de CO2 produzido será 80,64 L (na CNTP). V. A energia envolvida na reação equivale ao calor de combustão do gás butano. A alternativa que contém todas as afirmativas corretas é: a) I, II e III. b) II, III e IV.c) II, IV e V. d) I, III e V. e) I, IV e V. ESTUDO PARA O ENEM 17. Enem — O aproveitamento de resíduos florestais vem se tornando cada dia mais atrativo, pois eles são uma fonte renovável de energia. A figura representa a quei- ma de um bio-óleo extraído do resíduo de madeira, sendo H1 a variação de entalpia devido à queima de 1g desse bio-óleo, resultando em gás carbônico e água líquida, e H2, a variação de entalpia envolvida na con- versão de 1g de água no estado gasoso para o estado líquido. Energia Bio-óleo + O2(g) CO2(g) + H2O(g) CO2(g) + H2O(ℓ) H1 = –18,8 kJ/g H2 = –2,4 kJ/g A variação de entalpia, em kJ, para a queima de 5 g desse bio-óleo, resultando em CO2 (gasoso) e H2O (ga- soso), é a) –106 b) –94 c) –82 d) –21,2 e) –16,4 Competência 7 — Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar inter- venções científico-tecnológicas. Habilidade 26 — Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos. 18. Enem — Um dos problemas dos combustíveis que contêm carbono é que sua queima produz dióxido de carbono. Portanto, uma característica importante, ao se escolher um combustível, é analisar seu calor de combustão ( HC o), definido como a energia liberada na queima completa de um mol de combustível no estado padrão. O quadro seguinte relaciona algumas substân- cias que contêm carbono e seu HC o. Substância Fórmula AHC o (kJ/mol) benzeno C6H6(ℓ) –3 268 etanol C2H5OH(ℓ) –1 368 glicose C6H12O6(s) –2 808 metano CH4(g) –890 octano C8H18(ℓ) –5 471 QUI-M10-1.indd 27 20/09/2016 16:34:29 28 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO Neste contexto, qual dos combustíveis, quando quei- mado completamente, libera mais dióxido de carbo- no no ambiente pela mesma quantidade de energia produzida? a) Benzeno b) Metano c) Glicose d) Octano e) Etanol Competência 7 — Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar inter- venções científico-tecnológicas. Habilidade 26 — Avaliar implicações sociais, ambientais e/ou econômicas na produção ou no consumo de recursos energéticos ou minerais, identificando transformações químicas ou de energia envolvidas nesses processos. 19. Enem O abastecimento de nossas necessidades energéticas futuras dependerá certamente do desenvolvimento de tecnologias para aproveitar a energia solar com maior efi- ciência. A energia solar é a maior fonte de energia mundial. Num dia ensolarado, por exemplo, aproximadamente 1 kJ de ener- gia solar atinge cada metro quadrado da superfície terrestre por segundo. No entan- to, o aproveitamento dessa energia é difícil porque ela é diluída (distribuída por uma área muito extensa) e oscila com o horário e as condições climáticas. O uso efetivo da energia solar depende de formas de estocar a energia coletada para uso posterior. (BROWN, T. Química, a ciência central. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005.) Atualmente, uma das formas de se utilizar a energia solar tem sido armazená-la por meio de processos químicos endotérmicos que, mais tarde, podem ser revertidos para liberar calor. Considerando a reação CH4(g) + H2O(v) + calor CO(g) + 3 H2(g), e analisando- -a como potencial mecanismo para o aproveitamento posterior da energia solar, conclui-se que se trata de uma estratégia a) insatisfatória, pois a reação apresentada não permite que a energia presente no meio exter- no seja absorvida pelo sistema para ser utilizada posteriormente. b) insatisfatória, uma vez que há formação de gases poluentes e com potencial poder explosivo, tor- nando-a uma reação perigosa e de difícil controle. c) insatisfatória, uma vez que há formação de gás CO que não possui conteúdo energético passível de ser aproveitado posteriormente e é considera- do um gás poluente. d) satisfatória, uma vez que a reação direta ocorre com absorção de calor e promove a formação das substâncias combustíveis que poderão ser utiliza- das posteriormente para obtenção de energia e realização de trabalho útil. e) satisfatória, uma vez que a reação direta ocorre com liberação de calor, havendo ainda a formação das substâncias combustíveis que poderão ser uti- lizadas posteriormente para obtenção de energia e realização de trabalho útil. Competência 7 — Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar inter- venções científico-tecnológicas. Habilidade 27 — Avaliar propostas de intervenção no meio am- biente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefício. 20. Enem — No que tange à tecnologia de combustíveis alternativos, muitos especialistas em energia acreditam que os alcoóis vão crescer em importância em um fu- turo próximo. Realmente, alcoóis como metanol e etanol têm encon- trado alguns nichos para uso doméstico como com- bustíveis há muitas décadas e, recentemente, vêm ob- tendo uma aceitação cada vez maior como aditivos, ou mesmo como substitutos para gasolina em veículos. Algumas das propriedades físicas desses combustíveis são mostradas no quadro seguinte. Álcool Densidade a 25 oC (g/mL) Calor de combustão (kJ/mol) Metanol (CH3OH) 0,79 –726,0 Etanol (CH3CH2OH) 0,79 –1367,0 Dados: massas molares em g/mol H = 1,0; C = 12,0; O = 16,0. Considere que, em pequenos volumes, o custo de pro- dução de ambos os alcoóis seja o mesmo. Dessa forma, do ponto de vista econômico, é mais vantajoso utilizar a) metanol, pois sua combustão completa fornece aproximadamente 22,7 kJ de energia por litro de combustível queimado. b) etanol, pois sua combustão completa fornece aproximadamente 29,7 kJ de energia por litro de combustível queimado. QUI-M10-1.indd 28 20/09/2016 16:34:29 29 QUÍMICA 10 ENSINO MÉDIO c) metanol, pois sua combustão completa fornece aproximadamente 17,9 MJ de energia por litro de combustível queimado. d) etanol, pois sua combustão completa fornece aproximadamente 23,5 MJ de energia por litro de combustível queimado. e) etanol, pois sua combustão completa fornece aproximadamente 33,7 MJ de energia por litro de combustível queimado. Competência 7 — Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar inter- venções científico-tecnológicas. Habilidade 27 — Avaliar propostas de intervenção no meio am- biente aplicando conhecimentos químicos, observando riscos ou benefício. 21. Enem — Nas últimas décadas, o efeito estufa tem-se intensificado de maneira preocupante, sendo esse efeito muitas vezes atribuído à intensa liberação de CO2 du- rante a queima de combustíveis fósseis para geração de energia. O quadro traz as entalpias-padrão de combus- tão a 25 ºC (∆H025) do metano, do butano e do octano. Composto Fórmula molecular Massa molar (g/moℓ) ∆H025 (kJ/moℓ) Metano CH4 16 –890 Butano C4H10 58 –2.878 Octano C8H18 114 –5.471 À medida que aumenta a consciência sobre os impac- tos ambientais relacionados ao uso da energia, cresce a importância de se criarem políticas de incentivo ao uso de combustíveis mais eficientes. Nesse sentido, considerando-se que o metano, o butano e o octano sejam representativos do gás natural, do gás liquefeito de petróleo (GLP) e da gasolina, respectivamente, en- tão, a partir dos dados fornecidos, é possível concluir que, do ponto de vista da quantidade de calor obtido por mol de CO2 gerado, a ordem crescente desses três combustíveis é a) gasolina, GLP e gás natural. b) gás natural, gasolina e GLP. c) gasolina, gás natural e GLP. d) gás natural, GLP e gasolina. e) GLP, gás natural e gasolina. Competência 7 — Apropriar-se de conhecimentos da química para, em situações-problema, interpretar, avaliar ou planejar inter- venções científico-tecnológicas. Habilidade 27 — Avaliar propostas de intervenção