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NOÇÕES DE DIREITO PENAL PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 2 O inteiro teor desta apostila está sujeito à proteção de direitos autorais. Copyright © 2019 Loja do Concurseiro. Todos os direitos reservados. O conteúdo desta apostila não pode ser copiado de forma diferente da referência individual comercial com todos os direitos autorais ou outras notas de propriedade retidas, e depois, não pode ser reproduzido ou de outra forma distribuído. Exceto quando expressamente autorizado, você não deve de outra forma copiar, mostrar, baixar, distribuir, modificar, reproduzir, republicar ou retransmitir qualquer informação, texto e/ou documentos contidos nesta apostila ou qualquer parte desta em qualquer meio eletrônico ou em disco rígido, ou criar qualquer trabalho derivado com base nessas imagens, texto ou documentos, sem o consentimento expresso por escrito da Loja do Concurseiro. Nenhum conteúdo aqui mencionado deve ser interpretado como a concessão de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da Loja do Concurseiro. PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 3 PROGRAMA: NOÇÕES DE DIREITO PENAL: 1. Da aplicação da lei penal. 1.1. Lei penal no tempo. 1.2. Lei penal no espaço. 2. Do crime. 2.1. Elementos. 2.2. Consumação e tentativa. 2.3. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. 2.4. Arrependimento posterior. 2.5. Crime impossível. 2.6. Causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade. 3. Contravenção. 4. Imputabilidade penal. 5. Dos crimes contra a vida (homicídio, lesão corporal e rixa). 6. Dos crimes contra a liberdade pessoal (ameaça, sequestro e cárcere privado). 7. Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, estelionato e outras fraudes e receptação). 8. Dos crimes contra a dignidade sexual 9. Dos crimes contra a paz pública (quadrilha ou bando). 10. Legislação esparsa: Lei federal n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura). DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Anterioridade da lei Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal. COMENTÁRIOS No primeiro momento se faz necessário que saibamos a diferença entre crime/delito e contravenção penal. Características dos crimes/delitos: 1 – Pena de reclusão (regime fechado, regime semiaberto e aberto), detenção (regime semiaberto e aberto, podendo haver a regressão de regime semiaberto para fechado) cumulada ou não com multa. 2 – Tentativa de crime é punida. 3 – Admitem três espécies de ação penal: Ação Penal Pública Incondicionada, Ação Penal Pública Condicionada e Ação Penal Privada. 4 – Admite extraterritorialidade da lei penal. 5 – Tempo máximo é de prisão 30 anos. 6 – A competência para julgar os crimes é da justiça federal e justiça estadual. Características das contravenções penais (DECRETO-LEI Nº 3.688, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941): 1 – Pena de prisão simples (regime semiaberto e aberto, não podendo nunca regredir para o regime fechado) cumulado ou não com multa ou só multa. 2 – Não se pude tentativa de contravenção. 3 – Todas as contravenções penais são de Ação Penal Pública Incondicionada. 4 – Não há extraterritorialidade da lei penal brasileira. 5 - Pena máxima de 5 anos. 6 – São sempre julgadas pela justiça estadual. OBS.: A justiça federal não julga contravenções penais, mesmo que atinja interesses da União. Porém existe uma exceção, quando o contraventor tiver foro especial na justiça federal. Ex.: Juiz federal, que comente contravenção penal, é julgado pela justiça federal - TRF. Diferenças básicas entre os regimes: 1 - Regime Fechado - O cumprimento se dará em penitenciárias, podendo, após diversos critérios, o preso trabalhar externamente somente em serviços ou obras públicas. OBS.: O preso poderá também trabalhar internamente, de acordo com suas aptidões ou habilidades que eram desenvolvidas antes da condenação. 2 - Regime semiaberto: O cumprimento se dará em colônias agrícolas, industriais ou estabelecimentos semelhantes, podendo o preso trabalhar externamente, assim como frequentar cursos de ensino superior, médio, profissionalizantes e dentre outros. 3 - Regime aberto: O cumprimento se dará nas conhecidas casas de albergados, podendo o preso trabalhar externamente. OBS.: Nos regimes fechados e semiabertos o preso terá direito a remição, ou seja, a cada três dias de trabalho ou 12 horas de estudo diminuirá um na sua pena. Todavia no regime aberto não tem previsão expressa para esta remição. Princípio da Anterioridade – A lei incriminadora deve ser anterior ao fato praticado, ou seja, não pode ser aplicada aos fatos anteriores a sua entrada em vigor. Ex.: Joaquim praticou um ato no dia 15/01/2014. No dia 20/01/2014, entra em vigor uma lei que tipifica a conduta de Joaquim como crime. Conclusão: Joaquim não poderá responder pelo crime, pois o ato foi praticado antes da lei entrar em rigor. NOÇÕES DE DIREITO PENAL PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 4 Princípio da Reserva Legal – Somente lei federal, ordinária ou complementar, pode criar ou modificar infrações penais e sanções penais. OBS.: Não se pode criar ou modificar infrações penais e sanções penais por: 1 – Leis estaduais, municipais ou do distrito federal. 2 – Lei delegada. 3 – Emenda constitucional. 4 – Medida provisória (Art. 62 – “Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional”, § 1º - “É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria” - I – “relativa a”, b – “direito penal, processual penal e processual civil”, da Constituição Federal de 1988). 5 – Costumes, princípios gerais de direito e analogias. É terminantemente proibida a analogia in malam partem, ou seja, aquela que irá prejudicar o réu. Porém é perfeitamente aceita a analogia in bonam partem, ou seja, aquela que irá beneficiar o réu. Ex.: Manoel faz uma ligação clandestina para pegar o sinal de Sky do seu vizinho. Seu vizinho vai a uma delegacia de polícia, após ser realizado os procedimentos, o juiz recebe a denúncia de um furto. Porém, verifica que o delegado equiparou o furto de sinal da Sky, com furto de energia, por analogia. Conclusão: Como a analogia é com animus de prejudicar o réu, a mesma não poderá ser aplicada. Ex2.: Uma parteira, em uma cidade longínqua, que pratica uma manobra abortiva em uma jovem que correr risco de morte. Conclusão: O Art. 128, I e II do C.P. (“Não se pune o aborto praticado por médico”: I – “se não há outro meio de salvar a vida da gestante”; e II – “se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”) prevê somente a prática do aborto realizada por médico, mas, por analogia (in bonam partem), o legislador achou que poderia ser praticado por outras pessoas como a enfermeira e a parteira, por exemplo. Segundo Mirabete, “o costume é uma regra de conduta praticada de modo geral, constante e uniforme, com a consciência de sua obrigatoriedade”. Assim, apesar de ser proibida a criação de normas penais por meio de costumes, os mesmos podem auxiliar o intérprete a traduzir conceitos, tais como de repouso noturno, honra e etc., permitindo assim um enquadramento correto do fato ao tipo penal. Ex.: Raimundo adentrou uma residência em uma cidade do interior do Pará, por volta das 20h, para cometer um furto. Os moradores desta cidade iniciam seu repouso noturno às 18h. Conclusão: O juiz poderá utilizar os costumeslocais e qualificar o furto do Art. 155, § 1º (“Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”; § 1º - “A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno”) do C.P., por ter sido cometido durante o repouso noturno. Princípio da Taxatividade – A lei incriminadora deve descrever de forma clara e precisa a conduta criminosa. Este princípio proíbe leis penais vagas, genéricas ou imprecisas (de conteúdo duvidoso). A lei tem que ser escrita, estrita (proíbe a utilização de analogia incriminadora), certa (Princípio da Taxatividade) e necessária (Princípio da Intervenção Mínima). No Art. 1° do C.P. entendamos infração penal (crime e contravenção penal), sanção penal (penas e medidas de segurança). PRINCÍPIO DA LEGALIDADE = RESERVA LEGAL + ANTERIORIDADE. Normas Penais em Branco: São aquelas que necessitam de um complemento de outra norma. Classificação das Normas Penais em Branco: 1 - Normas Penais em Branco próprias (completemento proveniente de outras espécies normativas, como por exemplo, portarias.) e Normas Penais em Branco impróprias (completemento proveniente da mesma espécie normativa, como por exemplo, lei penal completada pelo código civil ou pelo próprio código penal). OBS.: Ainda podemos dividir as Normas Penais em Branco impróprias em: Homovitelina (completo está dentro do próprio código penal. Ex.: O crime de peculato, suja elementar é o funcionário público. Conclusão: Encontraremos o conceito de funcionário público no próprio código penal, mais precisamente no seu art. 327.) e Heterovitelina (completo está dentro de outra lei, localizada no código civil, por exemplo. Ex.: No delito de art. 236 - "Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior", encontraremos as hipóteses de impedimento da união civil, dentro do código civil.). PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 5 Norma Penal em Branco Reversa, Revés ou Investida: É aquela cujo complemento normativo está relacionado à sanção penal (pena) e não ao conteúdo da proibição. Ex.: Art. 304 do C.P. "Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se refere os arts. 297 a 302. Pena - A cominada à falsificação ou à alteração." Lei penal no tempo Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. COMENTÁRIOS A Abolito Criminis nada mais é que a abolição do crime, ou seja, se um fato deixa de ser crime, então o sujeito não poderá mais ser punido, e mesmo que já tenha transitado em julgado a sentença condenatória, cessará todos os efeitos penais. Ex.: Pedro cometeu um crime, e o processo já transitou em julgado e o mesmo está cumprindo sua pena. Porém, 2 meses após o cumprimento de pena, surge uma lei abolindo o crime praticado por Pedro. Conclusão: Pedro será colocado em liberdade. OBS.: Somente serão cessados os efeitos penais, ou seja, os extrapenais continuarão sendo aplicados. Ex.: Mario corta o rosto de João. Na esfera penal foi condenado por lesão corporal e na esfera cível foi condenado a pagar a reparação estética do rosto de João. Suponhamos que o delito de lesão corporal foi abolido do código penal. Conclusão: Mario não precisará cumprir nenhum ato decidido por sentença penal, todavia continuará obrigado a fazer a reparação estética no rosto de João. Retroatividade – A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu (Novatio legis in mellius) – Art. 5, XL C.F. Ex.: José cometeu um delito que tem uma pena de 5 a 10 anos de reclusão. No decorrer do processo, o mesmo delito passou a ter uma pena de 2 a 7 anos de reclusão. Conclusão: José será beneficiado com a nova lei. Ultratividade – A lei posterior mais rigorosa não poderá retroagir para agravar a situação do agente (Novatio legis in pejus). Sendo assim aplicada a lei revogada. Ex.: No dia 10/01/2014, João cometeu um crime que trazia uma pena de 1 a 3 anos de reclusão. Antes da sentença transitada em julgado, a lei foi revogada e o crime passou a ter uma pena de 2 a 5 anos de reclusão. Conclusão: Será aplicada a João a lei que foi revogada, tendo em vista, que a lei nova é mais maléfica. EXTRATIVIDADE = RETROATIVIDADE + ULTRATIVIDADE OBS.: De acordo com Nelson Hungria não é possível a combinação de leis, ou seja, pegar o melhor da lei anterior e o melhor da lei posterior, pois assim estaríamos criando uma nova lei. No mesmo sentido o STJ sumulou esse entendimento: “É cabível a aplicação retroativa da lei n. 11.343/2006, desde que o resultado da incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da aplicação da lei n. 6.368/1976, sendo vedada a combinação de leis” (Súmula 510 STJ). Se durante um crime permanente ou continuado (Art. 71 do C.P. - "Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços") houver a alteração de lei, aplica-se sempre a lei mais nova, mesmo que seja mais grave ao acusado (Súmula N° 711 do STF - "A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência"). Ex.: Pablo pratica o crime de sequestro no dia 05/01/2015. O mesmo se estende, e vem a findar no dia 25/08/2015. No dia do início do sequestro (dia 05/01/2015), suponhamos que o delito tinha uma pena de 4 a 10 anos de reclusão, porém no dia 10/07/2015 a lei é alterada, dando ao delito uma pena de 6 a 15 anos de reclusão. Conclusão: Pablo será julgado com base na lei mais nova, mesmo sendo mais rigorosa. PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 6 Crime Permanente – É aquele que a consumação se prolonga no tempo. Ex.: Sequestro, Redução a condição análoga à de escravo e etc. Crime Continuado – Art. 71 do C.P. – “Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços”. Ex.: Três furtos (Art. 155 do C.P.) praticados em três casas vizinhas em três dias seguidos, nos mesmos horários, com os mesmos modos operantes e etc. OBS.: Só é possível existir crime continuado, se estivermos diante de crimes da mesma espécie, ou seja, descrito no mesmo tipo penal (mesmo artigo de lei). Ex.: Art. 155 “caput” e 155, § 4º, ou seja, furto simples e furto qualificado, porém os dois são furtos. Lei excepcional ou temporária Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência. COMENTÁRIOS As leis, em regra, são feitas para vigorarem por prazo indeterminado, até que sejam revogadas por outra lei. Porém existem duas exceções: Lei excepcional e Lei temporária (Possuem durações determinadas). Não se aplica nas leis excepcionais e temporárias a abolitio criminis. Lei Excepcional – É a lei feita para vigorar durante situações excepcionais, ou seja, de anormalidade. Ex.: guerra, calamidades e etc. Lei Temporária– É a lei feita para vigorar durante prazo certo e exato, ou seja, em seu próprio texto consta o dia da sua revogação. Ex.: Uma lei que começou a vigorar no dia 01/01/2015 e se findará no dia 01/02/2015. As leis excepcionais e temporárias continuam sendo aplicadas após serem revogadas, ou seja, são ultra ativas. Mas apenas aos fatos ocorridos durante a sua vigência. Ex.: Suponhamos que surge uma lei que proíbe lavar carro no período de 01/02/2015 à 01/03/2015. João lava seu carro neste período. Conclusão: Mesmo que a lei tenha vencido seu prazo de validade, João irá responder pelo delito praticado à época do fato. OBS.: Uma lei perde sua vigência em algumas situações específicas, quais sejam: revogação por outra lei, desuso e decurso de tempo. OBS2.: Revogação é o fenômeno pelo qual uma lei perde a sua vigência, pois entra em vigor outra norma. OBS3.: Repristinação é um instituto jurídico, no qual, uma norma que foi revogada, volta a vigência novamente, após ter sido revogada por uma terceira lei, ou seja, seria a revogação da revogação. OBS4.: Apesar de possuir divergências, o entendimento que prevalece é de que as leis temporária e excepcionais não violam o princípio da irretroatividade da lei prejudicial. OBS5.: Um lei temporária ou excepcional pode virar lei permanente. Tempo do crime Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. COMENTÁRIOS O Art. 4° do C.P. refere-se ao tempo no qual o crime ocorreu. Teoria Atividade – Considera-se praticado o crime no momento da conduta (ação ou omissão), ou seja, no momento da atividade criminosa e não no momento do resultado. (ADOTADA PELO C.P.) Ex.: Pedro atira em Paulo no dia 10/01/2015. Porém, o mesmo vem a falecer no dia 13/01/2015. Conclusão: Será considerado praticado o delito no dia 10/01/2015. OBS.: De acordo como princípio da simultaneidade, todos os elementos do crime do crime (fato típico, ilicitude e culpabilidade) devem estar presentes no momento da conduta típica. Teoria do Resultado – Considera-se praticado o crime no momento do resultado e não da conduta. (NÃO ADOTADO PELO C.P.) Ex.: Pedro atira em Paulo no dia 10/01/2015, que vem a falecer no dia 20/01/2015. Conclusão: Será considerada a pratica do delito no dia 20/01/2015. Teoria Mista ou Ubiquidade – Considera-se praticado o crime, tanto no momento da conduta quanto do resultado. (NÃO ADOTADO PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 7 PELO C.P.) Ex.: Pedro atira em Paulo no dia 10/01/2015, que vem a falecer no dia 20/01/2015. Conclusão: Será considerado a pratica do delito tanto no dia 10/01/2015 quanto no dia 20/01/2015. Territorialidade Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional. § 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. § 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil. COMENTÁRIOS Em regra, aplica-se a lei penal brasileira em todo território nacional, não importando a nacionalidade da vítima ou agente ou do bem jurídico tutelado. O Art. 5° do C.P. adotou a Territorialidade Temperada, Relativa ou Mitigada (aquela que permite a eficácia da norma de outros países em certos casos, como, tratados, convenções e regras de direito internacional) pela intraterritorialidade (lei do estrangeiro adentrando no Brasil). OBS.: As normas de outros países terão eficácia nas exceções relativas ao direito internacional, quando estivermos diante das imunidades diplomáticas, que são prerrogativas do direito internacional. Os agentes que possuem estas imunidades são: os chefes de governo ou de Estado estrangeiro e sua família e membros da sua comitiva; embaixador e família; os funcionários do corpo diplomático e família; funcionários das organizações internacionais (Ex.: ONU) quando em serviço. Território Nacional = Espaço físico (Geográfico) + Espaço Jurídico (Equiparação – Art. 5º, §§ 1º e 2º C.P.). No Art. 5°, §§ 1º e 2º do C.P. temos: 1 - Quando as embarcações ou aeronaves brasileiras forem públicas ou estiverem a serviço brasileiro, quer se encontre em território nacional ou estrangeiro, são considerados partes do nosso território; 2 - Se privados, quando em alto-mar ou espaço aéreo correspondente, seguem a lei da bandeira que ostentam (Princípio da Bandeira); 3 - Quanto às embarcações ou aeronaves estrangeiras em território brasileiro, desde que públicas, não são considerados parte de nosso território. Porém se privadas são considerados parte de nosso território. OBS.: Apesar da lei trazer a expressão “mar territorial”, deve-se destacar que o Brasil exerce SOBERANIA ABSOLUTA sobre toda a zona de exploração econômica exclusiva, ou seja, sobre toda a faixa de 200 milhas marítimas a partir da linha que serve de base para se medir o mar territorial. Embaixada não é extensão do território que representam. Porém as embaixadas são invioláveis. Na dúvida de territorialidade, a doutrina resolve o problema, aplicando a lei da nacionalidade do agente. Ex.: Em alto-mar, duas embarcações privadas colidem, uma brasileira e outra italiana. Um americano e um japonês constroem uma jangada com os destroços das duas embarcações, e sobre os destroços misturados das embarcações, o americano mata o japonês. Será aplicada a lei da nacionalidade do agente, pois a territorialidade está mistura/confusa. Porém, se no mesmo caso, fossem duas embarcações brasileiras privadas em alto-mar, como os destroços são brasileiros, então seria aplicada a lei da bandeira que ostentam, ou seja, lei brasileira. Se a embarcação estrangeira for pública e estiver atracada em porto brasileiro, e acontece um crime no interior da embarcação, então será aplicada a lei estrangeira. Porém se o crime for cometido fora da embarcação, ou seja, em território brasileiro, temos duas hipóteses: Se o agente estiver a serviço do seu país será aplicada a lei estrangeira, se não estiver será aplicada a lei brasileira. A competência para julgar os crimes cometidos a bordo de embarcações e aeronaves é da justiça federal, ressalvada quando a competência for da justiça militar. OBS.: A competência será da justiça estadual, quando se tratar de delitos PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 8 cometidos a bordo de iates, lanchas, botes e embarcações equiparadas, pois a CF/88 em seu Art. 109 – “Aos juízes federais compete processar e julgar”, IX – “os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar”, menciona o termo navios (embarcações de grande porte, autorizadas e adaptadas para viagens internacionais). OBS2.: No que se refere ao termo aeronaves, a sua interpretação é extensiva, ou seja, aeronaves de modo geral. O Brasil adota a chamada Passagem Inocente (Lei 8.617/93 - Art. 3º - "É reconhecido aos navios de todas as nacionalidades o direito de passagem inocente no mar territorial brasileiro"). Quando o navio privado passa pelo território nacional apenas como passagem necessária para chegar ao seu destino (no nosso território não atracará) não se aplica a lei brasileira, desde que não seja prejudicial à paz, à boa ordem ou à segurança do Brasil, devendo ser contínua e rápida. OBS.: Apesar de nãoexistir previsão expressa, garantindo o direito de passagem inocente de aeronaves, não tem sentido excluí-las, desde que respeitados os requisitos impostos às embarcações (doutrina majoritária). Conclusão: A letra de lei traz somente previsão para navios, excluindo as aeronaves. No entanto, para muitos doutrinadores, não há motivos para excluí-las. Lugar do crime Art. 6º – Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. COMENTÁRIOS Teoria Atividade – Considera-se praticado o crime no lugar da conduta e não do resultado (NÃO ADOTADA PELO C.P.). Ex.: Pedro atira em Paulo no Estado do Pará. Porém, o mesmo vem a falecer no Estado de São Paulo. Conclusão: Será considerado o lugar do delito no Estado do Pará. Teoria do Resultado – Considera-se praticado o crime no lugar do resultado e não da conduta (NÃO ADOTADO PELO C.P.). Ex.: João atira em Paulo no Estado do Amazonas. Porém, o mesmo vem a falecer no Estado de Fortaleza. Conclusão: Será considerado o lugar do delito no Estado de Fortaleza. Teoria Mista ou Ubiquidade – Considera-se praticado o crime, tanto no lugar da conduta quanto do resultado ou onde deveria se produzir o mesmo (ADOTADO PELO C.P.). Ex.: João atira em Paulo no Estado do Acre. Porém, o mesmo vem a falecer no Estado do Pará. Conclusão: Será considerado o lugar do delito tanto no Estado de Acre quanto no Estado do Pará. Crimes Plurilocais – São aqueles que a conduta ocorre em um lugar e o resultado em outro lugar, porém ambos dentro do Brasil (percorre dois ou mais lugares do mesmo país soberano). Ex.: Conduta no Rio de Janeiro e resultado no Pará. Ex2.: Conduta em São Paulo, passando pelo Rio de Janeiro, se consumando em Minas Gerais. Conclusão: Como gera um conflito interno de competência, será em regra resolvido pelo Art. 70 do C.P.P. (“A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução”) que adotou a teoria do resultado. Crimes à Distância ou Crime de Espaço Máximo – São aqueles que parte ocorre no Brasil e parte no estrangeiro (percorre dois países soberanos), ou seja, a conduta ocorre no Brasil e o resultado ou possibilidade de resultado no estrangeiro e vice-versa. Ex.: Conduta no Brasil e resultado na Argentina ou vice-versa. Conclusão: Como gera um conflito internacional de jurisdição, será resolvido pelo Art. 6º do C.P. que adotou a teoria da ubiquidade. Crime em Trânsito - Crime percorre mais de dois países soberanos. Ex.: Conduta no Brasil, passando pela Argentina, e se consumando no Paraguai. Conclusão: Como gera um conflito internacional de jurisdição, será resolvido pelo Art. 6º do C.P. que adotou a teoria da ubiquidade. OBS.: Será aplicada a teoria da ubiquidade somente nos crimes à distância ou em trânsito. Já que nos plurilocais a conduta e o resultado ocorrem dentro do Brasil. Se, parte do crime (conduta, resultado ou possibilidade do resultado) ocorrer no Brasil, já é possível aplicar a lei penal brasileira. Porém, poderá ser aplicada a lei do país estrangeiro. Mas para evitar o BIS IN IDEM (dupla punição pelo mesmo fato) a pena cumprida no PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 9 estrangeiro será descontada ou atenuada na pena a cumprir no Brasil (Art. 8° do C.P. – “A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas”). Extraterritorialidade Art. 7º – Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: I – os crimes: a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público; c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; II – os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; b) praticados por brasileiro; c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. § 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro. § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições: a) entrar o agente no território nacional; b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: a) não foi pedida ou foi negada a extradição; b) houve requisição do Ministro da Justiça. COMENTÁRIOS Princípio da Defesa – Este princípio está preocupado com a nacionalidade do bem jurídico (Art. 7°, I, “a”,”b” e ”c” - C.P.). Princípio da Justiça Universal – Pois o Brasil se obrigou a reprimir por meio de tratados, não importando onde, por quem e contra quem é praticado (Art. 7°, I, “d” e Art. 7°, II, “a” - C.P.). Princípio da Nacionalidade Ativa – Este princípio se preocupa com a lei do país que pertence o agente (Art. 7°, II, “b” - C.P.). Princípio da Representação ou Bandeira – A lei penal nacional aplica-se aos crimes praticados em aeronaves e embarcações privadas, quando no estrangeiro, e ai não sejam julgados (Art. 7°, II, “c” - C.P.). Princípio da Nacionalidade Passiva – Se preocupa com a aplicação da lei penal da nacionalidade da vítima (Art. 7°, § 3° - C.P.). A extraterritorialidade pode ser incondicionada, prevista no Art. 7º, I, "a", "b", "c" e "d" do C.P., hipótese em que o agente será processado de acordo com a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro, condição prevista no Art. 7º §1º do C.P. OBS.: São crimes contra a vida: Homicídio, Infanticídio, Aborto e Instigação, induzimento e auxílio ao suicídio. OBS2.: São crimes contra a liberdade: Constrangimento ilegal, Ameaça, Sequestro e cárcere privado, Redução a condição análoga de escravo e Tráfico de pessoas. A extraterritorialidade será condicionada (Art. 7º, II, "a", "b" e "c" do C.P.), pois dependerá de alguns requisitos descritos no Art. 7º § 2º do C.P. Ainda temos a extraterritorialidade hipercondicionada que está expressa no § 3º do Art. 7º do C.P., que acumula os requisitos do § 2º e § 3º do mesmo artigo. Ex.: Brasileiro em Orlando, nos EUA, é morto por um americano. Aplica-se a lei brasileira? SIM, desde que presentes os requisitos do Art. 7º, § 2° do C.P. PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 10 (Extraterritorialidade condicionada). OBS.: Os requisitos do Art. 7º, § 2° do C.P. são cumulativos. OBS2.: A competência para julgar este americano em regra é da justiça estadual, salvo se presente alguma hipótese do Art. 109 da C.F/88 ("Art. 109 - Aos juízes federais compete processar e julgar: I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente noPaís; III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o §5º deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004); VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; VII - os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; VIII - os mandados de segurança e os "habeas- data" contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; XI - a disputa sobre direitos indígenas", da CF/88) fazendo com que a competência seja da justiça federal. No Art. 7° § 2° do C.P., “c” – Serão comparadas com os crimes que o Brasil autoriza a extradição, que serão os mesmos delitos que o Brasil irá alcançar, mesmo que praticados no estrangeiro. Não significa dizer que o Brasil irá extraditar, e sim apenas verificar essa hipótese que está elencada no Art. 7°, § 2° do C.P. OBS.: Estes casos de extradição estão definidos no art. 7, IV do estatuto do estrangeiro, ou seja, somente quando a pena aplicada ao crime for superior a 1 ano. No Art. 7° § 2°, “e” do C.P. – Se o crime foi prescrito na lei estrangeira, mesmo que não esteja prescrito no Brasil, não pode o Brasil aplicar a pena e vice-versa. No Art. 7° § 3°, temos a hipótese de aplicação da lei penal brasileira, quando um crime for praticado por estrangeiro contra um brasileiro. Todavia, temos que cumular as hipóteses estabelecidas no § 2°, mais duas que são: 1 - Não foi pedida (pelo país de origem do infrator) ou foi negada a extradição (pelo Brasil) e 2 - Houve requisição (no sentido de requerimento, ou seja, pedido) do Ministro da Justiça. OBS.: Se o Brasil possuir tratado de extradição como o país do infrator, a requisição será feita pelo PGR (Procurador Geral da república). OBS2.: O Art. 7º do C.P temos expressamente que a lei penal brasileira será aplicado somente aos crimes, excluindo assim as contravenções penais e demais leis especiais que não preveem extraterritorialidade, exemplo, ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Porém existem duas correntes nesse sentido: 1ª corrente - Sendo o ato infracional um ato previsto como crime praticado por adolescente (Art. 103 do ECA - "Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal"), admite-se a extraterritorialidade da nossa lei aplicada para menores de idade. 2ª corrente - Somente será possível a extraterritorialidade da lei penal (Código Penal), todavia, não há igual previsão no ECA. Do mesmo modo que não se admite extraterritorialidade em se tratando de contravenção, também não se admite em caso de ato infracional, ambas hipóteses sem previsão legal. Pena cumprida no estrangeiro Art. 8º – A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 11 COMENTÁRIOS É possível que suceda a hipótese de ser o agente processado, julgado e condenado tanto pela norma penal brasileira como pela estrangeira (somente nos casos de extraterritorialidade incondicionada - Art. 7º, I do C.P.). O termo “atenua” está ligado a palavra “diversas”, ou seja, se a pena no estrangeiro for diversa (diferente) da pena no Brasil, então deverá ser atenuada (diminuída). Ex.: Suponhamos que na Inglaterra um determinado crime tem uma pena de multa e no Brasil uma pena de detenção, e um brasileiro pratica este crime na Inglaterra, e é punido com pena de multa, e no Brasil é punido com penal privativa de liberdade. Então o magistrado irá atenuar a pena imposta no Brasil. Todavia, o magistrado não poderá diminuir a pena, de forma que a mesma fique menor que a mínima prevista em lei por tal crime. O termo “computada” está ligado a palavra “idênticas”, ou seja, se a pena no estrangeiro for idêntica a pena aplicada no Brasil, então deverá ser computada (subtraída). Ex.: Um Brasileiro foi condenado por homicídio contra a presidente do Brasil, que se encontrava na Alemanha, com uma pena de reclusão de 10 anos, e no Brasil com uma pena de reclusão de 20 anos. Então após cumprir 10 anos na Alemanha, irá cumprir somente 10 anos no Brasil. OBS.: Percebe-se que o Art. 8º do C.P. descreve de maneira clara, uma exceção relacionada ao princípio do "non bis in idem", admitindo dois processos, dois julgamentos e duas condenações. Com o fim de atenuar a dupla punição pelo mesmo fato, o Art. 8º anuncia que a pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. OBS2.: Diferenças entre atenuante, agravante, aumento e diminuição de pena. Atenuante: É a diminuição de pena, todavia não poderá esta, ultrapassar a pena mínima estipulada para o crime. Agravante: É o aumento de pena, porém não poderá esta, ultrapassar a pena máxima estipulada para o crime. Diminuição de pena: É a diminuição da pena, que vem estipulado em frações, por exemplo, um terço, um sexto e etc., podendo deixar a pena abaixo da estipulada para o crime. Aumento de pena (majorante): É o aumento da pena, que vem estipulado em frações, por exemplo, um terço, um sexto e etc., podendo deixar a pena acima da estipulada para o crime. Eficácia de sentença estrangeira Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para: I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis; II - sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único - A homologação depende: a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. COMENTÁRIOS O Art. 9º, I do C.P. está ligado com alínea “a” (efeitos civis), do mesmo artigo. Depende do pedido da parte interessada. Ex.: O sujeito na França subtraiu um valor de R$ 500.000,00 e depositou o dinheiro no Brasil. A vítima do crime requer através do STJ, que a sentença condenatória lá na Franca, tenha efeito no Brasil, ou seja, para que o Brasil reconheça que a sentença condenatória francesa teve repercussões civis (indenizatória) e bloqueie o valor depositado no Brasil em benefício da vítima estrangeira. O Art. 9º, II do C.P. está ligado com alínea “b” (medida de segurança). Se existir tratado de extradição com país no qual foi emanada a sentença (requisição do PGR – Procurador Geral da República), ou, na falta de tratado, é feito por meio de requisição (no sentido de requerimento, ou seja, pedido) do Ministro da Justiça. Ex.: Um brasileiro comete um crime na Itália e lá e sentenciado para cumprir medida de segurança. Conclusão: A sentença estrangeirapoderá ser homologada no Brasil, desde que feita requisição do PGR (Procurado Geral da República) ou Ministro da justiça, a depender da situação, vista anteriormente. PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 12 Contagem de prazo Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. COMENTÁRIOS Para contagem do prazo no direito penal, leva-se em consideração o dia que ocorreu o fato delituoso, ou seja, o dia do crime. Esta forma de contagem aplica-se a todos os prazos materiais, tais como os de duração das penas, livramento condicional, prescrição e etc. O prazo é contado de acordo com calendário comum (gregoriano), assim 1 mês de prazo vai de determinado dia à véspera do mesmo dia do mês subsequente. Ex.: Se um crime de furto ocorre dia 10/01/2010 e o mesmo prescreve em 8 anos (Pretensão Punitiva em Abstrato), então no dia 09/01/2018 será o último dia para o recebimento da denúncia. Frações não computáveis na pena Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. COMENTÁRIOS O Art. 11 do C.P. quer dizer que não poderá alguém ser condenado, por exemplo, em 1 ano, 10 meses, 29 dias, 5 horas, 10 minutos e 50 segundos. Neste caso, o magistrado irá desprezar as horas, minutos e segundos, assim sendo, o condenado irá cumprir 1 ano, 10 meses e 29 dias. O mesmo raciocínio será feito com as penas de multas, ou seja, alguém foi condenado a pagar (atualmente em Real) R$ 1.900,30. Logo o juiz irá desprezar os centavos, assim sendo o condenado irá pagar somente R$ 1.900,00. Legislação especial Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. COMENTÁRIOS Havendo um conflito de normas, deverá ser afastada a normal geral e aplicada a norma especial, este princípio é denominado Princípio da Especialidade (lês specialis derogat legi generali). Ex.: Um crime praticado por um menor de idade ficará sujeito à pena estabelecida na legislação especial - ECA. Em caso de conflitos de norma, temos os seguintes princípios: 1 - Princípio da Especialidade – Determina que se afaste a lei geral para se aplicar a especial, quando esta dispuser da mesma conduta delitiva, acrescida elementos particulares, ou seja, especializantes. Ex.: Alexandre agrediu sua esposa, causando-lhe lesões graves. Conclusão: O mesmo irá responder de acordo com a lei Maria da Penha. 2 – Princípio da Subsidiaridade (lex primaria derogat legi subsidiariae) – Neste princípio, temos o inverso do princípio da especialidade, pois a norma principal prevalece sobre a norma subsidiária. A norma subsidiária é a norma que é aplicada na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, então aplica-se a norma subsidiária menos grave. Ex.: Art. 132. “Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena – detenção, de 3 meses a 1 ano, se o fato não constituir crime mais grave". Conclusão: Somente "se o fato não constituir crime mais grave" é que a pena relativa ao delito descrito no Art. 132 do C.P. será aplicada ao agente. Ex2.: Jorge efetua um disparo de arma de fogo para o alto. A munição, ao cair, atingir a cabeça de João, que vem a falecer. Conclusão: Neste caso, Jorge irá responder pelo delito de homicídio na modalidade culposa. OBS.: Caso, a munição, não tivesse atingindo ninguém, então Jorge responderia pelo delito menos grave, ou seja, disparo de arma de fogo. 3 - Princípio da Consunção – Princípio segundo o qual o fato mais amplo e mais grave absorve outros menos amplos e graves. Desta forma, não é a norma que absorve a outra, e sim a infração prevista na primeira norma constitui simples fase de realização da segunda infração, ou seja, o crime meio ficará absorvido pelo crime fim. OBS.: Temos a hipóteses de aplicação desse princípio, nos crimes progressivos (O agente para alcançar seu intento passa, necessariamente, por um crime menos grave. PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 13 Ex.: Em um crime de homicídio, a lesão corporal será absorvida.), na progressão criminosa (O agente quer, primeiramente, o menor crime e depois decide cometer um mais grave. Ex.: O agente que ferir, mas depois de ferir, resolve matar.), no antefato impunível (São fatos anteriores, não obrigatórios, mas que estão na linha de desdobramento da ofensa mais grave, ou seja, estão diante de uma relação de fatos- meios para fatos-fins. Ex.: Cometer um dano no veículo para furtá-lo.) ou pós-fato impunível (O agente, depois de já ofender o bem jurídico, incrementa a lesão. Ex.: Depois de furtar o produto, danificá-lo.). OBS2.: O crime que ficará absorvido poderá ser menos grave ou mais grave. 4 - Princípio da Alternatividade - É aquele que será aplicado quando o delito trouxer em sua redação diversos verbos (crimes de múltipla ação ou plurinucleares). Assim sendo, o agente que pratica várias ações do mesmo tipo penal e no mesmo contexto fático, será responsabilizado por um só delito. Ex.: Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Conclusão: Por se tratar de um crime de múltipla ação, caso o agente venha praticar mais de uma conduta descrita no delito, o mesmo irá responder somente por um crime, ou seja, falsidade ideológica. DO CRIME Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. Superveniência de causa independente § 1º- A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. Relevância da omissão § 2º- A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. COMENTÁRIOS Conceito Formal de Crime - É tudo aquilo que está descrito em uma norma penal incriminadora, e que se caso seja infringido, acarretará uma pena. Conceito Material de Crime - É um comportamento humano causador de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, passível de sanção penal. Conceito Formal Material - Nada mais é que a soma dos conceitos de formal e material de crime. Conceito Analítico de crime - É aquele que fragmenta os elementos que constituem o crime, ou seja, estuda uma estrutura dogmática do delito. Surgindo assim algumas divergências de teorias. As teorias que existem são: Bipartite (Fato típico + Antijurídico/Ilícito, sendo a culpabilidade um pressuposto para a aplicação da pena), Tripartite (Adotada pela maioria da doutrina) e Quadripartite (Fato típico + Antijurídico/Ilícito + Culpabilidade + punibilidade, esta teoria é defendida por Nucci). A Teoria Tripartite ou Finalista do crime ou Tricotômica, segundo o criador Hans Welzel e a doutrina majoritária, diz que para a existência de um crime, deve-se ter um fato típico, antijurídico/ilícito e culpável. CRIME=FATO TÍPICO + ANTIJURÍDICO/ILÍCITO + CULPÁVEL/CULPABILIDADE. Fato Típico – Conduta humana indesejada, que se enquadra formal (descrito em lei) e materialmente (relevância da lesão ou do perigo de lesão ao bem juridicamente tutelado) no tipo penal. É o primeirosubstrato (parte essencial) do crime. O fato típico possui quatro elementos: 1 - Conduta: É um comportamento humano voluntário (vontade) e consciente (dolo ou culpa), dirigido psiquicamente a um fim (finalidade) e exteriorização (só pensar não é crime). OBS.: A conduta pode ser dolosa (com PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 14 intenção), culposa (agindo sem intenção, porém com imprudência, negligência ou imperícia), comissiva (ação) ou omissiva (omissão). OBS2.: Elementos que excluem a conduta: 1.1 - Caso fortuito (Fenômeno que acontece por acaso, ou seja, uma causa estranha que não pode ser imputada às partes. Ex.: Tomar um comprimido para dor de cabeça, sem saber que era alérgico a um dos componentes do mesmo, vindo a causa um transtorno metal que levará o agente a inconsciência total dos seus atos. 1.2 - Força maior (São fatos humanos ou naturais, que podem até ser previstos, mas não podem ser impedidos). Ex.: Um furação faz um pessoa ser atirada em cima de outra, vindo-lhe causar lesões corporais graves. 1.3 - Coação física irresistível (Se dar quando o agente e forçado a praticar um ato contra a sua vontade, por meio de uma violência a sua integridade física). Ex.: João empurra Pedro, que cai por cima de uma criança que vem a sofre uma lesão corporal. 1.4 - Atos de reflexo (São respostas involuntárias a determinados estímulos recebidos pelo organismo). Ex.: João dá um susto em Mateus, que estava segurando em seu colo uma criança, vindo deixar, em decorrência do susto, a mesma cair, causando assim a morte da criança. 1.5 - Atos inconscientes (Ex.: Sonâmbulos). Assim sendo, não há vontade no comportamento (fato atípico). 2 - Resultado - Pode ser naturalístico (morte; diminuição patrimonial e etc.) ou jurídico/normativo (bem jurídico protegido por lei). OBS.: Todo crime tem resultado jurídico/normativo, mas nem todo crime possuí resultado naturalístico. Ex.: Crime de Desobediência - Art. 330 do C.P. - "Desobedecer a ordem legal de funcionário público". Conclusão: Por se tratar de um crime de mera conduta, o mesmo, possui um resultado jurídico/normativo, mas não possui resultado naturalístico. 3 - Nexo de causalidade - É o elo entre a conduta do agente e o resultado. 4 - Tipicidade Penal - Esta poderá ser formal (É a adequação de um fato cometido à descrição que dele se faz em lei) ou conglobante (não adotada pelo código penal brasileiro). OBS.: Tipicidade conglobante é aquela que deve se ajustar ao tipo penal e que provoca lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, caracterizando ato antinormativo. Assim sendo, teremos, segundo Zaffaroni, um fato atípico. OBS2.: A tipicidade conglobante traz o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de direito incentivado, para compor a tipicidade, servindo como causas de sua exclusão. Ex.: João, oficial de justiça, cumpri um mandado de busca e apreensão de bens. Conclusão: João praticou um fato atípico, já que o estrito cumprimento do dever legal é causa de exclusão de tipicidade. OBS3.: A doutrina moderna entende que Tipicidade Penal = Tipicidade formal + Tipicidade material (Relevância da lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado). OBS4.: É na tipicidade material que será analisado o princípio da insignificância. OBS5.: Para que possa ser aplicado o princípio da insignificância é obrigatória a presença de alguns requisitos definidos pelo STF: (a) mínima ofensividade da conduta do agente, (b) nenhuma periculosidade social da ação, (c) reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) inexpressividade da lesão jurídica provocada. Antijurídico/Ilícito – É tudo aquilo que é contrário ao ordenamento jurídico. São causas excludentes de ilicitude ou antijuridicidade (Art. 23, I, II e III do C.P. - "Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito"): 1 - Estado de Necessidade (Art. 24 do C.P. - "Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se"); 2 - Legítima defesa (Art. 25 do C.P. - "Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem"); 3 - Estrito cumprimento do dever legal (Art. 23, III do C.P.) e 4 - Exercício regular de direito (Art. 23, III do C.P.). OBS.: Existe ainda uma excludente supralegal que é o consentimento do ofendido. Porém este consentimento deverá ser dado antes, não pode ser conseguido por nenhum tipo de coação, ameaça ou violência e o bem tem que ser disponível. OBS2.: No Art. 20 § 1º do C.P. ("É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo") temos a figura das discriminantes putativas PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 15 (imaginárias), que se aplicam às excludentes de ilicitude/antijuridicidade. Ex.: Carlos é um desafeto de Kaio, e ameaça o mesmo de morte. Certo dia, Kaio vem caminhando pela rua, quando avista Carlos alguns metros a sua frente. Ao ver Kaio, Carlos mete a mão na cintura, e saca uma arma de fogo de brinquedo (simulacro), para amedrontar seu desafeto. Kaio ao acompanhar o movimento, saca uma arma e atira, vindo a ceifar a vida de Carlos. Conclusão: Sendo impossível Kaio saber que não se tratava de uma arma verdadeira, então o mesmo será isento de pena (Legitima defesa putativa por erro de tipo). OBS3.: Quando o agente, sabendo o que estar fazendo, porém acha que estar acobertado por um excludente de ilicitude (legitima defesa putativa, estado de necessidade putativo, estrito cumprimento do dever putativo e exercício regular de direito putativo), estaremos diante de uma excludente de culpabilidade, mas especificamente, por erro de proibição indireto. EX.: O marido que força a ter relação sexual com a mulher, achando que estar acobertado pelo exercício regular de direito. Culpável/Culpabilidade – É o juízo de reprovação pessoal que se faz sobre a conduta ilícita do agente. Os requisitos que excluem a culpabilidade são: 1 - Inimputabilidade está subdivida em: Desenvolvimento mental incompleto ou retardado (Art. 26 do C.P. - "É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento"), Menor idade (Art. 27 do C.P. - "Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial") e Embriaguez completa provocada por caso fortuito ou força maior (Art. 28, § 1° do C.P. - "É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento"). 2 - Potencial consciência da ilicitude que é o erro inevitável sobre a ilicitude do fato ou Erro de proibição (Art. 21 do C.P. - "O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço"). e 3 - Inexigibilidade de Conduta Diversa que se divide em: Coação moral irresistível e obediência hierárquica (Art. 22 do C.P. - "Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível oautor da coação ou da ordem"). OBS.: A doutrina ainda traz a inexigibilidade de conduta diversa como causa supralegal, ou seja, é a situação onde qualquer pessoa que estivesse na mesma situação e condição, agiria da mesma forma. Só podemos imputar um crime a alguém, se o mesmo lhe deu causa, ou seja, sem a sua ação ou omissão o resultado não seria possível. Ex.: João com vontade de matar (animus necandi), atira na cabeça do José, que vem a falecer. Conclusão: João será responsabilizado por crime de Homicídio. OBS.: O código penal, no tema relação de causalidade, adotou a teoria da equivalência dos antecedentes causais (CONDITIO SINE QUA NON). Para essa teoria tudo que contribui, in concreto, para o resultado, é causa. Temos como exemplo do Art. 13, § 1° do C.P. (superveniência de causa relativamente independente que por si só): Ex.: Pedro com vontade de matar (animus necandi), mete uma faca na barriga do Carlos. O mesmo é socorrido e passa por intervenção cirúrgica, quando está para receber alta, o hospital pega fogo e ele vem a falecer em decorrência das queimaduras causadas pelo incêndio. Conclusão: Pedro responderá por tentativa de homicídio, pois a causa morte não tem nada a ver com a facada. Temos outra situação como exemplo do Art. 13, § 1° do C.P. (superveniência de causa relativamente independente que não por si só): Ex.: Tiago com vontade de matar (animus necandi), atingi com uma barra de ferro a cabeça de Paulo. O mesmo é socorrido e ao passar por intervenção cirúrgica, vem a falecer em decorrência de erro médico. Conclusão: Tiago responderá por homicídio, pois a causa morte era previsível que acontecesse, e o médico responderá por homicídio culposo. Existem outras espécies de concausas, que são: CONCAUSAS ABSOLUTAMENTE INDEPENDENTES: São aquelas que não se originaram da conduta do agente, ou seja, não PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 16 possui absolutamente nenhum vínculo com a conduta do agente. 1 – Preexistente: Quando a causa do resultado se deu antes do comportamento do agente. Ex.: João coloca veneno no suco de José. Após 30 minutos, José é atingindo por um disparo feito por Marcos. José é socorrido, mas vem a falecer no hospital em decorrência do veneno ingerido. Conclusão: João irá responder por homicídio consumado e Marcos por tentativa de homicídio. 2 – Concomitante: Quando a causa do resultado se deu simultaneamente à do comportamento do agente. Ex.: Maria coloca veneno na sopa de João. No momento em que João estar ingerindo a sopa, sofre um disparo efetuado pelo seu desafeto Luiz e vem a falecer, em decorrência do disparo. Conclusão: Luiz responderá por homicídio consumado e Maria por tentativa de homicídio. 3 – Superveniente: Quando a causa do resultado se deu depois do comportamento do agente. Ex.: Pedro coloca veneno na comida de Tiago. Após, ter ingerido a comida com veneno, senta-se para descansar e é atingindo por um disparo feito por Manoel, que vem a ceifar sua vida. Conclusão: Manoel responderá por homicídio consumado e Pedro por tentativa de homicídio. CONCAUSAS RELATIVAMENTE INDEPENDENTES: São aquelas que se originaram da conduta do agente, e mesmo que indiretamente, dão causa ao resultado. 1 – Preexistente: Quando a causa do resultado já existia antes do comportamento do agente. Ex.: Manoel, com intenção de matar, desfere uma facada em Carlos, que é portador de hemofilia e vem a falecer em decorrência disso. No entanto, a facada por si só não seria capaz de consumar o homicídio. Conclusão: Manoel irá responder por homicídio consumado, pois, se não fosse os ferimentos da facada, o Carlos não morreria. 2 – Concomitante: Quando a causa do resultado acontece simultaneamente ao comportamento do agente. Ex.: João com intenção de matar Maria efetua um disparo contra ela. No entanto, erra o tiro. Porém, Maria se assusta com o barulho e tem um infarto, vindo a falecer. Conclusão: João responderá por homicídio consumado, pois se não fosse o barulho do disparo, Maria não teria falecido. No Art. 13, § 2° do C.P. temos o crime omissivo impróprio, pois é cometido por pessoas que tem o dever legal de agir (e pode agir – não exige ato de heroísmo) ou assume a responsabilidade de impedir o resultado ou ainda que criou o risco. No Art. 13, § 2°, “a” (tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância) – Ex.: Antônio é um policial e ver Sílvio sendo roubado, e nada faz para impedir o resultado, por ser inimigo de Sílvio. Conclusão: Antônio responderá pelo crime de roubo por omissão. No Art. 13, § 2°, “b” (de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado) – Ex.: Edilson está na praia pegando um sol. Izonete se aproxima e pede para que ele repare seu filho, enquanto ela dá um mergulho. Edilson aceita tomar de conta da criança, mas pega no sono e a criança vai atrás da mãe e se afoga, vindo a falecer. Conclusão: Edilson responderá por homicídio culposo. d) No Art. 13, § 2° “c” (com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado) – Ex.: Beto convida João para dá um mergulho na praia, mas João diz que não saber nadar. Beto, porém, diz que não irá deixá-lo se afogar, todavia, João se afoga e vem a falecer, Beto nada faz, pois ficou com medo de se afogar também. Conclusão: Beto responderá por homicídio culposo. OBS.: Nas alíneas “a”, “b” e “c” poderá o agente responder por dolo ou culpa, a depender da voluntariedade presente na conduta. Art. 14 - Diz-se o crime: Crime consumado I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; Tentativa II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Pena de tentativa Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 17 COMENTÁRIOS No Art. 14, I do C.P. temos o conceito de crime consumado, ou seja, aquele que reúne todos os elementos de sua definição legal. Iter criminis (caminho do crime) – COGITAÇÃO/ATOS PREPARATÓRIOS/ATOS EXECUTÓRIOS/CONSUMAÇÃO. A COGITAÇÃO e os ATOS PREPARATÓRIOS, em regra, não são puníveis em nosso ordenamento jurídico. OBS.: Existem casos em que os atos preparatórios são puníveis. Ex.: Quadrilha ou bando (Art. 288 C.P. - "Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes"). OBS.: Foi retirado do código penal o termo quadrilha ou bando, atualmente chamado de Associação Criminosa. Os ATOS EXECUTÓRIOS e a CONSUMAÇÃO são puníveis em nosso ordenamento jurídico. Alguns doutrinadores ainda falam no EXAURIMENTO como componente do iter criminis. O Exaurimento vem sempre após a consumação do crime. Ex.: No crime de Concussão (Art. 316 C.P. - "Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida"), o crime se consuma no momento que o agente exigi, sendo o resultado do crime, ou seja, a obtenção da vantagem, um mero exaurimento. Quanto à consumação do crime temos três classificações: 1 – Crime Material, 2 – Crime Formal e 3 – Crime de Mera Conduta. 1 - Crime Material – É aquele cujo resultado naturalístico é indispensável para a consumação. Ex.: Homicídio, só irá se consumar com o resultado naturalístico MORTE. 2 - Crime Formal – É aquele que também possui resultado naturalístico, porém o mesmo não é necessário para que se consume o crime. Ex.: Corrupção Ativa - Art. 333 do C.P. - "Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício". Conclusão: Mesmo que o funcionário público recuse a oferta ou promessa, o delito já estará consumado. 3 - Crime de Mera conduta– É aquele que não possui resultado naturalístico, ou seja, a lei descreve apenas a conduta. Ex.: Antônio adentra a casa de Joaquim sem sua permissão (Violação de Domicílio – Art. 150 C.P. – “Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências”). Existem outros tipos de crimes que são: Crime Próprio – São aqueles que exigem determinadas qualidades do agente. Ex.: Peculato (cometido por funcionário público). OBS.: É admitida a co-autoria e participação. Crime de Mão Própria – São aqueles que só podem ser praticados pelo indivíduo pessoalmente, não exigindo nenhuma qualidade especial do agente (crime comum). Ex.: Falso testemunho - Art. 342. do C.P - “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral”. OBS.: Não é admitida a co-autoria, mas somente a participação. Crimes Hediondos - São todos aqueles que estão dispostos na Lei 8.072/90 (Lei de crimes hediondos). OBS.: Os crimes hediondos são inafiançáveis e insuscetíveis de graça e anistia, respondendo por eles os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem. Crimes Militares - São aqueles que estão dispostos no código penal militar (Decreto Lei 1.001/69). Crimes Multitudinários - São aqueles cometidos geralmente em tumulto, ou seja, praticados por multidões. Ex.: Linchamento. Crime de Bagatela - São aqueles que o juiz aplicará o princípio da insignificância, afastando ou excluindo a tipicidade penal, tornado o fato atípico. Crime a Prazo - São aqueles que dependem de um determinado tempo para se configurar, por exemplo, a lesão corporal grave, onde a vítima terá que ficar incapacitada de suas ocupações habituais por mais de 30 dias. Crimes Ambientais - São todos aqueles que estão dispostos na Lei 9.605/98 (Lei de crimes ambientais). Crimes de Responsabilidade - São aqueles que correspondem às infrações político- administrativas cometidas no desempenho da PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 18 função presidencial, desde que definidas por lei federal. Estabelece a Constituição Federal como crimes de responsabilidade condutas que atentam contra a Constituição e, especialmente, contra a existência da União, o livre exercício dos Poderes do Estado, a segurança interna do País, a probidade da Administração, a lei orçamentária, o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e o cumprimento das leis e das decisões judiciais. No Art. 14, I do C.P. temos o conceito de crime tentado, ou seja, aquele que não se consuma por vontade alheia à do agente. A doutrina classifica a tentativa em: 1 – Quanto ao iter criminis percorrido, 2 – Quanto ao resultado produzido na vítima e 3 – Quanto à possibilidade de alcançar o resultado. Quanto ao iter criminis percorrido: 1 – Tentativa Imperfeita (ou inacabada) – O agente é impedido de prosseguir na sua intenção, deixando de praticar todos os atos executórios. Ex.: Tício com intenção de matar (animus necandi) Matias, pega uma pistola que dispõe de 16 tiros, chega próximo a Matias e efetua 2 disparos, porém ouve a sirene da polícia se aproximando e foge, deixando assim de praticar todos os atos executórios. 2 – Tentativa perfeita (ou acabada ou crime falho) – O agente pratica todos os atos executórios, porém o crime não se consuma com circunstâncias alheias a sua vontade. Ex.: Paulo com intenção de matar (animus necandi) Tiago, pega um revólver que dispõe de 5 tiros, chega próximo a Tiago e descarrega a arma no corpo do mesmo, porém Tiago é socorrido, vindo a sobreviver. Quanto ao resultado produzido na vítima: 1 – Tentativa não cruenta ou incruenta (ou branca): O corpo da vítima não é atingido. Ex.: Elton dispara 5 tiros contra o corpo de Moises e não acerta nenhum. 2 – Tentativa cruenta (ou vermelha) – O corpo da vítima é atingindo. Ex.: Bruno dispara um tiro contra o corpo de Augusto e acerta o tiro, porém o mesmo é socorrido e sobrevive. Quanto à possibilidade de alcançar o resultado: 1 – Tentativa Idônea – O resultado não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente, porém o resultado era possível de ser alcançado (conceito puro de tentativa). Ex.: Carlos atira em Júlio, o mesmo é socorrido por um vizinho e sobrevive. Conclusão: O crime não se consumou por vontade alheia a de Carlos. 2 – Tentativa Inidônea ou crime Impossível (Art. 17 do C.P. - "Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime") – O resultado não é alcançado por ineficácia absoluta do meio empregado ou absoluta impropriedade do objeto. Ex.: Lobato está morto e Pedro atira para matá-lo. Conclusão: Não tem como matar quem já está morto (absoluta impropriedade do objeto). Ex2.: Edson tentar matar Jean com uma arma que não tem munição (ineficácia absoluta do meio aplicado). OBS.: Tentativa inidônea nada mais é que o “apelido” dado para o crime impossível. Alguns crimes não admitem tentativa: crimes culposos, crimes preterdolosos, crimes omissivos próprios, contravenções penais, crimes unissubsistentes e etc. O Art. 14, parágrafo único do C.P., traz a punição da tentativa, que seria a aplicação da pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços. Ex.: Joaquim tenta matar Adolfo, o juiz aplica a pena de homicídio, diminuída de um a dois terços. Logo, se Joaquim foi condenado a 15 anos, o juiz poderá dar a pena de 5 anos, se foi aplicou a redução de dois terço, por exemplo. Desistência voluntária e arrependimento eficaz Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. COMENTÁRIOS No Art. 15 do C.P. temos a chamada Tentativa Qualificada ou Abandonada, que se divide em duas espécies: desistência voluntária e arrependimento eficaz. Porém, neste artigo, temos que identificar os dois conceitos. Quando o legislador usa o termo “desiste de prosseguir”, o mesmo está se referindo a desistência voluntaria. E na expressão “impede que o resultado se produza”, diz respeito ao arrependimento eficaz. OBS.: Tentativa PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 19 qualificada ou abandonada nada mais é que o “apelido” dado para a desistência voluntária e arrependimento eficaz. Na desistência voluntaria o agente ainda não praticou todos os atos de execução, ou seja, ele desiste de ir até o final, quando ainda dispunha de meios de execução para consumação do crime. Nessa situação é exigida a voluntariedade e não a espontaneidade. Ex.: André, após efetuar dois disparos contra João, desiste de prosseguir na execução do crime, tendo em vista que sua arma ainda possui munições a serem disparadas. Conclusão: André será punido pelos atos já praticado, ou seja, se causou lesão, responderá por lesão corporal leve, grave ou gravíssima. OBS.: Se o motivo da desistência foi uma circunstância exterior, que fez o agente parar a execução, com receio de ser surpreendido, haverá tentativa e não desistência voluntária. Ex.: Tião pula o muro de uma residência com objetivo de furtar um objeto, pega o mesmo, mas o morador aciona o alarme, e o Tião foge, deixando o objeto para trás. Conclusão: Tião irá responder por tentativa de furto e não desistência voluntária. No arrependimento eficaz o agente já terá praticados todos os atos de execução, e logo após impede que o resultado aconteça. O arrependimento eficaz deve ser realmente eficaz, pois se não for, o agente responderá pelo crime normalmente. Ex.: Valdo descarrega a arma no corpo de Pedro. Porém vem a se arrepender do seu ato, levando Pedro ao hospital.O mesmo, após passar por intervenções cirúrgicas, sobrevive. Conclusão: Valdo irá responder só pelos atos já praticados. Porém se Pedro vier a falecer, Valdo responderá por homicídio consumado. Não cabe tentativa na desistência voluntária e arrependimento eficaz, pois na tentativa tem que ser circunstâncias alheias à vontade do agente, ou seja, o agente não responderá por tentativa e sim pelos atos já praticados, desde que esses atos configurem algum crime. Nos crimes formais ou de mera conduta são incompatíveis a desistência voluntária e arrependimento eficaz, pois nesses o crime se consuma na simples conduta. A doutrina majoritária entende que a natureza jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz é de causa extintiva de punibilidade. Desistência voluntária e arrependimento eficaz são considerados a ponte de ouro do direito penal. Arrependimento posterior Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. COMENTÁRIOS O arrependimento posterior se dá na fase de consumação, porém este só cabe para os crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa. O réu será beneficiado com a diminuição de pena, de um a dois terços, se houver a reparação integral do dano. OBS.: Se a reparação do dano for parcial e a vítima assim aceitar, então por entendimento jurisprudencial admite-se a aplicação do benefício. Ex.: Fábio furta (animus rem sibi habendi – intenção de ficar com a coisa) a bicicleta do Bruno, porém no outro dia se arrepende e devolve a bicicleta nas mesmas condições. Conclusão: Fábio irá responder por furto, com diminuição de pena. OBS.: Há entendimento que o quanto da diminuição da pena, depende da extensão do ato do reparador, ou seja, quanto mais próximo da reparação integral, mais será a redução da pena (STF). Esse arrependimento tem que ser voluntário ainda que não espontâneo. Esta reparação tem que ser feita antes do recebimento da denúncia (ato do MP (Ministério Público)) ou da queixa (ato da vítima ou representante legal). Quando a reparação do dano é feita após o recebimento da denúncia ou queixa, porém antes do transito em julgado, existe a cogitação de ser aplicada a circunstância atenuante prevista no Art. 65, III, “b” do C.P. – (Art. 65 “São circunstância que sempre atenuam a pena” – Inciso III, “b” – “procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano”). PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 20 Para a doutrina majoritária, em caso de concurso de pessoas, esse benefício será aplicado a todos, ou seja, se comunica aos demais participantes. Se o delito for praticado em concurso de pessoa, e um dos concorrentes do crime pretendia ingressar na ação menos grave, este poderá se beneficiar do arrependimento posterior. Ex.: João e Pedro combinam um furto, porém na hora da ação João resolve empregar violência, praticando o roubo. Conclusão: Pedro poderá ser beneficiado pelo arrependimento posterior, enquanto João, não terá o benefício, visto que a pratica da violência ou grave ameaça não lhe dar o direito de desfrutar do benefício. Arrependimento posterior é considerado a ponte de prata do direito penal. Crime impossível Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. COMENTÁRIOS O crime impossível possui várias denominações como: crime oco, quase crime, tentativa inidônea, tentativa impossível ou tentativa inadequada. Existem várias teorias que discutem os efeitos do crime impossível, são elas: 1 – Teoria Sintomática – Diz que mesmo o crime sendo impossível de ser consumado, o agente age com dolo, ou seja, mostra na sua conduta que é perigoso, logo deveria ser punido. 2 – Teoria Subjetiva – diz que se a conduta for perfeita, ou seja, o agente agiu consciente do que estava fazendo, deveria ele sofre as penas impostas à tentativa, mesmo que seja impossível de consumar o delito. 3 – Teoria Objetiva – Diz que o crime é composto por conduta e resultado, logo a execução deverá ser idônea, ou seja, o evento tem que trazer potencialidade, pois se a execução for inidônea, estaremos diante de crime impossível. Dentro da Teoria Objetiva, ainda temos duas divisões: 1 - Teoria Objetiva Pura – Diz que não há tentativa em crime impossível, mesmo que a inidoneidade seja relativa. 2 - O Código Penal adota a Teoria Objetiva Temperada, que diz que, crime é conduta e resultado, e que a execução deverá ser idônea, se for inidônea fica configurado o crime impossível. Porém para ser atípico o fato, a eficácia do meio e a impropriedade do objeto tem que ser absoluta, se for relativa, o agente irá responder pela tentativa. Ex.: José atira em Tião que estava deitado dormindo. Porém o laudo pericial consta que Tião estava morto no momento do tiro, em decorrência de uma parada cardíaca. Conclusão: José não será punido, pois é impossível matar quem está morto. Ex2.: Pedro coloca um pó branco no suco de João, pensando ser veneno, no entanto era açúcar. Conclusão: Pedro não será punido, pois ninguém morre com açúcar (João não é diabético. Kkkk). Delito Putativo: É aquele no qual o agente realiza a conduta com dolo, pensando está cometendo um crime, porém este só existe em sua imaginação (fantasia), sendo assim considerado um fato atípico. Ex.: Maria toma um medicamento para abortar, porém a mesma não se encontra grávida. Conclusão: Sua conduta é atípica, ou seja, não está descrita em nosso ordenamento jurídico como sendo crime. Já que o aborto é a interrupção da gravidez, logo se faz necessário que a agente esteja gestante. OBS.: Existem três espécies de crime putativo: 1 – Delito putativo por Erro de tipo: É o crime impossível pela impropriedade absoluta do objeto, como no exemplo da mulher grávida, mencionado anteriormente; 2 – Delito putativo por Erro de proibição: É quando o agente pensa estar cometendo algo injusto, mas, na verdade está praticando uma conduta perfeitamente normal. Ex.: Um lutador de MMA, que ao aplicar um golpe em seu adversário, vem a causar uma lesão grave. Conclusão: O lutador pode achar ter praticado algo injusto, porém o mesmo está acobertado por uma excludente de ilicitude ou antijuridicidade denominada exercício regular de direito; 3 - Delito putativo por obra do agente provocador, conhecido também como delito de ensaio, delito de experiência ou delito de flagrante preparado, no qual não existe crime por parte do agente induzido, ante a ausência de espontaneidade. Ex.: Um policial se disfarça e passa por usuário de drogas, para comprar a droga, e no momento que o traficante entrega a droga para ele, o mesmo efetua a prisão em flagrante do infrator. PasseJáCursos2020-Whats 7398816-9126 NOÇÕES DE DIREITO PENAL 21 Art. 18 - Diz-se o crime: Crime doloso I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; Crime culposo II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Parágrafo único- Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. COMENTÁRIOS Crime doloso nada mais é do que aquele que o agente quis o resultado (dolo direto – teoria da vontade), ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual – teoria do assentimento). Ex.: Augusto, querendo matar Alessandro, atira na cabeça do mesmo (Dolo Direto). Ex2.: Alberto, de madrugada, resolver ultrapassar um sinal em alta velocidade (roleta paulista), porém não quer colidir com outro carro, mas
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