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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DE CAXIAS DEPARTAMENTO DE MATEMATICA E FISICA DIREÇÃO DO CURSO DE FÍSICA LICENCIATURA PROFESSOR: DR. JULIERMES CARVALHO PEREIRA Disciplina: ACXUFIS2N429 – EXPERIMENTOS DE ELETRICIDADE E MAGNESTISMO. RELATÓRIO EXPERIMENTAL DE LABORATÓRIO BALANÇA DE TORÇÃO DE COULOMB Kariny Alanda Teixeira Costa CAXIAS – MA 2022 EXPERIMENTO 01 – BALANÇA DE TORÇÃO DE COULOMB 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Na eletrostática são consideradas apenas as configurações de cargas em equilíbrio estático, em repouso, portanto nada varia com o tempo. Quando as medidas de dois objetos carregados são desprezíveis em relação à distância entre eles, estes podem ser tratados como cargas puntiformes. Então, a interação eletrostática básica é a interação entre duas cargas puntiformes em repouso no vácuo. Em 1766, Joseph Priestley verificou que, se um material metálico é eletrizado, a sua superfície interna não é carregada e não há forças elétricas exercidas sobre um corpo de prova que esteja presente dentro dele. Em 1785 foi feita a investigação direta por meio de experimentos, por Charles-Augustin Coulomb. Coulomb acreditava na teoria de ação à distância para a eletricidade. Em 1785 ele inventou e construiu uma balança de torção com o objetivo de estudar a interação entre cargas elétricas. A “balança de torção” trata-se de um instrumento muito sensível que pode medir até minutos de forças com um enorme grau de precisão. A balança é formada por uma haste isolante com duas esferinhas de metal nas pontas (uma delas é uma espécie de contrapeso), suspensa por uma fibra fina T ligada a um ponteiro P com uma escala graduada. Por meio desta balança, Coulomb conseguiu realizar a demonstração de que a repulsão eletrostática varia inversamente com o quadrado da distância. Para utilizar esse instrumento, inicialmente, carrega-se uma das esferas com uma carga q, com a balança ainda em equilíbrio, e depois se aproxima dela outra esfera com carga q localizada sobre o círculo gerado pela rotação da haste em torno do eixo. A interação entre as cargas produz um torque que faz girar a haste. Para que a haste volte à sua posição inicial de equilíbrio, é necessário torcer a fibra por meio do ponteiro. A força de interação entre as cargas pode ser calculada mediante o ângulo de rotação do ponteiro. O resultado que Coulomb obteve pode ser expresso por: A lei de Coulomb monstra que “a força é proporcional ao produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas”. A constante k é positiva: se q1 e q2, tem o mesmo sinal, a força é repulsiva; se têm sinais opostos, a força é atrativa. Através da balança de torção, Coulomb podia fazer medidas da força de atração e repulsão entre duas esferas eletricamente carregadas. A balança de torção tem a Lei de Hooke (em sua forma angular) como seu principal fundamento teórico: quando os fios do sistema sofrem uma torção, gera um torque restaurador de intensidade que é proporcional à torção sofrida. Pode ser expresso por: – constante de torção A força F é manifestada através do ângulo de torção; então a força de torção é proporcional a esse ângulo multiplicado pela constante de torção . Figura 1 - Balança de torção usada por Coulomb para determinar a natureza da força de torção em fios Pode-se definir a balança de torção como um sistema constituído por um suporte onde são fixados fios e uma haste presa a estes fios, livre para girar. Quando se provoca um giro na haste, ocorre uma torção nos fios, que por causa disso exercem um torque sobre a haste. Por ser (1.1) (1.2) extremamente sensível, este aparato é utilizado apenas em aparelhos que exijam uma boa precisão, como galvanômetros, por exemplo. Ao longo da história, as balanças de torção foram usadas em dois importantes experimentos: em 1798, para realizar a primeira medida da constante da gravitação universal, por Cavendish; e em 1785, para identificar forças eletrostáticas entre cargas puntiformes, por Charles Augustin de Coulomb (o que levou à lei que recebe seu nome). 2 OBJETIVOS 2.1 Geral Estudar a interação entre cargas elétricas. 2.2 Específicos Determinar experimentalmente o valor da constante de torção; Analisar como dois corpos se comportam quando estão carregados; Verificar a força de repulsão entre cargas elétricas em diferentes distâncias. 3 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS 3.1 Materiais Utilizados Balança de torção, composta de: haste isolante, duas esferinhas de carbono, fibra fina, ponteiro, suporte para fios, base giratória graduada e referencial com batente. Uma massa de 20 miligramas; Uma massa de 50 miligramas; Fonte de voltagem (3 kV, 5 kV e 6 kV); Cabos (condutor e de aterramento) com clips jacaré; Uma pinça. 3.2 Montagem Experimental Em primeiro lugar, antes de analisar a interação de forças, é necessário calibrar a balança. O instrumento é colocado na posição horizontal de modo que os fios fiquem horizontais. Figura 2 - Balança calibrada na posição horizontal Figura 3 - Equipamentos utilizados no experimento Depois, a base giratória graduada é ajustada para que a aposição inicial seja 0°. Figura 4 - Base giratória graduada ajustada em 0° Essa etapa inicial visa testar a torção da balança, usando uma pinça para adicionar as massas na esfera de carbono. Figura 5 - Massas de 20 mg e 50 mg Figura 6 - Pinça utilizada para manusear os pesos Figura 7 - Massa sobre a esfera de carbono Na segunda parte da prática experimental, os demais equipamentos devem ser posicionados. A balança de torção é posta na posição vertical e a base giratória graduada é ajustada novamente. A outra esfera de carbono, que fica sobre a plataforma marcada com medidas em centímetros, também deve ser posicionada juntamente com a balança. A fonte de voltagem também é preparada nessa etapa. Figura 8 - (a) Balança de torção; (b) Fonte de KV; (c) Esfera fixa sobre a plataforma com medidas em cm; (d) Cabos condutores com clips jacaré a d b c 3.3 Condução do Experimento Inicialmente a balança é deitada de tal forma que os fios fiquem horizontais. O primeiro passo, antes de analisar a interação de forças, foi calibrar a balança de Coulomb. A base graduada foi girada até a haste ficar paralela ao traço do referencial; o ângulo inicial marcado por ela foi zero (balança em equilíbrio). Depois disso, os pesos de 20mg e 50mg foram colocados com uma pinça, um de cada vez, numa das extremidades da haste, para encontrar o ângulo de torção da balança. A força-peso aumentava com o aumento da massa dos pesos, provocando um torque sobre a haste deslocada de sua posição de equilíbrio. Após colocar um e outro peso, a base da balança é girada novamente, até restabelecer a posição horizontal da haste e verificar o ângulo de torção. Os ângulos foram verificados e anotados. Conhecendo as forças-pesos e os ângulos de torção dos fios, foi possível calcular a constante de torção procurada. Para realizar propriamente o experimento, a balança foi posta na posição vertical, contendo a esfera móvel; e foi utilizada uma plataforma graduada com uma esfera fixa, mas que poderia ser movida sobre a plataforma. Nessa etapa foi usada uma fonte para carregar as esferas de carbono e analisar a interação das forças. As esferas, fixa e móvel, foram carregadas com 3 kV, 5 kV e 6 kV, e o ângulo necessário para que a esfera móvel voltasse à posição inicial foi medido para as distâncias de 3cm, 6cm, 9cm e 12cm entre as esferas carregadas. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO: 4.1 Dados Obtidos Experimentalmente Os ângulos encontradospara reequilibrar a balança com os pesos de 20 mg e 50 mg estão dispostos na tabela abaixo: Massa (mg) Ângulo 20 92° 50 299° Tabela 1 – Relação entre as massas e os ângulos de torção do fio A partir desses dados foi possível calcular a constante de torção aplicando a equação 1.2: Sendo F correspondente à força peso P (m.g) aplicada sobre a massa, temos: Então: i. m = 20 mg = 2,0 x 10-5 kg = 92° = 9,2.10 ii. m = 50 mg = 5,0 x 10-5 kg = 299° = 2,99.102 Assim, obtemos as constantes de torção e . (4.1) (20 mg) (50 mg) Tabelas 2 - Constantes de torção obtidas experimentalmente Os resultados obtidos no experimento de interação das forças são apresentados a seguir. Voltagem Distâncias (cm) Ângulos 3 KV 12 4° 9 8° 6 16° 3 34° 5 KV 12 18° 9 32° 6 64° 6 KV 12 19° 9 26° 6 45° 5 30° Tabela 3 - Interação entre as esferas carregadas 34° 16° 8° 4° 0 5 10 15 20 25 30 35 40 0 2 4 6 8 10 12 14 DISTÂNCIA (cm) VOLTAGEM 3 kV Força de repulsão 64° 32° 18° 0 10 20 30 40 50 60 70 0 2 4 6 8 10 12 14 DISTÂNCIA (cm) VOLTAGEM DE 5 kV Força de repulsão  N G U L O ( °)  N G U L O ( °) 4.2 Interpretação e análise dos Resultados Os resultados iniciais mostram o teste da torção da balança, em que foram determinadas as duas constantes de torção referentes as massas de 20 mg e 50 mg., por meio do cálculo efetuado com a equação 1.2. De acordo os resultados obtidos, verifica-se que, quando a distância entre as esferas diminui, o ângulo de repulsão aumenta; por outro lado, quando a distância entre elas aumenta, o ângulo de repulsão diminui. Ademais, ainda analisando as mesmas distâncias, espera-se que, com o aumento da voltagem, haja um proporcional aumento do ângulo de torção. Nota-se facilmente nos gráficos dos resultados que isso ocorreu ao aumentar a voltagem de 3 kV para 5 kV. No entanto, como pode ser observado nos gráficos, isso não ocorreu quando houve o aumento de 5 kV para 6 kV, nas distâncias de 6cm e 9cm. Isso pode ser justificado pela influência de fatores externos. Como a balança de torção é muito sensível, qualquer variação no meio (aumento de temperatura, aumento da corrente do ar, umidade, etc) pode causar a alteração dos resultados esperados; pequenas influências provocam o rápido descarregamento das esferas. As esferas foram eletrizadas com a mesma carga, assim pode-se analisar que a força é repulsiva (as duas cargas tem o mesmo sinal). As implicações da lei de Coulomb (equação 1.1), 30° 45° 26° 19° 0 10 20 30 40 50 0 5 10 15 20 DISTÂNCIA (cm) VOLTAGEM DE 6 kV Força de repulsão  N G U L O ( °) portanto, são observadas no experimento. Vale ressaltar que a torção total no fio poderia ser tomada como correspondente a força de repulsão. 5 CONCLUSÕES De acordo com os resultados expostos, é possível observar que os objetivos propostos foram alcançados. De fato, na primeira parte do experimento, a constante de torção foi calculada utilizando os dados existentes e aplicando a equação 1.2. Na segunda etapa, que buscou analisar a interação entre as cargas, verificou-se que as esferas se repeliam, uma vez que elas eram carregadas com a mesma carga. Além disso, foi possível notar a relação entre o ângulo, a distância e a voltagem: com o aumento da distância entre as esferas, o ângulo de torção diminui, e com o aumento da voltagem, há um aumento proporcional do ângulo nas mesmas distâncias. Entretanto, houve alguns resultados inesperados. Esperava-se que, com o aumento da voltagem, houvesse um proporcional aumento do ângulo de torção; isso ocorreu ao aumentar a voltagem de 3 kV para 5 kV, mas não ocorreu quando houve o aumento de 5 kV para 6 kV. A justificativa se dá pela influência de fatores externos. Como a balança de torção é muito sensível, qualquer variação no meio (aumento de temperatura, aumento da corrente do ar, umidade, etc) pode causar a alteração dos resultados esperados; pequenas influências provocam o rápido descarregamento das esferas. Apesar dos pequenos desvios, os resultados possibilitaram analisar a força elétrica que atua entre dois corpos eletrizados. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de física: eletromagnetismo. 10. ed. Rio de Janeiro: Ltc, 2016. 3 v. NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica: eletromagnetismo. 2. Ed. São Paulo: Blucher, 2015. Vol. 3. SILVA, M. F. ABORDAGENS HISTÓRICO-CONCEITUAIS SOBRE A LEI DE COULOMB E AS REPRESENTAÇÕES IMAGÉTICAS DA BALANÇA ELÉTRICA EM LIVROS BRASILEIROS DE FÍSICA DO NÍVEL MÉDIO: UM ESTUDO DE CASO. 2013. 94 f. TCC - Curso de Física, Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande - Pb, 2013.
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