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Dissertacao_Mestrado_Jose_Luis_Sousa_Man

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Prévia do material em texto

1 
 
 
 
FACULDADE DE MEDICINA 
MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA 
 
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CRESCIMENTO SOMÁTICO E O ESTADO 
NUTRICIONAL EM CRIANÇAS DOS 6 AOS 10 ANOS DE IDADE DO DISTRITO DE 
MOAMBA 
 
 
 
 
 
 
 
José Luís Sousa Manjate 
 
 
 
 
Versão final 
 
 
MAPUTO 
DEZEMBRO DE 2018 
2 
 
 
FACULDADE DE MEDICINA 
MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA 
 
ASSOCIAÇÃO ENTRE O CRESCIMENTO SOMÁTICO E O ESTADO 
NUTRICIONAL EM CRIANÇAS DOS 6 AOS 10 ANOS DE IDADE DO DISTRITO DE 
MOAMBA 
 
 
 
 
 
José Luís Sousa Manjate 
 
 
JÚRI 
Arguente: Dra Iolanda Cavaleiro Tinga, Msc. 
Presidente: Dra Beatriz Manuel Chongo, MD, Msc. 
Supervisor: Prof. Doutor Leonardo Lúcio Nhantumbo, Ph.D 
Co-Supervisor: Prof. Doutor Gerito Augusto, MDV, Ph.D 
 
 
 
MAPUTO 
DEZEMBRO DE 2018 
Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da 
Universidade Eduardo Mondlane, como parte dos 
requisitos para a obtenção do Grau de Mestre em Saúde 
Pública, com orientação à Promoção de Saúde, Prevenção 
e Controlo de Doenças. 
3 
 
 
 
 
 
 
 
Declaração de Originalidade do Trabalho 
 
Declaro que esta dissertação nunca foi apresentada para a obtenção de qualquer grau ou num 
outro âmbito e que ela constitui o resultado do meu labor individual. Esta dissertação é 
apresentada em cumprimento parcial dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Saúde 
Pública da Universidade Eduardo Mondlane. 
 
 
Maputo, Dezembro de 2018 
 
(José Luís Sousa Manjate) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
Este trabalho é dedicado aos meus “miúdos” (Dell e Fadjú), à mãe (minha esposa) e a dona 
Odete (minha mãe) pela paciência e compreensão durante muitas noites e dias de ausência e 
falta de atenção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Agradecimentos 
Ao meu supervisor e eterno Professor, Prof. Doutor Leonardo Lúcio Nhantumbo pela 
oportunidade de aprendizagem, pela confiança, incentivo e ideias de construção de uma pessoa 
com perfil académico e sempre preocupado em formular e resolver problemas científicos, como 
também, pelo lado humano e imensurável carisma. 
Ao Prof. Doutor Gerito Augusto, meu co-supervisor, pelo incentivo e apoio técnico na 
concepção do projecto de investigação e pela convivência afável que temos tido; 
Ao Prof. Doutor Timóteo Daca, pelo suporte técnico e concessão de material para 
recolha de dados; 
Ao Núcleo de Investigação em Actividade Física e Saúde (NIAFS), pelo acolhimento e 
suporte material para recolha de dados; 
À minha família, em especial a minha esposa, mãe e filhos que durante a formação 
tiveram momentos de privação de convivência familiar e mesmo assim aceitaram pacificamente 
os meus propósitos; 
Aos meus “irmãos” e colaboradores na recolha de dados, nomeadamente Mauro Singa, 
António Mondlane e Timóteo Ngomane; 
À minha Directora nos SDEJT da Moamba, a dra Carménia Canda, pela abertura para 
que eu pudesse continuar a estudar e sobretudo pelo genial lado humano que ostenta; 
Aos meus amigos e irmãos de caminhada, Félix Chavane, Moséstia Machava, Hélio 
Martins e Luísa Huo, pelos momentos de troca de experiências e discussões acesas sobre 
diferentes temáticas no campo científico; 
À Universidade Eduardo Mondlane, Faculdade de Medicina, UEM; 
Ao Departamento de Saúde da Comunidade; 
À coordenação do curso de Mestrado em Saúde Pública e a todos os professores do 
Mestrado pela oportunidade de aprendizagem; 
Aos meus colegas do Mestrado 2017-2018; 
Às crianças do Distrito de Moamba e seus encarregados de educação; 
 
A todos Muito Obrigado! 
 
6 
 
Índice 
Declaração de Originalidade do Trabalho .............................................................................. 3 
Dedicatória ................................................................................................................................. 4 
Agradecimentos ......................................................................................................................... 5 
Resumo ....................................................................................................................................... 8 
Abstract ...................................................................................................................................... 9 
Lista de Tabelas ....................................................................................................................... 10 
Lista de Figuras ....................................................................................................................... 11 
Lista de Abreviaturas e Siglas ................................................................................................ 12 
1. Introdução (Motivação) .................................................................................................. 13 
1.1. Objectivos ................................................................................................................... 14 
1.1.1. Objectivo Geral .................................................................................................. 14 
1.1.2. Objectivos específicos ............................................................................................ 14 
1.2. Contribuição ................................................................................................................ 15 
1.3. Problema ..................................................................................................................... 15 
1.4. Hipóteses ..................................................................................................................... 17 
2. Revisão Bibliográfica ....................................................................................................... 18 
2.1. Crescimento Somático ................................................................................................ 18 
2.2. Determinantes do Crescimento ................................................................................... 19 
2.2.1. Factores Biológicos do Crescimento .......................................................................... 20 
2.2.2. Factores Ambientais do Crescimento ......................................................................... 21 
2.2.3. Aspectos Socioeconómicos no Crescimento Somático .................................... 21 
2.2.4. Aspectos Étnicos no Crescimento Somático .................................................... 22 
2.2.5. Aspectos Nutricionais no Crescimento Somático ........................................... 23 
2.3. Padrão do Crescimento Somático ............................................................................... 24 
2.4. Factores Hormonais do Crescimento Somático .......................................................... 26 
2.5. Avaliação do Crescimento Somático .......................................................................... 26 
2.6. Indicadores do Crescimento Somático........................................................................ 27 
2.7. Classificação do Crescimento Somático ..................................................................... 28 
2.8. Estado Nutricional ...................................................................................................... 32 
2.9. Antropometria na Avaliação do Estado Nutricional ................................................... 35 
2.10. Composição Corporal na Avaliação do Estado Nutricional ....................................... 36 
2.11. Métodos de Avaliação da Composição Corporal ........................................................ 37 
2.11.1. Método de Avaliação Directa ............................................................................ 37 
7 
 
2.11.2. Método de Avaliação Indirecta e Duplamente Indirecta .................................. 37 
2.12. Antropometria na Avaliação da Composição Corporal ..............................................37 
2.12.1. Medidas das Pregas de Adiposidade Subcutânea .............................................. 38 
2.12.2. Índice de Massa Corporal na Avaliação da Composição Corporal .................. 40 
2.12.3. Medida das Circunferências Corporais ............................................................. 41 
2.12.4. Pesagem Hidrostática ........................................................................................ 41 
2.13. Análise da Bioimpedância Eléctrica ........................................................................... 41 
2.14. Crescimento Somático e Estado Nutricional em África e Moçambique .................... 42 
3. Enquadramento Conceptual do Crescimento Somático e Estado Nutricional .......... 44 
4. Metodologia ...................................................................................................................... 45 
4.1. Área e População de Estudo ....................................................................................... 45 
4.2. Amostragem e Tamanho da Amostra ......................................................................... 45 
4.3. Desenho do Estudo ..................................................................................................... 46 
4.4. Variáveis ..................................................................................................................... 47 
4.4.1. Antropometria ................................................................................................... 47 
4.4.2. Procedimentos Estatísticos ................................................................................ 47 
Tabela 6: Plano de Gestão e Análise de Dados ................................................................ 48 
4.5. Limitações do Estudo .................................................................................................. 49 
4.6. Considerações Éticas .................................................................................................. 49 
5. Resultados e Discussão .................................................................................................... 51 
6. Conclusões e Recomendações ......................................................................................... 61 
6.1. Conclusões .................................................................................................................. 61 
6.2. Recomendações........................................................................................................... 62 
7. Referências Bibliográficas .............................................................................................. 63 
Apêndices e Anexos 
Apêndice 1: Ficha de Recolha de Dados 
Apêndice 2: Termo de Consentimento Informado 
Apêndice 3: Declaração de Consentimento Informado 
Anexo A: Carta de Autorização para Realização do Estudo do SDEJT de Moamba 
Anexo B: Carta de Aprovação do Conselho Científico da Faculdade de Medicina da 
Universidade Eduardo Mondlane 
Anexo C: Certificado de Autorização do Estudo do Comité Interdisciplinar de Bioética em 
Saúde da Faculdade de Medicina/Hospital Central 
Anexo D: Carta de cobertura da Faculdade de Medicina 
8 
 
Resumo 
Introdução: o crescimento, maturação e desenvolvimento estão directamente relacionados ao 
óptimo estado nutricional. Crianças malnutridas podem ter o crescimento comprometido e 
menor desenvolvimento intelectual, para além de agregar factores importantes para 
morbimortalidade. Objectivo: averiguar a associação entre o crescimento somático e o estado 
nutricional em crianças de ambos sexos. Metodologia: foram aferidas, transversalmente, 
medidas antropométricas referentes ao crescimento somático e estado nutricional, de acordo 
com a padronização descrita por Lohman (1988). 386 crianças do Distrito de Moamba foram 
seleccionadas aleatoriamente, em Junho de 2018, das quais 203 raparigas e 183 rapazes de 6 a 
10 anos. Estatística descritiva foi usada para descrever os principais indicadores, para além de 
se testar hipóteses de associação a um nível de significância de 5%. Os dados foram analisados 
no SPSS 22.0. Resultados: no geral, os dados indicam que os rapazes apresentam valores 
médios de peso, altura e Índice de Massa Corporal (IMC) ligeiramente acima dos indivíduos do 
sexo feminino (peso 24,3±5,54 e 23,6±4,79; altura 1,25±0,09 e 1,24±0,08 e IMC 15,4±1,63 e 
15,20±1,61), todos indicadores mostraram semelhanças entre os sexos. De outro lado, foi 
evidente o efeito da idade sobre todos os indicadores, porém o sexo só tem influência sobre os 
indicadores do crescimento somático. Foram classificados indivíduos abaixo do percentil 3, 
sobretudo aqueles com 6 anos de idade. A correlação entre o crescimento e o estado nutricional 
mostrou-se forte (altura: r2 = 0.836; p <0.001), moderada (peso: r2 = 0.753; p <0.001) e fraca 
(IMC: r2 = 0.403; p <0.001), porém significativa. Conclusões: os rapazes são mais altos e 
pesados que as meninas, porém há indivíduos abaixo do percentil 3 e entre este e o percentil 50, 
clamando por intervenções atempadas. 
Palavras – Chave: Estado Nutricional; Crescimento Somático, Crianças, Antropometria, 
Distrito de Moamba 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
Abstract 
Introduction: Growth, maturation and development are directly related to optimum nutritional 
status. Poorly nourished children may have compromised growth and lower intellectual 
development, in addition to aggregate important factors to morbidity and mortality. Objective: 
To investigate the association between somatic growth and nutritional status in children of both 
sexes. Methodology: Anthropometric measurements were made transversely regarding somatic 
growth and nutritional status, according to the standardization described by Lohman (1988). 386 
children from Moamba Distrit were randomly selected in June 2018, of which 203 girls and 183 
boys from 6 to 10 years of age. Descriptive statistics was used to describe main indicators, in 
addition to testing hypotheses of association at a significance level of 5%. Data were analyzed 
in SPSS 22.0. Results: Overall, the data indicate that boys presented mean values of weight, 
height and Body Mass Index (BMI) slightly above the female subjects (weight 24.3 ± 5.54 and 
23.6 ± 4.79, height 1.25 ± 0 , 09 and 1.24 ± 0.08, and BMI 15.4 ± 1.63 and 15.20 ± 1.61), all 
indicators showed similarities between both. On the other hand, the effect of age was evident on 
all indicators, but sex only has influence on somatic growth indicators. Individuals were 
classified below the 3rd percentile, especially those with 6 years of age. Correlation between 
growth and nutritional status was strong (height: r2 = 0.836; p <0.001), moderate (weight: r2 = 
0.753; p <0.001 and weak (BMI: r2 = 0.403; p <0.001) but significant. Conclusions: Boys are 
taller and heavier than girls, but there are individuals below the 3rd percentile and between this 
and the 50th percentile, calling for timely interventions. 
Key - Words: Nutritional Status; Somatic Growth, Children, Anthropometry, Moamba District. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
Lista de Tabelas 
No de Tabela Descrição 
Tabela 1 Valores críticos para classificação do crescimento em função da estatura para 
idade de crianças dos 5 aos 10 anos de idade. 
Tabela 2 Valores críticos para classificação do crescimento em função do peso para idade 
de crianças dos 5 aos 10 anos de idade. 
Tabela 3 Valores críticos para classificação do crescimento em função do IMC para idade 
de crianças dos 5 aos 10 anos de idade. 
Tabela 4 Distribuição da amostra tendo como base a idade e o sexo. 
Tabela 5 Plano de Aestão e Análise de Dados 
Tabela 6 Distribuição da amostra por sexo e idade 
Tabela 7 Valores descritivos de altura, peso e IMC da globalidade da amostra em função 
do sexo (valor mínimo, máximo e média ± desvio-padrão). 
Tabela 8 Resultados do T-Test de medidas independentes resultantes da comparação da 
idade, peso, altura e IMCem função do sexo dos sujeitos amostrados em 
Moamba. 
Tabela 9 Valores descritivos de altura, peso e IMC da amostra em função do sexo e idade 
(média ± desvio-padrão) e valores de ANOVA II resultantes da comparação das 
médias entre os sexos em função da idade. 
Tabela 10 Resultados da análise de proporções da avaliação do crescimento somático e do 
estado nutricional da amostra em função do sexo 
Tabela 11 Resultados da correlação entre os indicadores do crescimento somático e do 
estado nutricional das crianças amostradas de ambos os sexos em função da 
idade 
 
 
 
11 
 
Lista de Figuras 
No de Figura Descrição 
Figura 1 Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador 
estatura em função da idade para crianças dos 5 aos 10 anos de idade do sexo 
feminino e masculino 
Figura 2 Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador 
peso em função da idade para crianças dos 5 aos 10 anos de idade do sexo 
masculino e feminino 
Figura 3 Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador 
IMC em função da idade para crianças dos 5 aos 19 anos de idade do sexo 
feminino e masculino 
Figura 4 Diagrama referente a dimensão biológica do conceito do Estado Nutricional 
Figura 5 Diagrama referente ao enquadramento conceptual da relação entre o 
crescimento somático e o estado nutricional 
Figura 6 
Ilustração gráfica do comportamento dos valores médios do peso em função do 
sexo e idade 
Figura 7 
Ilustração gráfica do comportamento dos valores médios da altura em função 
do sexo e idade 
Figura 8 
Ilustração gráfica do comportamento dos valores médios do IMC em função do 
sexo e idade 
 
 
 
 
12 
 
Lista de Abreviaturas e acrónimos 
Abreviatura/Sigla Significado 
BMI Body Mass Index 
CC Composição Corporal 
CDC Center For Disease Control 
Cm Centímetros 
DEXA Densitometria Radiológica de Dupla Energia 
ESAN Estratégia de Segurança Alimentar e Nutricional 
GH Growth Hormone 
IDS Inquérito Demográfico e de Saúde 
IMC Índice de Massa Corporal 
INE Instituto Nacional de Estatística 
kg Quilograma 
m Metros 
MG Massa Gorda 
MISAU Ministério da Saúde de Moçambique 
MLG Massa Livre de Gordura 
NCHS National Center for the Health Statistics 
OMS Organização Mundial da Saúde 
PARP Plano de Acção para Redução da Pobreza 
SDEJT Serviço Distrital da Educação, Juventude e Tecnologia 
SETSAN Secretariado Técnico para Segurança Alimentar e Nutricional 
UNICEF United Nations Children's Fund 
WHO World Health Organization 
 
13 
 
1. Introdução (Motivação) 
Estudos debruçando-se sobre o crescimento somático têm sido realizados desde o século 
XVIII, entretanto, somente nos primeiros dez anos do século XX foram desenvolvidas pesquisas 
proeminentes de delineamento longitudinal, se bem que com algumas limitações devido à 
complexidade intrínseca inerente à sua tipologia, o que denota a necessidade de mais pesquisas 
neste campo do saber (Saranga, 2007; Silva et al., 2013). 
O crescimento somático, maturação e desenvolvimento estão directamente relacionados 
ao óptimo estado nutricional. A corroborar com esta ideia, Ramos & Morsoletto (2007 in 
Galiasso et al.,2014, p. 114) afirmam que “crianças desnutridas têm um desenvolvimento 
intelectual menor e podem não crescer adequadamente se o problema não for tratado a tempo”. 
Por outro lado, pesquisas científicas têm demonstrado que tanto o sobrepeso quanto o 
baixo peso na infância, são importantes factores de risco para morbimortalidade na vida adulta, 
sendo tais riscos mediados, pelo menos em parte, por baixos níveis de aptidão física (Santana et 
al., 2013; Oliveira, 2008). 
O aumento da prevalência da obesidade infantil em economias estáveis, e da desnutrição 
em países de média e baixa renda, acrescido pelo facto de se tratar de um factor de risco para 
problemas de saúde na idade adulta, faz com que a avaliação criteriosa do crescimento somático 
e do estado nutricional através do rastreio da composição corporal em criança seja uma 
importante variável de promoção da saúde (Silva et al., 2013). 
Em África no geral e em Moçambique em particular, para além dos problemas de 
desnutrição, percebe-se em distintos estudos a coexistência entre a desnutrição e a sobrenutrição, 
o que é testemunhado pela miscelânea entre indivíduos obesos e desnutridos (Muria, 1998; 
Prista et al., 2003; Bénéfice, 2006; Saranga et al., 2007; Nhantumbo et al., 2007). 
Por outro lado, crianças africanas vivendo em contexto urbano, assim como as que vivem 
nas zonas rurais, quando comparados à população de referência, definida pela Organização 
Mundial da Saúde (OMS) usando vários testes de medidas corporais, apresentam indicadores 
antropométricos e de maturação aquém do ideal, o que, de alguma forma, denuncia um 
crescimento somático retardado, porém com alguma tendência de recanalização com a idade 
(Bénéfice, 2006, Walker & Walker, 2009; Makgae et al., 2009). 
Ainda que estudos realizados em Moçambique mostrem a coexistência entre a 
desnutrição e sobrenutrição (Muria, 1998; Prista, 2003; Saranga et al., 2007; Nhantumbo et al., 
14 
 
2007; Nhantumbo et al., 2013), relatórios produzidos no contexto moçambicano têm denunciado 
que a desnutrição crónica e aguda continua sendo um desafio, sobretudo devido aos seus efeitos 
nefastos para o crescimento e promoção da qualidade de vida das crianças. Este cenário tem 
maior expressão nas zonas rurais que urbanas (ESAN, 2007; PARP, 2010; UNICEF, 2014). 
Por conseguinte, poucos estudos abordando a relação entre o crescimento somático e 
estado nutricional foram achados na literatura e nenhum, especificamente, realizado na área e 
com a população definida para presente pesquisa. 
Neste enquadramento, o presente estudo foi projectado e realizado baseando-se nas 
evidências e colocações acima, na espectativa de reduzir o desconhecimento sobre o assunto na 
área e população-alvo do mesmo e, adicionalmente, por entender que o saber nesse campo é de 
extrema importância, pois transcende a mera contribuição no campo científico específico, 
afigurando-se como um instrumento de intervenção na população envolvida, bem como uma 
importante ferramenta no domínio da saúde pública em geral. 
 
1.1. Objectivos 
1.1.1. Objectivo Geral 
Avaliar a associação entre o crescimento somático e o estado nutricional em crianças de 
ambos os sexos dos 6 aos 10 anos de idade do distrito de Moamba. 
 
1.1.2. Objectivos específicos 
(1) Determinar os indicadores do crescimento somático, nomeadamente Altura/Idade e 
Peso/idade); 
(2) Determinar o estado nutricional no seio destas crianças com base no indicador 
antropométrico IMC/Idade; 
(3) Estabelecer a relação entre os indicadores de crescimento somático e do estado 
nutricional em função do sexo; 
(4) Determinar o efeito do sexo e da idade no crescimento somático e estado nutricional 
no seio destas crianças; 
(5) Correlacionar o crescimento somático e o estado nutricional no seio da amostra 
considerando o sexo e a idade. 
 
15 
 
 
1.2.Contribuição 
Os estudos que versam sobre crescimento somático e estado nutricional realizados em 
Moçambique restringem-se maioritariamente à área urbana da cidade capital e sua periferia. 
Mais ainda, além de ser bastante escassa a pesquisa inserida nesta temática realizada com a 
população moçambicana vivendo em contexto rural, tanto quanto julgamos saber, não se 
conhecia, até à realização da presente pesquisa, nenhum estudo que tivesse sido realizado com 
uma amostra do distrito de Moamba, o que espelha um desconhecimento da influência da 
pressão ambiental sobre o crescimento linear e estado nutricional no contexto particular desta 
população em idade escolar. 
Por conseguinte, pesquisas desta natureza justificam-se em razão de o acompanhamento 
do crescimento somático ter-se tornado consensualmente aceite como um sensível instrumento 
na aferição e no acompanhamentodas condições de saúde de uma população específica, visto 
que contribui para o diagnóstico de possíveis problemas nutricionais, sobretudo, com relação à 
desnutrição energético-proteica e ao excesso de peso e obesidade. 
Neste enquadramento, espera-se que os resultados da presente pesquisa concorram para 
minorar o desconhecimento sobre o crescimento e estado nutricional em crianças do Distrito de 
Moamba da faixa etária em análise, contribuindo desse modo no campo científico específico, 
como também enquanto instrumento de intervenção na população envolvida. 
Igualmente, cogita-se que os resultados deste estudo sirvam de importante ferramenta no 
domínio da saúde pública em geral, através da definição de políticas e formulação de estratégias 
de vigilância epidemiológica centradas na redução de problemas nutricionais bem como das 
suas implicações no crescimento somático de crianças em idade escolar. 
 
1.3. Problema 
O crescimento dentro do padrão de referência é considerado um dos melhores 
indicadores de saúde em crianças, pois este depende de factores ambientais, como alimentação, 
higiene, condições de habitação, acesso aos serviços de saúde, funcionando, deste modo, como 
um indicador indispensável do estilo de vida da criança (Torres, 2007). 
Baseado no reconhecimento da importância que o estilo de vida exerce sobre o 
crescimento, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde de Moçambique 
16 
 
(MISAU) recomendam o acompanhamento do crescimento como actividade rotineira no âmbito 
do atendimento à criança e que as boas práticas de alimentação complementar comecem aos 6 
meses de idade devendo ser promovidas nos centros de saúde e nas comunidades (WHO, 1978; 
WHO, 1983; WHO, 1999; MISAU, 2002). 
O estado nutricional e o crescimento somático têm sido amplamente referidos na 
literatura como importante preditores do estado de saúde de crianças e não só, como também 
sendo um excelente indicador da morbimortalidade (Guedes & Guedes, 1998; Oliveira, 2008). 
Em Moçambique, tal como já referido anteriormente, estudos têm mostrado a 
coexistência entre a desnutrição e sobrenutrição (Muria, 1998; Prista, 2003; Saranga et al., 2007; 
Nhantumbo et al., 2007) e diferentes relatórios têm denunciado que a desnutrição crónica e 
aguda continua sendo um desafio, sobretudo, devido aos seus efeitos nefastos para o crescimento 
e promoção da qualidade de vida das crianças e que este cenário tem maior expressão nas zonas 
rurais que urbanas (STSAN, 2007; PAMRDCM, 2010; UNICEF, 2014). 
Por outro lado, no Inquérito Demográfico e de Saúde (IDS) é destacado que o baixo peso 
ao nascer é um indicador sensível para morbimortalidade infantil, sendo que em Moçambique 
14% das crianças nascem com baixo peso e que este cenário manifesta-se mais em crianças 
nascidas de mães abaixo de 20 anos de idade (Ministerio da Saude et al., 2011). 
Mais ainda, o comprometimento no estado nutricional em tenra idade, para além de 
transportar consigo deficiência micro-nutricionais, pode ocasionar problemas de crescimento a 
curto e longo prazos, caracterizados por dificuldades de absorção de nutrientes e limitação do 
crescimento ósseo respectivamente, para além de poder causar problemas cognitivos (Sawaya, 
2006). 
Batista & Rissin (1993) afirmam que problemas nutricionais estão estritamente 
relacionado ao nível de pobreza das nações e que constitui um peso sócio-económico que deve 
merecer especial atenção das políticas do sector público. 
Deste modo, baseado no referencial teórico acima descrito e assumindo que seja 
importante que se entendam as múltiplas repercussões que as interassociações entre o 
crescimento e o estado nutricional encerram na saúde de crianças em idade escolar do Distrito 
de Moamba, sobretudo por residirem num contexto rural, que emergiu a seguinte questão de 
partida: 
17 
 
Em que medida o estado nutricional está associado ao crescimento somático em crianças 
dos 6-10 anos de idade do distrito de Moamba? 
 
1.4. Hipóteses 
Ainda que a validade e universalização dos parâmetros de avaliação somática e 
nutricional para população de países em desenvolvimento possam ser colocadas em causa 
devido ao uso de normas internacionais adoptadas pela CDC/NCHS/WHO (2000) e WHO 
(2007), as quais se revelaram desprovidas de validade transcultural em razão de resultarem de 
dados provenientes do mundo industrializado (Ogden et al., 2002; Prista et al., 2003; Onis et 
al., 2007; Nhantumbo et al. 2013), foram formuladas as seguintes hipóteses: 
(1) Como consequência da pressão ambiental que caracteriza o contexto rural em 
Moçambique, é esperada uma associação negativa entre o crescimento somático e o estado 
nutricional, i.e., quanto mais atrasado o crescimento linear, mais agudo o agravo do estado 
nutricional; 
(2) Maiores prevalências de desnutrição crónica (stunting) e desnutrição aguda (wasting) 
em relação a eutrofia são expectáveis no seio da amostra, como reflexo de problemas 
nutricionais resultantes da influência ambiental a que os sujeitos estão expostos no seu 
quotidiano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
2. Revisão Bibliográfica 
2.1. Crescimento Somático 
O crescimento do ser humano, conceitualizado de forma ampla e abrangente, é um 
processo dinâmico e contínuo que assume os seus eventos desde a concepção até ao final da 
vida. Este fenómeno consiste na substituição e regeneração de tecidos e órgãos (Ministério da 
Saúde, 2002). 
Sob o ponto de vista biológico, o crescimento somático é o processo decorrente dos 
mecanismos de hiperplasia, hipertrofia e agregação celular que demarcam as alterações 
progressivas nas dimensões do corpo como um todo ou de partes específicas do mesmo, 
decorrendo num espaço temporal apropriado para cada evento, desde o nascimento até a idade 
adulta (Verçosa, 2016). 
Ainda na mesma perspectiva, este é considerado também, “[…] o somatório de 
fenómenos celulares, biológicos, bioquímicos e morfológicos, os quais sofrem influência tanto 
de factores intrínsecos (genéticos), quanto de factores extrínsecos (ambientais)” (Andriola, 
2016, p. 23). 
No contexto da intervenção precoce, o crescimento é considerado um dos melhores 
indicadores de saúde da criança, devido a sua estreita dependência com factores ambientais, tais 
como alimentação, ocorrência de doenças, cuidados sanitários e de higiene, condições de 
habitação e saneamento básico, reflectindo assim, as condições de vida da criança, desde a vida 
intra-uterina até ao estado actual (Ministério da Saúde, 2002). 
Consubstanciando o que foi anteriormente postulado, Maia & Lopes (2007) afirmam de 
forma ousada, que a importância do conhecimento do estado de crescimento de crianças e jovens 
de uma população transcende toda a informação acerca do seu produto interno bruto, pois releva 
a maior importância de que se reveste no campo de acção para educadores, pediatras, 
nutricionistas, pais, e gestores da coisa pública. 
Noutra abordagem, os mesmos autores destacam que o conhecimento inerente ao 
crescimento somático constitui um dos maiores valores informativos para se lidar com 
necessidades sanitárias das crianças, assumindo de outro lado, que a variável crescimento, por 
si só, não é bastante para determinar com acurácia o estado de saúde de indivíduos, senão para 
estudos de cariz epidemiológico (Maia & Lopes, 2007). 
19 
 
Apesar de se assumir que o crescimento inicia aquando da fertilização da célula-ovo e 
se estende ao longo de toda a vida, do ponto de vista de vigilância sanitária se tem restringido 
ao período de vida compreendido entre a fecundação e a adolescência, por representar o 
intervalo de modificações relevantes sob ponto de vista da estatura, peso e composição corporal 
(Andriola, 2016). 
Historicamente, o crescimento tem sido estudado há mais de 150 anos, com referências 
que remontam à antiga Grécia, onde nas suas representações intelectuais, científicas, sociaise 
médicas, os artistas demonstravam o paradigma do crescimento somático através da escultura e 
pintura (Roman, 2004). 
Por outro lado, desde a publicação das tabelas de crescimento em 1977 no suplemento 
da História Natural de Buffon, do primeiro estudo longitudinal feito pelo Conde de 
Montbeillard, que consistiu em acompanhar o seu próprio filho desde o nascimento até aos 18 
anos, vários estudos do mesmo delineamento começaram a ser desenvolvidos em diferentes 
países, na perspectiva de evidenciar as características do crescimento de crianças, como também 
de produzir seus próprios indicadores de referência (Roman, 2004). 
Em vista disso, um dos objectivos desta revisão é trazer à tona os processos que encerram 
o crescimento somático e as suas principais variáveis de medição, para, a partir dessa visão, 
estabelecer a relação com o estado nutricional em crianças, que será igualmente esmiuçado ao 
longo deste mesmo capítulo. 
 
2.2. Determinantes do Crescimento 
À nascença, todo o indivíduo carrega consigo um potencial genético de crescimento, que 
poderá ou não ser atingido, dependendo das condições de vida a que esteja submetido desde a 
concepção até à idade adulta (Ministério da Saúde, 2002). 
O processo do crescimento envolve a interacção entre factores biológicos e ambientais, 
tanto que seria difícil dissociar um do outro. Este se encerra em dois níveis, nomeadamente o 
filogenético, onde acontecem as modificações genéticas, metabólicas e malformações, que 
muitas vezes são correlacionadas, e o nível ontogenético, que sucede das modificações 
comportamentais (alimentação, cuidados de saúde, higiene e habitação) e as fisiológicas 
determinadas pelo meio ambiente (Roman, 2004, p. 12 & Ministerio da Saude, 2002). 
 
20 
 
2.2.1. Factores Biológicos do Crescimento 
Os factores biológicos do crescimento são marcados, essencialmente, pela herança 
genética. Esta é a propriedade dos seres vivos de transmitirem suas características aos 
descendentes, ou seja, do ponto de vista do crescimento, a herança genética é o potencial para o 
incremento da altura e do peso recebido do pai e da mãe (Ministério da Saúde, 2002). 
Dentre as funções biológicas, o crescimento somático é o que mais depende do potencial 
genético, porém, a qualquer momento, desde a concepção e particularmente na primeira 
infância, os factores ambientais podem interferir o ritmo e a qualidade deste processo, o que 
leva a conclusão de que o alcance biológico do crescimento depende, fundamentalmente, das 
condições do ambiente onde o mesmo se processa (Roman, 2004 & Ministerio da Saude, 2002). 
Nessa perspectiva, Malina (2002 in Roman, 2004) destaca que os genes associados à 
estatura e ao peso corporal do recém-nascido têm efeito sobre os genes da estatura e do peso 
corporal do adulto e que existe um conjunto de genes associados à estatura e ao peso corporal 
do adulto, para além de existir uma série independente de genes que regulam a taxa de 
crescimento do tamanho corporal. 
Para destacar a influência genética no crescimento linear, Torres (2007) refere que esta 
pode ser demonstrada verificando-se a variabilidade do coeficiente de correlação entre as 
medidas de altura dos pais e o comprimento/altura dos filhos em diferentes idades, onde por 
exemplo, ao nascer esse coeficiente é desprezível, fixando-se em cerca de 0.2, justificado pelo 
facto de o crescimento do recém-nascido reflectir mais as condições intra-uterinas do que o 
genótipo fetal. 
Após o nascimento, esse coeficiente se eleva rapidamente de modo que ao fim de um 
ano e meio, chega a atingir 0.5, indicando uma correlação fraca, entretanto, aproximando-se ao 
valor que terá na idade adulta. Entre o segundo e o terceiro aniversários até à adolescência, a 
correlação da altura pais/criança pode ser usada para predizer padrões para a altura de crianças, 
em relação à altura dos seus progenitores (Torres, 2007). 
Importa inferir que o crescimento somático sofre grandes variações, determinadas pela 
herança genética. A sua contribuição para a estatura na idade adulta chega a atingir cerca de 
60%, entretanto, o peso sofre menor influência, comparado a estatura, chegando a alcançar 40% 
de contribuição na composição corporal final (Roman, 2004). 
21 
 
Por outro lado, “o crescimento de outros tecidos e partes do corpo encontra diferenças, 
como, por exemplo, o sistema linfóide (timo, nódulos linfáticos e massa linfática intestinal) e o 
crescimento do tecido ósseo (crescimento linear) […]” (Ministerio da Saude, 2002; Moreira, 
2011). 
 
2.2.2. Factores Ambientais do Crescimento 
O meio ambiente influencia o crescimento desde a vida intra-uterina, quando este não 
pode mais continuar devido à limitação espacial biologicamente pré-determinada (Ministério da 
Saúde, 2002). 
Roman (2004) refere que o crescimento é alcançado pela interacção dos genes e do meio 
ambiente, sendo que a criança precisa, essencialmente, passar pelos domínios biológicos e 
comportamentais, desta feita, revelando que para entender os processos de crescimento se deve 
admitir que a criança é um ser bio-sócio-cultural. 
Torres (2007) e Saranga et al. (2007) demonstraram a existência da variabilidade no 
crescimento de crianças de diversas nacionalidades, destacando que estas crescem num ritmo 
semelhante, desde que submetidas a mesmas condições de vida. Estes autores afirmam ainda, 
que o mesmo não acontece com crianças de mesma nacionalidade sob condições 
socioeconómicas diferentes, sendo que as de alto nível socioeconómico crescem num ritmo 
rápido, enquanto as de baixo nível crescem em ritmo mais lento. 
Por outro lado, Nhantumbo (2007) reforça que as exigências ambientais e o efeito da 
área sócio-geográfica em que as populações se encontram inseridas, em interação com os 
aspectos genéticos, tem determinado a morfologia corporal dos indivíduos e não só, como 
também a variação do crescimento somático. 
Este cenário prova que existe, cada vez mais, evidências sobre a uniformidade genética 
da espécie humana, porém a explicação para variabilidade residiria no peso crescente de outros 
condicionantes (Ministério da Saúde, 2002). 
 
2.2.3. Aspectos Socioeconómicos no Crescimento Somático 
As diferenças socioeconómicas, fundamentadas na desigualdade da distribuição dos 
recursos financeiros e o acesso à educação, contribuem para exposição do estado de saúde das 
22 
 
pessoas, factor que influencia, em parte, as taxas de crescimento somático e estado nutricional 
dos indivíduos (Cau, 2015). 
Decorre daí que, os indivíduos com baixa posição socioeconómica, normalmente, 
apresentam-se num cenário de vulnerabilidade e com desfechos negativos sobre a sua saúde, 
desde a concepção, passando por todas as fases de crescimento até à fase adulta (Cau, 2015; 
Roman, 2004). 
Por exemplo, as mulheres com baixa educação e poucos recursos, sobretudo no contexto 
Moçambicano, estão geralmente expostas a cenários de gravidezes e nascimentos indesejados, 
devido ao limitado acesso à informação sobre as boas práticas de saúde e métodos 
contraceptivos, expondo, consequentemente, a sua própria saúde, para além de colocar em causa 
o crescimento do feto e das crianças (Cau, 2015). 
Neste contexto, Andrade et al. (2004) afiançam que os factores inerentes ao nível 
socioeconómico podem apresentar uma relação de causalidade, i.e., causa e efeito, podendo ser 
determinante nos processos de crescimento somático das crianças. Por outro lado, Roman (2004) 
destaca que o status socioeconómico exerce forte influência no nível de saneamento básico que 
a população possui, no rendimento familiar, na alimentação, nos níveis de saúde dos mesmos e 
na qualidade das infra-estruturas habitacionais, factores peculiarmente influentes no 
crescimento físico na tenra idade. 
 
2.2.4. Aspectos Étnicos no Crescimento Somático 
Em relação à influência dos aspectos étnicos no crescimento somático, diferentes estudostêm mostrado que geneticamente, existem mais semelhanças que diferenças entre os seres 
humanos, ainda assim têm sido evidenciadas variedades de características genéticas e 
fenotípicas dissemelhantes entre as populações, incluindo as medidas do crescimento (Roman, 
2004; WHO, 2006; Onis et al., 2007; Nhantumbo, 2007; Torres, 2007; Silva et al., 2013). 
A literatura da especialidade parece convergente quanto ao efeito irrelevante do factor 
étnico no crescimento infantil. Com efeito, os resultados de uma pesquisa multicêntrica 
realizada pela OMS, envolvendo crianças de cinco países em centros étnicos e culturais bastante 
diferentes e que preenchiam satisfatoriamente os critérios de selecção, incluindo 
comportamentos específicos relacionados à saúde consistentemente condicentes com as actuais 
recomendações de promoção de saúde, não evidenciaram quaisquer diferenças no crescimento 
23 
 
linear entre as crianças amostradas nos diferentes centros étnicos. Como se pode depreender, 
estes resultados reforçaram a confirmação da ideia acerca do fraco efeito étnico no crescimento 
infantil (WHO, 2006). 
 
2.2.5. Aspectos Nutricionais no Crescimento Somático 
Dentre os factores ambientais que demarcam o crescimento das crianças, os quesitos 
nutricionais ocupam uma posição de realce, pois o organismo humano necessita de energia 
proveniente da alimentação, tanto para as suas tarefas fisiológicas diárias, quanto para 
desencadear o processo de crescimento (Roman, 2004; Torres, 2007; SETSAN, 2013; Ismael, 
2013; UNICEF, 2015). 
Deste modo, os raciocínios acima convidam à compreensão de que o consumo alimentar 
adequado na infância é indispensável, pois está intimamente associado ao perfil de saúde, 
determinado pelos diferentes processos de crescimento somático e do estado nutricional, 
especialmente entre as crianças na primeira infância (Oliveira et al., 2005). 
Por isso, é de todo oportuno afirmar que uma criança nos primeiros 12 meses de vida 
necessita de cerca de 40% das calorias totais ingeridas para o processo de crescimento, 
diminuindo progressivamente a proporção dessa energia à medida que se aproxima da 
adolescência, podendo fixar-se em 10% (Torres, 2007). 
Mais ainda, mostra-se indispensável frisar que a proteína é o macronutriente fundamental 
para o crescimento, o que sugere que uma alimentação rica nesse nutriente propiciaria óptima 
velocidade do crescimento, porém sem descurar os demais nutrientes (UNICEF, 2015; Torres, 
2007). 
Entretanto, a desnutrição proteico-energética constitui um dos problemas nutricionais 
mais frequentes, que interferem no crescimento de crianças, em países em desenvolvimento 
(Roman, 2004). 
Em Moçambique, diferentes relatórios têm denunciado que a desnutrição crónica e aguda 
continua sendo um desafio, sobretudo devido aos seus efeitos nefastos para o crescimento e 
promoção da qualidade de vida das crianças. Este cenário tem maior expressão nas zonas rurais 
que urbanas, determinando o estado de saúde física e mental desde a infância até a idade adulta 
(ESAN, 2007; PARP, 2010; UNICEF, 2014). 
24 
 
Roman (2004) adverte que se os problemas nutricionais ocorrerem no período pré-
púbere, portanto a entrada para adolescência, em pouco tempo os prejuízos advindos poderiam 
resumir-se em alterações no catch-up do crescimento, comprometendo a estatura na idade 
adulta. 
Em consequência disso, muitas pesquisas têm evidenciado que a dimensão das moléstias 
de um estado de desnutrição no processo de crescimento depende, não somente da época de sua 
ocorrência e da severidade na restrição alimentar, mas principalmente, do tempo em que se 
permanece no estado de desnutrição (ESAN, 2007; Nhantumbo, 2007; Torres, 2007; Mahan et 
al., 2012). 
Por outro lado, importa referenciar que, dentre os aspectos que interferem no consumo 
proteico-energético, o peso da influência socioeconómica e cultural das famílias, sobretudo em 
contextos de pobreza, lidera as causas que mais contribuem para este dilema no seio das crianças 
(Nhantumbo, 2007; Bartolomeu & Pereira, 2010). 
 
2.3. Padrão do Crescimento Somático 
Abordagem Geral 
O crescimento, tal como foi referido acima, começa no espaço intra-uterino e obedece 
uma fase inicial, denominada embrionária, caracterizada por uma intensa proliferação celular, 
na qual o incremento somático chega a 10 cm por mês, por volta do quarto e quinto mês de 
gestação. Esse período é sucedido por uma fase de menor crescimento em estatura, embora 
marcado por um maior aumento do peso fetal. Considera-se, deste modo, que a aceleração do 
crescimento intra-uterino sucede particularmente na primeira metade da gestação, havendo uma 
desaceleração no final do período gestacional (Lourenço & Queiroz, 2010). 
No início da vida extra-uterina, portanto ao nascer, o ser humano apresenta elevada 
velocidade de crescimento, porém à entrada do segundo aniversário começa a desaceleração 
(Torres, 2007; Lourenço & Queiroz, 2010; Moreira, 2011). 
Ainda sobre o crescimento, Lourenço & Queiroz (2010) identificam três fases que 
merecem especial atenção no processo do incremento somático, nomeadamente: 
 
 
 
25 
 
Fase 1 (lactância) 
Que é caracterizada por um crescimento rápido, porém desacelerado. Nesta fase, a 
velocidade de crescimento durante o primeiro ano de vida é a mais alta da vida extra-uterina, 
chegando a atingir cerca de 25 cm/ano, porém com tendência de redução significativa nos dois 
primeiros anos de vida; 
 
Fase 2 (infância propriamente dita) 
Este é o período marcado por um crescimento lento, mais estável e constante. Este é 
também considerado período de equilíbrio e do crescimento uniforme. Nesta fase, a velocidade 
de crescimento baixa, particularmente quando comparada à fase anterior. A velocidade média 
varia de 4 a 6 cm/ano e é chamado período infantil ou pré-puberal, pois somente se modifica na 
fase seguinte; 
 
Fase 3 (puberdade) 
Esta fase, normalmente coincide com a adolescência e é caracterizada por um 
crescimento rápido, com aceleração até aos 15 anos de idade e posterior desaceleração, até 
finalmente, o fim do processo de crescimento. 
Sucintamente, pode se dizer que ao percorrer do primeiro aniversário, a estatura aumenta 
em 50%, duplicando até aproximadamente o quarto aniversário, enquanto o peso corporal 
triplica, com um incremento de até quatro vezes após um ano. A partir dos doze meses de vida, 
o crescimento começa a tornar-se mais lento (Roman, 2004; Torres, 2007; Lourenço & Queiroz, 
2010; Moreira, 2011). 
Anualmente, até aos 9 a 10 anos de idade, a criança aumenta o seu peso corporal em 
média de 2 a 3 kg, enquanto a estatura aumenta entre 6 a 8 cm após os dois anos de idade até o 
pico de crescimento, à entrada para a puberdade. Entre o quarto aniversário até à entrada para 
adolescência, o crescimento caracteriza-se como estável e lento, porém não é regular para todas 
as crianças, por isso que algumas podem apresentar um atraso no crescimento, podendo 
recuperar após algum período, sobretudo, ocorrendo um estirão no peso e altura (Roman, 2004; 
Torres, 2007; Lourenço & Queiroz, 2010; Moreira, 2011). 
Por isso, vale dizer que as crianças nos dois primeiros anos de vida e durante a 
adolescência podem mudar o seu canal de crescimento sem que tenham uma doença associada, 
26 
 
devido à grande variação de crescimento neste período. Porém, entre 2 e 9 anos de idade, o 
crescimento tenderá a se manter em um mesmo canal (percentil), o que vem a reflectir em uma 
harmonia no crescimento e, por consequência, a ausência de enfermidade actual (Roman, 2004; 
Torres, 2007; Lourenço & Queiroz, 2010; Moreira, 2011). 
 
2.4. Factores Hormonais do Crescimento Somático 
O crescimento do corpo como um todo depende de vários factores, alguns dos quais 
descritos acima e, os factores do sistema endócrino, especificamente da acção do hipotálamo e 
da secreção hipofisária. 
Para que o corpo cresça, háuma série de eventos fisiológicos que ocorrem caracterizados 
pela libertação da hormona do crescimento (GH) pela hipófise anterior. Refira-se que o GH é 
fundamental para o crescimento normal de todos os tecidos com essa propriedade (Roman, 
2004; Moreira, 2011). 
Ainda sobre a GH, é indispensável frisar que esta exerce importante efeito sobre o 
metabolismo das proteínas, gorduras e hidratos de carbono, daí a advertência de que na infância, 
a demasiada secreção desta hormona pode causar o gigantismo, entretanto, se a secreção for 
diminuta a possibilidade da ocorrência do nanismo torna-se bastante eminente (Roman, 2004; 
Lourenço & Queiroz, 2010). 
Além de seus efeitos sob o crescimento, a GH também apresenta diversos efeitos 
metabólicos. Sumariamente, dentre tais efeitos, pode-se destacar que aumenta a quantidade de 
proteína do corpo (elevando a taxa de síntese de proteínas), utiliza as reservas de gorduras e 
poupa os hidratos de carbono (Lourenço & Queiroz, 2010). 
 
2.5. Avaliação do Crescimento Somático 
Várias pesquisas foram desenvolvidas com o objectivo de desenhar tabelas e curvas de 
crescimento somático, como forma de acompanhar as mudanças nas características físicas de 
uma população. Essas curvas e tabelas têm sido utilizadas por pesquisadores de diferentes 
especialidades na avaliação antropométrica de crianças e jovens (Ogden, et al., 2002; Bergmann 
et al., 2006; WHO, 2006; Onis et al., 2007; Nhantumbo, 2007; Bergmann et al., 2009). 
A OMS recomenda que, para a análise do crescimento somático deve-se usar valores de 
referência mundial do peso e estatura corporal, obtidos em estudos longitudinais desenvolvidos 
27 
 
pelo National Center For Health Statistics (NCHS), reconhecendo que seus resultados dizem 
respeito a uma população sadia e bem nutrida, que as amostras para essas referências eram de 
um tamanho adequado e elevado índice de representatividade em relação à população americana 
e, ainda, que as medidas foram realizadas obedecendo, criteriosamente, os padrões desejados 
(WHO, 2007; Roman, 2004; Onis et al., 2007). 
Para a avaliação do crescimento somático em tenra idade, a antropometria tem sido 
amplamente recomendada e utilizada, pois esta inclui parâmetros facilmente mensuráveis, 
totalmente objectivos e reprodutíveis. Por outro lado, é uma técnica de baixo custo que permite 
fácil treinamento, acessível e não invasiva, por isso, granjeia aceitação por parte da população 
avaliada (Torres, 2007). 
Basicamente, para avaliação do crescimento através das medidas antropométricas 
utiliza-se a altura (comprimento ou estatura), o peso e o perímetro cefálico. Geralmente, para 
avaliação de crianças utiliza-se o peso e a altura, por reflectir distintos processos do crescimento 
(Bergmann, 2006; Torres, 2007; Bergmann et al., 2009). 
Por outro lado, para que o conhecimento sobre as medidas antropométricas tenha 
significado é preciso relacionar com outros indicadores ou variáveis, como são os casos da 
idade, sexo ou outra variável antropométrica. A combinação dessas variáveis permite a 
construção de índices antropométricos como estatura para a idade, peso para a altura, perímetro 
cefálico para a idade, IMC para idade, mais ainda, a comparação desses índices entre a criança 
em estudo e uma população de referência, o que permite descrever a tendência do crescimento 
da mesma (Torres, 2007). 
Deste modo, os índices antropométricos constituem o indicador das condições do 
crescimento, quando associados a pontos de corte que permitam situar a criança dentro de uma 
faixa aceite como normal, de acordo com a referência de crescimento utilizada (Torres, 2007). 
 
2.6. Indicadores do Crescimento Somático 
O indicador Altura em função da Idade é utilizado para avaliação do crescimento 
somático, por reflectir o desenvolvimento linear em relação à idade (Vasconcelos, 2000 in 
Bergmann, 2006). Quando este indicador antropométrico se encontra alterado tem-se um 
processo biológico denominado “stunting”, que significa redução na velocidade de crescimento 
esquelético, que pode traduzir-se em seu comprometimento desde o nascimento. 
28 
 
Este indicador tem associação com condições socioeconómicas, infecções crónicas 
recorrentes e aporte nutricional inadequado (Bergmann, 2006). 
Por sua vez, o indicador Peso em função da Idade reflecte o peso segundo a idade 
cronológica. O peso em si constitui a medida antropométrica mais popular e, por esse motivo, 
sua aplicação tem como vantagem a possibilidade de utilização de dados rotineiros, além de ser 
de simples e rápida aplicação (Bergmann, 2006). 
Esta medida é muito sensível e sua avaliação seriada permite identificar, precocemente, 
alterações no estado nutricional (Bergmann, 2006). 
Já Peso em função da Altura é um indicador que avalia a harmonia entre o aumento do 
peso e o da altura e, é indicado para a avaliação das recentes alterações de peso que podem se 
reflectir em alterações na composição corporal (Torres, 2007). 
Esta alteração representa um processo biológico denominado “wasting”, que indica 
défice na quantidade de tecido e de gordura comparativamente às quantidades esperadas para 
crianças com a mesma estatura e pode ser resultado tanto da perda do peso quanto de falhas no 
aumento do mesmo (Bergmann, 2006). 
 
2.7. Classificação do Crescimento Somático 
De acordo com Andriola (2016), o crescimento pode ser avaliado por meio de curvas, as 
quais deverão ser comparadas a um determinado padrão de referência, actualmente 
recomendadas as da Organização Mundial da Saúde (2007). Essas curvas são utilizadas baseadas 
em dois conceitos estatísticos: o da média e desvio padrão, ou o da mediana e percentis. Neste 
contexto, importa destacar que a informação referente à altura e ao peso, por exemplo, apresenta 
distribuição gaussiana (normal), fazendo com que a média e mediana apresentem valores 
próximos e que ambos os lados da distribuição, acima e abaixo da média, apresentem áreas 
equiparáveis (Onis et al., 2007 e Ferreira, 2012; Andriola, 2016). 
Ainda no mesmo contexto, e de forma sucinta, a literatura da especialidade tem 
preconizado a utilização de várias escalas para se estabelecer a comparação de um conjunto de 
medidas antropométricas com um padrão de referência, sendo mais comum o percentil e o 
escore-z. Em termos práticos, este último significa o número de desvios-padrão que o dado 
obtido está afastado da sua mediana de referência (WHO, 2006). 
29 
 
Os percentis são derivados da distribuição em ordem crescente dos valores de um 
parâmetro, observados para uma determinada idade ou sexo; a classificação de uma criança em 
um determinado percentil permite estimar quantas crianças, da mesma idade e sexo, são maiores 
ou menores em relação ao parâmetro avaliado (Onis et al., 2007). 
O acompanhamento do crescimento com a utilização da curva ou gráfico de crescimento 
em pelo menos três medições sucessivas de peso e estatura, com intervalos compatíveis com sua 
velocidade de crescimento em função da idade, permite aferir se a criança está em processo de 
desnutrição com tendência de afastamento do seu canal de crescimento, caminhando para 
percentis inferiores. Esse instrumento é extremamente útil no estabelecimento de situações de 
risco nutricional (WHO, 2006; Onis et al., 2007). 
A tabela 1, referente a estatura para idade cronológica, indica claramente que abaixo do 
percentil 0,1 e do escore-z -3 a estatura é considerada muito baixa para idade. Por outro lado, 
quando os valores percentílicos e de escore –z se encontram acima de 0,1 e abaixo de 3 e acima 
do escore -z – 3 e abaixo do escore-z -2 é considerada baixa estatura para a idade, 
respectivamente. A estatura é adequada para a idade quando os valores percentílicos se 
encontram acima ou iguais ao percentil 3 e os valores do escore–z se encontram acima do 
escore–z – 2 (WHO, 2007). 
É relevante salientar que as diferenças entre os sexos sãoconsideradas por meio da 
existência de gráficos que expressam os canais de crescimento diferenciados. 
 
Tabela 1: Valores críticos para classificação do crescimento em função da estatura para idade de crianças dos 5 aos 10 
anos de idade. 
PONTOS DE CORTE DIAGNÓSTICO 
<Percentil 0,1 <Escore-z -3 Muito baixa estatura para a idade 
> Percentil 0,1 e < 
Percentil 3 
> Escore-z -3 e <Escore-z -2 Baixa estatura para a idade 
≥ Percentil 3 ≥ Escore-z -2 Estatura adequada para a idade 
Fonte: WHO (2007) 
Os valores de corte para o peso em função da idade são destacados na Tabela 2, onde 
indica que as crianças ostentam um peso muito baixo para sua idade, sempre que estiverem 
abaixo do percentil 0,1 e escore-z abaixo de -3; quando os valores percentílicos se encontram 
30 
 
acima do percentil 0,1 e abaixo do percentil 3 e os valores de corte para o escore-z estiverem 
acima do escore-z -3 e abaixo de -2, as crianças apresentam peso baixo para idade cronológica. 
Só se considera que os indivíduos ostentam um peso adequado sempre que tiverem valores 
percentílicos situados entre acima do percentil 3 e abaixo do percentil 97 e escore-z entre acima 
de -2 e +2. 
Por outro lado, as crianças podem ser classificadas como tendo peso elevado para idade, 
sempre que ostentarem valores acima do percentil 97 e acima do escore-z +2, porém importa 
ressaltar que este último índice antropométrico não é mais aconselhado para a avaliação do 
excesso de peso entre crianças, sendo recomendado, para o efeito, a utilização dos valores do 
IMC-para-idade (WHO, 2007). 
 
Tabela 2: Valores críticos para classificação do crescimento em função do peso para idade de crianças dos 5 aos 10 anos 
de idade. 
PONTOS DE CORTE DIAGNÓSTICO 
<Percentil 0,1 <Escore-z -3 Muito baixo peso para a idade 
> Percentil 0,1 e < 
Percentil 3 
> Escore-z -3 e < 
Escore-z -2 
Baixo peso para a idade 
> Percentil 3 e < 
Percentil 97 
> Escore-z -2 e < 
Escore-z +2 
Peso adequado para a idade 
> Percentil 97 > Escore-z +2 Peso elevado para a idade 
Fonte: WHO (2007) 
A tabela 3 é referente aos valores de corte para o IMC para idade de crianças dos 5 aos 
10 anos e indica que entre os valores abaixo do percentil 0,1 e percentil 3, bem como escore-z -
3 e -2, as crianças apresentam magreza acentuada e magreza. 
Entre o percentil 3 e 85, escore-z -2 a +1, os indivíduos ostentam um IMC para idade 
eutrófico. Entretanto, do percentil 85 até ao percentil 97 e acima do escore-z +1 até ao +2, as 
crianças apresentam um quadro de sobrepeso. Acima do percentil 97 e escore-z acima de +2 os 
indivíduos ostentam diferentes graus de obesidade, conforme ilustra a tabela abaixo (WHO, 
2007). 
 
 
 
 
 
31 
 
Tabela 3: Valores críticos para classificação do crescimento em função do IMC para idade de crianças dos 5 aos 10 anos 
de idade. 
VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO 
<Percentil 0,1 <Escore-z -3 Desnutrição Aguda Grave 
> Percentil 0,1 e < 
Percentil 3 
> Escore-z -3 e < 
Escore-z -2 
Desnutrição aguda moderada 
> Percentil 3 e < 
Percentil 85 
> Escore-z -2 e < 
Escore-z +1 
Eutrofia 
> Percentil 85 e < 
Percentil 97 
> Escore-z +1 e < 
Escore-z +2 
Excesso de peso 
> Percentil 97 e < 
Percentil 99,9 
> Escore-z +2 e < 
Escore-z +3 
Obesidade 
> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Grave 
Fonte: WHO (2007) 
Os valores percentílicos de referência para comparação do crescimento somático, 
avaliados a partir dos indicadores da estatura para idade, peso para idade e IMC para idade são 
indicados nos gráficos 1; 2 e 3. Nestes, pode se vislumbrar claramente os distintos canais de 
crescimento em que as crianças possam ostentar, tendo em conta as medidas aferidas e com base 
nelas, poder-se definir em que percentil a população estudada se encontra (WHO, 2007). 
 
Figura 1: Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador estatura em função da idade para 
crianças dos 5 aos 10 anos de idade do sexo feminino e masculino. 
 
 
32 
 
Figura 2: Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador peso em função da idade para 
crianças dos 5 aos 10 anos de idade do sexo masculino e feminino. 
 
Figura 3: Gráficos ilustrativos dos valores percentílicos de referência para o indicador IMC em função da idade para 
crianças dos 5 aos 19 anos de idade do sexo feminino e masculino 
 
2.8. Estado Nutricional 
O Estado nutricional pode ser definido a partir de diferentes visões. De acordo com 
Lopes et al. (2008), este é o grau pelo qual as necessidades fisiológicas de nutrientes de um 
indivíduo são atendidas através dos alimentos ingeridos, por outro lado, constitui também o 
estado de equilíbrio do indivíduo entre a ingestão e o gasto ou necessidade em nutrientes para a 
realização de todas actividades vitais. 
Ainda sobre o conceito do estado nutricional, Vasconcelos (2000 in Lopes et al., 2008) 
advoga que este constitui a condição de saúde de um indivíduo, influenciado pelo consumo de 
33 
 
nutrientes, podendo ser aferido pela correlação de informações obtidas de estudos físicos, 
bioquímicos, clínicos e dietéticos. 
Por outro lado, Lopes et al. (2008) destacam a existência do conceito social do estado 
nutricional e, neste contexto, dizem ser a parte integrante da totalidade do processo social que 
consiste na produção, recolha e ingestão dos alimentos para posterior absorção dos nutrientes. 
Para estes autores, a dimensão social do conceito resume-se na síntese orgânica das relações 
entre homem-natureza-alimento que se estabelece no interior de uma determinada sociedade. 
A figura 4 resume conceptualmente a dimensão biológica do conceito do Estado 
Nutricional, destacando os possíveis desfechos para cada condição da díade ingestão alimentar 
e dispêndio nutricional. 
 
Figura 4: Diagrama referente à dimensão biológica do conceito do Estado Nutricional 
 
Fonte: Lopes et al. (2008) 
O estado nutricional em crianças é um excelente indicador do estado de saúde e potencial 
preditor de níveis de crescimento somático e de desenvolvimento de uma sociedade, para além 
de reflectir precocemente possível défice calórico-energético. Esta medida, a par do peso em 
função da idade, são muito sensíveis e sua avaliação periódica permite identificar alterações no 
estado nutricional e viabilizar intervenções atempadas (Bergmann, 2006). 
34 
 
Diferentes estudos têm demonstrado que o crescimento somático, maturação e 
desenvolvimento são directamente relacionados ao óptimo estado nutricional. Por isso, Mendes 
(2016) afirma que uma criança malnutrida arrasta consigo consequências que, geralmente, são 
irremediáveis ao longo do desenvolvimento físico e mental, ocasionando deste modo, 
deficiências na aprendizagem devido ao défice de inteligência, problemas de calcificação óssea 
e comprometimento das funções vitais. 
Consequentemente, é indispensável aflorar que crianças com défices calórico-proteico, 
em relação às quantidades necessárias e recomendadas por dia, não atingem o pleno 
desenvolvimento na infância, o que aumenta a probabilidade de levar consigo efeitos nocivos 
para a vida adulta (Mendes, 2016). 
Na mesma senda, Cavalcante (2004) destaca que o estado nutricional em crianças é um 
excelente indicador do estado de saúde e potencial preditor de níveis de desenvolvimento de 
uma sociedade. Reforçando a importância que os factores ambientais encerram no crescimento 
somático, Ashworth & Millward (1986 in Cavalcante, 2004), consubstanciam que “embora o 
potencial de crescimento do indivíduo seja determinado geneticamente, cada indivíduo irá 
desenvolver uma curva de crescimento pré-determinada se as condições de saúde e nutrição lhe 
forem favoráveis”. Por isso, a avaliação do estado nutricional constitui uma etapa fundamental 
e indispensável no estudo de crianças, pois permite verificar se o crescimento está a afastar-se 
do padrão esperado por doença e/ou por condiçõessociais desfavoráveis (Mello, 2002). 
A avaliação do estado nutricional visa verificar se o crescimento e as proporções 
corporais de um indivíduo ou população estão dentro dos padrões de referência, sempre 
apontando para a definição de atitudes de intervenção. Deste modo, quanto mais populações 
e/ou indivíduos forem avaliados do ponto de vista nutricional, e quanto mais seriadas forem 
essas avaliações, mais intervenções precoces podem ser feitas, seguramente contribuindo para 
a melhoria da qualidade de vida da população de uma forma geral (Mello, 2002). 
Ainda sobre a mesma temática, Santana et al. (2013) acautela que na avaliação do estado 
nutricional é preciso ter em atenção os extremos, ou seja, “tanto o sobrepeso quanto o baixo 
peso, na infância, são importantes factores de risco para mortalidade e morbilidade na vida 
adulta.” 
Neste contexto, vale enaltecer que não existe melhor forma de diminuir agravos no 
estado nutricional, senão for diagnosticando-os de maneira atempada e adequada (Mello, 2002). 
35 
 
2.9. Antropometria na Avaliação do Estado Nutricional 
Distintos estudos têm referenciado a antropometria como sendo a técnica largamente 
usada para avaliação e caracterização do crescimento e do estado nutricional de populações pela 
sua facilidade de aplicação, efectividade e baixo custo (Cavalcante, 2004; Conde & Monteiro, 
2006; Nhantumbo et al., 2007; Ministério da Saúde, 2011Ministério da Saúde). 
A composição corporal constitui um indicador do padrão de crescimento. Esta é usada 
para quantificar os principais componentes do corpo humano, nomeadamente a gordura 
corporal, os ossos e o músculo (Sant’Anna, Priore & Franceschini, 2009). 
De acordo com Moreira (2009), a composição corporal pode sofrer alterações com a 
modificação dos hábitos alimentares, crescimento e exercício físico. O controlo dessas 
alterações e o conhecimento detalhado sobre as reais motivações para tal reveste-se de extrema 
importância, quer seja na infância, adolescência, bem como na idade adulta. 
As alterações da composição corporal têm tido maior expressão em dois momentos da 
vida, nomeadamente na infância e adolescência, devido ao crescimento corporal, demandando 
medidas que especifiquem o crescimento corporal e na idade adulta, onde o realce é mais 
focalizado na massa isenta de gordura e na gordura corporal (Moreira, 2009). 
O aumento da prevalência da obesidade infantil e o facto de se tratar de um factor de 
risco para a obesidade adulta, além de preditor de doenças cardiovasculares e outras 
determinadas pela malnutrição faz com que a avaliação criteriosa da composição corporal em 
criança seja uma importante variável de promoção da saúde (Moreira, 2009). 
Por conseguinte, Lohman et al. (1988) afiança que para a medição da composição 
corporal em crianças e adolescentes, têm-se recomendado a utilização da antropometria para 
estimar a massa gorda através de equações que utilizam as pregas de adiposidade tricipital e 
subescapular, ou tricipital e geminal, pois estes permitem a fácil aplicabilidade no ambiente 
escolar, como também métodos que utilizam as circunferências do abdómen e da anca. 
De outro lado, o índice de massa corporal (IMC), ainda que controversa a sua medição 
em crianças e adolescentes, tem sido amplamente utilizado e recomendado para estudos em 
populações de diferentes faixas etárias, incluindo crianças (WHO, 1995; WHO, 2006). 
 
 
 
36 
 
2.10. Composição Corporal na Avaliação do Estado Nutricional 
De acordo com Brandão (2010), a avaliação da composição corporal (CC) tem como 
objectivo fundamental a quantificação dos diferentes compartimentos corporais, tendo em 
consideração a sua distribuição. A CC é feita de acordo com diferentes modelos e abordagens. 
Miqueleto (2006) aponta que a divisão da CC pode ser feita de acordo com cinco 
modelos, designadamente o anatómico, o molecular, o celular, o dos sistemas ou tecidos e o do 
corpo todo. 
No entanto, existem outros modelos de abordagem da CC, quais são: (i) o modelo de 
divisão em dois compartimentos, nomeadamente a massa gorda e massa corporal magra; (ii) o 
modelo químico que consiste em quatro compartimentos, a saber: os lipídios, água, proteínas e 
minerais; (iii) o modelo de fluidos metabólicos que comporta quatro compartimentos, sendo 
estes, os fluidos extracelulares, fluidos intracelulares, sólido intracelular e sólido extracelular e, 
por fim, (v) o modelo anatómico com quatro compartimentos referentes ao tecido adiposo, 
músculo-esquelético, outros tecidos e ossos (Miqueleto, 2006). 
Face à existência de várias técnicas de avaliação da CC, várias pesquisas foram 
desenvolvidas na busca de procedimentos com validade e especificidade na avaliação da mesma 
(McArdle et al., 2001 in Miqueleto, 2006). Porém, independentemente da existência de 
diferentes técnicas e modelos de avaliação da CC, tem-se referido que por meio desta pode-se 
atingir vários objectivos relacionados à saúde, especialmente os relacionados ao crescimento e 
estado nutricional (Mello, 2002; Araújo & Campos, 2008; MISAU, 2011). 
De salientar que a avaliação da CC auxilia na identificação de riscos para a saúde 
associados aos níveis demasiado altos ou baixos de gordura corporal total, acumulação 
excessiva de gordura intra-abdominal; falta ou excesso de gordura corporal, mudanças na CC 
associada a certas doenças; mudanças na CC associada ao crescimento, desenvolvimento, 
maturação e idade (Brandão, 2010). 
Refira-se que esta avaliação mostra-se fundamental como um instrumento de intervenção 
nutricional, na medida em que afigura-se indispensável para possíveis correcções de agravos, 
para além de estimar o peso corporal ideal de indivíduos e população para posterior formulação 
de recomendações dietéticas (Brandão, 2010). 
A avaliação da composição corporal é feita recorrendo aos métodos directos, indirectos 
e o duplamente indirecto. O método directo consiste na dissecação de cadáveres; os métodos 
37 
 
indirectos são os de pesagem hidrostática, ressonância magnética e a absortometria radiológica 
de dupla energia (DEXA) e, finalmente, os duplamente indirectos que se baseiam nos métodos 
referenciados aos indirectos, como são as técnicas de avaliação da composição corporal por 
dobras cutâneas, circunferências, diâmetros corporais e bioimpedância eléctrica, que são 
também, vastamente conhecidos como métodos de campo, pois são de utilização prática em 
diferentes circunstâncias e ambientes de custo operacional mais tangível (Miqueleto, 2006; 
Mendes & Nascimento, 2009). 
 
2.11. Métodos de Avaliação da Composição Corporal 
2.11.1. Método de Avaliação Directa 
De acordo com McArdle et al. (2001), a avaliação directa da CC é feita em cadáveres, 
sendo que os procedimentos seguem duas técnicas básicas. A primeira consiste em dissolver o 
corpo numa solução química e posterior análise da quantidade de gordura presente e a outra 
técnica consiste em dissecar fisicamente cada um dos componentes corporais. 
 
2.11.2. Método de Avaliação Indirecta e Duplamente Indirecta 
Existem várias técnicas indirectas de medição das componentes da CC, dentre as quais 
destacam-se a pesagem hidrostática, as medidas de pregas de adiposidade, as medidas das 
circunferências e a condutividade eléctrica corporal total (Lohman et al., 1988; McArdle et al., 
2001; Miqueleto, 2006; Brandão, 2010). 
Os métodos duplamente indirectos mais utilizados são a Bioimpedância e a 
Antropometria. Refira-se que estes são validados a partir dos métodos indirectos, como por 
exemplo a pesagem hidrostática e a densitometria radiológica de dupla energia (Brandão, 2010). 
 
2.12. Antropometria na Avaliação da Composição Corporal 
A antropometria é a ciência que estuda e avalia o peso, a estatura, perímetros corporais 
e pregas de adiposidade subcutânea, para permitir um prognóstico da CC. Para além disso, 
fornece informações para a predição e a aferição dos várioscomponentes corporais de 
indivíduos em crescimento, desenvolvimento e envelhecimento. Estas medidas são utilizadas 
em várias áreas, desde a avaliação do crescimento somático, estado nutricional, como também, 
38 
 
enquanto um dos meios de acompanhamento do estado de saúde de uma população (Brandão, 
2010; Witriw & Castro, 2014). 
De acordo com Brandão (2010), a antropometria é o ramo das ciências biológicas, cujo 
objectivo é o estudo de caracteres dimensíveis da morfologia humana. Mais ainda, Witriw & 
Castro (2014) acrescentam que a antropometria permite, através das dimensões corporais, 
classificar os indivíduos, para além de ser uma ferramenta que permite fazer o diagnóstico 
nutricional. 
Enaltecendo o espectro de factores influentes na acurácia e confiabilidade das medidas 
antropométricas, Heyward e Stolarczyk (2000 in Brandão, 2010) reforçam que a exactidão e a 
fidelidade das medidas antropométricas dependem do equipamento, da habilidade do avaliador, 
de factores individuais e da equação prognóstica utilizada. 
Em razão da facilidade de aferição em estudos populacionais que lhes é reconhecida, a 
literatura de referência permite concluir, claramente, que as medidas antropométricas mais 
utilizadas para determinar a CC são o peso, a altura, os perímetros e as pregas de adiposidade 
subcutânea. 
 
2.12.1. Medidas das Pregas de Adiposidade Subcutânea 
A determinação da gordura corporal através do método de pregas subcutâneas é uma das 
técnicas de campo mais utilizadas devido ao baixo custo e facilidade de manuseio. Partindo do 
pressuposto de que a medição da gordura de alguns pontos do corpo determinaria a percentagem 
da gordura total do corpo, o método de aferição da gordura corporal através das pregas cutâneas 
foi amplamente aceite (Miqueleto, 2006). 
A medida das pregas cutânea é obtida através da utilização de um compasso específico 
para o efeito, cujo formato lembra uma pinça (Miqueleto, 2006). 
A prega cutânea é avaliada pinçando-se, com o dedo indicador e o polegar, a pele e a 
gordura subcutânea, separando-a do músculo. A medida é feita com o compasso de dobras 
através da distância entre as suas extremidades, que por sua vez se exerce uma pressão de 
10g/mm2 na dobra. Refira-se que a medida deve ser retirada dois segundos após se colocar o 
compasso (McArdle et al., 2001). 
De acordo com McArdle et al. (2001), as pregas cutâneas mais comuns para o estudo da 
CC são as tricipitais, subescapular, supra-ilíaca, abdominal e parte superior da coxa, destacando-
39 
 
se que todas devem ser do lado direito do corpo, estando o indivíduo em pé. As pregas menos 
comuns em estudos epidemiológicos são as da pantorrilha (geminal), porção médio-lateral e 
posterior e do tórax próximo à axila, usadas somente em homens. 
As medidas das pregas de adiposidade subcutânea podem ser utilizadas em valores 
absolutos ou aplicando equações de regressão para o cálculo da densidade corporal ou da 
percentagem de massa gorda. Estas equações podem ser generalizadas, quando obtidas a partir 
de estudos epidemiológicos com grupos heterogéneos ou específicos, ou quando obtidas a partir 
de estudos de grupos homogéneos (Brandão, 2010). 
É importante aflorar que as equações generalizadas podem ser usadas para todos os tipos 
de indivíduos, mas os resultados das pesquisas científicas não são claros. Porém, as equações 
específicas só devem ser utilizadas em indivíduos ou grupos que tenham características muito 
semelhantes às do grupo do qual foram obtidos os dados para a sua elaboração (Brandão, 2010). 
Lohman et al. (1988) e Witriw & Castro et al. (2014) afiançam que algumas das 
vantagens deste método no cálculo da CC, incluem o facto de poder caracterizar a distribuição 
do tecido adiposo subcutâneo, ser simples e não invasivo. Saliente-se ainda, que muitas 
equações de regressão foram desenvolvidas de acordo com os grupos populacionais, utilizando 
meramente pregas de adiposidade subcutânea adiposas ou combinações de pregas de 
adiposidade subcutânea, com outras dimensões antropométricas. 
A percentagem de gordura corporal não é nada mais do que a proporção do total da massa 
corporal que é definida pelo peso em gordura (Brandão, 2010). Logo, a escolha de uma equação 
adequada para a determinação deste (peso) é fundamental e, para tal, deve-se ter em 
consideração as características da população alvo do estudo. 
Uma das formas recomendadas para se minimizar os erros da escolha das equações é a 
utilização de valores absolutos das pregas de adiposidade subcutânea individuais ou o 
somatórios de conjuntos de pregas de adiposidade subcutânea, podendo ser comparados 
longitudinalmente ou a padrões previamente estabelecidos e fornecer um indicativo da 
quantidade de gordura corporal, sem a necessidade de se recorrer às equações preditivas 
(McArdle et al., 2001; Brandão, 2010). 
Assim, a utilização dos valores individuais das pregas de adiposidade subcutânea permite 
verificar o comportamento da distribuição da gordura corporal, aquilatando onde o indivíduo 
acumula maior concentração de gordura corporal (Brandão, 2010). 
40 
 
2.12.2. Índice de Massa Corporal na Avaliação da Composição Corporal 
O Índice de Massa Corporal (IMC) é a relação entre o peso e o quadrado da 
estatura/altura. Para o seu cálculo usa-se a seguinte fórmula: 
IMC= Peso (kg) /Estatura2 (m2) 
O IMC constitui um dos procedimentos de avaliação da CC. Este preconiza que a relação 
entre o peso e a estatura corporal pode representar o excesso de peso por uma elevada quantidade 
de massa gorda. Este procedimento foi formulado, por volta de 1830 e 1850 pelo matemático 
Belga Adolphe Quetelet e tem sido largamente usado até aos dias actuais. Para além de ser 
utilizado em estudos epidemiológicos, o IMC é utilizado em avaliações clínicas para estimação 
das variações do peso corporal com e sem finalidades terapêuticas (Lohman et al., 1988; 
Miqueleto, 2006; Brandão, 2010). 
Em relação ao IMC, Brandão (2010) acrescenta que este afere se o peso do indivíduo 
está ou não adequado à altura, mas não permite a distinção da massa gorda (MG) e da massa 
livre de gordura (MLG). Devido a esta limitação, só deverá ser utilizado se não se puder medir 
as pregas de adiposidade subcutânea. 
O mesmo autor acrescenta, por outro lado, que este método reveste-se de grande 
importância prática e mostra uma boa correlação com a morbimortalidade, tanto gerais quanto 
relacionadas com diversas patologias, ressalvando, porém, que o IMC é apenas um dos factores 
que contribui para o estudo do perfil de risco de doença de um indivíduo (Brandão, 2010). 
Existem tabelas específicas para classificação do IMC nas diferentes faixas etárias. Para 
crianças e adolescentes, a determinação do IMC não deve ser feita da mesma forma que para 
um adulto, porque estes estão num processo dinâmico de crescimento. As tabelas de referência 
específicas para a classificação nutricional com o recurso ao IMC têm sido comumente 
adoptadas (WHO, 2006; Onis et al., 2007; WHO, 2007). 
Entretanto, de acordo com McArdle et al. (2001 in Miqueleto, 2006), a principal questão 
relacionada ao IMC assemelha-se à relatada para as tabelas de altura e peso, onde por exemplo, 
um valor alto de IMC nem sempre representa um elevado peso corporal constituído por excesso 
de gordura, podendo este peso corporal ser representado por um elevado conteúdo de massa 
muscular, massa óssea ou diferentes tecidos isentos de gordura. 
41 
 
2.12.3. Medida das Circunferências Corporais 
A medida das circunferências corporais é um método alternativo para a predição da 
composição corporal, sendo vastamente utilizada por profissionais da saúde por sua 
simplicidade de manuseio e aceitabilidade, porém sua fragilidade resulta do facto de quantificar 
não apenas o tecido adiposo, mas também outros tecidos e órgãos. Esta forma de avaliação é 
bastante aceite em dois casos, primeiro quando o avaliado apresenta

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