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GRUPO SER EDUCACIONAL
UNIVERSIDADE: Faculdade Maurício de Nassau – UNINASSAU 
CURSO: Letras 
DISCIPLINA: Tópicos Avançados da Teoria Literária
NOME DO PROFESSOR EXECUTOR Erika Maria Asevedo Costa Moura 
NOME DO TUTOR Ueudja Germano Silva
NOME DO ALUNO: Francisco das Chagas Oliveira Pessoa 
Atividade contextualizada de Tópicos Avançados da Teoria Literária 
Canto De Ossanha
O homem que diz "dou" não dá
Porque quem dá mesmo não diz
O homem que diz "vou" não vai
Porque quando foi já não quis
O homem que diz "sou" não é
Porque quem é mesmo é "não sou"
O homem que diz "estou" não está
Porque ninguém está quando quer
Coitado do homem que cai
No canto de Ossanha, traidor
Coitado do homem que vai
Atrás de mandinga de amor
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Vai, vai, vai, vai, não vou
Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor
Amigo sinhô
Saravá
Xangô me mandou lhe dizer
Se é canto de Ossanha, não vá
Que muito vai se arrepender
Pergunte pro seu Orixá
Amor só é bom se doer
Vai, vai, vai, vai amar
Vai, vai, vai, vai sofrer
Vai, vai, vai, vai chorar
Vai, vai, vai, vai dizer
Que eu não sou ninguém de ir
Em conversa de esquecer
A tristeza de um amor que passou
Não, eu só vou se for pra ver
Uma estrela aparecer
Na manhã de um novo amor
 
Considerando a Teoria da Comunicação, Brasileiro (2016, p. 2) aponta que ela é formada por três principais elementos, quais sejam: a intenção, os elementos próprios da comunicação e as funções da linguagem. Dessa forma, considerando a linguagem literária no tipo textual poesia/poema acima, há as seguintes pontuações: a intenção é ocasionada pelo emissor da mensagem, no caso, o poeta (se ele tem a intenção de indagar/duvidar); partindo para os elementos da comunicação, encontramos o emissor (o poeta), o referente (canto de Ossanha), o receptor (o leitor), o código (a forma poética de como o autor retrata o amor, por meio do Orixá), o canal da comunicação (a poesia) e a mensagem (o que o escritor deseja repassar ao leitor, e por meio de quais procedimentos). 
Ademais, a canção do “Canto de Ossanha” remonta as seguintes características, como diz Morais (2013, p. 83): com o uso de orações construídas de formas simples e curtas, essas mesmas orações são entoadas/cantadas, há uma certa negação da afirmação, a qual tem uma resposta por meio de outra negação a outra afirmação, que no caso, essa relação é encontrada no verso seguinte; essa canção também possui uma dialética, e conforme o autor Morais (2013, p. 84) relata, Ossanha é o senhor do axé e Vinicius passa a se incorporar na voz do Orixá que afirma “vai,vai,vai” e o coro nega “não vou”, repetindo-se o movimento, e causando a tese versus antítese. Com isso em mente, pode-se verificar que existem figuras de linguagem chamadas paradoxo, antítese, e, principalmente, o pleonasmo, além da inversão dos termos na construção frasal (Amor só é bom se doer”, eis um exemplo dessa inversão: na ordem direta seria Amor é bom só se doer). 
Observando ainda o texto, nota-se que as figuras de linguagem são elementos comuns em textos literários, pois o autor se utiliza dessas nuances da escrita para intensificar e destacar o que o texto deseja transpassar, o sentimento de negação, no caso. Outra característica típica de textos poéticos é a estrutura em versos, com a presença de rimas, de ritmo e de sequência métrica dos sons. Além do que, essas mesmas figuras provocam a “estranheza” no texto, pois requer do leitor uma atenção maior na estrutura de uma poesia/poema. Assim, o leitor deve compreender o real significado o qual os versos pretendem passar.
Além disso, a reiteração do som também ocorre por outros fatores, como fonemas e sílabas, procedimentos típicos do plano de expressão, conforme relata Barros (2010, p. 39 apud Lombardi, 2017, p. 13). Nesse caso, o plano de expressão é diferente do plano real, do concreto. O plano de expressão é dado pelo significante, que também é um elemento sensível, aspecto básico pertencente às dicotomias de Saussure (SILVA, 2011, p. 40). Ou seja, abordando o que relata as posições complementares dos autores distintos, Barros e Silva, é considerado que o significante em si é a estrutura que permite a formação da sílaba e do fonema, construídos de modo pertinente no texto, com o intuito de ser alcançado a sequência sonora correta dos versos e estrofes. 
Considerando ainda a visão de estranheza, proposta pelo formalista Viktor, Guerizoli-Kempinska (2010, p. 64) afirma que o estranhamento é caracterizado pelo não acabamento dos conceitos, e pela abertura de usos que vão além do campo da literatura. Ou seja, o não acabamento conceitual é um tema que leva a literatura a abordar que, no mesmo poema, pode ter variadas interpretações, levando o uso dessas significações para além do campo literário; resumidamente, um texto literário permite a fuga da realidade, e permite o uso da linguagem conotativa, não necessariamente querendo dizer que o que está escrito no texto é explícito, deve ser levado “ao pé da letra”. Portanto, a visão de estranhamento, para Guerizoli-Kempinska (2010, p. 66) tem dois pontos cruciais, os movimentos da pressa e o gosto pela negação, pontos esses que refletem Chklovski. E nota-se também que o “Canto de Ossanha” tem essas duas características, o que revela de certa forma os pontos de interligação entre o estranhamento de Chklovski e as características de um texto literário. 
Bibliografia
BRASILEIRO, A. M. M. Comunicação e Expressão. Porto Alegre: SAGAH, 2016. 184 p. ISBN 978-85-69726-26-5.
LOMBARDI, R. F (org.). Oficinas de Textos em Português. São Paulo: Pearson, 2017. 120 p. ISBN 978-85-430-2077-8.
SILVA, P. P (org.). Fundamentos da Teoria Literária. São Paulo: Pearson , 2014. 133 p. ISBN 978-85-430-0317-7.
SILVA, F. M. D. As dicotomias saussureanas e suas implicações sobre os estudos linguísticos, Inhumas, v.3, n. 2, outubro 2011. p. 38-55. Disponivel em: <https://www.revista.ueg.br/index.php/revelli/article/view/2878>. Acesso em: 01 março 2022. REVELLI – Revista de Educação, Linguagem e Literatura da UEG.
SILVA, Isabela Martins de Morais et al. É, não sou: ensaios sobre os afro-sambas no tempo e no espaço. 2014. Disponível em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/131961>. Acesso em: 08 março 2022
GUERIZOLI-KEMPINSKA, Olga. O estranhamento: um exílio repentino da percepção. GraGoatá, v. 15, n. 29, 2010. Disponível em: <https://periodicos.uff.br/gragoata/article/view/33074>. Acesso em 08 março 2022

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