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A CARTA DE CRÉDITO NAS NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS - FINALIZADO

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A Carta de Crédito nas Negociações Internacionais
Cecília dos Santos Vieira da Silva
Heitor de Oliveira Santana do Carmo 
Ingrid Santana Andrade
João Víctor dos Santos Lima
Faculdade de Tecnologia da Praia Grande
Curso Superior de Tecnologia em Comércio Exterior
RESUMO
O presente artigo descreve um método de pagamento utilizado em negociações internacionais nas operações de comércio exterior. Partindo-se da contextualização do que se trata a prática do comércio até as diferentes formas de troca monetária, pretendeu-se identificar as características e possíveis riscos dessas modalidades. Dando-se especial ênfase à Carta de Crédito, na qual se envolve a intermediação de banco que definem as condições de pagamento e recebimento. A pesquisa objetifica o estudo da Carta de Crédito, desde seus aspectos legais até os riscos em torno dela fazendo uso de métodos bibliográficos e exploratórios.
	
PALAVRAS-CHAVE: carta de crédito; modalidades de pagamento; negociações internacionais.
ABSTRACT
This article assays a method of payment used at international level in foreign trade operations. Starting from the contextualization of what the practice of trade is about as different forms of monetary exchange, it was intended to identify as possible characteristics and risks of these modalities. Special emphasis is placed on the Letter of Credit, which involves a bank intermediation that will define as payment and receipt terms. The research objectives the study of the Letter of Credit, from its legal aspects to the risks surrounding the same, making use of bibliographic and exploratory methods.
	
KEYWORDS: letter of credit; payment modalities; international negotiations.
1 INTRODUÇÃO
A relação de comércio teve início com base na prática de escambo, na qual, por exemplo, um indivíduo que possuía dois sacos de feijão, mas só precisava de um enquanto tinha a necessidade de um saco de arroz. Nesse contexto, era feito uma troca de mercadoria com quem havia produzido uma quantidade maior daquele produto no momento. (D’ANGELO, A. C. 2009).
Desde então, surgiram diversas modalidades de pagamento internacional que são de conhecimento público, muitas são estas modalidades, mas podemos destacar entre as principais, as seguintes: pagamento antecipado, boleto bancário, cobrança documentária, e por fim, o carro chefe deste artigo que é a Carta de Crédito.
A Carta de Crédito se trata de uma modalidade de pagamento que por sua vez apresenta maior segurança garantida para ambos os lados envolvidos no processo. Com esta forma de crédito o cliente solicita ao banco que realize o pagamento ao exportador assim que a mercadoria for entregue em conformidade. (Fazcomex, 2020). 
A carta de crédito se torna importante nas negociações internacionais pois cria a possibilidade de subsidiar o pagamento do comprador para o vendedor, por meio de um contrato que estabelece as condições de pagamento entre as partes envolvidas. Criando uma relevância na sociedade de forma indireta. Assim como as outras modalidades de pagamento, a carta de crédito pode ser usada não só nos processos de Comércio Exterior, mas também em consórcios imobiliários, seja para imóveis residenciais, comerciais, terrenos ou até apartamentos na planta. Tanto a Carta de Crédito em si, quanto a pesquisa, servem e servirão para aumentar os níveis de conhecimento no assunto para aplicações posteriores em casos práticos.
Em negociações internacionais existem diversos riscos, como por exemplo, os golpes, onde uma das partes pode agir de má fé oferecendo documentos inválidos, por motivos de ser pertencente a um grupo que não existe, ou mais, até ser falsificada, tirando seu valor. Antes que se feche o negócio, é importante verificar se realmente existe um grupo válido ou se a carta está seguindo as normas corretamente. Ademais, pretendemos atentar quanto aos cuidados necessários a serem tomados durante o uso desta modalidade de pagamento. 
O presente artigo tem como objetivo geral, estudar a relevância da carta de crédito nas negociações internacionais como instrumento facilitador do comércio exterior. Assim como de forma específica, estudar a história das negociações internacionais quando as garantias ao crédito, detalhar quais os aspectos legais da carta de crédito nas transações internacionais e destacar os riscos durante o uso da carta de crédito. 
Nossa metodologia se inicia de forma bibliográfica, que é como se inicia a maioria das pesquisas já que é necessário entender sobre o assunto que será discutido de forma teórica. 
2 EXPORTAÇÃO E IMPORTAÇÃO
Exportação se baseia na venda de produtos ou serviços relacionados a um país e o outro. Ou seja, a saída de uma mercadoria com envio para outro pais. Muitas empresas decidem exportar a fim de crescer economicamente por meio da ampliação dos negócios e do comércio para além do mercado interno. 
Existem quatro tipos de exportação:
1. Direta: exportação se realiza pelo próprio fabricante, que lucra diretamente com o importador. Para que isso seja concretizado é preciso que o fornecedor conheça todo processo de documentação, mercado, embalagens, transações etc.
2. Indireta: Exportação na qual os produtos e serviços são realizados por empresas que não fabricaram, porém exportam. Nesse caso o produtor não é responsável a partir da saída do produto do país.
3. Perfeita: a exportação é realizada sem o uso de mediadores no decorrer do processo de entrada do produto no país a qual é enviado,
4. Imperfeita: a empresa exportadora conta com um auxílio responsável pelo início do processo de venda para o exterior por consequência da sua falta de experiência no comércio independente.
Importação consiste na ação de compra de produtos ou serviços trazidos do exterior. Contudo a entrada de mercadoria estrangeira em um país. Mesmo sendo um país desenvolvido ele por si só não é autossuficiente. Dessa forma, é inevitável que os países importem itens ou mercadorias de outro país. Essas importações podem ser o abastecimento da matéria prima daquele país etc.
O processo de importação divide-se, basicamente, em três fases:
1. Administrativa: é a fase burocrática da negociação. basicamente todos os documentos necessários para importação de tal item.
2. Cambial: fase de pagamento ao exportador, na qual a moeda estrangeira é enviada para o exportador por intermédio de casas cambiais 
3. Fiscal: fase de desembaraço alfandegário, ou seja, a nacionalização da carga por meios de tributos e custos para o governo.
2.1 DIREITO NACIONAL E INTERNACIONAL
O Direito pode ser interpretado como uma conjuntura de normas e regulamentações compulsórias para a garantia da convivência social harmoniosa por meio da estruturação de limites, direitos e deveres que interferem nas ações de cada indivíduo (REALE, 2001).
No Comércio Exterior, essa conjuntura pode ser observada em processos de movimentação externa, seja importação ou exportação, tratados entre países aliados por acordos próprios ou por acordos estabelecidos pelos blocos nos quais fazem parte, assembleias em organizações governamentais como as Nações Unidas (ONU), Organização Mundial do Comércio (OMC/WTC) e o G20 (bloco das 20 nações mais desenvolvidas). Para isso, o entendimento do Direito Internacional se torna imprescindível para que todos os processos, tratados e assembleias possam coexistir no mundo globalizado que temos atualmente.
Segundo Fraga (2017), o direito internacional engloba as normas jurídicas internacionais que regulam as relações entre nações que são configuradas como atores internacionais juntamente com as organizações que tratam destes assuntos.
2.2 MODALIDADES DE PAGAMENTO EM NEGOCIAÇÕES INTERNACIONAIS
Nas operações de comércio exterior, existem diversas variações em diferentes aspectos, dentre estes aspectos estão as formas utilizadas para formalizar uma das partes mais importantes de qualquer relação de comércio, que é o pagamento monetário. Algumas das principais modalidades de pagamento são: pagamento antecipado, boleto bancário, cobrança documentária e a carta de crédito.
2.2.1 PAGAMENTOANTECIPADO
O pagamento antecipado como já diz a própria idade, é quando a empresa que faz a importação faz o pagamento antes pela mercadoria.
Nesse caso o contrato cambio fica na responsabilidade de quem exporta devendo providenciar junto a uma instituição financeira, que fará o pagamento após receber o montante do importador.
Todavia tenha um certo risco, já que a mercadoria não pode ser entregue, essa é uma das modalidades de pagamentos internacionais mais utilizadas pelas empresas que desejam garantir uma taxa de conversão menor.
Quando a moeda brasileira mostra tendência de desvalorização a médio e longo prazo, esta é a maneira mais indicada para economizar.
2.2.2 BOLETO BANCÁRIO
É indicado para quem deseja fazer pagamentos sem burocracia de forma rápido. Nessa modalidade a operação é parecida com o pagamento de um boleto comum em real. Segundo CONSEAD (s.d)
 “Uma agência de câmbio deverá intermediar a operação, realizada em duas frentes. Primeiro, a empresa importadora paga em Reais, gerando um valor correspondente à moeda estrangeira conforme o câmbio do dia. Em seguida, esse valor convertido é repassado à empresa exportadora, com a cobrança de uma taxa pela operação cambial, além do Imposto sobre Operação Financeira (IOF).”
Recentemente, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) alterou as regras para boletos, obrigando os bancos a registrarem todas as emissões aumentando o custo em operações pagas dessa forma.
2.2.3 COBRANÇA DOCUMENTÁRIA
A cobrança documentária é uma das modalidades mais complexas e burocráticas para efetuar pagamentos internacionais. As empresas que exportam e importam fecham negócio com relação no repasse de documentos exigidos para envio e recebimento das mercadorias.
Essa documentação é passada pelos bancos nos países das empresas que fazem a transação comercial para conferência, onde são avaliados pelas autoridades aduaneiras.
Somente após todo o processo de desembaraço documental que é feita a liberação do dinheiro. Por isso é uma das modalidades de pagamentos mais complexas, porém mais segura.
3 CARTA DE CRÉDITO
Bastante expandida no comércio internacional, a carta de crédito tem alta aceitação por agentes que operam com importação e exportação. Comparada a outros tipos de movimentação financeira ela é a que mais concede garantias.
Em suma quando as empresas preferem o pagamento pelo pagamento com carta de crédito, colocam entre elas um banco que definirá as condições de pagamento e recebimento. Apenas se todas as exigências forem seguidas o negócio será fechado. Assim concedendo muita garantia, principalmente para quem paga.
Carta de Crédito, ou como é conhecida internacionalmente, Letter of Credit – L/C, se trata de uma modalidade de pagamento com regulação internacional e que conta com a intermediação de um banco ou mais, assim, garantindo a segurança da transação comercial entre quem compra e quem vende. Esse documento é regulado pela Câmara Internacional do Comércio (ICC) e sua regulamentação pode ser encontrada na UCP600 da ICC. Pode-se caracterizar a Carta de Crédito como antiga, já que embora tenha sido conhecida por diversos nomes ao longo da história, pode ser rastreada já em 3000 a.C, onde antigas civilizações babilônicas e egípcias usavam uma forma mais rudimentar de instrumento comercial para garantir que o pagamento fosse realizado entre as partes (KEEDI, 2018). 
Voltando ao âmbito atual, o documento é um instrumento de financiamento comercial que é amplamente adotado e que garante a entrega do produto e o pagamento para o exportador e importador, respectivamente. Com os vendedores, a Carta de Crédito não só garante que o pagamento seja feito prontamente e na íntegra, mas também reduz o risco de produção no caso de houver cancelamento ou alteração de pedido por parte do comprador. Oferecem também a esses vendedores a oportunidade de receber financiamento durante o período entre o envio das mercadorias e recebimento do pagamento. Para os compradores, elas garantem que o vendedor irá honrar sua parte do negócio e fornecerá produtos ou serviços com prova documental. Cartas de Crédito também permitem que eles demonstrem solvência e controlem o período para o envio das mercadorias. 
Dentro as partes envolvidas durante essa modalidade de pagamento se encontram: O importador, o banco emissor, ou seja, o banco que irá emitir o crédito a pedido do importador ou em seu próprio nome. O banco avisador, o banco que assessora este crédito a pedido do banco emissor. E o banco confirmado, que adiciona sua confirmação em um crédito, age como avalista. Por fim o exportador. 
Esse tipo de pagamento é solicitado geralmente pelo exportador quando este demonstrar preocupações durante a transação, preocupações como, o risco do banco emissor, sendo mais claro, a capacidade do banco do importador de honrar com sua palavra e compromisso. Com o risco do país, risco do país onde reside o banco emissor estar domiciliado. Ou ainda, o risco documentário, o exportador irá exigir que o outro banco assume o risco de não pagamento em virtude de o banco emissor determinar que os documentos não estão dentro do conformes.
3.1 BENEFÍCIOS DA CARTA DE CRÉDITO 
A Carta de Crédito dá mais segurança, tanto na exportação quanto na importação, pois, ao contratar este documento o exportador garante a segurança de que irá receber o pagamento do valor correspondente à mercadoria negociada. O importador também recebe proteção e só realiza o pagamento pelo produto quando, e se, todas as exigências forem cumpridas pelo vendedor. E, a L/C oferece a possibilidade de descontos, o vendedor pode antecipar os recebimentos, negociando uma Carta de Crédito a prazo e fazendo financiamento da comercialização a custos inferiores aos do mercado doméstico. 
Por último, a L/C tem isenção de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) e Imposto sobre operações financeiras (IOF). Há ausência da incidência de IRRF na entrada dos recursos. O Imposto sobre Operações Financeiras de Crédito (IOF/Crédito) vem com benefício da alíquota zero na operação de desconto. A Carta de Crédito também é isenta de Imposto sobre Operações Financeiras de Câmbio (IOF/Câmbio) para a entrada de recursos no país que se refere a receita de exportação de produtos e serviços.
3.2 A SEGURANÇA DA CARTA DE CRÉDITO 
Um fator se mantém constante: se mantém o uso da Carta de Crédito por conta de sua natureza de baixo risco. Dados da ICC indicam que a inadimplência da Carta de Crédito é menor que 0,1%. Mesmo no caso improvável de inadimplência, as Cartas de Crédito mantêm taxas recordes de recuperação: 98%. Ademais das altas taxas de recuperação, as Cartas de Crédito mantêm os tempos de recuperação rápidos, em média de seis meses. Com a globalização abrindo novas portas e oportunidades para muitos participantes e mercados diferentes, ou seja, diferentes leis, práticas e culturas, as L/Cs conseguem ser administradas de forma independente com regras criadas e atualizadas regularmente pela Comissão Bancária da Câmara Internacional do Comércio. A segurança fornecida para o exportador e o importador envolvidos nesta transação comercial se dá graças as salvaguardas que o instrumento possui, portanto, é negociada entre os bancos de ambas as partes e essas instituições financeiras passam a seguir um padrão de processos documentados e orientados, como consta as regras e usos uniformes da Câmara Internacional de Comércio (ICC). 
	
3.4 FUNCIONAMENTO DA CARTA DE CRÉDITO
Basicamente, a Carta de Crédito possui uma série de passos a serem seguidos durante seu uso, passos estes que devem ser seguidos à risca para que não haja nenhum tipo de conflito durante a transação. A princípio, o importador procura seu banco emissor para abrir um crédito em nome do exportador, sempre com prestação da garantia, e isso após os detalhes da negociação terem sido acertados. Depois das exigências de o banco emissor serem atendidas, ele abrirá a Carta de Crédito e irá enviar ao beneficiário por meio de um outro banco, o avisador, pode ser que eventualmente aconteça de umcompromisso adicional de um outro banco, chamado de confirmador, que irá agir como uma espécie de avalista para garantir o crédito ordenado pelo importador junto ao banco emissor. O banco do importador, então, comunica o banco do exportador a emissão da Carta de Crédito. (FAZCOMEX, 2020).
O exportador recebe a informação de que seu crédito foi aberto nas condições determinadas pelo banco avisador, então, se dá início a produção ou providenciar a entrega da mercadoria. O beneficiário somente embarca sua mercadoria depois de ter recebido um compromisso de pagamento expedido pelo banco emissor, seja a vista ou a prazo, emitido por ordem do comprador ou por conta. Após a mercador ser embarcada, o vendedor passa a informação ao seu banco de que já cumpriu com sua parte do acordo e prova por meio de documentação. O emissor que irá pagar o valor em acordo assim que lhes forem apresentados documentos de comprovação do exato cumprimento das exigências da Carta de Crédito. 
Após cumpridas todas as cláusulas, o banco do importador faz a liberação do pagamento ao exportador e este segundo remete os documentos para o banco emissor. A liberação da mercadoria é providenciada após a documentação necessária para se fazer o desembaraço aduaneiro seja entregue ao importador. Há casos que apenas um banco atua, tanto como emissor e avisador, o que faz com que o emissor trate diretamente com o exportador. Se o prazo do pagamento ultrapasse os 360 dias, o comprador deverá providenciar junto ao Banco Central, o Registro de Operação Financeira (ROF).
2
Figura 1: A Carta de Crédito: modalidades de pagamento.
Fonte: InfoMoney
3.5 CARTA DE CRÉDITO NA EXPORTAÇÃO
Com o uso da Carta de Crédito na exportação, as empresas asseguram o recebimento, em geral, exportar ou internacionalizar produtos e serviços é uma forma de diversificação dos mercados, e, a redução da dependência com relação ao mercado interno, e por último, a capacidade de inovação. Mas, se o objetivo da maioria das empresas que exportam é crescer, para se atingir esse crescimento pode ser um desafio e tanto, nesse momento o que mais vale é tentar eliminar os riscos ao máximo, é onde a L/C entra. 
O exportador passa a ter como objetivo o asseguramento de que receberá do comprador a quantia que foi acordada, para isso ele pode fazer uso de instrumentos de garantia no Comércio Exterior, tais como as Cartas de Crédito. Já o importador, passa a ter a meta de se certificar que irá receber o serviço ou o produto que contratou, então, ele pode exigir documentos que comprovem a capacidade econômica da empresa que prestou o serviço. Em prática, este processo envolve etapas que devem ser executadas para que não haja desavenças, dentre eles: 
1. O exportador e o importador determinarem os valores e prazos de pagamento e entrega, e outros detalhes da transação. Em seguida, o comprador busca uma instituição financeira para pedir a L/C; 
2. Após escolhido o banco, é o momento de apresentar toda a documentação necessária e aguardar que o direito ao crédito seja aprovado; 
3. Com o crédito aprovado, o banco passa a ter responsabilidade de gerar a carta, neste documento contém todas as informações quanto as exigências que devem ser realizadas pelo vendedor para que a operação corra com êxito; 
4. O exportador ou o banco deve escolher outro banco para que se faça a confirmação do documento, este por sua vez, terá o dever de enviar outro documento de confirmação junto com a Carta de Crédito para o exportador; 
5. Após recebido ambos os documentos, o exportador deve fazer a verificação de quais são as exigências e se ele terá condições de as cumprir, e claro, se houve algum contratempo, ele deve avisar imediatamente ao banco emissor;
6. Tendo confirmação das partes, o vendedor já pode começar a organizar sua mercadoria e a documentação portuária assim que cumprir todas as exigências; 
7. O vendedor terá de ir até o banco avisador apresentar os seus documentos para provação de que cumpriu com sua parte do acordo, e essas informações são mandadas para o banco emissor; 
8. Depois de ser feita a verificação dos documentos e a entrega da mercadoria, a operação está efetuada, o exportador pode sacar o dinheiro e o importador deve cumprir com suas obrigações junto à instituição financeira.
4 OS RISCOS QUANTO A CARTA DE CRÉDITO
Não é nada incomum ouvir relatos de pessoas que foram vítimas de golpes na venda de L/Cs, por mais que seja difícil de aceitar, existe muita gente disposta a agir de má-fé e que oferece documentos que são inválidos por diversos motivos, como por exemplo, a contemplação cancelada por falta de pagamento, ou, a carta pertence a um grupo que já não existe mais, a carta não possui valor ou é falsificada, e por fim, não possui contemplação verdadeira. Todo cuidado é pouco quando falamos em transações em geral, principalmente com a Carta de Crédito, para que se garanta que o grupo que a emitiu realmente existe e que a carta a ser vendida corresponde com o que está sendo vendido e se atende as exigências.
5 TIPOS DE COMPROMISSO DE CARTA DE CRÉDITO
Os tipos de compromissos da carta de crédito podem ser divididos entre as seguintes categorias: 
· Revogável: com esta nota atrelada a Carta de Crédito, o comprador passa a ter poder na transação, assim sendo, o crédito pode vir ser cancelado ou modificado sem a prévia aprovação do beneficiário; 
· Irrevogável: tendo esta menção indicada na Carta de Crédito significa que o crédito só poderá ser cancelado ou modificado com prévia aprovação de todas as partes envolvidas, esta modalidade é mais utilizada por oferecer mais respaldo ao vendedor; 
· Confirmado e Não-Confirmado: se trata de uma garantia adicional que o vendedor vem a receber, pois além do exportador receber o crédito aberto por um banco sem segurança, desconhecido, este, também poderá nomear um outro banco para realizar o pagamento. Por outro lado, quando tal fato não acontece, a responsabilidade de pagamento fica somente para o banco emissor. Sendo assim, como o banco correspondente não assume o compromisso, prevalece apenas o conteúdo da carta de crédito;
· Transferível ou intransferível: Carta de Crédito transferível dá autorização de pagar o valor total ou parcial da transação com outros beneficiários, por outra lado com a intransferível, este crédito terá somente um beneficiário que não pode ser alterado. 
Portanto, a L/C terá de indicar expressamente se tem caráter revogável ou irrevogável, transferível ou intransferível. Na inexistência dessas indicações o crédito será considerado irrevogável e intransferível automaticamente (CAPRIO, 2008).
5.1 CARTA DE CRÉDITO STANDBY
Essa modalidade possui a mesma estrutura legal da carta de crédito comercial, é necessário que envolva três partes, sendo elas o banco emissor, o solicitante e o beneficiário. Para maior clareza acerca do assunto, no standby ocorre quando o importador não cumpre sua parte na realização do pagamento diretamente ao exportador, nesse momento o banco realiza o pagamento diretamente e fica a cargo da cobrança. 
A diferença da carta de crédito comercial para a carta de crédito standby é que, na modalidade comercial, o pagamento é em prol do exportador mediante a entrega do produto conforme combinado e o exportador apresenta documentação comprobatória ao banco, enquanto, na modalidade standby, ocorre de o pagamento ser feito diretamente conforme recebimento do produto pelo importador para o exportador.
Enquanto a comercial é de uso exclusivo para transações internacionais, a standby poderá ser utilizada em qualquer transação, sendo bem aceita em prestações de serviço por exemplo, isso se dá pelo fato dessa modalidade ser basicamente uma carta de garantia caso o importador não cumpra sua parte até o vencimento.
A principal divergência entre ambas mencionadas encontra-se na documentação necessária. Um ponto importante para mencionar é que na standby basta enviar documentação comprovando que realmente não houve cumprimento das exigências e o pagamento é realizado de forma rápida.
6 CUSTOS DA MODALIDADEDe acordo com Cherobin & Vieira (2009, p. 13), o banco escolhido pelo comerciante interfere na aplicação dos custos envolvidos nas operações de carta de crédito, sendo esses (os custos), normalmente uma porcentagem sobre o valor de toda operação.
Nas operações de carta de crédito, para ser possível operar, existem diversos custos praticados pelos bancos, que são perceptíveis a partir da emissão da carta pelo importador até chegar à liquidação desse crédito pelo exportador, existindo muitas discrepâncias nas operações como um todo (CHEROBIN & VIEIRA, 2009, p. 46).
Tabela 1 - Exemplo de diferenciação de custos na operação de carta de crédito
	Custos
	Banco A
	banco b
	banco c
	Aviso de Recebimento de L/C
	US$ 100,00
	US$ 56,00
	US$ 50,00
	Análise da L/C
	US$ 150,00 (Com Mínimo de US$ 50,00)
	0,1% do valor da L/C, sendo mínimo de US$ 50,00
	US$ 150,00 (Com Mínimo de Us$ 50,00)
	Valor de Cada Swift
	US$ 30,00
	US$ 16,00
	US$ 20,00
	Contratação de Câmbio
	US$ 70,00
	US$ 100,00
	US$ 150,00
	Outros Custos na Exportação
	Despesas no Exterior por Conta do Exportador
	-
	-
Fonte: Adaptado da pesquisa de Cherobin & Vieira (2009)
Nota-se na tabela 1 que os principais custos são o aviso do recebimento da Carta de Crédito, a análise da Carta de Crédito, o valor de cada Swift e a contratação do câmbio.
Swift se trata de um código gerido pela Sociedade para as Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication, em inglês), e tem o mesmo propósito do BIC code (Código Internacional Bancário, Bank International Code): identificar uma instituição bancária por meio de um código universal único utilizando de 8 a 11 caracteres que facilita as transações financeiras entre bancos, principalmente em transferências internacionais.
Figura 2: Exemplificação de Código Swift
Fonte: Confidence Câmbio 
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O comércio exterior e as transações internacionais são de uma imensa importância para a humanidade como um todo, graças a troca de mercadorias e serviços entre os países pode acatar um desenvolvimento bem mais sustentável dos mesmos. Vale ressaltar que a importação de um determinado serviço ou mercadoria é de suma necessidade para uma nação, pelo simples motivo de que esta mesma mercadoria pode estar em escassez ou ausência no país de interesse, então cabe ao governo ir atras de adquirir em um outro país.
Entretanto, a exportação para o exterior pode acarretar diversos riscos no que vale para os compradores que possuem alta instabilidade tanto na política, quanto na comercialização em seus países, vale destacar também que muitos importadores podem desmoralizar a compra sem o pagamento adequado ou apresentar dificuldades desde o momento da negociação até o momento do prazo de pagamento. 
Mediante a este processo, a Carta de Crédito surge como uma forma de garantir a segurança do exportador, pois quando são cumpridas todas as exigências estabelecidas, a carta oferece uma garantia de pagamento por parte do banco emissor para o comprador. A L/C como a modalidade de pagamento mais buscada dentro do âmbito internacional, oferece garantias para o importador pois permite a garantia de que o produto será embarcado de acordo com a data estipulada na Carta de Crédito. 
O artigo proposto provou o quão importante é utilizar a L/C como modalidade de pagamento numa transação internacional, entretanto, o importador e o exportador devem ter conhecimento aprofundado deste método já que é seu dever como atuantes no mercado exterior. Esperamos que a pesquisa colabore e muito com o aprendizado de futuros alunos e que este material será de grande importância para a universidade como fonte para pesquisa.
REFERÊNCIAS
Interseas. O que é carta de crédito no comércio exterior? 06 ago. 2020. Disponível em:_<http://interseas.com.br/o-que-e-carta-de-credito-no-comercio-exterior/#.YFzu5PlKjIU> Acesso em: 04 mar. 2021.
Fazcomex. Carta de crédito na importação, como funciona. 03 dez. 2020. Disponível em: <https://www.fazcomex.com.br/blog/carta-de-credito-na-importacao-como-funciona/> Acesso em 04 mar. 2021.
Travelex Bank. O que você precisa saber sobre carta de crédito na exportação. 1 jun. 2018. Disponível em: <https://www.travelexbank.com.br/blog/o-que-voce-precisa-saber-sobre-carta-de-credito-na-exportacao/> Acesso em 04 mar. 2021.
InfoMoney. Exportação – Formas de pagamento. 31 ago. 2008. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/mercados/exportacao-forma-de-pagamento/> Acesso em 21 mai. 2021. 
KEEDI, Samir. Documentos no Comércio Exterior, a Carta de Crédito e a Publicação 600 da CCI. 3. ed. São Paulo. Aduaneiras. 01 Jan. 2018. – Acesso em 21 mai. 2021.
Câmara Internacional do Comércio. ICC Brasil. Disponível em: <https://www.iccbrasil.org/quem-somos/icc-brasil/> Acesso em: 04 mar. 2021.
Comexblog. Modalidades de Pagamento na Exportação: escolha a opção correta. 24 abr. 2012. Disponível em: <https://comexblog.com.br/exportacao/as-modalidades-de-pagamento-na-exportacao/> Acesso em 06 mar. 2021.
Mundo Educação. Exportação e Importação. 
Disponível em: <https://mundoeducacao.uol.com.br/geografia/exportacao-
importacao.htm#:~:text=Importa%C3%A7%C3%A3o%20e%20exporta%C3%A7%C3%A3o%20s%C3%A3o%20dois,da%20economia%20de%20um%20pa%C3%ADs>
Acesso em: 06 mar. 2021.
FRAGA, L. Relações do Direito Nacional com o Direito Internacional. 29 ago. 2017. Disponível em: <https://drlucasfcs.jusbrasil.com.br/artigos/493290520/relacoes-do-direito-nacional-com-o-direito-internacional#:~:text=Na%20tentativa%20de%20abalizar%2C%20melhorar,Internacional%20e%20o%20Direito%20interno> Acesso em: 07 mar. 2021.
REALE, M. Lições Preliminares de Direito (25ª ed.). 2001. Editora Saraiva.
CHEROBIN, Fernando. VIEIRA, Thiago. A CARTA DE CRÉDITO E OS PREÇOS PRATICADOS PELOS BANCOS QUE OPERAM EM CÂMBIO NA REGIÃO DO VALE DO ITAJAÍ. 2009. 54p. Monografia - Universidade do Vale do Itajaí - Acesso em 24 mai. 2021.
Confidence Câmbio. Entenda qual é o significado por trás dos códigos utilizados para transferências e pagamentos internacionais. 08 jun. 2017. Disponível em: <https://www.confidencecambio.com.br/blog/o-que-e-swift/> Acesso em 24 mai. 2021.
Martinez de Campos, Mónica. Créditos documentários como meio de pagamento nos contratos internacionais: Carta de crédito irrevogável e confirmado. 26 de abril de 2016. Disponível em: <http://repositorio.uportu.pt:8080/handle/11328/1559> Acesso em 29 de maio de 2021.

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