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Fluxos Operacionais em Comércio Exterior Aula 2

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FLUXOS OPERACIONAIS 
EM COMÉRCIO EXTERIOR 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Joni Tadeu Borges 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá, alunos! Vamos conversar sobre uma das modalidades de pagamento 
utilizadas no comércio internacional. Considerando a grande dinâmica em que 
estão envolvidas as negociações comerciais internacionais, não é de se esperar 
que as partes (exportador e importador) queiram correr menores riscos. A 
modalidade de pagamento que apresenta em maior grau essa característica é a 
da “Carta de Crédito”, pois esse instrumento bancário é uma garantia de 
pagamento para o exportador e uma garantia de embarque da mercadoria para 
o importador, dentro das instruções nela contidas. 
Inicialmente, veremos como a Carta de Crédito está amparada – se há uma 
regulamentação internacional para que os envolvidos na condução de uma Carta 
de Crédito possam se apoiar; em seguida, como as partes devem negociar ao 
escolher a Carta de Crédito como modalidade de pagamento (momento em que 
ambas devem ter toda a atenção, verificando se as condicionantes negociadas 
poderão ser cumpridas). Quem abre a Carta de Crédito é o banco emitente, a 
pedido do importador. Após a abertura, existe a responsabilidade de o 
exportador apresentar os documentos conforme designados na Carta de Crédito. 
A partir disto, os bancos analisarão os documentos conforme a Publicação 600 
e cumprirão a sua função. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Muitas empresas utilizam a Carta de Crédito, principalmente a pedido do 
exportador, que não quer: 1) correr o risco de não receber do importador ou 2) 
que o país do importador adote barreiras para a não transferência de 
pagamentos. Optando por essa modalidade de pagamento, o exportador terá a 
garantia de recebimento, caso o importador não o faça. O banco emitente da 
Carta de Crédito tem o compromisso de pagar o exportador, estando os 
documentos apresentados por ele em boa ordem. 
Na prática, ocorrem muitos erros por parte do exportador ao cumprir uma 
Carta de Crédito, principalmente porque existe o desconhecimento da 
importância deste documento. O exportador precisa ter total conhecimento de 
que uma Carta de Crédito somente será honrada pelo banco emitente ou 
confirmador, se for o caso, se as instruções nela contidas forem cumpridas 
integralmente pelo exportador. 
 
 
3 
Considera-se que é obrigação do exportador, assim que receber uma Carta 
de Crédito, fazer uma verificação prévia nas condições nela definidas, 
examinando se poderá cumpri-las e se as condições estão de acordo com o que 
foi negociado com o importador. 
Antes de entregar os documentos ao banco e do vencimento da Carta de 
Crédito, o instrumento poderá ser alterado através de uma emenda, desde que 
todas as partes envolvidas na Carta de Crédito concordem. 
Quando o exportador não cumpre com uma condição imposta na Carta de 
Crédito, ocorre uma discrepância que poderá ser aceita ou não pelo importador. 
Caso não seja aceita, a Carta de Crédito deixa de ser uma garantia, e o banco 
emitente não tem mais a obrigação de honrar com o compromisso. 
Esses são os cuidado principais que o exportador deve ter: procurar 
conhecer mais sobre o tema, ter em seu quadro um profissional qualificado, 
embarcar a mercadoria e apresentar os documentos que estão relacionados 
conforme instruções da Carta de Crédito. Somente assim terá a garantia de 
recebimento. 
 
TEMA 1 - CONHECIMENTO DA PUBLICAÇÃO 600, QUE PADRONIZA USOS E 
COSTUMES INTERNACIONALMENTE EM RELAÇÃO À CARTA DE CRÉDITO 
A Câmara de Comércio Internacional Comitê Brasileiro, através de seu 
informativo “Carta de Notícias” (2010), apresenta a seguinte definição sobre a 
Câmara de Comércio Internacional: 
A Câmara de Comércio Internacional - CCI é a organização mundial de 
negócios, um órgão representativo que fala com autoridade em nome 
de empresas de todos os setores de todas as partes do mundo. A 
missão fundamental da CCI é promover o comércio e investimentos no 
mercado internacional e auxiliar as empresas a enfrentarem os 
desafios e oportunidades da globalização. Sua convicção de que o 
comércio é uma força poderosa para a paz e a prosperidade data das 
origens da organização, fundada em 1919, na França, por um grupo 
de líderes empresariais que se intitulavam “mercadores da paz. 
 
A Câmara de Comércio Internacional tem sede em Paris e, atualmente, 
conta com mais de 130 comitês nacionais em diversos países, inclusive no 
Brasil. Seu principal objetivo é o de contribuir para o crescimento e o 
desenvolvimento do comércio internacional. Dessa maneira, representa as 
empresas junto às organizações competentes, como a Organização Mundial do 
 
 
4 
Comércio – OMC. Também elabora regras e padroniza as diferentes transações 
internacionais, oferecendo maior segurança para as partes envolvidas. 
Entre as diversas publicações editadas pela Câmara de Comércio 
Internacional, existe a UCP 600 (Uniform Customs and Practice), conhecida 
também como Publicação 600, que desde 2007 está em vigor e tem como 
objetivo padronizar a formalização da Carta de Crédito (crédito documentário) no 
comércio global. 
No mercado internacional, nas operações comerciais realizadas entre o 
exportador e o importador, são negociados vários itens, como preço da 
mercadoria, quantidade, prazos de entrega e de embarque, tipos de 
documentos, qualidade do produto, incoterm, modal de transporte e, 
principalmente, a modalidade de pagamento. 
Além da Carta de Crédito, padronizada pela Publicação 600, tema de nosso 
estudo, há outras três modalidades. Sobre estas, apresentamos os conceitos 
básicos a seguir: 
 Pagamento antecipado: pagamento realizado pelo importador ao 
exportador antes do embarque da mercadoria; 
 Remessa sem saque: pagamento realizado pelo importador ao exportador 
após o embarque da mercadoria, no prazo acordado pelas partes. Nessa 
modalidade, o exportador, posteriormente ao embarque da mercadoria, 
remete os documentos representativos da exportação diretamente ao 
importador; 
 Cobrança documentária: pagamento realizado pelo importador ao 
exportador após o embarque da mercadoria, no prazo acordado pelas 
partes, quando o exportador entrega os documentos representativos da 
exportação ao seu banco de relacionamento, solicitando que este envie 
os mesmos para o banco de relacionamento do importador, mediante 
instruções de cobrança. Essa modalidade tem a padronização da Câmara 
de Comércio Internacional, através da Publicação 522. 
Para Aquiles Vieira (2005, p. 76): 
A Carta de Crédito, também conhecida como (crédito documentário), é 
uma modalidade de pagamento bastante usual, porque oferece 
maiores garantias tanto para o exportador quanto para o importador. 
Podemos defini-la como uma ordem de pagamento condicional, 
emitida por um banco, a pedido do importador, a favor do exportador, 
que somente fará jus ao recebimento do valor representativo do crédito 
se, e tão somente se, cumprir todas as exigências por ela estipuladas, 
 
 
5 
tendo o exportador a garantia de pagamento de dois ou mais bancos, 
e o importador a certeza de que só haverá pagamento se suas 
exigências forem cumpridas. 
 
Na versão “Publicação 600”, houve algumas modificações em relação à 
“Publicação 500” (anterior), como as denominações dadas ao importador, que 
era o tomador do crédito, ao banco negociador e à classificação da Carta de 
Crédito. Na atual versão, o importador é denominado “requerente” do crédito; o 
banco negociador, agora, é conhecido como “banco designado” e a Carta de 
Crédito é considerada somente “irrevogável”. 
Outra regulamentação sujeita à análise da Carta de Crédito é a ISBP 681 
– Práticas Bancárias Internacionais para a Análise de Documentos em Créditos 
Documentários (International Standard Banking Practices for the Examination of 
Documents under Documentary Credits). O objetivo da ISBP 681 visa que os 
bancos padronizema análise dos documentos que estão relacionados à Carta 
de Crédito. 
Outra consideração muito importante sobre a Carta de Crédito consiste em 
lembrar que os bancos envolvidos só analisam os documentos que estão 
relacionados na Carta de Crédito, além de checar se as informações que 
constam nos documentos estão de acordo com as instruções contidas na Carta 
de Crédito. Portanto, não se analisa, por exemplo, se a mercadoria descrita nos 
documentos da exportação e na própria Carta de Crédito é realmente a que foi 
embarcada pelo exportador. O que o banco analisa é se as informações que 
constam nos documentos estão de acordo com a Carta de Crédito. Se a Carta 
de Crédito informar que o porto de embarque da mercadoria é o Porto de 
Paranaguá e o exportador apresentar um conhecimento de embarque (bill of 
lading) com dados diferentes, por exemplo, informando que o local de embarque 
é o Porto de Santos, o banco que inicialmente recebe os documentos deve 
apontar esse erro. E assim o banco faz: analisa criteriosamente a Carta de 
Crédito com os documentos representativos da operação comercial. 
Dessa mesma maneira, cabe ao exportador se preocupar com estes 
mesmos pontos, antes de preparar a documentação da exportação relacionada 
na Carta de Crédito. Isso vem reforçar a importância do conhecimento das regras 
que amparam esta carta, disponíveis na Publicação 600, por parte dos 
exportadores e importadores, para que realizem uma negociação mais segura e 
de fácil execução. 
 
 
6 
 
Saiba mais 
Consulte: http://www.comexblog.com.br/cambio/carta-de-credito-
publicacao-600-e-seu-desconhecimento/ 
 
TEMA 2 - INSTRUÇÕES PARA A ABERTURA DA CARTA DE CRÉDITO POR 
PARTE DO IMPORTADOR APÓS A NEGOCIAÇÃO 
Os fatores que levam exportador e importador a definirem a escolha da 
modalidade de pagamento em uma negociação são muitos. Nenhuma das partes 
quer sair prejudicada. Dessa forma, há a necessidade de avaliar quais são os 
principais riscos envolvidos e qual custo acarretará a escolha de uma 
determinada modalidade de pagamento. 
O exportador quer ter a garantia de que irá receber por sua venda. Para 
isso, bastaria vender na modalidade de pagamento antecipado. Mas será que o 
importador está disposto a pagar pela compra antes do embarque da 
mercadoria? E se fosse o contrário? Se o importador quiser receber a mercadoria 
para depois pagar ao exportador? Será que o exportador aceitaria essa 
condição? 
Além dos riscos mencionados acima – pois uma das partes pode vir a não 
cumprir com sua obrigação –, existem outros aspectos que precisam ser 
avaliados por exportador e importador, como os de mercado, financeiros e 
culturais, além dos países envolvidos. Também deve-se levar em conta, para a 
escolha da modalidade de pagamento, o valor da operação, o porte das 
empresas, os prazos envolvidos, o custo da operação, entre outros. 
Se, após a análise dos critérios mencionados anteriormente, as partes 
optam pela modalidade de pagamento Carta de Crédito, isso deve ficar muito 
claro, cabendo a cada uma delas saber quais as responsabilidades e direitos a 
que estão sujeitas. 
Em regra geral, os documentos que dão origem à abertura de uma Carta 
de Crédito são a “Fatura Proforma”, emitida pelo exportador, e o “Pedido de 
Abertura de Carta de Crédito”, formulário fornecido pelo banco emitente da Carta 
de Crédito e preenchido pelo importador. 
http://www.comexblog.com.br/cambio/carta-de-credito-publicacao-600-e-seu-desconhecimento/
http://www.comexblog.com.br/cambio/carta-de-credito-publicacao-600-e-seu-desconhecimento/
 
 
7 
Na prática, após a negociação entre o exportador e o importador, na qual 
ficam definidas as condições da operação comercial, o exportador emite a Fatura 
Proforma e envia ao importador. O importador, com a Fatura Proforma, procura 
o seu banco de relacionamento (banco emitente), no qual já deve ter um limite 
de crédito aprovado, e apresenta o pedido de abertura de Carta de Crédito. 
Joni Borges (2002, p.90) descreve as funções que exercem os participantes 
da Carta de Crédito: 
Para que se possa usar essa modalidade de pagamento, é importante 
que sejam conhecidas as partes envolvidas na Carta de Crédito, quais 
sejam: 
 Requerente do crédito: é o importador 
 Beneficiário do crédito: é aquele em favor do qual o crédito foi emitido, 
em regra geral o exportador 
 Banco emitente: é aquele que, por conta e ordem do Requerente, emite 
o crédito 
 Banco designado: é o banco nomeado para, em nome do Requerente, 
cumprir o crédito 
 Banco avisador: é o banco que autentica a Carta de Crédito e avisa e 
entrega o crédito ao beneficiário 
 Banco confirmador, que assume o compromisso de honrar o crédito 
caso o banco designado não o faça. 
Outros intervenientes podem ocorrer, dependendo da condição da abertura 
da Carta de Crédito. 
Joni Borges (2002, p.93) apresenta outras características da Carta de 
Crédito: 
 Carta de Crédito Irrevogável: é o compromisso que o banco emitente tem 
em honrar a Carta de Crédito, desde que os documentos estejam de acordo com 
as instruções de crédito. Qualquer alteração na Carta de Crédito ou mesmo o 
cancelamento só poderá ocorrer com o consentimento de todos os 
intervenientes que participam do referido crédito; 
 Carta de Crédito Transferível ou Intransferível: o crédito é transferível 
quando o beneficiário do crédito pode transferi-lo, totalmente ou parcialmente, 
para outro(s) beneficiário(s). Por outro lado, a carta de crédito intransferível, 
como o nome já diz, não pode ser transferido a outro beneficiário; 
 Carta de Crédito Confirmada: é outro interveniente que pode ser adicionado 
à Carta de Crédito para avalizar o banco emitente. O banco confirmador é 
chamado quando o exportador considera que o banco emitente (banco de 
relacionamento do importador) poderá não honrar o pagamento ou quando o 
país no qual está localizado o banco emitente enfrenta situações econômicas 
e/ou políticas não favoráveis; 
 Carta de Crédito Restrita e Irrestrita: caso a Carta de Crédito seja restrita, 
 
 
8 
o banco que receberá os documentos (banco designado) tem que estar 
informado em campo próprio. Caso não haja essa indicação, a Carta de Crédito 
será considerada irrestrita e o exportador poderá entregar os documentos 
representativos do crédito em qualquer banco de sua escolha (any bank); 
 Carta de Crédito à vista ou a prazo: na Carta de Crédito à vista, o 
exportador receberá o pagamento após a apresentação dos documentos ao 
banco designado, desde que estejam em boa ordem (sem discrepâncias). Vale 
ressaltar que o banco tem prazo de 05 dias úteis para analisar os documentos 
determinados na Publicação 600. Já na Carta de Crédito a prazo, o pagamento 
ocorrerá, desde que não haja discrepâncias, na data acordada; 
 A Carta de Crédito tem outras características, como a possibilidade de 
tolerância para o embarque da mercadoria. Utiliza-se a expressão about que 
significa cerca de ou aproximadamente. Nessa condição, pode haver uma 
diferença de preço ou de quantidade embarcada especificada na Carta de 
Crédito. 
Os embarques poderão ser parciais, desde que estipulados na Carta de 
Crédito. Assim, o exportador poderá definir a quantidade e valor a embarcar 
dentro do prazo da validade da Carta de Crédito. 
São muitos detalhes importantíssimos que fazem com que a Carta de 
Crédito tenha um valor essencial em uma negociação. Para isso, as empresas 
que escolhem essa modalidade de pagamento, principalmente os exportadores, 
devem ter em seu quadro de funcionários um profissional experiente, que 
conheça a Publicação 600 e saiba como operar com segurança, a fim de não 
perder a garantia da Carta de Crédito. 
 
Leitura obrigatória 
BORGES, Joni Tadeu. Financiamento ao Comércio Exterior - o que uma 
empresa precisa saber (ler capítulo “Modalidades de Pagamentos”). 
 
TEMA 3 - AS INSTRUÇÕES QUE CONTÉM A CARTA DE CRÉDITO 
Bruno Ratti(2004, p.94) descreve a abertura de crédito como um 
procedimento realizado pelo banco emitente: 
 
 
9 
Dentro dessa modalidade, o importador providencia, preliminarmente, 
junto a um banco da praça, a abertura (emissão) de uma Carta de 
Crédito, em favor do exportador da mercadoria. Tal crédito pode ser 
transmitido ao beneficiário diretamente pelo banco emitente, como 
através de seu correspondente na praça do exportador. Nessa Carta 
de Crédito são delineados os termos e condições em que a operação 
deve ser concretizada, termos esses que dizem respeito, 
especialmente, aos seguintes itens: valor do crédito, beneficiário e 
endereço, documentação exigida (conhecimento de embarque, 
faturas, apólices de seguro, certificado etc.), prazo de validade para o 
embarque da mercadoria e para a negociação do crédito, porto de 
embarque e destino, discriminação da mercadoria, quantidades, 
embalagens, permissão ou não de embarque parciais ou transbordo 
etc. 
Os tipos e quantidades de informações fornecidas para abrir a Carta de 
Crédito são similares, uma vez que, em seus procedimentos de abertura do 
crédito, os bancos seguirão o padrão da Publicação 600. Porém, cada banco, a 
seu critério, estipula o tipo de formulário de Pedido de Abertura de Carta de 
Crédito. A seguir, as instruções normalmente contidas neste pedido: 
 local e data do vencimento do crédito; 
 nome e swift do banco avisados; 
 nome e swift do banco designado (negociador); 
 identificação do requerente do crédito (tomador), que normalmente é o 
importador; 
 identificação do beneficiário do crédito, que normalmente é o exportador; 
 comissão de agente, se houver; 
 local de embarque; 
 data prevista de embarque; 
 se haverá embarques parciais e transbordos; 
 a forma de pagamento do crédito: à vista, a prazo, por aceite; 
 local de descarga da mercadoria; 
 local de origem da mercadoria; 
 Nomenclatura Comum do MERCOSUL – NCM e descrição da 
mercadoria; 
 número da fatura proforma; 
 saques emitidos pelo beneficiário com vencimento, se houver; 
 documentos de embarque: nomes e quantidades; 
 condição de emissão dos documentos: a ordem de ou em nome de; 
 frete: a pagar ou pago; 
 incoterm; 
 
 
10 
 outros documentos; 
 prazo para apresentação dos documentos no banco: data limite em que o 
exportador deve apresentar os documentos descritos na Carta de Crédito 
ao banco designado, a partir da data de emissão do conhecimento de 
embarque, dentro da validade da Carta de Crédito; 
 condições especiais: se houver; 
 por conta de quem ficam as despesas e comissões envolvidas na Carta 
de Crédito: exportador ou importador. Em regra geral, as despesas e 
comissões internas ficam por conta do importador e as externas por conta 
do exportador; 
 se haverá confirmação do crédito; 
 se há seguro de transporte internacional contratado. 
É com base nas informações anteriores que o banco emitente abrirá a 
Carta de Crédito, não assumindo nenhuma responsabilidade quanto à 
legitimidade das informações e dos documentos apresentados. 
Na prática, os bancos fazem uma análise prévia em relação à operação de 
abertura da carta e, se considerarem que há inconsistência documental ou de 
informações, poderão optar, a seu critério, por não realizar a operação. 
Após a abertura da Carta de Crédito, o banco emitente transmite-a, via 
swift, para o banco avisador, através da MT700 (Message Transfer). A MT700 – 
Issue of a Documentary Credit (Emissão de Crédito Documentário) é um dos 
tipos de mensagens utilizados pelo sistema swift. 
A seguir, podemos visualizar um fluxo de forma resumida sobre a 
operacionalização da Carta de Crédito. A ordem é apenas indicativa; alguns 
passos podem ocorrer simultaneamente, conforme apresentado por Borges 
(2002, p.92): 
 
1. Negociação entre exportador e importador; 
2. Banco emitente abre a Carta de Crédito a pedido do importador; 
3. Banco emitente transmite a Carta de Crédito para o Banco avisador via swift; 
4. Banco avisador notifica o beneficiário do crédito; 
5. Após o embarque da mercadoria, exportador entrega os documentos 
representativos da exportação e citados na Carta de Crédito ao banco 
 
 
11 
designado; 
6. O banco designado analisa os documentos e remete-os para o banco 
emitente; 
7. O banco emitente analisa novamente os documentos. Não havendo 
discrepâncias, ele paga o banco designado na data acordada; 
8. O banco emitente entrega os documentos ao importador mediante pagamento 
ou aceite; 
9. O banco designado paga o exportador na data acordada (à vista ou a prazo); 
10. O importador, com os documentos em mão, retira a mercadoria. 
 
Curiosidade 
Consulte o modelo de Pedido de Abertura de Carta de Crédito disponível 
em: 
http://www.bb.com.br/portalbb/frm/fw0702258_1.jsp 
 
TEMA 4 - A ANÁLISE PELO EXPORTADOR ANTES DE PROVIDENCIAR O 
EMBARQUE DA MERCADORIA 
A Carta de Crédito somente será uma garantia para o exportador se este 
cumprir com as instruções contidas no instrumento de crédito. Para isso, o 
exportador, ao receber a Carta de Crédito, deve verificar se as instruções estão 
de acordo com a negociação realizada com o importador, procurando preparar 
e entregar os documentos ao banco conforme as condicionantes que a carta 
exige. 
Aquiles Vieira (2005, p.78) elaborou um checklist que o exportador deve 
utilizar ao negociar a venda da mercadoria na modalidade de Carta de Crédito: 
 
Assim, o exportador, ao receber uma Carta de Crédito, deve assegurar-
se de que os dados constantes no instrumento conferem com os da 
fatura proforma, tais como: 
 
a) o Banco Emitente é de primeira linha e o crédito é irrevogável; 
b) a razão do exportador e do importador está completa e corretamente 
grafada; 
http://www.bb.com.br/portalbb/frm/fw0702258_1.jsp
 
 
12 
c) o Banco Confirmador, se houver, é confiável e o país de confirmação 
não oferece risco; 
d) o valor da moeda estrangeira corresponde ao valor de venda 
negociado; 
e) o exportador deve verificar se as tolerâncias em relação ao valor e 
à mercadoria estão corretas; 
f) o incoterm utilizado deve estar grafado corretamente e corresponder 
ao negociado; 
g) o prazo de embarque e negociação são compatíveis, de acordo com 
a negociação entre as partes; 
h) a descrição da mercadoria deve corresponder exatamente ao 
produto mencionado na fatura proforma; 
i) os embarques parciais são permitidos ou proibidos; 
j) os transbordos são permitidos ou não; 
l) os documentos exigidos podem ser atendidos; 
m) o crédito é restrito ou os documentos podem ser negociados com 
qualquer banco; 
n) o crédito contém instrução de reembolso; 
o) o crédito deve mencionar se está sujeito à Publicação 600 da 
Câmara de Comércio Internacional. 
 
Outra alternativa interessante para evitar maiores transtornos na condução 
da Carta de Crédito é a solicitação, por parte do exportador, de um draft da 
mesma. Nesse caso, o draft é uma prévia de como a Carta de Crédito será 
aberta. Se o exportador concordar com as condições estabelecidas no draft, ele 
autoriza o importador a dar continuidade na abertura da Carta de Crédito. 
Os bancos, quando analisam os documentos e a Carta de Crédito, não os 
interpretam; eles verificam se as instruções foram cumpridas. Todos os 
documentos citados na Carta de Crédito são examinados com a finalidade de 
verificar se estão em conformidade com a Carta de Crédito. A Publicação 600 
estabelece que os bancos envolvidos tenham 5 (cinco) dias úteis para fazer esta 
análise. 
A Carta de Crédito, como já mencionado, é um instrumento de crédito que 
tem sua formatação padronizada de acordo com a Publicação 600, isto é, cada 
campo tem sua finalidade específica. A seguir, vamos apresentar alguns destes 
campos, identificando a sua finalidade: 
 ISSUING BANK – identificação do banco emitente da Carta de Crédito. O 
exportador deve verificar se o banco é de primeira linha. O exportador 
deve ter esta informação(sobre qual banco fará a emissão da Carta de 
Crédito) preferencialmente antes da abertura da mesma; 
 20: DOCUMENTARY CREDIT NUMBER – número da Carta de Crédito; 
 27: SEQUENCE OF TOTAL – número de páginas da Carta de Crédito. O 
exportador tem que conferir se está com a Carta de Crédito completa; 
 31C: ISSUE DATE – data de emissão da Carta de Crédito; 
 
 
13 
 31D: DATE AND PLACE OF EXPIRY – local e data do vencimento do 
crédito. Os documentos devem ser entregues no local informado até a 
data de vencimento; 
 32B: CURRENCY CODE, AMOUNT – valor e moeda da Carta de Crédito 
correspondentes ao da fatura comercial; 
 42A: DRAWEE – contra quem o saque deve ser emitido; 
 44A: LOADING IN CHARGE – porto de embarque da mercadoria; 
 44C: LATEST DATE OF SHIPMENT – prazo máximo para o embarque 
da mercadoria; 
 45A: DESCRIPTION OF GOODS – a descrição da mercadoria deve ser 
igual à mencionada na fatura comercial e nos demais documentos. 
 46A: DOCUMENTS REQUIRED – são os documentos exigidos na Carta 
de Crédito. Deve-se verificar especialmente a quantidade de vias de cada 
documento e se há alguma informação que deva constar. Normalmente, 
é solicitado que o número da Carta de Crédito conste na fatura comercial 
e demais documentos. Se há alguma particularidade, isto também deve 
constar, como, por exemplo, quando a fatura comercial precisar do visto 
do consulado do país do importador; 
 50: APPLICANT – é o requerente da Carta de Crédito; a razão social e 
endereço precisam ser iguais aos documentos; 
 57D: ADVISING BANK – identificação do banco avisador, que deve estar 
na mesma praça do exportador; 
 59: BENEFICIARY – em regra geral, é o exportador; sua razão social e 
endereço precisam ser os mesmos mencionados nos documentos; 
 71B: DETAILS OF CHARGES – informação de quem é responsável pelo 
pagamento de despesas e comissões – exportador ou importador, 
conforme negociação entre as partes. 
 
Como podemos observar, a Carta de Crédito é um excelente instrumento 
para o exportador, pois fornece a garantia de recebimento por sua venda. Caso 
o importador não faça o pagamento, o banco emitente se compromete a honrar 
o compromisso. Todavia, o exportador precisa estar muito atento para cumprir 
rigorosamente as instruções deste documento. 
 
 
 
14 
Saiba mais 
Modelo de Carta de Crédito disponível em: 
http://www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/comExportar/pp_conCarC
redito.html 
 
TEMA 5 - PROVIDÊNCIAS PARA REGULARIZAR A CARTA DE CRÉDITO 
QUANDO HÁ DISCREPÂNCIAS 
Nem sempre a negociação se encerra da maneira como começou. Se 
houver alguma alteração na negociação, principalmente após a abertura da 
Carta de Crédito (mas antes da entrega dos documentos pelo exportador ao 
banco designado), a carta deverá ser alterada através de uma emenda à Carta 
de Crédito. 
No caso de a mercadoria já estar embarcada e os documentos específicos 
entregues ao banco designado pelo exportador apresentarem algum conflito em 
relação ao teor da Carta de Crédito, o banco designado pode apontar 
divergências de menor ou maior relevância. Sendo erros que não afetem o 
andamento da operação, como erros de digitação ou pequenas omissões, o 
banco designado (banco negociador) poderá solicitar ao exportador que 
substitua os documentos, para que fiquem de acordo com as instruções da Carta 
de Crédito. Porém, quando os documentos não estão de acordo e não há como 
alterá-los, ou quando não são obedecidos os prazos determinados na Carta de 
Crédito, o banco emitente, quando do recebimento dos documentos do banco 
designado, poderá apontar as discrepâncias. 
É comum que o exportador, por algum motivo, não concorde com as 
instruções contidas na Carta de Crédito. Pode ocorrer que o mesmo não consiga 
embarcar a mercadoria no prazo acordado ou no porto designado, por exemplo. 
Nesse caso, antes de embarcar a mercadoria, o exportador solicita ao importador 
que providencie, junto ao banco emitente, uma emenda à Carta de Crédito que 
atenda às suas necessidades. Vale lembrar que a emenda somente será 
realizada se todas as partes envolvidas na Carta de Crédito concordarem com a 
alteração. 
Pode acontecer também que, por falta de conhecimento do exportador, 
este embarca a mercadoria e providencia os documentos sem seguir as 
instruções da Carta de Crédito. Nesse caso, se os documentos estiverem 
http://www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/comExportar/pp_conCarCredito.html
http://www.aprendendoaexportar.gov.br/sitio/paginas/comExportar/pp_conCarCredito.html
 
 
15 
divergentes entre si e das instruções da Carta de Crédito, cabe ao banco 
designado apontar as discrepâncias, solicitando autorização ao exportador para 
enviar os documentos “com erro” para o banco emitente, aguardando o aceite 
do importador. 
A emenda à Carta de Crédito consiste em alterações realizadas por 
solicitação do importador ou do exportador, conforme o caso, após a abertura da 
Carta de Crédito. O importador pode solicitar uma emenda para alterar a 
quantidade da mercadoria negociada. Consequentemente, essa alteração 
acarretará outras, como, por exemplo, no valor total, peso ou quantidades de 
volumes. O exportador também pode solicitar uma emenda, se considerar que o 
prazo máximo não será o suficiente para a produção e embarque da mercadoria. 
Já para a discrepância, Douglas S. Hartung (2002, p.299) exemplifica a 
possibilidade de ocorrência: 
Após receber os documentos, caberá ao banco emitente, e/ou ao 
banco confirmador ou ao banco designado, determinar, com base 
apenas nos documentos, se os mesmos aparentam estar em 
conformidade com o crédito. Caso os documentos não aparentem estar 
em conformidade com o crédito, os bancos poderão se recusar a 
aceitá-los. Quando da análise dos documentos, se os mesmos 
apresentarem estar aparentemente em desacordo com o crédito, 
poderá o banco emitente, a seu critério, solicitar ao tomador a liberação 
das discrepâncias. Caso o banco emitente e/ou o banco confirmador, 
ou o banco designado, decida recusar os documentos, deverá notificar 
sem demora o fato, pelo meio mais rápido possível (swift), não além do 
encerramento do sétimo dia útil bancário seguinte à data de 
recebimento dos documentos. 
 
Bruno Ratti (2004, p.102) lista os erros mais comuns encontrados em 
documentos de exportação amparada em crédito documentário. Abaixo, alguns 
deles: 
Fatura Comercial 
a) descrição da mercadoria não exatamente da forma como aparece na 
Carta de Crédito; 
b) nome do comprador em desacordo com a Carta de Crédito; 
c) vias insuficientes; 
d) importância diferente da do saque; 
e) preços em desacordo com o crédito; 
f) omissão do preço básico (por exemplo: FOB Santos); 
 
 
16 
g) sem indicação do valor do frete e/ou seguro (quando solicitado no 
crédito); 
h) contém rasuras não autenticadas; 
i) não está assinada (quando exigida no crédito). 
 
Seguro 
a) não cobre todos os riscos específicos requeridos pela Carta de Crédito; 
b) mercadoria não descrita com propriedade, particularmente quanto à 
embalagem; 
c) data do início do seguro posterior à data do conhecimento. 
 
Conhecimento de embarque 
a) apresentação de jogo incompleto; 
b) não estão propriamente endossadas; 
c) não indicam que o frete foi pago antecipadamente, quando assim exige 
o crédito, tampouco que a mercadoria se acha a bordo; 
d) trazem data posterior à data de embarque especificada na Carta de 
Crédito; 
e) o embarque foi realizado de um porto ou de um destino diferente do que 
foi estipulado na Carta de Crédito. 
 
Por fim, vimos somente alguns dos erros usuais com relação à Carta de 
Crédito, mas estes erros são inúmeros. Essa é a razão para que o exportador 
procure conhecer sempre mais sobre esse tema, praticando-o na sua rotina de 
comércio exterior. Desta forma, realizará operações mais seguras e sem 
transtornos que tragam algum tipo de prejuízo. 
Saiba mais 
http://cartadecredito.blogspot.com.br/http://cartadecredito.blogspot.com.br/
 
 
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TROCANDO IDEIAS 
Converse com profissionais (empresas exportadoras ou importadoras) que 
operam com Carta de Crédito. Procurem obter informações sobre os pontos 
positivos e negativos ao negociar a Carta de Crédito como modalidade de 
pagamento. Divulgue o resultado de sua pesquisa em nossos canais específicos 
(chats, Facebook etc.). 
 
SÍNTESE 
Vimos a importância de conhecer esta modalidade de pagamento, 
denominada Carta de Crédito, que apresenta maior garantia para as partes. 
Observamos como, principalmente, o exportador deve atuar na negociação e na 
condução da operacionalização da Carta de Crédito – ter a garantia, mas 
executar uma condução equivocada pode trazer, para o exportador, além de 
muitos transtornos, aumento de prazos e custos não programados, além da 
perda mais significativa, que consiste na perda da Carta de Crédito como uma 
garantia. 
A empresa que atua no comércio exterior e que utiliza esse instrumento de 
garantia deve ter um profissional que maneje a fundo todo o teor da Publicação 
600, tendo amplo conhecimento, de igual modo, de como os bancos envolvidos 
trabalham com esse produto. 
Ressalto que a Carta de Crédito é uma excelente alternativa de mitigar 
riscos, porém, ela deve ser muito bem negociada e conduzida. 
 
 
REFERÊNCIAS 
CÂMARA DE COMÉRCIO INTERNACIONAL COMITÊ BRASILEIRO, RIO DE 
JANEIRO. Carta de notícias, n. 70, jan./mar. 2010. 
VIEIRA, Aquiles. Teoria e prática cambial: importação e exportação. São Paulo: 
Aduaneiras, 2005. 
BORGES, Joni Tadeu. Financiamento ao Comércio Exterior. Curitiba: Ibpex, 
2002. 
 
 
18 
RATTI, Bruno. Comércio internacional e câmbio. São Paulo: Aduaneiras, 
2004. 
HARTUNG, Douglas S. Negócios internacionais. Rio de Janeiro: Qualitymark, 
2002.

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