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Alguns textos, exercícios e figuras foram retirados das referências bibliográficas constantes no programa da disciplina 1 ENQ 0237 - MECÂNICA DE FLUIDOS Capítulo 7 – ESCOAMENTO VISCOSO EM DUTOS O principal objetivo deste tópico é avaliar as variações de pressão que resultam do escoamento incompressível em tubos, dutos e sistemas de escoamento. As variações de pressão em um sistema de escoamento resultam de variações na elevação ou na velocidade do escoamento (devidas a variações de área) e do atrito. Num escoamento sem atrito, a equação de Bernoulli poderia ser utilizada para avaliar os efeitos das variações na elevação e na velocidade do escoamento, mas a equação de Bernoulli não pode ser usada para escoamentos com atrito. O efeito do atrito é reduzir a pressão causando uma perda em comparação com o caso ideal sem atrito. Para simplificar a análise, a perda de pressão será dividida em perdas maiores ou distribuídas (devidas ao atrito em trechos do sistema de área constante) e perdas menores ou localizadas (devidas ato atrito através de válvulas, tês, cotovelos e outros trechos do sistema de área transversal não constante. 7.1. Análise dimensional para escoamento em dutos Como uma aproximação inicial para o fluxo em dutos, podemos usar a análise dimensional para obter os parâmetros significativos para um fluido incompressível em um tubo horizontal de secção circular uniforme. Parâmetros Símbolo Dimensões Queda de pressão P ML-1T-2 Velocidade u LT-1 Diâmetro do duto D L Comprimento do tubo L L Rugosidade do tubo e ou L Viscosidade do fluido ML-1T-1 Massa específica do fluido ML-3 Rugosidade representa as condições da superfície do tubo e caracteriza-se pela altura das projeções da parede do tubo. Não tem influência sobre o escoamento laminar. Um tubo é dito "hidraulicamente liso" se as elevações da parede forem suficientemente pequenas, de modo a serem cobertas pela camada limite laminar. Neste caso, a rugosidade não tem efeito sobre o escoamento turbulento. Porém, Alguns textos, exercícios e figuras foram retirados das referências bibliográficas constantes no programa da disciplina 2 se tal não acontecer, há uma resistência adicional ao escoamento turbulento e o tubo é dito "hidraulicamente rugoso". Através de um processo de análise dimensional obtêm-se os seguintes grupos adimensionais: 21 u P n.º de Euler 2 = L/D comprimento adimensional D e 3 rugosidade relativa uD 4 n.º de Reynolds Normalmente, a queda de pressão, que se deve ao atrito do fluido é escrita como P e é chamada de hL = PERDA DE CARGA [m]. Então uD D e D L u P ,,12 Os dados experimentais mostram que a perda de carga para escoamento completamente desenvolvido é diretamente proporcional à razão L/D. Assim: uD D e D L u P ,22 O segundo termo Ø2 relaciona o n.º de Reynolds com a rugosidade do tubo e é chamado de fator de atrito f. Assim : D L f u P 2 Inserindo o n.º 2 no 1º termo temos a carga cinética. Assim temos a perda de carga em função de f F (fator de fricção de Fanning) D Lu fh FL 2 2 f F = Cf (coeficiente pelicular de atrito) Outro fator de atrito é definido como D Lu fh DL 2 2 onde fD é o fator de fricção de Darcy fD = 4fF Alguns textos, exercícios e figuras foram retirados das referências bibliográficas constantes no programa da disciplina 3 7.2. Fator de atrito para perdas principais em escoamentos completamente desenvolvidos em tubos circulares 7.2.1. Escoamento Laminar Para escoamento laminar, transiente e turbulento de fluidos incompressíveis, pode-se escrever equações específicas. Assim, para o regime laminar (Re < 2100), é válida a equação de Hagen-Poiseulli; 2 32 D Lu lwf [em J/kg] g u D L f gD Lu hl D 2 32 2 2 [em m] Re 6464 DD f Du f ou Re 16 f f Para escoamento laminar (Re < 2300), incompressível, desenvolvido, fD é função de Reynolds e não varia com a rugosidade das paredes. 7.2.2. Escoamento Turbulento a)Tubos lisos Blasius estabeleceu a seguinte equação empírica para tubos lisos a partir de dados existentes na época (1913): fD = 0,3164 Re -¼ Observe que esta equação concorda com o fato de que fD é função de Reynolds e e/D, como para tubo liso e = 0, então fD = f(Re), equação válida para Re < 10 5. Embora o escoamento turbulento necessite de 40 a 50 diâmetros para se tornar desenvolvido, a distância para que o fator de atrito se torne constante é muito menor, já que o perfil próximo à parede (camada limite) se forma antes que o escoamento seja desenvolvido. b) Tubos rugosos A fórmula mais largamente utilizada para o cálculo do fator de atrito é a de Colebrook. 5,05,0 Re 51,2 7,3 log0,2 1 f De f Esta equação é transcendente, de modo que um processo iterativo é necessário para determinação de f. Alguns textos, exercícios e figuras foram retirados das referências bibliográficas constantes no programa da disciplina 4 É possível também usar o diagrama de Moody para obter o valor de f em função de Re e e/D. O fator de atrito decresce com o aumento do número de Reynolds enquanto o escoamento permanecer laminar. Na transição, f aumenta bruscamente. No regime de escoamento turbulento, o fator de atrito decresce gradualmente e, finalmente, nivela-se num valor constante para grandes números de Reynolds. Os valores da rugosidade de materiais mais comuns podem ser encontrados na tabela abaixo. Entretanto, estas rugosidades são para tubos novos. Após grandes períodos de serviço, a corrosão desenvolve-se e, podem também ocorrer incrustações e depósitos em regiões de águas muito duras. Este tipo de ocorrência aumenta a rugosidade além de diminuir o diâmetro efetivo. Estes fatores podem elevar a rugosidade relativa até 5 vezes para tubos velhos. Tubo (material) Rugosidade (mm) Aço rebitado 0,9- 9 Concreto 0,3-3 Madeira 0,2-0,9 Ferro fundido 0,26 Ferro galvanizado 0,15 Ferro fundido revestido de asfalto 0,12 Aço comercial 0,046 Aço trefilado 0,0015 7.3 Perdas principais e secundárias em escoamento em canalizações Canalizações são constituídas por condutos fechados e acessórios diversos, destinados a transportar fluidos sob pressão. Chama-se tubulação a um conjunto de tubos e seus acessórios, a qual resulta do fato de que o ponto de geração ou armazenagem dos fluidos estar, em geral, afastado do ponto de utilização. Os acessórios das canalizações são constituídos pelos elementos (luvas, flanges), variações de seção (reduções, aumentos), mudanças de direção (joelhos, curvas), derivações e reuniões (tês), elementos de controle (registros, válvulas de retenção, válvulas automáticas, válvulas de redução de pressão), elementos de medida (bocais, diafragmas, venturis) e demais obstáculos que interferem com o fluido em escoamento. O dimensionamento do diâmetro dos tubos é quase sempre um problema de hidráulica, resolvido em função da vazão necessária do fluido, das diferenças de cota existentes, das pressões disponíveis, das velocidades e perdas de carga admissíveis, da natureza do fluido, do material e do tipo do tubo. Alguns textos, exercícios e figuras foram retirados das referências bibliográficas constantes no programa da disciplina 5 O escoamento de qualquer fluido em uma tubulação resulta sempre em certa perda de energia do fluido, energia esta que é gasta em vencer as resistências que se opõem ao escoamento e que, finalmente, é dissipada em forma de calor. As perdas são de duas naturezas: PERDAS PRINCIPAIS - ou perdas distribuídas, ou perdas por atrito. Ocorremao longo do tubo reto e são causadas pelo atrito nas paredes. Serão tanto maiores quanto maiores forem a velocidade do fluido e a rugosidade das paredes, e quanto menor for o diâmetro. São calculadas por Dg Luf g P h DL 2 2 PERDAS SECUNDÁRIAS - ou perdas menores, ou perdas localizadas. São causadas por acessórios, expansões, contrações, curvas, etc. Normalmente se devem à separação do fluido das paredes ao passar através do dispositivo e assim constituem uma forma de arraste. Serão tanto maiores quanto maiores forem a velocidade e a viscosidade do fluido. Uma maneira conveniente de calcular estas perdas é usar dados experimentais na forma do coeficiente de perda K ou na forma de comprimento equivalente. O comprimento equivalente corresponde a uma perda de carga causada por um acessório , que ocorreria em um comprimento equivalente de tubo reto. g Ku Dg Lfu g P h eq L 22 22 A avaliação das perdas secundárias costuma ser exclusivamente empírica. A maneira mais usual de fazê-la é pela determinação experimental, para cada tipo e tamanho de acidente, do comprimento do tubo reto de mesmo diâmetro capaz de causar a mesma perda de carga total. Este comprimento do tubo reto é chamado de "comprimento equivalente" do acidente em questão. Quando se tiver então uma tubulação com diversos acidentes, o que se faz na prática é relacionar os comprimentos equivalentes de todos os acidentes que existem e somá-los ao comprimento dos tubos retos. Obtém-se então um comprimento equivalente total da tubulação completa. Este comprimento equivalente total da tubulação deve ser usado no lugar de L, em todas as fórmulas dadas anteriormente. Let = Lcondutos + Le-acessórios Obs: Os valores de Leq e K tabelados são válidos para escoamento estabelecido, isto é, seriam necessários 40 a 50 diâmetros de tubo reto a montante e a jusante do acessório. Caso não exista esta distância incorreremos em erros. As perdas de carga em acessórios também podem ser calculadas pela fórmula geral: ∑ em m Alguns textos, exercícios e figuras foram retirados das referências bibliográficas constantes no programa da disciplina 6 Onde hL é a perda de carga total nos acidentes, u e a velocidade do fluido e k1, k2 e k3 são os coeficientes próprios para cada acidente e cada diâmetro. Os coeficientes k são obtidos experimentalmente e são dados em tabelas. Este cálculo, embora mais trabalhoso que o outro método (método dos diâmetros equivalentes) é mais preciso por ter a correção da velocidade. No caso das contrações e expansões usar a velocidade mais alta. Tabela 1 - Coeficientes de perdas para válvulas e conexões “Acidente” Kc Válvula angular completamente aberta 3,1 a 5 Válvula retenção tipo bola, completamente aberta 4,5 a 7 Válvula gaveta, completamente aberta 0,19 Válvula globo, completamente aberta 10 Válvula retenção tipo balanço completamente aberta 2,3 a 3,5 Joelho com raio regular, com rosca 0,6 Joelho com raio regular com flange 0,3 Joelho com raio longo com rosca 0,6 Joelho com raio longo com flange 0,23 Curva de retorno apertada, com rosca 2,2 Curva de retorno com flange, 2 joelhos, raio regular 0,38 Curva de retorno com flange, 2 joelhos, raio longo 0,25 Tê padrão com rosca escoando através da linha 0,6 Tê com rosca, escoando lateral 1,8 No estudo de escoamento dos fluidos em tubulações costuma-se dividir as redes de tubulações por trechos. Quando não há máquinas (bombas, compressores, turbinas) no trecho, calcula-se a perda de carga por: Quando existe uma bomba no trecho: 0=h+ 2g u + g p +z l 2 0= g W +h+ 2g u + g p +z sp l 2 Alguns textos, exercícios e figuras foram retirados das referências bibliográficas constantes no programa da disciplina 7 Quando existe uma turbina no trecho: Limitações e erros nos cálculos de perda de carga Em todos os cálculos de perda de carga, feitos até agora, uma série de limitações e de erros intrínsecos estão presentes, pois foram feitas as seguintes hipóteses simplificativas: - escoamento permanente; - escoamento isotérmico; - que o fluido seja homogêneo, não havendo variações de um ponto para outro ou de um instante para outro, no estado físico ou nos valores de densidade e viscosidade; - líquido rigorosamente incompressível; - seção transversal do tubo constante e perfeitamente circular. Quase todos os cálculos de perda de carga são baseados em dados experimentais. Velocidades econômicas para tubulações (em m/s) Água doce: - redes em cidades: 1 a 2 - redes em instalações industriais: 2 a 3 - alimentação em caldeiras: 4 a 8 - sucção de bombas: 1 a 1,5 Vapor: - até 2kgf/cm2 (saturado) 20 a 40 - de 2 a 10 kgf/cm2 (saturado) 40 a 60 - mais de 10kgf/cm2 60 a 100 - Ar comprimido 15 a 20 Hidrocarbonetos (instalações industriais): - líquidos (linhas de sucção) 1 a 2 - líquidos - outras linhas 1,5 a 2,5 - gasosos 25 a 30 Água salgada (tubos de aço com revestimentos) 1,5 a 2,5 Idem, tubos de latão 1,5 (máx) Idem tubos de metal 3 (máx) Acetileno 20 a 25 Fonte: Tubulações Industriais, Pedro Silva Telles 0= g W +h+ 2g u + g p +z t s l 2 Alguns textos, exercícios e figuras foram retirados das referências bibliográficas constantes no programa da disciplina 8 MEIOS PARA LIGAÇÕES DE TUBOS a) Rosqueada - Para diâmetros pequenos (baixo custo) - Usualmente para tubos finos (até 2") - A ligação rosqueada enfraquece as paredes dos tubos, por isso geralmente usam-se os tubos Sch 80 no mínimo - É um ponto fraco na tubulação (vazamento) - Usada nos tubos de aço galvanizado - Para serviços de baixa responsabilidade (instalações prediais) - Quando se deseja que a tubulação seja facilmente desmontada - Para baixa, média e alta pressão b) Soldada - Usar principalmente em tubulações industriais - Apresenta boa resistência mecânica - Estanqueidade perfeita e permanente - Boa aparência - Facilidades na aplicação de isolamento térmico e pintura - Sem necessidade de manutenção - Boa resistência a altas temperaturas - Como desvantagens, apresenta dificuldade na desmontagem e necessidade de mão de obra especializada - Para tubulações de baixa, média e alta pressões - Tipos de solda: - Topo: Os tubos devem apresentar chanfros em suas extremidades; não são pontos fracos na tubulação; tem resistência equivalente ao do próprio tubo - Encaixe: Não usar em serviços de alta corrosão; os tubos são ligados uns aos outros por meio de luvas ou uniões c) Flangeada - É composta de dois flanges, um jogo de parafusos, ou de estojo com porcas, e uma junta de vedação - Facilmente desmontáveis - Diâmetro maior que 2" - Utilizado para ligar os tubos com as válvulas e os equipamentos - Usada em ligações com o revestimento interno anticorrosivo, pois permite continuidade do revestimento - Deve ser usado o mínimo possível, pois podem ter vazamentos, são caras, volumosas e pesadas.
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