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U N I V E R S I D A D E D O VA L E D O I T A J A Í ESCOLA DO MAR, CIÊNCIA E TECNOLOGIA Curso de Engenharia Química UMA PROPOSTA PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EM UM PROCESSO DE TINGIMENTO TÊXTIL NA FIBRA DE ALGODÃO LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO AS TRÊS PERSPECTIVAS: QUALIDADE, TEMPO E CUSTO Henrique Lottici Viecili Orientador: Moacir Marques, Eng. MBA. Itajaí 2018 HENRIQUE LOTTICI VIECILI UMA PROPOSTA PARA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO EM UM PROCESSO DE TINGIMENTO TÊXTIL NA FIBRA DE ALGODÃO LEVANDO EM CONSIDERAÇÃO AS TRÊS PERSPECTIVAS: QUALIDADE, TEMPO E CUSTOS Monografia apresentada à banca examinadora do Trabalho de Iniciação Científica e Tecnológica do curso de Engenharia Química como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Químico. Orientador: Moacir Marques, Eng. MBA. Itajaí 2018 RESUMO O processo de tingimento da fibra de algodão é muito utilizado e beneficiado nas indústrias têxteis, tendo papel importante na economia mundial. As frequentes mudanças no ambiente empresarial exigem que as empresas tenham uma elevada capacidade de adaptação e monitoramento de seus resultados; com este enfoque, os indicadores de desempenho se tornam instrumentos eficazes para estas análises e avaliações. Destarte, para propor uma avaliação de desempenho a um processo de tingimento têxtil, o trabalho através de pesquisa científica definiu-se estudar uma indústria têxtil com enfoque na produção da fibra de algodão, onde a avaliação de desempenho e seus indicadores e métodos, serão analisados por meio de um estudo de campo, que auxiliará no mapeamento do processo produtivo atual podendo assim encontrar falhas no sistema. O trabalho então tem como objetivo principal desenvolver uma proposta para avaliar o desempenho do processo de tingimento da fibra de algodão, levando em consideração três principais perspectivas segundo os conceitos do modelo Quantum de Hronec, sendo: qualidade, tempo e o custo. Desenvolveu-se um método de avaliação eficaz que seja capaz de encontrar pontos falhos no processo e com a ajuda de ferramentas de avaliação de desempenho, identificando soluções para melhorar os resultados do processo como um todo e controla-los. Como resultado se obteve um modelo de avaliação de desempenho e algumas propostas de melhoria para a empresa estudada do ramo de tinturaria têxtil do algodão, com isto tal organização poderá controlar de uma forma mais eficaz seus processos e seu desempenho. Palavras-chave: Fibra de Algodão. Avaliação de desempenho. Modelo Quantum. Processo de tingimento têxtil. ABSTRACT The dyeing process of cotton fiber is widely used and benefited in the textile industries, playing an important role in the world economy. Frequent changes in the business environment require that companies have a high ability to adapt and monitor their results with this approach, performance indicators are instruments of response to these analysis and evaluations. Thus, to propose a performance evaluation of a textile process, the work of a scientific research defines a textile product with focus on the production of cotton fiber, a performance evaluation and its indicators and methods, through a field study, which helps map the production process. This research main objective is to develop a method to evaluate the dyeing process performance, considering the three fundamental concepts from Quantum of Hronec: quality, time and the cost. An effective method was developed capable of finding mistakes during the process and with the assist of performance evaluation tools, identifying solutions to improve the overall process results and control. As a result, a performance evaluation model and some improvement proposals were obtained for the company studied in the textile textile dyeing business, so that this organization could more effectively control its processes and performance. Keywords: Cotton Fiber. Performance evaluation. Quantum Model. Textile dyeing process. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Estrutura da cadeia produtiva têxtil e de confecções. .............................. 14 Figura 2 – Jet redondo. ............................................................................................. 22 Figura 3 – Jet longo. .................................................................................................. 22 Figura 4 – Modelo de transformação. ........................................................................ 29 Figura 5 – Modelo Quantum de medição de desempenho. ....................................... 40 Figura 6 – Tabela de Desempenho Quantum. .......................................................... 41 Figura 7 - Resumo das principais etapas do trabalho. .............................................. 55 Figura 8 - Processo de tingimento de malha de fibra de algodão na cor preta. ........ 57 Figura 9 - Processo produtivo (primeiras etapas). ..................................................... 58 Figura 10 - Processos de acabamento planar. .......................................................... 60 Figura 11 - Processos de acabamento tubular. ......................................................... 61 Figura 12 - Últimas etapas do processo produtivo. ................................................... 62 Figura 13 - Qualidade versus tempo versus custo. ................................................... 70 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Consumo de água por etapa. .................................................................. 23 Tabela 2 - Modelo de avaliação de desempenho do processo em questão. ............. 68 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ABIT Associação Brasileira das Indústrias Têxteis CBPP Construction Best Practice Programme (Programa de Melhores Práticas do Reino Unido) DOAJ Directory Open Access Journals (Revistas de Acesso Aberto de Diretório) KPI Key Performance Indicators (Indicadores Chave de Desempenho) PCP Planejamento e Controle da Produção PIB Produto Interno Bruto PNQ Modelo Proposto pelo Prêmio Nacional de Qualidade SPELL Scientific Periodicals Electronic Library (Biblioteca Eletrônica de Periódicos Científicos) TQC Total Quality Control (Controle da Qualidade Total) SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 10 1.1 Objetivos ................................................................................................ 12 1.1.1 Objetivo geral .......................................................................................... 12 1.1.2 Objetivos específicos ............................................................................... 12 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................. 13 2.1 Indústria Têxtil ....................................................................................... 13 2.2 Processo produtivo ............................................................................... 13 2.3 Fibras ...................................................................................................... 15 2.3.1 Fibras naturais vegetais........................................................................... 15 2.3.1.1 Algodão ................................................................................................... 15 2.3.1.2 Linho .................................................................................................................... 15 2.3.2 Fibras químicas ....................................................................................... 16 2.3.2.1 Viscose ................................................................................................................ 16 2.3.2.2 Poliéster............................................................................................................... 16 2.3.2.3 Poliamida ............................................................................................................. 16 2.4 Algodão .................................................................................................. 17 2.5 Corantes ................................................................................................. 18 2.5.1 Corantes ácidos ....................................................................................... 18 2.5.2 Corantes diretos ou substantivos ............................................................ 18 2.5.3 Corantes dispersos .................................................................................. 19 2.5.4 Corantes reativos .................................................................................... 19 2.5.5 Corantes branqueadores ......................................................................... 20 2.6 Tensoativos ............................................................................................ 20 2.6.1 Detergentes ............................................................................................. 20 2.7 Máquinas de tingimento ........................................................................ 20 2.7.1 Máquinas de tingimento Jets ................................................................... 21 2.8 Consumo de água ................................................................................. 22 2.9 Aspectos econômicos no tingimento têxtil ......................................... 24 2.9.1 Infraestrutura e organização .................................................................... 24 2.9.2 Forma de apresentação do substrato ...................................................... 25 2.9.3 Maquinário ............................................................................................... 25 2.9.4 Grandeza das partidas ............................................................................ 26 2.9.5 Seleção de corantes e produtos .............................................................. 26 2.9.6 Relação de banho ................................................................................... 26 2.9.7 Temperatura do tingimento ...................................................................... 27 2.10 Administração da produção ................................................................. 27 2.10.1 Gerenciamento de processo .................................................................... 29 2.11 Avaliação de desempenho .................................................................... 32 2.11.1 Medidas de desempenho ........................................................................ 33 2.11.2 Indicadores de desempenho ................................................................... 35 2.11.2.1 KPI – Key Performance Indicators (Indicador Chave de Desempenho) .. 37 2.12.1 Qualidade ................................................................................................ 42 2.12.2 Tempo ..................................................................................................... 44 2.12.3 Custo ....................................................................................................... 46 2.12.4 Valor ........................................................................................................ 48 2.12.5 Eficiência ................................................................................................. 49 2.12.6 Nível de serviço ....................................................................................... 51 3 METODOLOGIA ..................................................................................... 53 3.1 Procedimentos Metodológicos ............................................................ 54 3.2 Pesquisa de campo ............................................................................... 55 4 MODELO DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO .................................... 57 4.1 Parametrizações de análise do processo ............................................ 57 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................ 69 6 CONCLUSÕES ....................................................................................... 71 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72 ANEXOS ..................................................................................................................79 10 1 INTRODUÇÃO No panorama contemporâneo a elevada competitividade força as empresas procurarem constantes inovações em seus processos utilizando-se de novas metodologias, como técnicas de melhorias de produção e de qualidade de serviços prestados aos seus clientes, objetivando alcançar a excelência em sua organização. Dikmen, Birgonul e Kiziltas (2004) destacam que o êxito de uma organização depende sobretudo de como ela utiliza seus recursos, tanto humanos como técnicos, de forma correta que é necessário primeiramente encontrar e analisar os problemas, ou seja, os pontos frágeis que existem em determinado bem ou serviço. Para procurar a solução da consequência indesejada é necessário atuar a partir de seus fatores causadores. Nas organizações existe uma grande dificuldade em se buscar a mensuração e demonstração dos resultados por parte dos gestores corporativos. Ademais, existe a dificuldade de definição dos seus processos e qual é o seu valor entregue aos seus clientes. Segundo Slack et al. (1997), é impossível reduzir a complexidade do funcionamento de um negócio a um único indicador, indispensavelmente é necessário utilizar vários indicadores para ascender os mais diversos aspectos nos quais as estratégias de negócios se implementam. É indispensável entender que os indicadores devem agir mutuamente para que se componham em instrumentos inteligentes para uma boa gestão. Sem indicadores de desempenho apropriados, os gerentes não podem avaliar o desempenho de sua organização ou comparar sua performance com a de seus competidores. Os gerentes seriam como capitães de navios, a esmo em um oceano sem terra à vista e sem uma bússola ou outros instrumentos de navegação para guiá-los (DAVIS; CHASE; AQUILANO, 2001, p. 121). O modelo Quantum, criado por Hronec (1994), utiliza como base apenas os indicadores de qualidade, para poder quantificar a qualidade de serviço apresentado; tempo, para quantificar a excelência do serviço; e custo, para poder mensurar e quantificar todos os componentes econômicos do serviço. Com os valores de qualidade, tempo e custo medidos, Hronec (1994) conceitua 11 então com a interação entre os mesmos, obter os valores de eficiência, que é uma relação entre os indicadores de custo e os indicadores de tempo; valor do serviço uma relação entre os indicadores de qualidade e custo; e da relação entre os indicadores de qualidade e custo, pode-se obter os níveis de valor para o cliente. Conforme os conceitos estudados, o modelo Quantum de Hronec (1994) é definido como um nível de realização que otimiza todos os valores e os serviços da organização para os seus integrantes, o modelo se apoia em uma medição de três indicadores: qualidade, tempo e custo. Com apenas estes indicadores são possíveis definir os reais sinais vitais de uma gestão que são sua efetividade, o seu valor ao cliente e o seu nível de serviço oferecido, por ser um sistema de fácil monitoramento e muito simples, o mesmo é perfeito para a aplicação em quaisquer processos em uma gestão organizacional. As empresas do ramo têxtil apresentam possíveis dificuldades em diversos aspectos do processo produtivo, por estar sendo geridas de forma não tão efetiva ou não terem seus procedimentos e atividades bem definidas;podendo apresentar consideráveis mudanças visando à maximização das suas operações. Ademais, algumas alternativas podem ser aplicadas a fim de auxiliar a empresa a obter melhores resultados visando principalmente o setor produtivo. Esta pesquisa está delineada da seguinte forma: no primeiro capítulo está exposto uma breve introdução, o objetivo geral da pesquisa e seus respectivos objetivos específicos. No capítulo dois apresenta a fundamentação teórica, primeiramente expondo um estudo sobre a indústria têxtil com um maior foco no processo de tingimento da fibra de algodão; por conseguinte, foi apresentada uma visão geral de administração de operações. O gerenciamento de processos foi o próximo estudo a ser abordado, seguido da avaliação de desempenho e suas perspectivas estudadas nesta pesquisa. O capítulo três apresenta a metodologia empregada, para conseguir alcançar os objetivos antes expostos, definindo assim o método de pesquisa e suas variações utilizadas. No capítulo quatro apresentam-se os resultados obtidos por meio de toda a pesquisa em relação ao comprimento dos objetivos. Por fim, o capítulo cinco apresentam-se as considerações finais, partindo da análise dos resultados, buscando sempre atender ao objetivo geral do trabalho, bem como responder a problemática apontada na pergunta de pesquisa. 12 Contudo, o processo de tingimento têxtil com foco em algodão necessita de uma melhor observação e análise nas suas operações produtivas, assim este estudo visou responder: como medir o desempenho em um processo de tingimento têxtil na fibra de algodão levando em consideração apenas as três perspectivas: qualidade, tempo e custos? 1.1 Objetivos Nesta seção são apresentados os objetivos tanto geral quanto específicos, utilizados para gerir o trabalho e traçar seu curso de desenvolvimento. 1.1.1 Objetivo geral Propor um modelo de avaliação de desempenho para um processo de tingimento têxtil na fibra de algodão levando em consideração as três perspectivas: qualidade, tempo e custos. 1.1.2 Objetivos específicos • Realizar uma pesquisa teórica para sustentar à aplicação da avaliação de desempenho em um processo de tingimento, em uma indústria têxtil; • Mapear o processo de tingimento do algodão, detalhando cada etapa deste, bem como o tempo e o custo e a qualidade de cada processo em uma empresa x; • Propor um modelo de avaliação de desempenho para um processo de tingimento em uma indústria têxtil; 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Indústria Têxtil A indústria têxtil com toda sua cadeia produtiva apresenta um dos maiores segmentos dentro da indústria mundial, contando como figura de destaque na economia, principalmente em países desenvolvidos e precursora do desenvolvimento na economia de países chamados emergentes, que tem a mesma como principal fonte econômica no comércio mundial industrial (MELO et al., 2007). No cenário nacional a indústria têxtil apresenta um longo histórico de vital importância para economia do país, sendo peça fundamental no que diz respeito a estratégias de desenvolvimento da política industrial. Foi por meio dela que o país começou todo seu processo de industrialização (IMMICH, 2006). A cadeia produtiva têxtil contribui com cerca de 6,8% para o PIB industrial brasileiro e gera aproximadamente 1,5 milhões de empregos diretos e que apresentou em 2016 um faturamento de cerca de US$ 39,3 bilhões, conforme a ABIT (2016). O estado de Santa Catarina, em especial o polo do Vale do Itajaí é considerado como o de maior tradição no segmento produtivo de artigos têxteis em tecido de malha de algodão e sintéticas. 2.2 Processo produtivo O inicio do processo produtivo têxtil se dá com a fibra, principal matéria prima indo para a fiação, em seguida o fio pronto segue para a tecelagem plana ou para malharia, que após passam por acabamentos finais. As fibras utilizadas no processo podem ser provenientes de diferentes origens tanto elas naturais (animal e vegetal) ou feitas industrialmente (sintéticas ou artificiais), entre as de origem natural a que tem papel fundamental é o algodão e a lã. Fibras industrializadas são produzidas a partir da celulose regenerada (viscose ou acetato) ou totalmente sintéticas (poliéster ou poliamida) (IMMICH, 2006). Após o acabamento, o tecido é inspecionado no intuito de encontrar defeitos provenientes da fiação ou da tecelagem, que se possível já são sanados. Aprovado o tecido passa por processos a úmido, que podem ser eles: mercerização, 14 alcalinização, purga, alvejamento químico e tingimento. A seguir a Figura 1 demostra todo o processo em forma de fluxograma para melhor visualização do processo até o produto final. Figura 1 – Estrutura da cadeia produtiva têxtil e de confecções. Fonte: BNDES, 2009. Dando continuidade ao embasamento teórico temas como tensoativos utilizados no processo produtivo, diferentes tipos de maquinários empregados no tingimento têxtil, os diferentes tipos de corantes que podem ser utilizados e os aspectos econômicos do tingimento serão abordados com maior riqueza de detalhes. 15 2.3 Fibras 2.3.1 Fibras naturais vegetais Principalmente formada de celulose, que é encontrada na natureza em combinação com outras substâncias, a mais comum delas a lignina, dentre as fibras a mais comum delas é o algodão. 2.3.1.1 Algodão Produzido pela planta do algodoeiro da família das malváceas, tem sua fibra aderidas às sementes, como uma cápsula que abre quando maduro, e por não apresentar grandes exigências em relação ao clima ou ao solo, pode ser produzida em praticamente todos os continentes, principalmente em regiões tropicais, e sua altura altera dependendo do clima que pode variar entre 1,5 metros a 6 metros é seu período vegetativo é de cinco a sete meses, variando conforme a quantidade de calor recebida (ALVES, 2015). À existência de uma grande variedade de algodão, o mais fino e de melhor qualidade no mundo é o algodão egípcio, que apresenta o algodão sea island como uma derivação sendo este o mais caro de todos pois apresenta fibras brancas, lustras, sedosas e fibras extremamente longas, superior a qualquer outro tipo, este por sua vez represente somente 0,0004% da produção mundial (SILVA, 2018). A fibra de algodão seca é constituída na maioria das vezes por cerca de 96% de celulose, e o restante substâncias nitrogenadas, cinzas, pectinas, ácidos orgânicos e graxas. As principais vantagens comparativas do algodão em relação as fibras artificiais e sintéticas decorrem principalmente do conforto dos itens confeccionados, favoráveis os países de clima quente, e também dos aspectos ecológicos, pois são biodegradáveis (VIEIRA; BRAIBANTE, 2017). 2.3.1.2 Linho Proveniente do caule da planta linum usitatissimun, a fibra apresenta comprimento médio de 350 mm, apresenta baixa elasticidade e alta abrasão, fazendo com que a 16 produção do tecido, seja de alta complexibilidade e exija equipamentos especiais para sua fiação. Dentre suas principais vantagens destacam-se a extrema resistência, a alta evaporação da umidade do corpo, alta capacidade de manter a cor quando tingido, e como a seda apresenta suavidade no tecido pronto (VIEIRA; BRAIBANTE, 2017). 2.3.2 Fibras químicas Dando sequência vamos apresentar algumas fibras químicas existentes. 2.3.2.1 Viscose Fibra precursora na produção em escala industrial apresenta características parecidas com a fibra de algodão tais como, boa resistência a tração, tal como toque suave e macio e bom caimento e como o poliéster apresenta boa resistência a umidade (CORREA, 2008). 2.3.2.2 Poliéster Proveniente da reação de poli condensação do acido tereftálico com etilenoglicol, é uma fibra sintética química apresentado maior consumo mundial e apresenta nas suas características a possibilidade de ser combinada com outras fibras, tanto naturaiscomo sintéticas como algodão, viscose, náilon, linho ou até mesmo lã. Apresenta alta resistência à umidade e aos agentes químicos, é considerada não alérgica e não desbota além de ser mais leve que o algodão (SALEM, 2010). 2.3.2.3 Poliamida Provida da indústria química foi a primeira a ser desenvolvida, e pode ser beneficiada por diversas maneiras, permitindo assim ter uma grande diversidade de aspectos têxteis possíveis e apresentando variados toques devido a variedade de texturizações possíveis, apresenta como principal característica a alta resistência mecânica (YANG, 2001). Devido a grande variedade de fibras tanto elas naturais ou sintéticas e suas diferentes formas de obtenção a demanda por uma variedade grande de corantes se faz necessária, variando a forma de ação e como eles interagem com os tecidos e 17 suas fibras (YANG, 2001). 2.4 Algodão O cultivo do algodão exerceu papel fundamental na sociedade, permitindo que muitos agricultores tivessem acesso ao mercado. A expansão da cotonicultura de desenvolveu em duas etapas distintas, na primeira delas o cultivo era feito por uma agricultura familiar de forma tradicional; a segunda veio com técnicas modernas e o avanço tecnológico que tomou conta do campo e suas técnicas de plantio e colheita (DUARTE, 2012). Por ser a fibra vegetal mais utilizada no mundo seu cultivo está espalhado atualmente por mais de 70 países, em todos os continentes, com predomínio notável de países como China, EUA, Índia, Uzbequistão e outros (DUARTE, 2012). Na produção têxtil o processo produtivo do algodão se inicia com os fardos de algodão indo para o abridor e em seguida para o batedor, que efetua a limpeza da massa de fibras e cria mantas. No setor de cardas são produzidas mechas de algodão, provenientes pela passagem das fibras por conjuntos de cilindros que provocam a sua estiragem. Umidade e temperatura são fatores essenciais de controle pois o ambiente deve ser seco e a umidade não ultrapassar a faixa dos 40- 55%. No pré passado o fio fica mais homogêneo e pode ser produzido como fio cardado ou penteado, onde o fio cardado apresenta maior espessura do fio e menor resistência, já o fio penteado é mais limpo e com menor espessura, mas com maior resistência. Nesta etapa os dois fios seguem para processos diferenciados; o fio cardado vai diretamente para o passador e para a maçaroqueira, que efetua a mudança de fita para pavio. Já o fio penteado primeiramente vai para a reunidora, que efetua a junção de 12 a 48 fitas todas elas lado a lado, para obter um rolo de manta que segue para a penteadeira, que remove as fibras curtas e confere máximo paralelismo das fibras longas. Destes processos em diante ambos os fios seguem o mesmo processo produtivo, seguindo para filatório (CORREA, 2008). No caso de tecidos planos, o fio vai para a urdideira, onde a teia é montada ou o urdume, depois de ser confeccionado o urdume passa para a engomadeira, para 18 adquirir maior resistência e tração, esta é feita com uma goma de amido de milho ou fécula de mandioca, após engomada a teia é secada à quente e segue para o tear. A tecelagem é o processo pelo qual são produzidos os tecidos, é caracterizada pelo cruzamento de dois sistemas paralelos: a teia ou urdume e a trama. A teia é um conjunto de fios paralelos ao comprimento do tecido, já a trama é o conjunto de fios paralelos à largura do tecido. Finalizado o processo de tecelagem, segue para o beneficiamento ou acabamento, a primeira etapa é a queima ou chamuscagem, no processo de queima retiradas as pontas, penugens e sujeitas, seguindo para um banho de hidróxido de sódio – soda cáustica para o processo de desengomar. O alvejamento com peróxido de hidrogênio – água oxigenada é o processo que segue, antes da mercerização, que tem como objetivo com um banho de soda cáustica, melhorar e facilitar a absorção de corantes que posteriormente serão utilizados nos processos de tingimento ou estamparia que podem variar conforme processo ou especificações de clientes, assim como tratamentos especiais no tecido (CORREA, 2008). 2.5 Corantes Corantes são combinados tanto orgânicos quanto inorgânicos com características com capacidade de dar cor a substratos, apresentando características de resistência a luz e a eventuais tratamentos úmidos que as peças possam vir a sofrer. 2.5.1 Corantes ácidos Corantes ácidos, bem como os reativos e diretos, são corantes aniônico. Quimicamente a sua base cromófora é constituída por grupos azoicos; antraquinónicos, tri-fenilmetanicos, nitro e ftalocianina. Apresentam solubilidade em água devido à presença de grupos sulfônicos (PERKINS, 1996). Classe de corante utilizada para tingir fibras proteicas (lã, seda) e também poliamidas. Pela facilidade de aplicação e por apresentar grande variedade de cores é muito utilizado na lã. Apresenta alto brilho, boa solidez à luz, mas a solidez no que se diz respeito a tratamentos a molhado nem sempre é satisfatória (PERKINS, 1996). 19 Corantes diretos ou substantivos Este grupo de corantes caracteriza-se como compostos solúveis em água capazes de tingir fibras de celulose (algodão, viscose, etc.) através de interações de Van der Waals. A afinidade do corante é aumentada pelo uso de eletrólitos, pela planaridade na configuração da molécula do corante ou a dupla ligação conjugada que aumenta a adsorção do corante sobre a fibra (GUARATINI; ZANONI, 2000, p. 72). Segundo Immich (2006), produzem cores escuras e brilhantes, que variam enormemente quanto à solidez à luz. A resistência à lavagem é limitada e o uso de fixadores químicos pode aumentar sua resistência à umidade. 2.5.2 Corantes dispersos Classe de corantes insolúveis em água utilizados em fibras de celulose e fibras hidrofóbicas por meio de suspensão segundo Guaratini e Zanoni (2000). Durante o processo de tintura, o corante sofre hidrólise e a forma originalmente insolúvel é lentamente precipitada na forma dispersa (finalmente dividido) sobre o acetato de celulose. O grau de solubilidade do corante deve ser pequeno, mas definido e influência diretamente o processo e a qualidade da tintura. Usualmente o processo de tintura ocorre na presença de agentes dispersantes com longas cadeias que normalmente estabilizam a suspensão do corante facilitando o contato entre o corante e a fibra hidrofóbica. Esta classe de corantes tem sido utilizada principalmente para tinturas de fibras sintéticas, tais como: acetato celulose, nylon, poliéster e poliacrilonitrila (GUARATINI; ZANONI, 2000, p. 73). 2.5.3 Corantes reativos Está classe de corante contém um grupo eletrofílico (reativo) com capacidade de formar uma ligação covalente com os grupos hidroxilo das fibras celulósicas, com grupos amino, hidroxilo e tióis das fibras proteicas e também com grupos amino das poliamidas (GUARATINI; ZANONI, 2000). Têm como principais vantagens os corantes reativos a ampla gama de cores, tons vivos e brilhantes, métodos de operações simples, alta produtividade, segurança no trabalho, fácil manipulação, ótimo grau de solidez e inúmeras possibilidades de aplicação (GUARATINI; ZANONI, 2000). 20 2.5.4 Corantes branqueadores As fibras têxteis no estado bruto, por serem compostas primariamente de materiais orgânicos, apresentam como característica uma aparência amarelada por absorver luz particularmente na faixa de baixo comprimento de onda. A diminuição dessa tonalidade tem sido diminuída na indústria ou na lavanderia pela oxidação da fibra com alvejantes químicos ou utilizando os corantes brancos também denominados de branqueadores óticos ou mesmo branqueadores fluorescentes (GUARATINI; ZANONI, 2000, p. 74). 2.6 Tensoativos Tensoativos estão diretamente ligados aos processos de beneficiamento têxtil agindo diretamente na tensão superficial, são substancias que entram nos processos de umectação, purga, tingimento, estampariae alguns acabamento afim de regularem a tensão superficial nesses procedimentos, estão empregados na forma de umectantes, detergentes, branqueadores óticos dentre outros (SALEM, 2010). 2.6.1 Detergentes Apresentam propriedades umectantes quando em contato com os substratos têxteis e água, fazendo com que a tensão superficial seja quebrada, e desta forma a sujeira seja facilmente removida do material, indo para a fase liquida. Outra qualidade apresentada pela adição de detergentes é emulsificação de gorduras e óleos presentes nos substratos fazendo com que elas juntamente com as demais sujeiras removidas se mantenham em suspensão (SALEM, 2010). 2.7 Máquinas de tingimento A essência do tingimento esta diretamente ligada ao banho de tingimento este por sua vez deve apresentar uma boa agitação uniforme para que todos os insumos possam acessar as fibras uniformemente. Contudo, essa agitação não pode ser vigorosa a ponto de danificar o material. É necessário que o sistema de aquecimento apresente e assegure uma distribuição uniforme do calor e que seja preferencialmente com vapor indireto, o que impede a alteração da relação de banho 21 por condensação (SALEM, 2010). Com o avanço tecnológico a implementação de sistemas automáticos para controle de aquecimento e resfriamento garantem uma melhor qualidade e melhor reprodutibilidade de lotes, equipamentos devem dispor de métodos para adicionar os produtos em solução, evitando o uso de insumos concentrados. Máquinas fechadas, além do aspecto econômicos, evitam a contaminação do ambiente por vapores corrosivos e manchas por condensação. O material empregado em sua fabricação deve suportar a ação dos produtos químicos aplicados nas condições de temperatura dos tingimentos (SALEM, 2010). O ganho de tempo, segundo Salem (2010, p. 60), está assegurado por: • Sistemas fáceis de carregamento e descarregamento do substrato; • Válvulas de carga e descarga de água que possibilitem alto fluxo; • Fornecimento de vapor e trocadores de calor adequadamente dimensionados. 2.7.1 Máquinas de tingimento Jets São empregadas principalmente no tingimento de malhas circulares de fibras sintéticas, mais sujeitas a quebraduras e pregas. No tingimento em jets, o substrato é transportado com mínima tensão pelo próprio banho. Em alguns tipos há um molinete auxiliar (SALEM, 2010, p. 66). O banho ao passar por um bocal em alta velocidade, provoca um vácuo que arrasta o tecido. O sistema obedece ao princípio de Bernoulli, em que, nessas condições, há um efeito de aceleração do substrato, que circula mais rápido do que o próprio banho, o que contribui para boa igualização do tingimento. Na saída do bocal, a corda é depositada junto com o banho no corpo da máquina. As peças atingem velocidade superiores a 100 metros por minuto. Cada corda passa por um bocal, regulável conforme a gramatura do substrato (SALEM, 2010, p. 66). Há inúmeros modelos de jets. Na Figura 2 está ilustrado o modelo clássico chamado usualmente de jet redondo. Na Figura 3 podemos ver o tipo denominado jet longo, que é adequado para artigos mais delicados. 22 Figura 2 – Jet redondo. Fonte: LUSAMATEX, 2017. Figura 3 – Jet longo. Fonte: SALEM, 2010. 2.8 Consumo de água Sendo uma das maiores consumidoras e consequentemente produtora de efluentes líquidos a indústria têxtil necessita aproximadamente 80 litros de água para ser produzido 1kg de tecido pronto, segundo Immich (2006). [...] há referência a valores da ordem de 150 litros, sendo 80% deste volume são descartados como efluente e apenas 12% do 23 total compõem as perdas por evaporação. A característica destes efluentes depende da tecnologia e dos processos industriais utilizados e também dos tipos de fibras e produtos químicos empregados. O alto consumo de água demandado pela indústria têxtil é devido às operações de lavagem, tingimento e acabamento dos tecidos, bem como de lavagem de pisos e equipamentos (IMMICH, 2006, p.25). A Tabela 1 apresenta valores aproximados para o consumo de água, em L/Kg, em função das etapas do processo de uma indústria têxtil. Tabela 1 – Consumo de água por etapa. Etapa Consumo de Água (L/Kg) Purga 19,0 – 43,0 Alvejamento 2,5 – 125,0 Mercerização 233,0 – 309,0 Tingimento 1. Básico 150,0 – 300,0 2. Direto 14,0 – 53,5 3. Naftol 19,0 – 140,0 4. Enxofre 24,0 – 214,0 5. A Cuba 8,5 – 167,0 Fonte: LEÃO et al., 2002 apud IMMICH, 2006. Adaptado. Muitos dos problemas que ocerrem no beneficiamento podem ter sidos provocados por deficiência na qualidade da água. Contaminates, especialmente metais têm substancial efeito nos processos molhados. Os efeitos nem sempre são adversos, porém, mesmo quando há algum benefício, isso não é desejável; portanto, variações na qualidade da água resultam em variações na qualidade dos substratos beneficiados, o que dificulta a otimização de processos e de seu controle (SALEM, 2010). As exigências podem variar conforme o processo, porém, em princípio não é recomendado o uso de águas turvas, contendo impurezas em suspensão ou águas com mau cheiro. É sempre importante conhecermos o pH, grau de dureza e o conteúdo de metais pesados (SALEM, 2010). 24 2.9 Aspectos econômicos no tingimento têxtil A questão do custo do processo está totalmente ligada a qualidade do produto final entregue, na maioria das vezes produtos com alta qualidade também tem elevado custo tornando muitas vezes economicamente inviável o processo, já em outros casos o baixo custo de produção entrega um produto de baixa qualidade muitas vezes não aceito pelo mercado (SALEM, 2010). No processo de produção têxtil, segundo Salem (2010, p. 271), os fatores que influenciam nas condições fundamentais para o sucesso de um processo são: • Toque e aparência final boa, boa igualização; • Solidez de acordo com a finalidade de uso ou do processo posterior; • Boa reprodutibilidade; • Segurança do processo; • Produção econômica. Abordaremos, a seguir, alguns aspectos tecnológicos que considerados, podem contribuir sensivelmente para a redução de custos. 2.9.1 Infraestrutura e organização Salem (2010, p. 272) aponta algumas condições importantes para se ganhar tempo e reduzir custos, relacionadas à infraestrutura. São elas: • Elaboração prévia das receitas; • Pesagem e dissolução antecipada dos corantes; • Eficiência no carregamento e descarregamento dos substratos nas máquinas; • Encanamentos e válvulas que permitem encher e esvaziar rapidamente o aparelho; 25 • Eficiência na limpeza das máquinas entre as partidas; • Instalação de programadores automáticos nos aparelhos de tingimento e, o que é muito importante, mão de obra bem preparada e atualizada mediante programas de treinamento. A elaboração de receituários é de extrema importância, pois a reprodutibilidade e o custo de produção estão diretamente ligados a mesma, então estudos prévios em laboratório são de extrema importância para o sucesso da organização e a padronização dos mesmos também se faz necessária. Todo e qualquer teste deve ser previamente executado em laboratório a planta fabril é somente para execução, pois elaborar testes na mesma acarretaria em altos custos de maquinário e mão de obra (SALEM, 2010). 2.9.2 Forma de apresentação do substrato Por apresentar diversos caminhos até chegar ao produto final, a análise prévia é de vital importância, tanto do ponto de vista financeiro quanto de qualidade final do produto apresentado ao cliente. O custo final do substrato acabado depende da forma em que ele é tingido. Exemplo: tecidos de poliéster/lã podem ser tingidos mediante alternativas diferentes e quantificáveis; o tingimento pode ser feito em tops sobre as fibras separadas, antes de fiar, ou em fios mistos, antes da tecelagem, ou ainda em peças. Podemos escolher o processo mais conveniente desde que a qualidade final atendaas exigências do mercado (SALEM, 2010, p. 273). 2.9.3 Maquinário As inovações tecnológicas na indústria são de primordial importância e na indústria têxtil não e diferente pois com o tempo as maquinas se desgastam ou tornam-se obsoletas, ou muitas vezes entrar em diferentes áreas do mercado se faz necessário. Devido ao elevado custo de aquisição de novas maquinas o planejamento se faz necessário, pois a mesma deve ter um bom rendimento e trazer retorno financeiro o mais rápido possível, de modo que o elevado custo não afete o custo do processo (SALEM, 2010). 26 2.9.4 Grandeza das partidas O tamanho do lote a ser tingido é de extrema importância pois muitas vezes seu custo de partida pode ser igual ou parecido com um de um lote maior, acarretando em gastos desnecessários no processo (SALEM, 2010). 2.9.5 Seleção de corantes e produtos A seleção de matéria prima como corantes e outros insumos envolvidos no processo é de vital análise, tanto quanto ao custo quanto a qualidade final entregue no produto. A seleção de produtos deve considerar alguns fatores que convém serem mencionados, entre eles (SALEM, 2010, p. 273): • Segurança de processo mediante o emprego de tricomias com comportamento cinético semelhante ou uso de igualizastes adequados. • Tempo de processo. Os corantes RD são um exemplo de como uma seleção de produtos permite o emprego de processos inovadores que minimizam tempos e custos. • Solidez de acordo com a finalidade de uso, nada maus nem menos que isso. Lembramos que a aplicação de corantes com solidez acima das exigidas implica em gastos adicionas desnecessários. • A comparação de custos não deve ser de corante x corante, mas pela avalição do custo da receita. 2.9.6 Relação de banho A relação de banho utilizada no processo de tingimento, influência de forma direta a quantidade de água gasta no processo, a água é um componente que está diretamente ligada ao custo do processo, e a busca por maneiras de reutilizar está água se fazem presentes na indústria de modo a baixar o custo operacional (TWARDOKUS, 2004) 27 2.9.7 Temperatura do tingimento A termodinâmica do processo de tingimento é de suma importância pois permite a analisar fatores que favorecem a fixação do corante na fibra, a redução da temperatura mantendo a mesma fixação acarreta em redução econômica com gastos energéticos (TWARDOKUS, 2004). 2.10 Administração da produção A função de produção é a parte da organização responsável por esta atividade. Toda organização possui uma função de produção porque toda organização produz algum tipo de produto e/ ou serviço (SLACK et al., 1997). Administração da produção pode usar o modelo input- transformação-output para analisar o negocio em três níveis. O mais obvio de todos os níveis do negocio propriamente dito ou, mais especificamente, a função produção do negócio. Qualquer operação, o entanto, pode ser vista como parte de uma rede mais ampla de operações. Existirão operações que suprem uma operação particular com produtos e serviços necessários para que ela produza seus próprios produtos e serviços. E, a menos que lide diretamente com o consumidor final, ela irá suprir consumidores que irão, por sua vez, suprir seus próprios consumidores. Adicionalmente, cada operação pode ter múltiplos fornecedores, múltiplos consumidores e pode estar em concorrência com outras operações que produzem serviços similares. Esta coleção de operações é chamada de rede de suprimentos. Além disso, dado que dentro de cada operação existem processos que são versões menores de operações, tais processos formam uma “rede interna” da mesma forma que as operações gerais formam uma rede de suprimentos. Cada processo é, ao mesmo tempo, um fornecedor interno e um consumidor interno de outros processos. Este conceito de “consumidor interno” fornece um modelo para analisar atividades internas de uma operação. Também é uma forma útil de lembrar que, ao se tratarem os consumidores internos com o mesmo nível de cuidado dedicado aos consumidores externos, e eficácia de toda a operação pode ser aprimorada. Mesmo dentro de processos individuais, materiais, informações ou consumidores irão fluir entre funcionários individuais e recursos. Esta ideia é chamada de hierarquia das operações e é exemplificada por um negocio responsável pela execução de programas de televisão e vídeos. Neste 28 caso, teremos inputs de equipes administrativas, técnicas e de produção, câmeras, iluminação, equipamento de gravação e som, e assim por diante que serão transformados em programas acabados (SLACK et al, 1997, p. 42). Segundo Slack et al. (1997), as três funções centrais de qualquer organização são: • A função do marketing (que inclui vendas), responsável por comunicar os produtos ou serviços de uma empresa para o seu mercado de modo a gerar pedidos de serviços e produtos por consumidores; • A função desenvolvimento de produto/serviço, responsável por criar novos produtos e serviços ou modificá-los, de modo a gerar solicitações futuras de consumidores por produtos e serviços; • A função da produção, que tem como objetivo satisfazer as solicitações de consumidores por meio da produção e entrega de produtos e serviços; Também se destaca as funções de apoio que suprem e apoiam a função produção que são elas: o Contábil-financeira, que fornece a informação para ajudar os processos decisórios econômicos e administra os recursos financeiros da organização; o Recursos humanos, que tanto recruta e desenvolve os funcionários da organização, como também se encarrega do seu bem-estar; Administração de operações pode ser definida como um conjunto de ações dentro das operações industriais, como toda e qualquer ação tomada para se chegar no produto ou serviço desejado (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004). A expressão administração de operações refere-se à direção e ao controle dos processos que transformam insumos em produtos e serviços. Interpretada de maneira ampla, a administração de operações esta na base de todas as áreas fundamentais, porque os processos encontram-se em todas as atividades empresariais (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004, p. 5). 29 As prioridades competitivas para os processos que possuem relação com o produto ou serviço em si, com um sistema de entrega e com os fatores de volume relacionados estão dispostas em quatro grupos, apresentados nas próximas seções. 2.10.1 Gerenciamento de processo A definição de processo é toda e qualquer atividade ou até mesmo o conjunto delas que pelo uso conjunto de matérias-primas, transformando e agregado valor, dando um ou mais produtos finais para o consumidor (RITZMAN; KRAJEWSKI, 2004). Processo de transformação é a operação para produzir produtos e serviços através da transformação de entradas em saídas, a produção envolve um conjunto de recursos de input (entradas) usado para transformar algo ou para ser transformado em outputs (saídas) de bens e serviços. (SLACK et al., 1997, p.30). A Figura 4 a seguir demonstra o modelo de transformação geral de input e output. Figura 4 – Modelo de transformação. Fonte: SLACK et al., 1997. Dentro de cada operação, os mecanismos que transformam inputs em outputs são chamados processos. Processos são o 30 arranjo de recursos que produzem alguma mistura de produtos e serviços”. Observe o funcionamento de cada operação e você verá que ela é feita de vários processos que podem ser chamados unidades” ou “departamentos”, que são, por sua vez versões menores da operação maior a que pertencem. De fato, qualquer operação é constituída de uma coleção de processos interconectados. Como tais, são eles os “blocos fundamentais” de todas as operações (SLACK et al.,1997, p. 35). Segundo Slack et al. (1997, p. 42), recursos transformados é todo e qualquer inputs do processo. São as ações tomadas que iram transformar ou tratar o processo para conseguiralcançar o produto final desejado. Ainda conforme o autor são, geralmente, um composto de: • Materiais – englobam varias operações na indústria desde o transporte e armazenagem até a transformação de suas propriedades físicas tanto na forma quanto na sua composição. • Informações – parte importante no mundo atual empresas que trabalham com informação são de grande importância sendo elas as que executam pesquisas de mercado captando as informações e transformando em dados. Empresas que alteram as propriedades das informações como os contadores das empresas, empresas que arquivam informações como bibliotecas e arquivos. Até mesmo empresas de telecomunicações que alteram a localização da informação. • Consumidores – Empresas que processam consumidores são de vasta atuação, que podem ser elas empresas de transporte terrestre, aéreo ou hidroviário, empresas estocam consumidores como é o caso de hotéis e empresa de mesmo ramo. O ramo médico também entra na parte de operação com consumidores agindo na transformação da parte fisiológica. Cabeleireiros e cirurgiões plásticos alteram as propriedades físicas dos consumidores já serviços de entretenimento alteram o estado psicológico do consumidor como é o caso de música, teatro, televisão, radio entre outros. Segundo Slack et al. (1997, p. 43), o outro conjunto de inputs agrupa os recursos de transformação. Estes são os recursos que agem sobre os recursos transformados. Existem dois tipos de recursos de transformação que são eles: 31 • Instalações – prédios, equipamentos, terreno e tecnologia do processo de produção; • Funcionários – aqueles que operam, mantêm, planejam e administram a produção. A natureza especifica das instalações e dos funcionários variará entre as operações (SLACK et al., 1997). Embora as operações sejam similares entre si na forma de transformar recursos de input em output de bens e serviços, elas diferem em alguns aspectos, quatro dos quais são particularmente importantes, segundo Ritzman; Krajewski (2004): • Dimensão Volume: A primeira coisa que você percebe é o grau de repetição das tarefas que as pessoas estão fazendo e a sistematização do trabalho, pela qual os procedimentos padrões são estabelecidos em um manual, com instruções de como cada parte do trabalho deve ser realizada. Obtêm-se, desta forma, custos unitários baixos. • Dimensão Variedade: Se todos seguirem a programação, pouca flexibilidade será exigida pela operação. Tudo é padronizado e regular, o que resulta em custos relativamente baixos. • Dimensão Variação: A variação nos níveis de demanda significa que a operação deve, de alguma forma mudar sua capacidade, como, por exemplo, contratar funcionários extras apenas no período necessário. Contudo, ao flexibilizar suas atividades, deve tentar prever o nível provável de demanda. Se previr errado, isso poderá resultar em capacidade excessiva ou deficiente. • Dimensão Visibilidade: Visibilidade é uma dimensão ligeiramente mais difícil de considerar. Significa quanto das atividades de uma operação é percebido pelo consumidor, ou quanto da operação é exposto aos consumidores. Geralmente, as operações de processamento de consumidores estão mais expostas aos clientes do que as operações de processamento de materiais. A realização dos processos pela administração é um grande problema de controle; o aperfeiçoamento e cronometragem das atividades, faria com que administração 32 selecionasse melhor seus operários; a delimitação das funções, onde o planejamento e controle dos processos seria função da administração e não dos operários (JUNIOR, 1989). 2.11 Avaliação de desempenho Avaliação de desempenho é o processo para construir conhecimento no gestor, a respeito do contexto específico que se propõe avaliar, a partir da percepção do próprio gestor por meio de atividades que identificam, organizam, mensuram ordinalmente e cardinalmente, e sua integração e os meios para visualizar o impacto das ações e seu gerenciamento (ENSSLIN et al., 2010). A avaliação de desempenho como um instrumento de apoio à decisão que possibilita aos gestores a avaliação e mensuração dos projetos, e que gera informações úteis para a identificação do projeto que melhor atenderá aos anseios da organização (FILARDI; ANGELONI; COZZATTI, 2011; REINA et al., 2011). Segundo Lima (2001), o início do processo de avaliação de desempenho pressupõe que três perguntas básicas sejam respondidas: Por que avaliar? O que avaliar? Como avaliar? De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), toda organização precisa de alguma forma medir seu desempenho, como um pré-requisito para a melhoria contínua. Um sistema de medida de desempenho é um processo onde é possível distinguir entre aspectos internos e externos de cada elemento básico da competitividade e verificar como o desempenho de cada um destes aspectos contribui para o desempenho externo da operação inteira, ou seja, aquele que é percebido pelo consumidor. Fernandez e Rainey (2006) tratam da gestão da mudança organizacional. Os autores identificaram na literatura sete fatores sobre mudança organizacional, que são considerados pontos consensuais e oferecem proposições adequadas para testes e refinamentos em pesquisas futuras. Para os autores, a mensuração e 33 avaliação de desempenho integram o fator de institucionalização das mudanças organizacionais, que devem ser incorporadas à rotina dos seus membros. É preciso que os gestores acompanhem, por meio da mensuração de desempenho, a extensão da adoção das mudanças, assegurando que não se retorne a velhos padrões e comportamentos. 2.11.1 Medidas de desempenho Inicialmente, a medição de desempenho possuía um enfoque unidimensional legado da contabilidade tradicional com apenas medidas financeiras, mas a partir do final dos anos 1980, o enfoque passou a ser multidimensional com equilíbrio entre medidas financeiras e não financeiras (BOURNE et al., 2000). De forma ampla, a medição de desempenho, segundo Franco-Santos e colaboradores (2007), pode ser entendida como um conjunto de processos que uma organização necessita para gerenciar a implementação da estratégia, comunicar o cumprimento de regulamentos bem como sua posição e progresso, controlar o comportamento dos funcionários, servindo de base para a melhoria do desempenho. Medidas do desempenho são os sinais vitais da organização. Elas informam às pessoas o que estão fazendo, como elas estão se saindo e se elas estão agindo como parte do todo. Elas comunicam o que é importante para toda a organização: a estratégia da gerencia do primeiro escalão aos demais níveis, resultados dos processos, desde os níveis inferiores até o primeiro escalão e controle e melhoria dentro do processo (HRONEC, 1994, p. 5). Para Harrington e Harrington (1997, p. 417) “medir é entender; entender é ganhar conhecimento; ter conhecimento é ter poder”. Considerando a necessidade da mensuração para o processo de controle, surgiu a medição de desempenho. Medição de desempenho pode ser compreendida como a técnica usada para quantificar a eficiência e a eficácia das atividades de negócio. A eficiência vai tratar da relação entre utilização econômica dos recursos, levando em consideração um determinado nível de satisfação. Por sua vez, a eficácia avalia o resultado de um processo onde as expectativas dos diversos clientes são ou não atendidas (NEELY; GREGORY; PLATTS, 1995). 34 Rummler e Brache (1990) descrevem os três níveis de mobilização para criar medidas de desempenho em uma organização elas são humanas onde as pessoas tem que executarem atividades conforme as medidas de desempenho, processo onde é uma série de atividades que consomem recursos e fornecem um produto aos clientes, sejam esses internos ou externos e o ultimo nível é a organização onde compreende os níveis de desempenhodas pessoas e do processo. Conforme Hronec (1994, p. 6), medidas de desempenho “é a quantificação quão bem as atividades dentro de um processo ou seu output atingem uma meta especificada. As medidas de desempenho devem ser desenvolvidas de cima para baixo e devem interligar as estratégias, recursos e processos”. Neely, Adams e Kennerley (2002) propõem um modelo para a medição desempenho, o qual denominam Prisma de performance. O seu conceito nasce com as proposições iniciais sobre as abordagens ou metodologias tradicionais de medição de desempenho, pois segundo os autores, essas diversas abordagens existem porque agregam valor ao negócio, propiciando aos gerentes um conjunto de visões através dos quais eles podem avaliar o desempenho das organizações. Nesse sentido, O’Mara, Hyland e Chapman (1998) acrescentam que um sistema de medição de desempenho não apenas disponibiliza informações necessárias para o gerenciamento e controle das várias atividades da empresa, como também influenciam as decisões e o comportamento organizacional. Já Stainer e Nixon (1997) afirmam que um sistema de medição focado em metas, pode ser um instrumento valioso para propor mudanças na administração de processos. Alguns exemplos de sistemas de medição são: • Modelo Sink & Turttle; • Modelo Goldratt & Fox; 35 • Modelo Proposto pelo Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ); • Modelo Proposto pelo Programa SEBRE de Qualidade Total; • Modelo proposto por Gil; • Modelo Quantum. O processo de melhoria contínua sofre um prejuízo devido a necessidade de informação em diferentes níveis, além de uma visão holística do desempenho. Todas as medidas precisam estar relacionadas num modelo de causa e efeito e é muito importante que todos os envolvidos no processo de melhoria compartilhem esse modelo representado por uma rede de medidas de desempenho (MARTINS; SALERNO, 1998). Segundo Kaplan e Norton (1997), os indicadores ou medidas de desempenho, antes tratados como medidas vinculadas especificamente ao controle de processos, como, por exemplo, o processo de produção passa a ser referido como sistema de medição de desempenho vinculado ao gerenciamento estratégico dos negócios. Logo, avaliar o desempenho organizacional é de fundamental importância para toda e qualquer área, pois esta avaliação orienta na fundamentação e estabelecimento das estratégias que irão reger a organização. 2.11.2 Indicadores de desempenho Conforme (ISO, 1998, p. 3) indicador é “expressão (numérica, simbólica ou verbal) empregada para caracterizar as atividades (eventos, objetos, pessoas), em termos quantitativos e qualitativos, com o objetivo de determinar o valor”. Para Khalid et al. (2014) um indicador é um valor relativo que avalia qual atividade participa na realização de um objetivo. É um marco criptografado que pode estar perto de um objetivo, uma média, um padrão e valores ao longo do tempo que constituem uma avaliação das tendências. (...) um indicador é uma série de Informações sintetizadas e analisadas. 36 Para Kardec, Arcuri e Cabral (2002, p. 9), “uma maneira usual e efetiva de avaliar a gestão é através de indicadores, que nos mostram a situação em que nos encontramos e a evolução ao longo do tempo, permitindo também a comparação com referências externas e de excelência”. “O requisito para que os indicadores sejam úteis à gestão implica, necessariamente, que estejam normalizados e que sua produção histórica (temporalidade) se atenha sempre à mesma norma ou forma de medida, a fim de permitir a comparabilidade” (ROZADOS, 2005, p. 63). Takashina e Flores (1996, p. 19) afirmam que indicadores “são utilizados pela organização para controlar e melhorar a qualidade e o desempenho dos seus produtos e processos”. Conforme Takashina e Flores (1996, p. 20) os indicadores de desempenho “estão mais ligados as características intrínsecas (especificas) do produto e do processo, desdobrados a partir das características da qualidade”. Os indicadores também podem representar vários processos, de forma a obter-se uma fotografia completa da organização. Neste caso o sistema de indicadores compreende um agrupamento de indicadores representativos dos processos e subprocessos entre os quais há uma inter-relação, de modo que o resultado de um processo condiciona os restantes processos e consequentemente o resultado final (PINTO, 2016). Parmenter (2002) classifica hierarquicamente os indicadores de desempenho, como: Indicadores de Desempenho, Indicadores de Resultado, e Indicadores Chave de Desempenho. Onde os indicadores de desempenho são obtidos pela união de indicadores chaves de desempenho, como quando se pretende apresentar o desempenho de um departamento. Os Indicadores de Resultado são mensurados através junções dos indicadores de desempenho com o objetivo de analisar o desempenho global da empresa como por exemplo satisfação do cliente, participação no mercado, satisfação de funcionários, lucro líquido, retorno de capital aplicado. 37 E os Indicadores chave de desempenho ocorrem em maior número e podem ser obtidos nos locais onde os processos são executados. Kaplan e Norton (1996) apresenta uma nova proposta para a formulação de indicadores de desempenho não-financeiros para fornecer aos dirigentes uma visão abrangente de seu negócio, incluindo itens como a satisfação do cliente na medição do desempenho da organização. Com o intuito de focar a estratégia e visão, deixar de lado o controle, a fim de proporcionar um sistema de melhoria contínua. Martínez e Albornoz (1998) sugerem: generalidade; possibilidade de correlação entre as distintas variáveis ou os diferentes contextos; temporalidade e salienta que toda a avaliação parte de um princípio de comparação, sendo, portanto, necessário que haja dados passíveis de serem comparados, que permitam ser coletados de forma semelhante em todos os casos. Além de serem um instrumento de avaliação e exatamente por isto, os indicadores também são instrumentos de gestão. A gestão implica capacidade de operar sobre dimensões-chave de sistemas e de processos distintos, modificando seus estados e seus rumos (MARTÍNEZ; ALBORNOZ, 1998). Portanto conforme verificado um indicador é uma ferramenta de mensuração, utilizada para medir fenômenos qualitativos e quantitativos de um referido processo estudado, com foco a avaliar e suportar uma tomada de decisão. 2.11.2.1 KPI – Key Performance Indicators (Indicador Chave de Desempenho) Ao se tratar de indicador chave de desempenho (KPI) com enfoque em predições e diagnósticos em um processo industrial, observa-se uma grande potencialidade de melhoria, tanto da qualidade do produto quanto no seu retorno financeiro (YIN; WANG; YANG, 2014). Principalmente por que ele tem capacidade de resumir informações que fazem com que o processo de análise e acompanhamento, facilitando a tomada de decisão, fazendo com que se alcance com maior facilidade os objetivos traçados (MELNYK; STEWART; SWINK, 2004). Assim indicadores aliados a gestão do processo trazem grandes benefícios quando conduzidos de maneira correta (KAUFMANN; BECKER, 2006). 38 Conforme Kagioglou, Cooper e Aoad (2001) o Programa de Melhores Práticas do Reino Unido (CBPP – Construction Best Practice Programme) lançou em 1999 os indicadores chave de desempenho para construção (KPI – Key Performance Indicators) que indicam informações acerca do desempenho alcançado em todas as atividades de construção, sendo composto pelos seguintes indicadores: satisfação do cliente em relação ao produto, satisfação do cliente sobre o serviço, defeitos, previsão de custo, previsão de tempo, lucratividade, produtividade, segurança, custo de construção e tempo de construção. Hronec (1994) cria um relacionamento entre estas categorias de medidas: o relacionamento entre o custo e qualidade que correspondemao valor para o cliente e entre qualidade e tempo que é o serviço e o relacionamento entre tempo e custo é a sua eficiência. 2.12 Modelo de desempenho Quantum - Hronec O modelo de desempenho Quantum criado por Hronec (1994) refere-se a matriz Quantum de Medição de Desempenho, que segundo o autor trata-se de uma ferramenta para equilibrar as medidas de custo, qualidade e tempo em vários níveis (organização, processos e pessoas, pois sem a mesma a empresa arrisca-se a ter uma visão subotimizada de como as medidas de desempenho devem complementar a complexidade da organização. O desempenho quantum é o nível da realização que otimiza o valor e o serviço da organização, para os seus interessados podendo assim permitir á administração começar a entender e desenvolver medidas de desempenho que equilibram valor e serviço, de forma a irem ao encontro das estratégias, metas e processos específicos da empresa (HRONEC, 1994). O modelo quantum de medição de desempenho apresenta muitos benefícios. Fornece a estrutura para as medições de desempenho, um contexto para mostrar onde as pessoas se enquadram no processo de desenvolver, implementar e utilizar as medidas de desempenho (HRONEC, 1994, p. 20). De acordo com Hronec (1994), o Modelo Quantum de medição de Desempenho consiste em quatro elementos distintos eles são: 39 1. Geradores: De onde vão ser geradas as medidas de desempenho, a estratégia a ser abordada; 2. Facilitadores: dão apoio á implementação das medidas de desempenho por meio de comunicação; 3. Processo: com as metas geradas é preciso identificar e entender os processos críticos da organização para depois, de as atividades-chave dentro daqueles processos terem sido identificadas, empregar as medidas de desempenho; 4. Melhoria continua: com o modelo aplicado é possível ter um feedback a melhoria continua do processo. Um esquema (Figura 5) é apresentado a forma de implantação do modelo Quantum em uma indústria e o passo a passo para a execução do projeto. 40 Figura 5 – Modelo Quantum de medição de desempenho. Fonte: HRONEC, 1994. Conforme Hronec (1994, p. 26), “a meta da Matriz Quantum de Medição de Desempenho é permitir que a administração entenda e desenvolva medidas de desempenho que equilibrem custo, qualidade e tempo”. A Matriz Quantum utiliza três categorias de medidas de desempenho: 1. Qualidade: Quantifica excelência do produto ou serviço. 2. Tempo: Quantifica a excelência do processo. 41 3. Custo: Quantifica o lado econômico da excelência. Segundo Hronec (1994, p. 17), “focalizando simultaneamente custo, qualidade tempo, a empresa pode otimizar os resultados dos processos e de toda uma organização. ” Conforme Hronec (1994) afirma a matriz quanto não abrange todas as possíveis medidas absolutas de desempenho porem permite a administração começar uma compreensão e desenvolvimento de medidas de desempenho e monitorar seus sistemas vitais (descritos como Valor, Eficiência e Nível de serviço), como demonstra a Figura 6, apresentada como a Tabela de Desempenho Quantum. Figura 6 – Tabela de Desempenho Quantum. Fonte: AUTOR. O modelo Quantum enfatiza a importância de gerar medidas de desempenho adequadas para a organização, aconselhando desenvolver indicadores somente para os critérios de seus modelos adaptados ao caso específico da organização. Analisando os sete critérios apresentados pelo modelo de Sink e Tuttle (1993): eficácia, eficiência, produtividade, qualidade de vida no trabalho, inovação, 42 lucratividade e qualidade; percebe-se a possibilidade de inserção desses indicadores na Matriz de Desempenho proposta por Hronec. O modelo Quantum pode ser classificado como um meio termo entre do TQC que é um sistema de medição mais rígido e o Sink e Tuttle onde é um sistema muito complexo de aplicação; é pragmático e abrangente, adaptando-se bem a vários tipos de organizações. A abordagem de Hronec tem conceitos muito semelhantes ao TQC (Controle de Qualidade Total), embora a nomenclatura adotada não seja a mesma e os métodos utilizados no desenvolvimento das medidas sejam estruturados de forma diferente. As três famílias de indicadores propostas por Hronec - qualidade, custo e tempo - são contemplados pelo TQC, que ainda apresenta duas adicionais - moral e segurança. Outro ponto em comum é a ênfase no desenvolvimento de critérios de medição do processo e do output por Hronec, enquanto que no TQC são utilizados itens de verificação e de controle para avaliação do processo e do resultado, respectivamente. 2.12.1 Qualidade Segundo Roth (2016), o conceito de qualidade em um primeiro momento ficou associado a definição de conformidade do produto e com as suas especificações tendo posteriormente evoluído para uma visão de satisfação do cliente, em paralelo a evolução do conceito de qualidade cresceu uma percepção sobre sua importância fundamento para o posicionamento estratégico. Deming (1990) associa qualidade à impressão do cliente, portanto não é estática. A dificuldade em definir qualidade está na renovação das necessidades futuras do usuário em características mensuráveis, de forma que o produto possa ser projetado e modificado para dar satisfação por um preço que o usuário possa pagar. O conceito de qualidade, segundo Carpinetti, Miguel e Gerólamo (2007), gera confusão devido o termo representar ideias bastantes distintas. O uso deste termo pode estar associado ao desempenho ou durabilidade de um bem, tanto ao atendimento satisfatório aos requisitos do cliente, ou até mesmo na visão fabril onde 43 a qualidade é medida de forma a atender as especificações do produto ou do projeto. Machado e Rotondaro (2003) afirmam que o conceito de qualidade, como modelo gerencial, está em contínua atualização e apontam a necessidade de as organizações disporem também de um conjunto de medidas e de indicadores de desempenho da qualidade, integrado aos outros indicadores de desempenho da empresa. Garvin (1992) apresenta as cinco abordagens da qualidade, a saber: a qualidade pode ser compreendida como algo de excelência perceptível, universalmente reconhecida e incontestável. Além desta, existem as abordagens fundamentada no produto, no usuário, na produção e no valor. Gale (1996) define qualidade percebida como a opinião dos clientes sobre os produtos e serviços, comparativamente com os da concorrência. A qualidade percebida é entendida como a avaliação do consumidor sobre a excelência de um produto ou serviço. Diferentemente do conceito de valor percebido, a qualidade percebida não envolve uma comparação entre os elementos dados (custos) e recebidos (benefícios) Segundo Vieira, Maciel e Ribas (2009), ainda há uma carência de estudos sobre o tema, os quais considerem variáveis como os setores da economia, segmentos de consumidores ou regiões geográficas a fim de possibilitar maior precisão nas estratégias para conquistar, de forma duradoura, a preferência de consumo do cliente, então, focando seus negócios atuais e futuros. É a forma pela qual os clientes definem. Do ponto de vista da medição de desempenho-a qualidade significa que os produtos ou serviços atendem e excedem os desejos e as expectativas dos clientes essa categoria mede a “excelência” do produto ou serviço como vista pelos clientes internos e/ou externos” (HRONEC, 1994, p. 28). Aldlaigan e Buttle (2005) visaram introduzir, em seus trabalhos, parâmetros para avaliar o desempenho da qualidade baseados na comparação entre as expectativas e as atuais percepções de qualidade dos serviços do ponto de vista dos consumidores. 44 O modelo criado por Mãki, Grönroos e Vesikari (1978), o qual propõe uma comparação, realizada pelos próprios consumidores, entre suas expectativas e experiências de percepção de qualidade de serviços na formação de seus julgamentos, sob a ótica de três dimensões: funcional,técnica e de imagem do provedor dos serviços. Brady, Cronin e Brand (2002), e sugerem que a qualidade do serviço deve ser mensurada a partir de um indexador de avaliação único. Conforme Deming (1990) de um aspecto geral qualidade é tudo aquilo que melhora o produto do ponto de vista do cliente. Segundo Lima (2001), “a qualidade pode ser definida como adequação ao uso, o que implica conformidade às especificações e satisfação do cliente”. Segundo Hronec (1994) indicadores de qualidade servem para medir a excelência do produto ou serviço e ela é decidida principalmente pela visão do cliente. Hronec (1994) afirma que com a relação dos indicadores de qualidade e custo pode se obter métricas para valor para o cliente e com as relações entre qualidade e tempo se tem as métricas de nível de serviço. Portanto a qualidade é a percepção vista pelo cliente, ou seja, é a adequação ao uso de um determinado produto por exemplo. Os indicadores deste víeis servem para mensurar o desempenho do produto ou processo com vistas aos resultados alcançados na percepção do cliente. 2.12.2 Tempo O significado da palavra tempo dentro de uma matriz Quantum tem como base principalmente o tempo de operação a ser medida. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), o estudo de tempo é uma técnica de medida do trabalho para registrar os tempos e o ritmo de trabalho para os elementos de uma tarefa especializada, realizada sob condições especificadas, e para analisar os dados de forma a obter o tempo necessário para a realização do trabalho com o nível definido de desempenho. 45 O estudo do tempo é uma técnica usada para se obter um tempo adequado na realização de uma atividade particular. Isso é baseado em estabelecimento de padrões autorizados para executar uma tarefa com suplementos ou folgas por dificuldades pessoais ou atrasos inevitáveis e tempo, e, portanto, resolver os problemas associados com os processos de fabricação (IVAN; MIGUEL, 2011). O estudo de tempos geralmente é feito com um cronometro, seja no local ou analisando um vídeo do trabalho. O trabalho ou tarefa estudado é dividido em partes ou elementos mensuráveis e o tempo de cada elemento é contado individualmente (JACOBS; CHASE, 2012). Slack et al. (1997), por sua vez, divide as vantagens baseadas no tempo em dois grupos: vantagens externas e vantagens internas. Os benefícios externos da rapidez de resposta são operações que aumentam a velocidade de resposta ao consumidor, ou seja, diminuem o tempo de entrega do produto ou serviço. Já os benefícios internos são vários, como pode-se observar a seguir: 1. Redução das atividades em base especulativa com a redução de tempo no fluxo das operações; 2. Permite melhores previsões, pois os eventos futuros mais próximos são mais fáceis de serem previstos; 3. Redução de estoques tanto de processo, como de matérias primas e de produto acabado, proporcionando ainda economia de espaço; 4. Redução de custos com a diminuição das despesas indiretas e dos estoques; 5. Exposição de problemas, pois os gargalos e elos fracos da cadeia são expostos e devem ser melhorados; 6. Confiabilidade com relação aos prazos de entrega e à qualidade fornecida; 7. Disponibilidade de tempo, uma vez que a empresa pode utilizar o tempo ganho de outra forma, por exemplo em planejamento; 8. Aumento da competitividade da empresa no seu mercado de atuação; e 46 9. Aumento da flexibilidade de suas operações (produtivas, compras, distribuição e vendas). Segundo Junior (1989), tempo de operação é o tempo necessário para executar uma operação de acordo com um método estabelecido, em condições determinadas, por um operador apto e treinado, possuindo uma habilidade média, trabalhando com esforço médio, durante todas as horas do serviço. Hronec (1994) diz que o tempo é uma função de velocidade da organização, e que com rapidez consegue reagir as influências externas ou responder aos pedidos do cliente e que o tempo mede a “excelência” do processo. Hronec (1994) afirma que os indicadores de tempo podem ser quantificados principalmente pela excelência gerada pela administração do projeto. Portanto relacionam-se tempo aplicado aos processos de desenvolvimento de produto de projetos e de produção. O indicador especificamente de tempo mensura a velocidade dos eventos por um determinado processo; sendo assim, esse indicador mostra-se um dos mais importantes na determinação do desempenho de uma organização. 2.12.3 Custo Segundo Stefano et al. (2015), as informações a respeito dos custos passaram a ser cada vez mais relevantes para apoiar e fundamentar o processo de tomada de decisão. A necessidade de registrar as informações sobre as transações comerciais tem existido sempre que as pessoas se utilizam do sistema de trocas. Conforme Vieira, Maciel e Ribas (2009) as organizações mostram-se cada vez mais interessadas em realmente aprofundar o seu conhecimento na área de custos, ou seja, como classificá-los, que influência os elementos de custos têm sobre cada produto. Stefano et al. (2015) afirma que o progresso tecnológico e a abertura do mercado fizeram com que novos elementos fossem incorporados aos custos, afetando a sua apuração e tornando-a mais complexa, significando que na atualidade os sistemas de custos tradicionais não são tão eficazes para os gerentes tomarem suas 47 decisões, pois proporcionam informações estáticas, as quais servem mais para análises financeiras do que para decisões estratégicas da organização. Segundo Leone (2000), o custo é dividido em duas categorias o custo fixo e a variável, e com a junção das categorias temos o custo fixo onde os mesmos podem ser custos diretos ou indiretos. Bertó e Beulke (2006) afirmam que a principal característica do custo fixo é mantê- los inalterados com o volume de atividades, levando em consideração os limites de capacidade, ou seja, em relação do crescimento ou retração do volume de negócios dentro desses limites eles não se modificam como por exemplo de contas pagas todos meses pela empresa. Segundo Leone (2000), os custos variáveis são os custos que, em bases unitárias possuem um valor que não se altera quando mudam as quantidades produzidas, porém, cujo valor total é diretamente proporcional à quantidade produzida. Como por exemplo. custo de matérias-primas que pode alterar conforme o mercado da mesma Conforme Schier (2004) diretos são os custos suscetíveis de serem identificados com os bens ou serviços produzidos, ou seja, têm parcelas definidas atribuídas a cada unidade de produto (ou lote de produtos) produzido. Exemplo: mão-de-obra direta e os custos indiretos são todos os outros custos que dependem da adoção de algum critério de rateio para sua atribuição a cada unidade ou lote produzido. Hronec (1994) afirma que os custos são medidas financeiras de desempenho e que essa é uma medida focada para a “excelência” do lado econômico do processo. Conforme Hronec (1994) a quantificação dos indicadores de custo é principalmente na visão de diversos interessados no processo onde podem incluir acionistas e a administração da gestão. Procurando uma boa gestão em qualquer que seja a área da administração, a utilização de um sistema de custos se torna útil ao avaliar o desempenho. Segundo Silva et al. (2007, p.73), “deve estabelecer os padrões de eficiência e verificar, ao longo do tempo, se esses padrões são mantidos, mediante uma vigilância constante sobre os custos, despesas e suas apropriações aos serviços”. 48 Contudo, os indicadores de custo se relacionam com os indicadores de qualidade para obter a métrica de valor para o cliente, ainda se relacionar o custo com o tempo pode-se obter a eficiência de gestão da organização, ressalta-se que o indicador de custo é muito importante para o desempenho e mensuração econômica financeira das empresas. 2.12.4 Valor
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