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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE MATO GROSSO CAMPUS VÁRZEA GRANDE Componente Curricular: História II Docente: Igor Antônio Marques Paiva Discente: Emanuel Dominic de Paula Oliveira – 4º Logística Fichamento do Capítulo 13 “A obsolescência das tarefas domésticas se aproxima: uma perspectiva da classe trabalhadora” do livro “Mulheres, raça e classe” por Angela Davis. *escritos em vermelho são adições de autoria, pensamento e opinião do discente e não foram diretamente coletadas do livro. Pág. 225 – Apresentação da problemática, os trabalhos domésticos são quase que exclusivamente femininos, consomem muito tempo da mulher, não são socialmente valorizados. Pág. 226 – O problema não acaba no trabalho sendo dividido com o homem, o problema está na natureza do trabalho sendo não criativo, não produtivo e nem estimulante. O trabalho doméstico é realizado de forma rústica e primitiva por falta de industrialização e automação desses processos, que podiam ser feitos e incentivados por meio de políticas públicas, mas não é um processo lucrativo para o capitalismo, dessa forma, não é incentivado. Pág. 227 – Apresentação da ideia de que o fato de o trabalho doméstico ser predominantemente feminino faz parte de uma construção social (patriarcado), cita que em sociedades ancestrais homens caçavam animais enquanto mulheres colhiam frutas e vegetais, de forma complementar e não hierárquica. Exemplifica que as mulheres Masai (povo que vive no Quênia e no norte da Tanzânia) tem o trabalho doméstico completo, inclusive na construção e movimentação dos materiais da casa, visto que é um povo nômade. Pág. 228 – O livro observa que na sociedade Masai o trabalho possui caráter complementar e não hierárquico. Também disserta sobre a evolução do trabalho doméstico na América do Norte, desde o período colonial até o pré-industrial, alertando ao fato de que donas de casa nessa sociedade se preocupavam muito mais com atividades hoje industrializadas (tear, produzir sabão, manteiga, pão, etc) do que com atividades de limpeza que eram feitas mensalmente e as vezes até em uma estação específica. Pág. 229 – O livro reforça que trabalhos que futuramente seriam industrializados era feitos pelas mulheres, elas eram médicas, enfermeiras, parteiras e serralheiras. No início da industrialização têxtil, como era um trabalho tradicionalmente feminino, as mulheres foram pioneiras na indústria, porém com o passar do tempo, foram excluídas da produção industrial. Pág. 230 – Também foram prejudicadas em razão de que os trabalhos que antes eram considerados domésticos haviam sido industrializados, desvalorizando o trabalho doméstico, deixando-o sem papel econômico significativo. Isso fez com que socialmente o trabalho doméstico fosse visto como inferior, em comparação com a atividade capitalista assalariada. Pág. 231 – Essa desvalorização fez com que a mulher fosse muito explorada, com salários inferiores aos dos homens colegas de fábrica, eram vistas como alienígenas num ambiente de homens. Charlotte Perkins Gilman propôs uma definição de trabalho doméstico: “grau inicial de todo tipo de trabalho, todo tipo de atividade industrial já foi um dia doméstica, realizadas no interesse da família.” Pág. 232 – O livro observa que a economia do lar não se desenvolveu como os outros setores e isso prejudicou ainda mais as mulheres, que não estavam no centro do progresso humano. Também observa que mulheres brancas do Nordeste sofriam com a submissão ao companheiro enquanto mulheres negras do Sul não tinham esse tom de submissão visto que eram escravizadas junto a seus companheiros na fábrica e precisavam ser fortes em razão de sua comunidade. Pág. 233 – Essa força as prejudicou em razão de que sofriam com uma jornada dupla, nas fábricas e em casa, trabalhando até não poder mais. Pág. 234 – O livro dispõe da solução: o cuidado da criança deve ser socializado (creches), o preparo das refeições deve ser socializado (restaurantes), as tarefas domésticas devem ser industrializadas e todos esses serviços devem ser acessíveis à classe trabalhadora. Pág. 235 – É apresentada uma nova solução que será trabalhada no livro, a falta de valorização do trabalho doméstico devido a não remuneração dele, é citado o movimento pela Remuneração das Tarefas Domésticas que surgiu na Itália em 1974. Pág. 236 – “A dona de casa pensa que os beneficiários do seu serviço são seu marido e filhos quando na verdade são o empregador do seu marido e os futuros empregadores de suas crianças”, dessa forma é defendido que o trabalho doméstico é essencial e produtivo para o sistema capitalista e por isso deve ser remunerado. Pág. 237 – A Revolução Industrial separou a economia doméstica da economia pública, mas a verdade é que o empregador não se importa com a forma em que a mão de obra está sendo mantida, apenas com o lucro. Pág. 238 – O livro relata que no Apartheid as mulheres negras desempregadas eram banidas das áreas brancas (87% do território), eram vistas como supérfluas e responsáveis apenas pela manutenção da mão de obra escrava (procriação). Pág. 239 – O livro observa que essa repressão à mulher na forma de governo da África do Sul demonstra que o trabalho doméstico não é tão necessário para o sistema capitalista e observa também que a remuneração do trabalho doméstico não solucionaria o problema, argumentando uma frase de Lenin: “as insignificantes e mesquinhas tarefas domésticas esmagam, estrangulam, embrutecem e humilham [a mulher], aprisionam-na à cozinha e ao quarto das crianças e desperdiçam seu trabalho em uma lida brutalmente improdutiva, insignificante, exasperante, embrutecedora e esmagadora”. Seria como legitimar a escravidão doméstica. Pág. 240 – O que o Movimento pela Remuneração Doméstica realmente quer a longo prazo é emprego e creches acessíveis para todos, que enquanto empregos com salários adequados não fossem criados, houvesse o seguro-desemprego. A remuneração doméstica não pode compensar trabalhos análogos a escravidão. Pág. 241 – O livro apresenta dados que mostram que em sua maioria na América do Norte, mulheres negras fazem trabalhos domésticos remunerados fora de suas casas (3 a cada 5 em 1920) e mostra que em 1981 13% das mulheres negras fazem serviços administrativos. Também faz uma citação ao fato de que mulheres negras contratadas como domésticas em casas de famílias brancas por muitas vezes se dedicavam mais aos filhos dos outros do que aos próprios filhos (Fato demonstrado no filme “Histórias Cruzadas” de Tate Taylor) Pág. 242 – O livro trabalha com a ideia de que o Movimento pela Remuneração das Tarefas Domésticas desencoraja as mulheres a buscar emprego fora de casa, argumentando que “a escravidão na linha de fábrica não é diferente da escravidão na pia da cozinha”, líderes do movimento negam argumentando que o objetivo é demonstrar ao sistema capitalista que o trabalho da mulher importa e que é necessária mais tecnologia acessível no trabalho doméstico para libertar as mulheres desse fardo. Pág. 243 – Começa um debate sobre a greve das donas de casa, para onde elas iriam? Para as fábricas? Para as ruas? Elas deveriam ir para as ruas para enfrentar o verdadeiro inimigo, o sistema capitalista monopolista. Pág. 244 – Em entrevista para o livro “A sociologia das tarefas domésticas” por Ann Oakley as mulheres que disseram estar satisfeitas, ao longo de sua fala demonstravam estar entediadas e cansadas. Fato observado pela autora é que o serviço doméstico quando feito integralmente causa danos psicológicos nas mulheres, que são assombradas pelo sentimento de inferioridade e insatisfação com a própria vida. Pág. 245 – Elas ficariam felizes em serem pagas por aquilo que as deixa loucas? Cadeias de fast food estão explorando o fato de que mulheres trabalhando são menos refeições preparadas em casa diariamente, por mais não saudável que seja a comida, essasempresas são prova da cada vez mais próxima obsolescência da dona de casa. É verdade que “cadeias de produção” não são a “libertação da pia da cozinha”, mas são um poderoso incentivo para que mulheres pressionem pela eliminação da escravidão sexista do trabalho doméstico. Pág. 246 – A abolição das tarefas domésticas como responsabilidade feminina é um grande passo para a libertação feminina e creches, restaurantes, a automação e a socialização do trabalho doméstico tem grande poder revolucionário na luta pelo socialismo, colocando em dúvida a validade do capitalismo monopolista.