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Avaliação Sociologia Jurídica 2020.1.2

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AVALIAÇÃO II – INTRO. À SOCIOLOGIA JURÍDICA 
 
 
 
1) A partir da leitura da sentença que foi anexada ao sistema Ágata, em que consta 
como réu Klayner Renan, responda o que se segue: 
 
a) Quando às fls 04 da decisão diz a juíza que: “Vale anotar que o réu não possui o 
estereótipo padrão de bandido, possui pele, olhos e cabelos claros, não estando sujeito 
a ser facilmente confundido”, é possível relacionar com o conceito de racismo estrutural 
de Silvio Almeida? E com o conceito de racismo Institucional do mesmo autor? E o de 
racismo individual? Responda fundamentadamente. (máximo 40 linhas – 3,5 pontos) 
 
R- Silvio Almeida em sua obra intitulada de “Racismo Estrutural” faz uma análise sobre 
os conceitos estereotipados sobre a população negra e discorre acerca de como racismo 
se apresenta nas sociedades. Nesta perspectiva, o autor faz uma espécie de diferenciação 
do termo racismo e o submete em uma apreciação sob o prisma institucional, estrutural 
e individual. Acerca do Racismo institucional, Almeida elucida que: “A principal tese 
dos que afirmam a existência do racismo institucional é que os conflitos raciais também 
são parte das instituições. Assim a desigualdade racial é uma característica da sociedade 
não por causa da ação isolada de grupos ou de indivíduos racistas, mas 
fundamentalmente porque as instituições são hegemonizadas por determinados grupos 
raciais que utilizam mecanismos institucionais para impor seus interesses políticos e 
econômicos. Neste sentido, o domínio de homens brancos em instituições públicas e 
privadas como: o legislativo, o judiciário, reitorias de universidades, diretoria de 
empresas, dentre outros cargos dependem da existência de regulamentos que de maneira 
indireta ou direta dificultam a ascensão de negros/mulheres e a outra problemática seria 
o espaço para debates relacionados à desigualdade racial e de gênero. Em outras 
palavras, o sistema organizacional branco cria empecilhos para que negros e mulheres 
não consigam equidade de direitos e muito menos está aberto para se discutir a 
existência dessas disparidades, porque isto representa uma “ameaça” a preservação de 
seu poder e o controle sob este grupo. “O racismo institucional é menos evidente, muito 
mais sutil, menos identificável em termos de indivíduos específicos que cometam os 
atos, porém não menos destrutivo a vida humana”. Reitera o autor. E o Sistema jurídico 
é o principal agente na manutenção dessas desigualdades, visto ao invés de asseverar 
direitos igualitários para todos, promove ainda mais estas distinções a prova disso é a 
Seletividade penal brasileira, que faz uma caricatura daqueles que devem ser 
penalizados, (NEGROS, POBRES, FAVELADOS á margem social). Entende-se por 
racismo estrutural, aquele que é parte de um processo social que ocorre “pelas costas 
dos indivíduos e lhes parecem um legado da tradição”. Assim além de medidas que 
coíbam o racismo individualmente e institucionalmente, torna-se imperativo refletir 
sobre mudanças profundas no seio da sociedade no que tange as relações sociais, 
políticas, econômicas e jurídicas. Ademais o termo “estrutura” não indica que o mesmo 
não possa ser contornado. Ao sopesar a decisão referida ao réu Klayner Renan, a juíza 
proferiu uma narrativa extremamente racista, provando que o racismo é tão naturalizado 
no âmbito institucional e estrutural, que a própria utilizou palavras ofensivas para 
distinguir o perfil do réu (branco, cabelos e olhos claros) ao de um bandido 
“corriqueiro” (negro) e que Renan não seria confundido. Desse modo ela reforça a 
rotulação do negro como um marginal. Portanto na minha concepção é possível 
correlacionar sim com os conceitos de Silvio Almeida sobre racismo estrutural, 
individual (pelo fato das destinações das ofensas, ela como cidadã foi racista) e 
principalmente institucional, por se tratar de uma magistrada, membro de uma 
instituição pública que tem o dever de assegurar a aniquilação de discursos racistas e 
não utilizá-los como argumentos. 
 
 
b) Ainda em relação à mesma decisão, nesse mesmo trecho, é possível relacionar com 
alguma das críticas da perspectiva conflitiva de análise do sistema penal? Responda 
fundamentadamente (máximo 30 linhas – 2,0) 
 
R- Sim, é possível. A abordagem conflitiva, além de criticar diversos pontos do sistema 
penal, tem como principal objetivo desconstruir as verdades e as afirmações feitas pelo 
sistema penal, alegando que boa parte do que é retratado pelo sistema penal é uma 
mentira ou farsa. Ademais esta abordagem diferencia as funções declaradas, que é o que 
está prescrito na lei, das funções latentes, que é o que não está dito na lei , mas está 
presente na prática. Dentre os preceitos dessa abordagem podemos citar: A 
ilegitimidade do poder punitivo ( Este é dotado de caráter higienista – uma vertente do 
Direito Penal que funciona como limpeza/dedetização social, funcionando de maneira 
deficitária para as situações que o ladrão não é socialmente caracterizado, como é o caso 
do discurso proferido pela juíza ao descrever o perfil do réu Klayner Renan); A 
culpabilidade pessoal (A abordagem conflitiva acredita que a culpabilidade deve ser 
também analisada de forma social – necessidade de considerar aspectos sociais como 
fatores influentes nos crimes e não apenas individual) E principalmente a Seletividade 
Penal (Quando se escolhe politicamente o seu âmbito de tutela, o Estado já seleciona 
intencionalmente quem irá compor sua “clientela”, quem serão seus criminosos. Este 
“perfil” pode ser reparado no sistema brasileiro, onde a maioria dos detentos são jovens 
de 18 a 24 anos, negros e de baixa renda e escolaridade. 
 
 
2) Leia o trecho da reportagem e responda. 
 
Quem são os coletes amarelos, grupo que incomoda políticos há 5 meses na França 
 
Nesta semana, completaram-se cinco meses de manifestações dos chamados “coletes 
amarelos” na França. Apesar de darem sinais de enfraquecimento, os protestos que 
ocorrem por toda o país europeus ainda incomodam os governantes e alteraram a 
maneira como o país, que é famoso por seu histórico de movimentos sociais, lida com 
seus manifestantes. O movimento dos coletes amarelos nasceu oficialmente no dia 17 
de novembro de 2018, quando, segundo o Ministério do Interior da França, 288 mil 
pessoas foram às ruas de Paris e de diversas outras cidades francesas para protestar 
contra o aumento da taxa sobre o combustível, que havia sido anunciada pelo governo 
nacional. Hoje, esse movimento já é o mais longo da França desde a Segunda Guerra 
Mundial. Desde novembro, todo sábado um novo protesto acontece tanto em Paris, onde 
eles ganham mais notoriedade, quanto em cidades do interior da França . No 
vocabulário dos manifestantes e da imprensa francesa, as manifestações são chamadas 
de “atos”, como no teatro, e vêm sempre acompanhadas de um número romano, 
indicando há quantas semanas eles já ocorrem. No próximo sábado, por exemplo, deve 
acontecer o “Ato XXIII”. O nome do movimento vem de seu objetivo inicial. Os coletes 
amarelos são usados como equipamento de segurança pelos motoristas em caso de 
acidente ou pane no veículo, e são peça obrigatória em todo carro francês. O coletes 
amarelos foram apropriados pelos condutores que questionavam os novos preços e 
usados como símbolo do movimento. O aumento da taxa indignou pessoas que já 
vinham acumulando insatisfações. A medida era justificada pelo governo como uma 
transição para uma alternativa menos poluente. Seria uma forma de incentivar as 
pessoas a trocarem os carros tradicionais por elétricos ou a deixarem os veículos em 
casa, passando a usar mais o transporte público. A população, no entanto, questiona a 
falta de políticas públicas que incentivem a mudança, uma vez os carros elétricos 
custam caro e quem mora em zonas mais afastadas dos grandes centros têm acesso 
limitado – ou não têm acesso nenhum – a transporte público.Em um país onde protestos 
fazem parte da rotina diária dos cidadãos, o movimento dos coletes amarelos se destaca 
por não estar ligado a nenhuma das lideranças tradicionais. Os manifestantes reafirmam 
que não há lideranças ou inclinações partidárias. Priscillia, por exemplo, recusa o rótulo 
de porta-voz. Ela afirma que apenas ganhou notoriedade por conta das inúmeras 
entrevistas que concedeu, mas continua sendo uma manifestante como todos os outros. 
O professor de geopolítica Antônio Gelis Filho, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) de 
São Paulo, explica que as lideranças francesas tradicionais não têm mais a mesma força. 
Segundo ele, os países europeus estão perdendo trabalho industrial, o que faz com que 
os sindicatos tenham cada vez menos poder de barganha. “Os mecanismos habituais 
para negociação de insatisfações sociais não dão mais conta”, diz. O professor da 
FGV explica que, mesmo no começo, a pauta não era tão delimitada. Atualmente, ele 
divide os manifestantes em três grandes grupos. O primeiro se pauta em uma 
reclamação de ordem econômica, questionando aumentos de impostos, diminuição de 
postos de trabalho, entre outros. O segundo grupo, por sua vez, se apoia em uma 
insatisfação mais generalizada com o Estado, que vem da ideia de abandono de regiões 
periféricas e rurais. Neste grupo, há quem peça a renúncia de Macron . Já o terceiro 
bloco é composto de pessoas que protestam com base em reclamações de ordem 
comportamental, o que pode significar questionamentos sobre o que se ensina nas 
escolas ou críticas a relações racistas, entre outros tantos assuntos. 
Fonte: Último Segundo - iG @ https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2019-04-
18/quem-sao-os-coletes-amarelos-grupo-que-incomoda-politicos-ha-5-meses-na-
franca.html 
a) Podemos considerar os Coletes Amarelos um movimento social ? Fundamente 
sua resposta a partir das características dos movimentos sociais. 
R- Na concepção do sociólogo francês Alain Touraine, movimentos sociais podem ser 
definidos como: “ Ações coletivas protagonizadas por sujeitos históricos que procuram 
viabilizar acordos políticos”. Estas ações resultantes em movimentos sociais surgem 
em defesa ou promoção, no âmbito das relações de classes, de certos objetivos ou 
interesses tanto de transformação, como de preservação da ordem estabelecida na 
sociedade. Os movimentos sociais são caracterizados por: Assumir uma Identidade (No 
caso dos coletes amarelos, o próprio nome faz uma alusão ao problema em questão- o 
acessório é fundamental para conduzir veículos na França); Fazer oposição/não-
institucionalização (ao sistema vigente); Além de possuir regras para ação e 
planejamento (Como deverá proceder as manifestações, onde serão e quando ocorrerão). 
Nesse ensejo para que um movimento social exista e, seja organizado, é fundamental 
que ele tenha uma ideologia, ou seja, que exista uma definição de quais são as causas 
https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2018-12-03/coletes-amarelos-macron-renuncia.html
https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2019-04-18/quem-sao-os-coletes-amarelos-grupo-que-incomoda-politicos-ha-5-meses-na-franca.html
https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2019-04-18/quem-sao-os-coletes-amarelos-grupo-que-incomoda-politicos-ha-5-meses-na-franca.html
https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2019-04-18/quem-sao-os-coletes-amarelos-grupo-que-incomoda-politicos-ha-5-meses-na-franca.html
https://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2019-04-18/quem-sao-os-coletes-amarelos-grupo-que-incomoda-politicos-ha-5-meses-na-franca.html
defendidas e quais são os objetivos a serem alcançados. Portanto o movimento dos 
coletes amarelos pode ser considerado um movimento social pois, possuem causas 
relevantes (solicitação nas reduções dos impostos sobre combustíveis, a reintrodução do 
imposto sobre fortunas, o aumento do salário mínimo, assim como, políticas de 
melhoria da democracia representativa, mais precisamente, o Referendo de Iniciativa 
Cidadã, além do impeachment do Presidente francês, Emmanuel Macron). Pode ser 
caracterizado como um movimento de classe, político e reivindicatório. 
b) O movimento dos Coletes Amarelos adequa-se aos elementos apontados por 
Manuel Castells como típicos dos movimentos do sec. XXI? Fundamente a sua 
resposta apontando trechos da reportagem que lhe levaram à conclusão. 
R- Manuel Castells, refere-se ao movimento social urbano como um sistema de práticas 
que resulta da articulação de uma conjuntura definida, ao mesmo tempo, pela inserção 
dos agentes suportes, tanto da estrutura urbana, como da estrutura social, de modo que 
seu desenvolvimento tende, objetivamente, para a transformação estrutural do sistema 
urbano ou para uma modificação substancial da correlação de forças na luta de classes, 
ou seja, em última instância, do poder do Estado.O movimento coletes amarelos 
apresenta elementos apontados por Manuel Castells como típicos dos movimentos do 
sec. XXI são eles: A conexão por redes de múltiplas formas (O movimento surgiu 
inicialmente com a insatisfação nas redes e ganhou notoriedade); Foram 
simultaneamente locais e globais (Começaram na capital francesa e nas cidades 
pequenas e depois ganharam forma em outros países); São virais (Capacidade rápida 
para se difundir); A horizontalidade das redes favorece cooperação e solidariedade 
reduzindo a necessidade de liderança formal (Como se pode ilustrar nesse trecho: “O 
movimento dos coletes amarelos se destaca por não estar ligado a nenhuma das 
lideranças tradicionais. Os manifestantes reafirmam que não há lideranças ou 
inclinações partidárias. Priscillia, por exemplo, recusa o rótulo de porta-voz.” Não são 
violentos (No entanto houve uma drástica repressão policial ao movimento); 
Apresentam Fragmentariedade (“O primeiro se pauta em uma reclamação de ordem 
econômica, questionando aumentos de impostos, diminuição de postos de trabalho, 
entre outros. O segundo grupo, por sua vez, se apoia em uma insatisfação mais 
generalizada com o Estado, que vem da ideia de abandono de regiões periféricas e 
rurais”). e são essencialmente políticos. 
c) É possível traçar um paralelo entre os Coletes Amarelos e o que aconteceu no 
Brasil em junho de 2013? Fundamente sua resposta (1,5 – para cada item – 
máximo 20 linhas) 
R- “Junho de 2013”, também chamado de “Manifestações dos 20 centavos” ou 
“Jornadas de Junho” expressou uma resistência às formas de mercantilização do 
trabalho e das terras urbanas manifestada por um desejo de mais democracia e 
investimentos públicos. A mobilização, iniciada como um protesto contra o aumento da 
tarifa dos ônibus que passaria de R$ 2,80 para 
R$ 3, cresceu proporcionalmente à 
violência empregada pela Polícia Militar de São Paulo contra os manifestantes. Logo, as 
ruas foram ocupadas por conta de demandas diversas: habitação, saúde, transporte e 
educação. Assim, o que começou como um pedido por mais investimentos na área 
pública resultou em mais recursos para a área privada. Por outro lado, enfraqueceu 
partidos tradicionais, como PT e PSDB, e abriu espaço para os movimentos sociais. 
Podemos traçar algumas semelhanças com o movimento dos Coletes Amarelos ocorrido 
na França dentre elas é cabível citar que: Ambos surgiram de uma insatisfação 
específica – do aumento de um produto (combustível - coletes amarelos) ou serviço 
(tarifa dos ônibus - Junho de 2013); Ganharam proporções em várias regiões dos país; 
Presença de reivindicações diversas das mais variadas classes sociais contra o governo; 
Foram duramente reprimidos pelo poder policial e possuíam caráter político.

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