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Psicologia Como Ciência do Comportamento

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Psicologia Como Ciência do Comportamento
iNTRODUÇÃO
A história da Psicologia como Ciência do Comportamento iniciou-se com a busca por métodos que colaborassem para a compreensão das relações humanas. Nesse contexto, surgiram teóricos importantes como Edward B. Titchener (1867-1927), William James (1842-1910), Edward L. Thorndike (1874-1949), Ivan P. Pavlov (1849-1936), John B. Watson (1878-1958), Edward C. Tolman (1886-1959) e Burrhus F. Skinner (1904-1990).
É sobre as propostas de cada um dos teóricos citados e os métodos utilizados para a definição da Psicologia Científica que conversaremos nestes três módulos. Iniciaremos as discussões com o Estruturalismo proposto por Titchener e a maneira como ele trouxe aspectos empiristas para o estudo de elementos da consciência; depois, definiremos as influências das correntes funcionalista e empirista para a construção da Ciência do Comportamento, destacando os teóricos Thorndike, Pavlov e Watson como precursores da filosofia behaviorista (também conhecida como comportamentalista), classificada mais tarde por Behaviorismo Clássico.
Para nos aproximarmos de questões contemporâneas na Ciência Comportamental, discutiremos o desenvolvimento da filosofia behaviorista até a proposição da classificação Radical (aqui, os teóricos Tolman e, especialmente, Skinner ganharão destaque!). É no Behaviorismo Radical que identificaremos os principais conceitos referentes à Psicologia como Ciência do Comportamento.
MÓDULO 1
Identificar as principais características referentes à corrente estruturalista proposta por Titchener, bem como as contribuições à Psicologia Científica do funcionalismo e pragmatismo
O CONTEXTO DE SURGIMENTO DA PSICOLOGIA
Para iniciarmos nossa jornada pela Ciência do Comportamento, é importante afirmar que a psicologia existia antes da Psicologia. A preocupação em se entender a psique humana e a sua relação com as ações cotidianas sempre esteve presente na própria compreensão da humanidade sobre si mesma. Em outras palavras: no princípio era a filosofia. No princípio era a especulação. Como um psicólogo, o filósofo especulava “voltado para dentro” e em torno de si mesmo. De suas experiências. De seu modo de se perceber e de perceber os outros. Contudo, não se pode dizer que a introspecção então existisse como método da Psicologia, pelo menos até René Descartes (1596-1650).
Com Descartes, a introspecção assumiu um papel definido como método da Psicologia. O dualismo cartesiano admitia a existência do corpo e da alma na composição do homem. O corpo seria semelhante a uma máquina, submetendo-se assim às leis da mecânica, devendo ser estudado pelo método das Ciências Naturais. Enquanto a alma não poderia ser regida por leis determinísticas e deveria ser estudada pela introspecção. A hipótese de a introspecção ser o método psicológico por excelência foi reforçada pela “Nova Psicologia”, a partir de Wilhelm Wundt (ROSAS, 2010, p. 42).
Assim, o final do século XIX contemplou aspectos importantes para o desenvolvimento de uma Psicologia Científica. Teóricos como Wilhelm Wundt iniciavam, em 1879, o primeiro Laboratório de Psicologia Experimental na Universidade de Leipzig, na Alemanha. Nos Estados Unidos, universidades também inauguravam departamentos voltados a pesquisas e estudos em Psicologia (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002).
Aos poucos, a Psicologia vai se distanciando das discussões filosóficas e passa a ser foco de pesquisadores que buscam definir o seu objeto de estudo e métodos de produção de conhecimento. Entre estes pesquisadores, está Edward B. Titchener.
TITCHENER E O ESTRUTURALISMO
Nascido na Inglaterra, Edward Bradford Titchener é reconhecido pela capacidade intelectual e dedicação aos estudos. Foi responsável pela direção de laboratórios de Psicologia nos Estados Unidos, país em que propagou o Estruturalismo como a primeira escola americana de pensamento neste campo. Titchener é considerado “seguidor” de Wilhelm Wundt e responsável pela tradução de diferentes livros escritos pelo teórico (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002), embora tenha desenvolvido sua própria concepção da Psicologia, que ainda buscava definir-se como ciência naquele período.
Wundt havia definido como meta da Psicologia a descoberta de leis universais da vida psíquica, ainda que através das suas mais variadas manifestações. Para isso, buscava no método analítico um meio para alcançar seu objetivo. Já em Titchener aparecem as primeiras divergências, tanto no que se refere ao método que a Psicologia deveria adotar quanto ao objeto de estudo.
Para o psicólogo estruturalista britânico, é a introspecção que possibilitará estudar os elementos da consciência; o que se caracteriza no próprio objetivo da Psicologia. E tudo que não puder ser relacionado, ou identificado, às estruturas da consciência estará fora como campo desta ciência nascente: a Psicologia.
A EXPERIÊNCIA CONSCIENTE COMO OBJETO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA
A vida: a Esperança, o Amor, a Saudade, por António Carneiro (1899).
Titchener defendia a experiência consciente como objeto de estudo da ciência psicológica. Para ele, a nossa experiência consciente depende das vivências e observações às quais a expomos. Para entendermos com mais facilidade a proposta de Titchener, atente para o exemplo a seguir:
EXEMPLO
Suponha que o ambiente em que você está estudando neste momento esteja com a temperatura de 18 graus. Você começa a sentir frio e pensa em desligar o ar-condicionado. Então, decide ir até a varanda para descansar um pouquinho dos estudos. Quer você esteja neste ambiente ou não, se permanecer fora dele por pouco tempo, a temperatura permanecerá basicamente a mesma. Mas, em contrapartida, a sua percepção sobre a temperatura poderá se alterar. Imagine que, ao retornar ao ambiente de estudos, você o “perceba” como fresco e confortável. Ou seja, as sensações com relação à temperatura foram modificadas em função das suas experiências e percepções. Essas experiências e percepções comporiam, portanto, a experiência consciente defendida como objeto de estudo da Psicologia, por Titchener.
Titchener se interessou em estudar a estrutura que comporia a consciência, enfocando os estados elementares desta: compreender a experiência consciente considerando as “partes” do sistema. No Estruturalismo, a consciência é o resultado das experiências vivenciadas pelo indivíduo em um dado momento da sua vida; já a mente é a somatória das experiências ao longo de sua vida.
A INTROSPECÇÃO COMO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO DA EXPERIÊNCIA CONSCIENTE
Para que fosse possível o estudo da experiência consciente, Titchener destacou o método da introspecção experimental sistemática (também utilizado por outros teóricos da época). A introspecção envolveria a auto-observação dos participantes da pesquisa acerca das suas experiências conscientes, a partir de um pré-treino realizado pelos pesquisadores com o objetivo de ensinar os indivíduos a descreverem a experiência em si.
Simulação da introspecção utilizada por Titchener
ERRO DE ESTÍMULO
Titchener chama de “erro de estímulo” a confusão entre o processo psíquico a ser observado e o estímulo apresentado no experimento, gerando relatos e resultados que não correspondem à experiência psicológica. Segundo Titchener, o erro de estímulo representa também uma confusão entre as perspectivas científica e do senso comum e é responsável por muitos dos resultados experimentais discordantes (MARCELLOS, 2012, p. 54).
RETROSPECTO
Nós podemos comparar a consciência, sobre a qual o estímulo trabalha, a um lacre de cera para cartas, e o estímulo ao carimbo que será impresso sobre ele. A atenção prepara a mente para a recepção de uma impressão, como o aquecimento da cera a prepara para o carimbo; e quanto mais atentos estivermos ao estímulo, mais profunda será a impressão que ele deixa sobre nós. Uma vez deixada a impressão, a cera endurece: podemos nos recordar da sensação, investigá-la, traçar o caminho que seguiu etc., assim como podemos segurar o lacre de cera endurecida contra a luz, notar o padrão, as falhas na cera etc., de uma forma que éimpossível durante a fase em que ela está derretida, quando o carimbo produz seu maior efeito (TITCHENER, 1896, p. 38).
OS ESTADOS ELEMENTARES DA CONSCIÊNCIA
Titchener, pelo menos a princípio, e como a maioria dos pesquisadores de sua época, acreditava que cada psicólogo nomeava os elementos que compunham a vida psíquica dos sujeitos, a partir de suas próprias investigações. Porém, na tentativa de superar tamanha diversidade, passa a afirmar que dois elementos devem ser reconhecidos na introspecção: as sensações e os afetos (ou estados afetivos). Enquanto o primeiro tem a ver com os elementos básicos da nossa percepção (sons, cheiros, visões etc.), o segundo está relacionado aos elementos presentes nas emoções (como amor, raiva etc.). Anos depois, em uma nova obra, Titchener acrescenta um terceiro elemento: as imagens. E essa estrutura adotará como, efetivamente, os estados elementares da consciência:
SENSAÇÕES SÃO, EVIDENTEMENTE, OS ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS DAS PERCEPÇÕES, DAS VISÕES, DOS SONS E DE EXPERIÊNCIAS SEMELHANTES DECORRENTES DO NOSSO ATUAL ENTORNO. AS IMAGENS SÃO, JUSTAMENTE DA MESMA MANEIRA, OS ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS DAS REPRESENTAÇÕES, DOS QUADROS MENTAIS QUE A MEMÓRIA FORNECE SOBRE O PASSADO E A IMAGINAÇÃO SOBRE A EXPERIÊNCIA FUTURA. [...] POR FIM, OS AFETOS SÃO OS ELEMENTOS CARACTERÍSTICOS DAS EMOÇÕES, DO AMOR E DO ÓDIO, ALEGRIA E TRISTEZA.
(TITCHENER, 1928, p. 48. – Grifo nosso.)
A BUSCA POR UMA PSICOLOGIA CIENTÍFICA
A corrente estruturalista foi também impactada por outras doutrinas da época, como o empirismo e o mecanicismo. Relatórios das pesquisas desenvolvidas por Titchener indicam a menção aos observadores como reagentes às situações observadas, o que sugere aproximação na forma de se perceber o experimento com as Ciências Exatas (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002).
A análise da obra de Titchener indica a tendência em tornar a introspecção um método experimental. O treino dos observadores, por exemplo, constituía-se em elemento fundamental, para que o experimento pudesse ser repetido e ter algumas variáveis isoladas. Titchener buscava contemplar as características necessárias à produção de conhecimento utilizadas pelas Ciências Naturais: como a experimentação, observação e possibilidade de medição.
CRÍTICAS AO ESTRUTURALISMO
O estruturalismo de Titchener trouxe importantes contribuições ao início da Psicologia como ciência. A busca pela padronização de situações experimentais (como o treino dos observadores) está intimamente relacionada ao controle de variáveis em pesquisa. Todavia, assim como suas contribuições centram-se no método de auto-observação, as críticas também estiveram relacionadas a ele. Algumas, bastante duras!
Titchener acreditava estar estabelecendo uma base para a Psicologia, no entanto seus esforços fizeram parte apenas de uma fase da história da disciplina. O Estruturalismo morreu juntamente com Titchener. A definição estruturalista da Psicologia tornara-se alvo de ataques.
No final da vida de Titchener, os estruturalistas haviam excluído várias especialidades do escopo da Psicologia. Titchener não considerava a Psicologia Infantil e a Animal como Psicologia. O seu conceito era tão restrito que não permitia incluir os novos trabalhos e as novas direções exploradas na época. A Psicologia ultrapassava a fronteira de Titchener e com muita rapidez (SCHULTZ; SCHULTZ, 2002, p. 116-118).
WILLIAM JAMES E O FUNCIONALISMO
Assim como o Estruturalismo de Titchener, outras escolas de pensamento foram propostas no desenvolvimento da Psicologia, resultando, mais tarde, nas bases epistemológicas das inúmeras abordagens existentes, entre essas, a Ciência do Comportamento — como o próprio nome mostra, de cunho comportamentalista.
Saiba você que estudar correntes, como o Pragmatismo, colabora para a interface entre teoria e prática, além de favorecer uma atuação contextualizada e ciente das suas bases de conhecimento. Começaremos nossos estudos sobre o Pragmatismo de William James (1842-1910) localizando a posição que o teórico ocupa em diferentes referências sobre o seu trabalho: a de “pai” da Psicologia norte-americana. Ainda que ele não tenha proposto uma abordagem teórica como Freud e Skinner, suas contribuições favoreceram o crescimento da Psicologia Científica nos Estados Unidos.
Assim como muitos dos seus contemporâneos, W. James definiu a consciência como foco de suas análises. Mas é com esse teórico que o estudo da consciência ganhará o status de funcionalidade. Para James, as experiências possibilitadas pela consciência estão sempre se modificando: isso inclui, por exemplo, nossos pensamentos, sentimentos e nossas sensações. O teórico comparou essas mudanças a um rio que segue seu fluxo continuamente. Tais discussões entendem a percepção da consciência como um “processo” (COLLIN, 2012):
Nossa consciência é formada por um por um “fluxo” de pensamentos. 
Esses pensamentos são separados entre si e mudam continuamente. 
“Um” sempre é seguido pelo “outro”. 
De alguma forma, esses pensamentos se unem e temos a percepção de uma consciência unificada. 
Os pensamentos, por sua vez, parecem não existir sem a consciência daquele que os possui. 
LOGO, O PENSAMENTO TENDE A SER INDIVIDUAL!
Para W. James, usamos a consciência para nos adaptarmos ao nosso meio! Sua preocupação na compreensão da consciência, está, justamente, no caráter funcional que ela nos apresenta: nossos pensamentos, nossas emoções e sensações colaboram para a nossa adaptação às situações.
ADAPTAÇÃO ÀS SITUAÇÕES
Os estudos de Charles Darwin influenciaram o surgimento da chamada Psicologia Funcionalista, uma vez que os estudiosos da área, como W. James, estavam interessados na função adaptativa da consciência, e não necessariamente no conteúdo dela.
O PRAGMATISMO E O ESTUDO DA CONSCIÊNCIA
W. James foi responsável por diferentes laboratórios de Psicologia nos EUA; defendia que a melhor forma de se provar ou refutar um conhecimento é testar sua funcionalidade. A tentativa de tornar as contribuições da Psicologia funcionais e práticas para aqueles que as utilizariam constituiu-se em uma das importantes contribuições de James à filosofia pragmatista.
Como corrente filosófica, o Pragmatismo inicia-se antes de James, mais especificamente nos trabalhos do filósofo americano Charles Sanders Peirce (1839-1914). Além de uma teoria, o Pragmatismo é reconhecido também como método de investigação na ciência. O interesse do pragmatista está, como a própria terminologia indica, na funcionalidade daquilo que é investigado (BAUM, 2006).
No Pragmatismo, o conhecimento é pensado em termos de praticidade. Não interessa a verdade em si, mas a função que ela apresentará para as nossas ações. Isso significa que cada um de nós terá “verdades” sobre uma mesma situação, não haverá uma que seja “absoluta”, mas, sim, aquela que funcionará para a nossa adaptação ao meio.
Essa ideia chegou a impactar a compreensão do conhecimento científico como dinâmico e refutável: as “verdades” produzidas pela ciência mudam à medida que não se tornam mais eficientes. É só pensarmos sobre as mudanças, no decorrer do tempo, nos diferentes modelos de tratamento para algumas doenças (COLLIN, 2012).
CONTRIBUIÇÕES DO PRAGMATISMO PARA A CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Ainda que W. James não tenha fundado uma escola tradicionalista na Psicologia, seus estudos impactaram o desenvolvimento de abordagens e estudos da Psicologia Científica. A preocupação em relação à objetividade, função e praticidade dos conhecimentos produzidos pela área colaborou, mais tarde, para o surgimento de correntes em defesa do comportamento objetivo como foco de estudo da Psicologia — e não mais a experiência consciente ou questões possíveis de serem investigadas apenas pela introspecção.
O pragmatismo consiste, em um sentido amplo, em uma teoria da verdade, na medida em que desenvolve procedimentos que visam conduzir as experiências de modo satisfatório, simplificando e economizando trabalho. Trata-se da verdade como instrumental, e não como teoria. É nesse aspecto que, no pragmatismo jamesiano,encontramos as bases para o que, em Psicologia, denominou-se Funcionalismo. Nessa ênfase, destacam-se alguns escritos de James, como Principles of Psychology (1890/1952), um verdadeiro tratado de Psicologia com cerca de 800 páginas (FEIJOO, 2013, p. 842).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. ANALISE A SEGUINTE DESCRIÇÃO DE UM OBSERVADOR ACERCA DE UM OBJETO “CADEIRA” ANALISADO: “OBSERVO UMA CADEIRA”. A PARTIR DAS CONSIDERAÇÕES SOBRE A EXPERIÊNCIA CONSCIENTE DISCUTIDAS NESTE MÓDULO, É POSSÍVEL AFIRMAR QUE:
A descrição apresenta o erro de estímulo, uma vez que o objeto é resumido em sua totalidade, e não com base na experiência consciente do indivíduo, no momento da auto-observação.
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2. A PSICOLOGIA, COM O ESTATUTO DE CIÊNCIA, FOI INFLUENCIADA POR VÁRIAS CORRENTES FILOSÓFICAS, FISIOLÓGICAS. O ESTRUTURALISMO DE TITCHENER FOI UMA DELAS, E AO PRAGMATISMO DE WILLIAM JAMES TAMBÉM. NESSE SENTIDO, AO PROPOR O ESTUDO ACERCA DA FUNCIONALIDADE DA CONSCIÊNCIA, W. JAMES COLABOROU PARA:
A ideia de que não existem “verdades” individuais.
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MÓDULO 2
Reconhecer as proposições teóricas que culminaram no Behaviorismo Clássico de Watson
O “BERÇO” DO BEHAVIORISMO
Como as outras ciências, a Psicologia também iniciou seus estudos com base na Filosofia. Foi apenas no final do século XIX e início do século XX que estudiosos da área passaram a discutir questões como método e objeto de estudo da área.
Correntes como o Estruturalismo (de Titchener) e o Funcionalismo (de W. James) buscaram formas mais científicas para investigar aspectos referentes à consciência como objeto de estudo do campo. Titchener focou no treino dos sujeitos experimentais como meio para controle e padronização do método introspectivo; James estudou a função da consciência, priorizando uma produção pragmática do conhecimento.
Com o crescimento de laboratórios e pesquisas em Psicologia, algumas correntes começaram a discordar da introspecção como método investigativo. Entre elas, a Psicologia Objetiva e a Psicologia Comparativa.
PSICOLOGIA OBJETIVA
Para essa corrente, a Psicologia deveria utilizar métodos objetivos na produção de seus conhecimentos. Isso fez com que psicólogos insatisfeitos com a introspecção tentassem avaliar processos mentais de forma objetiva. Entre os teóricos que influenciaram a Psicologia Objetiva, está Ivan P. Pavlov (1849-1936). Ele descobriu um processo de aprendizagem que denominou de Reflexo Condicionado (BAUM, 2006).
Ao estudar o reflexo inato de salivação e enzimas presentes nos sucos digestivos diante de alimentos, Pavlov identificou que tal reflexo também aparecia diante de outras situações relacionadas à primeira. Como assim? Imagine que, ao visualizar um alimento, um cão salive e produza sucos digestivos em seu estômago. A relação entre as respostas do cão e o alimento foi chamada por Pavlov de Reflexo Incondicional (ou inato), uma vez que os organismos nascem com essa resposta em função do valor de sobrevivência que ela representa.
O estudo continua com a apresentação de um estímulo ao cão, como um som ou uma luz, imediatamente antes da apresentação do alimento. Repetindo esse pareamento por algumas vezes, o cão passará a salivar e a produzir sucos gástricos já na presença do som ou da luz. Ocorre então uma nova aprendizagem: a do Reflexo Condicionado.
Os resultados obtidos por nós condizem inteiramente com nosso pensamento fisiológico. Os efeitos produzidos pelos estímulos que atuam a distância podem certamente ser denominados e considerados reflexos. Uma observação cuidadosa mostra que, nesse tipo de reflexo, a atividade das glândulas salivares é sempre excitada por certos fenômenos externos — e, como o reflexo salivar fisiológico comum, é causada por estímulos externos. Mas enquanto o último emana da cavidade oral, o primeiro vem dos olhos, olfato etc. A diferença entre os dois reflexos é que nosso velho reflexo fisiológico é constante e incondicionado, enquanto o novo reflexo está permanentemente sujeito à flutuação — sendo, portanto, condicionado.
Examinando os fenômenos mais de perto, podemos ver a seguinte distinção essencial entre os dois reflexos: no reflexo incondicionado, as propriedades da substância atuam como estímulo com o qual a saliva tem que lidar fisiologicamente, por exemplo, dureza, secura, propriedades químicas definidas etc. Nos reflexos condicionados, ao contrário, as propriedades da substância que atuam como estímulo não têm relação direta com o papel fisiológico da saliva, por exemplo, a cor etc. (PAVLOV, 1984, p. 13).
PAVLOV, 1984, P.13
Essas palavras foram pronunciadas por Pavlov, em 1904, durante seu discurso ao receber o Prêmio Nobel de Medicina.
PSICOLOGIA COMPARATIVA
Também insatisfeitos com a introspecção como método da Psicologia, os psicólogos comparativos iniciaram seus experimentos em laboratórios utilizando animais. Influenciados pela Teoria da Evolução, inferiram a possibilidade de estudar os traços mentais de seres humanos a partir de características em animais.
Os psicólogos comparativos foram influenciados pelas discussões propostas pela Teoria da Evolução de Charles Darwin, a qual provocou um distanciamento da visão dos seres humanos como entes divinos ou à parte e estabeleceu as semelhanças compartilhadas entre eles e outras espécies de organismos (BAUM, 2006).
BEHAVIORISMO DE WATSON
Surge, então, John Broadus Watson (1878-1958)! Para estudiosos como Watson, inferir a existência de traços mentais em animais era tão absurdo quanto utilizar a introspecção como método investigativo. O teórico defendia um método objetivo de produção de conhecimento em Psicologia e o estudo do comportamento dos organismos como foco da área (BAUM, 2006).
INFLUÊNCIA DE THORNDIKE
Edward L. Thorndike (1874-1949) foi um psicólogo americano famoso por estudar a aprendizagem considerando aspectos como o objetivismo e o mecanicismo. O foco de suas pesquisas estava no comportamento que pudesse ser diretamente medido e observado, controlado experimentalmente em laboratório. Para isso, utilizava animais como forma de testar suas hipóteses.
Entre os conceitos propostos por Thorndike, está o Conexionismo, ideia relacionada à aprendizagem como “conexões” entre situações e respostas. Segundo ele, muitas aprendizagens ocorrem por tentativa e erro até que as recompensas sejam possibilitadas. Para comprovar sua teoria, propôs a Lei do Efeito. Ou seja, quando nossas ações são seguidas por algo recompensador, têm mais chances de se repetirem em situações semelhantes; já se forem seguidas por algo desconfortável, tornam-se menos prováveis de acontecerem em situações semelhantes.
WATSON E A PRIMEIRA VERSÃO DO BEHAVIORISMO
Ao criticar a introspecção como método investigativo, bem como a dedução da consciência em animais e a analogia com os humanos, Watson aproxima-se dos psicólogos objetivos. Em 1913, publicou um artigo denominado Psychology as the behaviorist views it (A Psicologia como o behaviorista a vê), clássico que ficou conhecido como o manifesto dos comportamentalistas da época!
ASSIM NASCE A CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO!
Para Watson, a Psicologia deveria distanciar-se de qualquer definição relacionada à consciência e passar a ser reconhecida como uma “Ciência do Comportamento”, o que envolveria, por exemplo, não mais utilizar quaisquer termos que pudessem fazer referência a estados mentais como consciência, introspecção, mente etc.
O comportamento alvo de estudos da Psicologia seria o objetivamente observado em qualquer organismo, humano ou animal. O behaviorismo proposto por Watson foi denominado por alguns teóricos como Behaviorismo Clássico ou Metodológico.
EXPERIMENTO COM O “PEQUENO ALBERT”
Watson fomentou o desenvolvimento da Psicologia científica nos Estados Unidos, no início do século XX. Depois de anos comandando pesquisas com animais, teve a oportunidade de estudar experimentalmente bebês, contexto que favoreceu o famoso experimento com o “pequeno Albert”. Vejamos resumidamente as fases desseestudo de Watson:
Primeira parte do experimento: A fim de estudar como emoções reflexas (como o medo) poderiam ser aprendidas, Watson apresentou ao pequeno Albert um animal peludo como o rato branco, além de outros animais e objetos: coelho, cachorro, algodão etc. Observou que Albert não apresentava nenhuma reação referente a medo diante dos estímulos. Logo, tais estímulos foram identificados como Estímulos Neutros (SN) para a reação de medo.
Segunda parte do experimento: A criança apresentava reações de medo apenas diante de ruídos intensos e repentinos, o que indicava serem esses estímulos capazes de produzir respostas inatas nela. Para testar sua teoria, Watson passou a apresentar o rato branco (o que inicialmente era um estímulo neutro diante das respostas de medo de Albert) seguido por um ruído repentino (classificado como um estímulo incondicional para a resposta de medo, uma vez que a criança nasceu apresentando tais respostas diante dele). O pareamento Rato-Ruído foi repetido por algumas vezes, ou seja: SN (estímulo neutro) pareado com o SI (estímulo incondicionado).
Resultados do experimento: Após alguns pareamentos, a criança passou a reagir ao animal de forma muito semelhante à maneira como reagia ao som. O experimento comprovou, portanto, que reações emocionais podem ser aprendidas, ou seja, condicionadas. “Nasce” então o paradigma do Condicionamento Respondente: S-R.
Os pesquisadores identificaram que, além da relação aprendida, animal-medo, ou seja, SC (estímulo condicionado) eliciando uma RC (resposta condicionada), a reação de medo também foi transferida para outros animais e objetos que compartilhassem características com o rato branco: como pelo, forma etc. Isso comprovou a existência de outro processo relevante: a Generalização Respondente.
Ainda que o experimento com o “pequeno Albert” tenha colaborado com os conhecimentos acerca da aprendizagem de reações emocionais, é considerado pelos pesquisadores atuais como um modelo antiético de pesquisas com seres humanos. O experimento colaborou para a aprendizagem de respostas de medo pela criança, e não apresentou medidas efetivas para que tais respostas fossem trabalhadas depois.
ATENÇÃO
O experimento com o “pequeno Albert” nos ajuda a refletir sobre o quanto é importante questionarmos os limites éticos de nossa atuação em pesquisa. Em um cenário de disputa política da ciência com outros diferentes discursos (de autoridade), é importante uma preocupação com evidências empíricas. Certamente, toda a valorização das “práticas baseadas em evidências” pauta-se nisso e em uma crença na idoneidade das práticas experimentais. Esperamos que essa história nos ajude a perceber o quanto as condições históricas e os materiais do fazer científico interferem diretamente na produção do conhecimento, e que mesmo evidências experimentais não estão livres das contingências sociais nas quais a ciência (e quem a pratica) está inserida (VAZ, 2020).
IMPORTÂNCIA DO CONDICIONAMENTO RESPONDENTE PARA OS DIAS ATUAIS
Muitas das reações que apresentamos diante de estímulos do ambiente foram aprendidas por meio de condicionamento respondente. Podemos destacar como exemplos: salivar ao passar diante de um restaurante de que gostamos; ter sensações de prazer ao sentir um perfume; apresentar reações de medo diante de um consultório médico; vivenciar sensações aversivas diante de uma música.
Além das reações presentes no nosso dia a dia, o Condicionamento Respondente também auxilia na compreensão de fobias e traumas, como o medo de andar de elevador, medo de aviões, medo de dirigir, aversão a palhaços, entre outros.
UMA VEZ CONDICIONADA UMA REAÇÃO, ELA IRÁ DURAR PARA SEMPRE?
A boa notícia é que não. É possível deixarmos de ter reações de medo, por exemplo, diante dos estímulos que são temidos. A Dessensibilização Sistemática envolve uma série de estratégias que favorecem a aproximação gradual aos estímulos que provocam respostas condicionadas, favorecendo assim o enfrentamento e o enfraquecimento das reações aversivas.
A técnica utiliza da extinção respondente (que envolve a exposição ao estímulo que foi condicionado, sem a presença do incondicionado). Transpondo para o experimento com o “pequeno Albert”, seria apresentá-lo aos estímulos que foram condicionados, daqueles que causam menos reações de medo para aqueles que causam respostas de maior magnitude, sem a presença do ruído repentino.
CRÍTICAS AO BEHAVIORISMO DE WATSON
Ainda que o Behaviorismo de Watson tenha favorecido o início de uma Ciência Comportamental como foco da Psicologia, algumas críticas são direcionadas às suas propostas: seja pela compreensão mecanicista do sujeito como passivo diante dos estímulos do ambiente, seja pela não inclusão de aspectos cognitivos (sentimentos e pensamentos) como objetos da Psicologia. Mas, talvez, tudo se resuma a uma crítica à objetividade da Psicologia de Watson, nua e crua.
A Psicologia como o behaviorista a vê é um ramo experimental puramente objetivo das Ciências Naturais. Seu objetivo teórico é a previsão e o controle do comportamento. A introspecção não constitui parte essencial de seus métodos, nem o valor científico de seus dados depende da facilidade com que eles podem ser interpretados em termos de consciência.
O behaviorista, em seus esforços para conseguir um esquema unitário da resposta animal, não reconhece linha divisória entre homens e animais. O comportamento do homem, com todo o seu refinamento e complexidade, constitui apenas uma parte do esquema total de investigação do behaviorista (WATSON, 2008).
WATSON, 2008
Este é o famoso artigo A Psicologia como o behaviorista a vê (também conhecido como “Manifesto Behaviorista”), publicado originalmente em 1913.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. A PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL, OU BEHAVIORISMO, É UMA DAS CORRENTES MAIS IMPORTANTES NA ANÁLISE DA PSIQUE E DE QUE MANEIRA A PSIQUE INTERFERE NO COMPORTAMENTO NOS SERES. UM DOS MAIS IMPORTANTES AUTORES DO BEHAVIORISMO É JOHN WATSON, QUE DEFENDIA:
A definição da Psicologia como Ciência do Comportamento.
Parte inferior do formulário
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2. ANALISE A SEGUINTE SITUAÇÃO (FICTÍCIA, ELABORADA PARA FINS DE APRENDIZAGEM): “ROBERTA RELATA SENTIR MUITO MEDO DE CACHORROS. DIZ QUE, QUANDO PEQUENA, FOI MORDIDA POR UM CACHORRO DA RAÇA PIT BULL DE UMA VIZINHA E QUE, DESDE ENTÃO, SENTE TREMORES AO SE VER DIANTE DE CÃES: QUANTO MAIS SEMELHANTES AO CACHORRO QUE A MORDEU, MAIS INTENSO É O SEU MEDO.
A PARTIR DO CONCEITO DE CONDICIONAMENTO RESPONDENTE, É CORRETO AFIRMAR QUE:
É possível explicar o medo de Roberta a outros cachorros por meio do conceito de Generalização Respondente, em que qualquer estímulo, independente da semelhança, passa a causar as mesmas reações aprendidas.
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A questão apresenta um exemplo de condicionamento respondente, uma vez que a situação envolveu o pareamento entre um estímulo eliciador de reações aversivas (a mordida) com um estímulo antes neutro para estas reações, o cachorro.
MÓDULO 3
Distinguir os pressupostos teóricos referentes ao Behaviorismo Radical e suas contribuições à Psicologia como Ciência do Comportamento
E. TOLMAN E O BEHAVIORISMO INTENCIONAL
As ideias propostas pelo Behaviorismo Clássico do Watson atraíram pesquisadores da Psicologia interessados em conhecimentos que pudessem ser produzidos por meio de experimentos objetivos e científicos. Todavia alguns teóricos discordavam acerca do estudo restrito ao comportamento diretamente observável. Entre eles, Edward Tolman (1886-1959).
Tolman concordava com a metodologia apresentada por Watson, mas também indicava interesse em aspectos como percepção e cognição. Foi a partir da inclusão desses aspectos em seus estudos que Tolman propôs o Behaviorismo Intencional, também conhecido como Behaviorismo Cognitivo. Para ele, todos os organismos são capazes de aprender sem que isso envolva necessariamente recompensas (como discutido por Thorndike) ou simplesmente a resposta automática diante de estímulos do ambiente (comoapresentado por Watson) (COLLIN, 2012).
Para esse teórico, o período em que nos relacionamos com as situações do ambiente, sem que as conheçamos ou recebamos recompensas por nossas ações, é chamado de aprendizagem latente. Nessa fase, vamos criando um “mapa cognitivo” sobre as coisas ao nosso redor que, mais tarde, será utilizado com objetivos específicos (como obtermos sucesso em algo que tentamos!). É exatamente a partir desse ponto que muitos estudiosos percebem que Tolman abandona uma postura estritamente relacional na Psicologia (seguindo os passos de Watson) para uma perspectiva cognitivista.
A história da Psicologia identifica Tolman com a Psicologia Cognitiva em virtude de sua crítica dirigida à teoria do reforçamento e à psicologia estímulo-resposta. Partindo dessa crítica, historiadores sugerem que Tolman pretendia resgatar o emprego de termos internos e mentais na explicação da aprendizagem. Para ele, a aprendizagem por recompensa não se enquadrava na explicação de Pavlov ou Watson; ainda que o comportamento observado nos animais estudados por Thorndike pudesse ser decomposto em frações, isto é, em seus inúmeros componentes de contrações musculares e secreções glandulares, não seria possível compreender de que forma esse comportamento se estabelecia no repertório do organismo (SANTANA; BORBA, 2015, p. 203).
ATENÇÃO
A proposta dos “mapas cognitivos” como algo interno e abstrato acabou afastando Tolman da corrente Behaviorista e o classificando entre os teóricos iniciantes do movimento cognitivista.
O BEHAVIORISMO RADICAL COMO FILOSOFIA DA CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO
Entre os behavioristas mais famosos, pós-Watson, está Burrhus F. Skinner (1904-1990). O teórico preocupou-se com uma explicação científica da Psicologia e denominou a sua posição de Behaviorismo Radical.
VOCÊ SABIA
O termo “radical” adotado por Skinner vem do latim radix e significa “raiz”. O teórico pretendia estudar aquilo que considerava básico e necessário à ciência do comportamento: compreender efetivamente o que é o comportamento.
Para Skinner, comportamento é entendido como toda e qualquer interação do organismo com o seu ambiente. Ao discutir como as consequências produzidas pelas respostas de um organismo afetam o seu ambiente ao mesmo tempo que também impactam o organismo que se comporta, Skinner sistematizou um dos principais conceitos da ciência comportamental: o Comportamento Operante (HÜBNER; MOREIRA, 2012).
Perceba o estudo minucioso de Skinner, demostrando a preocupação de que a Psicologia seguisse os parâmetros das demais ciências: em um laboratório para o estudo do comportamento operante, as contingências de reforço são deliberadamente arranjadas e seus efeitos, observados. O espaço experimental contém vários estímulos controláveis, equipamento para registro de respostas e um ou mais reforçadores. As interrelações específicas entre essas coisas são mantidas por retransmissores, cronômetros, calculadoras, analisadores de frequência etc.
O comportamento é, geralmente, anotado poligraficamente, em um registro cumulativo, onde tanto a frequência constante como a mudança de frequência, em um intervalo de tempo substancial, podem ser percebidas em um relance, mas os pormenores são esclarecidos posteriormente, ao se analisar o tempo decorrido entre as respostas. Algumas contingências requerem processamento do comportamento por computadores com linha. Com o auxílio de tal equipamento, juntamente com as técnicas experimentais para o qual foi destinado, começamos a ver as contingências de reforço (PAVLOV; SKINNER, 1984, p. 182-183).
SKINNER, 1984
Texto original publicado em 1969 sob o título Contingências do Reforço: Uma Análise Teórica.
A VISÃO DE HOMEM NO BEHAVIORISMO RADICAL
Na perspectiva do Behaviorismo Radical, somos sujeitos ativos no mundo. Isso significa que os nossos comportamentos modificam as situações do ambiente e, ao mesmo tempo, também são modificados por elas. Eis a ideia do Comportamento Operante.
Nesse sentido, o modelo adotado para a compreensão dos comportamentos é o chamado Modelo de Seleção pelas Consequências! Para entendermos esse modelo, precisamos primeiramente compreender os três níveis de seleção apresentados por Skinner (HÜBNER; MOREIRA, 2012):
Nível filogenético
Relacionado à origem das diferenças entre as espécies. Alguns comportamentos, como os reflexos incondicionados, são filogeneticamente determinados em função do valor de sobrevivência que apresentam para nós.
Nível ontogenético
Referente aos comportamentos aprendidos em função das relações estabelecidas com o nosso ambiente, como família, amigos etc., ao longo da nossa história de vida.
Nível cultural
Comportamentos aprendidos a partir do contexto social em que estão inseridos.
Quando um comportamento é mantido por suas consequências, dizemos que ele foi reforçado. Em outras palavras, as consequências produzidas por ele atuaram como estímulos reforçadores, aumentando a probabilidade de ocorrência do mesmo comportamento em situações semelhantes:
	Quando as consequências produzidas apresentam efeito satisfatório ou prazeroso para aquele que se comporta, dizemos que se trata de reforçadores positivos. Por exemplo: estudar e tirar nota 10 na prova; apresentar-se e receber um elogio; pedir atenção e receber afeto.
	Quando as respostas do sujeito produzem a retirada de consequências que seriam aversivas ou desconfortáveis a ele, dizemos que se trata de reforçadores negativos. Por exemplo: tomar um remédio para não ter dor de cabeça; chorar para faltar à escola; arrumar a cama para não ficar sem videogame.
Assim, sabemos se as consequências são reforçadoras avaliando o efeito destas na frequência das respostas que as produziram. Lembre-se de que aquilo que é reforçador para um sujeito não necessariamente será para o outro.
Quando um comportamento deixa de ser emitido em função das consequências produzidas por ele, dizemos que o comportamento foi punido. A punição positiva ocorre quando a resposta produz consequências aversivas ao sujeito (por exemplo: ultrapassar um veículo e ser multado; quebrar um brinquedo e receber uma bronca). Outra possibilidade na diminuição da ocorrência do comportamento é por meio da punição negativa, quando a resposta produz a perda de consequências que seriam boas para o sujeito (por exemplo: não fazer a tarefa e ficar sem videogame; faltar a aula e perder nota).
ATENÇÃO
É importante enfatizar que punição não ensina comportamentos. Na verdade, faz com que o sujeito deixe de fazer algo apenas na presença de quem o puniu. Lembre-se de que aquilo que é punitivo para um sujeito não necessariamente será para o outro.
DICA
Para entender os conceitos “positivo” e “negativo”, avalie a inserção ou a retirada de algo no ambiente. Se a inserção de algo faz com que a resposta do sujeito tenha a sua probabilidade de ocorrência aumentada (em contextos semelhantes), ocorre o Reforço Positivo; se o comportamento aumenta de frequência pela retirada de algo, trata-se de Reforço Negativo. Em contrapartida, se o comportamento diminui de frequência pela inserção de algo, ocorre a Punição Positiva; se o comportamento diminui de frequência pela retirada de algo, trata-se de Punição Negativa.
EVENTOS PRIVADOS E BEHAVIORISMO RADICAL
Diferentemente de Watson, Skinner inclui em seus estudos aspectos cognitivos como os pensamentos e as emoções, mas são compreendidos de forma distinta da utilizada pelos mentalistas (teóricos defensores de elementos internos, como a consciência e a mente). Para Skinner, pensamentos, sentimentos e sensações são também comportamentos e devem ser estudados por meio do modelo de seleção pelas consequências, assim como qualquer comportamento diretamente observável (SKINNER, 2006).
A diferença entre o comportamento diretamente observável e o comportamento encoberto (ou evento privado) é a forma de acessá-los: enquanto o primeiro pode ser observado pelo contexto de quem se comporta, o outro demanda que o sujeito relate sobre ele. Ou seja, ambos possuem a mesma natureza, mas são acessados de maneiras distintas.Isso torna o Behaviorista Radical monista: para os behavioristas, não existe divisão entre corpo e mente (visão dualista); tanto o que acontece dentro do sujeito como os comportamentos que podem ser diretamente observados são considerados comportamentos.
RETOMADA DA INTROSPECÇÃO
Skinner retoma a introspecção, mas não com as mesmas características do método introspectivo utilizado por filósofos e psicólogos da consciência, e sim como um comportamento de auto-observação do próprio indivíduo. Considere a frase: “Eu chorei porque estava triste”. Ela seria considerada suficiente como explicação de um comportamento para o Behaviorismo Radical? Não! Porque as emoções não são causas dos comportamentos.
Para essa filosofia científica, tanto o choro (comportamento mais diretamente observável) quanto o sentimento tristeza (evento privado) ocorrem ao mesmo tempo e de forma muito próxima — uma vez que são da mesma natureza, um não pode ser causa um do outro. As respostas do porquê choramos e ficamos tristes devem ser buscadas na relação do organismo com o seu ambiente. Perguntas como: “O que estava acontecendo à minha volta quando me senti assim?” e “O que as pessoas dizem quando faço isso?” são exemplos que nos auxiliam na explicação dos comportamentos analisados.
Ao praticarmos essa avaliação, realizamos o processo de Análise Funcional que envolve analisarmos o ambiente presente (estímulo antecedente) no momento de uma determinada resposta (respostas apresentadas pelo organismo) e os estímulos do ambiente que a reforçaram ou puniram (estímulos consequentes) (HÜBNER; MOREIRA, 2012). A Análise Funcional pode ser apresentada por meio das seguintes siglas:
	Sa (estímulo antecedente)
	R (respostas do organismo, observáveis e privadas)
	Sc (estímulos consequentes)
CRÍTICAS AO BEHAVIORISMO RADICAL
Muitas das críticas direcionadas ao Behaviorismo Radical são, na verdade, referentes às propostas realizadas por Watson no Behaviorismo Clássico ou Metodológico. Questões como não considera a subjetividade humana; desconsidera sentimentos; entende o sujeito como um ser passivo em seu ambiente não condizem com os conhecimentos apresentados por Skinner. Talvez, a esses questionamentos, ele respondesse:
Perguntamos: a nossa cultura sobreviverá e contribuirá mais para a cultura do futuro? “Podemos indicar alguns aspectos reconfortantes. Gozamos das vantagens que decorrem da própria prática de mudar de prática; até recentemente, fomos talvez os únicos [behavioristas radicais] em nossa disposição de tentar novas formas de fazer as coisas. Pensamos nas consequências. Nosso hábito de perguntar se um determinado aspecto funciona ou se alguma outra coisa funcionaria melhor em seu lugar é frequentemente criticado como pragmatismo tosco, porém pode provar ter sido uma importante mutação cultural. Mudamos prontamente de prática por não sermos grandemente coibidos por revelações ou decretos imutáveis e, por razões semelhantes, somos livres para buscar uma ciência do comportamento. E, principalmente, reconhecemos a necessidade de um planejamento explícito do modo de vida” (PAVLOV; SKINNER, 1984, p. 211).
O quadro apresenta algumas características referentes aos Behaviorismos estudados.
	Behaviorismo Watsoniano
	Behaviorismo Skinneriano
	Principal conceito: Condicionamento Clássico
	Principal conceito: Comportamento Operante
	Paradigma adotado: S-R
	Paradigma adotado: R-C
	Estuda apenas os comportamentos objetivamente observados.
	Estuda comportamentos objetivamente observados e eventos privados.
	Desconsidera a subjetividade humana.
	Defende que a singularidade humana é incontestável na visão científica.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. ACERCA DAS CARACTERÍSTICAS DO BEHAVIORISMO DE WATSON E DO BEHAVIORISMO DE SKINNER, É CORRETO AFIRMAR QUE:
O behaviorismo de Skinner inclui em seus estudos os chamados eventos privados, enquanto o behaviorismo de Watson estuda apenas os comportamentos objetivamente observados.
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2. ANALISE A SEGUINTE SITUAÇÃO (FICTÍCIA, ELABORADA PARA FINS DE APRENDIZAGEM):
“RICARDO, 7 ANOS, GANHOU UMA ESTRELINHA DA PROFESSORA AO ACERTAR O EXERCÍCIO DE MATEMÁTICA. DESDE ENTÃO, A CRIANÇA TEM LEVANTADO A MÃO E TENTADO RESPONDER ÀS PERGUNTAS DA PROFESSORA.” A PARTIR DO MODELO DE SELEÇÃO POR CONSEQUÊNCIAS, É CORRETO AFIRMAR QUE:
Não é possível analisar o comportamento do Ricardo por meio do modelo de seleção por consequências.
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