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Fisiopatologia da Febre

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Analisar a fisiopatologia da febre, considerando o mecanismo de ação, a
termorregulação, valores de referência e locais de medição.
DETECÇÃO DA TEMPERATURA POR RECEPTORES NA PELE E NOS TECIDOS CORPORAIS PROFUNDOS
- Os sinais gerados pelos receptores de temperatura do hipotálamo são potentes no controle da temperatura corporal, os receptores em outras partes do corpo desempenham papéis adicionais na regulação da temperatura. 
- A pele é dotada de receptores para o frio e para o calor e apresenta muito mais receptores para o frio do que para o calor —10x mais, em várias partes da pele. 
- A detecção periférica da temperatura está principalmente relacionada a detecção de temperaturas mais frias, ao invés das temperaturas quentes. os mecanismos moleculares para detectar mudanças na temperatura não são bem compreendidos, os estudos experimentais sugerem que a família de receptores de potencial transitório de canais catiônicos, presentes nos neurônios somatossensoriais e nas células epidérmicas, pode mediar na sensação térmica em um amplo intervalo de temperaturas cutâneas.
Quando a pele é resfriada em todo o corpo, efeitos reflexos imediatos são evocados e começam a aumentar a temperatura corporal de várias formas: 
(1) gerando forte estímulo para causar calafrios com aumento resultante da produção de calor corporal; 
(2) pela inibição do processo da sudorese, se estiver ocorrendo; 
(3) promovendo a vasoconstrição da pele para diminuir a perda de calor corporal pela pele.
-Os receptores corporais profundos são encontrados principalmente na medula espinal, nas vísceras abdominais e dentro ou ao redor das grandes veias na região superior do abdome e do tórax. Esses receptores atuam diferente dos receptores da pele, pois eles são expostos à temperatura central do corpo, em vez da temperatura da superfície corporal. E detectam, em sua maior parte, o frio ao invés do calor. 
-É provável que tanto os receptores da pele como os receptores profundos do corpo se destinem à prevenção da hipotermia, ou seja, impedir a baixa temperatura corporal.
O HIPOTÁLAMO POSTERIOR INTEGRA OS SINAIS SENSORIAIS DA TEMPERATURA CENTRAL E PERIFÉRICA
-Mesmo que sinais sensoriais para a temperatura surjam nos receptores periféricos, esses sinais contribuem para o controle da temperatura corporal, principalmente por meio do hipotálamo. 
-A área do hipotálamo que eles estimulam está localizada bilateralmente no hipotálamo posterior, aproximadamente no nível dos corpos mamilares. 
-Os sinais sensoriais de temperatura da área hipotalâmica anterior pré-óptica também são transmitidos para essa área no hipotálamo posterior. Aí, os sinais da área pré-óptica e os sinais de outros locais do corpo são combinados e integrados para controlar as reações de produção e de conservação de calor do corpo.
MECANISMOS EFETORES NEURONAIS QUE DIMINUEM OU AUMENTAM A TEMPERATURA CORPORAL
-Quando os centros hipotalâmicos de temperatura detectam que está muito alta ou muito baixa, instituem os procedimentos apropriados para diminuir ou para a elevar a temperatura. 
Mecanismos de Diminuição da Temperatura Quando o Corpo Está Muito Quente
- Utiliza três mecanismos importantes para reduzir o calor do corpo, quando a temperatura corporal é muito elevada:
1. Vasodilatação dos vasos sanguíneos cutâneos. Em quase todas as áreas do corpo, os vasos sanguíneos da pele se dilatam. Essa dilatação é causada pela inibição dos centros simpáticos no hipotálamo posterior que causam vasoconstrição. A dilatação total pode aumentar a transferência de calor para a pele por até oito vezes.
2. Sudorese. O efeito do aumento da temperatura corporal sobre a sudorese leva a elevação súbita da perda de calor evaporativo, resultante da sudorese, quando a
temperatura central do corpo se eleva acima do nível crítico de 37°C. Aumento adicional de 1°C na temperatura corporal causa sudorese suficiente para remover por 10 vezes a intensidade basal da produção de calor pelo corpo.
3. Diminuição da produção de calor. Os mecanismos que causam o excesso de produção de calor, como os calafrios e a termogênese química, são inibidos.
Mecanismos de Elevação da Temperatura Quando o Corpo Está Muito Frio
Quando o corpo está muito frio, o sistema de controle de temperatura institui
procedimentos opostos. São eles:
1. Vasoconstrição da pele por todo o corpo. É causada pela estimulação dos centros simpáticos hipotalâmicos posteriores.
2. Piloereção. (significa “pelos eriçados”). O estímulo simpático faz os músculos eretores dos pelos presos aos folículos pilosos se contraiam, colocando os pelos na posição vertical. Esse mecanismo não é importante em seres humanos, mas em animais a projeção vertical dos pelos permite que eles retenham uma espessa camada de “ar isolante” próximo à pele, de modo que a transferência de calor para o meio ambiente diminua significativamente.
3. Aumento na termogênese (produção de calor). A produção de calor pelos sistemas metabólicos é aumentada pela promoção de calafrios, excitação simpática da produção de calor e secreção de tiroxina. 
Estimulação Hipotalâmica dos Calafrios. 
Localizada na porção dorsomedial do hipotálamo posterior, encontra-se a área do centro motor primário para os calafrios. Essa área normalmente é inibida pelos sinais oriundos do centro de calor na área hipotalâmica anterior pré-óptica, é excitada por sinais de
frios, oriundos da pele e da medula espinal. 
- pela elevação súbita da “produção de calor”, esse centro fica ativado quando a temperatura corporal cai mesmo por fração de grau, abaixo do nível crítico. A seguir, ele transmite sinais que causam os calafrios por tratos bilaterais pelo tronco encefálico, na direção das colunas laterais da medula espinal e para os neurônios motores.
-Esses sinais não são rítmicos e não causam real contração muscular. Em vez
disso, eles aumentam o tônus dos músculos esqueléticos por todo o corpo, pela facilitação da atividade dos neurônios motores. Quando o tônus se eleva acima de certo nível crítico, os calafrios começam. Essa reação provavelmente resulta da oscilação por feedback do mecanismo reflexo de estiramento dos fusos musculares. Durante o calafrio máximo, a produção de calor pelo corpo pode se elevar por quatro a cinco vezes o normal.
Excitação “Química” Simpática de Produção de Calor. 
Um aumento na estimulação simpática ou na circulação de norepinefrina e epinefrina no sangue pode causar elevação imediata do metabolismo celular. 
-Esse efeito é a termogênese química ou termogênese sem calafrios. Resulta da capacidade da norepinefrina e da epinefrina de desacoplar a fosforilação oxidativa, que significa a oxidação do excesso de alimentos liberando energia em forma de calor, mas não causa a formação de trifosfato de adenosina.
-O grau da termogênese química que ocorre no animal é quase diretamente proporcional à quantidade de gordura marrom existente nos tecidos animais. Esse tipo de tecido adiposo contém grande número de mitocôndrias especiais, onde ocorre o desacoplamento dos processos oxidativos. A gordura marrom é inervada por fibras simpáticas que liberam norepinefrina, a qual estimula a expressão tecidual da proteína desacopladora das mitocôndrias e aumenta a termogênese.
-A aclimatação afeta bastante a intensidade da termogênese química
-Essa termogênese elevada também leva ao aumento correspondente da ingestão de alimentos.
Aumento da Secreção de Tiroxina como Causa da Produção Elevada de Calor de Longa Duração. 
-O resfriamento da área hipotalâmica anterior pré-óptica também aumenta a produção do hormônio liberador de tireotropina pelo hipotálamo. Esse hormônio é levado pelas veias portas hipotalâmicas para a hipófise anterior, onde estimula a secreção do hormônio estimulador da tireoide. O hormônio estimulador da tireoide, por sua vez, estimula o aumento da secreção de tiroxina pela glândula tireoide. 
- A elevação dos níveis de tiroxina ativa a proteína desacopladora e aumenta o metabolismo celular em todo o corpo, que é outro mecanismo da termogênese química. Essa elevação do metabolismo não ocorreimediatamente, mas requer exposição de várias semanas ao frio para causar hipertrofia da glândula tireoide e para que ela atinja seu novo nível de secreção de tiroxina.
-Medidas isoladas demonstraram que a intensidade metabólica aumenta nos militares que residem durante vários meses no ártico; alguns dos Inuit, povos indígenas que vivem nas regiões árticas do Alasca, Canadá e Groenlândia, também apresentam índices metabólicos basais anormalmente altos. Além disso, o efeito estimulatório contínuo do frio sobre a tireoide, pode explicar a incidência mais elevada de bócio tireotóxico em pessoas que vivem em climas frios do que em pessoas que vivem em locais mais quentes.
“PONTO DE AJUSTE” PARA O CONTROLE DA TEMPERATURA
-Na temperatura corporal central crítica de, aproximadamente, 37,1°C ocorrem alterações drásticas, tanto nos índices de perda de calor como nos de produção de calor. Em temperaturas acima desse nível, o índice de perda de calor é mais elevado que o da produção de calor, de modo que a temperatura do corpo cai e se aproxima do nível de 37,1°C. Em temperaturas abaixo desse nível, a produção de calor é maior que a de perda de calor, de modo que a temperatura se eleva novamente e se aproxima dos 37,1°C.
-Esse nível crítico de temperatura é chamado “ponto de ajuste” (ou ponto fixo) do mecanismo de controle da temperatura, isto é, todos os mecanismos de controle da temperatura tentam continuamente trazer a temperatura corporal para o nível desse ponto crítico de ajuste.
Ganho do Feedback para o Controle da Temperatura Corporal.
- O ganho do feedback é a medida da eficácia do sistema de controle. 
-No caso do controle da temperatura corporal, é importante para a temperatura central interna que ela se altere o mínimo possível, mesmo que a temperatura do ambiente se altere a cada dia, ou mesmo a cada hora. 
-O ganho do feedback do sistema de controle da temperatura é igual à proporção da alteração na temperatura ambiental em relação à alteração da temperatura central menos 1,0. Experimentos demonstraram que a temperatura corporal em humanos varia por 1°C para cada alteração de 25 a 30°C na temperatura ambiental. 
-Portanto, o ganho do feedback do mecanismo total para o controle da temperatura corporal é, em média, 27 (28/1,0 - 1,0 = 27), que é o ganho extremamente elevado para um sistema de controle biológico (o sistema barorreceptor para o controle da pressão arterial, por exemplo, tem um ganho do feedback inferior a 2).
A Temperatura Cutânea Pode Alterar Ligeiramente o Ponto de Ajuste para o Controle da Temperatura Central
-O ponto de ajuste da temperatura no hipotálamo é determinado principalmente pelo grau de atividade dos receptores de calor na área hipotalâmica anterior pré-óptica.
-Os sinais de temperatura das áreas periféricas do corpo, especialmente da pele e de certos tecidos corporais profundos (medula espinal e vísceras abdominais), também contribuem de modo discreto para a regulação da temperatura corporal porque eles alteram o ponto de ajuste do centro de controle da temperatura no hipotálamo. 
- o efeito de diferentes temperaturas da pele sobre o ponto de ajuste para a sudorese, demonstra que esse ponto crítico aumenta conforme a temperatura diminui. É importante que a sudorese seja inibida quando a temperatura da pele é baixa; caso contrário, o efeito combinado da baixa temperatura da pele e da sudorese pode causar perda ainda maior de calor.
-Efeito similar ocorre com os calafrios. Ou seja, quando a pele fica fria, ela estimula os centros hipotalâmicos para o limiar dos calafrios, mesmo que a temperatura hipotalâmica permaneça no lado quente da normalidade. Assim, a temperatura fria da pele na verdade “antecipa” a queda na temperatura interna e impede a queda real da temperatura. 
CONTROLE COMPORTAMENTAL DA TEMPERATURA CORPORAL
-Além dos mecanismos subconscientes para o controle da temperatura corporal, o corpo tem outro mecanismo de controle da temperatura ainda mais potente: o controle comportamental da temperatura.
-Quando a temperatura corporal interna se eleva em excesso, sinais oriundos das áreas
de controle da temperatura no cérebro dão à pessoa sensação física de hiperaquecimento. Inversamente, sempre que o corpo se esfria, sinais da pele e também de receptores corporais profundos desencadeiam a sensação de desconforto pelo frio. Portanto, a pessoa faz os ajustes ambientais apropriados para restabelecer o conforto, como sair de ambiente quente ou o uso de roupas bem isoladas em tempos frios. O controle comportamental da temperatura é um sistema muito mais poderoso para o controle da temperatura corporal do que qualquer outro sistema conhecido pelos fisiologistas no passado. Na verdade, esse é o único mecanismo realmente eficaz para manter o calor corporal em ambientes extremamente frios.
Reflexos Cutâneos Locais Causados pela Temperatura
-Quando a pessoa coloca seu pé sob uma lâmpada quente, deixando-o lá por algum
tempo, ocorrem vasodilatação local e sudorese local leve. 
-Inversamente, a colocação do pé na água fria causa vasoconstrição local e cessação local da sudorese.
-Essas reações são causadas pelos efeitos locais da temperatura diretamente sobre os
vasos sanguíneos, assim como por reflexos medulares conduzidos pelos receptores
cutâneos para a medula espinal e de volta para a mesma área da pele e suas glândulas sudoríparas. A intensidade é controlada pelos centros hipotalâmicos controladores da temperatura, de modo que o efeito total seja proporcional ao sinal hipotalâmico de controle de calor, multiplicado pelo sinal local. Tais reflexos podem ajudar na prevenção de troca excessiva de calor quando locais específicos do corpo são resfriados ou aquecidos.
A Regulação da Temperatura Interna do Corpo É Prejudicada pela Secção da Medula Espinal. 
-Após a lesão da medula espinal nas regiões cervicais a regulação da temperatura corporal fica extremamente deficiente, porque o hipotálamo não mais consegue controlar o fluxo sanguíneo para a pele ou o grau de sudorese, em qualquer local do corpo. 
-Esse fato é verdadeiro mesmo com a permanência dos reflexos locais da temperatura na pele, medula espinal e nos receptores intra-abdominais. Esses reflexos são extremamente fracos, em comparação ao controle hipotalâmico da temperatura corporal.
Nas pessoas com essa condição, a temperatura corporal deve ser regulada, principalmente pela resposta psíquica do paciente às sensações de frio e calor na região da cabeça — ou seja, pelo controle comportamental sinalizado pelo tipo de roupas e pela procura por ambiente apropriadamente quente ou frio.
ANORMALIDADES DA REGULAÇÃO DA TEMPERATURA CORPORAL FEBRE
Febre, que significa temperatura corporal acima da faixa normal de variação, pode ser provocada por anormalidades no cérebro ou por substâncias tóxicas que afetam os centros reguladores da temperatura. Algumas causas de febre incluem doenças bacterianas ou víricas, tumores cerebrais e condições ambientais que podem resultar em uma intermação.
Reajuste do Centro de Regulação Hipotalâmico da Temperatura nas Doenças Febris — Efeito dos Pirogênios
- Muitas proteínas, produtos da degradação das proteínas e algumas outras
substâncias, especialmente toxinas de lipossacarídeos oriundas das membranas celulares de bactérias, podem fazer com que o ponto de ajuste do termostato hipotalâmico se eleve. Essas substâncias são os pirogênios.
-Os pirogênios liberados por bactérias tóxicas ou os liberados por tecidos corporais em degeneração, causam febre durante condições patológicas.
-Quando o ponto de ajuste do centro de regulação hipotalâmico da temperatura se eleva acima do normal, todos os mecanismos para a elevação da temperatura corporal começam a atuar, incluindo a conservação de calor e o aumento da produção de calor. Em algumas horas, após a elevação do ponto de ajuste, a temperatura corporal se aproxima desse nível. 
Mecanismo de Ação dos Pirogênios na Causa da Febre — O Papel das Citocinas. 
-Experimentos em animais demonstraram que alguns pirogênios, quando injetados no hipotálamo, podematuar direta e imediatamente sobre o centro de regulação da temperatura no hipotálamo e aumentar seu ponto de ajuste. 
-Outros pirogênios atuam indiretamente e podem necessitar de várias horas de latência antes de causar seus efeitos. Esse fato é válido para vários pirogênios bacterianos, especialmente as endotoxinas das bactérias gram-negativas.
- Quando as bactérias ou os produtos da degradação das bactérias estão nos tecidos ou no sangue, eles são fagocitados pelos leucócitos do sangue, pelos macrófagos teciduais e pelos grandes linfócitos “killers” granulares. Essas células digerem os produtos bacterianos e liberam citocinas participantes das respostas imunes e adaptativas. 
-Uma das mais importantes dessas citocinas para causar febre é a interleucina 1 (IL-1), também chamada pirogênio leucocitário ou pirogênio endógeno. 
-A IL-1 é liberada pelos macrófagos para os líquidos corporais e, ao chegar ao hipotálamo, quase imediatamente ativa os processos produtores de febre aumentando, por vezes, a temperatura corporal, por valor significativo em apenas 8 a 10 minutos.
-Vários experimentos sugeriram que a IL-1 inicialmente cause febre pela indução da formação de prostaglandinas, principalmente a prostaglandina E2 ou substância similar, que atua no hipotálamo para desencadear a reação da febre. 
PATOGÊNESE DA FEBRE PIROGÊNIOS
- O pirogênio é qualquer substância que cause febre. 
- Os pirogênios exógenos originam-se fora do paciente; a maioria é composta de produtos microbianos, toxinas microbianas ou microrganismos íntegros (incluindo vírus). Um exemplo é o lipopolissacarídeo (endotoxina) produzido por todas as bactérias Gram-negativas. 
CITOCINAS PIROGÊNICAS
Citocinas regulam processos imunes, inflamatórios e hematopoiéticos. Por exemplo, as citocinas interleucina (IL) 1 e IL-6. 
-Algumas citocinas também causam febre; eram chamadas de pirogênios endógenos, sendo hoje chamadas citocinas pirogênicas. Entre as citocinas pirogênicas estão IL-1, IL-6, fator de necrose tumoral (TNF) e fator neurotrópico ciliar, membro da família da IL-6. 
- Um amplo espectro de produtos bacterianos e fúngicos induz a síntese e a
liberação das citocinas pirogênicas. Entretanto, a febre pode ser uma manifestação de doença mesmo na ausência de infecção microbiana. Por exemplo, processos inflamatórios, como pericardite, traumatismo, acidente vascular cerebral (AVC) e imunizações de rotina, induzem a produção de IL-1, TNF e/ou IL-6; isoladamente ou em conjunto, essas citocinas induzem o hipotálamo a elevar o ponto de ajuste até níveis febris.
ELEVAÇÃO DO PONTO DE AJUSTE HIPOTALÂMICO PELAS CITOCINAS
-Durante a febre, os níveis de prostaglandina E2 (PGE2) aumentam nos tecidos
hipotalâmicos e no terceiro ventrículo cerebral. As concentrações de PGE2 são
mais altas nas proximidades dos órgãos vasculares periventriculares (órgão
vascularizado da lâmina terminal) – redes de capilares dilatados que circundam
os centros reguladores do hipotálamo. A destruição dessas estruturas diminui a
capacidade de os pirogênios causarem febre. Contudo, a maioria dos estudos
realizados com animais não mostrou que as citocinas pirogênicas passem da
circulação para o próprio cérebro. Assim, parece que ambos, pirogênios
exógenos e citocinas pirogênicas, interagem com o endotélio desses capilares e
que essa interação é a primeira etapa para a produção da febre – ou seja, para
elevar o ponto de ajuste a patamares febris.
-As células mieloides e endoteliais produzem citocinas pirogênicas. As citocinas pirogênicas, como a IL-1, a IL-6 e o TNF, são liberadas por essas células e entram na circulação sistêmica. Essas citocinas circulantes produzirem febre induzindo a síntese da PGE 2, elas também induzem a PGE2 em tecidos periféricos. O aumento da PGE2 na periferia explica as mialgias e artralgias inespecíficas que costumam
acompanhar a febre. Acredita-se que parte da PGE2 sistêmica escape da
destruição no pulmão e atinja o hipotálamo via carótida interna. Contudo, é a
elevação da PGE2 no cérebro que desencadeia o processo de elevação do ponto
de ajuste hipotalâmico para a temperatura central. 
-Existem quatro receptores para a PGE2, e cada qual transmite sinais às células
por mecanismos diferentes. Entre esses quatro receptores, o terceiro (EP-3) é
fundamental para a produção da febre: quando o gene de tal receptor é deletado
em camundongos, esses animais não apresentam febre após a injeção de IL-1 ou
endotoxina. A deleção dos genes dos outros receptores da PGE2 não interfere no
mecanismo da febre. 
-A liberação de PGE2 pelo lado cerebral do endotélio hipotalâmico estimula seus receptores nas células gliais, e tal estimulação determina elevação rápida no 5′-monofosfato de adenosina cíclico (AMPc), um neurotransmissor. A liberação de AMPc pelas células gliais ativa as terminações neuronais do centro termorregulador. A elevação do AMPc parece explicar as alterações do ponto de ajuste hipotalâmico de forma direta ou indireta (induzindo a liberação de neurotransmissores). Há receptores distintos para produtos microbianos. Os receptores de IL-1 e os receptores semelhantes ao Toll compartilham o mesmo mecanismo transdutor de sinal. Assim, a ativação direta de receptores semelhantes ao Toll ou de receptores de IL-1 resulta na produção de PGE2 e em febre.
PRODUÇÃO DAS CITOCINAS NO SNC
-As citocinas produzidas no cérebro talvez sejam responsáveis pela hiperpirexia
observada nos casos com hemorragia, traumatismo ou infecção do SNC. As
infecções virais do SNC induzem a produção de IL-1, TNF e IL-6 pela micróglia
e por neurônios. Portanto, as citocinas produzidas no SNC podem elevar o ponto de ajuste hipotalâmico, sem acionar os órgãos circunventriculares. As citocinas produzidas no SNC provavelmente são responsáveis pela hiperpirexia associada à hemorragia, ao traumatismo ou à infecção do SNC.
Febre Causada por Lesões Cerebrais. Quando o neurocirurgião opera na região do hipotálamo, quase sempre é desencadeada febre grave; raramente, o efeito oposto ocorre demonstrando tanto a potência dos mecanismos hipotalâmicos para o controle da temperatura corporal quanto a facilidade com as quais as anormalidades do hipotálamo podem alterar o ponto de ajuste do controle da temperatura. Outra condição que frequentemente causa temperatura alta prolongada é a compressão do hipotálamo por tumor cerebral.
Características das Condições Febris 
Calafrios. 
-Quando o ponto de ajuste do centro de controle de temperatura no hipotálamo é subitamente alterado do nível normal para um nível mais alto do que o normal (como resultado da destruição tecidual, substâncias pirogênicas ou desidratação), a temperatura corporal geralmente leva várias horas para atingir o novo ponto de ajuste da temperatura.
-A elevação súbita do ponto de ajuste da temperatura para o nível de 39,4°C. Como a temperatura do sangue agora é menor do que o ponto de ajuste do controlador hipotalâmico da temperatura ocorre as respostas usuais que causam a elevação da temperatura. Durante esse período, a pessoa experimenta calafrios e sente frio intenso, mesmo que sua temperatura já esteja acima do normal. Além disso, a pele fica fria devido à vasoconstrição e a pessoa treme. Os calafrios continuam até que a temperatura corporal chegue ao ponto de ajuste hipotalâmico de 39,4°C. A partir desse ponto, a pessoa não apresenta mais calafrios e não sente frio ou calor. Enquanto o fator que causa elevação do ponto de ajuste do controlador da temperatura hipotalâmico estiver presente, a temperatura do corpo é regulada quase da mesma forma, mas em nível de ponto de ajuste mais alto.
Crise ou “Rubor”. 
-Se o fator que está causando a alta da temperatura for removido, o ponto de ajuste do controlador da temperatura hipotalâmico será reduzido para valor mais baixo — talvez volte mesmo ao normal.
- Nesse caso, a temperatura do corpo se mantém em 39,4°C, mas o hipotálamo tenta regular a temperatura para 37°C. Essa situação é análoga ao aquecimento excessivo da área hipotalâmica anterior pré-óptica, que causa sudorese intensa e o desenvolvimentosúbito de aquecimento da pele por causa da vasodilatação generalizada. Essa mudança súbita de eventos no estado febril é conhecida como “crise” ou “rubor”. Antes do advento dos antibióticos, a crise era ansiosamente esperada, pois quando ela ocorria o médico considerava que a temperatura do paciente logo estaria diminuindo.
Choque Térmico
-O limite superior da temperatura do ar que a pessoa pode suportar depende em
grande parte de se o ar é seco ou úmido. Se o ar está seco e correntes de ar de convecção suficientes estão fluindo para promover a rápida evaporação do corpo, a pessoa pode resistir durante várias horas na temperatura do ar de 54,4°C.
-Inversamente, se o ar está com 100% de umidade ou se o corpo está imerso na água, a temperatura corporal começa a se elevar sempre que a temperatura ambiental estiver acima de 34,4°C. Se a pessoa está realizando trabalho braçal, a temperatura ambiental crítica acima da qual provavelmente ocorrerá intermação pode ser de 29,4 a 32,2°C.
-Quando a temperatura corporal se eleva além de temperatura crítica, na variação entre 40,5 e 42,2°C, a pessoa provavelmente desenvolverá uma intermação. Os sintomas incluem desorientação, desconforto abdominal, algumas vezes acompanhado por vômitos, às vezes, delírios, com eventual perda da consciência se a temperatura corporal não for rapidamente diminuída. Esses sintomas em geral são exacerbados por grau de choque circulatório ou pela excessiva perda de líquidos e eletrólitos pelo suor.
-A hiperpirexia também é extremamente prejudicial para os tecidos corporais, especialmente para o cérebro, sendo responsável por muitos desses efeitos. De fato,
mesmo poucos minutos em temperatura corporal muito alta algumas vezes podem
ser fatais. Por esse motivo, muitas autoridades recomendam o tratamento imediato
da intermação pelo resfriamento do indivíduo com banho gelado. Como esse procedimento causa calafrios incontroláveis, com aumento considerável da produção
de calor, outros autores sugeriram que o uso de esponja ou o resfriamento da pele
com borrifos de água gelada provavelmente seriam mais eficientes para a diminuição
rápida da temperatura central do corpo. 
Efeitos Prejudiciais das Altas Temperaturas. Os achados patológicos em uma
pessoa que morra por hiperpirexia são hemorragias locais e degeneração parenquimatosa das células de todo o corpo, mas especialmente no cérebro. Após a
destruição das células neuronais, elas não podem ser substituídas. Além disso, as
lesões no fígado, rins e outros órgãos, em geral, podem ser graves o suficiente para
levar à falência de um ou mais desses órgãos, eventualmente levando ao óbito, que
algumas vezes pode ocorrer vários dias após a intermação. 
Aclimatação ao Calor. Pode ser extremamente importante a aclimatação ao
calor extremo. Exemplos de pessoas que necessitam de aclimatação são soldados a
serviço nos trópicos ou mineradores que trabalham a 3 quilômetros de profundidade
nas minas de ouro da África do Sul, onde a temperatura ambiente é próxima da
temperatura corporal e a umidade do ar se aproxima de 100%. 
-Pessoa exposta ao calor por várias horas durante o dia, realizando trabalho relativamente pesado, desenvolverá maior tolerância às condições quentes e úmidas em período de 1 a 3 semanas.
Entre as alterações fisiológicas mais importantes que ocorrem durante esse processo de aclimatação, encontra-se a elevação de aproximadamente duas vezes nos índices máximos da sudorese, aumento do volume plasmático e diminuição da perda de sais no suor e na urina; esses dois últimos efeitos resultam do aumento da secreção de aldosterona pelas glândulas adrenais.
Exposição do Corpo ao Frio Extremo
-A menos que seja tratada imediatamente, a pessoa exposta à água gelada durante
20 a 30 minutos, em geral, morre por parada cardíaca ou fibrilação cardíaca. Nesse
momento, a temperatura interna do corpo cai para aproximadamente 25°C. Se for
aquecido rapidamente, pela aplicação de calor externo, a vida da pessoa pode ser
salva.
Perda da Regulação da Temperatura nas Baixas Temperaturas. Quando a temperatura corporal cai abaixo de 29,4°C o hipotálamo perde sua capacidade de regular a temperatura; essa capacidade fica seriamente deteriorada quando a temperatura cai abaixo de 34,4°C
- Em parte, o motivo dessa diminuição da regulação da temperatura se dá pela diminuição dos índices da produção química de calor em cada célula; para cada diminuição de 5,5°C na temperatura corporal a capacidade de produção de calor da célula cai por duas vezes. Além disso, o estado de sonolência (seguido de coma) deprime a atividade dos mecanismos de controle de calor que ocorrem no sistema nervoso central, impedindo os calafrios.
Enregelamento. Quando o corpo é exposto a temperaturas extremamente baixas, as áreas superficiais podem congelar; um fenômeno conhecido como enregelamento. Esse problema ocorre especialmente nos lobos das orelhas e nos dedos das mãos e dos pés. Se o congelamento for suficiente para formar cristais de gelo nas células, há lesão permanente, tal como dano circulatório permanente e destruição tecidual local. Em geral, o descongelamento é acompanhado por gangrena e as áreas enregeladas devem ser removidas cirurgicamente.
A Vasodilatação Induzida pelo Frio É Mecanismo de Proteção Final Contra o Enregelamento nas Temperaturas Próximas ao Congelamento.
-Quando a temperatura dos tecidos cai a valores próximos ao ponto de congelamento, a musculatura lisa nas paredes vasculares fica paralisada pelo frio, ocorrendo a vasodilatação súbita, geralmente manifestada por rubor da pele. Isto ajuda a prevenir contra o enregelamento, levando sangue quente para a pele. Esse mecanismo é menos desenvolvido em humanos do que em animais que vivem no frio.
Hipotermia Artificial. É fácil diminuir a temperatura da pessoa, inicialmente, pela administração de forte sedativo para deprimir a reatividade do controlador de temperatura hipotalâmico, seguida do resfriamento da pessoa com gelo ou cobertores de resfriamento até que a temperatura caia. A temperatura pode ser mantida abaixo dos 32,2°C durante vários dias ou semanas pela aspersão contínua de água fria ou álcool sobre o corpo. Esse resfriamento artificial pode ser utilizado durante cirurgias cardíacas, para que o coração seja parado artificialmente, durante vários minutos. O resfriamento a esse nível não causa dano tecidual, mas diminui a frequência cardíaca e diminui, enormemente, o metabolismo celular, de modo que as células corporais possam sobreviver 30 minutos a mais de 1 hora, sem que haja fluxo sanguíneo durante o procedimento cirúrgico. 
Febre
-A temperatura corporal é controlada pelo hipotálamo. Os neurônios existentes no
hipotálamo anterior pré-óptico e no hipotálamo posterior recebem dois tipos de
sinais: o primeiro dos nervos periféricos que transmitem informações obtidas dos
receptores de frio/calor na pele e o segundo proveniente da temperatura do
sangue que irriga a região. Esses dois tipos de sinais são integrados pelo centro
termorregulador do hipotálamo, visando à manutenção da temperatura corporal.
Em um ambiente neutro quanto à temperatura, a taxa metabólica dos seres
humanos mais calor do que seria necessário para manter a temperatura corporal
central na faixa entre 36,5 e 37,5°C.
-Em geral, a temperatura corporal normal é mantida apesar das variações
ambientais, tendo em vista que o centro termorregulador do hipotálamo equilibra
a produção excessiva de calor derivada da atividade metabólica dos músculos e
do fígado por dissipação do calor através da pele e dos pulmões. 
-De acordo com os estudos realizados em indivíduos sadios entre 18 e 40 anos de idade, a temperatura oral média é de 36,8 ± 0,4°C, com níveis mais baixos às 6 horas e
mais altos entre 16 e 18 horas. A temperatura oral normal máxima é de 37,2°C às
6 horas e 37,7°C às 16 horas; tais valores definem o percentil 99 para os
indivíduos sadios. De acordo com esses estudos, temperaturas > 37,2°C pela manhã ou > 37,7°C à tarde definiriam o estado de febre. 
- Em geral, as temperaturas retais são 0,4°Cmais altas que as orais. As
leituras orais mais baixas provavelmente são atribuíveis à respiração oral, um
fator a ser considerado nos pacientes com infecções respiratórias e aumento da
frequência respiratória. As temperaturas do esôfago distal refletem com maior
precisão a temperatura central. Os termômetros para membrana timpânica
medem o calor radiante emitido pelo tímpano e canal auditivo adjacente,
apresentando esse valor de forma absoluta (modo sem ajuste) ou calculado
automaticamente a partir da aferição absoluta, com base em nomogramas que
relacionam a temperatura radiante medida com as temperaturas centrais obtidas
em estudos clínicos (modo ajustado). Embora sejam convenientes, tais aferições
podem ser muito mais variáveis que os valores retais, orais ou axilares
determinados diretamente. Estudos realizados em adultos mostraram que os
valores aferidos são menores com os termômetros para membrana timpânica em
modo sem ajuste do que com os aparelhos em modo ajustado, e que os valores
aferidos por termômetros em modo sem ajuste são 0,8°C menores do que as
temperaturas retais.
-A variação diária normal da temperatura, também chamada ritmo circadiano, é normalmente de 0,5°C. Contudo, em alguns pacientes que estão se recuperando de uma doença febril, a variação diária pode chegar a 1°C. Durante uma doença febril, as
variações diurnas geralmente são mantidas, porém em níveis mais altos, febris. A
variação da temperatura ao longo do dia parece ser estável na primeira infância;
por outro lado, é possível que indivíduos mais idosos tenham menor capacidade
de desenvolver febre, apresentando níveis modestos de temperatura mesmo
quando com infecções graves. 
EXAME FÍSICO
Deve-se estabelecer a cronologia dos eventos que precedem a febre, incluindo exposição a indivíduos infectados ou a vetores de doenças. Os dispositivos eletrônicos para medição da temperatura oral, timpânica e retal são confiáveis, mas o mesmo local de medição deve ser usado para o acompanhamento da doença febril. Além disso, os médicos devem estar cientes de que neonatos, idosos, pacientes com doença hepática crônica ou insuficiência renal e aqueles que estejam fazendo uso de glicocorticoides ou
sendo tratados com anticitocina podem ter infecção ativa sem apresentar
febre, em razão da atenuação da resposta febril.
EXAMES LABORATORIAIS
-A rotina deve incluir hemograma completo; a contagem diferencial deve ser realizada manualmente ou com um instrumento sensível à identificação de formas jovens ou em bastão, granulações tóxicas e corpúsculos de Döhle sugestivos de infecção bacteriana. Em algumas infecções virais, é possível que haja neutropenia.
A medição das citocinas circulantes nos pacientes com febre não tem utilidade uma vez que os níveis de citocinas, como IL-1 e TNF, na circulação com frequência ficam abaixo do limite para o método de detecção ou não coincidem com a febre. 
-os parâmetros mais importantes são a proteína C-reativa (PCR) e a velocidade de hemossedimentação. Esses marcadores de processos infamatórios são particularmente úteis na detecção de doenças ocultas. Pode ser útil a medida da IL-6 circulante, a qual induz a PCR. Porém, enquanto os níveis de IL-6 podem variar durante uma doença
febril, os níveis de PCR permanecem elevados. 
FEBRE NOS PACIENTES SUBMETIDOS À TERAPIA ANTICITOCINA
-Os pacientes que recebem tratamento a longo prazo com esquemas a base de anticitocina têm risco aumentado de infecção devido à redução nas defesas do hospedeiro. Por exemplo, a infecção latente por Mycobacterium tuberculosis nos pacientes com doença de Crohn, artrite reumatoide ou psoríase, a possibilidade de que esse tratamento atenue a reação febril deve ser lembrada.
-Em praticamente todos os casos relatados de infecção associada à terapia anticitocina, a febre se encontra entre os sintomas de apresentação.
-Febre baixa em pacientes que recebem terapias anticitocina é uma preocupação considerável. A resposta febril também é reduzida em pacientes que recebem terapia crônica com glicocorticoides ou agentes anti-inflamatórios, como os AINEs.
TRATAMENTO
Febre
A DECISÃO DE TRATAR A FEBRE
- A maioria dos casos de febre está associada a infecções autolimitadas, como as doenças virais comuns. Nessas infecções, o uso de antipiréticos não é contraindicado: não há evidências clínicas significativas indicando que os antipiréticos retardem a resolução das infecções virais ou bacterianas, ou que a febre facilite a recuperação de infecções ou atue como adjuvante ao sistema imune. Em resumo, o tratamento da febre e dos seus sintomas com antipiréticos rotineiros não faz mal nem retarda a resolução das infecções virais e bacterianas comuns.
- Nas infecções bacterianas, a não utilização de terapia com antipirético pode ajudar na
avaliação da efetividade de um antibiótico específico, especialmente quando não houver culturas positivas do organismo infectante, e o uso rotineiro de antipiréticos pode mascarar uma infecção bacteriana inadequadamente tratada
- Como afirmado anteriormente, em neonatos, idosos, pacientes com doença hepática ou renal crônicas e naqueles fazendo uso de glicocorticoides, a febre pode não estar presente a despeito de haver infecção. Em pacientes com choque séptico, é possível haver hipotermia.
TRATAMENTO COM ANTICITOCINA PARA REDUZIR A FEBRE EM DOENÇAS AUTOIMUNES E AUTOINFLAMATÓRIAS
- A febre recorrente é documentada em algum momento na maioria das doenças autoimunes e em quase todas as doenças autoinflamatórias. Embora a febre possa ser uma manifestação das doenças autoimunes, as febres recorrentes são características das doenças autoinflamatórias incluindo doença de Still do adulto e juvenil, febre familiar do Mediterrâneo e síndrome de hiper-IgD, mas também doenças comuns como pericardite idiopática e gota. Além das febres recorrentes, neutrofilia e inflamação serosa caracterizam as doenças autoinflamatórias. As febres associadas a essas doenças são significativamente reduzidas bloqueando-se a atividade da IL-1 com anacinra ou canaquinumabe. Consequentemente, as anticitocinas reduzem a febre em doenças autoimunes e autoinflamatórias. Ainda que as febres nas doenças autoinflamatórias sejam mediadas pela IL-1β, os pacientes também respondem aos antipiréticos
2. Diferenciar a febre da hipertermia.
FEBRE VERSUS HIPERTERMIA
- A febre é uma elevação da temperatura corporal que ultrapassa a variação diária normal e ocorre associada a aumento do ponto de ajuste hipotalâmico (p. ex., de 37 para 39°C). Quando o ponto de ajuste do hipotálamo está elevado, os neurônios do centro vasomotor são ativados dando início à vasoconstrição. Inicialmente, o indivíduo percebe essa vasoconstrição nas mãos e nos pés. O desvio de sangue da periferia para os órgãos internos reduz a perda de calor através da pele e o indivíduo sente frio. Na maioria dos pacientes com febre aumenta 1 a 2°C. Os tremores, que elevam a produção muscular de calor, podem se iniciar nesse momento, mas serão desnecessários se os mecanismos de conservação elevarem suficientemente a temperatura sanguínea. As adaptações comportamentais (p. ex., vestir mais roupas ou se cobrir) ajudam a elevar a temperatura corporal ao reduzir a perda de calor.
Os processos de conservação (vasoconstrição) e geração (tremores e aumento da termogênese sem tremores) de calor continuam até que a temperatura do sangue que irriga os neurônios hipotalâmicos atinja o novo ponto de ajuste do termostato. Quando esse patamar é atingido, o hipotálamo mantém a temperatura no nível febril pelos mesmos mecanismos de equilíbrio do calor que funcionam no indivíduo sem febre. Quando o ponto de ajuste hipotalâmico é reajustado para baixo (em resposta à redução da concentração dos pirogênios ou ao uso de antipiréticos), os processos de perda de calor por vasodilatação e transpiração são ativados. A perda de calor por transpiração e vasodilatação continua até que a temperatura sanguínea no hipotálamo atinja o limite inferior da regulação. Alterações comportamentais (p. ex., remoção de roupas) facilitam
a perda de calor.- há situações nas quais a elevação da temperatura significa hipertermia (intermação) e não febre. A hipertermia caracteriza-se por aumento descontrolado da temperatura corporal, que excede a capacidade do organismo de perder calor. Não há alteração no ajuste do centro termorregulador hipotalâmico. Ao contrário do que ocorre com a febre nas infecções, a hipertermia não envolve a presença de moléculas pirogênicas. A exposição ao calor exógeno e a geração de calor endógeno são dois mecanismos pelos quais a hipertermia pode produzir temperaturas internas perigosamente altas. A produção excessiva de calor pode facilmente causar hipertermia apesar dos
controles fisiológicos e comportamentais da temperatura corporal. Por exemplo,
o trabalho ou o exercício em ambientes aquecidos podem gerar calor mais
rapidamente do que os mecanismos periféricos conseguem dissipar. E ainda pode evoluir rapidamente para o óbito e caracteristicamente não responde aos antipiréticos
-Em uma situação de emergência, a distinção entre febre e hipertemia pode ser difícil. Por exemplo, na sepse sistêmica, a febre (hiperpirexia) pode começar rápido e a temperatura pode ser > 40,5°C. A hipertermia costuma ser diagnosticada com base nos eventos imediatamente precedentes à elevação da temperatura central – por exemplo, exposição ao calor ou tratamento com fármacos que interferem na termorregulação. Nos pacientes com síndromes de intermação e nos indivíduos que estejam usando fármacos que impeçam a transpiração, a pele encontra-se quente e seca, enquanto, nos casos febris, a pele pode estar fria em consequência da vasoconstrição. Os antipiréticos não abaixam a temperatura na hipertermia, enquanto, nos casos de febre – e até mesmo na hiperpirexia –, doses adequadas de ácido acetilsalicílico ou de paracetamol geralmente produzem alguma redução da temperatura corporal. 
- A febre > 41,5°C é chamada hiperpirexia. Essa febre extremamente elevada pode ocorrer em pacientes com infecções graves, porém é mais comum em indivíduos com hemorragias do sistema nervoso central (SNC). Em casos raros, o ponto de ajuste do hipotálamo aumenta em consequência de traumatismo localizado, hemorragia, tumor ou disfunção hipotalâmica intrínseca. A expressão febre hipotalâmica algumas vezes é utilizada para descrever elevações da temperatura causadas por disfunção do hipotálamo. Contudo, a maioria dos pacientes com lesão hipotalâmica tem temperaturas
corporais abaixo e não acima do normal.
3. Analisar a convulsão febril, considerando os critérios diagnósticos, tratamento, tipos
e cuidados.
A crise epiléptica é a ocorrência neurológica clínica mais frequente da emergência pediátrica. De 4 a 10% da população apresentará ao menos 1 episódio epiléptico até os 16 anos de idade, incluindo-se as crises febris, que ocorrem em 2 a 5% das crianças de até 5 anos de idade.
Convulsão febril
É um evento benigno que ocorre em crianças com mais de 1 mês de vida, associado a doença febril não causada por infecção do SNC, em pacientes sem antecedentes de crises neonatais ou crises afebris e sem critérios para crises sintomáticas agudas. 
-Acometem cerca de 5% das crianças de até 5 anos de idade. 
-Podem ser simples (mais de 80% dos casos, caracterizadas por duração menor que 15 minutos, sem recorrência na mesma doença febril, generalizadas e sem déficits focais) ou complexas (focais, com duração maior que 15 minutos, recorrentes na mesma doença febril ou seguidas da paresia de Todd).
-O principal fator predisponente é a herança familiar. 
-O diagnóstico depende de história e exame clínico e neurológico, caracterizando crise epiléptica e afastando infecção do SNC e outas crises sintomáticas agudas. 
-Quando caracterizada a crise febril simples, não há necessidade de coleta de exames complementares. A punção lombar com coleta do LCR só é necessária para afastar infecção de SNC quando há sinais clínicos sugestivos de meningite, quando a criança tem menos de 6 meses de vida ou quando o lactente não está imunizado contra pneumococo, meningococo e hemófilo.
-Na grande maioria das vezes, a crise resolve-se rápida e espontaneamente. Quando necessário, o tratamento é o mesmo das demais crises epilépticas na criança. 
-O prognóstico é bom, com chance de recorrência de 30% e chance de epilepsia de 2 a 4% (maior que a da população geral). A alta hospitalar é segura após orientação dos pais na maior parte dos casos. Indica-se internação hospitalar para observação e avaliação neurológica nos casos de crises complexas ou prolongadas.
- A crise febril (CF) é definida como “uma crise epiléptica que ocorre entre 6 meses e 6 anos de idade, associada à doença febril, não causada por uma infecção do sistema nervoso central (SNC), sendo excluídas as crianças que apresentaram crise
neonatais ou crises não provocadas ou, que se encaixam nos critérios de outra crise sintomática aguda”. A CF corresponde a um dos problemas neurológicos mais frequentemente observados na população pediátrica, considerada por Aicardi como crise epiléptica ocasional
- Geralmente, a CF ocorre em associação com infecções virais das vias aéreas superiores, pulmonares, intestinais e do trato urinário, assim como associada à febre decorrente de vacinação. A CF ocorre geralmente nas primeiras 24 horas do episódio febril, no período de ascensão rápida da temperatura.
A curta duração da febre antes da CF e a baixa temperatura são associadas a um aumento do risco de recorrência. As CF são classificadas em simples e complexas. 
-A CF simples tem apresentação generalizada, duração inferior a 15 minutos e não recorre em menos de 24 horas, com exame neurológico pósictal normal; enquanto a CF complexa tem duração superior a 15 minutos e/ou apresenta uma ou mais recorrências nas primeiras 24 horas, podendo iniciarse como focal e/ou apresentar exame neurológico pósictal alterado. 
-O diagnóstico de CF na infância é clínico, tornando fundamentais a anamnese detalhada e o exame físico minucioso, com o objetivo de afastar intoxicações exógenas, trauma, focos infecciosos e avaliar as características da crise e a história familiar. A febre é um dos fatores determinantes da CF, no entanto, a etiopatogenia da crise deve ser mais bem esclarecida, especialmente em nível molecular.
Epidemiologia
Estimase que 2 a 5% das crianças menores de 5 anos apresentarão pelo menos um episódio de CF. 
Genética
A ocorrência de epilepsia ou de CF em familiares de pacientes com CF, bem como a constatação de CF em pacientes com formas idiopáticas de epilepsia demonstram o caráter genético da CF. A história familiar, estudos da ligação de CF com vários cromossomos, estudos referem a ocorrência de crises epilépticasfamiliares em geral e em pais e irmãos de crianças com CF. 
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da CF é predominantemente clínico.
O exame do líquido cefalorraquidiano, diante de uma primeira convulsão febril, está indicado nas seguintes condições:
• menos de 6 meses de vida;
• sintomatologia de infecção do SNC;
• recuperação lenta ou alteração neurológica pósictal;
• uso de antibióticos (lembrar que os sintomas de meningite podem ser mascarados).
Os demais exames laboratoriais são direcionados para a investigação do foco infeccioso, não fazendo parte da investigação rotineira da CF simples ou complexa.
Eletroencefalograma (EEG), mapeamento cerebral, tomografia computorizada (TC) de crânio e RM cerebral não devem ser realizados rotineiramente, uma vez que não contribuem para o diagnóstico nem para o tratamento.
O tratamento da CF é baseado em três aspectos fundamentais:
• tratamento da fase aguda;
• profilaxia da recorrência das crises;
• orientação familiar.
A maioria das crianças já chega ao prontosocorro no período pósictal. 
-Nos casos em que a criança está em convulsão, o tratamento agudo é igual a qualquer crise epiléptica, independentemente de sua etiologia, inclusive no que se refere a me
didas gerais.
No momento da admissão no setor do prontosocorro, a temperatura deve ser imediatamente aferida, sendo indicado controle da febre por meios físicos(compressas frias) e antitérmicos. Nas situações em que há recorrência da CF, podese recomendar o uso de benzodiazepínicos (diazepam, clonazepam e nitrazepam) durante o episódio febril. O clonazepam e o nitrazepam foram utilizados com sucesso em estudos não controlados, mas como são drogas predominantemente sedativas e miorrelaxantes, devem ser usadas com parcimônia. 
A Academia Americana de Pediatria (AAP) não recomenda o uso contínuo ou profilático de anticonvulsivantes na CF simples. Na CF complexa e com alta recorrência, podemse utilizar benzodiazepínicos durante os episódios febris. Cada caso deve ser avaliado individualmente, de modo geral, crianças neurologicamente saudáveis, com rápida recuperação da consciência e sem déficits neurológicos focais, geralmente não necessitem de internação hospitalar.
Diagnóstico diferencial
O principal diagnóstico diferencial é a meningite, além de alguns processos que simulam as crises convulsivas, como síncopes febris, que se comportam como crises atônicas, delírios febris, calafrios e tremores.
É importante informar à família que:
1. A crise febril tem um caráter benigno, não tendo sido observado, até os dias atuais, nenhum estudo em que houvesse morte causada pela CF, pois a crise para os pais está associada à ideia de morte.
2. O controle rigoroso da febre é o aspecto mais importante do tratamento, com o uso de antitérmicos e/ou banhos típicos. As compressas frias podem ser postergadas para os casos em que a temperatura não diminui com o uso das medidas anteriores.
3. O risco de um novo episódio convulsivo durante o mesmo quadro febril é raro, embora possa ocorrer.
4. Uma vez que as convulsões febris são associadas a elevações rápidas de temperatura corporal acima de 38°C, a crise pode ser o primeiro sinal de um processo infeccioso, não havendo tempo para a administração de antitérmicos antes que ela ocorra.
5. É importante proteger a criança durante a crise; porém, sem restringir seus movimentos.
6. Não se deve introduzir nada em sua boca.
7. Não se deve tentar respiração boca a boca ou massagem cardíaca em casa.
8. Se a criança tiver nova crise, os pais devem manter a calma, posicionar a criança em uma superfície confortável, em decúbito lateral direito, para evitar o acúmulo de saliva na cavidade oral e prevenir a broncoaspiração no caso de vômitos.
9. Após o término das crises, não se deve administrar qualquer medicação ou líquidos por via oral até que a criança esteja bem desperta.
10.É necessário prestar atenção à duração da convulsão. No caso de tempo maior que 5 minutos, devese dirigir à emergência mais próxima ou chamar uma ambulância.
11. É preciso avaliar a temperatura com termômetro e não agasalhar demais a criança.
Prognóstico
Em um projeto nacional colaborativo, na GrãBretanha, não se encontrou diferença significativa entre a média de QI das crianças que tiveram CF e seus irmãos. 
O estudo do efeito da CF sobre o perímetro cefálico, a inteligência e o comportamento em crianças com CF até os 5 anos de idade evidenciou que as crianças com CF não diferiram dos seus pares com relação a esses parâmetros. 
Não se descrevem mortes, estado de mal convulsivo ou déficits neurológicos permanentes após crises febris.
Considerações finais
Crise febril é a crise epiléptica mais comum em lactentes e préescolares, de baixa morbidade, recorrência pouco frequente e não requer tratamento contínuo com drogas antiepilépticas.
A profilaxia secundária não é indicada no caso de CF simples, mas no caso de CF complexa, prolongada ou focal, a profilaxia secundária intermitente pode ser considerada.
A opção ou não pelo tratamento profilático e qual a melhor forma de fazêlo envolve não apenas o conhecimento sobre a CF, mas também aspectos individuais, familiares e a estrutura social em que a criança está inserida.
4. Explicar a farmacodinâmica e farmacocinética dos antitérmicos.
MECANISMOS DOS AGENTES ANTIPIRÉTICOS
-A redução da febre por meio da diminuição do ajuste hipotalâmico anteriormente elevado varia diretamente em função da redução do nível de PGE2 no centro termorregulador. 
-A síntese de PGE2 depende da enzima cicloxigenase (COX) expressa constitutivamente. O substrato da COX é a liberação do ácido araquidônico da membrana celular, e essa liberação é a etapa limitadora da velocidade da síntese de PGE2. Assim, os inibidores da COX são antipiréticos potentes. 
-A potência antipirética dos diversos fármacos está diretamente relacionada com a inibição da COX cerebral. 
-O paracetamol é um inibidor fraco da COX nos tecidos periféricos e não possui atividade anti-inflamatória significativa; no cérebro esse fármaco é oxidado pelo sistema do citocromo P450, e a forma resultante inibe a atividade da COX. Além disso, no cérebro, a inibição de uma outra enzima, a COX-3, pelo paracetamol, pode explicar o efeito antipirético desse agente. Entretanto, a COX-3 não é encontrada fora do SNC.
-O ácido acetilsalicílico e o paracetamol orais são igualmente efetivos para reduzir a febre em humanos.
-Os AINEs, como o ibuprofeno e os inibidores específicos da COX-2, também são antipiréticos excelentes.
-O tratamento crônico com doses elevadas de antipiréticos, como o ácido acetilsalicílico, ou de qualquer AINE não reduz a temperatura corporal central normal. Assim, a PGE2 não parece desempenhar qualquer função na termorregulação normal.
-Na qualidade de antipiréticos efetivos, os glicocorticoides atuam em dois níveis. Em primeiro lugar, de forma semelhante aos inibidores da COX, os glicorticoides reduzem a síntese da PGE2 inibindo a atividade da fosfolipase A2, necessária à liberação do ácido araquidônico da membrana celular. Em segundo lugar, eles bloqueiam a transcrição do mRNA para as citocinas pirogênicas. Há algumas evidências experimentais indicando que o ibuprofeno e os inibidores da COX-2 reduzem a produção de IL-6 induzida pela IL-1 e talvez contribuam para a atividade antipirética dos AINEs.
-Quando a formação de prostaglandinas é bloqueada por fármacos, a febre pode ser abortada ou diminuída. De fato, esta pode ser a explicação para o mecanismo de atuação da aspirina na redução da febre, pois a aspirina impede a formação de prostaglandinas, a partir do ácido araquidônico. Fármacos como a aspirina, que reduzem a febre, são chamados antipiréticos.
ESQUEMAS PARA O TRATAMENTO DA FEBRE
-Os objetivos do tratamento da febre são reduzir o ponto de ajuste hipotalâmico elevado e facilitar a perda de calor. A redução da febre com antipiréticos também atenua os sintomas sistêmicos, como cefaleia, mialgias e artralgias. O ácido acetilsalicílico e os AINEs orais são efetivos para reduzir a febre, mas também produzem efeitos adversos sobre as plaquetas e o trato gastrintestinal. Portanto, deve-se dar preferência ao uso de
paracetamol como antipirético. 
-Em crianças, o paracetamol ou o ibuprofeno oral devem ser usados porque o ácido acetilsalicílico aumenta o risco de desenvolvimento da síndrome de Reye. Caso o paciente não possa receber medicamentos VO, devem ser usadas as preparações parenterais dos AINEs ou os diversos antipiréticos sob a forma de supositórios retais.
-O tratamento da febre é altamente recomendável em alguns pacientes. A febre aumenta a demanda de oxigênio (ou seja, para cada 1°C de elevação da temperatura acima de 37°C, o consumo de oxigênio aumenta 13%) e pode agravar o estado de pacientes com disfunções cardíacas, pulmonares ou do SNC preexistentes. 
-Crianças com história de convulsões febris ou afebris devem ser tratadas rigorosamente para reduzir a febre. Contudo, não foi esclarecido o fator que desencadeia a convulsão febril e não há qualquer correlação entre a elevação absoluta da temperatura e o início de uma convulsão febril em crianças suscetíveis.
- Na hiperpirexia, o uso de cobertores de refrigeração facilita a redução da temperatura; contudo, nesses pacientes, tais cobertores não devem ser usados sem antipiréticos orais. Nos pacientes com hiperpirexia causada por doença ou traumatismo do SNC (sangramento no SNC), a redução da temperatura central atenuaos efeitos nocivos da temperatura alta sobre o cérebro.

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