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Resumo - Fisiopatologia da Febre e da Inflamação, Penicilinas e Inibidores da Beta-Lactamase

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Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
PROBLEMA 1 – ABERTURA: 
REGULAÇÃO DA TEMPERATURA E FEBRE: 
A temperatura corporal humana é fruto da 
interação entre a produção de calor 
endógeno e as perdas ambientais, 
processo mediado por neurônios 
termossensíveis em todo o SNC. 
No centro do organismo, a 
temperatura se mantem praticamente 
constante (± 0,6ºC), ao passo que na 
pele, as interações com o meio são 
muito mais frequentes. 
O principal mecanismo produtor de calor é o 
trabalho da musculatura esquelética, seja 
pela atividade dessas fibras ou por calafrios. 
Destaca-se também termogênese 
química/estática, principalmente gordura 
marrom, de elevado metabolismo. 
A regulação da temperatura em RN 
é dependente da queima desse tipo 
de tecido, pois eles não apresentam 
maturidade muscular para promover 
espasmos ou calafrios. 
 
Mecanismos de regulação térmica em recém-
nascidos 
No meio externo, por sua vez, a aquisição 
da temperatura ocorre pela estadia em 
ambientes quentes e/ou úmidos. 
O sistema circulatório é responsável por 
distribuir o calor para outras partes do 
corpo, de forma que a 
vasoconstrição/vasodilatação 
representam mecanismos eficazes de 
regulação térmica (diminuem ou aumentam 
a superfície de contato com o ambiente). 
 
Representação da malha vascular que auxilia na 
condução de calor pelo corpo 
Quando a T ambiental > T corporal, 
calor pode ser trocado por meio de 
condução ou radiação. No entanto, 
se T corporal > T ambiental, o 
mecanismo empregado será a 
evaporação (suor ou respiração). 
 
Processos de perda de calor corporal 
Existem 3 principais mecanismos para a 
regulação de temperatura, a saber: 
 Mecanismo aferente (sensores): 
composto primariamente por receptores 
térmicos na pele (principalmente para o 
frio), nos vasos, nas vísceras abdominais, 
na medula e no SNC, são responsáveis 
por detectar variações na temperatura; 
 Mecanismo central (integrador): 
representa um centro para análise de 
impulsos aferentes, representado 
primariamente pela área pré-óptica do 
hipotálamo; 
A ação dessa região se assemelha a 
um termostato, mantendo uma T 
corporal constante (ponto de ajuste) 
através de feedback negativo. 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
 
Alterações no ponto de ajuste para a deflagração da 
sudorese com o aumento da temperatura da pele 
(antecipa variações centrais) 
o Área hipotalâmica anterior: segmento 
com elevada concentração de 
neurônios sensíveis ao calor e ao 
frio. Age como sensor de variação 
térmica; 
o Área hipotalâmica posterior: 
corresponde a um núcleo de 
integração entre sinais de regulação 
periférica e central, mediando os 
processos regulatórios. 
 Mecanismo eferente (efetor): é 
resultado das conexões do hipotálamo 
com o restante do SNC, SNA e o sistema 
endócrino, promovendo artifícios para 
modular a geração/condução de calor. 
o Reações ao aumento da temperatura 
corporal: 
 Vasodilatação de estruturas 
cutâneas: marcada pela inibição 
de áreas de ação do SNA 
simpático no hipotálamo 
posterior; 
 Sudorese: representa a 
excreção de filtrado semelhante 
ao plasma por meio de 
glândulas sudoríparas. Esse 
processo é mais acentuado 
quando a T corporal ultrapassa 
37ºC; 
 Redução da produção de calor: 
há supressão dos mecanismos 
externos ao metabolismo basal 
capazes de gerar aumento da 
temperatura. 
 
Correlação entre os mecanismos de 
regulação térmica frente a um aumento 
central 
o Reações à diminuição da 
temperatura corporal: 
 Vasoconstricção da pele; 
 Piloereção: impulsos 
simpáticos promovem a 
contração de músculos 
adjacentes ao folículo piloso, 
levando os pelos a adotarem uma 
posição vertical (não é tão 
expressiva em humanos); 
 Intensificação da 
termogênese: há a estimulação 
de diversos processos 
secundários que liberam calor, 
como a termogênese e os 
calafrios. 
Ainda no hipotálamo posterior, em sua 
porção dorsomedial, é encontrado o centro 
motor primário para os calafrios, 
frequentemente inibido até que sinais de 
percepção do frio sejam detectados, 
rebaixando a T corporal. 
A estimulação para essa resposta é 
enviada bilateralmente pelo tronco 
encefálico em direção às colunas 
laterais da medula e, por fim, aos 
neurônios motores. 
Nos calafrios não há contração muscular 
efetiva, mas sim um aumento generalizado 
do tônus, causando “tremores” que oscilam 
conforme o ciclo de estiramento de fusos 
dos músculos. 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
 
Mecanismo de geração de calor por calafrios 
A termogênese química, por sua vez, é 
decorrente da ação da noradrenalina sobre 
os depósitos de gordura, liberando calor sem 
gerar ATP. Como mencionado 
anteriormente, a intensidade desse processo 
é mais elevada na gordura marrom, bastante 
vascularizada e densa em mitocôndrias, que 
expressa termogenina na presença do 
neurotransmissor descrito anteriormente. 
Esse processo também pode ser 
mediado por meio da elevação na 
secreção de tiroxina pela tireoide, 
processo deflagrado com a captação 
de estímulos de frio pela porção 
posterior hipofisária. O hormônio 
descrito é responsável por aumentar 
o metabolismo, facilitando a geração 
de calor. 
FEBRE: 
A febre corresponde à elevação excessiva 
da T corporal, ultrapassando os limites de 
variação normal, sendo causada por 
alterações endógenas ao SNC ou por meio 
da ação de agentes exógenos sobre os 
centros de regulação térmica. 
 
Possíveis fatores associados a variações térmicas 
normais e anormais 
Esse mecanismo estimula diversas 
estratégias de defesa no corpo 
humano, elevando a quimiotaxia e a 
fagocitose, porém também pode 
estimular a liberação excessiva de 
citocinas, o que pode agravar 
quadros de sepse. 
Os fatores que podem causar a elevação do 
ponto de ajuste térmico são denominados 
pirogênios, também segmentados em 
endógenos (de ação direta e rápida, 
causando a febre verdadeira) e exógenos 
(atuam indiretamente após algumas horas). 
Frente a essa alteração, os mecanismos 
corporais de conservação de calor 
começam a agir, até que a temperatura 
corporal atinja esse novo patamar. 
Os pirogênios externos, presentes tanto 
em vírus como em bactérias e fungos, atuam 
na ativação de receptores TLR, 
principalmente por meio de 
lipopilissacarídeos (Gram-negativos), que 
em seu processo de ligação mediam a 
deflagração da cascata inflamatória, que 
por sua vez estimula a secreção de agentes 
endógenos. 
Hipóteses de surgimento da febre por 
vias de sinalização já foram 
descritas, destacando-se o papel da 
liberação hepática de PGE2 na 
ativação vagal, culminando no 
recrutamento hipotalâmico anterior à 
produção de citocinas. 
 
Principais pirogênios externos e seus indutores 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
Os principais produtores de citocinas 
pirogênicas no corpo humano são 
monócitos, neutrófilos polimorfonucleares, 
macrófagos, histócitos e células 
gigantes, todas consideradas células de 
caráter fagocitário. 
A liberação dos pirogênios endógenos 
depende da sensibilidade de seus 
produtores a estímulos, normalmente 
infecções, reações imunológicas, 
traumas, queimaduras e demais eventos 
lesivos causadores de inflamação. 
 
Mecanismos da patogênese da febre 
Devido a essa condição, citocinas 
inflamatórias, como IL-1, IL-6, TNF e 
INF-α participam da alteração do 
ponto de ajuste, agindo diretamente 
sobre o hipotálamo por meio da 
liberação de PGE2 (se liga a 
reveptores EP1 e EP3). 
 
Principais citocinas com potencial pirogênio 
Com a alteração da regulação térmica 
hipotalâmica, diversos eventos são 
deflagrados para “ajustar” a temperatura 
corporal e evitar sua dissipação. Nesse 
momento, o paciente passa a sentir frio 
intenso, calafrios e a apresentar pele fria 
(vasoconstricção) até que sua T corporal 
alcanceo “novo padrão” basal. 
Esses comportamentos se mantém até que 
seja alcançado o ponto de ajuste ou que o 
agente pirogênio seja removido. Nessa 
última situação, ocorre uma tentativa súbita 
de retorno à T corporal normal, o que se dá 
por meio de vasodilatação generalizada e 
sudorese. Esse período é denominado crise 
ou rubor. 
Diversos antipiréticos endógenos 
tentam suprimir a febre, como 
glucocorticoides (inibidores de 
citocinas inflamatórias), os 
neuropeptídios (ACTH e 
vasopressina), e as citocinas anti-
inflamatórias (IL-10, principalmente). 
 
Cronologia da febre, destacando os pontos de 
alteração do ponto de ajuste térmico e a evolução do 
quadro até a crise e o retorno à temperatura basal 
Além desses sintomas voltados para a 
modulação térmica, um paciente com febre 
apresenta outros sinais importantes, como 
astenia, prostração e alteração na 
secreção de diversas proteínas hepáticas 
mediadoras da inflamação. 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
A intermação ocorre quando a elevação da 
temperatura supera a temperatura crítica, 
caracterizada por desorientação e 
alterações neurológicas, como 
rebaixamento da consciência, e 
desconforto abdominal. A gravidade se 
eleva quando há perda de líquidos em 
excesso. 
A continuidade dessa exposição pode 
levar à hiperpirexia, fenômeno 
causador de hemorragias e 
degeneração celular (principalmente 
em neurônios, no fígado e nos rins), 
que podem induzir falência de 
órgãos. 
Em pacientes febris, é possível 
observar o Sinal de Faget, no qual a 
elevação térmica não é 
acompanhada aumento da FC 
esperado (10 bpm/0,5ºC). 
Vale ressaltar que a febre não é um sinal 
isolado, mas sim componente de uma 
síndrome (síndrome febril) que pode 
apresentar diversas etiologias, sinais e 
sintomas. Destacam-se: 
 Febre neurogênica: é comum em 
pacientes com lesões graves ao SNC, 
nos quais há comprometimento 
hipotalâmico e exacerbação de 
respostas inflamatórias, perpetuando o 
quadro. É refratária a antipiréticos; 
 Febre Neutropênica: decorre de 
déficits imunológicos, podendo 
assumir diversas apresentações, 
relacionadas ou não à infecção; 
 Febre de origem desconhecida 
(obscura): em adultos, corresponde à 
febre que persiste acima de 38,3ºC por 
mais de 3 semanas, não sendo 
encontrado um diagnóstico após 1 
semana de tentativas. Em crianças essa 
definição é mais ampla, podendo ser 
aplicada a quadros de até 5 dias. 
No primeiro ano de vida, esse quadro 
está frequentemente associado a 
infecções respiratórias, ao passo que, 
com o crescimento, essa predominância 
passa a ser de doenças do tecido 
conjuntivo (como lúpus) ou neoplasias. 
 Síndromes auto inflamatórias 
hereditárias: mais comum em crianças, 
essa apresentação febril é marcada por 
temperatura > 39ºC, com respostas 
inflamatórias e fadiga associados. Por 
vezes o agente desencadeante é um 
estímulo de pequena magnitude, como 
uma vacina. 
 
Principais manifestações inflamatórias hereditárias 
associadas à febre 
Em neonatos, as principais etiologias 
associadas à febre são: 
 Infecções virais: na maioria das vezes, 
o primeiro contato é assintomático, 
porém esse quadro favorece o 
surgimento concomitante de 
infecções bacterianas. 
A contaminação pode ser vertical, 
durante o parto, ou horizontal, pela 
interação com familiares ou funcionários 
do hospital. 
Os agentes etiológicos de maior 
gravidade são: 
o Vírus herpes simplex; 
o Vírus varicela-zóster; 
o Enterovírus; 
o Influenza; 
o Adenovírus; 
o Vírus sincial respiratório. 
 Infecções baterias invasivas: diversas 
infecções bacterianas podem acometer o 
RN, como meningite, pneumonia, 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
alterações na pele e tecido conjuntivo, 
gastroenterite ou infecções do trato 
urinário. 
Os principais fatores de risco para 
infecções graves ou sepse são a idade < 
28 dias, temperatura retal > 40ºC, a 
não-imunização, prematuridade e 
antibioticoterapia antes do 7º dia de 
vida. 
Os patógenos mais associados ao 
desenvolvimento de infecções 
bacterianas em RN são E. coli, 
Steptococcus tipo B, S. aureus, 
Sreptococcus pneumoniae, Salmonella 
spp., Moraxella catarrhalis e Klebsiella 
spp 
 
Principais vírus e bactérias associados à febre 
no RN 
As convulsões febris são urgências 
pediátricas bastante comuns, afetando 
principalmente crianças de 3 meses a 5 
anos, com pico entre o 9º e o 20º mês de 
vida. 
Os processos inflamatórios basais 
associados à febre podem elevar a 
excitabilidade neuronal ou provocar 
mutações genéticas em canais 
iônicos, aumentando a predisposição 
ao quadro. 
AVALIAÇÃO SEMIOLÓGICA DA FEBRE: 
A avaliação da febre deve contar com a 
aferição da temperatura, que pode ser 
realizada por via axilar, oral ou retal, sendo 
esta última mais fiel à temperatura interna, 
ainda que incômoda. 
 Temperatura axilar normal: 36º a 
37,2ºC; 
 Temperatura oral normal: 36,5º a 
37,5ºC; 
 Temperatura retal normal: 37º a 38,2ºC 
(normalmente é 1ºC maior que a T axilar). 
O ciclo circadiano pode alterar 
fisiologicamente a T corporal, que 
tem valor mínimo durante o sono e 
pico entre 17 e 22h. 
Em neonatos, temperaturas retais 
acima de 38ºC já despertam sinais de 
alerta (é permitida uma variação de 
apenas 0,5ºC em relação à 
temperatura média). 
A temperatura do ambiente, estresses 
psicológicos e a realização de exercícios 
pode deslocar esse valor dentro dos limites 
normais. 
Para cada ºC aumentado, a FC deve 
se elevar em 10 a 20 bpm, processo 
que, quando ausente, indica 
bradicardia relativa e dissociação 
pulso/T. 
A idade também apresenta papel importante 
na delimitação da temperatura, pois RN 
apresentam maiores oscilações (febre = 
~38ºC), crianças possuem maior 
metabolismo e idosos contam com retardo 
na regulação. 
As possíveis classificações da febre 
abrangem: 
 Intensidade (em adultos): 
o Febre baixa: entre 37,3ºC e 37,7ºC; 
o Febre moderada: entre 37,8º e 38,9ºC; 
o Febre alta (pirexia): entre 39º a 40ºC; 
o Hiperpirexia: acima de 40ºC. 
 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
Valores de referência para a intensidade da 
febre em adultos 
 
Principais etiologias para cada intensidade 
febril 
 Início: pode ser súbito ou insidioso; 
 Duração: 
o Aguda: > 7 dias, comum em 
infecções; 
o Subaguda: entre 7 e 14 dias de 
duração, observada em abcessos ou 
na febre tifoide; 
o Crônica: > 14 dias, presente em 
neoplasias ou doenças bacterianas 
crônicas. 
 Evolução/Padrão: 
o Contínua: há pouca variação nos 
valores de temperatura ao longo do 
dia, sem períodos de apirexia, 
estendendo-se por até 3 ou 4 dias 
(típica de bacteremia persistente); 
 
Curva da febre contínua 
o Intermitente: a elevação da 
temperatura cede ao menos 1x por 
dia, sendo típica de quadros 
oscilatórios, como a malária; 
 
Curva da febre intermitente 
o Remitente: há variações térmicas de 
mais de 1ºC, porém a temperatura 
não alcança valores fisiológicos. 
Pode persistir por longos períodos; 
 
Curva da febre remitente 
o Recorrente/Recidivante: há oscilação 
entre fases febris e afebris, seja com 
dias ou semanas espaçando uma da 
outra. É comum em pacientes com 
malária, linfomas ou que realizaram 
tratamento parcial para quadros 
infecciosos; 
 
Padrão temporal da febre recorrente 
o Febrícula: a temperatura não 
ultrapassa 38ºC, mas há sudorese. 
Variações mínimas ocorrem ao longo 
do dia, com pico vespertino e 
duração prolongada. É comum na 
tuberculose pulmonar e em 
doenças com bacteremia baixa. 
 
Principais etiologias por padrão febril 
 Defeverscência: 
o Em crise: marcada por redução 
rápida da temperatura, com sudorese 
intensa; 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
o Queda em lise: é mais lenta, não 
afetando o prognóstico. 
A anamnese pode auxiliar a coletar 
informações capazesde descrever as 
características da febre, bem como 
identificar sintomas associados que 
explicitem a etiologia do quadro basal. 
Devem ser investigados sintomas 
“guarda-chuva” presentes em 
diversas doenças com febre de curta 
duração, como tosse, dor de 
garganta, espirros, coriza, dor 
torácica, dispneia, dor abdominal, 
disúria ou mal-estar. 
É necessário pontuar se já houve o 
uso de antitérmicos para o manejo 
da febre e qual a resposta a eles 
A determinação da história patológica 
pregressa também é importante, uma vez 
que pacientes imunossuprimidos estão 
mais susceptíveis a infecções oportunistas 
que cursam com febre. 
A história epidemiológica permite 
confirmar ou destacar hipóteses 
diagnósticas associadas a condições 
endêmicas ou correlacionadas ao contexto 
socioeconômico do paciente. 
O exame físico se inicia com a confirmação 
da febre, prosseguindo com a determinação 
do estado geral, avaliação do estado de 
hidratação, alterações no humor, e o 
estado nutricional do paciente. Esses 
dados permitem pontuar possíveis 
comprometimentos sistêmicos 
decorrentes da doença de base. 
No restante do exame, deve-se 
atentar para demais sinais de 
inflamação, como 
linfonodomegalia, 
hepatoesplenomegalia e sinais de 
inflamação meníngea. 
A solicitação de exames complementares, 
como o hemograma, pode ser recomendada 
em suspeita de casos mais graves ou frente 
a pacientes com maior risco de 
complicações, visando identificar 
leucocitoses, elevação da 
hemossedimentação ou aumento da 
proteína C reativa. 
Radiografias de tórax e sumário de 
urina devem ser prescritos conforme a 
suspeita diagnóstica e os achados do 
exame clínico. 
A RESPOSTA IMUNE INATA E A INFLAMAÇÃO: 
A resposta primária a uma infecção ou 
lesão tecidual é a inflamação aguda, 
mediada pela migração e acúmulo de 
leucócitos e derivados plasmáticos nos 
locais danificados, sendo o período de ação 
da imunidade inata. 
O tipo de leucócito mais “requisitado” 
para essas reações é o neutrófilo 
(porém macrófagos, monócitos e 
linfócitos também estão presentes), 
ao passo que proteínas do sistema 
complemento, anticorpos e 
reagentes de fase aguda são os 
principais componentes plasmáticos 
envolvidos. 
Todo esse processo depende de mudanças 
vasculares reversíveis, que contam com a 
participação dos componentes da MEC e 
com a alteração do fluxo sanguíneo local. 
 
Representação da mediação inflamatória, com seus 
principais efetores 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
Mesmo que a inflamação tenha como 
propósito a remoção de agentes 
infecciosos e lesivos, esse processo pode 
desencadear comprometimento 
considerável ao organismo. 
O processo inflamatório pode ser agudo, 
iniciado de forma rápida, com ação 
primordial neutrofílica e resolução 
espontânea, ou crônico, que leva dias para 
se instalar, com infiltrados de macrófagos e 
linfócitos, de caráter progressivo. 
A inflamação aguda tem como principais 
agentes causais as infecções, traumas, 
presença de corpos estranhos e reações 
de hipersensibilidade. 
Há dois grandes tipos de eventos mediando 
essa resposta, as modificações vasculares 
e os eventos celulares (recrutamento e 
ativação leucocitária). 
 
Mecanismos celulares e vasculares na inflamação 
Diversas fases são necessárias à instalação 
da resposta inflamatória, a saber: 
 Reconhecimento de antígenos: 
diversas células como fagócitos, células 
dendríticas e células epiteliais 
apresentam receptores TLR em suas 
membranas e endossomos, capazes de 
reconhecer endotoxinas ou DNA 
bacteriano e de outros agentes. 
Após a detecção desses microrganismos, 
os receptores estimulam a transcrição 
de mediadores da resposta inata. 
Os inflamossomos também são úteis na 
detecção antigênica, pois reconhecem 
produtos metabólicos em células 
mortas, deflagrando a produção de 
caspase 1, precursora de importantes 
citocinas inflamatórias, como a IL-1. 
 
Ação dos TLR (figura A) e inflamossomos (figura B) 
na detecção de antígenos 
 Alterações vasculares: há 
vasodilatação e aumento da 
permeabilidade de forma a atrair mais 
células imunes ao local lesado. Esse 
processo ocorre segundos após uma 
resposta constritora inicial. 
Esse processo pode ser 
desencadeado pela contração do 
endotélio (dependente da presença 
de histamina e bradicinina), lesão 
direta ao leito vascular, aumento na 
transcitose proteica por fusão de 
vesículas ou pela angiogênese. 
O líquido plasmático, rico em proteínas 
consegue deixar os vasos e passa a 
infiltrar a MEC. Com isso, há redução do 
fluxo sanguíneo (sangue mais viscoso) 
e estase venosa, processo que precede 
a marginação leucocitária. 
 
 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
Representação das mudanças mediadas pela 
inflamação sobre os vasos sanguíneos 
Os vasos linfáticos reagem ativamente 
à inflamação permitindo a drenagem do 
edema, mas podem ser afetados de 
forma secundária pelo antígeno. 
 Recrutamento dos leucócitos: o 
processo de migração dos leucócitos do 
vaso para o sítio de inflamação depende 
de uma série de processos, a saber: 
o Marginação e rolamento: com o 
aumento da viscosidade do sangue, 
os leucócitos passam a ser 
deslocados para a periferia do 
vaso, facilitando sua interação com 
as células endoteliais. As citocinas 
favorecem a adesão entre as células 
imunes e o vaso, processo 
denominado rolamento. 
Os agentes envolvidos nesse 
processo são as selectinas (tipos E, 
P e L), expressos de forma quase 
exclusiva na inflamação. 
o Adesão: as integrinas, expressas 
pelos leucócitos, mediam sua ligação 
estável com o endotélio, situação que 
só ocorre na presença de 
quimiocinas, uma vez que estas 
estimulam a expressão de 
receptores vasculares, como a 
ICAM-1. 
o Transmigração: com a fixação 
descrita anteriormente, os leucócitos 
passam a se espremer pelas 
junções intercelulares, movimento 
denominado diapedese. 
O endereçamento dessas células 
pode ser guiado pelas citocinas 
extravasculares ou pela PECAM-1 
(molécula de aderência plaquetária), 
favorecendo a passagem endotelial. 
Após essa migração, os leucócitos 
secretam colagenases, 
responsáveis por enfraquecer a 
membrana basal vascular, de forma 
a permitir o acesso à MEC. 
 
Processo de migração dos leucócitos para fora dos 
vasos 
o Quimiotaxia: esse processo depende 
de citocinas (discutidas a seguir), 
proteínas do sistema complemento, 
leucotrienos ou até mesmo de toxinas 
bacterianas, que irão guiar os 
leucócitos para o sítio de ação 
destes. 
O tipo de célula que fará esse 
percurso irá variar conforme o tempo 
da reação inflamatória e seu agente 
causal, sendo que na maioria dos 
quadros agudos, neutrófilos 
predominam nas primeiras 6 a 24h, 
e, entre 24 e 48h, há prevalência de 
macrófagos. 
 
 Secreção de citocinas: produzidas 
pelos macrófagos e células 
dendríticas, essas substâncias possuem 
ação majoritariamente parácrina, 
tornando-se endócrina em quadros 
intensos de infecção. As principais 
citocinas pró-inflamatórias são: 
o TNF-α: é um importante mediador 
para inflamações contra bactérias e 
demais agentes infecciosos, 
aderindo-se fortemente ao seu 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
receptor. A secreção excessiva pode 
favorecer o desenvolvimento de 
efeitos patológicos; 
o IL-1: age de forma similar ao TNF, 
porém é produzido por uma maior 
variedade celular, mediada por 
inflamossomos. Sua liberação é 
intensificada perante a morte de 
macrófagos e células infectadas; 
o IL-6: apresenta ação indutora para a 
produção de outros mediadores 
inflamatórios, como a geração de 
citocinas hepáticas e a síntese de 
neutrófilos medulares. Sua 
expressão é estimulada pelos 
compostos supracitados; 
 
Efeitos do TNF ao organismo 
o IL-12: favorece a diferenciação de 
células inflamatórias Th1 eeleva a 
toxicidade das células NK, sendo 
produzida por células dendríticas em 
resposta à ativação de TLR. 
 Ativação de leucócitos: a ação 
leucocitária se dá por meio de diversos 
processos: 
o Fagocitose: tem como agente o 
leucócito, que identifica resíduos de 
células mortas ou de opsoninas, 
substâncias endógenas 
(principalmente IgG) que marcam 
um microrganismo para a 
degradação. 
A conexão entre a célula e o 
segmento opsonizado promove o 
engolfamento e a degradação 
microbiana decorrente da formação 
de um fagolisossoma (junção de um 
fagócito com proteínas lisossomais). 
 Destruição do material 
fagocitado: ocorre por meio da 
secreção de compostos 
microbicidas como ERO e 
enzimas lisossômicas, que 
degradam isoladamente as 
vesículas fagocitárias. 
Na incapacidade de fagocitar 
antígenos, o organismo reage 
com uma ativação leucocitária 
excessiva. 
 
Mecanismo fagocitário 
Os sinais cardinais inflamatórios (dor, 
calor, rubor, edema e perda funcional) são as 
manifestações sintomáticas típicas de um 
processo inflamatórios, associados 
principalmente à variação hemodinâmica 
temporária. 
 
A evolução do processo inflamatório 
CRITÉRIOS DE INTERNAÇÃO PARA RECÉM-
NASCIDOS E ADULTOS COM PROCESSIS 
INFECCIOSOS: 
 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DE INFECÇÕES E M 
RECÉM-NASCIDOS: 
A ocorrência de infecções em RN desperta 
um maior número de sinais de alerta devido 
à fragilidade das barreiras imunológicas 
do indivíduo, a exemplo da pele, que ainda é 
fina e permeável. 
Mucosas do TGI ou das vias 
respiratórias também se encontram 
vulneráveis, pois a produção de IgA 
não ocorre nos primeiros dias de vida. 
A secreção de citocinas inflamatórias, que 
podem potencializar a resposta a agentes 
nocivos, também é pouco eficaz, pois a 
maior parte das células da imunidade inata 
apresentam função diminuída (ex.: células 
NK) ou ainda não chegaram à sua 
concentração ideal (ex.: neutrófilos). 
Graças a todo esse processo, os 
estágios de marginação, 
transmigração e ativação 
leucocitária são defasados em 
neonatos. 
As infecções em neonatos podem ser de 
origem precoce, provavelmente 
transmitidas verticalmente pela mãe, 
como as TORCH, antes do 2º dia de vida, ou 
de desenvolvimento tardio, associadas à 
interação com vírus e bactérias no 
ambiente hospitalar após as primeiras 48h 
de vida. 
 
Principais locais para infecção neonatal e seu 
período de incubação 
Dentre as manifestações tardias, os 
exemplos mais comuns de infecção são: 
 Celulite: causada por Streptococcus 
grupo B (se fixam facilmente à mucosa 
pela ausência de anticorpos e pela baixa 
função leucocitária), S. aureus e demais 
bactérias Gram-negativas, pode ou não 
ser associada à sepse; 
 Impetigo: causado principalmente pelo 
S. aureus e pelos Streptococcus B; 
 Pneumonia clínica: apresenta uma 
grande variedade de agentes 
etiológicos, virais ou bacterianos, 
transmitidos de forma vertical ou pelo 
contato com a comunidade; 
 
Principais etiologias para a pneumonia em RN 
 Meningite: geralmente ligada à sepse, é 
causada por Streptococcus B e E. coli, 
esta última sendo capaz de evadir o 
reconhecimento do sistema imune por 
meio de ligações ineficientes com 
anticorpos maternos; 
 Infecções do Trato Urinário: decorrente 
da invasão de E. coli [principal etiologia], 
Klebsiella, Pseudomonas, Proteus e 
fungos; 
 Onfalite: corresponde à presença de 
sinais inflamatórios no coto umbilical, 
decorrentes de uma infecção por 
bactérias Gram-positivas ou 
negativas, com destaque para a 
Clostridium sp. 
A perpetuação destas infecções sem 
tratamento pode levar à sepse, quadro de 
bacteremia elevada que induz diversas 
reações deletérias ao organismo. Ala pode 
ser precoce, normalmente associada à 
invasão por bactérias presentes no canal 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
vaginal da mãe, ou tardia, de início após 2 
dias de vida, decorrente do contato com 
outros indivíduos, como familiares e 
profissionais da saúde. 
Os microrganismos mais 
associados a esse quadro são 
Streptococcus B e E. coli. 
 
Principais sintomas associados à sepse neonatal 
O manejo de neonatos com infecções e 
febre deve ser feito de forma rigorosa, 
evitando complicações e desfechos 
sombrios. A internação é recomendada para 
todos os RN febris, de forma a monitorar o 
risco para sepse e realizar 
antibioticoterapia. 
 
Critérios de baixo risco para crianças de até 60 dias 
A escolha da via de administração de 
fármacos utilizados no tratamento da 
infecção deve priorizar acessos 
intravenosos periféricos tanto pela maior 
velocidade de ação como também pela 
intolerância oral no neonato, que não 
possui reflexos orais bem desenvolvidos. 
A ação das enzimas hemáticas 
ainda é deficiente nessa população, 
potencializando os riscos de 
toxicidade. O mesmo é aplicado à 
excreção renal. 
Administrações intramusculares 
devem ser aplicadas no músculo 
vasto lateral da coxa, com volume 
máximo de 0,5 mL em RN a termo, 
fazendo rodízios entre os pontos de 
injeção. 
ANTIPIRÉTICOS E ANTIBACTERIANOS: 
ANTIPIRÉTICOS: 
O tratamento farmacológico para a febre tem 
como principal recomendação o alívio do 
incômodo causado por ela e a prevenção 
de complicações em indivíduos 
susceptíveis, porém ainda há debates 
quanto a sua eficácia. 
 
Principais argumentos para a adoção ou não da 
terapia antitérmica 
Os principais alvos para a ação de 
antipiréticos são a diminuição da produção 
de PGE2, a estimulação da secreção de 
antitérmicos endógenos e a supressão da 
inflamação subjacente. Percebe-se, 
portanto, que AINES como a dipirona podem 
ser empregados nessas situações. 
No tratamento da febre, destacam-se: 
 AAS: além de antipirético, é um 
importante anti-inflamatório, 
analgésico e anticoagulante de 
metabolismo hepático, o que, junto ao 
risco de desenvolvimento da Síndrome 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
de Reye, contraindica seu uso em 
crianças. O efeito persiste por 3 a 4 h, e 
os efeitos adversos geralmente se 
associam a alterações digestivas; 
o Posologia: 10 a 15 mg/kg ou 500 mg 
a 1 g VO a cada 6 h (adultos). 
 Paracetamol (acetaminofeno): 
apresenta ação antitérmica semelhante à 
do AAS, com baixo potencial anti-
inflamatório e analgésico. Seu uso 
deve ser feito de forma racional, pois 
doses elevadas podem causar 
hepatotoxicidade pelo acúmulo de 
NAPQI não metabolizado; 
o Posologia: 10 a 15 mg/kg a cada 4 ou 
6h (adulto e pediátrico, mesmo em 
RN). 
 Ibuprofeno: é uma AINE de baixa 
incidência de efeitos adversos 
bastante usado como antipirético, 
principalmente em idosos. 
o Posologia: máximo de 3,2 g/dia 
(adulto) e 5 a 10 mg/kg até 6x ao dia 
(pediátrico). 
 Dipirona: apresenta boa ação como 
antipirético e analgésico, podendo ser 
encontrada em apresentação oral e 
injetável (único antitérmico intravenoso, 
deve ser evitado em bebês com menos 
de 5 kg). Também age na inibição da 
COX, porém com o objetivo específico de 
impedir a secreção de IL-1 sobre o 
hipotálamo. 
o Posologia: 10 a 20 mg/kg VO, em até 
4 administrações diárias (adulto e 
pediátrico acima de 3 meses). 
ANTIBACTERIANOS INIBIDORES DA PAREDE 
CELULAR: 
O mecanismo de ação de alguns antibióticos 
pode estar associado às modificações na 
síntese da parede celular, estrutura que 
auxilia na proteção bacteriana. 
Neste grupo, destacam-se: 
 Compostos β-lactâmicos: 
o Penicilinas: dividem-se em 4 grupos: 
 Penicilina G: benzilpenicilina - 
maior afinidade para 
microrganismos Gram-positivos 
e cocos Gram-negativos; 
 Penicilinas antiestafilocócicas: 
meticilina e oxaclina - ativas 
apenas contra Staphylococcus e 
Streptococcus; 
 Penicilinas de espectro 
ampliado: amoxicilina e 
ampicilina - apresentam maior 
atividade contra bactériasGram-
negativas; 
 
Microrganismos contra os quais a 
ampicilina (penicilina de amplo espectro) 
pode atuar 
 Penicilinas antipseudomonas: 
piperacilina – atividade elevada 
contra Pseudomonas 
aeruginosa, porém também 
possui. 
O mecanismo de ação desses 
fármacos para a proliferação 
microbiana é a interferência sobre a 
transpeptidação (ligação cruzada), 
processo crucial para formar a 
parede celular. As penicilinas 
removem alaninas terminais nas 
cadeias de peptídeos, agindo de 
forma estruturalmente análoga a 
elas, de forma a modificar a 
morfogênese desse envoltório por 
meio da ativação de autolisinas. 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
 
Mecanismo de ação das penicilinas 
Essa ação é mediada inicialmente 
pela inativação das PLP, proteínas 
de membrana com alta participação 
na produção da parede celular. 
 
Interação entre penicilinas e PLP em bactérias 
Gram-positivas (esqu., com maior capacidade de 
ação) e Gram-negativas (dir., menor atividade) 
Formulações desses compostos 
associados a inibidores aumentam o 
espectro de ação desses 
antimicrobianos. Isso ocorre, pois, o 
principal mecanismo de resistência 
às penicilinas é a β-lactamase, 
composto que desagrega o 
segmento bactericida por hidrólise. 
A administração VO das penicilinas 
(exceto a amoxicilina) deve ser 
realizada longe das refeições, 
evitando a ligação a proteínas 
alimentares. 
 
 
Estabilidade das apresentações de 
penicilinas 
A tolerância elevada a esses 
medicamentos favorece seu uso de 
forma inadequada, potencializando o 
desenvolvimento de resistência. Os 
efeitos colaterais estão associados 
principalmente à 
hipersensibilidade. 
Pode ocorrer também diarreia 
(quebra no equilíbrio da flora 
intestinal), nefrite (em pacientes com 
doença renal e principalmente com o 
uso da meticilina), e 
neurotoxicidade (quanto em 
concentração elevada ou em contato 
com o LCR 
 
Posologia das principais penicilinas empregadas na 
prática clínica 
 Júlia Figueirêdo – FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
 
Resumo das principais características das penicilinas 
 Inibidores da β-lactamase: apresentam 
estrutura similar às penicilinas, porém 
sua ação antibacteriana direta é baixa. 
Os representantes dessa classe são o 
ácido clavulânico, sublactam e 
tazobactan. 
Por serem capazes de suprimir diversas 
enzimas que protegem os organismos 
contra os fármacos supracitados, esses 
compostos são administrados apenas em 
associações medicamentosas, 
protegendo as penicilinas. 
 
Principais apresentações farmacológicas de 
combinações entre penicilinas e inibidores da β-
lactamase 
Sua ação é maior contra enzimas de 
classe A, produzidas por Staphylococcus 
sp., H. influenzae, N. gonorrhoeae, 
Salmonella, Shigella, E. coli e K. 
pneumoniae. 
 
Representação do aumento da capacidade de 
eliminação bacteriana decorrente da combinação 
entre penicilinas e inibidores da β-lactamase 
A principal indicação clínica para essas 
associações é o tratamento empírico de 
infecções bacterianas, tanto em 
paciente imunocompetentes como em 
imunossuprimidos. 
A dose segue os mesmos padrões para 
a aplicação individual das penicilinas, 
com exceção da piperacilina (3-4 g a 
cada 6h). 
Em caso de insuficiência renal é 
necessário reajustar a prescrição.

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