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Peelings Quí Micro de-._.., &Produtos -rasa o r , . --opttos Rebecca Small • Dalano Hoang • Jennifer Under Apresentaçáo de John L Pfenninger 5upot-do'~ Silvia ~<Mina Kaminsky Jedwab Guia Prático de - ---- ------- Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Editora da Série Rebecca Small, MO, FAAFP Assistant Clinicai Professor Department ofFamily and Community Medicine University of California, San Francisco, CA Director, Medicai Aesthetics Training Natividad Medicai Center Family Medicine Residency Program- UCSF Affiliate Salinas, CA Editores Assistentes Oalano Hoang, OC Clinic Director, Monterey Bay Laser Aesthetics, Capitola, CA Jennifer linder, MO, FAAO Assistant Clinicai Professor, Department o f Dermatology University o f California, San Francisco - Guia Prático de Peelings Químicos, Microdennoabrasão & Produtos Tópicos ISBN 978-85-8053-066-7 Copyright ~ 2014 by Di Livros Editora :.tda. Rua Dr. Satarnini, 55 - Tijuca Rio de Janeiro - RT/Brasil CEP 20270-232 Telefax: (21) 2254-0335 dilíwo;@diliwos.com.br www.dili\TOs.com.br Tradução: CARLOS HENRIQUE DE ARAUJO COSENDEY Médico-R! Supervisão ela Trad11çiW: SILVIA KA:RINA KA.MINSKY JED'WAB lv!édica-Dermatologista Graduada pela UNIFESP Residência em Dennatologia e Especialização em Cosrniatria pela UNIFESP Pós-Graduaç~o em Dermatologia e Laser pela Fawldade de Medicina da Fundação do ABC Diretora Cllnica do Centro Dennatológiw Skinlaser, Selo Partio - Brasil Todos os direitos reservados. Nenhumn parte desta publicação poderá ser reprodu.tida, total ou parcialmente, por quaisquer meios, sem a<~torização, por escrito, da Edítora. Nota A medicina é uma ciência em constante evolução. As precauções de seguranÇ3 padronizada devem ser segu;das, mu, à medida que novas pesquisas e a experiettda cJ(nica ampliam o nosso conhecimento, são nec.ss:trias e apropriadas modificações no tratamento e na farmacoternpia. Os leitores são aconselhados a verificar as informações mais recentes forneddns pelo fabricante de cada produto a ser admtnistrado, a fim de c.onfirmar a dose recomendada, o método c a duração do tratamento e as contramdicações. Ao profissional de saúde cabe a responsabUídade de, com base em sua experi!ncia e no conhecimento do paciente, determinar as doses e o melhor tratamento para oda caso. Para todas as 6.nalidades legais, nem a Editora nem o( os) Autor(es) assumem qualquer responsabilidade por quaisquer lesões ou danos causados às pessoas ou à propriedade em decorrência dcst:tpublicação. A responsabilidade, perante terceiros e a Edítora Di Lh'ros, sobre o conteúdo totll desta publicação, incluindo ilus- trações, autorizações e créditos correspottdentes, é inteira e exclusivamente do(s) auto;-(es) da mesma. Edição original: A Practical Guide to Chemical Peels, ,'l['u;rodennabrasiott é- Topical Products A Editora ISBN-13: 978-1-60913-151-7 ISBN- lO: 1-60913-151-7 Copyríght C 2013 by LJPPJNCOTT WlLLIAMS & 'W1LKINS, a WOLTERS KLUW'J:lR business A Praclical Guide to Chemica/ Puls, Microdermabrasion 6- 7opical Prodr1ets edited by Rebecca Small; associate editors, Dalano Hoa~~g and Jennifer Lmder All Rights Reserved Authorized translation from English langu2.ge edition published by Ilppincott \\llllla.ms & Wilkins, a '\V'oltcrs Kluwer business Editoração Eletrõnica: CLR Balieiro Impresso no Brasil - Printed in Brazil Como conferencista, editor, autor e revisor médico, te- nho amplas oportunidades de avaliar muitos palestrantes e também ampla literatura médica. Depois de revisar essa série de livros sobre procedimentos cosméticos da Dra. Rebecca Small, concluí que essa série deve ser uma das melhores, mais detalhadas e práticas descrições sobre o assunto que encontrei até agora. Como médico cuja prática limita-se unicamente a realizar procedimentos de consultório, vejo muita utilidade nesses textos para os médicos e os pacientes que eles atendem. O objetivo do cuidado médico é levar os pacientes a sentirem-se melhor e ajudá-los a ter melhor qualidade de vida, que se estenda por um período produtivo máximo. As intervenções podem ser dirigidas aos aspectos emocionais/psiquiátri- cos, médicos/físicos ou melhoria da autoimagem. Para muitos médicos, a realização de procedimentos clínicos traz excitação à prática da medicina. A possiblidade de ver concretamente o que foi realizado fornece um feedback que todos nós buscamos quando cuidamos de nossos pa- cientes. Em alguns casos, isso consiste em retirar um tumor. Em outros, pode ser a realização de um procedimento de triagem para certificar-se de que o paciente não está doente. Talvez seja fazer com que os pacientes sintam-se mais satisfeitos com sua aparência. Qualquer que seja a razão, a prática da medicina de "mãos à obra" é mais recompensadora para alguns médicos. No final da década de 1980 e início da década de 1990, houve renovado inte- resse em torno da realização de procedimentos no contexto da atenção primária. Isso não incluía procedimentos hospitalares, mas sim os que poderiam ser realiza- dos nos consultórios. Coincidentemente, os pacientes também se mostraram inte- ressados por procedimentos menos invasivos como colecistectomia laparoscópica, ablação endometrial e outros. A procura por cirurgia plástica de "reconstituição extrema" diminuiu, à medida que foram realizados avanços tecnológicos que pos- sibilitavam uma abordagem mais suave e amigável ao "rejuvenescimento': Os indi- v vi Apresentação víduos gerados na éltima explosão demográfica depois da li Guerra Mt:ndial (baby boomers) aumentavam numericamente e desejavam manter seu aspecto joviaL Isso não significava apenas melhoria da autoimagem, mas também ajudava esses indiví- duos a competir social e profissionalmente com uma geração mais jovem. Na ocasião, essas forças representadas pelos avanços tecnológicos, pelo inte- resse dos profissionais e pelas demandas dos pacientes resultaram em um aumento numérico expressivo da demanda por "proced.írnentos minimamente invasivos", que se disseminaram para todas as áreas da medicina. Na verdade, a cirurgia plás- tica e os procedimentos estéticos foram afetados por essa tendência. Nos últimos 10 a 15 anos, surgiram muitos procedimentos novos, atualizações e avanços nessa área. A medida que cresciam rapidamente as demandas dos pacientes por esses tratamentos novos, os médicos perceberam que havia um novo mundo inteiro de procedimentos que precisavam incorporar à sua prática, caso quisessem continuar a prestar os mais modernos serviços estéticos. A Dra. Rebecca Small, eclitora e autora dessa série de livros sobre procedi- mentos cosméticos, tem ficado na linha do movimento na área dos procedimentos estéticos. Ela tem escrito extensivamente e conduzido numel'Osos workshops para ajudar outros profissionais a aprender as últimas técrúcas. Ela tem experiência prá- tica para saber e:'{atamente o que os médicos precisam para desenvolver sua prática e descreve "as últimas e melhores" nestes livros. Utilizando seus conhecimentos na área, a Dra. Small sabiamente escolheu os tópicos presentes nos volumes: • Guia prático para: procedimentos com toxina botulínica • Guia prático para: procedimentos com preenchimentos cutâneos • Guia prático para: peelings químicos, microdermoabrasão c produtos tópicos • Guia prático para: procedimentos cosméticos a laser A Dra. Small não apresenta apenas uma revisão sucinta e superficial sobre esses temas. Pelo contrário, os livros compõem guias aprofundados sobre como realizar esses procedimentos. Os focos dessa série são as palavras "prática" e "apro- fundada': Não há desperdício desnecessário de palavras esotéricas, embora cada procedimento seja e2.."Plicado em um formato claro, conciso e útil que permite que os médicos em todos os níveis de e..x:periência aprendam e lucrem com a leitura desses textos. O esboço básico desses livros consiste em anatomia pertinente; .indicações e contraindicaçõesespecíficas; diagramas específicos sobre como fazer e explicações sobre a realização dos procedimentos; complicações e como lidar com elas; tabelas com comparações e quantidades de materiais necessárias; instruções que devem ser fornecidas aos pacientes antes e depois dos procedimentos; formulários de consentimento (um aspecto que nos poupa muito tempo); exemplos de anotações dos procedimentos, e uma lista de fornecedores de suprimentos. Em cada texto, há uma relação ampla com bibliografia atual.izada para leitura adicional. As fotogra- fias são abundantes e demonstram a realização de procedimentos, assim como as Apresentação vii imagens de antes e depois. Esses textos abrangentes foram escritos de forma cla- ra para os profissionais que desejam "aprender tudo" sobre os tópicos abordados. Os pacientes certamente desejam esses procedimentos e a Dra. Small fornece as informações para atender às demandas dos médicos que querem aprender como realizar tais procedimentos. Esses livros são bem recebidos pelos profissionais que se interessam por pro- cedimentos estéticos. Mesmo para os que não se interessem por realizar tais proce- dimentos, sua leitura é fácil e interessante e pemútirá que os leitores se atualizem com as informações disponíveis hoje em dia, de forma que possam orientar mais sabiamente seus pacientes. A Dra. Small realmente escreveu uma série singular de livros sobre Procedi- mentos Cosméticos. Em minha opinião, os livros serão muito bem recebidos e muito apreciados por todos os que os utilizarem. John L. Pfenninger, MD, FAAFP Founàer and President, 7he Medica[ Procedures Center PC Founder and Senior Consultant, The National Procedures Institute Clinicai Professor of Family Medicine, iVfichigan State College oJHuman Medicine Depois da publicação do artigo "Aesthetic Procedures in Office Practice" (Procedimentos Estétícos na Prática de Consultório), recebi numerosas perguntas e solicitações de treinamento em medicina estética para médicos e re- sidentes. O elemento comum a essas indagações tem sido a necessidade de recursos educativos e treina- mento de qualidade em procedimentos estéti- cos, que possam ser prontamente incorpora- dos à prática no consultório. À medida que a tendência em medicina estética afasta-se das operações ra- dicais e caminha no sen tido dos procedimentos que produzam melhoras sutis, o número de procedimentos estéticos minimamente invasivos continua a crescer. Esses procedimentos (inclusive peelings químicos, microdermoabrasão, produtos tópicos, injeções de preenchedores dérmicos e toxina botulínica, lasers e tecno- logias baseadas em luz) tornaram-se as modalidades principais de tratamento para envelhecimento facial e rejuvenescimento cutâneo. Essa série de livros sobre procedimentos cosméticos pretende ser um guia realmente prático para médicos, assistentes médicos, enfermeiros praticantes, residentes em treinamento e outros profissionais de saúde interessados em medicina estética. A série não é abrangente, mas inclui os procedimentos estéticos modernos minimamente invasivos que po- dem ser prontamente incorporados à prática no consultório de forma a beneficiar diretamente nossos pacientes e alcançar confiavelmente resultados satisfatórios com incidência baixa de efeitos colaterais. O objetivo deste livro sobre cuidados da pele e produtos tópicos - o terceiro da série de guias práticos sobre procedimentos cosméticos - é fornecer instruções passo a passo para a realização de tratamentos esfoliantes no consultório e esque- mas de cuidados domiciliares diários da pele para tratar fotoenvelhecimento cutâ- neo. A introdução funciona como um fundamento e descreve conceitos básicos em medicina estética, que são essenciais ao sucesso dos procedimentos estéticos. Também há uma revisão de anatomia, inclusive as regiões que devem e as que não ix X Prefácio podem ser tratadas, de forma a ajudar os médicos a realizar os procedimentos com mais eficácia e menos complicações. Cada seção é dedicada a um procedi- mento de cuidados da pele ou um esquema de produtos tópicos, e cada capítulo sobre peelings químicos enfatiza as técnicas de aplicação dos produtos específicos. Também existem vídeos instrutivos disponíveis on-line que demonstram os pro- cedimentos. Embora os tratamentos descritos neste livro tenham sido escolhidos com base nos índices baixos de complicações, também descrevemos sugestões de tratamento das complicações e os problemas encontrados mais comumente nas consultas de seguimento clinico. Por fim, também incluímos sugestões atualiza- das para o tratamento de outros problemas cutâneos estéticos comuns, inclusive hiperpigmentação, rosácea e acne. O médico experiente pode apreciar as suges- tões de combinações dos tratamentos estéticos de forma a melhorar os resultados, avanços recentes no desenvolvimento de novos produtos e recomendações perti- nentes ao reembolso dos procedimentos. Depois de serem iniciados na prática dos procedimentos esfoliativos, os mé- dicos são encorajados a iniciar com peeling~ químicos Sl:perficiais básicos e ajus- tes conservadores de microdermoabrasão e, depois de algum tempo, progredir para os peelings mais agressivos e os ajustes mais intensos, à med:da que adqui- rem conhecimentos e habilidades. Os melhores resultados do tratamento da pele fotoenvelhecida ou dos outros problemas dermatológicos estéticos podem ser consegtúdos com a combinação de peelings químicos, microdermoabrasão e pro- dutos tópicos aplicados conforme os métodos descritos neste guia prático. Além disso, esses tratamentos também podem ser combinados seguramente com laser e outros procedimentos à base de luz, além de injeções de preenchedores dérmicos e torina botulínica, de forma a tratar alterações mais avançadas do envelhecimento. O objetivo deste livro é servir como guia e não substituir a e.\.'Periência ào pro- fi.ssional. Para adquirir as habilidades necessárias à realização de procedimentos estéticos, recomenda-se um curso de treinamento formal e também a preceptoria de um profissional experiente. Agralfecimentos - -- --- Tenho profunda gratidão e respeito p elo Dr. Dalano Hoang, meu editor associado e marido. Ele tem estado comigo em cada etapa do caminho como Diretor Médico de nossa clíni- ca de estética e em muitos outros aspectos da minha vida. Embora ele pessoalmente não realize procedimentos estéticos, seus conhecimentos sobre os múltiplos aspectos da medicina estética são amplos e ines- timáveis. Seu estilo claro e conciso de escrever foi fu ndamental à elaboração deste livro de procedimentos práticos e também dos livros sobre procedimentos com preenchedores dérmicos e toxina botulínica. Também gostaria de agradecer à Ora. Jennifer Linder, também minha editora associada. Seus conhecimentos e sua experiência com procedimentos e produtos de cuidado com a pele contribuíram enormemente p ara este livro. Meus agradecimentos especiais ao Dr. John L. Pfenninger e ao Dr. E.J. Maye- aux, que me inspiraram, apoiaram e ensinaram muito sobre educar e escrever. Os residentes de medicina da University of California (San Francisco) e do Natividad Medicai Center merecem reconhecimento especial. Seu interesse e en- tusiasmo pelos procedimentos estéticos levaram-me a elaborar o primeiro currí- culo de treinamento em medicina estética de família em 2008. Também expresso meu reconhecimento especial aos médicos de atenção primária que participaram dos meus cursos de estética realizados nas conferências nacionais da American Academy o f Family Practice ao longo dos anos. As dúvidas e as sugestões desses médicos solidificaram ainda mais a necessidade dessa série de guias práticos. Estou em débito com minha equipe de consultório em Capitola por seu apoio logístico e administrativo incansável, principalmente a Tiffany Sorensen. Seus conhecimentos práticos e sua experiência como esteticista clínica são altamente reconhecidos. Também desejo expressar meus agradecimentosespeciais aos profissionais da Wolters Kluwer Health, que tornaram essa série de livros possível, principalmente Sonya Seigafuse, Doug Smock, Nicole Dernoski, Freddie Patane e também Indu xi xii Agradecimentos Jawwad e Jenny Ceccotti de Aptara. Poi um prazer trabalhar com Liana Bauman, a artista bem dotada que produziu todas as ilustrações desses livros. Por fim, goslaria de dedicar esle terceiro li\rro da série ao meu 1ilho, Kaidan Hoang, pelos abraços e beijos intermináveis com os quais me recebia, .:1ão impor- tava quão tarde eu chegasse em casa depois de trabalhar neste projeto. Apresentação v Prefácio ix Agradecimentos xi Seção 1: Anatomia 1 Seção 2: Introdução e Conceitos Fundamentais 5 Seção 3: Peelings Químicos 39 Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 41 2 Peeling de Ácido Alfa-Hidroxílico: Ácido Glicólico 87 3 Peeling de Ácido Beta-Hidroxílico: Ácido Salicílico 95 4 Peeling de Ácido Tricloroacético 103 5 Peeling de Jessner 1 1 1 6 Outros Peelings Compostos Autoneutralizantes: Ácido Tricloroacético e Ácido Láctico 121 7 Peeling de Retinoide: Retinol 1 31 Seção 4: Microdermoabrasão 137 Seção 5: Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 159 Anexo 1: Estrutura e Funções da Pele 215 Anexo 2: Formulário de Admissão do Paciente 221 Anexo 3: Formulário de Análise da Pele 223 Anexo 4: Consentimento para Tratamentos de Cuidados da Pele 225 Anexo 5: Instruções para Antes e Depois dos Tratamentos de Cuidados da Pele 227 Anexo 6: Anotações dos Procedimentos de Cuidados da Pele 229 Anexo 7: Fornecedores de Suprimentos para Microdermoabrasão 237 Anexo 8: Fornecedores de Suprimentos para Peeling Químico e Produtos Tópicos 233 Bibliografia 237 Índice Remissivo 247 Todos os videoc/ipes dos procedimentos podem ser encontrados no website do livro. xiii PEELINGS QUI MICOS, MICRODERMOABRASAO & PRODUTOS TÓPICOS Estrato córneo Estra to granuloso Estrato espinhoso Estrato basal Derme papílar Der me reticular FIGURA 7 Junção dermoepidérmica Anatomia da pele. Anatomia Glândula e dueto écrinos Cll ê QJ "O "ã. w Cll E ~ Cl 1 2 E~rato { corneo Estrato -c granuloso Estrato espinhoso Derme FIGURA 2 Estrato córneo Epiderme. Peelings Qui micos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Corneócito descamando Ceratinócito basal Corneodesmossoma Corneócito FIGURA 3 Estrato córneo. Anatomia Profundidade da esfoliação Muito superficial - ,_..,.,.....,._~_..-.!..,..,__..,.. Até 20 11m Média Até 450 1-1m Profunda Até600 11m FIGURA .C Profundidades da esfoliação. Estrato basal (cerca de 80 !Jm) Tecido adiposo (cerca de 2 mm) <1.1 § <1.1 "O 'õ. 3 w ..... <1.1 , E"3 ..... v <1.1 · - 0~ PEELINGS QUIMICOS, MICRODERMOABRASÃO & PRODUTOS TÓPICOS Introdução e Conceitos Fundamentais Os procedimentos esfoliativos realizados no consultório, inclusive peelings quími- cos, microdermoabrasão e aplicação de produtos tópicos destinados a uso diário, podem ser incorporados a qualquer tipo de prática médica de forma a ajudar os pacientes a obter uma pele saudável e melhorar sua aparência. Esses procedimen- tos também são realizados frequentemente para manter e melhorar os resultados de outros procedimentos estéticos como tratamentos a laser, luz intensa pulsada e soluções injetáveis. Estar atualizado nessa área da medicina pode ser uma tarefa atemorízante, tendo em vista as inúmeras opções terapêuticas e informações dis- poníveis, grande parte sem qualquer comprovação. Este guia prático seleciona as informações clinicamente relevantes e as apresenta em um formato simples, de forma que o médico possa realizar avaliações e tratar distúrbios dermatológicos e queixas estéticas comuns, com ênfase em fotoenvelhecimento cutâneo. Todos os tratamentos descritos aqui podem ser realizados separadamente; contudo, sua combinação apropriada pode melhorar os resultados alcançados. Essa abordagem integrada também é amplamente modificável e permite que os profissionais de saúde individualizem os tratamentos de forma a atender às necessidades especí- ficas de cada paciente. O livro também descreve as abordagens terapêuticas para hiperpigmentação, eritema facial (inclusive rosácea e pele sensível) e acne, além de propor sugestões de forma a combinar os cuidados da pele com outros procedi- mentos estéticos, inclusive tratamento a laser e soluções injetáveis. Envelhecimento Cutâneo Os sinais visíveis de envelhecimento são causados por uma combinação de fato- res fisiológicos (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos). A exposição excessiva à radiação ultravioleta (UV) é um dos principais fatores responsáveis pelos danos à pele e, em geral, esses efeitos são descritos como lesão solar, fotoenvelhecimen- to, lesão actínica e envelhecimento induzido pela radiação UV Outros fatores de envelhecimento extrínsecos são tabagismo, dieta, padrões de sono e ingestão de álcool. O fotoenvelhecimento pode evidenciar-se por uma ou mais das seguintes manifestações clínicas (Fig. 1 e demais figuras citadas a seguir): • Alterações da textura • Rugas (Fig. 2) • Poros dilatados (Fig. 3) • Pele seca e áspera • Elastose solar (Fig. 4) 5 6 FIGURA 1 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Lentigos Telangiectasias Flacidez Pele fotoenvelhecida (realçada por computador). (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) FIGURA 2 Rugas. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) lnrrodução e Conceiros Fundamentais 7 FIGURA 3 Poros dilatados. (Cortesia da PCA SKIN.} FIGURA 4 Elas tose solar, lentigos e coloração amarelada. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) 8 Peelings Químicos, Microde rmoabrasão & Produtos Tópicos • Flacidez e frouxidão (Fig. 5) • Alterações da pigmentação • Hiperpigmentação: lentigo (Figs. 4, 6 e 10), sardas escurecidas (Fig. 7), pigmentação mosqueada (Figs. 8 e 9) • Poiquilodermia de Civatte (Fig. 11) • Hipopigmentação (Fig. 12) • Manchas amareladas (Fig. 4) 1 Flacidez e frouxidão. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) FIGURA 6 Lentigos. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) Introdução e Conceitos Fundamentais 9 FIGURA 7 Sardas escurecidas. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) IGURA 8 Pigmentação mosqueada da face. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) 10 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos /GUTlA t Pigmentação mosqueada do tórax. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) GUR,. Lentigos, ceratoses seborreicas e adelgaçamento da pele. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) lnuodução e Conceitos Fundamentais 11 11 Poiquilodermia de Civatte. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) FIGURA 12 Hipopigmentação. (Cortesia da Ora. Jennifer linder.) 12 Pee/ings Qui micos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos • Alterações vasculares • Telangiectasias (Fig. 13) e eritema • Alterações degenerativas • Lesões benignas (ceratoses seborreicas [Figs. 10 e 14], hiperplasia sebácea [Fig. 15] e angiomas de cereja [Fig. 16]) • Lesões pré-neoplásicas e neoplásicas (ceratoses actínicas, carcinomas basoce- lulares e espinocelulares e melanomas) FIGURA 13 Telangiectasias. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) Anatomia da Pele A pele pode ser dividida em três camadas: epiderme, derme e tecido subcutâneo (veja Seção de Anatomia, Fig. 1). As estruturas e as funções das diferentes camadas da pele e seus componentes estão resumidas no Anexo L A epiderme é a camada mais superficial da pele e é formada por quatro tipos de células: ceratinócitos, melanócitos, células de Langerhans e células de Merkel. A epiderme também pode ser subdividida em estrato córneo (camada mais super- Introdução e Conceitos Fundamentais 13 FIGURA 14 Ceratose seborreica. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) FIGURA 15 Hiperplasia sebácea. (Cortesia da Ora. Jennifer Linde r.) ficial de células mortas) e estrato granuloso, estrato espinhoso e estrato basal (os três planos que contêm células vivas) (veja seção de Anatomia, Fig.2). O estrato córneo é formado pelos corneócitos (ceratinócitos mortos) e lipí- deos e é descrito como barreira epidérmica. Essa camada funciona como barreira à evaporação, mantendo a hidratação e a elasticidade da pele, além de atuar como barreira física protetora contra micróbios, traumatismo, substâncias irritantes e luz ultravioleta. Os corneócitos contêm o fator umidificante natural (FUN) da pele, que conserva a hidratação do estrato córneo. Os corneócitos estão aderidos 14 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos FIGURA 16 Angioma cereja ou nevus rubi. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) entre si por corneodesmossomas. Uma camada dupla lipídica circunda os corneó- citos e é formada por duas lâminas de fosfolipídeos, que possuem cabeças hidro- fílicas e duas caudas hidrofóbicas (veja seção de Anatomia, Fig. 3). A epiderme precisa ser continuamente renovada para manter sua integridade e desempenhar suas funções normais. Na pele jovem e saudável, é necessário cerca de um mês para que os ceratinócitos migrem da camada basal de células vivas da epiderme até a superfície do estrato córneo e descamem durante o processo de renovação da epiderme. A Figura 2 da seção de Anatomia mostra a estrutura da epiderme e ressalta o processo de maturação dos ceratinócitos. O pigmento de melanina, que determina a cor da pele e causa hiperpigmenta- ção, concentra-se principalmente na epiderme, mas em algumas doenças cutâneas (p.ex., alguns tipos de melasma) também é encontrado na derme. Existem dois tipos de pigmento melânico: feomelanina e eumelanina. A feomelanina tem co- loração amarelada ou avermelhada e está presente na pele clara. A eumelanina é marrom ou negra e é o tipo predominante de melanina encontrada na pele mais escura. A síntese de melanina (melanogênese) ocorre dentro dos melanócitos da camada basal da epiderme. A etapa reguladora fundamental é a conversão enzimá- tica inicial da tirosina em melanina pela tirosinase. A melanina é acondicionada em melanossomas (organelas intracelulares existentes nos melanócitos) que, em seguida, são distribuídos para os ceratinócitos epidérmicos circundantes {Fig. 17). A melanina desempenha a função fisiológica de proteger os núcleos dos ceratinó- citos, de forma que não absorvam a radiação UV deletéria; a eumelanina tem mais capacidade de absorver este tipo de radiação. Quando a pele fica exposta à radia- ção UV, a síntese de melanina é aumentada e, clinicamente, isto se evidencia por escurecimento ou bronzeamento da pele. O número de melanócitos é semelhante nos indivíduos de pele clara ou escura; contudo, a quantidade e a distribuição da Seção 2 Introdução e Conceitos Fundamentais LuzUV Hormônios Inflamação Fármacos Gravidez Hemocromatose Doença de Addison FIGURA 17 Melanogênese. Ceratinócito Distribuição dos melanossomas :-...__ Melanócito estimulado IEB =Ativação 15 melanina na epiderme são diferentes. A pele clara tem menos melanina por cen- tímetro quadrado e melanossomas menores, que se concentram abundantemente em grumos ligados às membranas. A pele escura tem mais melanina e melanosso- mas maiores, que se distribuem uniformemente (Fig. 18). A derme está localizada sob a epiderme e pode ser subdividida em derme pa- pilar superficial e derme reticular mais profunda (veja seção de Anatomia, Fig. 1). O tipo celular predominante na derme é o fibroblasto, que é abundante na derme papilar e esparso na derme reticular. Os fibroblastos sintetizam a maioria dos com- ponentes da matriz extracelular (MEC) da derme, que inclui proteínas estruturais (como colágeno e elastina), glicosaminoglicanos (como ácido hialurônico) e pro- teínas de adesão (como fibronectina e lamininas). Abaixo da derme e acima da musculatura subjacente está a camada de tecido subcutâneo ou fáscia superficial. Essa camada é formada por gordura e compo- nentes fibrosos. 16 Melanossomas Peelings Químicos, Microdermoabra.são & Produtos Tópicos Pele escura Pele clara Melanócito Melanossomas grandes e cheios, contendo pigmento melânico escuro Melanossomas pequenos e pontilhados, contendo pigmento melânico claro FIGURA Jtl Características das peles clara e escura. Histologia do Envelhecimento Cutâneo A pele fotoenvelhecida tem maturação desorganizada e mais lenta dos ceratinóci- tos e menos adesão celular em comparação com a pele mais jovem e saudável. Es- ses fatores reduzem a descamação e formam um estrato córneo áspero e espessado, que desempenha menos eficientemente sua função de barreira. O estrato córneo também tem pouca refletância à luz, que se evidencia por opacidade ou manchas amareladas (amarelo-acinzentadas). A água escapa mais facilmente da pele e causa desidratação, que pode ser evidenciada por acentuação da perda de água transepi- dérmica (PATE). A violação da barreira epidérmica também permite maior pene- tração de substâncias irritantes, que podem estar associadas à hipersensibilidade e ao eritema cutâneo. A pele fotoenvelhecida também apresenta alterações da pig- mentação, que são causadas pela hiperatividade dos mclanócitos e pela deposição desorganizada de melanina na epiderme. As regiões com excesso de melanina são evidenciadas como hiperpigmentação, enquanto as áreas com escassez de melani- na aparecem como hipopigmentação. Na derme, a exposição crônica à radiação UV causa vários efeitos deletérios na MEC. As proteínas estruturais como o colágeno são decompostas em consequên- cia da hiperatividade das enzimas (p.ex., metaloproteinases matriciais) e enfra- quecidas porque desenvolvem ligações cruzadas (crosslinkage). Em combinação Seção 2 Introdução e Conceitos Fundamentais 17 com a redução da síntese de colágeno que ocorre com o transcorrer do tempo, essa degradação acelerada do colágeno contribui para a formação das linhas e das rugas finas. Alguns pacientes com fotoenvelhecimento avançado têm elastose solar, que consiste em massas emaranhadas de elastina degradada na derme; clinicamente, esses danos evidenciam-se por rugas profundas, manchas amareladas e espessa- mento da pele. A dilatação anormal dos vasos sanguíneos da denne também é comum e causa o eritema facial e as telangiectasias visíveis. A Figura 19 ilustra as alterações da pele fotoenvelhecida. Hiperpigmentação ~ --i, E~trato ;z corneo espessado Epiderme " ' celular ~ adelgaçada >- Atrofia -daderme --::-:--- Atrofia do ~~~;:;~~==*=~~ tecido Redução das A B fibras de elastina FIGURA 19 Pele jovem {A) e pele fotoenvelhecida {B). Considerações Étnicas Dermatológicas subcutâneo Redução das fibras de colágeno Além das diferenças de cor, também existem outras diferenças histológicas e fisio- patológicas entre as peles clara e escura. O estrato córneo é mais espesso na pele escura e isto pode contribuir para distúrbios cutâneos agravados pela compacta- ção (inclusive acne). A derme também tende a ser mais espessa na pele escura. Os vasos sanguíneos da derme são mais proeminentes e dilatados, sugerindo uma resposta inflamatória exagerada, que pode contribuir para a suscetibilidade maior à hiperpigmentação. Procedimentos Esfoliativos A esfoliação periódica realizada por meio de procedimentos como peelings quí- micos e microdermoabrasão, combinados com a aplicação domiciliar diária dos 18 Peelings Químicos, M icrodermoabrasão & Produtos Tópicos produtos de cuidados da pele, melhora a função e a aparência geral da pele e trata eficazmente as alterações da pele fotoenvelhecida. Esses procedimentos de esfo- liação, também conhecidos como tratamentos de esfoliação cutâneo superficial, removem as camadas mais externas da pele por métodos químicos ou mecânicos, respectivamente. Os efeitos desses procedimentos na pele estão baseados nos prin- cípios da cicatrização de feridas, ou seja, a cicatrização controlada da epiderme com remoção das camadas superficiais da pele estimula a renovação das células e forma estruturas mais saudáveis na epiderme e na derme.O processo natural de turnover das células cutâneas é uma sequência complexa de etapas que, por fim, resultam no desprendimento das células cutâneas mortas cornificadas. Esse processo pode ser facilmente danificado pelo envelhecimento, por doenças cutâneas e por agressões ambientais. A descamação anormal confere uma aparência deslustrosa e torna a pele seca e áspera, além de ser um fator fisio- patológico fundamental em muitos distúrbios cutâneos comuns. Independentemente do método de esfoliação usado, os efeitos são semelhan- tes, ou seja, regular o processo de renovação epidérmica natural da pele, estimular a produção dos componentes da MEC (inclusive colágeno e glicosaminoglicanos) e até mesmo a distribuição de melanina e, por fim, melhorar a função de barreira da epiderme. As alterações histológicas observadas na pele depois de uma série de tratamentos esfoliativos incluem estrato córneo mais fino e homogêneo, aumento da espessura da derme com ampliação da síntese de colágeno e elastina e acentua- ção da hidratação da pele. Melhoras clínicas perceptíveis podem ser evidenciadas na textura áspera da pele, rugas finas, diâmetro dos poros, cicatrizes superficiais da acne, na acne propriamente dita e na hiperpigmentação. Peelings Químicos Os compostos utilizados nos peelings químicos são basicamente ácidos aplicados topicamente para remover as camadas mais superficiais da pele. Com base em sua profundidade de penetração na pele, os peelings químicos podem ser classifica- dos em superficiais, de média profundidade e profundos (veja seção de Anatomia, Fig. 4). Este livro enfatiza os peelings superficiais, que removem parcial ou total- mente o estrato córneo e podem penetrar na epiderme. Na tabela ilustrada a se- guir, há exemplos de diferentes tipos de peelings químicos. O leitor pode encontrar informações mais detalhadas na seção de Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos, enquanto as técnicas específicas de aplicação de cada tipo estão nos respectivos capítulos. Tipos de Peelings Químicos Ácidos alfa-hidroxmcos Ácidos beta-hidroxmcos Ácido tricloroacét ico Exemplos de Soluções de Peeling Superficial Ácido láctico, ácido glicólico Ácido salicílico Ácido tricloroacético até 20% Introdução e Conceitos Fundamentais 19 Tipos de Peelings Químicos Peelings compostos: autoneutralizantes Pee/íngs compostos: que requerem neutralização Retinoides Exemplos de Soluções de Peeling Superficial Peeling de Jessner (ácido láctico/ácido salicílico/ resorcinol), ácido salicílico/ácido mandélico Ácido glicólico/qualquer outro peelíng Ácido retinoico, retino! Os produtos usados nos peelings químicos realizados no consultório, também conhecidos como back bar products (produtos de uso profissional), podem ser adquiridos das empresas que produzem soluções químicas para peeling, ou das empresas que fornecem produtos de uso clínico para cuidados da pele. Algumas empresas fabricam ou distribuem soluções de peeling e podem ter preços mais competitivos. Em geral. as empresas que fornecem produtos de uso clínico para cuidados da pele oferecem suporte adicional com treinamento e informação e podem ter linhas de produtos tópicos de cuidados da pele, que complementam suas soluções para peeling químico. O Anexo 8, Fornecedores de Suprimentos para Peelit1g Químico e Produtos Tópicos, relaciona os fornecedores de soluções e su- primentos para peeling químico. Mirrnd~rmoabr s~o Microdermoabrasão (MDA) é um procedimento de esfoliação mecânica para es- foliação cutânea superficial. Em geral, o equipamento necessário para fazer MDA consiste em um aparelho a vácuo de sistema fechado, que aspira a pele e a coloca em contato com um elemento abrasivo existente no aplicador manual (handpiece), inclusive uma ponteira de diamante ou partículas suspensas em aerossol. O ele- mento abrasivo é passado sobre a pele para produzir abrasões superficiais na su- perfície cutânea. Os restos removidos da superfície são aspirados, recolhidos e des- cartados depois do tratamento. O estrato córneo é inteiramente removido após duas passagens na maioria dos aparelhos de MDA, que produzem esfoliação com profundidades comparáveis a dos peelings químicos superficiais. A seção sobre Mi- crodermoabrasão deste livro fornece informações adicionais. As empresas forne- cedoras de equipamentos para microdermoabrasão estão relacionadas no Anexo 7. Produtos Tópicos de Cuidados da Pele Os produtos tópicos de cuidados da pele podem ser usados para melhorar o as- pecto e promover pele saudável em qualquer paciente. A potência desses produtos varia entre os fármacos que são comercializados com ou sem prescrição e afetam a estrutura e a função da pele, ou os produtos cosméticos que alteram a aparência da pele. Os cosmecêuticos fazem parte do espectro desses produtos e trazem be- nefícios perceptíveis à pele. 20 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tó picos A seção subsequente enfatiza os produtos desenvolvidos para limpar, tratar e proteger a pele fotoenvelhecida, que são conhecidos como Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida. A seguir, há uma revisão e uma descrição das bases teóricas desse Esquema, que está descrito com mais detalhes na seção sobre Produtos Tópicos de Cuidados da Pele. Esses produtos de rejuvenescimento, que consistem basicamente em cosmecêuticos, também são selecionados com base em sua compatibilidade com os peelings químicos superficiais e/ou tratamentos por MDA, porque as modalidades combinadas de tratamento potencializam os resul- tados. Algumas opções alternativas de produtos tópicos são igualmente eficazes. O Esquema de Produtos Tópicos pode ser modificado para atender às necessidades específicas de cada problema dermatológico, como eritema facial dos pacientes com rosácea e pele sensível, acne ou hiperpigmentação. As recomendações dos esquemas para tratar esses problemas específicos estão descritas na seção sobre Produtos Tópicos de Cuidados da Pele. Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida l. Agente de limpeza facial suave O propósito de um agente de limpeza é remover sujeira, óleo, maquiagem e outros detritos acumulados na pele e permitir que outros produtos atuem mais eficazmente. Essa é a primeira etapa de qualquer esquema de cuidado diário da pele e deve ser realizada antes da aplicação dos produtos de tratamento tópico. O agente de limpeza ideal limpa eficazmente a pele sem remover os lipídeos naturais. Um agente de limpeza suave em base cremosa deve ser utilizado para tratar a pele fotoenvelhecida. 2. Fatores de crescimento Os produtos à base de fator de crescimento fibroblástico estimulam a síntese de colágeno e outros componentes da MEC pelos fibroblastos. Em geral, esses produtos contêm substâncias secretadas pelos fibroblastos, inclusive um fator de crescimento epidérmico, fator beta transformador do crescimento e fator de crescimento derivado das plaquetas. Os produtos à base de fatores de cres- cimento podem ser obtidos de várias fontes, inclusive fibroblastos do prepúcio humano de recém-nascidos, ou um fator de crescimento epidérmico humano recombinante desenvolvido a partir de fungos e bactérias. Em geral, o produto à base de fatores de crescimento é acrescentado ao esquema diário de cuidados da pele para melhorar a hidratação e reduzir a aspereza, a hiperpigmentação e as rugas da pele fotoenvelhecida. 3. Retinoides Os retinoides tópicos são derivados e análogos da vitamina A, que incluem produtos potentes comercializados com prescrição (p.ex., tretinoína e seus de- rivados, inclusive tazaroteno) e produtos cosmecêuticos menos ativos (p.ex., retino! e retinaldeído, veja seção de Produtos Tópicos de Cuidados da Pele, Fig. 1). Os retinoides estimulam o turnover epidérmico saudável e a função Seção 2 Introdução e Conceitos Fundamentais 21 normal da pele porque reduzem a coesão entre os corneócitos e facilitam a descamação, inibem a melanogênese,têm funções antioxidantes, estimulam a síntese de colágeno e reduzem a ceratinização dentro dos folículos pilosos (i. e., poros entupidos). Esses produtos podem tratar muitos componentes do foto- envelhecimento, inclusive aspereza, linhas finas, flacidez e hiperpigmentação. Embora os retinoides comercializados com prescrição (p.ex., tretinoína) sejam altamente eficazes no rejuvenescimento cutâneo, eles não podem ser combi- nados facilmente com os tratamentos esfoliativos e outros procedimentos de rejuvenescimento da pele. Por essa razão, os retinoides comercializados com prescrição geralmente são utilizados isoladamente nos tratamentos de cuidado da pele, enquanto os retinoides fornecidos sem prescrição (p.ex., retino!) são os produtos preferidos que podem ser incorporados ao Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida. 4. Umidificantes Os produtos umidificantes hidratam a pele e, deste modo, podem melhorar temporariamente a aparência da pele porque reduzem as rugas. O uso regu- lar pode produzir efeitos duradouros em razão da recuperação da função de barreira da pele. Além disso, os umidificantes funcionam como veículos para aplicação dos ingredientes ativos na pele, porque todos os produtos tópicos são formulados com algum tipo de base umídificante. As formulações umidi- ficantes variam quanto à capacidade de hidratar e incluem pomadas e cremes muito hidratantes e loções, séruns e géis menos hidratantes. A escolha de uma formulação umidificante baseia-se no grau de hidratação da pele do paciente, que pode ser seca ou oleosa. Em geral, a pele fotoenvelhecida é normal a seca e as loções ou os cremes são as preparações preferidas para aplicação diária. S. Antioxidantes Os antioxidantes tópicos são utilizados para atenuar os efeitos oxidativos dele- térios da radiação UV na pele. A exposição à radiação UV desencadeia várias alterações dentro das células epidérmicas, inclusive formação de átomos e mo- léculas altamente reativos, que são conhecidos como radicais livres. Existem muitos tipos de radicais livres e as espécies reativas do oxigênio (inclusive radi- cais hidroxila, ânions superóxido e óxido nítrico} são os tipos mais amplamen- te estudados para o cuidado da pele, em vista da sua função significativa que desempenha na lesão cutânea. A aplicação tópica de um produto antioxidante pode ajudar a evitar e reverter a oxidação celular e, por fim, evitar e tratar os sinais visíveis do envelhecimento. Um produto antioxidante (p.ex., um sérum contendo vitaminas C e E) é um componente essencial do Esquema Diário de Produtos Tópicos para Pele Envelhecida. 6. Filtros solares Os filtros solares protegem a pele reduzindo a exposição à radiação UV Os filtros solares mais eficazes têm amplo espectro, ou seja, conferem proteção contra as radiações UVA e UVB e mantêm sua estabilidade quando são expostos à luz so- 22 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos lar. Os ingredientes dos filtros solares são classificados como químicos ou físicos (embora tecnicamente todos os ingredientes dos filtros solares sejam compostos químicos). Os filtros solares químicos são compostos orgânicos que p rotegem as células absorvendo a radiação UV: Os filtros solares físicos são compostos mine- rais inorgânicos como dióxido de titânio e óxido de zinco, que conferem proteção refletindo, dispersando e, até certo ponto, absorvendo a radiação UV A escolha de urna linha de produtos tópicos para ser incorporada à prática clínica pode ser difícil, porque existem muitas opções disponíveis. Além disso, os produtos cosméticos (inclusive cosmecêuticos) não são regulamentados pelo FDA (Food and Dmg Administration) americano e, por esta razão, não é necessário que existam evidências quanto à sua segurança ou eficácia. Ademais, a inexistên - cia de estudos duplo-cegos revisados pelos órgãos de classe dificulta a utilização dos métodos padronizados de avaliação dos produtos ;nédicos. O conhecimento básico dos ingredientes dos produtos de cuidados da pele, com as melhores bases de evidência possíveis, é essencial à avaliação e à escolha dos produtos para uso em consultório. Uma das principais decisões necessárias à seleção dos produtos tópicos para uso em consultório é se o profissional deve escolher uma única linha abrangen- te de produtos da mesma empresa, ou escolher produtos fornecidos por diversas empresas. A opção por urna única linha de produtos de cuidados da pele tem a vantagem de assegurar a compatibilidade dos produtos e a simplicidade logística da solicitação a um único fornecedor. Entretanto, algumas empresas de produtos de cuidados da pele podem sobressair em apenas pequeno número de produtos, que podem não atender adequadamente às necessidades dos pacientes. A dispen- sação de várias linhas de produtos de cuidados da pele no consultório pode ser um processo mais complexo, mas pode dar ao p rofissional flexibilidade na escolha de vários produtos. De qualqcer forma, é importante que o médico e sua equipe estejam bem familiarb:ados cornos produtos e seus ingredientes, de forma a elabo- rar esquemas mais eficazes e ajudar a garantir que determinados ingredientes não sejam utilizados em doses excessivas. Seleção dos Pacientes Os procedimentos esfoliativos e a aplicação regular dos produtos de cuidados da pele trazem melhoras a quase todos os pacientes, no que se refere à saúde e à apa- rência da pele, com poucas e.xceções (veja contraindicações, adiante). Os pacientes com alterações de fotocnvelhecimento brando a moderado e pele áspera, rugas finas e pigmentação heterogênea são os melhores candidatos. Em geral, esses pa- cientes apresentam melhoras depois de uma série de tratamentos esfoliativos e uso consistente dos produtos tópicos por três a seis meses. Os pacientes com altera- ções de fotoenvelhecimento moderado a grave podem necessitar de tratamentos combinados com laser ou tecnologias de luz intensa pulsada (LIP) para conseguir Seção 2 Introdução e Conceitos Fundamentais 23 melhoras expressivas. Estabelecer expectativas realistas e conversar sobre os re- sultados que podem ser alcançados durante a consulta são elementos essenciais ao sucesso dos tratamentos de cuidados da pele no consultório e à satisfação dos pacientes. Consulta de Estética Durante a consulta, é importante revisar a história clínica do paciente, inclusi- ve: fármacos e alergias; história patológica pregressa como erupções herpéticas na área tratada e condições que contraindiquem o tratamento (veja adiante); história cosmética, inclusive esquema de cuidados da pele usado atualmente; procedimen- tos minimamente invasivos; e cirurgias plásticas. A insatisfação repetida com os tratamentos estéticos realizados antes pode ser um indício de que o paciente tem transtorno dismórfico corporal ou expectativas irrealistas, ambos contraindica- ções para tratamentos estéticos. O Anexo 2, Formulário de Admissão do Paciente, ilustra um exemplo de avaliação estética que pode ser usada. A análise da pele deve ser realizada para determinar o fototipo cutâneo de Fitzpatrick e o escore de Glogau (veja adiante). A pele deve ser examinada para definir o grau de hidratação (veja adiante), a existência de lesões e áreas problemá- ticas, inclusive hiperpigmentação; pápulas, pústulas e comedões de acne; eritema e telangiectasias; ceratoses e hiperplasia seborreicas; ceratoses actínicas; e lesões suspeitas de câncer de pele. Em geral, as alterações encontradas são documentadas por escrito e com fotografias. O Anexo 3 ilustra um exemplo de Formulário de Análise da Pele, que pode ser usado. As opções de tratamento devem ser debatidas com o paciente, inclusive o nú- mero de sessões recomendado, os resultados esperados com expectativas realistas e os custos. O plano de tratamento cosmético deve ser elaborado conjuntamente com o paciente e deve ser documentado no prontuário. Fototipo Cutâneo de Fitzpatrick A escala de Fitzpatrick é uma forma de avaliar a coloraçãoda pele e a reação visível ao sol. Os fototipos cutâneos I a III geralmente são caucasoides, os tipos IV e V são indivíduos com tons de pele cor-de-oliva ou castanho-claro (p.ex., mediterrâneos, asiáticos e latinos) e o tipo VI são negros (em geral, de descendência afro-ameri- cana) (Fig. 20). A determinação do fototipo cutâneo de Fitzpatrick pode ser usada para definir a agressividade dos tratamentos estéticos e como um previsor gros- seiro da resposta ao tratamento. Por exemplo, os pacientes com fototipos cutâneos mais claros (I a III) geralmente podem tolerar tratamentos mais agressivos e têm riscos baixos de alterações da pigmentação. Os pacientes com fototipos cutâneos mais escuros (IV a VI) têm riscos mais altos de desenvolver alterações indesejá- veis da pigmentação (inclusive hiperpigmentação) e devem fazer tratamentos mais conservadores para reduzir a probabilidade de que ocorram estas complicações. 24 11 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Corda pele Muito branca ou sardenta Branca Reação ao sol Sempre queima Geralmente queima 111 Branca ou cor-de-oliva Algumas vezes queima IV Castanha v Castanho-escura VI Negra Raramente queima Muito raramente queima Nunca queima IRA 2Cl Fototipos cutâneos de Fitzpatrick. (Cortesia da PCA SKIN.) Clas~ifira<:ão do Fotoenvelhecimento de Glogau A classificação de Glogau é usada para determinar a gravidade do fotoenvelheci- mento, principalmente no que se refere às rugas (Fig. 21). Essa classificação ini- cial é realizada por ocasião da primeira consulta e pode ser usada para orientar o tratamento. Em geral, os tipos I a III de Glogau tendem a mostrar melhoras perceptíveis com os procedimentos esfoliativos e os produtos de cuidados da pele. Os pacientes do tipo IV de Glogau geralmente necessitam de tratamentos cutâneos mais agressivos, inclusive esfoliação ablativa a laser e injeções de preenchedores dérmicos e toxina botulínica para alcançar resultados significativos. Seção 2 Introdução e Conceitos Fundamentais 25 Tipo I Tipo 11 Tipo 111 Tipo IV Fotoenvelhecimento Fotoenvelhecimento Fotoenvelhecimento Fotoenvelheclmento leve moderado avançado grave • Alterações mfnimas • Primeiros lentigos • Discromia e • Cor amarelada da pigmentação solares telangiectasias (amarelo· evidentes acinzentada) • Nenhuma ceratose • Ceratoses raras, • Ceratoses visíveis • Cera toses e principalmente neoplasias malignas palpáveis da pele • Nenhuma ruga, ou • Rugas apenas com a • Rugas em repouso • Rugas rugas mínimas expressão facial generalizadas, pouca pele normal Idade do paciente: Idade do paciente: Idade do paciente: Idade do paciente: segunda década de terceira ou quarta quinta década de vida sexta ou sétima vida década de vida décadas de vida Pouca ou nenhuma Geralmente aplica Sempre usa base Não pode usar maquiagem alguma base abundante maquiagem - "endurece e racha" FIGURA 21 Classificação de Glogau. Graus de Hidratação da Pele A hidratação da pele pode ser descrita clinicamente corno normal, seca ou oleosa e, em geral, é determinada pelo "tipo cutâneo" do paciente. O grau de hidratação da pele pode ser determinado com base na história e no exame físico. Os pacien- tes com pele seca e desidratada geralmente referem uma sensação de retesamento depois da limpeza e, ao exame clínico, apresentam tez deslustrosa e podem terdes- camação cutânea. Em geral, os pacientes com pele oleosa referem brilho durante todo o dia, principalmente na fronte, no nariz e no queixo ("zona T"). A determi- nação do grau de hidratação da pele do paciente ajuda a selecionar os produtos, principalmente agentes de limpeza e umidificantes, porque a maioria das empresas define seus produtos com base no grau de hidratação da pele. Os pacientes com pele fotoenvelhecida geralmente têm desidratação. Documentação Fotográfica As fotografias são recomendadas antes do tratamento, ao longo de uma série de sessões e depois da finalização do tratamento. É importante manter consistência de iluminação e posição de forma a documentar os tratamentos de cuidados da pele, porque as melhoras podem ser sutis e difíceis de documentar fotografica- mente. Em geral, os pacientes são posicionados para fotografias em posição total- mente ereta com o olhar dirigido à frente, em linha reta. As fotografias são obtidas de toda a face - de frente, a 45 graus e a 90 graus - com aproximação do foco nas áreas com alterações específicas. 26 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Consentimento Informado É recomendável contemplar todos os aspectos do consentimento informado an- tes de realizar o tratamento estético. Os pacientes devem ser instruídos quanto à natureza do seu problema ou às anormalidades estéticas, e os detallies dos trata- mentos propostos e das intervenções alternativas devem ser revisados. Também é importante conversar sobre os beneficios potenciais, as expectativas realistas e as possíveis complicações associadas ao procedimento, com oportunidade adequada para responder a todas as perguntas. O processo de consentimento infor:nado é documentado e um formulário assinado deve ser acrescentado ao prontuário. O Anexo 4, Consentimento para Tratamentos de Cuidados da Pele, ilustra um exem - plo de formulário de consentimento para procedimentos dermatológicos e uso de produtos correlatos. Indicações dos Tratamentos de Cuidados da Pele • Danos causados pela luz solar • Textura áspera • Linhas e rugas finas • Hiperpigmentação • Poros dilatados • Acne simples (comedoniana) e acne vulgar (papulopustulosa)* • Cicatrizes superficiais da acne • Pele amarelada e opaca • Ceratose pilar • Pele dcscamativa e espessa (p.e.x., ictiose) • Pele seca (xerose) • Ceratose seborreica descarnativa • Potencialização da penetração dos produtos Cuidados Recomendados Depois dos Tratamentos Dermatológicos • A pele pode parecer sensível, esticada e seca, com tonalidade rosada ou averme- lhada. • Compressas frias podem ser aplicadas na área tratada durante 15 minutos, a cada urna a duas horas, conforme a necessidade para <Gviar o desconforto. Os analgésicos vendidos sem prescrição (p.ex., acetaminofeno ou ibuprofeno) podem ser usados conforme a recomendação, mas raramente são necessários. • Depois dos peelings químicos, a profundidade da descamação cutânea causada pelo procedimento varia e depende da solução usada e das condições da pele do *A MDA deve ser evitado quando houver pústulas. Introdução e Conceitos Fundamentais 27 paciente antes do peeling. O peeling cutâneo varia de descamação branda até o desprendimento de lâminas de pele descamada. A inexistência de descamação não significa que o tratamento foi ineficaz ou muito fraco. Os pacientes devem ser instruídos a evitar coçar, raspar ou esfregar a pele sensível ou remover a descamação, de forma a reduzir o risco de formação de cicatrizes fibrótícas e hiperpigmentação pós-inflamatória. • Também é recomendável usar produtos que suavizam a pele e não contêm in- gredientes potencialmente irritantes depois do procedimento por uma a duas semanas depois do tratamento (veja as seções de Produtos de Cuidados da Pele Aplicados Antes e Depois dos Procedimentos; Produtos Tópicos de Cuidados da Pele). • Os pacientes podem reiniciar a aplicação regular do Esquema de Produtos Tópi- cos quando a pele estiver totalmente normalizada (cerca de uma a duas semanas depois do tratamento). • Os pacientes devem ser instruídos a evitar exposição direta ao sol por no mí- nimo quatro semanas depois do tratamento, de forma a reduzir complicações. • Também é necessário aplicar diariamente um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais, que contenha óxido de zinco ou dióxido de titânio. • O Anexo 5, Instruções para Antes e Depois dos Tratamentos de Cuidados da Pele, ilustra um exemplo de folheto fornecido aos pacientes depois do tratamento. Outros Distúrbios Dermatológicos que Podem Melhorar com osCuidados da Pele Eritema Facial: Rosácea e Pele Sensível O eritema facial pode ocorrer em vários distúrbios dermatológicos, como rosá- cea, pele sensível e pele fotoenvelhecida. Em geral, o eritema é evidenciado na região mediai da face na forma de telangiectasias, vasos de pequeno calibre e/ou eritema de base. Quase todos os distúrbios cutâneos eritematosos têm a mesma fisiopatologia subjacente, ou seja, a perda da função de barreira da pele aumenta a PATE; também há inflamação e aumento secundário da vascularização com capi- lares hiperpermeáveis e dilatados (Fig. 22). Rosácea é distúrbio crônico evidenciado por pele sensível, que anualmente acomete milhões de americanos. Esse distúrbio é diagnosticado mais comumente nas mulheres com idades entre 30 e 50 anos, mas os homens afetados geralmente têm quadros clínicos mais graves. Existem quatro subtipos de rosácea: • O subtipo I (eritematotelangiectásico) evidencia-se por eritema de base e te- langiectasias nas superfícies convexas da face (fronte, regiões malares, nariz e queixo) (Fig. 23). • O subtipo II (papulopustuloso) caracteriza-se por lesões papulosas ou pustulo- sas dentro dos limites das áreas eritematosas descritas no item anterior (Fig. 24). 28 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Aumento da perda de água - ---- Perda da função de barreira e inflamação Aumento da vascularização e da permeabilidade vascular FIGURA 22 Fisiopatologia da pele eritematosa sensível. • O subtipo Ili (fimatoso) é marcado por espessamento da pele, envolvendo mais comumente o nariz (rinofima). Em geral, esse subtipo acomete mais comumen- te os homens que as mulheres. • O subtipo IV (ocular) afeta os olhos e as pálpebras e, em geral, evidencia-se por hiperemia conjuntiva! e blefarite. A ruborização crônica e persistente, que é a marca característica da rosácea, pode ser provocada por diversos fatores, inclusive e"1:remos de temperatura, inges- tão de bebidas alcoólicas ou quentes, estresse emocional, alimentos apimentados e produtos tópicos irritantes. Existem muitas teorias propostas para explicar a etio- logia da rosácea, mas até agora não há uma causa única bem definida. Algumas teorias comuns incluem hiper-regulação das citocinas, resultando em ruborização, inflamação crônica, dilatação vascular; e proliferação do ácaro Demodex com res- posta inflamatória exagerada à colonização. Introdução e Conceitos Fundamentais 29 FIGURA Rosácea tipo I (rosácea eritematotelangiectásica). (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) FIGURA 24 Rosácea tipo 11 (acne rosácea). (Cortesia da PCA SKIN.) 30 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Os tratamentos para eritema facial têm como objetivo reforçar e estabilizar a barreira cutânea, recompondo a umidade e reduzindo a inflamação. Os produ- tos tópicos não irritantes recomendados têm concentrações baixas de ingredientes ativos (veja seção de Esquema de Produtos Tópicos para Eritema Facial: Rosácea e Pele Sensível, em Produtos Tópicos de Cuidados da Pele). O uso dos procedimentos esfoliantes como peelings químicos e MDA é con- troverso nos pacientes com eritema cutâneo. Esses tratamentos podem irritar e inflamar a pele; contudo, a barreira epidérmica finalmente pode ser reforçada, re- sultando em melhora clínica geral. Neste livro, as referências e as recomendações terapêuticas para rosácea referem-se principalmente às de subtipos I e II. Acne Acne é um dos distúrbios dermatológicos mais comuns e, nos EUA, afeta cerca de 50 milhões de pessoas. A acne é uma doença dermatológica crônica, que se evi- dencia por vários tipos de lesões diferentes descritos a seguir. Lesões da Acne • Os comedões abertos são descritos comumente pelos pacientes como "pontos negros" (Fig. 25). Essas lesões refletem a presença de ceratína e sebo dentro de um folículo piloso e podem ser extraídas aplicando-se pressão suave ao redor do folículo; contudo, os comedões abertos quase sempre recidivam. • Os comedões fechados são lesões min úsculas da cor da pele, comumente refe- ridas como "pontos brancos" ou mílio. Essas lesões são causadas pelo acúmulo de ceratina e sebo que ficaram retidos dentro do folículo pelas células cutâneas sobrejacentes (Fig. 26). Os comedões fechados respondem mais favoravelmente à esfoliação que à extração. Os comedões abertos e fechados são mais comuns nas áreas mais oleosas da face, inclusive nariz, fronte e queixo. • As pápulas são pequenos inchaços sólidos inflamados de coloração vermelha, que não contêm pus (Fig. 27). As pápulas não devem ser extraídas e comumente se transformam em pústulas, que então podem ser retiradas. • As pústulas são pequenos inchaços inflamados de coloração vermelha contendo pus, que se evidencia por uma cobertura esbranquiçada (Fig. 27) . As pústulas podem ser extraídas aplicando-se pressão suave na base das lesões. Se for neces- sário, pode-se utilizar uma lanceta para fazer uma pequena perfuração na lesão e facil itar a extração. • Os nódulos e cistos são coleções subcutâneas que se formam quando as glân- dulas sebáceas estão inflamadas e infectadas (Fig. 28). Em geral, essas lesões causam desconforto. A extração não é recomendada em vista da profundidade da lesão. Os nódulos e os cistos podem deixar cicatrizes ou causar celulite, prin- cipalmente se o paciente tentar extrair ou espremer a lesão. Introdução e Conceitos Fundamentais 31 FIGURA 25 Acne simples com comedões abertos, comedões fechados e uma pústula. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) FIGURA 26 Acne simples com comedões fechados. (Cortesia da PCA SKIN.) 32 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos G JR ~ 21 Acne vulgar com numerosas pá pulas e pústulas inOamadas. {Cortesia da PCA SKIN.) FIGURA 28 Acne vulgar com raras pá pulas e pústulas inOamadas e um cisto no queixo. (Cortesia da PCA SKIN.) Seção 2 Introdução e Conceitos Fundamentais 33 Classificação da Acne A classificação da acne baseia-se na existência de lesões inflamatórias. A acne sim- ples tem lesões inflamatórias mínimas ou ausentes; a acne vulgar tem lesões infla- matórias. A acne também pode ser classificada por grau baseado no tipo de lesão predominante, conforme descrito a seguir. Acne Simples - Não Inflamatória • Grau I - lesões comedonianas. • Grau II - lesões comedonianas com algumas lesões papulosas e pustulosas oca- sionais, que raramente estão inflamadas. Acne Vulgar - Inflamatória • Grau III -lesões comedonianas, papulosas e pustulosas com inflamação signifi- cativa e bactérias presentes. • Grau IV - lesões comedonianas, papulosas, pustulosas, nodulares e císticas com contagens bacterianas significativas. Os fatores fisiopatológicos que contribuem para a acne, independentemente do seu grau, são: (1) esfoliação anormal e hiperceratinização dentro dos folículos pilosos, resultando na obstrução dos poros, comedões abertos e comedões fecha- dos; (2) produção sebácea excessiva; (3) proliferação excessiva da bactéria Pro- pionibacterium acnes (P. acnes) nos poros obstruídos, resultando em (4) pápulas, pústulas, nódulos e cistos inflamatórios. Outros Fatores que Contribuem para o Desenvolvimento da Acne • As variações hormonais podem aumentar a produção sebácea. Os folículos contêm receptores androgênicos e os níveis relativamente altos de testostero- na podem aumentar o tamanho das glândulas sebáceas e a quantidade de sebo secretado. A acne é mais comum nos homens durante a puberdade, quando os níveis de testosterona alcançam níveis mais altos. As mulheres podem ter surtos de acne relacionados com o ciclo menstrual, que geralmente começam pouco antes e durante a menstruação. Nessa fase do ciclo, os níveis da testosterona são relativamente altos em comparação com as concentrações de progesterona e estrogênio, que estão baixas. • O estresse provoca secreção de cortisol, que estimula a produção sebácea e a in- flamação. Os pacientes com acne têm níveis de cortisol comprovadamente maisaltos e, embora o estresse não seja uma causa direta da acne, parece agravar o problema. • Os produtos tópicos comedogênicos obstruem os poros e podem causar acne. A comedogenicidade está relacionada com a propensão de causar acne e é deter- minada pela formulação do produto final, mais que por um único ingrediente. 34 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Muitos produtos são rotulados como "não comedogênicos"; contudo, este termo não é reconhecido pelo FDA americano e também não existem quaisquer tes- tes padronizados. Por essa razão, os produtos "não comedogênicos" podem ser comedogênicos. • O ressecamento excessivo da pele pode causar acne. Embora o objetivo do tra- tamento da acne seja controlar a secreção sebácea, a remoção de toda a hidrata- ção da pele pode, na verdade, estimular a produção sebácea e causar inflamação, deste modo agravando a acne. O tratamento da acne é orientado pelo tipo de lesões presentes e pela gravi- dade geral da doença. Todos os esquemas tópicos de tratamento da acne utilizam esfoliantes e produtos que reduzem a secreção sebácea. Os tratamentos da acne inflamatória também incluem antibacterianos para P. acnes e produtos com pro- priedades anti-inflamatórias (veja Esquema de Produtos Tópicos para Acne, na seção Produtos Tópicos de Cuidados da Pele). A esfoliação superficial com peelings químicos e/ou MDA é usada porque a esfoliação ajuda a manter o folículo livre de restos e bactérias e permite uma penetração mais eficaz dos produtos tópicos. Além disso, os procedimentos esfoliativos também podem reduzir a hiperpigmen- tação pós-inflamatória, melhorando a aparência geral da pele e a autoconfiança do paciente. Acne e Variações Étnicas da Pele A acne é um dos distúrbios dermatológicos mais comuns e afeta pacientes de des- cendências latina, afro-americana e asiática, mas as sequelas geralmente são mais graves nos indivíduos com fototipos cutâneos mais pigmentados (i.e., fototipos IV a VI de Fitzpatrick). Embora a patologia da acne não varie com a etnia, as características das lesões podem ser diferentes. A acne comedoniana dos pacien- tes afro-americanos tende a desenvolver graus significativamente mais graves de inflamação que a acne comedoniana dos pacientes caucasoides. A pele dos índios e asiáticos tem mais propensão às alterações da pigmentação, inclusive hiperpig- mentação pós-inflamatória (HPI). Por essa razão, é importante tratar a pele sem estimulação excessiva, o que significa usar produtos menos irritantes e mais in- gredientes anti-inflamatórios. Em geral, os pacientes pensam que a HPI é cicatriz, mas isto não é verdade. Quando a HPI está presente, os ingredientes capazes de inibir a melanogênese (p.ex., hidroquinona) também devem ser incorporados ao seu esquema de tratamento. H i perpigmentação A hiperpigmentação é atribuída aos aumentos da síntese e da deposição de me- lanina na pele. Existem muitos distúrbios dermatológicos que se evidenciam por hiperpigmentação e um dos mais comuns é hiperpigmentação associada a fotoen- Introdução e Conceitos Fundamentais 35 velhecimento. A exposição crônica à radiação UV contribui para a formação de lentigo, pigmentação mosqueada e sardas (ou efélides) escurecidas. A exposição crônica à radiação UV também pode causar poiquílodermia de Civatte, que é uma pigmentação mosqueada combinada com eritema, geralmente nas superfícies la- terais do pescoço, nos maxilares e no tórax. Outras causas cosméticas comuns de hiperpigmentação são melasma e hiperpigmentação pós-inflamatória. O mecanismo fisiopatológico básico dos distúrbios que causam hiperpigmen- tação é a produção excessiva de melanina. A etapa reguladora principal da síntese de melanina (melanogênese) ocorre nos melanócitos e consiste na conversão da tirosina em melanina pela enzima tirosinase. O hormônio de estimulação dos me- lanócitos (MSH) inicia essa conversão enzimát ica. A melanina é acondicionada nos melanossomas dentro dos melanócitos, é transportada ao longo dos dendritos destas células e, em seguida, é distribuída aos ceratinócitos epidérmicos circun- dantes. Por exemplo, o lentigo é uma coleção de ceratinócitos e corneócitos reple- tos de melanina, que são formados pelos melanócitos estimulados pela radiação UV (Fig. 29). Além da exposição à radiação UV, muitos fatores podem estimular excessivamente a síntese de melanina e contribuir para a hiperpigmentação inde- sejável (Fig. 17). FIGURA 29 Fisiopatologia da pele híperpígmentada. Lentigo Melanócito estimulado O melasma, também conhecido como cloasma, caracteriza-se por m áculas e placas hiperpigmentadas. A distribuição facial central na fronte, nos maxilares, no lábio superior e no nariz é comum (Fig. 30), embora também possam ocorrer 36 Peelings Quimicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos FIGURA 30 Melasma. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) lesões mandibulares. O melasma ocorre comumente depois de uma alteração do estado hormonal da mulher, inclusive durante a gravidez (cloasma), ou durante o uso de anticoncepcionais orais. Assim como ocorre com todos os distúrbios que causam hiperpigmentação, o melasma é agravado pela exposição aos raios UV. A hiperpigmentação pós-inflamatória (HPI) evidencia-se por máculas cas- tanhas nas áreas de lesões previamente inflamadas da acne, ou nas cicatrizes das feridas (Fig. 31). Os pacientes com fototipos cutâneos mais escuros de Fitzpatrick (IV a VI) estão mais sujeitos a desenvolver HPI, bem como pacientes (com qual- quer fototipo cutâneo) com eritema persistente pós-procedimento. O tratamento da hiperpigmentação inclui esfoliação superficial com peelings químicos e MDA para acelerar o turnover epidérmico e remover os corneócitos repletos de melanina. Os produtos tópicos incluem um filtro solar para reduzir a exposição à radiação UV e inibidores da melanogênese, inclusive inibidores de tirosinase (veja Esquema de Produtos Tópicos para Hiperpigmentação, seção de Produtos Tópicos de Cuidados da Pele). . . . Introdução e Conceitos Fundamentais 37 FIGURA 31 Hiperpigmentação pós-inflamatória. {Cortesia da PCA SKIN.) Procedimentos Estéticos Combinados Este guia prático oferece uma abordagem integrada ao tratamento do fotoenve- lhecimento cutâneo utilizando uma combinação de peelings químicos superficiais, microdermoabrasão e um esquema de cuidados domiciliares diários da pele. Para os pacientes com fotoenvelhecimento cutâneo moderado a grave, ou que desejam resultados mais acentuados, a MDA e os peelings químicos podem ser combinados com outros procedimentos estéticos minimamente invasivos, inclusive tratamen- tos com lasers, LIP, toxina botulínica e/ou preenchedores dérmicos. Microdermoabrasão Combinada com Tratamentos de F~•nrreiuvPnPccime,to a Laser Fotorrejuvenescimento é o tratamento recomendado para hiperpigmentação e eri- tema facial associados ao fotoenvelhecimento cutâneo, em que são utilizados lasers não ablativos ou dispositivos de LIP. Estes tratamentos estão baseados no princípio da fototermólise seletiva. Os cromóforos, ou pigmentos que absorvem luz na pele, absorvem seletivamente a energia luminosa do laser, que é convertida em calor nas lesões tratadas. As lesões são aquecidas, destruídas e eliminadas, enquanto a pele circundante não é afetada. Os dois cromóforos cutâneos atingidos durante os tratamentos de fotorrejuvenescimento são melanina das lesões pigmentadas e oxiemoglobina das lesões vasculares vermelhas. 38 Peelings Qufmicos, Microdermoabrasão 8r Produtos Tópicos Durante o tratamento da hiperpigmentação (p.ex., lentigos), o cromóforo melanina presente dentro dos melanossomas dos melanócitos e ceratinócitos epi- dérmicos é atingido pela energia luminosa, que então aquece e rompe as mem- branas dos melanossomas. Os lentigos tratados geralmente escurecem alguns dias depois do tratamento e formam microcrostas que se desprendem gradativamente, expondo as lesões clareadas ou regredidas e resultando em uma tonalidadecutâ- nea homogênea. A MOA geralmente é realizada duas semanas depois para ampliar os resultados acelerando a esfoliação e removendo qualquer pigmentação escura remanescente depois do tratamento de fotorrejuvenescimento. Durante o tratamento do eritema facial (p.ex., telangiectasias), o cromóforo oxiemoglobina presente dentro do vaso sanguíneo é atingido pela energia lumino- sa, que em seguida aquece e coagula o sangue e fecha o vaso sanguíneo. Em geral, os vasos sanguíneos tratados regridem depois de alguns dias. A MOA pode ser realizada pouco antes do tratamento de fotorrejuvenescimento para ampliar os resultados. A intensão é aumentar transitoriamente o fluxo sanguíneo e a intensi- dade do eritema, de forma que o laser ou o dispositivo de LIP tenha mais alvos e o tratamento seja mais eficaz. Microdermoabrasão e Peelings Químicos Combinados com Lasers Nã" Ablativos Estimuladores do Colágeno Essa técnica de rejuvenescimento cutâneo atua na derme e na epiderme de forma a ampliar os resultados do tratamento das rugas finas e dos poros dilatados. A síntese de colágeno da derme é estimulada por um laser não ablativo (p.ex., laser Q-switched de 1064 nm) ou LIP. A esfoliação da epiderme pode ser realizada em seguida na mesma consulta, utilizando MOA e também peeling químico. O tra- tamento combinado pode ser realizado mensalmente para conseguir resultados cumulativos. Produtos e Tratamentos de Cuidados da Pele Combinados com Injeções de Preenchedores Dérmicos e Toxina Botulínica Os pacientes com sinais moderados a graves de pele fotoenvelhecida geralmente apresentam linhas estáticas e rugas mais profundas, que a MOA, os peelings quí- micos e os produtos tópicos de cuidados da pele podem não tratar eficazmente. A aplicação dos preenchedores dérmicos pode recuperar o volume perdido, reduzir as linhas estáticas e redefinir os contornos faciais. Quando o paciente tem linhas dinâmicas devido à contração muscular hiperdinâmica, as injeções de toxina bo- tulínica estão indicadas. A MOA pode ser realizada pouco antes da injeção de toxi- na botulínica ou de preenchedor dérmico, na mesma consulta. Os peelings quími- cos superficiais também podem ser realizados pouco antes das injeções de toxina botulínica; contudo, é aconselhável aguardar até que toda a descamação cutânea tenha regredido, antes de realizar tratamentos com preenchedores dérmicos. PEELINGS QUIMICOS, MICRODERMOABRASÁO & PRODUTOS TÓPICOS Peelings Químicos Introdução e Conceitos .. Eundamentais dos Peelings Químicos Os tratamentos de peeling químico, também conhecidos como quimioesfoliação, removem as camadas mais externas da pele de forma a melhorar a função global e a aparência da pele. O mecanismo de ação dos peelings químicos baseia-se nos princípios da cicatrização de feridas, de forma que a produção de feridas contro- ladas na pele e a remoção das camadas cutâneas ajudam a estimular a renova- ção da pele e regenerar a epiderme e a derme mais saudáveis. Este Guia Prático enfatiza basicamente a realização dos peelings químicos superficiais* para tratar fotoenvelhecimento cutâneo e outros distúrbios dermatológicos comuns, inclusive pele sensível, acne e hiperpigmentação. Os peelings superficiais acarretam poucos riscos de complicações e podem ser facilmente combinados com microdermo- abrasão, produtos tópicos de cuidados da pele e outros procedimentos estéticos de forma a potencializar os resultados e adaptar os tratamentos às condições e às necessidades específicas de cada paciente. Seleção dos Pacientes Os pacientes com alterações brandas a moderadas de fotoenvelhecimento, inclu- sive lentigos solares, opacidade e textura áspera da pele (p.ex., tipos I e 11 de Glo- gau) e distúrbios acneiformes, geralmente percebem melhoras expressivas com os peelings químicos superficiais (veja descrição dos tipos de Glogau em Introdução e Conceitos Fundamentais). Rugas finas, poros dilatados e cicatrizes atróficas tam- bém podem melhorar com os peelings superficiais; contudo, os resultados não são comparáveis aos que são alcançáveis com os procedimentos de esfoliação cutânea *As referências sobre peellngs qufmicos superficiais também incluem os peelings qufmicos muito superficiais, a menos que seja assinalada essa diferença. 41 42 Peefings Químicos mais profunda, inclusive peelings de média profundidade ou esfoliação a laser. A avaliação das expectativas dos pacientes por ocasião da consulta inicial e o com- prometimento em realizar uma série de peelings são essenciais de forma a garantir o sucesso dos peelings químicos superficiais. Os peelings superficiais podem ser aplicados em todos os tipos de pele (Fitzpa- trick I a VI) (veja descrição dos fototipos cutâneos de Fitzpatrick em Introdução e Conceitos Fundamentais). Contudo, os pacientes com fototipos cutâneos mais escuros (IV a VI) estão mais sujeitos a desenvolver hiperpigmentação pós-infla- matória (HPI). Os pacientes com distúrbios eritematosos graves, inclusive rosácea, telangiectasias e poiquilodermia de Civatte, podem apresentar exacerbações do eritema. Embora os peelings superficiais possam ser aplicados nesses grupos, é re- comendável utilizar tratamentos menos agressivos de forma a reduzir os riscos de HPI e agravação do eritema, respectivamente. Indicações • Danos causados pela luz solar • Textura áspera • Rugas finas • Hiperpigmentação • Coloração cutânea amarelada e opaca • Poros dilatados • Acne simples (comedoniana) e acne vulgar (papulopustulosa) • Cicatrizes da acne • Ceratose pilar • Pele espessa e escamosa (p.ex., ictiose) • Pele seca (xerose) • Ceratose seborreica descamativa • Ampliar a penetração dos produtos tópicos Embora os peelings superficiais descritos neste capítulo sejam recomendados para as indicações citadas acima, existem algumas preferências sutis quanto à sele- ção de um peelingem vez de outro com a mesma indicação (veja Seleção do Peeling Químico, adiante). Classificação dos Peelings Superficiais Os peelings químicos podem ser classificados com base em sua profundidade de penetração na pele: muito superficiais, superficiais, de média profundidade e pro- fundos (veja Anatomia, Fig. 4). • Os peelings muito superficiais penetram no estrato córneo e, possivelmente, nas camadas superiores do estrato espinhoso da epiderme. Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 43 • Os peelings superficiais penetram em toda a epiderme e, possivelmente, tam- bém na derme papilar. • Os peelings de média profundidade penetram em toda a epiderme e, possivel- mente, na derme reticular mais superficial. • Os peelings profundos penetram na camada média da derme reticular. As Figuras l e 2, na página seguinte, ilustram os peelings químicos superficiais comuns e suas profundidades de penetração na pele (também conhecidas como profundidades de descamação). Diversos fatores influenciam a profundidade de penetração de um peeling e, embora determinado peeling químico superficial pos- sa ser classificado como agente esfoliante superficial, na prática a profundidade de penetração pode variar. Por essa razão, as Figuras 1 e 2 devem ser usadas apenas como orientação geral quanto à profundidade dos pee/ings químicos. Fatores que Afetam a Profundidade de Penetração do Peeling Químico O tipo de composto químico usado é o determinante principal da profundidade de descamação. Muitos outros fatores também afetam a sua profundidade, inclusive os que estão relacionados a seguir: • Composição química da solução de peeling. • Concentração. • pH ácido. • Tempo de aplicação (i. e., tempo durante o qual a solução esfoliante permanece na pele antes da neutralização- no caso dos peelings que requerem neutralização). • Técnica de aplicação (p.ex., pressão aplicada na pele e tipo de aplicador). • Quantidade aplicada (p.ex., número de camadas; a definição de camada é uma cobertura homogênea da área tratada). • Preparação da pele (p.ex., procedimentos de descamação realizadosantes e pro- dutos tópicos aplicados antes do peeling). • Características da pele (p.ex., pele espessa e sebácea, ou fina e seca). A profundidade da penetração de determinado peeling químico é aumentada pelos seguintes fatores: concentração mais alta; pH mais baixo; tempo de aplicação mais longo; maior pressão exercida; mais camadas aplicadas do produto; produ- tos tópicos aplicados antes do peeling (inclusive retinoides e ácidos hidroxílicos); esfoliação recente (inclusive microdermoabrasão), que adelgaçam ou removem o estrato córneo; e lesões cutâneas preexistentes (inclusive pápulas da acne). Mecanismo de Ação Os peelings químicos removem as camadas mais externas da pele por ceratólise e ceratocoagulação. Os agentes ceratolíticos como os ácidos láctico e glicólico 44 • AHAs e ret.inoides • Ácido salicilico • Solução de Jessner • TCA a 20% • TCAa35a40% • TCA a 35% com soluçao de Jessner ou AG a 70% Peelings Químicos Epiderme O = Superficial O =Média • = Profundo ~~==s:~=~:,.. profundidade FIGURA 1 Profundidades da descamação com os peelings químicos superficiais, de média profundidade e p rofundos. AG =ácido glicólico; AHAs = ácidos alfa-hidroxílicos; TCA = ácido tricloroacético. Muito superficiais • Ácido glicólico de 20 a 35%; ácido láctico a 50% • Ácido salicllico de 20 a 30% • Tretinoína de 1 a 5% e ret ino! • Solução de Jessner, 1 a 3 camadas • TCA < 20% Superficiais - Ácido glicólico de 50 a 70% • TCAa 20% • Solução de Jessner, 4 a 7 camadas TCA =ácido tricloroacético Estrato córneo Estrato espinhoso FIGURA 2 Profundidades da descamação cutânea com os peelings químicos muito superficiais e superficiais. Capítulo 1 Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 45 Fator umidificante natural Estrato córneo r!~~~~~!i~§~~~~~~-~~§~~~-~~~~= Corneócito J Bicamada lipídica Estrato granuloso Estrato esp inhoso Estrato basal FIGURA 3 ligações intercelulares desmossõmicas da pele. Lipídeos intercelulares Desmossomo penetram no estrato córneo e dissolvem a adesão entre os corneócitos rompendo as ligações intercelulares dos desmossomos (Fig. 3). Os ceratocoagulantes como o ácido tricloroacético (TCA) destroem as células superficiais por desnaturação das proteínas e coagulação dos ceratinócitos. Independentemente do mecanismo de ação, o mecanismo é a descamação e a aceleração do processo de renovação da epiderme. Neutralização Alguns ácidos utilizados no peeling químico precisam ter sua atividade bloqueada por neutralização. A neutralização é conseguida aplicando-se na pele uma base como a solução de bicarbonato de sódio (10 a 15%), ou água para diluir o ácido, que aumenta o pH e torna o ácido menos eficaz. Por exemplo, o ácido glicólico permanece ativo na epiderme se a neutralização não for realizada e pode continuar a penetrar na pele. Depois da aplicação da base, o ácido glicólico é neutralizado e seu efeito é suprimido. Outros ácidos, conhecidos como "ácidos autoneutralizantes", não requerem aplicação de uma base para ter sua atividade interrompida. A atividade dos ácidos autoneutralizantes é interrompida espontaneamente pouco depois da aplicação por ação da água e outros componentes da pele, que diluem e neutralizam eficaz- mente o ácido. O TCA é um exemplo de ácido autoneutralizante. A necessidade de neutralização geralmente é intrínseca ao tipo de ácido. En- tretanto, a formulação do produto e a concentração do ácido também determinam a necessidade de usar neutralização. Por exemplo, o ácido glicólico sempre requer 46 Peelings Químicos neutralização e o TCA sempre tem ação autoneutralizante, independentemente de suas concentrações. Contudo, o ácido láctico varia quanto à necessidade de neutralização. Nas concentrações baixas (p.ex., 15%), o ácido láctico é autoneutra- lizante. Nas concentrações mais altas (p.ex .• 45%), o mesmo ácido precisa ser neu- tralizado por aplicação de uma base. De forma a garantir a segurança e a eficácia dos peelings químicos, é importante seguir os protocolos dos fabricantes de cada produto específico. Peelings Químicos Básicos Versus Avançados Este livro enfatiza os agentes esfoliantes químicos básicos utilizados nos peelings superficiais, que atuam predominantemente produzindo feridas na epiderme. Es- ses peelings podem ser realizados periodicamente para conseguir uma pele sau- dável com melhor aparência, têm poucos riscos de complicações e podem ser combinados facilmente com outros procedimentos estéticos. Os peelings de média profundidade e os profundos, que penetram até a derme, são classificados como procedimentos esfoliativos químicos avançados. Os efeitos benéficos de rejuvenes- cimento da pele são mais notáveis; contudo, os peelíngs de média profundidade e os profundos também acarretam riscos maiores de efeitos adversos e complicações de longo prazo. Além disso, os peelings avançados são apropriados para uma po- pulação mais restrita de pacientes, requerem cuidados mais intensivos depois do procedimento e alguns podem ser realizados apenas uma ou duas vezes ao longo de toda a vida. Produtos para Peelings Químicos Acidos Alfa-Hidroxílicos Os ácidos alfa-hidrox.ílicos (AHAs) estão entre os primeiros agentes esfoliantes utilizados para realizar peelings químicos. Esses ácidos são originados principal- mente das frutas e incluem ácidos glicólico (cana-de-açúcar), málico (maçãs), tar- tárico (uvas), cítrico (frutas cítricas), mandélico (amêndoas),láctico (leite) e fítico (grãos de cereais como arroz). Os AHAs penetram no estrato córneo e causam descamação porque rompem as ligações desmossômicas entre os corneócitos. Os AHAs também são usados em produtos tópicos como parte dos esquemas de cui- dados diários da pele em concentrações baixas (lO% ou menos) e nas preparações menos ácidas (pH L 3,5). O ácido glicólico (AG) é o AHA utilizado mais amplamente. Em geral, as preparações de ácido glicólico são soluções ou géis incolores, que não alteram seu aspecto quando são aplicados na pele. Como não há um parâmetro clínico visível e confiável durante a aplicação dos peelings de AG, o tempo de aplicação deve ser medido e o ácido precisa ser neutralizado no tempo certo para controlar o pro- Capftuj~) 1 · Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qufmicos 47 cedimento. A resposta clínica ao ácido glicólico pode ser variada. Por exemplo, alguns pacientes apresentam respostas inflamatórias intensas com as aplicações de curta duração (1 a 3 minutos) em concentrações baixas (20 a 35%), enquanto ou- tros toleram concentrações altas (70%) por períodos mais longos (até 7 minutos). Depois da aplicação dos peelings de AG, observa-se pouca ou nenhuma descama- ção ou esfoliação. O AG é encontrado em concentrações de até 70% para peelings químicos su- perficiais, que geralmente têm pH entre 2,5 e 3,0. As formulações com pH mais baixos e concentrações mais altas têm efeitos biológicos mais fortes. Contudo, as soluções com pH muito baixo (pH < 2,0) podem aumentar o risco de vesiculação, necrose e formação de crostas e não oferecem resultados melhores que as prepa- rações menos ácidas. O ácido láctico (AL) é um dos ácidos mais suaves e tem propriedades hi- dratantes intrínsecas. Depois da aplicação na pele, o ácido láctico forma lactato, que é um componente do fator umidificante natural da pele que funciona como umectante. O ácido láctico é usado como um agente esfoliante muito superficial em concentrações de até 50% e é combinado comumente com outros agentes esfo- liantes superficiais em soluções compostas de peelíng. "cidos Beta-Hidroxílicos O ácido salid lico (AS) é derivado da casca de salgueiro, do óleo de gaultéria e da bétula doce. O AS é um ácido beta-hidroxílico fornecido em concentrações de até 30% para peelíngs superficiais. As propriedades lipofílicas do AS permitem sua penetração e dissolução no sebo, tornando-o especialmente útil para tratar acne. Além disso, esse ácido produz efeitosanti-inflamatórios que o tornam apropria- do para problemas associados à pele sensível, inclusive rosácea. O ácido ~-lipo hidroxilico (ALH) é um agente esfoliante mais novo derivado do AS, que é mais lipofílico que o composto original. O ácido salicílico produz um efeito anestésico suave e, em comparação com os AHAs, os peelings de AS provocam menos sensação de ferroadas durante a apli- cação. Alguns produtos para peeling de AS produzem um efeito clínico visível na pele, que se evidencia por um pó branco fino ("pseudofrosting') formado por pre- cipitação salina do ácido salicílico. A Figura 4 ilustra o ácido salicílico aplicado no dorso de uma mão com seu precipitado branco característico e o ácido glicólico na outra mão. Os peelings de ácido salicílico são autoneutralizantes e, depois da formação do precipitado pulverulento branco, não há mais penetração do ácido na pele. O ácido salicílico está disponível em soluções puras ou combinadas e os parâmetros clínicos dependem basicamente do produto utilizado. Por exemplo, o peeling de Jessner (ácido salicílico a 14%, resorcinol a 14% e ácido láctico a 14%) forma um precipitado branco; por outro lado, o peeling de ácido salicílico/mandé- lico da SkinCeuticals (ácido salicílico a 20% e ácido mandélico a 10%) não forma precipitado branco. 48 Peelings Químicos FIGURA 4 O ácido salicílico (à esquerda) produz um precipitado branco ou pseudofrosting, enquanto o ácido glicólico (à direita) é llmpido e incolor. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) Acido Tricloroacético O ácido tricloroacético (TCA) é produzido sinteticamente a partir de ácido acé- tico e cloro. A profundidade da descamação produzida pelo TCA varia de super- ficial a profunda, dependendo da concentração do ácido. Nos peelings superficiais, esse agente esfoliante é utilizado comumente em soluções puras de TCA com con- centrações de até 20%. O Obagi Blue Peel, cujo nome se deriva do corante presente na formulação que causa coloração azulada temporária na pele, contém TCA a 20%, glicerina e saponinas que retardam a penetração e a liberação do TCA na pele. O TCA também é usado comumente em soluções compostas para peeli11g, inclusive TCA a 20% com ALa 10% e TCA a 15% com AS a 15%. Quando é aplicado topicamenle, o TCA causa branqueamento visível da pele, também conhecido como frosting (geada). Histologicamente, o jrosti11g correspon- de à coagulação das proteínas e dos ceratinócitos da epiderme. O grau de frosting está diretamente relacionado com a profundidade de penetração do TCA na pele. O frosting nível I é o parâmetro clínico desejável com os peeli11gs superficiais e evidencia-se por um branqueamento suave da pele com eritema esparso. A Figu- ra 5 ilustra um frosting nível I depois da aplicação de duas camadas de TCA a 20%. O f rosting nível Il, que se evidencia por branqueamento da pele com algum erite- ma, c01-responde ao peeling de média profundidade. O frosting nível III, eviden- ciado por branqueamento opaco, corresponde ao peeli11g profundo. Ao contrário do pseudojrosti11g pulverulento branco do AS, o frosting verdadeiro não pode ser removido da pele. Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qufmicos GURA 5 Peeling químico com TCA a 20%, logo depois da aplicação de duas camadas, demonstrando frosting do nível I. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) 49 Os peelings de TCA puro em concentrações mais altas causam mais desconfor- to durante a aplicação e descamação mais acentuada depois do procedimento, em comparação com outros peelings superficiais. Os peelings compostos de TCA, que contêm TCA em concentrações mais baixas, são semelhantes aos outros peelings superficiais no que se refere ao desconforto e à descamação. 50 Peelings Quimicos Peeling de Jessner e Outros Peelings Compostos Os peelings compostos combinam vários ácidos em uma única formulação. A maioria dos agentes esfoliantes superficiais está disponível em formulações com- postas para peeling, inclusive ácido láctico/TCA e ácido salicílico/ácido glicólico. Com a combinação de vários ácidos, a concentração de cada um dos componentes pode ser reduzida e, deste modo, os resultados são potencializados e os efeitos co- laterais potenciais causados por cada um dos ingredientes são reduzidos. Alguns peelings compostos também contêm outros ingredientes que atuam em doenças dermatológicas específicas, inclusive inibidores da melanogênese (p.ex., hidroqui- nona e ácido kójico), hidratantes (p.ex., isoflavonas de soja), anti-inflamatórios (p.ex., bisabolol) e antioxidantes (p.ex., ácido L-ascórbico). Um exemplo desse tipo de peeling composto potencializado é o peeling autoneutralizante de TCA, ácido láctico e inibidores da melanogênese (Ultra Peel I da PCA SKIN). Os peelings compostos podem ser classificados em dois grupos: os que reque- rem neutralização e os autoneutralizantes. • Peelings compostos que requerem neutralização. Esses peelings exigem a aplicação de uma base para interromper sua atividade. Em geral, esses peelings contêm ácido glicólico ou AHAs em concentrações mais altas (p.ex., ácido lác- tico a 45%). As instruções recomendadas antes do procedimento com peelings compostos que requerem neutralização são semelhantes às recomendações para peelings de ácido glicólico puro e estão revisadas no capítulo Peeling de Ácido Alfa-Hidroxílico: Ácido Glicólico. • Peelings compostos autoneutralizantes. Os efeitos dos peelings compostos au- toneutralizantes são interrompidos espontaneamente pouco depois da sua apli- cação na pele. Em geral, esses peelings contêm ingredientes em concentrações mais baixas (p.ex., ácido láctico a 15%), que são eficazmente diluídas e neutra- lizadas pela água e outros componentes da pele. As instruções recomendadas antes dos peelings compostos autoneutralizantes estão revisadas no capítulo so- bre Peeling de Jessner e Outros Peelings Compostos Autoneutralizantes: Ácido Tricloroacético e Ácido Láctico. O peeling de Jessner é um exemplo clássico de solução esfoliante composta autoneutralizante e consiste em ácido láctico a 14%, ácido salicílico a 14% e re- sorcinol a 4% em base alcoólica. O resorcinol é um derivado fenólico e, quando é usado isoladamente em concentrações altas (acima de 50%), pode causar efei- tos tóxicos como mixedema e metemoglobinemia. Também existem soluções de Jessner modificadas, que não contêm resorcinol. Além disso, existem soluções de Jessner potencializadas, que contêm outros ingredientes como hidroquinona ou ácido kójico. Depois da aplicação do peeling de Jessner, o eritema é seguido por branqueamento pulverulento da pele em consequência da precipitação do ácido salicílico. A neutralização não é necessária e o precipitado branco pode ser re- movido. Os peelings de Jessner são aplicados frequentemente em várias camadas Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qufmicos GURA 6 Peeling de Jessner logo depois da aplicação de seis camadas, demonstrando eritema suave e discreta mancha branca na pele causada pelo precipitado de ácido salicílico. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) 51 para aumentar a profundidade de penetração. A Figura 6 ilustra uma paciente com eritema suave e discreta coloração esbranquiçada causada pela precipitação do AS depois de seis camadas do peeling de Jessner. Os retinoides tópicos como a tretinoína (Vitanoi-A) têm sido utilizados há mui- tos anos nos esquemas de cuidados domiciliares da pele como tratamento para acne e rejuvenescimento facial. Mais recentemente, os retinoides começaram a ser utilizados em peelings superficiais, desde produtos potentes comercializados com 52 Peelings Químicos prescrição (p.ex., ácido retinoico a 0,3%) até os produtos menos potentes (como retino! a 15%). O ácido retinoico é o composto biodisponível da vitamina A. Esse composto é encontrado naturalmente no óleo de sementes de rosas e, em geral, é produzido sinteticamente para aplicação tópica. O retino!, que também é produ- zido sinteticamente, é convertidoem ácido retinoico na pele depois da aplicação. Todos os retinoides aumentam a esfoliação porque reduzem a coesão entre os cor- neócitos e estimulam o turnover das células epidérmicas. Além disso, os retinoides inibem a melanogênese, aumentam a produção de colágeno e reduzem a cerati- nização dentro dos folículos pilosos; esta última propriedade torna os retinoides eficazes em muitos distú rbios dermatológicos. Os peelings de retinoides podem ser aplicados isoladamente, mas na maioria dos casos são usados como "reforços" aplicados sobre outros peelings superficiais (p.ex., AS e AG) para intensificar os efeitos terapêuticos do peeling e aumentar a descamação. Os peelings de retino ides produzem uma coloração amarelada tem- porária na pele depois da aplicação. A Figura 7 ilustra uma paciente pouco depois da aplicação de seis camadas do peeling de Jessner, seguida de uma camada do peeling de retino! a 15% com ácido láctico a 15%, demonstrando a coloração ama- relada característica. Os peelings de retinoides não requerem neutralização e são removidos por lavagem pelo próprio paciente dentro de quatro a oito horas depois da aplicação. Enzimas Embora a maioria das soluções para peeling químico seja de ácidos, as enzimas proteolíticas também causam esfoliação da pele e são usadas para realizar peelings químicos superficiais. A maioria das enzimas causa descamação por ceratólise. Entre as enzimas utilizadas comumente estão a bromelaíoa (derivada do abacaxi), a lactose (do leite azedo), a papaína (do mamão), pepsina e extratos de abóbora, tomate e cogumelos. Em razão de suas fontes, os produtos enzimáticos geralmente têm odores pungentes. Os produtos enzimáticos estão presentes em muitas preparações diferentes (ver adiante). Quando são aplicadas na pele, as enzimas geralmente precisam ser ativadas pela água. Isso pode ser conseguido esfregando-se as pontas dos dedos úmidos ou utilizando água quente na forma de vapor ou uma toalha úmida quen- te depois da aplicação do produto na pele. Em geral, os pacientes experimentam uma sensação de aquecimento agradável, ao contrário da sensação de ardência ou ferroada associada aos ácidos. As enzimas geralmente são aplicadas por dois a 10 minutos e, em seguida, removidas com água. Formulações das Soluções para Peeling Químico Os ácidos utilizados nos peelings químicos são fornecidos em diversas formula- ções, inclusive soluções, géis e cremes. As enzimas são formuladas em pós, cremes Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos , J I I t Peeling de retinoide (retino! a 15% com ácido láctico a 1 5%) aplicado sobre o peeling de Jessner (seis camadas) imediatamente depois da aplicação, demonstrando coloração amarelada da pele. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) 53 e gomagem (Fig. 8). Gomagem é um creme ou pasta que contém ingredientes li- geiramente viscosos, como a goma xantana. Após a aplicação na pele, o produto é deixado a secar e depois removido por esfregação, que esfolia as camadas mais superficiais da pele. As soluções têm a vantagem de necessitar de volumes me- nores do produto para cobrir a área a ser tratada. Os géis e os cremes asseguram controle melhor porque são mais espessos e são menos sujeitos a escorrer ou se acumular em determinadas <1reas. As enzimas podem requerer tempos longos de tratamento, principalmente quando se utilizam pós que precisam ser reconstituí- dos com água. 54 Pee/ings Químicos FIGURA 8 Formulações de produtos enzimáticos: pó, creme e gomagem. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) Seleçãn do Peeling Químico Todos os peelings superficiais descritos neste livro podem ser usados para rejuve- nescer a pele fotoenvelhecida. Existem algumas preferências sutis quando se esco- lhe um peeling em vez dos outros com base nas propriedades de cada preparação. Os ácidos salicilico e glicólico e os retinoides são utilizados comumente para tratar pele oleosa e distúrbios acneiformes; o ácido láctico, para desidratação; os ácidos mandélico, láctico e salicílico, para pele sensível e rosácea. Os retinoides também são usados para intensificar a descamação e potencializar os efeitos dos peelings com os quais são combinados. Os peelings de Jessner e TCA geralmente são aplica- dos para tratar alterações mais avançadas do fotoenvelhecimento, inclusive rugas. É recomendável cautela com os peelings superficiais mais agressivos, inclusive TCA a 20% e camadas sobrepostas do peeling de Jessner nos indivíduos com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI), em vista do risco mais alto de causar HPI, assim como nos pacientes com eritema facial e pele sensível, tendo em vista o risco de agravar estes problemas. Tratamentos Alte nativos A microdermoabrasão é semelhante aos peelings químicos superficiais em termos de profundidade da descamação e é um tratamento alternativo razoável para reju- venescimento cutâneo. A microdermoabrasão tem algumas vantagens em compa- ração com os peelings químicos, inclusive controle mais rigoroso da profundidade da esfoliação, menos desconforto e nenhuma descamação ou esfoliação da pele depois do procedimento. Contudo, o equipamento de microdermoabrasão é mais Capitulo 1 Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qufmicos 55 dispendioso que os peelings químicos. A dermoplanificação utiliza uma lâmina de bisturi especial, que é raspada suavemente sobre a pele para produzir esfoliação. Embora seja uma opção de custo baixo, o sucesso do tratamento com esse equipa- mento depende expressivamente da experiência do profissional. Os procedimentos de esfoliação cutânea mais agressiva, inclusive peelings quí- micos de média profundidade, dermoabrasão e esfoliação a laser, oferecem redu- ção significativamente mais expressiva das rugas e melhora da pele fotoenvelhe- cida. Contudo, esses procedimentos de esfoliação mais agressiva exigem tempos de recuperação mais longos e têm riscos significativamente mais altos de causar complicações. Os peelings químicos superficiais não melhoram as rugas profundas associadas à perda de volume e à musculatura hiperdinâmica, que respondem melhor ao tra- tamento com preenchedores dérmicos e toxina botulínica, respectivamente. Manuseio e Armazenamento das Soluções de Peeling Químico Independentemente do tipo de peeling químico, todos os produtos devem ser ma- nuseados e armazenados cuidadosamente. As tampas devem ser apertadas e os recipientes das soluções de peeling devem ficar protegidos da luz solar direta e dos extremos de temperatura. Os fabricantes dos produtos para peeling podem forne- cer um formulário de dados de segurança de materiais (FDSM) atualizado. Vantagens dos Peelings Químicos Superficiais • Custo reduzido • Apropriados para todos os fototipos cutâneos de Fitzpatrick • Tratam várias anormalidades simultaneamente • Melhoram a epiderme e a derme • Apropriados para uso corporal Desvantagens dos Peelings Químicos Superficiais • Geralmente requerem várias sessões de tratamento para obter resultados benéficos • Não conseguem remover cicatrizes, apenas melhoram seu aspecto Contra indicações • Alergia aos componentes da solução de peeling químico • Alergia à aspirina (no caso dos peelings de ácido salicílico) • Gravidez ou amamentação • Infecção em atividade ou ferida exposta na área a ser tratada (p.ex., herpes simples, impetigo e celulite) 56 Peelings Qui micos • Queloides ou cicatrizes hipertróficas • Melanoma (ou lesões suspeitas de melanoma), carcinoma basocelular ou espi- nocelular na área a ser tratada • Dermatoses (p.ex., vitiligo, psoriase e dermatite atópica) na área a ser tratada • Distúrbios da cicatrização (p.ex., causados por imunossupressão) • Atrofia da pele (p.ex., aplicação crônica de corticoides ou doenças genéticas como síndrome de Ehlers-Danlos) • Distúrbio hemorrágico (p.ex., trombocitopenia) • Doença sistêmica descontrolada • Peeling químico profundo, dermoabrasão ou radioterapia da área a ser tratada nos últimosseis meses • Uso de isotretinoína nos últimos seis meses • Flacidez excessiva e dobras cutâneas profundas • Proteção solar insuficiente (inclusive exposição em câmaras de bronzeamento), antes e depois do procedimento • Expectativas irrealistas • Transtorno dismórfico corporal As indicações e as contraindicações de cada produto específico para peeling químico também são estabelecidas pelos fabricantes e é recomendável que os mé- dicos sigam essas instruções para cada produto específico utilizado. Equipamento • Touca • Toalha para proteger o paciente • Luvas não estéreis • Protetor ocular para o paciente (tampões oculares adesivos, óculos ou gaze úmida) • Frasco pequeno com água • Frasco de cerâmica (pequeno) para a solução do peeling químico • Ventiladores operados por bateria com hélices macias • Gaze trançada l O x lO em • Gaze trançada 5 x 5 em • Aplicadores com pontas de algodão (para vaselina) • Vaselina • Solução fisiológica para lavar os olhos • Creme de limpeza facial (p.ex., Creamy Cleanser da PCA SKIN, ou Gentle Cleanser da SkinCeuticals) • Agente de limpeza facial à base de ácido alfa-hidroxílico (p.ex., Purifying Cleanser da SkinCeuticals, ou Facial Wash Oily/Problem da PCA SKIN) • Escova de microesferas para esfregação (p.ex., Micro Exfoliating Scrub da SkinCeuticals, ou Gentle Exfoliant da PCA SKIN) Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 57 • Tonificante adstringente (p.ex., Equalizing Toner da Sk.inCeuticals, ou Smoo- thing Toner da PCA SKIN) ou etanol a 70% • Produto(s) para peeling químico • Cremes de corticoides tópicos: potência baixa (hidrocortisona de 0,5 a 2,5%), potência intermediária (p.ex., triancinolona a 0,1 %) ou potência alta (p.ex., triancinolona a 0,5%) • Umidificante que seja suavizante e não oclusivo (p.ex., Epidermal Repair da Sk.inCeuticals, ou ReBalance da PCA SKIN) • Filtro solar de amplo espectro com FPS 30 ou mais, que contenha óxido de zinco ou dióxido de titânio (p.ex., Daily Physical Defensa SPF 30 da SkínMedica, ou Weightless Protection SPF 45 da PCA SKIN) A Figura 9 demonstra a disposição habitual dos produtos usados para realizar um procedimento de peeling químico. GURA 9 Posição dos equipamentos para um procedimento de peeling químico. (Cortesia da PCA SKIN.) Lista de Verifiraç~n Ant~c; dn Pror:edimel""t<" • Revisar a história médica e cosmética do paciente (o Anexo 2 ilustra um exem- plo de Formulário de Admissão do Paciente). • Realizar uma consulta estética (veja Consulta na seção Introdução e Conceitos Fundamentais). • Examinar a área a ser tratada e documentar o fototipo cutâneo de Fitzpatrick e o escore de Glogau do paciente, assim como a existência de rugas, acne, cicatrizes, lesões vasculares ou pigmentadas benignas, oleosidade/ressecamento e outros distúrbios dermatológicos (o Anexo 3 fornece um exemplo de Formulário de Análise da Pele). 58 Peelings Químicos • Obter o formulário de consentimento assinado (veja Introdução e Conceitos Fundamentais) (o Anexo 4 [Consentimento para Tratamentos de Cuidados da Pele] ilustra um exemplo de formulário de consentimento). • É recomendável obter fotografias antes de iniciar o tratamento (veja Introdução e Conceitos Fundamentais). • Um filtro solar de amplo espectro com FPS 30 ou maior, que contenha óxido de zinco ou dióxido de titânio. • Duas semanas antes do procedimento, instruir os pacientes a interromper bron- zeamentos e exposição solar direta, que devem ser evitados durante todo o tra- tamento. • Uma a duas semanas antes do tratamento, instruir os pacientes a interromper o uso de produtos que contenham AHAs de potência alta (p.ex., ácidos glicólico e láctico) e retino ides vendidos com prescrição (p.ex., Vitanol-A, Renova e Differin). • Dois dias antes do procedimento, prescrever o uso de um agente antiviral pro- filático (p.ex., aciclovir [400 mg] ou valaciclovir [500 mg], 1 comprimido duas vezes ao dia) aos pacientes com história de herpes simples ou varicela na área a ser tratada; manter o tratamento até três dias depois do procedimento. • No d ia do procedimento, instruir os pacientes a lavar a área a ser tratada e remo- ver todas as joias faciais e as lentes de contato. • O Anexo 5 (Instruções para Antes e Depois dos Tratamentos de Cuidados da Pele) ilustra um exemplo de folheto com instruções recomendadas antes do pro- cedimento. Produtos de Cuidado da Pele Aplicados Antes do Procedimento A preparação da pele antes do peeling químico usando um esquema de produtos tópicos pode potencializar os efeitos do peeling, facilitar a cicatrização depois do procedimento e reduzir os riscos de complicações. Em geral, o uso dos produtos tópicos é iniciado quatro a seis semanas antes do peeling químico e o esquema consiste em um retinoide, um filtro solar, um antioxidante e um umidificante. O Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida também pode ser usado como esquema pré-tratamento (veja seção de Produtos Tópicos de Cuidados da Pele). Nos pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI) ou predisposição à hiperpigmentação, também pode ser usado um agente clareador como a hidroquinona (2 a 6%) para ajudar a reduzir o risco de HPI de- pois do procedimento. O uso dos retinoides antes do procedimento prepara a pele reduzindo a espes- sura do estrato córneo que, por fim, facilita a aplicação mais uniforme e assegura a uniformidade de penetração da solução esfoliante. Com essa finalidade, pode-se utilizar um retinoide comercializado com prescrição (p.ex., ácido retinoico) ou sem prescrição (p.ex., retinol). Embora exista evidência na literatura a favor do uso de retinoides potentes fornecidos com prescrição antes do procedimento, a Capitulo 1 Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qulmicos 59 dermatite associada pode limitar sua utilização. Em geral, o retino! é bem tolerado pela maioria dos pacientes; contudo, existem poucos estudos a favor do uso dos retinoides potentes fornecidos sem prescrição antes do procedimento. Os retinoi- des tópicos usados com prescrição devem ser interrompidos uma a duas semanas antes do peeling de forma a permitir a cicatrização da pele e ajudar a assegurar que a pele esteja intacta por ocasião do procedimento. Os peelings químicos aplicados na pele que não está intacta podem penetrar mais profundamente do que se pre- tende e os resultados subsequentes podem ser desfavoráveis. Teste de Placa O "teste de placa" pode ser realizado antes do procedimento de peeling para detectar possível reação alérgica ou resposta adversa a um produto específico utilizado no peeling. Os pacientes com história de alergias múltiplas ou hipersensibilidade aos conservantes e/ou às fragrâncias podem ser mais suscetíveis às reações alérgicas. As áreas usadas nos testes de placa estão localizadas nas proximidades das áreas tratadas (p.ex., por trás da orelha ou no dorso do antebraço). A pele deve ser drapeada como geralmente se faz antes de um peeling e o produto que se pretende usar é aplicado, o tempo é contado e a neutralização é efetuada (se necessária). O local da aplicação deve ser examinado três dias depois e o teste é considerado positivo quando ocor- re uma das seguintes alterações: eritema excessivo, urticária, formação de vesículas (i. e., epidermólise), relato de dor ou prurido excessivo, ou outras reações incomuns. A data, a localização e os produtos utilizados no teste de placa e a descrição da reação devem ser registrados no prontuário. Quando o teste de placa é positivo, o peeling químico específico que foi testado não deve ser usado. Um teste de placa negativo é tranquilizador e o tratamento pode ser realizado com o produto testado. Contudo, um teste de placa negativo não garante que não ocorrerá uma reação alérgica ou resposta desfavorável por ocasião do tratamento com o produto de peeling testado. Anestesia Em geral, não é necessária anestesia antes dos procedimentos depeeling superficial. Etapas do Procedimento de Peeling Químico As etapas principais do procedimento de peeling químico são as seguintes (ilustra- das na Fig. 10): 1. Preparação (posicionamento, aplicação dos campos, limpeza e remoção da gor- dura da pele, aplicação do protetor ocular e aplicação de vaselina) (Fig. 11) 2. Aplicação do produto de peeling químico (Fig. 12) 3. Finalização {Fig. 13) 4. Reforço (opcional) 5. Aplicação dos produtos tópicos 60 Peelings Químicos S. Aplicação de produtos tópicos FIGURA 1 O Etapas do proced imento d e peeling químico. Aplicação d e vaselina nas áreas de possível acumulação da solução de peeling químico. (Cortesia da Dra. Rebecca Small.) Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 61 F1GURI ' Técnica de aplicação do peeling químico usando gaze. (Cortesia da Dra. Rebecca Small.) FIGURA 13 Neutralização do peeling químico. (Cortesia da Dra. Rebecca Small.) 62 Peelings Químicos A aplicação e a finalização do peeling químico variam com os diferentes pro- dutos, e os métodos recomendados para cada tipo de peeling estão descritos nos capítulos subsequentes sobre peelings químicos. Os profissionais devem seguir as instruções dos fabricantes para cada produto específico utilizado. Descrição Geral do Procedimento de Peeling Químico • Antes do procedimento de peeling, a pele deve ser preparada utilizando produ- tos para limpar e desengordurar a pele. Existem dois métodos principais reco- mendados para a preparação da pele: • Preparação básica da pele, que consiste em utilizar um agente de limpeza suave e, em seguida, outro agente de limpeza à base de ácido hidroxílico e um tonificante adstringente para desengordurar a pele. • Preparação intensiva da pele, que consiste em aplicar um agente de limpeza suave e, em seguida, outro agente de limpeza à base de ácido hidroxílico, que pode ser seguido de uma escova de microesferas para remover restos da su- perfície e, por fim, um tonificante adstringente ou etano! para desengordurar a pele. A preparação intensiva ajuda a assegurar a aplicação uniforme e au- menta a penetração do peeling. • A Zona de Segurança do Peeling Químico representa a área dentro da qual um peeling químico pode ser aplicado com mais segurança na face (Fig. 14). Essa região inclui toda a face depois das órbitas oculares (acima dos supercílios e 2 a 3 mm abaixo da margem do cílio inferior) e exclui os lábios. • Em geral, os peelings químicos são líquidos finos que tendem a acumular-se nas dobras da pele e isto pode aumentar a profundidade da penetração. As áreas co- muns de acumulação são comissuras orais, linhas de marionete, sulcos nasola- biais (principalmente nas asas do nariz) e dobras dos ângulos laterais dos olhos. É recomendável aplicar vaselina nessas áreas como barreira de proteção contra o tratamento excessivo (Figs. 11 e 14). • É muito importante estabelecer um método sistemático de aplicação do peeling químico, com o qual o profissional aplica uniformemente uma quantidade ho- mogênea do produto de peeling, exercendo pressão uniforme na área a ser tra- tada. Quando o profissional é uma "constante" sem variações significativas, os outros fatores relativos ao procedimento (inclusive número de camadas) podem ser modificados de forma a alterar a intensidade do tratamento. • É útil dividir a face em quatro quadrantes de modo a aplicar o produto de peeling de forma sistemática (Fig. 15). O produto deve ser aplicado primeiramente nas áreas menos reativas (inclusive fronte) e depois nas áreas mais sensíveis (in- cluindo região mediai da face). A Figura 16 demonstra a sequência de aplicação de um peeling químico na face. O produto químico é aplicado primeiramente na fronte e depois nas regiões matares. Em seguida, a aplicação estende-se à região mediai da face, começando pelo nariz, lábio superior e depois queixo. Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qufmicos Rebordo orbital ~:! = Áreas não tratadas FIGURA 14 Zona de segurança do peeling químico. = Vaselina aplicada 63 64 Pee/ings Químicos ~--~ = Áreas não tratadas FIGURA 75 Quadrantes da face. Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qufmicos Fronte Periferia da face Regiões ma lares Nariz Lábio superior Queixo FIGURA 16 Sequência de aplicação do peeling químico facial. 65 • Existem vários aplicadores de peeling químico disponíveis para a aplicação des- ses produtos, inclusive gaze não trançada (também conhecida como quadrados de algodão ou esponjas de gaze), escovas e aplicadores com pontas de algodão. A gaze não trançada é o aplicador preferido pelos autores deste livro. As escovas e os aplicadores com pontas de algodão tendem a acumular mais produto e ofe- recem menos con trole. • A saturação do aplicador de gaze pode ser realizada de várias formas, dentre as quais duas estão descritas a seguir. Também aqui, a consistência é um determi- nante final mais importante que o tipo de aplicador escolhido ou do método de saturação. • Saturar uma gaze não trançada de 5 x 5 com a solução de peeling químico mergulhando a gaze seca em um frasco de cerâmica e, utilizando um conta- -gotas, dispensar o volume indicado pelo fabricante no frasco de cerâmica. Dobrar a gaze em quatro partes e espremer as gotas excessivas de ácido da gaze dentro do frasco. • Uma alternativa é umedecer uma gaze trançada de 10 x 10 com a solução de peeling dobrando a gaze em quatro e derramando a solução do frasco sobre a gaze, seguindo o número de inversões recomendadas pelo fabricante. • O produto de peeling químico é aplicado em cada quadrante facial utilizando um dos métodos ilustrados na Figura 17. Exercer pressão uniforme quando es- tiver esfregando a gaze na pele. • Quadrante 1, fronte. Esfregar a gaze do supercílio para a linha dos cabelos. Reaplicar a solução de peeling químico na gaze. • Quadrante 2, região malar . Esfregar a gaze da têmpora para a linha mandi- bular de um lado da face. A região malar pode ser coberta por movimentos horizontais da área mediai para lateral (Fig. 17 A), ou de cima para baixo (Fig. l7B). Reaplicar a solução de peeling na gaze. • Quadrante 3, região malar. Repetir na região malar contralateral. Não rea- plicar a solução de peeling químico na gaze. 66 Peelings Químicos A B ~-:.! = Áreas não tratadas -- -+ =Aplicação do peeling químico F G Ilustração das direções para aplicação do peeling químico na face utilizando dois métodos (A e B). • Quadrante 4, região mediai da face. Esfregar a gaze descendo pelo dorso do nariz, ao longo de cada superfície lateral do nariz, acima do lábio superior e, por fim, transversalmente ao longo do queixo. • Cubra as bordas da área tratada com o produto de peeling químico, esfre- gando suavemente a gaze até l em abaixo da linha da mandíbula. Isso ajuda a evitar uma possível linha de demarcação entre as peles tratada e não tratada. • O desconforto do paciente deve ser avaliado durante e depois da aplicação do peeling utilizando uma escala verbal de 1 a 1 O. Os níveis de desconforto de até 5 dentre 10 geralmente são aceitáveis. Formigamento, prurido, ardência e ferroa- das são sensações referidas comumente pelos pacientes e, em geral, alcançam intensidade máxima nos primeiros minutos depois da aplicação e diminuem em seguida. Graus de desconforto iguais ou maiores que 6 indicam que o procedi- mento de peeling deva ser interrompido (com neutralização, se houver indica- ção), que qualquer produto residual deva ser removido da face e que a pele do paciente deva ser resfriada. • Alguns peelings químicos (p.ex., peeling de Jessner e TCA) são aplicados em ca- madas, quando uma camada é definida por cobertura total da área tratada com uma única aplicação da solução de peeling. Várias camadas aumentam a quan- Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 67 tidade do produto e, consequentemente, a profundidade da penetração. A pele deve ser observada por algumtempo (em geral, 4 a 7 m inutos) para detectar os parâmetros clínicos visíveis depois de cada camada aplicada. Quando os parâ- metros clínicos não são alcançados, outras camadas podem ser aplicadas. Cada camada subsequente deve ser aplicada esfregando-se a gaze em sentido perpen- d icular à camada anterior de forma a ajudar a garantir a cobertura completa da área tratada. • A pele deve ser observada durante todo o procedimento de forma a detectar efeitos clínicos finais desejáveis e indesejáveis, que estão descritos a seguir: • Os efeitos clínicos finais desejáveis com os peelings superficiais dependem do produto aplicado. Na maioria dos casos, eritema é o efeito final desejável. No caso do TCA, o efeito final desejável é um frosting nível I, que se evidencie por branqueamento variegado com eritema da pele. Os peelings de ácido salicíli- co, inclusive solução de Jessner, geralmente formam um precipitado branco fino, que também é um efeito clínico final desejável. A Tabela 1 resume os efeitos clínicos finais dos produtos usados no peeling químico superficial, mas também são reconsiderados nos capítulos do livro dedicados a cada agente específico. • Os efeitos clínicos finais indesejáveis incluem desconforto excessivo do paciente, inclusive dor em nível maior que 6 dentre 10; formação de bolhas {vesiculação) indicando epidermólise; e "frosting" ou branqueamento da pele com determinados peelings {veja Tabela 1). Observe que frosting ou branquea- mento é um efeito clínico final desejável com os peelings de ácido salicílico e TCA, mas não com os peelings de AHAs. Nesse último caso, branqueamento ou uma tonalidade acinzentada indica tratamento excessivo. • O procedimento de peeling deve ser concluído quando/se: • Os efeitos clínicos finais desejáveis forem alcançados. • A duração (em minutos) do peeling for alcançada (se o peeling for um proce- dimento cronometrado). • Os efeitos clínicos finais indesejáveis ocorrerem. • A maioria dos peelings superficiais, inclusive com TCA, retinoides, ácido salicí- lico e solução de Jessner, não requer neutralização e o produto é simplesmente deixado na pele. Alguns agentes esfoliantes, inclusive ácido glicólico, requerem neutralização para interromper a atividade do ácido por meio da aplicação de água ou uma solução de bicarbonato de sódio (Tabela 1). • Os peelings que formam um precipitado branco na pele (inclusive ácido salicíli- co e solução de Jessner) podem necessitar da remoção do material precipitado com uma gaze seca. O frostingverdadeiro (como ocorre com o peelingde TCA) não precisa ser removido. • Os peelings de ácido retinoico e retinoides fornecidos sem prescrição (p.ex., re- tino!) podem ser aplicados por cima do peeling químico primário como reforço 68 Peelings Químicos TABELA 1 ~ ~ Peelings Químicos Superficiais: Propriedades Fundamentais Branqueamento Neutralização Desejável da Peeling Químico Necessária Pele Desconforto Descamação Ácidos alfa-hidroxílicos Ácido salicílico Ácido tricloroacét ico Solução de Jessner Outros peelings compostos autoneutralizantes Retinoides Sim Não Não Não Não Não Não Sim, pseudofrosting Sim, frosting Sim, pseudofrosting Sim, pseudofrostingn Não ++ ++ +++ ++ + + Inconsistente Sim Sim Sim Sim Sim Nota: Em geral, os peellngs de ácido salicílico e solução de Jessner formam pseudofrosting, que é devido à cristalização do ácido, em vez de um frosting verdadeiro, que se deve à coagulação das proteínas e dos ceratinócitos da epiderme, com ocorre com o TCA. • Outros peelings compostos auto neutralizantes têm vários ácidos em suas fórmulas. As soluções que contêm ácido salicflico podem formar pseudofrosting. +,brando;++, moderado; +++, intenso. para aumentar o turnover celular e acelerar o processo de descamação. É reco- mendável que os profissionais sigam as instruções dos fab ricantes quanto à utili- zação do peeling de reforço com retinoide sobre o peeling primário, porque a in- tensidade do tratamento final aumenta quando esses produtos são combinados. • Alguns fabricantes de produtos de peeling recomendam a aplicação de produtos corretivos logo depois de um peeling, de forma a tratar especificamente pro- blemas como hiperpigmentação e desidratação. Em geral, esses produtos são formulações de sérum fino, que devem ser aplicados antes dos outros produtos suavizantes e do filtro solar. Os profissionais também devem seguir as instruções dos fabricantes quanto ao uso dos produtos corretivos logo depois da aplicação do peeling, de forma a confirmar se há compatibilidade entre os peelings e os produtos. Cuidados Depois do Procedimento Nos primeiros três a cinco dias depois do procedimento, é comum ocorrer erite- ma, ressecamento, edema discreto e hipersensibilidade cutânea. A pele também pode parecer mais esticada, a textura mais áspera e as rugas mais profundas e Capítulo 1 Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 69 os pacientes podem referir prurido brando durante esses dias. Nos casos típicos, a descamação começa entre o 3a e o 511 dias depois do procedimento e varia de escamosidade cutânea até ao desprendimento e descamação de toda a pele. Quan- do há descamação, isto geralmente começa na região central da face e avança na direção da periferia e pode persistir por até duas semanas. A Figura 18, na página seguinte, ilustra descamação significativa com três (A) e cinco (B) dias depois de um peeling com TCA a 20%. Em alguns casos, pode não haver escamosidade ou descamação, principalmente nos pacientes com pele condicionada (i.e. , que esfo- lia regularmente). Pode ser necessário tranquilizar os pacientes dizendo-lhes que, embora não haja descamação, a pele obtém os benefícios histológicos advindos do procedimento de peeling. Cerca de uma a duas semanas depois do tratamento, devem ser aplicados pro- dutos tópicos suavizantes e hidratantes e evitados ingredientes irritantes como AHAs ou retinoides. Um exemplo de um esquema pós-peeling poderia incluir o uso diário de um agente de Limpeza suave; um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio durante o dia; e um umidificante não oclusivo aplicado à noite (veja Produtos de Cuidados da Pele para Uso Antes e Depois do Procedimento, na seção sobre Produtos Tópicos de Cuidados da Pele). Quando o eritema é acentuado logo depois do tratamento, pode-se aplicar hidrocortisona (0,5 a 2,5%) duas vezes ao dia, até que o eritema regrida. Isso é especialmente importante para os pacientes com fototipos cutâneos mais pigmentados (IV a VI) de forma a reduzir o risco de HPI. A maquiagem pode ser usada 24 horas depois do procedimento, mas é preferível usar maquia- gem mineral (p.ex., Jane Iredale ou ColorScience). É aconselhável evitar rigorosa- mente exposição ao sol (e câmaras de bronzeamento) por duas semanas depois do procedimento, bem como adotar outras medidas de proteção do sol (inclusive um chapéu de abas largas) . Os pacientes são instruídos a voltar para uma consulta de reavaliação se tiverem eritema prolongado (5 dias ou mais), prurido intenso, desconforto, dor, secreção ou outros sinais e sintomas que se afastem da evolução esperada depois do procedimento. Os produtos de cuidado rotineiro da pele, como os que são usados no Esquema de Produtos Tópicos descrito na seção so- bre Produtos Tópicos de Cuidados da Pele, podem ser reiniciados quando a pele não estiver mais irritada ou descamada, em geral uma a duas semanas depois do procedimento. O Anexo 5 - Instruções para Antes e Depois dos Tratamentos de Cuidados da Pele - ilustra um exemplo de folheto que é fornecido aos pacientes depois do procedimento. Reavaliações e Condutas Habituais • O ressecamento excessivo depois do tratamento pode ser tratado por reapli- cação do filtro solar durante o dia e substituição por um umidificante oclusivo (p.ex., Aquaphor ou Primacy) à noite, até que o ressecamentomelhore. 70 Peelings Químicos URA Descamação três dias depois de um peelíng de TCA a 20%. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) (Continua na pagina seguinte.) • A inexistência de descamação ou escamosidade não indica que o peeling foi histológica ou clinicamente ineficaz e pode ser necessário tranquilizar os pa- cientes quanto a isto. Resultados Melhoras da textura e do brilho da pele podem ser observadas depois de um único tratamento. Entretanto, geralmente é necessária uma série de seis peelings para conseguir melhoras acentuadas da maciez da pele e redução da hiperpigmentação, das rugas finas, da oleosidade e da acne. Os resultados podem ser potencializados combinando-se peelings com microdermoabrasão e produtos tópicos de cuidado domiciliar. Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qufmicos 71 F U Descamação cinco dias depois de um peeling de TCA a 20%. (Cortesia da Dra. Rebecca Small.) A Figura 19 ilustra uma paciente com hiperpigmentação induzida pela radia- ção UV antes (A) e depois (B) de um tratamento com solução de Jessner modifi- cada contendo ácido láctico a 14%, ácido salicilico a 14% e ácido kójico a 3% (pH de 1,5 a 1,9). Os produtos de cuidado domiciliar incluíram o uso diário de agentes clareadores à base de ácidos kójico e azeláico (Pigment Gel, da PCA SKIN) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 20 ilustra uma paciente com fotoenvelhecimento, inclusive frouxidão e rugas finas, antes (A) e depois (B) de cinco peelings compostos autoneutralizan- tes contendo TCA a 10% e ácido láctico a 20% (pH de 0,6 a 1,0), seguidos de um peeling de reforço com retino! a 10% (pH de 3,7 a 4,1). Os produtos de cuidado domiciliar incluíram o uso diário de acetil-hexapeptídeo-8 para melhorar a tex- tura da pele (ExLinea Peptide Smoothing Serum, da PCA SKIN), antioxidante de ácido L-ascórbico a 15% (C-Strenght 15% with 5% Vitamin E, da PCA SKIN), um umidificante aplicado à noite e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. 72 Peelíngs Químicos A B FIGURA 19 Pele fotoenvelhecida com hiperpigmentação, antes (A) e depois (8 ) de um tratamento com solução de Jessner modificada contendo ácido láctico a 14%, ácido salicilico a 14% e ácido kójico a 3% (peeling de PCA). (Cortesia da PCA SKIN.) Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos A B FIGURA 10 Pele fotoenvelhecida com frouxidão e rugas finas, antes (A) e depois (B) de cinco tratamentos com uma solução composta de peeling químico contendo TCA a 10% e ácido láctico a 20%, seguida de um reforço de retino! a 1 O% (Ultra Peell e Ultra Peelll). (Cortesia da PCA SKIN.) 73 74 Pee/ings Químicos A B fiGURA 21 Pele fotoenvelhecida com rugas finas, frouxidão e poros dilatados, antes (A) e depois (8) de uma série de peeling químico progressivo, incluindo duas microdermoabrasões, ácido láctico a 45% (Circadia), TCA a 6% com ácido láctico a 12% e um reforço de retinoide a 10% (Sensi Peel a Ultra Peelll, da PCA SKIN); TCA a 10% com ácido láctico a 20% (Ultra Peel Forte, da PCA SKIN); e TCA a 20o/o (Rhonda Al lison). (Cortesia da Dra. Rebecca Small.) A Figura 21 mostra uma paciente com fotoenvelhecimento, inclusive rugas finas, frouxidão, poros dilatados e pigmentação mosqueada, antes (A) e depois (B) de uma série de peelings químicos progressivos em seis sessões, inclusive com duas sessões de microdermoabrasão; ácido láctico a 45%, TCA a 6% com ácido láctico a 12% e retinol a 10% como reforço; TCA a 10% com ácido láctico a 20% e TCA a 20%. Os produtos de cuidado domiciliar incluíram a aplicação diária de fator de crescimento para melhorar a textura (TNS Recovery Complex, da SkinMedica), Capitulo 1 Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 75 um antioxidante de ácido L-ascórbico a 10% (CE Ferulic da SkinCeuticals), hidro- quinona a 4% para reduzir a hiperpigmentação (Clear, da Obagi) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 (Ultimate UV Defense, da SkinCeuticals). Aprendizagem da Técnica É recomendável que os médicos desenvolvam um método sistemático para apli- cação do peeling químico, tratando inicialmente membros de sua equipe e amigos. Além disso, quando o médico submete-se a um peeling químico, ele pode perceber mais claramente as sensações associadas à aplicação de um peeling químico (p.ex., sensações de ferroadas ou ardência); a sensação de alívio obtida com a exposição a um ventilador e a aplicação dos produtos pós-peeling; a experiência de pele esti- cada, escamosidade ou descamação depois do procedimento; e os efeitos clínicos benéficos. É aconselhável que os médicos adquiram um ou dois produtos para peeling muito superficial (veja soluções para peeling superficial na Fig. 2) e primeiramente alcancem um nível de familiaridade com esses produtos específicos. Os médicos devem estar familiarizados com os parâmetros clínicos, as respostas típicas dos pacientes, a descamação e os efeitos clínicos associados a esses peelings. À medi- da que obtêm proficiência com esse procedimento, os médicos podem optar por acrescentar um reforço de retino ide e produtos mais agressivos para peeling super- ficial (p.ex., TCA a 20%) à sua maleta de materiais para peeling. Tratamentos de Áreas Não Faciais A pele do corpo é diferente da pele facial porque tem menos unidades pilossebá- ceas, que são os focos de reepitelização e secreção sebácea. Por essa razão, a pele não facial é relativamente mais seca, recupera-se mais lentamente, tem melhoras menos notáveis com o tratamento e está mais sujeita às complicações, em compa- ração com a pele facial. Os peelings hidrantes suaves (p.ex., ácido láctico e soluções compostas) são aplicados comumente nas áreas não faciais, especialmente na pele delicada das regiões anteriores do pescoço e do tórax (área do decote}. A aplicação do peeling químico não deve cobrir mais de 25% do corpo em cada sessão de tratamento. A exposição excessiva a alguns compostos de peeling (p.ex., ácido salicílico) pode causar efeitos tóxicos sistêmicos. Além disso, a aplicação do peeling em uma área ampla pode causar desconforto excessivo e os cuidados com a pele depois do procedimento podem ser difíceis. A Tabela 2 descreve a superfície corporal total (SCT) das diferentes regiões do corpo. As diferentes partes do corpo estão sujeitas a diversos problemas dermato- lógicos. A acne é comum no dorso; a hiperpigmentação nos braços, nas pernas e no tórax; a ceratose pilar nos braços e nas coxas. Os peelings com ácidos glicólico, láctico e tricloroacético são aplicados comumente nas áreas não faciais para tratar 76 Peelings Qui micos TABELA 2 , , Superfícies das Regiões Corporais do Adulto Região do Corpo Parte anterior da cabeça Parte posterior da cabeça Região anterior do tórax Região posterior do tórax Superfície anterior da perna (um membro) Superfície posterior da perna (um membro) Parte anterior do braço (um membro) Parte posterior do braço (um membro) Genitália/períneo Superfície Corporal Total (%) 4,5 4,5 18,0 18,0 9,0 9,0 4,5 4,5 1,0 as anormalidades descritas anteriormente. Os cuidados recomendados depois do tratamento são os mesmos para todos os peelings e incluem proteção com filt ro solar de amplo espectro e produtos tópicos hidratantes. Peeling Progressivo O termo peeling progressivo refere-se ao aumento da intensidade dos peelings quí- micos com o transcorrer do tempo. Nos casos típicos, o paciente faz uma série de seis tratamentos durante os quais a profundidade da descamação é aumentada progressivamente com o uso de soluções para peeling muito superficial no início e peeling superficial no final da série. Esse escalonamento da intensidade permite que o paciente adapte-se gradativamente à experiência do peeling; que o médico avalie seguramente a resposta da pele a determinados peelings usados no início da série; e ajuda a garantir a adesão dos pacientes às instruções recomendadas depois do procedimento,com uso dos produtos apropriados ao cuidado domiciliar. À medi- da que a série avança, a pele torna-se mais condicionada porque o estrato córneo é adelgaçado e nivelado; próximo ao final da série de tratamentos, peelings mais in- tensos e eficazes podem ser realizados para ajudar a conseguir resultados máximos. O tratamento inicial da série é realizado usando uma solução de peeling muito superficial (p.ex., ácido glicólico) ou microdermoabrasão. Em geral, na consul- ta subsequente, o médico utiliza a mesma solução de peeling, mas a intensidade do tratamento é aumentada. A intensidade de determinado tratamento de peeling pode ser aumentada de várias formas, dependendo do ácido utilizado, inclusive aumentando-se o tempo de aplicação ou o número de camadas aplicadas. Por exemplo, quando o tratamento inicial é realizado com uma solução de ácido gli- Çapítulo 1 Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos 77 eólico com concentração baixa (p.ex., 20%) por um intervalo curto (cerca de três minutos), o tempo de aplicação da mesma solução de peeling pode ser ampliado para cinco a sete minutos na sessão subsequente, de forma a intensificar o trata- mento. Um exemplo alternativo utilizando as soluções de peeling compostas auto- neutralizantes (p.ex., TCA a 6% com ácido láctico a 12%) poderia começar com uma a duas camadas na primeira sessão e, na consulta subsequente, o número de camadas do mesmo peeling poderia ser aumentado para três ou quatro. O objeti- vo é aumentar a intensidade do tratamento a cada sessão subsequente, tomando como base a reatividade cutânea e a tolerância do paciente a cada procedimento. Nas fases mais avançadas da série, os tratamentos podem ser intensificados acres- centando-se um peeling de reforço com retinoide sobre o peeling básico, ou reali- zando microdermoabrasão como parte da preparação da pele antes da aplicação do peeling químico. A esfoliação pré-procedimento com microdermoabrasão per- mite a penetração mais homogênea e profunda do ácido. É recomendável seguir protocolos estabelecidos pelos fabricantes quando forem combinadas essas duas modalidades esfoliativas, porque as características do peeling podem ser alteradas pela remoção da proteção do estrato córneo pela microdermoabrasão. A última sessão de tratamento pode utilizar uma solução de peeling mais agressiva, inclusive um peeling de várias camadas da solução de Jessner ou TCA a 20%. Os métodos usados para intensificar determinado tratamento de peeling estão descritos nos ca- pítulos específicos deste livro (veja Intensificação dos Tratamentos Subsequentes, nos capítulos sobre cada peeling específico). A escolha das soluções de peeling para uma série de tratamentos deve ser baseada no fototipo cutâneo de Fitzpatrick e na condição inicial da pele. Os pa- cientes com fototipos cutâneos mais pigmentados (IV a VI) geralmente requerem tratamentos mais suaves que os pacientes com fototipos cutâneos menos pigmen- tados (I a III), tendo em vista seu risco mais alto de desenvolver alterações da pigmentação, inclusive HPI. A seguir, há alguns exemplos de séries de peelings químicos que podem ser usados para tratar fotoenvelhecimento dos pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais e menos pigmentados (Tabela 3). Algumas soluções de pee/ingalternativas são igualmente apropriadas. Exemplos de séries de peeling químico progressivo, que podem ser usadas para tratar e ri tema facial (pele sensível e rosácea), acne e hiperpigmentação, estão revisados adiante em Notas sobre Lesões e Problemas Específicos. Intervalos dos Tratamentos Os intervalos dos tratamentos de peelirtgvariam de duas a quatro semanas durante uma série de seis sessões e o intervalo é determinado pela intensidade do trata- mento e pela sensibilidade da pele do paciente. Os peelings muito superficiais ou a microdermoabrasão são realizados comumente no início da série e os inter- valos entre as sessões geralmente são de duas seman as, na medida em que a pele 78 Peelings Químicos TABELA 3 ':._ Tratamento do Fotoenvelhecimento com Peelings Químicos Progressivos Peelings Químicos (Nome Comercial, Fabricante) Sessão Fitzpatrick I a 111 2 3 4 5 6 Ácido glicólico a 20% com ácido láctico a 10%, 1 a 3 minutos (Gel Peel GL, SkinCeuticals) ou Microdermoabrasão Ácido glicólico a 35%, 3 a 5 minutos (NeoStrata) TCA a 6% com ácido láctico a 12%, 1 a 3 camadas (Sensi Peel, PCA SKIN) TCA a 1 0% com ácido láctico a 20%, 1 a 3 camadas (Ultra Peell, PCA SKIN) TCA a 1 0% com ácido láctico a 20%, 3 a 5 camadas, mais Retinol a 10% (Ultra Peel, PCA SKIN) (Ultra Peelll, PCA SKIN) TCA a 20%, 1 a 3 camadas (Rhonda All ison) Fitzpatrick IV a VI Ácido láctico a 35% (Circadia) ou Microdermoabrasão Ácido salicflico a 20% (Micropeel Plus 20, SkinCeuticals) Ácido salicílico a 30% (Micropeel Plus 30, SkinCeuticals) TCA a 10% com ácido salicílico a 20%, 1 a 3 camadas (TCA/Salicylic acid, Rhonda Allison) TCA a 10% com ácido salicílico a 20%, 3 a 5 camadas (TCA/Salicylic acld, Rhonda Allison) TCA a 15% com ácido salicílico a 15% e ácido láctico a 1 5%, mais Retinol a 10% (Salicylic Solution, Rhonda Allison) (Ultra Peelll, PCA SKIN) se recupera rapidamente depois desses tratamentos. Os peelings superficiais mais intensos são realizados nas sessões subsequentes da série, causam mais esfoliação e requerem mais tempo para a reepitelialização. Os peelings químicos superficiais geralmente são realizados a cada quatro semanas. Depois do último peeling da série (p.ex., TCA a 20% ou solução de Jessner em várias camadas), é recomendá- vel aguardar um período de descanso de dois meses. Quando o paciente reinicia os tratamentos de cuidados da pele, é recomendável começar com peelings muito superficiais ou microdermoabrasão nas primeiras sessões e progredir para os pee- lings superficiais mais intensos ao longo da série. Complicações e Tratamento • Dor • Eritema prolongado • Hiperpigmentação Capitulo 1 Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qulmicos 79 • Hipopigmentação • Infecção (p.ex., acne, impetigo, candidíase ou ativação do herpes simples) • Mílios • Descamação mais profunda que se pretendia • Vesiculação (epidermólise) e formação de crostas • Reações alérgicas, inclusive urticária, pápulas e possibilidade remota de reações graves (p.ex., anafilaxia) • Formação de cicatrizes e alterações da textura • Salicilismo com o peeling de ácido salicílico (muito raro) O risco de complicações dos peelings químicos está relacionado principalmen- te com a profundidade. da descamação cutânea. Os peelings químicos superficiais, que penetram até a epiderme e, possivelmente, a camada superior da derme papi- lar, têm pouco risco de complicações. Hiperpigmentação transitória em resposta ao e ri tema prolongado é uma das complicações encontradas mais frequentemente. Os peelings mais profundos, que penetram até a derme papilar e reticular, têm ris- cos mais altos de complicações graves, inclusive formação de cicatrizes e alterações pigmentares irreversíveis (p.ex., hipopigmentação). Em geral, a dor ocorre apenas durante a aplicação do peeling químico e é refe- rida comumente como desconforto brando a moderado. Queixas de dor depois do procedimento não são comuns e é recomendável reavaliar o paciente, principal- mente para avaliar a possibilidade de infecção. O eritema depois do procedimento é esperado e sua duração depende da reati- vidade intrínseca da pele do paciente e da profundidade da descamação. A maioria dos casos de eritema depois dos peelings superficiais regride espontaneamente den- tro de algumas horas e, ocasionalmente, persiste por alguns dias. Esse eritema sua- ve pode ser tratado com cremes de corticoide vendidos sem prescrição (p.ex., hi- drocortisona a l %) ou produtos lópicos contendo componentes anti-inflamatórios (p.ex., óleo de prímula e bisabolol). O eritema que persiste por mais de cinco dias é classificado como prolongadoe pode ser tratado com creme de corticoide tópico de potência intermediária (triancinolona a 0,1 %) ou baixa (hidrocortisona de 0,5 a 2,5%) duas vezes ao dia, durante três a cinco dias, ou até que o eritema regrida.l! muito importante evitar exposição ao sol depois do peeling, especialmente quando há eritema, e nos pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI) para reduzir o risco de HPI. Os pacientes com doenças dermatológicas eritematosas graves, inclusive telangiectasias, rosácea e poiquilodermia de Civatte, podem ter exacerbações e eritema prolongado depois do tratamento com peelings muito agressivos. Dermatite de contato causada pelo próprio peeling, ou mais co- mumente por um dos produtos aplicados depois do procedimento, também é uma causa possível de eritema prolongado. Nos casos típicos, a dermatite de contato associada ao prurido pode ser tratada interrompendo-se o produto que a desen- cadeou e aplicando corticoides tópicos, conforme foram descritos anteriormente. O resorcinol (um dos componentes da solução de Jessner) pode estar associado à 80 Peelings Químicos dermatite de contato. Infecção também é uma possibilidade nos casos de eritema prolongado, principalmente quando há hipersensibilidade associada (veja adiante). Hiperpigmentação é uma das complicações encontradas mais comumente depois dos peelings químicos superficiais e, em geral, ocorre quando são aplicados peelings excessivamente agressivos nos pacientes com predisposição à hiperpig- mentação e, em geral, proteção inadequada ao sol logo depois do procedimento. A Figura 22 ilustra uma paciente com hiperpigmentação nas linhas de marionete, um mês depois de fazer um peeling quínúco com solução de Jessner (seis cama- das), durante o qual não foi aplicada vaselina nas linhas de marionete (uma área potencial de acumulação da solução de peeling químico). A Figura 23 mostra um caso de hiperpigmentação pós-inflamatória mais profunda depois de um peeling de ácido glic6lico a 70%. A hiperpigmentação pode ser tratada com agentes clarea- dores comerci.alizados seo prescrição (p.ex., hidroquinona a 2% ou clareadores cosmecêuticos como os ácidos kójico, láctico e azeláico) ou com fár.macos ven- didos sob prescrição (p.ex., bidroquinona de 4 a 8%). A maioria dos casos de hi- perpigmentação pós-inflamatória causada por peelings superficiais regride, mas em casos raros pode ser irreversíveL Além disso, a regressão da HPI dos pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados {IV a VI) pode ser lenta (até seis meses ou mais). O risco de biperpigmentação aumenta com a e>..-posição ao sol, o uso de hormônios e outros fármacos fo tossensibilizantes. A hipopigmentação é rara depois dos peelings superficiais. O risco de hipo- pigmentação também está diretamente relacionado com a intensidade do peeling aplicado. Por exemplo, os peelings profundos de feno! podem causar hipopigmen- tação, mesmo nos indivíduos com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais claros. A repigmentação pode melhorar a hipopigmentação em alguns casos, roas geral- mente o problema é irreversíveL As infecções são raras depois dos peelings superficiais e requerem tratamentos específicos de acordo com a causa. As exacerbações da acne podem ser tratadas com fárrnacos orais (inclusive doxidclina ou mi:nocicllna), porque as preparações tópicas para acne podem causar irritação da pele tratada com peeling. A ativação do herpes simples pode ocorrer apesar do pré-tratamento apropriado coro um antivi- ral. Essas lesões vesiculosas são detectadas mais comumente no bordo rubro do lábio ou na superfície lateral do nariz, mas podem ocorrer em qualquer área previamente afetada pela infecção por VHS. Em vista do risco de disseminação para a pele lesa- da, o tratamento deve ser agressivo, geralmente com um antiviral diferente do que foi usado profilaticamente {p.ex., 1 g de valaciclovir, duas ou no máximo três vezes por dia, durante sete dias, até que a pele esteja completamente reepitelializada). Em geral, a candidíase cutânea evidencia-se por áreas vermelho-brilllantes com peque- nas máculas eritematosas circundantes, que se desenvolvem na região perioral. e são pruriginosas. Os antifúngicos tópicos ou o fluconazol (p.ex:., 150 mg/dia, durante três dias) oral podem ser usados. Os estafilococos e os estreptococos são patógenos comuns das infecções bacterianas e devem ser tratados com antibióticos apropria- Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos FIGURA 22 Hiperpigmentação pós-inflamatória nas linhas de marionete, um mês depois de um peeling de Jessner (seis camadas) sem aplicação protetora de vaselina nas áreas de acumulação. (Cortesia da Dra. Rebecca Small.) FIGURA 23 Hiperpigmentação pós-inflamatória depois de um peeling com ácido glicólico a 70%. (Cortesia da Dra. Rebecca Small.) 81 82 Peelings Quimicos dos (p.ex., a cobertura empírica inicial pode incluir 100 mg de doxidclina duas vezes ao dia, ou 500 mg de cefalexina quatro vezes ao dia; se houver suspeita de infecção por Staphylococcus aureus resistente à meticilina ou anaeróbios, pode-se usar 300 mg de dindamicina, quatTO vezes ao dia). Antes de iniciar o tratamento, é recomendável realizar culturas quando existem dúvidas quanto ao diagnóstico de infecção. Os mílios são pápalas brancas minúsculas (1 a 2 mm), que resultam da obs- trução das glândulas sebáceas. Os produtos à base de vaselina (p.ex., Aquaphor) usados para hidratar a pele podem obstruir as glândulas sebáceas e contribuir para a formação dos mílios. Em geral, os mí.lios não regridem espontaneamente e pre- cisam ser lancetados com uma agulha n11 20 e e:>..-traídos (p.ex., espremendo suave- mente com aplicadores com pontas de algodão). A descamação mais profunda pode ocorrer depois dos peelings superficiais quando a pele não está intacta por ocasião dos peelings anteriores. A barreira cutânea pode ser violada pelos produtos tópicos à base de retinoides, pela esfo- liação excessivamente agressiva (p.ex., uso domiciliar diário de esponjas ou lixas esfoliantes, ou microdermoabrasão agressiva), raspagem de pelos, abrasões fre- quentes pela barba ou bigode, pústulas da acne e dermatite seborreica ou atópica. A acumulação das soluções de peeling também pode estar associada à penetração mais profunda do produto. Durante o tratamento, o médico pode perceber parâ- metros clínicos indesejáveis, inclusive frosting do nível II ou maior. A Figura 24 demonstra um peeling com penetração mais profunda que se pretendia, com fros- ting de nível II (A) depois da aplicação de uma camada da solução de J essner em um paciente que utilizou ácido retinoico pouco antes do procedimento e cicatri- zação tardia (B). A vesiculação (epidennólise) evidenciada por pequenas vesí- culas durante a aplicação do peeling é causada pela penetração teci dual profunda e é extremamente rara com os peelings superficiais. Os peelings de ácido glicólico formulados em concentrações altas e pH mtúto baixo (pH < 2,0) têm riscos mais altos de causar epidermólise. O uso de uma pomada oclusiva (p.ex., A.quaphor ou bacitradna) e urna bandagem é recomendável para hidratar a pele durante o processo de cicatrização, até que haja reepitelialização. As reações alérgicas aos peelings químicos são raras. Urticária é a reação alér- gica encontrada mais comumente e melhora com anti-histamínicos orais (p.ex., 10 mg de cetirizina) e cremes de corticoides tópicos de potência alta (p.ex., trian- cinolona a 0,1 %) ou intermediária (p.ex., triancinolona a 0,5%). Existe um risco mínimo de reações alérgicas graves, inclusive broncoespasmo e anafi.laxia, quere- querem cuidados de emergência. As soluções de peeling contendo ácido salidlico têm riscos mais altos de causar reações alérgicas e não devem ser aplicadas nos pacientes com alergia à aspirina. A forma.ção de cicatrizes é extremamente rara com os peelings superficiais. O risco dessa complicação aumenta com os peelings de média profundidadeou profundos, esfoliação a laser, dermoabrasão, uso de isotretinoína, radioterapia ou cirurgia facial nos últimos seis meses; doença do tecido conjuntivo (p.e..-x., síndro- Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peel ings Químicos A B FIGURA 24 Peeling com penetração mais profunda que se pretendia em um paciente que usava ácido retinoico, demonstrando frosting de nível li (A) e cicatrização tardia no 9° dia (B) da região mala r d ireita depois da aplicação de uma camada da solução de Jessner. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) 83 me de Ehlers-Danlos) e outros fatores que dificultam a cicatrização das feridas, inclusive tabagismo e doenças crônicas. A formação de cicatrizes também é mais comum nos pacientes com história de cicatrização anormal (p.ex., formação de queloides) e quando há infecção depois do procedimento. Os tecidos nos quais as cicatrizes são evidentes geralmente têm placas vermelho-brilhantes com alterações da textura. O tratamento com corticoides de potência alta (p.ex., fita de Cordran) e lasers de corante pulsado pode ajudar a atenuar essas cicatrizes. 84 Pee/Jngs Químicos Os efeitos tóxicos sistêmicos podem ocorrer depois da exposição excessiva aos peelings químicos. Existem casos relatados de toxicidade do salicilato (ousa- licilismo) com sinais e sintomas como náusea, desorientação e tinidos nos pa- cientes tratados com peelings de ácido salicílico quando tinham lesões da pele. O tratamento com peeling químico de áreas corporais amplas (p.ex., mais de 25% da superfície corporal total) também deve ser evitado pelo risco de toxicidade. Notas sobre Lesões e Problemas Específicos A seguir, há exemplos de séries de peelings químicos que podem ser usadas para tratar problemas cutâneos estéticos comuns, inclusive eritema facial (Tabela 4), acne (Tabela 5) e hiperpigmentação (Tabela 6) dos pacientes com fototipos cutâ- neos de Fitzpatrick claros (I a III) e mais pigmentados (IV a VI). Algumas prepa- rações alternativas de peeling são igualmente apropriadas. Combinação de Tratamentos Estéticos A potencialização dos resultados do tratamento do fotoenvelhecimento cutâneo e de outros distúrbios dermatológicos (p.ex., hiperpigmentação e acne) pode ser conse- guida combinando-se os peelings químicos com outros tratamentos dermatológicos descritos ao longo deste guia prático: microdermoabrasão e produtos de cuidado diário da pele. Os peelings químicos também podem ser combinados seguramente com outros procedimentos estéticos minimamente invasivos (p.ex., laser e luz inten- sa pulsada) ou procedimentos injetáveis para melhorar os resultados do rejuvenes- cimento (veja informações adicionais sobre combinações de tratamentos em Trata- mentos Combinados, na seção de Introdução e Conceitos Fundamentais). Reembolso e Aspectos Econômicas Os compostos para peelings químicos podem ser fornecidos pelas empresas de produtos de cuidados da pele ou pelos fornecedores de produtos médicos (veja Anexo 8, Fornecedores de Suprimentos para PeelingQuímico e Produtos Tópicos). Um frasco de 60 mL de uma solução de peeling químico pode ser comprado por cerca deUS$ 50 a 80, o que serve para fazer cerca de 20 tratamentos. Os custos dos peelings químicos variam de acordo com a região geográfica, mas ficam na faixa de US$ 65 a 450 por sessão de tratamento. Os peelings superficiais mais agressivos com soluções mais potentes tendem a ter custos mais elevados (p.ex., solução de Jessner e peeling de TCA puro). Algumas seguradoras de saúde cobrem os trata- mentos de peeling químico para indicações como acne e ceratose actínica, mas a maioria não. Em geral, os peelings químicos são realizados e cobrados por cada sé- rie de seis sessões de tratamento. O contrato para uma série de tratamentos ajuda a obter melhores resultados e assegura maior satisfação para o cliente e o médico. Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Qufmicos TABELA 4 ·. Tratamentos de Peeling Químico Progressivo para Eritema Facial: Pele Sensível e Rosácea, Fototipos Cutâneos de Fitzpatrick de I a VI Seção 2 3 4 5 6 Peelings Químicos (Nome Comercial, Fabricante) Ácido láctico a 35% (Circadia) Ácido láctico a 45% (Circadia) TCA a 6% com ácido láctico a 12% (Sensi Peel, PCA SKIN) TCA a 6% com ácido láct ico a 12%, mais retinolde a 10% (Sensi Peel e Ultra Peel ll, PCA SKIN) TCA a 10% com ácido láctico a 20% (Ultra Peell, PCA SKIN) TCA a 1 O% com ácido láct ico a 20%, mais retinoide a 1 O% (Ultra Peel l e Ultra Peelll, PCA SKIN) Tratamentos de Peeling Químico Progressivo para Acne Pee/ings Qurmicos (Nome Comercial, Fabricante) Sessão Fitzpatrick I a 111 2 3 4 5 6 Ácido salicíl ico a 20% com ácido mandélico a 1 Oo/o (Gel Peel SM, SkinCeuticals) ou Microdermoabrasão Ácido salicílico a 20% (Micropeel Plus 20, SkinCeuticals) Ácido salicílico a 30% (Micropeel Plus 30, SkinCeuticals) Solução de Jessner, 1 a 3 camadas (Jessner's peel, Global Skin Solutions) Solução de Jessner, 3 a 5 camadas, mais retinoide a 1 0% (Jessner's peel, Global Skin Solutions) (Ultra Peelll, PCA SKIN) Solução de Jessner, 3 a 5 camadas, mais ácido retinoico a 0,3% (Jessner's peel, Global Skin Solutions) (tretinoína, University Specialty Pharmacy) Fitzpatrick IV a VI Ácido salicíl ico a 20% com ácido mandélico a 10% (Gel Peel SM, SkinCeuticals) ou Microdermoabrasão Ácido salicílico a 20% (Micropeel Plus 20, SkinCeuticals) Ácido salicílico a 30% (Micropeel Plus 30, SkinCeutícals) TCA a 1 0% com ácido salicílico a 20%, 1 a 3 camadas (TCA/Salicylic acid, Rhonda Allison) TCA a 1 0% com ácido salicíl ico a 20%, 3 a 5 camadas (TCA/Salicylic acid, Rhonda Allison) TCA a 15% com ácido salicílico a 15% e ácido láctico a 15%, mais retino ide a 10%, 1 a 3 camadas (Salicylic Solution, Rhonda Allison) (Ultra Peelll, PCA SKIN) 85 86 Peelings Qui micos ...-~ ..... f TABELA 6 .,:· Tratamentos de Peeling Químico Progressivo para Hiperpigmentação Pee/ings Químicos (Nome Comercíal, Fabricante) Sessão Fítzpatrick I a 111 Ácido salicílico a 20% com ácido mandélico a 10% (Gel Peel SM, SkinCeuticals) ou Microdermoabrasão 2 Ácido salicílico a 20o/o (Micropeel Plus 20, SkinCeuticals) 3 Ácido salidlico a 30% (Micropeel Plus 30, SkinCeuticals) 4 Solução de Jessner potencializada•, 1 a 3 camadas (PCA Peel with HQ and Resorcinol, PCA SKIN) 5 Solução de Jessner potencializada•, 1 a 3 camadas (PCA Peel with HQ and Resorcinol, PCA SKIN) 6 Solução de Jessner potencializada," 3 a 5 camadas, mais ácido retinoico a 0,3% (PCA Peel with HQ and Resorcinol, PCA SKIN) (tretinoína, University Specialty Pharmacy) Fítzpatrick IV a VI Ácido salicílico a 20% com ácido mandélico a 10% (Gel Peel SM, SkinCeuticals) ou Microdermoabrasão Ácido salicllico a 20% (Micropeel Plus 20, SkinCeuticals) Ácido salicílico a 30% (Micropeel Plus 30, SkinCeuticals) Solução de Jessner modificadab, 1 a 3 camadas (PCA Peel with HQ, PCASKIN) Solução de Jessner modificadab, 3 a 5 camadas (PCA Peel with HQ, PCA SKIN) Solução de Jessner modificadab, 3 a 5 camadas, mais ácido retinoide a 10% (PCA Peel with HQ e Ultra Peelll, PCA SKIN) • Solução de Jessner potencializada = ácido láctico a 14%, ácido salicílico a 14%, resorcinol a 14%, ácido kójlco a 3% e hidroquinona a 2%. bSolução de Jessner modificada= ácido láctico a 14%, ácido salicílico a 14%, ácido kójico a 3% e hidroquinona a 2%. Có~igos CTP • 15788 • 15789 • 15792 • 15793 Peeling químico facial; epidérmico Peeling químico facial; dérmico Peeling químico não fac ial; epidérmico Peeling químico não facial; dérmico Códigos do CID-9 • 706.1 Acne • 695.3 Rosácea • 702.0 Ceratose actínica • 709.00 Discromia, não especificada - - RODUTOS iiTÓíiPiiiCiiOiiS --- (a Ri tu h~l~'· , Peeling de Ácido Alfa-Hidroxílico: Ácido Glicólico Pee/lng Necessidade de Parâmetro Branqueamento Quimlco Neutralização Clinico Desejável Ácido glicólico (AG)Sim E ri tema suave +,brando; ++. moderado;+++, intenso. Não Desconforto Descamação ++ Variável l Este capítulo descreve como fazer um peeling químico superficial com ácido gli- cólico (AG), um dos ácidos alfa-hidroxílicos (AHAs) utilizados mais frequente- mente. O texto também é aplicável às soluções de peeling compostos contendo AG. Veja descrição dos procedimentos de peelings compostos contendo outros AHAs no capítulo Outros Peelings Compostos Autoneutralizantes. Etapas do Peeling Químico 1. Posição para preparação, colocação dos campos, limpeza e remoção da gordura da pele, aplicação do protetor ocular e da vaselina. 2. Aplicação do peeling químico. 3. Finalização. 4. Reforço (opcional). S. Aplicação dos produtos tópicos. 87 88 Peelings Químicos Escolha do Peeling Químico, Contraindicações, Equipamento, Lista de Verificação Antes do Procedimento, Produtos de Cuidado da Pele Aplicados Antes do Procedimento, Etapas do Procedimento de Peeling Químico, Descrição Geral do Procedimento de Peeling Químico Veja seção de Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Principais Fatores Modificados para Aumentar a Profundidade do Peeling • Tempo de aplicação • Concentração da solução de peeling químico Muitos outros fatores podem aumentar a profundidade do peeling com AGe estão descritos em Fatores que Afetam a Profundidade de Penetração do Peeling Quími- co, seção de Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Outras Considerações Práticas Pertinentes aos Peelings de AHAs • Formulações. Em geral, os peelings de AHAs são soluções ou géis límpidos e incolores. As potências dos produtos contendo apenas AG usados nos peelings superficiais geralmente variam de 20 a 70%. As potências dos produtos conten- do apenas AL usados nos peelings superficiais geralmente variam de 20 a 50%. A potência do AG ou do AL usado nos peelings compostos geralmente varia de 10 a 20%. • Teste d e placa. O teste de placa é recomendável antes de qualquer peeling quími- co (veja descrição do método e da interpretação do teste em: Teste de Placa, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos). Como Fazer um Peeling Superficial de Ácido Alfa-Hidroxílico Utilizando Ácido Glicólico a 20o/o O procedimento descrito a seguir utiliza ácido glicólico a 20% (da NeoStrata) como exemplo de um peeling químico de ácido alfa-hidroxílico. As técnicas va- riam para cada produto de d iferentes fabricantes e recomenda-se que os médicos estejam familiarizados com os protocolos do fármaco específico utilizado e sigam as instruções dos fabricantes. Capitulo 2 Peeling de Acido Alfa-Hidroxí/ico: Acido Glicólico 89 Preparação: Posição, Colocação dos Campos, Limpeza e Remoção da Gordura da Pele, Aplicação dos Protetores Oculares e da Vaselina 1. Reúna todos os produtos necessários ao procedimento e coloque-os ao alcan- ce das mãos. • O AG é neutralizado com água ou solução de bicarbonato de sódio (5 a 15%). Impregne um chumaço de gaze 10 x 10 em com o neutralizante, mer- gulhando a gaze seca em uma pequena tigela na qual foi derramado o agen- te neutralizante. 2. Coloque o paciente em posição supina na mesa de tratamento. 3. Prenda os cabelos do paciente de forma que não caiam na face utilizando uma faixa de cabelo ou um gorro cirúrgico. 4. Coloque uma toalha em torno do pescoço e no peito de forma a proteger as roupas do paciente. S. Aplique um agente de limpeza suave na face com as mãos enluvadas e use as pontas dos dedos para esfregar a substância em pequenos movimentos circu- lares. Remova utilizando gaze de 10 x 10 em umedecida com água. 6. Limpe novamente a face com um agente de limpeza à base de ácido hidroxíli- co utilizando o mesmo método descrito anteriormente. 7. Remova a gordura da pele com um tonificante adstringente utilizando gaze de 5 x 5 em. A mesma técnica de aplicação que será usada com a solução de peeling também pode ser utilizada para remover a gordura da pele, de fo rma a reforçar o método de aplicação (veja etapa 13, adiante). Deixe a pele secar. 8. Examine a pele novamente e, se for necessário, delimite as áreas a serem tra- tadas. • As lesões da acne podem ser tratadas, mas é recomendável evitar o trata- mento de todas as outras áreas com pele danificada. 9. Cubra os olhos do paciente com compressas adesivas descartáveis ou gaze umedecida como proteção. 10. Aplique vaselina parcimoniosamente nas áreas de acumulação potencial uti- lizando um aplicador com ponta de algodão, inclusive os sulcos dos ângulos laterais, os sulcos nasolabiais (principalmente nas asas do nariz), as comissu- ras orais e as linhas de marionete. Aplicação do Peeling Químico 11. Escolha a solução de peeling apropriado e o aplicador desejado. Nesse caso, utilizaremos um peeling de ácido glicólico a 20% com aplicador de gaze não trançada de 5 x 5 em. 12. Impregne a gaze de 5 x 5 em com a solução de peeling químico - coloque uma gaze seca dentro de uma tigela de cerâmica e, utilizando um gotejador, dis- 90 Peetings Químicos pense a quantidade indicada pelo fabricante dentro da tigela. Dobre a gaze em quatro e esprema as gotas em excesso do ácido dentro da tigela. Seque as mãos enluvadas com uma toalha. 13. Aplique o AG uniformemente na face com a gaze de 5 x 5 em, utilizando o padrão estabelecido para aplicação de peeling, conforme descrito em Revisão do Procedimento de Peeling Químico, na seção Introdução e Conceitos Fun- damentais dos Peelings Químicos. • Quadrante 1, fron te. Aplicando pressão firme, escorregue a gaze do super- cílio até a linha dos cabelos. • Quadrante 2, região malar. Impregne novamente a gaze com a solução de peeling químico na tigela de cerâmica, conforme descrito anteriormente. Escorregue a gaze da têmpora até a linha da mandJbula de um dos lados da face. A região malar pode ser coberta por varreduras horizontais, da região mediai para a lateral ou de cima para baixo. • Quadrante 3, regiã.o malar. Impregne novamente a gaze com a solução de peeling químico na tigela de cerâmica, conforme descrito anteriormente. Repita o procedimento no lado oposto da face. • Quadrante 4, região medial da face. Não impregne novamente a gaze com solução de peeling. Escorregue a gaze descendo pelo dorso do nariz, ao lon- go de cada parede lateral, acima do lábio superior e depois sobre o queixo. • Cubra a borda da área tratada com a solução de peeling químico, esfre- gando ligeiramente a gaze 1 em abaL'Co da linha da mandíbula. Isso ajuda a evitar uma possível linha de demarcação visível entre a pele tratada e a não tratada. • Tente concluir toda a aplicação em 30 segundos, de forma a não estender o tempo àe tratamento das áreas que foram aplicadas primeiramente. • Frascos aber tos ou aplicadores embebidos nunca devem ser passados so- bre os olhos do paciente. Se a solução de peelingcair nos olhos do paciente, irrigue imediatamente os olhos com grande quantidade de soro fisiológico ou água. • Se o paciente tiver rugas profundas, estique a pele enquanto estiver apli- cando a solução de peeling para reduzir a possibilidade de acumulação da solução dentro das rugas. 14. Depois de aplicar uma camada da solução de peeling na área tratada, comece a contar o tempo do procedimento. • A tolerância de cada paciente é variável, mas de preferência a solução de peeling deve permanecer aplicada na pele por três minutos. 15. Forneça ao paciente um ventilador portátil. O uso do ventilador pelo próprio paciente reduz o desconforto e funciona como distração. 16. Peça ao paciente para descrever quaisquer sensações ou desconfortos que pos- sam ter utilizando uma escala de dor de 1 a 10. Peeling de Ácido Alfa-Hídroxílico: Ácido Glicó/ico 91 • Sensações de formigamento, prurido, ardência ou ferroadas são comuns e, em geral, alcançam intensidade máxima dentro de dois a três minutos de- pois da aplicação e, em seguida, regridem. • Desconforto de até 5 ou 6 emuma escala de 10 é aceitáveL 17. Observe a pele de toda a área tratada de forma a avaliar os parâmetros clínicos desejáveis e indesejáveis. Com os peelings químicos de ácido alfa-hidroxílico, o parâmetro clínico desejável é: • Eritema suave. Com os peelings químicos de ácido alfa-hidroxílico, os parâmetros clínicos indesejáveis são: • Formação de vesículas/bolhas, que indicam epidermólise. • Branqueamento ou clareamento da pele. • Desconforto excessivo referido pelo paciente, com dor mais intensa que 6 na escala de 1 a 10, ou sensações extremamente irritantes. 18. As lesões da acne podem formar "frosting" em consequência da penetração mais profunda da solução de peeling. O frosting não deve ser removido com gaze. Finalização 19. O procedimento de peeling químico é terminado se/quando: • O parâmetro clínico desejável de eritema suave está visível, ou • O peeling químico permaneceu aplicado por três minutos (mesmo que não se observe eritema suave), ou • Um parâmetro indesejável ocorre, inclusive formação de vesículas/bolhas, branqueamento da pele ou desconforto excessivo referido pelo paciente. 20. A atividade do peelingde AG é suprimida por neutralização com água ou solu- ção de bicarbonato de sódio (10 a 15%). Aplique rapidamente o neutralizante na face esfregando uma gaze de 10 x 10 em impregnada com o neutralizante; comece no centro da face e avance na direção da periferia. Repita duas ou três vezes a aplicação do neutralizante usando a gaze novamente impregnada. • As áreas de mais desconforto devem ser neutralizadas primeiramente. • Em geral, os pacientes referem inicialmente um aumento transitório doca- lor/desconforto com a primeira aplicação do neutralizante. 21 . Sacos de gelo envolvidos em panos ou toalhas úmidos gelados podem ser apli- cados no final do procedimento de peeling para reduzir o desconforto do pa- ciente. O uso do ventilador pode continuar pelo tempo desejado para aliviar o desconforto. 92 Peelings Químicos Reforço (Opcional) 22. Os peeliugs de re tinoides podem ser aplicados depois de concluir o peeling de AG, contanto que não tenham ocorrido parâmetros indesejáveis, de forma a intensificar o tratamento e acelerar o processo de descamação. • É recomendável primeiramente realizar o procedimento de peeling de AG sem reforço de retinoide de forma a assegurar a tolerância ao primeiro peeling. • Seque a pele com o ventilador ou com gaze, antes de aplicar o peeling de reti- noide. Veja informações sobre aplicação dos peelings de reforço no capítulo sobre Peeling de Retino ide. • É importante que os médicos sigam as recomendações do fabricante quanto à utilização do reforço com peelings de retinoide depois do peeling principal, de forma a confirmar a conveniência de combinar essas preparações e asse- gurar sua compatibilidade. Aplicação dos Produtos Tópicos 23. Suavizante. Avalie o grau de eritema da pele e aplique produtos tópicos suavi- zantes, conforme descrito a seguir: • Eritema moderado-grave: aplique um creme corticoide de alta potência (p.ex., triancinolona a 0,5%), evitando a área periocular. • Eritema moderado: aplique um creme corticoide de potência intermediá- ria (p.ex., triancinolona a O, 1 %), evitando a área per i ocular. • Eritema suave: aplique um creme cor ticoide de baixa potência (p.ex., hi- d rocortisona de 0,5 a 2,5%), ou um umidificante suavizante (p.ex., Epider- mal Repair da SkinCeuticals ou Calming Balm da PCA SKIN). 24. Proteção . Ao final do procedimento, aplique um filtro solar de amplo espec- tro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio para proteger a pele contra exposição à luz UV (p.ex., produtos da Skin Medica, Solar Protection, SkinCeuticals ou PCA SKIN). Cuidados Depois do Procedimento • Os pacientes que necessitam de corticoides tópicos logo depois do tratamento são beneficiados pela inclusão de um corticoide tópico no seu esquema de cui- dados domiciliares pós-procedimento, de forma a atenuar ainda mais o eritema e, deste modo, reduzir o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória. • As lesões da acne que formaram frosting podem desenvolver crostas dentro de um a dois dias depois do tratamento. Essas lesões são tratadas com aplicações diárias de bacitracina até que cicatrizem. Veja instruções sobre cuidados pós-procedimento em Cuidados Depois do Proce- dimento, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Peeling de Ácido Alfa-Hidroxflico: Ácido Glicó/ico Intervalos entre os Tratamentos, Complicações e seu Tratamento Veja seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Peeling Progressivo: Como Aumentar a Intensidade dos Tratamentos Subsequentes 93 Os tratamentos com peeling de ácido g!icólíco podem ser intensificados nas ses- sões subseq uentes aumentando-se a profundidade de penetração do peeling de vá- rias formas: • Tempo de aplicação: Em geral, o primeiro passo para intensificar os tratamen- tos com AG é ampliar o tempo durante o qual a solução permanece na pele (i. e., tempo de aplicação). Por exemplo, um peeling de AG a 20% aplicado inicialmen- te por três minutos pode ser aplicado por três a cinco minutos em uma sessão subsequente para aumentar a intensidade do tratamento. • Concentração da solução de peeliug: A utilização de uma solução de peeling químico mais concentrada pode intensificar o tratamento com AG. Por exem- plo, depois de um peeling inicial com AG a 20%, o tratamento subsequente pode ser realizado com a próxima concentração mais alta (p.ex., AG a 50%). Se o procedimento for bem tolerado, pode-se considerar a utilização de AG a 70% na próxima sessão. • Reforço: Depois do peeling principal de AG, pode-se aplicar um peeling adicio- nal de retinoide para aumentar a intensidade do tratamento e acelerar a desca- mação. Por exemplo, depois de um peeling de AG a 20%, o próximo tratamento pode ser intensificado aplicando-se um retinoide vendido sem prescrição (p.ex., retino! a 10%) como fase de reforço ao processo de descamação. Na sessão sub- sequente, o tratamento pode ser intensificado ainda mais com a aplicação de retino! a 15% com ácido láctico a 10%. Se a concentração mais alta de retino! for bem tolerada, pode-se usar um retinoide em concentração vendida sob prescri- ção (p.ex., ácido retinoíco a 0,3%) como reforço na sessão seguinte (para pacien- tes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick de I a III). • Preparação da pele: Para os primeiros tratamentos de peeling, a pele geralmente é preparada antes da aplicação do produto utilizando o protocolo básico descrito na seção de Preparação deste capítulo. Nas sessões subsequentes, pode-se fazer uma preparação mais intensa para aumentar a penetração da solução de peeling e intensificar o tratamento (veja Descrição do Procedimento de Peeling Quími- co, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos). • Microdermoabrasão: A mícrodermoabrasão pode ser realizada antes da apli- cação do peeling de AG para remover a barreira de estrato córneo e permitir a penetração mais profunda e homogênea da solução. Por exemplo, duas pas- 94 Peelings Químicos sagens de um aparelho de microdermoabrasão com elemento abrasivo suave- -moderado e ajuste de vácuo em nível suave-moderado podem ser realizadas pouco antes do peeling de AG para intensificar o tratamento. Quando se combi- nam essas duas modalidades esfoliativas, é recomendável seguir os protocolos .recomendados pelo fabricante, porque as características c a profundidade de penetração do peeling podem aumentar expressivamente quando o estrato cór- neo foi removido. • Modifique um parâmetr o terapêutico de cada vez (p.ex., tempo de aplicação, concentração da solução de peeling, reforço, preparação da pele ou esfoliação pré-trata;nento) para aumentar a intensidade do tratamento de forma mais se- gura e controlada possível. Em geral, a durc~ção do procedimento é a primeira variável a ser aumentada quando a concentraçãodo ácido é a mesma. Na sessão subsequente, a concentração é aumentada e a duração do procedimento não é alterada e assim por diante. • A intensidade do tratamento pode ser aumentada nas sessões subsequentes apenas se o paciente tiver tolerado bem determinado procedimento de peeling. A pele é dinâmica e variáveis fora do controle dos médicos tanbém podem modificar-se, inclusive esquema de produtos aplicados pelo paciente antes do procedimento; tudo isto pode alterar a pele e sua resposta aos peelings químicos. Por essa razão, nem sempre é possível aumentar a intensidade do tratamento a cada sessão. • Os protocolos de peeling progressivo para pele fotoenvelhecida (veja Peeling Progressivo) c outras lesões cutâneas estéticas comuns (p.ex., pele sensível, acne e b iperpigmentação) (veja Notas sobre Lesões e Problemas Específicos) estão re- visados na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Aspectos Econômicos Os custos dos peelings de AHA variam nas diferentes regiões geográficas, mas ge- ralmente oscilam na faixa deUS$ 65 a 150 por sessão. Em geral, os peelings quí- micos são realizados e cobrados por uma série de seis sessões de fo rma a ajudar a alcançar os melhores resultados possíveis e assegurar maior satisfação para os pacientes e os médicos. Fornecedores de Suprimentos Veja Anexo 8, Fornecedores de Suprimentos para Peeling Químico e Produtos Tó- picos. ... - Peeling de Ácido Beta-Hidroxílico: Ácido Salicílico Necessidade de Parâmetro Branqueamento ~eeling Químico Neutralização Ácido Não Clinico Desejável Eritema Sim, Desconforto ++ Descamação Variável salicílico suave pseudofrosting (AS) l -- +, brando;++, moderado;+++, Intenso. Este capítulo descreve como fazer um peeling químico superficial com ácido salicí- lico (AS), que é comumente utilizado, como o ácido beta-hidroxílico (BHA). Veja informações sobre pee/ings compostos contendo BHAs no capítulo sobre Outros Peelings Compostos Autoneutralizantes. Etapas do Pee/ing Químico 1. Posição para preparação, colocação dos campos, limpeza e remoção da gordura da pele, aplicação de proteção ocular e de vaselina. 2. Aplicação da solução de peeling químico. 3. Finalização. 4. Reforço (opcional). S. Aplicação dos produtos tópicos. 95 96 Peelings Quimicos Escolha da Solução de Peeling Químico, Contraindicações, Equipamentos, Lista de Verificação Antes do Procedimento, Produtos de Cuidado da Pele Antes do Procedimento, Teste de Placa, Etapas do Procedimento de Peeling Químico, Revisão do Procedimento de Peeling Químico Veja seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Contra indicações • Alergia à aspirina. Veja outras contraindicações na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Principais Fatores Modificados para Aumentar a Profundidade do Peeling • Número de camadas aplicadas. • Concentração da solução de peeling químico. O aumento do número de camadas (a definição de uma camada é a cobertura com- pleta da área a ser tratada com a solução de peelingquímico) deposita uma quantida- de maior do produto na pele e, deste modo, aumenta a profundidade de sua penetra- ção. Muitos outros fatores podem aumentar a profundidade do peeling de AS e estão descritos em Fatores que Afetam a Profundidade de Penetração do Peeling Químico, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Outras Considerações Práticas Aplicáveis aos Peelings de BHA • Formulações. Em geral, as formulações para peeling de BHA são soluções ou géis. As potências dos produtos que contêm apenas AS e são utilizados nos pee- lings superficiais variam entre 10 e 30%. • Teste de placa. O teste de placa é recomendável antes de todos os peelings quí- micos (veja descrição dos métodos e da interpretação do teste em Teste de Placa, seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos). • Efeitos tóxicos. A intoxicação por salicilato (ou salicilismo) é extremamente rara com as concentrações das soluções de AS utilizadas para realizar peelings superficiais. Os sinais de salicilismo são náusea, desorientação e tinido. A apli- cação da solução em grandes superfícies corporais (p.ex., mais de 25% da su- Capitulo 3'·' Peeling de Acido Beta-Hidroxílico: Acido Salicllíco 97 perfície corporal total, ou todo o dorso) deve ser evitada para reduzir o risco de intoxicação (veja Tabela 2, áreas de superfície corporal, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos). Como Realizar um Peeling Químico Superficial de Ácido Beta-Hidroxílico Utilizando Ácido Salicílico a 20o/o O procedimento descrito a seguir utiliza ácido salicílico a 20% (Micropeel Plus 20, da SkinCeuticals) como exemplo de um peeling químico de ácido beta-hidroxílico. As técnicas variam com os produtos de diferentes fabricantes e os médicos devem estar familiarizados com os protocolos do fármaco específico utilizado e seguir as instruções dos fabricantes. Preparação: Posição, Colocação dos Campos, Limpeza e Remoção da Gordura da Pele, Aplicação dos Protetores Oculares e da Vaselina 1. Reúna todos os produtos necessários ao procedimento e coloque-os ao alcan- ce das mãos. 2. Coloque o paciente em posição supina na mesa de tratamento. 3. Prenda os cabelos do paciente de forma que não caiam na face utilizando uma faixa de cabelo ou um gorro cirúrgico. 4. Coloque uma toalha em torno do pescoço e no peito de forma a proteger as roupas do paciente. 5. Aplique um agente de limpeza suave na face com as mãos enluvadas e use as pontas dos dedos para esfregar a substância em pequenos movimentos circu- lares. Remova utilizando gaze de 1 O x lO em umedecida com água. 6. Limpe novamente a face com um agente de limpeza à base de ácido hidroxíli- co utilizando o mesmo método descrito anteriormente. 7. Remova a gordura da pele com um tonificante adstringente utilizando gaze de 5 x 5 em. A mesma técnica de aplicação que será usada com a solução de peeling também pode ser utilizada para remover a gordura da pele, de forma a reforçar o método de aplicação {veja etapa 13, adiante). Deixe a pele secar. 8. Examine a pele novamente e, se necessário, delimite as áreas a serem tratadas. • As lesões da acne podem ser tratadas, mas é recomendável evitar o trata- mento de todas as outras áreas com pele danificada. 9. Cubra os olhos do paciente com compressas adesivas descartáveis ou gaze umedecida como proteção. 10. Aplique vaselina parcimoniosamente nas áreas de acumulação potencial uti- lizando um aplicador com ponta de algodão, inclusive os sulcos dos ângulos laterais, os sulcos nasolabiais (principalmente nas asas do nariz), as comissu- ras orais e as linhas de marionete. 98 Peelings Químicos Aplicação do Peeling Químico 11. Escolha a solução de peeling apropriado e o aplicador desejado. Nesse caso, utilizaremos um aplicador de gaze não trançada de 5 x 5 em. 12. Impregne a gaze de 5 x 5 em com a solução de peeling químico - coloque uma gaze seca dentro de uma tigela de cerâmica e, utilizando um gotejador, dis- pense a quantidade indicada pelo fabricante dentro da tigela. Dobre a gaze em quatro e esprema as gotas em excesso do ácido dentro da tigela. Seque as mãos enluvadas com uma toalha. 13. Aplique o AS uniformemente na face com a gaze de 5 x 5 em, utilizando o padrão estabelecido para aplicação de peeling, conforme descrito em Descri- ção Geral do Procedimento de PeelingQuímico, seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. • Quadrante 1, fronte. Aplicando pressão firme, escorregue a gaze do super- cílio até a linha dos cabelos. • Quadrante 2, região malar. Impregne novamente a gaze com a solução de peeling químico na tigela de cerâmica, conforme descrito anteriormente. Escorregue a gaze da têmpora até a linha da mandíbula de um dos lados da face. A região malar pode ser coberta por varreduras horizontais, da região mediai para a lateral ou de cima parabaixo. • Quadrante 3, região malar. Impregne novamente a gaze com a solução de peeling químico na tigela de cerâmica, conforme descrito anteriormente. Repita o procedimento no lado oposto da face. • Quadrante 4 , região mediai da face. Não impregne novamente a gaze com solução de peeling. Escorregue a gaze descendo pelo dorso do nariz, ao lon- go de cada parede lateral, acima do lábio superior e depois sobre o queixo. • Cubra a borda da área tratada com a solução de peeli11g químico, esfre- gando ligeiramente a gaze 1 em abaLxo da linha da mandíbula. Isso ajuda a evitar uma possível linha de demarcação visível entre a pele tratada e a não tratada. • Frascos abertos ou aplicadores embebidos nunca devem ser passados so- bre os olhos do paciente. Se a solução de peeling cair nos olhos do paciente, irrigue imediatamente os olhos com grande quantidade de soro fisiológico ou água. • Se o paciente tiver rugas profundas, estique a pele enquanto estiver apli- cando a solução de peeling para reduzir a possibilidade de acumulação da solução dentro das rugas. 14. Depois de aplicar uma camada da solução de peeling na área tratada, comece a contar o tempo do procedimento. 15. Forneça ao paciente um ventilador portátil. O uso do ventilador pelo próprio paciente reduz o desconforto e funciona como distração. 16. Peça ao paciente para descrever quaisquer sensações ou desconfortos que pos- sam ter utilizando uma escala de dor de l a l O. Peeling de Acido Beta-Hidroxflico: Acido Salicílico 99 • Sensações de formigamento, prurido, ardência ou ferroadas são comuns e, em geral, alcançam intensidade máxima dentro de dois a três minutos de- pois da aplicação e, em seguida, regridern. • Desconforto de até 5 ou 6 em uma escala de 1 O é aceitável. 17. Observe a pele de toda a área tratada de forma a avaliar os parâmetros clínicos desejáveis e indesejáveis. Com os peelings químicos de ácido beta-hidroxílico, os parâmetros clínico desejáveis são: • Eritema suave. • Resíduo pulverulento branco ("pseudofrostitlg''). Com os peelings químicos de ácido beta-hidroxílico, os parâmetros clinicas indesejáveis são: • Formação de vesículas/bolhas, que indicam epiderrnólise. • Desconforto excessivo referido pelo paciente, com dor mais intensa que 6 na escala de 1 a 10, ou sensações extremamente irritantes. 18. Em geral, um a dois minutos depois da aplicação da primeira camada da so- lução de peeling, forma-se um resíduo pulverulento branco, que representa a cristalização do AS e é diferente do frosting causado pelo TCA. Espere dois a três minutos de forma a assegurar-se de que o peeling penetrou completamen- te e, em seguida, remova o resíduo com gaze seca. 19. As lesões da acne podem realmente formar frosting em consequência da pene- tração mais profunda da solução de peeling. O frosting não deve ser removido com gaze. 20. Aplique outras camadas da solução de peeling na face, até completar duas ou três, utilizando a mesma técnica descrita anteriormente. Em geral, a primeira camada produz efeito anestésico e as camadas subsequentes geralmente cau- sam desconforto mínimo. Evite as lesões de acne que tiveram frosting. 21. Depois de aplicar a última camada, aguarde dois a três minutos e, em seguida, remova qualquer resíduo pulverulento com gaze. Finalização 22. O procedimento de peeling químico é terminado se/quando: • O parâmetro clínico desejável de eritema suave está visível, ou • Um parâmetro indesejável ocorre, inclusive formação de vesículas/bolhas, branqueamento da pele ou desconforto excessivo referido pelo paciente. 23. As soluções de peeling de ácido salicílico são autoneutralizantes e, deste modo, não requerem a aplicação de urna solução neutralizante. 1 00 Peelings Químicos 24. Se ocorrerem parâmetros clínicos indesejáveis, tente retirar qualquer exces- so da solução de peeling da pele usando gaze embebida em água. Coloque um chumaço de gaze de 10 x 10 em em uma tigela pequena e derrame água. Utilizando a gaze umedecida, limpe rapidamente a face do centro para a peri- feria. Repita o procedimento duas a três vezes usando gaze recém-embebida. Aplique sacos de gelo envolvidos em panos ou toalhas umedecidos gelados na face para atenuar o desconforto. Em geral, os pacientes referem agravação transitória do calor/desconforto depois da aplicação da água. O paciente pode continuar a usar o ventilador quanto quiser para aliviar o desconforto. Reforço (Opcional) 25. Os peeliugs de retinoides podem ser aplicados depois de concluir o peeling de AS, contanto que não tenham ocorrido parâmetros indesejáveis, de forma a intensificar o tratamento e acelerar o processo de descamação. • É recomendável primeiramente realizar o procedimento de peeling de AS sem reforço de retinoide de forma a assegurar a tolerância ao primeiro peeling. • Seque a pele com o ventilador ou com gaze, antes de aplicar o peeling de reti- noide. Veja informações sobre aplicação dos peelings de reforço no capítulo sobre Peeling de Retinoide. • É importante que os médicos sigam as recomendações do fabricante quanto à utilização do reforço com peelings de retinoide depois do peeling principal, de forma a confirmar a conveniência de combinar essas preparações e asse- gurar sua compatibilidade. Aplicação dos Produtos Tópicos 26. Suavizante. Avalie o grau de eritema da pele e aplique produtos tópicos suavi- zantes, conforme descrito a seguir. • Eritema moderado-grave: aplique um creme corticoide de alta potência (p.ex., triancinolona a 0,5%), evitando a área periocular. • Eritema moderado: aplique um creme corticoide de potência intermediá- ria (p.ex., triancinolona a 0,1 %), evitando a área periocular. • Eritema suave: aplique um creme corticoide de baixa potência (p.ex., hi- drocortisona de 0,5 a 2,5%), ou um umidificante suavizante (p.ex., Epider- mal Repair da SkínCeuticals ou Calming Balm da PCA SKIN). 27. Proteção. Ao final do procedimento, aplique um filtro solar de amplo espec- tro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio para proteger a pele contra exposição à luz UV (p.ex., produtos da Skin Medica, Solar Protection, SkínCeuticals ou PCA SKIN). Peeling de Acido Beta-Hidroxflico: Acido Salicflico 101 Cuidados Depois do Procedimento • Os pacientes que necessitam de corticoides tópicos logo depois do tratamento são beneficiados pela inclusão de um corticoide tópico no seu esquema de cui- dados domiciliares pós-procedimento, de forma a atenuar ainda mais o eritema e, deste modo, reduzir o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória. • As lesões da acne que formaram frosting podem desenvolver crostas dentro de um a dois dias depois do tratamento. Essas lesões são tratadas com aplicações diárias de bacitracina até que cicatrizem. Veja instruções sobre cuidados pós-procedimento em Cuidados Depois do Proce- dimento, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Intervalos entre os Tratamentos, Complicações e seu Tratamento Veja essas seções em Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Peeling Progressivo: Como Aumentar a Intensidade dos Tratamentos Subsequentes Os tratamentos com peeling de ácido salicílico podem ser intensificados nas ses- sões subsequentes aumentando-se a profundidade de penetração do peelingde vá- rias formas: • Concentração da solução de peeling. A utilização de uma solução de peeling químico mais concentrado pode intensificar o tratamento com AS. Por exemplo, depois de um peeling inicial com AS a 20%, o tratamento subsequente pode ser realizado com a próxima concentração mais alta (p.ex., AS a 30%). • Reforço: Depois do peeling principal de AS, pode-se aplicar um peeling adicional de retinoide para aumentar a intensidade do tratamento e acelerar a descamação. Por exemplo, depois de um peeling de AS a 30%, o próximo tratamento pode ser intensificado aplicando-se um retinoide vendido sem prescrição (p.ex., retino! a 10%) como fase de reforçoao processo de descamação. Na sessão subsequente, o tratamento pode ser intensificado ainda mais com a aplicação de ácido retinoico a 0,3% como reforço (pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick de I a III). • Preparação da pele. Para os primeiros tratamentos de peeling, a pele geralmente é preparada antes da aplicação do produto utilizando o protocolo básico des- crito na seção de Preparação deste capítulo. Nas sessões subsequentes, pode-se fazer uma preparação mais intensiva para aumentar a penetração da solução de peeling e intensificar o tratamento (veja Descrição Geral do Procedimento de Peeling Químico, seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos). 102 Peelings Químicos • :'vlicrodermoabrasão. A microdermoabrasão pode ser realizada antes da apli- cação do peeling de AS para remover a barreira de estrato córneo e permitir a penetração mais profunda e homogênea da solução. Por exemplo, duas pas- sagens de um aparelho de microdermoabrasão com elemento abrasivo suave- -moderado e ajuste de vácuo em nível suave-moderado podem ser realizadas pouco antes do peeling de AS para inten.sil'icar o tratamento. Quando se combi- nam essas duas modalidades esfoliativas, é recomendável seguir os protocolos recomendados pelo fabricante, porque as características e a profundidade de penetração do peeling podem aumentar expressivamente quando o estrato cór- neo foi removido. • Modifique um parâmetro terapêutico de cada vez (p.ex., tempo de aplicação, concentração da solução de peeling, reforço, preparação da pele ou esfoliação pré-tratamento) para aumentar a intensidade do tratamento de forma mais se- gura e controlada possível. Em geral. a concentração da solução de peeling é a plimeira variável a ser aumentada. Quando a concentração desejada é alcança- da, a intensidade do tratamento subsequente pode ser aumentada por esfoliação pré-tratamento (microdermoabrasão) ou um peeling de reforço. • A intensidade do tratamento pode ser aLunentada nas sessões subsequentes apenas se o paciente tiver tolerado bem determinado procedimento de peeling. A pele é dinâmica e variáveis fora do controle dos médicos também podem modificar-se, inclusive esquema de produtos aplicados pelo paciente antes do procedimento; tudo isto pode alterar a pcle e sua :::esposta aos peelings químicos. Por essa razão, nem sempre é possível aumentar a intensidade do tratan1ento a cada sessão. Aspectos Econômicos Os custos dos peelings de AS variam nas diferentes regiões geográficas, mas geral- mente oscilam na faixa deUS$ 65 a 150 por sessão. Em geral, os peelings químicos são realizados e cobrados por urna série de seis sessões de forma a ajudar a alcan- çar os melhores resultados possíveis e assegurar maior satisfação para os pacientes e os médicos. Fornecedores de Suprimentos Veja Anexo 8, Fornecedores de Suprimentos para Peeling Químico e Produtos Tó- picos. Peeling de Ácido Tricloroacético Peellng Necessidade de Para metro Branqueamento Qufmlco Neutralização Clfnlco Desejável Desconforto Descamação Ácido Não Eritema Sim, frosting de +++ Sim tricloro- suave a nível I ! acético moderado +,brando;++, moderado;+++, intenso. Este capítulo descreve como fazer um peeling químico superficial com ácido tri- cloroacético (TCA). Veja informações sobre peelings compostos contendo TCA no capítulo sobre Outros Peelings Compostos Autoneutralizantes. Etapas do Peeling Químico l. Posição para preparação, colocação dos campos, limpeza e remoção da gordura da pele, aplicação de proteção ocular e de vaselina. 2. Aplicação da solução de peeling químico. 3. Finalização. 4. Reforço (opcional). 5. Aplicação dos produtos tópicos. Escolha da Solução de Peeling Químico • Embora os peelings superficiais possam ser realizados em todos os fototipos cutâneos de Fitzpatrick (I a VI), recomenda-se cautela quando se utilizam 103 104 Peelings Químicos soluções de peelíng de TCA a 20% para tratar pacientes com fototipos cutâ- neos mais pigmentados (IV a VI), em razão do seu risco mais elevado de com- plicações pigmentares, inclusive hiperpigmentação e hipopigmentação pós- -inflamatórias. Veja informações adicionais sobre escolha da solução de peeling na seção Introdu- ção e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Escolha da Solução de Peeling Químico, Contraindicações, Equipamentos, Lista de Verificação Antes do Procedimento, Produtos de Cuidado da Pele Antes do Procedimento, Teste de Placa, Etapas do Procedimento de Peeling Químico, Revisão do Procedimento de Peeling Químico Veja seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Principais Fatores Modificados para Aumentar a Profundidade do Peeling • Número de camadas aplicadas. • Concentração da solução de peeling químico. O aumento do número de camadas (a definição de uma camada é a cobertura completa da área a ser tratada com a solução de peeling químico) deposita uma quantidade maior do produto na pele e, deste modo, aumenta a profundidade de sua penetração. Muitos outros fatores podem aumentar a profundidade do peeling de TCA e estão descritos em Fatores que Afetam a Profundidade de Penetração do Peeling Químico, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelirtgs Químicos. Outras Considerações Práticas Aplicáveis aos Peelings de TCA • Formulações. Em geral, as formulações para peeling de TCA são soluções. As concentrações dos produtos que contêm apenas TCA e são utilizados nos peelings superficiais são de até 20%. • Teste de placa. O teste de placa é recomendável antes de todos os peelings quí- micos (veja descrição dos métodos e da interpretação do teste em Teste de Placa, seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos). Capftulo 4 Peeling de Acido Tricloroacético 105 Como Realizar um Peeling Químico Superficial Utilizando Ácido Tricloroacético a 20°/o O procedimento descrito a seguir utiliza TCA a 20% (da Rhonda Allison) como exemplo. As técnicas variam com os produtos de diferentes fabricantes e os médi- cos devem estar familiarizados com os protocolos do fármaco específico utilizado e seguir as instruções dos fabricantes. Preparação: Posição, Colocação dos Campos, Limpeza e Remoção da Gordura da Pele, Aplicação dos Protetores Oculares e da Vaselina 1. Reúna todos os produtos necessários ao procedimento e coloque-os ao alcan- ce das mãos. 2. Coloque o paciente em posição supina na mesa de tratamento. 3. Prenda os cabelos do paciente de forma que não caiam na face utilizando uma faixa de cabelo ou um gorro cirúrgico. 4. Coloque uma toalha em torno do pescoço e no peito de forma a proteger as roupas do paciente. 5. Aplique um agente de limpeza suave na face com as mãos enluvadas e use as pontas dos dedos para esfregar a substância em pequenos movimentos circu- lares. Remova utilizando gaze de 10 x 10 em umedecida com água. 6. Limpe novamente a face com um agente de limpeza à base de ácido hidroxíli- co utilizando o mesmo método descrito anteriormente. 7. (Opcional) Esfregue a face com um produto de microesferas utilizando o mé- todo descrito anteriormente. Use gaze para secar a pele e remova quaisquer microesferas restantes. 8. Remova a gordura da pele com um tonificante adstringente utilizando gaze de 5 x 5 em. A mesma técnica de aplicação que será usada com a solução de peeling também pode ser utilizada para remover a gordura da pele, de forma a reforçar o método de aplicação (veja etapa 14, adiante). Deixe a pele secar. 9. Examine a pele novamente e, se for necessário, delimite as áreas a serem tra- tadas. É aconselhável evitar o tratamento em todas as lesões abertas (inclusive lesões de acne). 10. Cubra os olhos do paciente com compressas adesivas descartáveis ou gaze umedecida como proteção. 11. Aplique vaselina parcimoniosamente nas áreas de acumulação potencial uti- lizando um aplicador com ponta de algodão, inclusive os sulcos dos ângulos laterais, os sulcos nasolabiais (principalmentenas asas do nariz), as comissu- ras orais e as linhas de marionete, bem como nas lesões da acne. 106 Peelings Químicos rlica'"ão do Peeling Químico 12. Escolha a solução de peeling apropriado e o aplicador desejado. Nesse caso, utilizaremos um aplicador de gaze não trançada de 5 x 5 em. 13. Impregne a gaze de 5 x 5 em com a solução de peeling químico - coloque uma gaze seca dentro de uma tigela de cerâmica e, utilizando um gotejador, dis- pense a quantidade indicada pelo fabricante dentro da tigela. Dobre a gaze em quatro e esprema as gotas em excesso do ácido dentro da tigela. Seque as mãos enluvadas com uma toalha. 14. Aplique o TCA uniformemente na face com a gaze de 5 x 5 em, utilizando o padrão estabelecido para aplicação de peeling, conforme descrito em Descri- ção Geral do Procedimento de Peeling Químico, seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. • Quadrante 1, fronte. Aplicando pressão firme, escorregue a gaze do super- cílio até a linha dos cabelos. • Quadrante 2, região malar. Impregne novamente a gaze com a solução de peeling qui mico na tigela de cerâmica, conforme descrito anteriormente. Escorregue a gaze da têmpora até a linha da mandíbula de um dos lados da face. A região malar pode ser coberta por varreduras horizontais, da região mediai para a lateral ou de cima para baixo. • Quadrante 3, região malar. Impregne novamente a gaze com a solução de peeling químico na tigela de cerâmica, conforme descrito anteriormente. Repita o procedimento no lado oposto da face. • Quadrante 4, região mediai da face. Não impregne novamente a gaze com solução de peeling. Escorregue a gaze descendo pelo dorso do nariz, ao lon- go de cada parede lateral, acima do lábio superior e depois sobre o queixo. • Cubra a borda da área tratada com a solução de peeling químico, esfregando ligeiramente a gaze 1 em abaixo da linha da mandíbula. Isso ajuda a evitar uma possível linha de demarcação visível entre a pele tratada e a não tratada. • Frascos abertos ou aplicadores embebidos nunca devem ser passados so- bre os olhos do paciente. Se a solução de peeling cair nos olhos do paciente, irrigue imediatamente os olhos com grande quantidade de soro fisiológico ou água. • Se o paciente tiver rugas profundas, estique a pele enquanto estiver apli- cando a solução de peeling para reduzir a possibilidade de acumulação da solução dentro das rugas. 15. Depois de aplicar uma camada da solução de peeling na área tratada, comece a contar o tempo para monitorar a duração do procedimento. 16. Forneça ao paciente um ventilador portátil. O uso do ventilador pelo próprio paciente reduz o desconforto e funciona como distração. 17. Peça ao paciente para descrever quaisquer sensações ou desconfortos que pos- sam ter utilizando uma escala de dor de 1 a 10. Peeling de Acido Tric/oroacético 107 • Sensações de formigamento, prurido, ardência ou ferroadas são comuns e, em geral, alcançam intensidade máxima dentro de dois a três minutos de- pois da aplicação e, em seguida, regridem. • Desconforto de até 5 ou 6 em uma escala de 10 é aceitável. 18. Observe a pele de toda a área tratada de forma a avaliar os parâmetros clínicos desejáveis e indesejáveis. Com os peelings químicos de ácido tricloroacético, os parâmetros clínicos desejáveis são: • Eritema suave a moderado. • Frosting nível I (ligeiro branqueamento da pele com eritema variegado). Com os peelings químicos de ácido tricloroacético, os parâmetros clínicos indesejáveis são: • Formação de vesículas/bolhas, que indicam epidermólise. • Desconforto excessivo referido pelo paciente, com dor mais intensa que 6 na escala de 1 a 10, ou sensações extremamente irritantes. 19. Espere dois a três minutos para assegurar-se de que a solução de peeling pe- netrou completamente. Avalie o grau de eritema da pele e a coloração esbran- quiçada sobrejacente, também conhecida como frosting. O frosting é atribuído à coagulação das proteínas e dos ceratinócitos da superfície da pele. • O frosting de nível I, visível na forma de branqueamento suave da pele com eritema variegado, é o parâmetro clínico desejável com os peelings superfi- ciais de TCA. • As lesões da acne geralmente formam frosting em razão da penetração mais profunda da solução de peeling. 20. Quando o frosting não fica evidente na face, aplique outra camada da solução de peeling na face utilizando a técnica descrita anteriormente. Cada camada aumenta a profundidade da penetração. 21. Aguarde dois a três minutos e avalie a pele. Se o eritema for suave a moderado e o f rosting ainda não estiver aparente, aplique uma terceira e última camada, conforme descrito anteriormente. Finalização 22. O procedimento de peeling químico é terminado se/quando: • O parâmetro clínico desejável de eritema suave a moderado está visível, ou • Ocorre frosting de nível I (branqueamento suave da pele com eritema va- riegado), ou 1 08 Peelings Químicos • Ocorre um parâmetro indesejável, inclusive formação de vesículas/bolhas, branqueamento da pele ou desconforto excessivo referido pelo paciente. 23. As soluções de peeling de TCA são autoneutralizantes e, deste modo, não re- querem a aplicação de uma solução neutralizante. 24. Se ocorrerem parâmetros clínicos indesejáveis, tente retirar qualquer exces- so da solução de peeling da pele usando gaze embebida em água. Coloque um chumaço de gaze de 10 x 10 em em uma tigela pequena e derrame água. Utilizando a gaze umedecida, limpe rapidamente a face do centro para a peri- feria. Repita o procedimento duas a três vezes usando gaze recém-embebida. Aplique sacos de gelo envolvidos em panos ou toalhas umedecidos gelados na face para atenuar o desconforto. Em geral, os pacientes referem agravação transitória do calor/desconforto depois da aplicação da água. O paciente pode continuar a usar o ventilador quanto quiser para aliviar o desconforto. Reforço • Os peelitags de retinoides geralmente não são aplicados depois dos peelings de TCA puro (p.ex., TCA a 20%). Aplicação dos Produtos Tópicos 25. Suavizante. Avalie o grau de eritema da pele e aplique produtos tópicos suavi- zantes, conforme descrito a seguir. • Eritema moderado-grave: aplique um creme corticoide de alta potência (p.ex., triancinolona a 0,5%), evitando a área periocular. • Eritema moderado: aplique um creme corticoide de potência intermediá- ria (p.ex., triancinolona a 0,1% ), evitando a área periocular. • Eritema suave: aplique um creme corticoide de baixa potência (p.ex., hi- drocortisona de 0,5 a 2,5%), ou um umidificante suavizante (p.ex., Epider- mal Repair da SkinCeuticals ou Calming Balm da PCA SKIN). 26. Proteção. Ao final do procedimento, aplique um filtro solar de amplo espec- tro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio para proteger a pele contra exposição à luz UV (p.ex., produtos da Skin Medica, Solar Protection, SkinCeuticals ou PCA SKIN). Cuidados Depois do Procedimento • O frosting geralmente desaparece dentro de uma a duas horas e o eritema torna- -se mais evidente. Com os peelings de TCA, a descam ação é mais significativa que com a maioria dos outros peelings superficiais. • Os pacientes que necessitam de corticoides tópicos logo depois do tratamento são beneficiados pela inclusão de um corticoide tópico no seu esquema de cui- dados domiciliares pós-procedimento, de forma a atenuar ainda mais o eritema e, deste modo, reduzir o r isco de hiperpigmentação pós-inflamatória. Capítulo_ 4~ Peeling de Acido Tricloroacético 109 Veja instruções sobre cuidados pós-procedimento em Cuidados Depois do Proce- dimento, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelirtgs Químicos. Intervalos entre os Tratamentos, Complicações e seu Tratamento Veja seção de Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelíngs Químicos. Peeling Progressivo: Como Aumentar a Intensidade dos Tratamentos Subsequentes Os tratamentos com peeling de ácido tricloroacéticopodem ser intensificados nas sessões subsequentes aumentando-se a profundidade de penetração do peeling de várias formas: • Concentração da solução de peeling. A utilização de uma solução de peeling químico mais concentrado pode intensificar o tratamento com TCA. Por exem- plo, depois de um peeling inicial com TCA a 10%, o tratamento subsequente pode ser realizado com a próxima concentração mais alta (p.ex., TCA a 20%). • Número de camadas. Em geral, o primeiro passo para aumentar a intensidade do tratamento com TCA é aplicar mais camadas. Por exemplo, se uma sessão foi finalizada depois de duas camadas da solução de TCA a 20%, o tratamento subsequente com a mesma solução terá três a cinco camadas com o objetivo de produzir frosting de nível!. • Modifique um parâmetro terapêutico de cada vez (p.ex., concentração ou nú- mero de camadas) para aumentar a intensidade do tratamento de forma mais segura e controlada possível. • A intensidade do tratamento pode ser aumentada nas sessões subsequentes apenas se o paciente tiver tolerado bem determinado procedimento de peeling. A pele é dinâmica e variáveis fora do controle dos médicos também podem modificar-se, inclusive esquema de produtos aplicados pelo paciente antes do procedimento; tudo isto pode alterar a pele e sua resposta aos peelíngs químicos. Por essa razão, nem sempre é possível aumentar a intensidade do tratamento a cada sessão. Aspectos Econômicos Os custos dos peelings de TCA variam nas diferentes regiões geográficas, mas ge- ralmente oscilam na faixa de US$ 400 a 900 por sessão de tratamento com solução de TCA a 20%. Em geral, as soluções de TCA puro são utilizadas como uma das últimas sessões de uma série de peelings químicos e o procedimento pode ser co- brado separadamente ou como parte do tratamento de seis sessões. 110 Peelings Químicos Fornecedores de Suprimentos Veja Anexo 8, Fornecedores de Suprimentos para Peeling Químico e Produtos Tó- picos. - Peeling de Jessner Peeling Necessidade de Pari metro Branqueamento Qufmico Neutralização Clínico Desejável Desconforto Descamação Solução Não Eritema Sim, pseudo- ++ Sim de suave a frosting Jessner moderado +,brando;++, moderado;+++, intenso. Este capítulo descreve como fazer um peelíng químico superficial com solução de Jessner, um dos peelings compostos autoneutralizantes mais amplamente conhe- cidos e utilizados. A formulação tradicional da solução de Jessner contém ácido láctico a 14%, ácido salicílico a 14% e resorcinol a 14%. Etapas do Peeling Químico I. Posição para preparação, colocação dos campos, limpeza e remoção da gordura da pele, aplicação de proteção ocular e de vaselina. 2. Aplicação da solução do peeling químico. 3. Finalização. 4. Reforço (opcional). S. Aplicação dos produtos tópicos. Escolha da Solução do Peeling Químico • Embora os peelings superficiais possam ser realizados em todos os fototipos cutâneos de Fitzpatrick (I a VI), recomenda-se cautela quando se utiliza o peeling 111 112 Peelings Químicos com solução de Jessner para tratar pacientes com fototipos cutâneos mais pig- mentados (IV a VI), em razão do seu risco mais elevado de complicações pig- mentares, inclusive hiperpigmentação e hipopigmentação pós-inflamatórias. Veja informações adicionais sobre escolha da solução do peeling na seção Introdu- ção e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Escolha da Solução do Peeling Químico, Contraindicações, Equipamentos, Lista de Verificação Antes do Procedimento, Produtos de Cuidado da Pele Antes do Procedimento, Teste de Placa, Etapas do Procedimento de Peeling Químico, Revisão do Procedimento de Peeling Químico Veja seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Contraindicações • Alergia à aspirina. Veja outras contraindicações na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Q uímicos. Principais Fatores Modificados para Aumentar a Profundidade do Peeling • Número de camadas aplicadas. O aumento do número de camadas (a definição de uma camada é a cobertura completa da área a ser tratada com a solução do peeling químico) deposita uma quantidade maior do produto na pele e, deste modo, aumenta a profundidade de sua penetração. Muitos outros fatores podem aumentar a profundidade do peeling com solução de Jessner e estão descritos em Fatores que Afetam a Profundidade de Penetração do Peeling Químico, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Considerações Práticas Aplicáveis aos Peelings de Jessner • Formulações. Em geral, as formulações para peeling de Jessner são soluções contendo ácido láctico a 14%, ácido salicílico a 14% e resorcínol a 14%. Também existem soluções de Jessner potencializadas, que incluem os ingredientes habi- tuais desta solução e outros ingredientes acrescentados para tratar problemas es- pecíficos, inclusive hidroquinona ou ácido kójico para t ratar hiperpigmentação. CapítuloS Peeling de Jessner 113 • Teste de placa. O teste de placa é recomendável antes de todos os peelings quí- micos (veja descrição dos métodos e da interpretação do teste em Teste de Placa, seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos). • Tox.icidade e reações adversas. O resorcinol (um dos componentes da solução de Jessner) é um derivado do feno!. Quando é aplicado isoladamente em con- centrações altas (mais de 50%), o resorcinol pode causar efeitos tóxicos como mixedema devido a uma atividade tireotóxica e metemoglobinemia nas crian- ças. O resorcinol foi associado à dermatite de contato (visível como eritema e edema) nas concentrações utilizadas no peeling de Jessner (veja Complicações e Tratamento, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Quí- micos). A intoxicação por salicilato (ou salicilismo) é extremamente rara com as soluções de peeling que contêm ácido salicílico, inclusive a solução de Jessner. Os sinais de salicilismo são náusea, desorientação e tinido e existem casos rela- tados depois da aplicação de ácido salicílico na pele lesada. É importante evitar a aplicação em superfícies corporais amplas (p.ex., mais de 25% da superfície corporal total, inclusive dorso inteiro) para reduzir o risco de intoxicação (veja áreas da superfície corporal na Tabela 2, na seção Introdução e Conceitos Fun- damentais dos Peelings Químicos). Como Realizar um Peeling Químico Superficial com Solução de Jessner (Ácido Láctico a 14°/o, Ácido Salicílico a 14o/o e Resorcinol a 14°/o) O procedimento descrito a seguir utiliza uma solução de Jessner padronizada (da Global Skin Solutions) como exemplo. As técnicas variam com os produtos de di- ferentes fabricantes e os médicos devem estar familiarizados com os protocolos do fármaco específico utilizado e seguir as instruções dos fabricantes. Preparação: Posição, Colocação dos Campos, Limpeza e Remoção da Gordura da Pele, Aplicação dos Protetores Oculares e ~a Vaselina 1. Reúna todos os produtos necessários ao procedimento e coloque-os ao alcan- ce das mãos. 2. Coloque o paciente em posição supina na mesa de tratamento. 3. Prenda os cabelos do paciente de forma que não caiam na face utilizando uma faixa de cabelo ou um gorro cirúrgico. 4. Coloque uma toalha em torno do pescoço e no peito de forma a proteger as roupas do paciente. S. Aplique um agente de limpeza suave na face com as mãos enluvadas e use as pontas dos dedos para esfregar a substância em pequenos movimentos circu- lares. Remova utilizando gaze de 10 x 10 em umedecida com água. 114 Peelings Químicos 6. Limpe novamente a face com um agente de limpeza à base de ácido hidroxíli- co utilizando o mesmo método descrito anteriormente. 7. (Opcional) Esfregue a face com um produto de microesferas utilizando o mé- todo descrito anteriormente. Use gaze para secar a pele e remova quaisquer microesferas restantes. 8. Remova a gordura da pele com um tonificante adstringente utilizando gaze de 5 x 5 em. A mesma técnica de aplicação queserá usada com a solução do peeling também pode ser utilizada para remover a gordura da pele, de forma a reforçar o método de aplicação (veja etapa 14, adiante). Deixe a pele secar. 9. Examine a pele novamente e, se for necessário, delimite as áreas a serem tra- tadas. • As lesões da acne podem ser tratadas, mas é recomendável evitar o trata- mento de todas as outras áreas com pele danificada. 10. Cubra os olhos do paciente com compressas adesivas descartáveis ou gaze umedecida como proteção. 11. Aplique vaselina parcimoniosamente nas áreas de acumulação potencial uti- lizando um aplicador com ponta de algodão, inclusive os sulcos dos ângulos laterais, os sulcos nasolabiais (principalmente nas asas do nariz), as comissu- ras orais e as linhas de marionete. Ap~icação ,i- Peeling Químico 12. Escolha a solução do peeling apropriado e o aplicador desejado. Nesse caso, utilizaremos um aplicador de gaze não trançada de 5 x 5 em. 13. Impregne a gaze de 5 x 5 em com a solução do peeling químico - coloque uma gaze seca dentro de uma tigela de cerâmica e, utilizando um gotejador, dispense a quantidade indicada pelo fabricante dentro da tigela. Dobre a gaze em quatro e esprema as gotas em excesso do ácido dentro da tigela. Seque as mãos enluvadas com uma toalha. 14. Aplique a solução de Jessner uniformemente na face com a gaze de 5 x 5 em, utilizando o padrão estabelecido para aplicação de peeling, conforme descrito em Descrição Geral do Procedimento de Peeling Químico, seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. • Quadrante I , fronte. Aplicando pressão firme, escorregue a gaze do super- cílio até a linha dos cabelos. • Quadrante 2, região malar. Impregne novamente a gaze com a solução do peeling químico na tigela de cerâmica, conforme descrito anteriormente. Escorregue a gaze da têmpora até a linha da mandíbula de um dos lados da face. A região malar pode ser coberta por varreduras horizontais, da região mediai para a lateral ou de cima para baixo. • Quadrante 3, região malar. Impregne novamente a gaze com a solução do peeling químico na tigela de cerâmica, conforme descrito anteriormente. Peeling de Jessner 115 Repita o procedimento no lado oposto da face. • Quadrante 4, região mediai da face. Não impregne novamente a gaze com solução de peeling. Escorregue a gaze descendo pelo dorso do nariz, ao lon- go de cada parede lateral, acima do lábio superior e depois sobre o queixo. • Cubra a borda da área tratada com a solução do peeling químico, esfre- gando ligeiramente a gaze 1 em abaixo da linha da mandíbula. Isso ajuda a evitar uma possível linha de demarcação visível entre a pele tratada e a não tratada. • Frascos abertos ou aplicadores embebidos nunca devem ser passados so- bre os olhos do paciente. Se a solução do peeling cair nos olhos do paciente, irrigue imediatamente os olhos com grande quantidade de soro fisiológico ou água. • Se o paciente tiver rugas profundas, estique a pele enquanto estiver apli- cando a solução do peeling para reduzir a possibilidade de acumulação da solução dentro das rugas. 15. Forneça ao paciente um ventilador portátil. O uso do ventilador pelo próprio paciente reduz o desconforto e funciona como distração. 16. Peça ao paciente para descrever quaisquer sensações ou desconfortos que pos- sam ter utilizando uma escala de dor de 1 a 10. • Sensações de formigamento, prurido, ardência ou ferroadas são comuns e, em geral, alcançam intensidade máxima dentro de dois a três minutos de- pois da aplicação e, gradualmente, regridem em 10 minutos. • Desconforto de até 5 ou 6 em uma escala de 1 O é aceitável. 17. Observe a pele de toda a área tratada de forma a avaliar os parâmetros clínicos desejáveis e indesejáveis. Com os peelings químicos de solução de Jessner, os parâmetros clínicos desejáveis são: • Eritema suave. • Resíduo cristalino branco ("pseudojrosti11g'~. Com os peelings químicos de solução de Jessner, os parâmetros clínicos indesejáveis são: • Formação de vesículas/bolhas, que indicam epidermólise. • Desconforto excessivo referido pelo paciente, com dor mais intensa que 6 na escala de 1 a 10, ou sensações extremamente irritantes. 18. Depois da aplicação, o eritema geralmente é seguido de um branqueamento pulverulento da pele em razão da precipitação do ácido salicílico (que repre- senta a cristalização do AS e é diferente do frosting causado pelo TCA). Esse 116 Peelings Químicos resíduo de pó branco geralmente se forma na pele dentro de um a dois minu- tos depois da aplicação da primeira camada da solução do peeling. Aguarde dois a três minutos para assegurar que a solução do peeling penetrou comple- tamente e, em seguida, remova o resíduo com gaze seca. 19. As lesões da acne podem apresentarfrostingverdadeiro em razão da penetra- ção mais profunda da solução do peeling. Esse frosting não deve ser removido com gaze. 20. Aplique camadas adicionais da solução do peeling na face, até o total de duas a três camadas, utilizando a mesma técnica descrita anteriormente. Em geral, a primeira camada produz efeito anestésico e as camadas subsequentes geral- mente causam menos desconforto. Evite as lesões de acne que apresentaram frosting. 21. Depois da última camada, espere dois a três minutos e, em seguida, remova quaisquer resíduos brancos utilizando gaze seca. Finali.,.acão 22. O procedimento do peeling de Jessner é terminado se/quando: • O parâmetro clínico desejável de eritema suave está visível, ou • Ocorre parâmetro indesejável, inclusive formação de vesículas/bolhas, Jros- ting ou desconforto excessivo referido pelo paciente. 23. A solução de Jessner é autoneutralizante e, deste modo, não requerem a apli- cação de uma solução neutralizante. 24. Se ocorrerem parâmetros clínicos indesejáveis, tente retirar qualquer exces- so da solução do peeling da pele usando gaze embebida em água. Coloque um chumaço de gaze de 10 x 10 em em uma tigela pequena e derrame água. Utilizando a gaze umedecida, limpe rapidamente a face do centro para a peri- feria. Repita o procedimento duas a três vezes usando gaze recém-embebida. Aplique sacos de gelo envolvidos em panos ou toalhas umedecidos gelados na face para atenuar o desconforto. Em geral, os pacientes referem agravação transitória do calor/desconforto depois da aplicação da água. O paciente pode continuar a usar o ventilador quanto quiser para aliviar o desconforto. Reforço (Opcional) 25. Os peelings de retinoides podem ser aplicados depois de concluir o peeling com solução de Jessner, contanto que não tenham ocorrido parâmetros inde- sejáveis, de forma a intensificar o tratamento e acelerar o processo de desca- mação. • t recomendável primeiramente realizar o procedimento do peeling de Jess- ner sem reforço de retinoide de forma a assegurar a tolerância ao primeiro peeling. Peeling de Jessner 117 • Seque a pele com o ventilador ou com gaze, antes de aplicar o peeling de reti- noide. Veja informações sobre aplicação dos peelings de reforço no capítulo sobre Peeling de Retinoide. • É importante que os médicos sigam as recomendações do fabricante quanto à utilização do reforço com peelings de retinoide depois do peeling principal, de forma a confirmar a conveniência de combinar essas preparações e asse- gurar sua compatibilidade. Pplicação dos Produtos Tópicos 26. Suavizante. Avalie o grau de eritema da pele e aplique produtos tópicos suavi- zantes, conforme descrito a seguir. • Eritema moderado-grave: aplique um creme corticoide de alta potência (p.ex., triancinolona a 0,5%), evitando a área periocular. • Eritema moderado: aplique um creme corticoide de potência intermediá- ria (p.ex., triancinolona a 0,1 %), evitando a área periocular. • Eritema suave: aplique um creme corticoide de baixa potência (p.ex., hi- drocortisona de 0,5 a 2,5%), ou um umidificante suavizante (p.ex., Epider- mal Repair da SkinCeuticals ou Calming Balm da PCA SKIN). 27. Proteção. Ao final doprocedimento, aplique um filtro solar de amplo espec- tro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio para proteger a pele contra exposição à luz UV (p.ex., produtos da Skin Medica, Solar Protection, SkinCeuticals ou PCA SKlN). Cuidados Depois do Procedimento • Os pacientes que necessitam de corticoides tópicos logo depois do tratamento são beneficiados pela inclusão de um corticoide tópico no seu esquema de cui- dados domiciliares pós-procedimento, de forma a atenuar ainda mais o eritema e, deste modo, reduzir o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória. • As lesões de acne que apresentaram frosting podem formar crostas dentro de um a dois dias depois do tratamento. As lesões são tratadas com aplicação diária de bacitracina, até que cicatrizem. Veja instruções sobre cuidados pós-procedimento em Cuidados Depois do Proce- dimento, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Intervalos entre os Tratamentos, Complicações e seu Tratamento Veja seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. 118 Peelings Químicos Peeling Progressivo: Como Aumentar a Intensidade dos Tratamentos Subsequentes Os tratamentos com peeling de solução de Jessner podem ser intensificados nas sessões subsequentes aumentando-se a profundidade de penetração do peeling de várias formas: • Número de camadas. Em geral, o primeiro passo para aumentar a intensidade do tratamento com solução de Jessner é aplicar mais camadas. Por exemplo, se uma sessão foi finalizada depois de duas camadas da solução de Jessner, o trata- mento subsequente com a mesma solução pode ter três a cinco camadas. • Reforço. Depois do peeling principal com solução de Jessner, pode-se aplicar um peeling adicional de retiooide para aumentar a intensidade do tratamento e acelerar a descamação. Por exemplo, depois de um peeling de cinco camadas da solução de Jessner, o próximo tratamento pode ser realizado aplicando-se um retinoide vendido sem prescrição (p.ex., retinol a lO%) como .tàse de reforço ao processo de dcscamação. Na sessão subsequente, o tratamento pode ser in- tensificado ainda mais com a aplicação de ácido retinoico a 0,3% como reforço (pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick de I a III). • Pré-tratamento com microdermoabrasão. A microdermoabrasão pode ser realizada antes da aplicação do peeling de solução de Jessner para remover a barreira de estrato córneo e permitir a penetração mais profunda e homogênea da solução. Por exemplo, duas passagens de um aparelho de microdermoabra- são com elemento abrasivo suave-moderado e ajuste de vácuo em nível suave- -moderado podem ser realizadas pouco antes do peeling de Jessner para intcn- s:ficar o tratamento. Quando se combinam essas duas modalidades esfoliativas, é recomendável seguir os protocolos recomendados pelo f<1bricante, porque as características e a profundidade de penetração do peelíngpodem aumentar ex- pressivamente quando o estrato córneo foi removido. • Modifique um parâmetro terapêutico de cada vez (p.e.x.., número de camadas, reforço, ou esfoliação pré-tratamento) para aumentar a intensidade do trata- mento de forma mais segura e controlada possível. Quando o número desejado de camadas é alcançado, a intensidade do tratamento subsequente pode ser au- mentada por esfoliação pré-tratamento (microdermoabrasão) ou umpeelingde reforço. • A intensidade do tratamento pode ser aumentada nas sessões subsequentes apenas se o paciente tiver tolerado bem determinado procedimento de peeling. A pele é di:"lâmica e variáveis fora do controle dos médicos também podem modificar-se, inclusive esquema de produtos aplicados pelo paciente antes do procedimento; tudo isto pode :>Jterar a pele e sua resposta aos peelings químicos. Por essa razão, nem sempre é possível aumentar a intensidade do tratamento a cada sessão. Capítulo 5 Peeling de Jessner 119 Aspectos Econômicos Os custos dos peelings de Jessner variam nas diferentes regiões geográficas, mas geralmente oscilam na faixa deUS$ 110 a 275 por sessão de tratamento. Em geral, os peelings químicos são realizados e cobrados como uma série de seis sessões de tratamento para ajudar a alcançar os melhores resultados possíveis e assegurar a satisfação dos pacientes e dos médicos. Fornecedores de Suprimentos Veja Anexo 8, Fornecedores de Suprimentos para Peeling Químico e Produtos Tó- picos. ÃO & PRODUTOS TÓPICOS iiiiiiiiiiiii-- Capítulo, 6, Outros Peelings Compostos Autoneutralizantes: ,.. Ácido Tricloroacético e Ácido Láctico Peeling Necessidade de Parâmetro Branqueamento Químico Neutralização Clínico Desejável Desconforto Descamação Elings Não Eritema Raramente, + Sim mpostos suave pseudo- autoneu- frosting• tralizantes +,brando; ++, moderado; +++, intenso. • O pseudofrosring pode ocorrer com os pee/ings compostos que contêm ácido salicílico. Este capítulo descreve como fazer um peeling químico superficial utilizando uma solução composta autoneutralizante, que contém ácido tricloroacético (TCA) e ácido láctico (AL). Os métodos usados para aplicar soluções compostas de peeling variam dependendo dos componentes e da sua formulação. Os métodos descritos aqui são específicos do fabricante do produto usado como exemplo e diferem ligei- ramente dos que são apresentados nos outros capítulos deste livro com referência à técnica de aplicação, ao tratamento dos efeitos indesejáveis e ao uso dos produ- tos tópicos corretivos logo depois da aplicação da solução de peeling. As soluções compostas que requerem neutralização (p.ex., as que contêm ácido glicólico) estão descritas no capítulo deste livro sobre Peeling de Ácido Alfa-Hidroxílico. Etapas do Peeling Químico 1. Posição para preparação, colocação dos campos, limpeza e remoção da gordura da pele, aplicação de proteção ocular e de vaselina. 121 122 Peelings Químicos 2. Aplicação da solução de peeling químico. 3. Finalização. 4. Reforço (opcional). S. Aplicação dos produtos tópicos. Escolha da Solução de Peeling Químico, Contraindicações, Equipamentos, Lista de Verificação Antes do Procedimento, Produtos de Cuidado da Pele Antes do Procedimento, Teste de Placa, Etapas do Procedimento de Peeling Químico, Descrição Geral do Procedimento de Peeling Químico Veja seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Principais Fatores Modificados para Aumentar a Profundidade do Peeling • Número de camadas aplicadas. O aumento do número de camadas (a definição de uma camada é a cobertura completa da área a ser tratada com a solução de peeling químico) deposita uma quantidade maior do produto na pele e, deste modo, aumenta a profundidade de sua penetração. Muitos outros fatores podem aumentar a profundidade do pee/ing composto e estão descritos em Fatores que Afetam a Profundidade de Penetração do Peeling Químico, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Considerações Práticas Aplicáveis aos Peelings Compostos Autoneutralizantes • Formulações. Em geral, as soluções compostas de peeling autoneutralizantes contêm ácido salicílico (AS), TCA, ALe outros ácidos em concentrações relati- vamente baixas, em comparação com as preparações à base de um único ácido. Em geral, as formulações são soluções ou géis. Exemplos de soluções compostas de peeling autoneutralizantes são TCA a 10% com AL a 20%; AS a 20% com ácido mandélico a 10%; e retino! a 10% com AL a 20%. As soluções compostas autoneutralizantes também podem conter outros ingredientes ativos, que atu- am em distúrbios cutâneos específicos, inclusive inibidores da melanogênese (p.ex., hidroquinona e ácido kójico), hidratantes (p.ex., isoflavonas da soja), anti-inflamatórios (p.ex., bisabolol) e ingredientes antioxidantes (p.ex., ácido L-ascórbico). Outros Peelings Compostos Autoneutralizantes: Acidos Tricloroacético e Láctico 123 • Teste de placa. O teste de placa é recomendável antes de todos os peclings quími-cos (veja descrição dos métodos e da interpretação do teste em Teste de Placa na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelíngs Químicos). • To:xicidade e reações adversas. A intoxicação por salicilato (ou salicilismo) é extremamente rara com as soluções de peeling que contém ácido salicílico, em razão da concentração relativamente baixa presen te nas soluções compostas de peelíng. Os sinais de salicilismo são náusea, desorien tação e tinido e existem ca- sos relatados depois da aplicação de ácido salicílico na pele lesada. É importante evitar a aplicação em superfícies corporais amplas (p.ex., mais de 25% da super- fície corporal total, inclusive dorso inteiro) para reduzir o risco de intoxicação. Veja áreas da superfície corporal na Tabela 2, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Considerações Práticas sobre Peelings Compostos • Parâmetros clínicos dos peeliugs compostos. Eritema suave é o parâmetro de- sejado com a maioria dos peelings compostos. Os parâmetros clínicos também são determinados pelos ingredientes da fórmula e pela formulação específica da solução. Os médicos devem seguir as recomendações do fabricante quanto aos parâmetros clínicos de cada formulação específica a ser utilizada. • As soluções compostas de peelíng que contêm concentrações mais altas de TCA (p.ex., TCA entre 15 e 20%) podem causar frosting de nível 1 (ligeiro branqueamento da pele com eritema variegado), mas isto não é comum. • As soluções compostas que contêm ácido salicílico podem formar um precipi- tado pulverulento branco ("pseudofrosting"), embora isto nem sempre ocorra. • As soluções compostas que contêm retinoides geralmente produzem uma co- loração amarelada transitória na pele. • Neutralização d os peelings compostos. • As soluções compostas que contêm ácido glicólico requerem neutralização e o procedimento para sua aplicação é sem elhante ao recomendado para os peelings que contêm apenas ácido glicólico (veja o capítulo Peeling de Ácido Alfa-Hidroxílico: Ácido Glicólico). • As soluções compostas que não contêm ácido glicólico geralmente não reque- rem neutralização e estão descritas neste capítulo e também no capítulo sobre Peeling de Jessner. Como Realizar um Peeling Químico Superficial com Solução Composta Contendo TCA a 6°/o e Ácido Láctico a 12°/o O procedimento descrito a seguir utiliza, como exemplo peeling químico compos- to autoneutralizante, uma solução de TCA a 6% com ácido láctico a 12% (Sensi 124 Peellngs Químicos Peel, da PCA SKIN). As técnicas variam com os produtos de diferentes fabricantes e os médicos devem estar familiarizados com os protocolos do fármaco específico utilizado e seguir as instruções dos fabricantes. Preparação: Posição, Colocação dos Campos, Limpeza e Remoção da Gordura da Pele, Aplicação dos Protetores Oculares e da Vaselina 1. Reúna todos os produtos necessários ao procedimento e coloque-os ao alcan- ce das mãos. 2. Coloque o paciente em posição supina na mesa de tratamento. 3. Prenda os cabelos do paciente de forma que não caiam na face utilizando uma faixa de cabelo ou um gorro cirúrgico. 4. Coloque uma toalha em torno do pescoço e no peito de forma a proteger as roupas do paciente. 5. Aplique um agente de limpeza suave na face com as mãos enluvadas e use as pontas dos dedos para esfregar a substância em pequenos movimentos cir- culares. Remova utilizando gaze não trançada de 10 x 10 em umedecida com água. 6. Limpe novamente a face com um agente de limpeza à base de ácido hidroxíli- co utilizando o mesmo método descrito anteriormente. 7. Remova a gordura da pele com um tonificante adstringente utilizando gaze não trançada de 10 x 10 em. A mesma técnica de aplicação que será usada com a solução de peeling também pode ser utilizada para remover a gordura da pele, de forma a reforçar o método de aplicação (veja etapa 13, adiante). Deixe a pele secar. 8. Examine a pele novamente e, se for necessário, delimite as áreas a serem tratadas. • As lesões da acne podem ser tratadas, mas é recomendável evitar o trata- mento de todas as outras áreas com pele danificada. 9. Cubra os olhos do paciente com compressas adesivas descartáveis ou gaze umedecida como proteção. 10. Aplique vaselina parcimoniosamente nas áreas de acumulação potencial uti- lizando um aplicador com ponta de algodão, inclusive os sulcos dos ângulos laterais, os sulcos nasolabiais (principalmente nas asas do nariz), as comissu- ras orais e as linhas de marionete. Aplicação do Peeling Químico ll. Escolha a solução de peeling apropriado e o aplicador desejado. Nesse caso, utilizaremos um aplicador de gaze não trançada de 10 x 10 em. Capítulo 6 Outros Peelíngs Compostos Autoneutralizantes: Ácidos Tricloroacético e Láctico 125 I2. Umedeça a gaze não trançada de 10 x IO em com a solução de peeling virando o frasco com a solução diretamente sobre a gaze, cerca de quatro a cinco vezes, até formar urna configuração de diamante da solução na gaze. Seque as mãos enluvadas com uma toalha. 13. Aplique a solução composta uniformemente na face com a gaze não trança- da de 10 x 10 em. O método de aplicação descrito neste capítulo é ligeira- mente diferente do que está descrito em Descrição Geral do Procedimento de Peeling Químico, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. • Quadrante I , fronte. Aplicando pressão firme, escorregue a gaze do super- cílio até a linha dos cabelos. • Quadrante 2, região malar. Escorregue a gaze da têmpora até a linha da mandíbula de um dos lados da face. A região malar pode ser coberta por varreduras horizontais, da região mediai para a lateral ou de cima para baixo. • Quadrante 3, região malar. Repita o procedimento no lado oposto da face. • Quadrante 4, região mediai da face. Escorregue a gaze descendo pelo dor- so do nariz, ao longo de cada parede lateral, acima do lábio superior e de- pois sobre o queixo. • Cubra a borda da área tratada com a solução de peeling químico, esfre- gando ligeiramente a gaze I em abaixo da linha da mandíbula. Isso ajuda a evitar uma possível linha de demarcação visível entre a pele tratada e a não tratada. • Frascos abertos ou aplicadores embebidos nunca devem ser passados so- bre os olhos do paciente. Se a solução de peelingcair nos olhos do paciente, irrigue imediatamente os olhos com grande quantidade de soro fisiológico ou água. • Se o paciente tiver rugas profundas, estique a pele enquanto estiver apli- cando a solução de peeling para reduzir a possibilidade de acumulação da solução dentro das rugas. 14. Depois de aplicar uma camada da solução de peelingna área tratada, comece a contar o tempo para monitorar a duração do procedimento. I 5. Forneça ao paciente um ventilador portátil. O uso do ventilador pelo próprio paciente reduz o desconforto e funciona como distração. 16. Peça ao paciente para descrever quaisquer sensações ou desconfortos que pos- sam ter utilizando uma escala de dor de I a IO. • Sensações de formigamento, prurido, ardência ou ferroadas são comuns e, em geral, alcançam intensidade máxima dentro de dois a três minutos de- pois da aplicação e, em seguida, regridem. • Desconforto de até 5 ou 6 em uma escala de 1 O é aceitável. 17. Observe a pele de toda a área tratada de forma a avaliar os parâmetros clínicos desejáveis e indesejáveis. 126 Peelings Químicos Com os peelings químicos compostos autoneutralizantes, os parâmetros clínicos desejáveis são: • Eritema suave. • Resíduo cristalino branco ("pseudofrosting"). Nota: Com os peelings compostos autoneutralizantes que contêm ácido salicílico, pode-se detectar um "pseudofrosting': Com os peelings químicos compostos autoneutralizantes, os parâmetros clínicos indesejáveis são: • Formação de vesículas/bolhas, que indicam epidermólise. • Desconforto excessivo referido pelo paciente, com dor mais intensa que 6 na escala de 1 a 10, ou sensações extremamente irritantes. 18. Aguardedois a três minutos para garantir que a solução de peeling penetrou completamente. Avalie o grau de eritema da pele. Eritema suave é o parâmetro geralmente desejável com os peelings compostos. Com as soluções compos- tas que contêm AS, pode-se observar um precipitado pulverulento branco, também conhecido como "pseudofrosting". Também é possível observar uma coloração esbranquiçada com as soluções compostas que contêm TCA, con- dição conhecida como frosting; contudo, isto não é comum. O pseudofrostíng pode ser removido com gaze seca, enquanto o frosting verdadeiro não pode ser removido. 19. As lesões da acne podem apresentar frosting verdadeiro em razão da penetra- ção mais profunda da solução de peeling. 20. Aplique camadas adicionais da solução de peeling na face, até o total de duas a três camadas, utilizando a mesma técnica descrita anteriormente. Evite as lesões de acne que apresentaram frostíng. Finalização 21. O procedimento de peeling químico é terminado se/ quando: • O parâmetro clínico desejável de eritema suave ou pseudofrostíng está visí- vel, ou • Ocorre um parâmetro indesejável, inclusive formação de vesículas/bolhas ou desconforto excessivo referido pelo paciente. 22. As soluções compostas de peeling autoneutralizante não requerem a aplicação de uma solução neutralizante. 23. Se ocorrerem parâmetros clínicos indesejáveis, remova o produto da pele usando gaze seca. Capitulo 6 Outros Peelings Compostos Autoneutrolizantes: Acídos Tríc/oroacético e Ldctico 127 • Em caso de desconforto extremo ou preocupação de que o cliente seja alér- gico a um dos ingredientes, alguns médicos preferem lavar a pele utilizando gaze embebida em água. Coloque um chumaço de gaze de 10 x 10 em em uma tigela pequena e derrame água. Utilizando a gaze umedecida, limpe rapidamente a face do centro para a periferia. Repita o procedimento duas a três vezes usando gaze recém-embebida. Aplique sacos de gelo envolvidos em panos ou toalhas umedecidos gelados na face para atenuar o desconfor- to. A aplicação de água depois de um peeling composto autoneutralizante pode aumentar o desconforto do paciente porque há reativação do ácido, mas se a limpeza for realizada rapidamente com grandes quantidades de água, o ácido pode ser diluído e o desconforto do paciente diminui. • O paciente pode continuar a usar o ventilador quanto quiser para aliviar o desconforto. • Aplique os produtos suavizantes conforme descrito a seguir, caso ocorram parâmetros clínicos indesejáveis: • Eritema moderado-grave: aplique um creme corticoide de alta potência (p.ex., triancinolona a 0,5%), evitando a área periocular. • Eritema moderado: aplique um creme corticoide de potência interme- diária (p.ex., triancinolona a 0,1 %), evitando a área periocular. • Eritema suave: aplique um creme corticoide de baixa potência (p.ex., hi- drocortisona de 0,5 a 2,5%), ou um umidificante suavizante (p.ex., Epi- dermal Repair da SkinCeuticals, ou ReBalance ou Calming Balm da PCA SKIN). 24. Os produtos dermatológicos tópicos de uso diário com ingredientes ativos, que geralmente são recomendados para uso domiciliar (p.ex., séruns antio- xidantes de vitamina C ou géis de pigmento) podem ser aplicados depois do peeling. Siga as recomendações do fabricante quanto à aplicação de produtos ativos logo depois do peeling, de forma a confirmar sua compatibilidade com a solução composta de peeling. Reforço (Opcional) 25. Os peelings de retinoides podem ser aplicados depois dos peelings compostos, contanto que não tenham ocorrido parâmetros indesejáveis, de forma a inten- sificar o tratamento e acelerar o processo de descamação. • É recomendável primeiramente realizar o procedimento de peeling com- posto sem reforço de retinoide de forma a assegurar a tolerância ao peeling principal. • Seque a pele com o ventilador ou com gaze, antes de aplicar o peeling de reti- noide. Veja informações sobre aplicação dos peelings de reforço no capítulo sobre Peeling de Retinoide. 128 Peelings Químicos • É importante que os médicos sigam as recomendações do fabricante quanto à utilização do reforço com peelings de retinoide depois do peeling principal, de forma a confirmar a conveniência de combinar essas preparações e asse- gurar sua compatibilidade. Aplicação dos Produtos Tópicos 26. Suavizante. Avalie o grau de eritema da pele e aplique produtos tópicos suavi- zantes, conforme descrito a seguir: • Eritema moderado-grave: aplique um creme corticoide de alta potência (p.ex., triancinolona a 0,5%), evitando a área periocular. • Eritema moderado: aplique um creme corticoide de potência intermediá- ria (p.ex., triancinolona a 0,1 %), evitando a área periocular. • Eritema suave: aplique um creme corticoide de baixa potência (p.ex., hi- drocortisona de 0,5 a 2,5%), ou um umidificante suavizante (p.ex., Epider- mal Repair da SkinCeuticals ou Calming Balm da PCA SKIN). 27. Proteção. Ao final do procedimento, aplique um filtro solar de amplo es- pectro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titâ- nio (p.ex., produtos da Skin Medica, Solar Protection, SkinCeuticals ou PCA SKIN) para proteger a pele da exposição à radiação UV. Cuidados Depois do Procedimento • Os pacientes que necessitam de corticoides tópicos logo depois do tratamento são beneficiados pela inclusão de um corticoide tópico no seu esquema de cui- dados domiciliares pós-procedimento, de forma a atenuar ainda mais o eritema e, deste modo, reduzir o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória. • As lesões de acne que apresentaram frosting podem formar crostas dentro de um a dois dias depois do tratamento. As lesões são tratadas com aplicação diária de bacitracina, até que cicatrizem. Veja instruções sobre cuidados pós-procedimento em Cuidados Depois do Proce- dimento, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Intervalos entre os Tratamentos, Complicações e seu Tratamento Veja seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Peeling Progressivo: Como Aumentar a Intensidade dos Tratamentos Subsequentes Os tratamentos de peeling composto autoneutralizante podem ser intensificados nas sessões subsequentes aumentando a profundidade de penetração do peeli11g de várias formas: Capítulo 61 Outros Peelings Compostos Autoneutralizantes: Acidos Tricloroacético e Láctico 129 • Número de camadas. Em geral, o primeiro passo para aumentar a intensidade do tratamento com peelings compostos autoneutralizantes é aplicar mais cama- das. Por exemplo, se uma sessão foi finalizada depois de uma a duas camadas da solução de TCA a 6% com ácido láctico a 12%, o objetivo da próxima sessão pode ser quatro camadas da mesma solução composta. • Concentração da solução de peeling. A intensidade do tratamento pode ser aumentada utilizando-se soluções compostas com concentrações mais altas dos mesmos ingredientes nas sessões subsequentes. Por exemplo, se o paciente to- lerar quatro camadas da solução de TCA a 6% com ácido láctico a 12% (p.ex., Sensi Peel da PCA SKIN), na próxima sessão poderia ser aplicado TCA a 10% com ácido láctico a 20% (Ultra Peell da PCA SKIN). • Reforço. Depois da última camada do peeling composto de TCA a 6% com ácido láctico a 12%, pode-se aplicar um peeling adicional de retinoide para au- mentar a intensidade do tratamento e a descamação. Por exemplo, depois de um peeling de quatro camadas da solução composta de TCA a 6% com áci- do láctico a 12%, o próximo tratamento pode ser realizado aplicando-se um retinoide vendido sem prescrição (p.ex., retino! a 10%) como fase de reforço ao processo de descamação. Na sessão subsequente, o tratamento pode ser in- tensificado ainda mais com a aplicação de retino! a 10% com ácido láctico a 20% (p.ex., Esthetique Peel da PCA SKIN). Se o tratamento anterior foi bem tolerado, pode-se utilizar uma preparação de ácido retinoico a 0,3% vendido sob prescrição como reforço na próxima sessão (para pacientes com fototiposcutâneos de Fitzpatrick I a III). • Pré-tratamento com microdermoabrasão. A microdermoabrasão pode ser realizada antes da aplicação do peeling composto para remover a barreira de estrato córneo e permitir a penetração mais profunda e homogênea da solução. Por exemplo, duas passagens de um aparelho de microdermoabrasão com ele- mento abrasivo suave-moderado e ajuste de vácuo em nível suave-moderado podem ser realizadas pouco antes do peeling composto para intensificar o trata- mento. Quando se combinam essas duas modalidades esfoliativas, é recomendá- vel seguir os protocolos recomendados pelo fabricante, porque as características e a profundidade de penetração do peeling podem aumentar expressivamente quando o estrato córneo foi removido. • Modifique um parâmetro terapêutico de cada vez (p.ex., número de camadas, reforço ou esfoliação pré-tratamento) para aumentar a intensidade do tratamen- to de forma mais segura e controlada possível. Quando o número desejado de camadas é alcançado, a intensidade do tratamento subsequente pode ser aumen- tada com esfoliação pré-tratamento (microdermoabrasão) ou aplicação de um peeling de reforço. • A intensidade do tratamento pode ser aumentada nas sessões subsequentes apenas se o paciente tiver tolerado bem determinado procedimento de peeling. A pele é dinâmica e variáveis fora do controle dos médicos também podem 130 Peelings Químicos modificar-se, inclusive esquema de produtos aplicados pelo paciente antes do procedimento; tudo isto p ode alterar a pele e sua resposta aos peelings químicos. Por essa razão, nem sempre é possível aumentar a intensidade do tratamento a cada sessão. Aspectos Econômicos Os custos dos peelings compostos variam nas diferentes regiões geográficas, mas geralmente osciJam na faixa deUS$ 95 a 200 por sessão de tratamento. Em geral, os peelings químicos são realizados e cobrados como uma série de seis sessões de tratamento para ajudar a alcançar os melhores resultados possíveis e assegurar a satisfação dos pacientes e dos médicos. Fornecedores de Suprimentos Veja Anexo 8, Fornecedores de Suprimentos para Peeling Quimico e Produtos Tó- picos. Peeling de Retinoide: - - Retinol Peellng Necessidade de Parâmetro Branqueamento Químico Neutralização Clínico Desejável Desconforto Descamação Retinoides Não Eritema Não + Sim (ácido suave e retinoico e coloração retino I) amarelada +,brando;++, moderado;+++, intenso. As soluções para peelíng de retinoide geralmente contêm ácido retinoico, reti- no! ou misturas de retinoides (p.ex., acetato de retino! e palmitato de retinol). Os peelings de retinoide podem ser usados isoladamente, mas na maioria dos casos são aplicados como "reforço" sobre outras soluções de peeling superficial, inclusi- ve ácidos alfa-hidroxílicos, ácidos beta-hidroxílicos, solução de Jessner e peelings compostos, de forma a intensificar os tratamentos e aumentar a descamação. Nos casos típicos, os peelings de reforço não são aplicados depois dos peelings de TCA em concentração mais alta (20%). Escolha da Solução de Peeling Químico, Contra indicações, Equipamentos, Lista de Verificação Antes do Procedimento, Produtos de Cuidado da Pele Antes do Procedimento, Teste de Placa, Etapas do Procedimento de Peeling Químico, Descrição Geral do Procedimento de Peeling Químico Veja seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. 131 132 Peelings Químicos Principais Fatores Modificados para Aumentar a Profundidade do Peeling • Concentração da solução de peeling químico. • Duração da aplicação. Muitos outros fatores podem aumentar a profundidade do peeling de retinoide e estão descritos em Fatores que Afetam a Profundidade de Penetração do Peeling Químico, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Outras Considerações Práticas Aplicáveis aos Peelings de Retinoide • Formulações. As formulações para peeling de retinoide podem ser soluções ou cremes. O retino! é um dos compostos retinoides utilizados mais comumente (são vendidos sem prescrição) e, em geral, são utilizados em concentrações de 10 a 15%. Também existem preparações de retino! com concentrações altas (são vendidas sob prescrição), inclusive ácido retinoico a 0,3%, bem como soluções compostas de peeling de retino! (p.ex., retino] a 10% com ácido láctico a 20%). As técnicas de aplicação variam com a consistência do produto. As soluções podem ser aplicadas utilizando a técnica recomendada para aplicar peelings des- critos em outros capítulos, inclusive no capítulo sobre Peelings de Ácido Beta- -Hidroxílico. A técnica de aplicação do creme de retinoide está descrita neste capítulo. • Teste de placa. O teste de placa é recomendável antes de todos os peelings quí- micos (veja descrição dos métodos e da interpretação do teste em Teste de Placa, seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos). Como Realizar um Peeling Químico de Reforço com Retinol a 1 0°/o O procedimento descrito a seguir utiliza creme de retino! a 10% (da PCA SKIN) como exemplo de um peeling químico de reforço a ser aplicado depois do peeling superficial principal. É recomendável que os médicos sigam as instruções dos fa- bricantes ao realizar um peeling de retinoide como reforço para o peeling principal, de forma a confirmar a conveniência da combinação das soluções e assegurar sua compatibilidade. Preparação, Aplicação e Finalização do Peeling Principal 1. Conclua o procedimento do peeling principal e, se for necessário, faça a neu- tralização. Peeling de Retinoide: Retino/ 133 2. Assegure que a pele esteja seca. 3. Examine novamente a pele da área tratada e, se for necessário, delimite as áreas tratadas. 4. Se não ocorrerem parâmetros clínicos indesej áveis, faça o peeling de retinoide de reforço. Reforço 5. Escolha o peeling de retinoide apropriado, neste caso, creme de retino) a 10%. 6. Os cremes são aplicados mais facilmente com as mãos enluvadas. Coloque na mão enluvada uma pequena quantidade (do tamanho de uma moeda de 5 centavos) do creme de retino!. Coloque a mesma quantidade em cada um dos quatro quadrantes (veja adiante) e aplique utilizando as pontas dos dedos em pequenos movimentos circulares. • Quadrante 1, fronte. • Quadrante 2, região malar. • Quadrante 3, região malar. Repita o procedimento no lado oposto. • Quadrante 4, região mediai da face. Aplique primeiramente no dorso do nariz, ao longo de cada parede lateral do nariz, acima do lábio superior e, por fim, no queixo. • Aplique uma pequena quantidade na linha da mandíbula para cobrir as bordas das áreas tratadas. • Frascos abertos ou aplicadores embebidos nunca devem ser passados so - bre os olhos do paciente. Se a solução de peeling cair nos olhos do paciente, irrigue imediatamente os olhos com grande quantidade de soro fisiológico ou água. 7. Raramente é necessário usar ventilador, porque os peelings de retinoide cau- sam desconforto mínimo. 8. Peça ao paciente para descrever quaisquer sensações ou desconfortos que pos- sam ter utilizando uma escala de dor de 1 a 10. • O paciente pode referir sensações de formigamento ou aquecimento míni- mo, que geralmente desaparecem dentro de um a dois minutos • Desconforto de até 3 ou 4 em uma escala de 10 é aceitável. 9. Observe a pele de toda a área tratada de forma a avaliar os parâmetros clínicos desejáveis e indesejáveis. Com os peelings químicos de retinoide, os parâmetros clínicos desejáveis são: • Eritema suave. • Ligeira coloração amarelada. 134 Peelings Químicos Com os peelings químicos de retinoide, os parâmetros clínicos indesejáveis são: • Formação de vesículas/bolhas, que indicam epidermólise. • Desconforto excessivo referido pelo paciente, com dor mais intensa que 5 na escala de 1 a 10, ou sensações extremamente irritantes. 10. Uma coloração amarelada transitória da pele torna-se visível imediatamente, em razão da cor amarela das formulações para peeling de retinoide. 11. Os reforços de retinoide de base cremosa são aplicados em uma única camada. 12. O paciente sente que a pele fica ligeiramente pegajosa depois que a preparação do peeling seca. Finalização 13. O procedimento de peeling químico é terminado se/quando: • Um parâmetro indesejável ocorre, inclusive formação de vesículas/bolhas, branqueamento da pele ou desconforto excessivo referido pelo paciente. 14. As preparações para peeling de retino ide são autoneutralizantes e, deste modo, não requerem a aplicação de uma solução neutralizante. 15. Se ocorrerem parâmetros clínicos indesejáveis, remova o produto da pele usando gaze seca. Em seguida, lave a pele utilizando gaze embebida em água. Coloque um chumaço de gaze de 10 x 10 em em uma tigela pequena e der- rame água. Utilizando a gaze umedecida, limpe rapidamente a face do centro para a periferia. Repita o procedimento duas a três vezes usando gaze recém- -embebida. Aplique sacos de gelo envolvidos em panos ou toalhas umedeci- dos gelados na face para atenuar o desconforto. O paciente pode continuar a usar o ventilador quanto quiser para aliviar o desconforto. Aplicação dos Produtos Tópicos 16. Suavizante. Avalie o grau de eritema da pele e aplique produtos tópicos suavi- zantes, conforme descrito a seguir: • Eritema moderado-grave: aplique um creme corticoide de alta potência (p.ex., triancinolona a 0,5%), evitando a área periocular. • Eritema moderado: aplique um creme corticoide de potência intermediá- ria (p.ex., triancinolona a 0,1 %), evitando a área periocular. • Eritema suave: aplique um creme corticoide de baixa potência (p.ex., hi- drocortisona de 0,5 a 2,5%), ou um umidificante suavizante (p.ex., Epider- mal Repair da SkinCeuticals ou Calming Balm da PCA SKIN). Capítulo 7 Peeling de Retinoide: Retino/ 135 17. Proteção. Ao fi nal do procedimento, aplique um filtro solar de amplo espec- tro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio para proteger a pele contra exposição à luz UV (p.ex., produtos da Skin Medica, Solar Protection, SkinCeuticals ou PCA SKIN). Cuidados Depois do Procedimento, Intervalos entre as Sessões e Complicações • Instrua o paciente a remover o peeling em sua casa, limpando a face quatro a oito horas depois da aplicação, dependendo das recomendações do fabricante. Veja instr uções sobre cuidados pós-procedimento em Cuidados Depois do Proce- dimento, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais dos Peelings Químicos. Peeling Progressivo: Como Aumentar a Intensidade dos Tratamentos Subsequentes A intensidade do tratamento com peeling de ácido retinoide pode ser intensificada de várias formas nas sessões subsequentes, aumentando-se: • A concentração da solução de peeling. A intensidade do tratamento geralmente é aumentada utilizando-se um retinoide mais potente. Por exemplo, depois do tratamento primário com peeling composto de TCA a 10% e ácido láctico a 6%, a sessão subsequente pode ser intensificada aplicando-se um retinoide vendido sem prescrição (p.ex., retino! a 10%) como reforço ao peeling primário. Na pró- xima sessão, o tratamento pode ser intensificado ainda mais com a aplicação de retino! a 15% com ácido láctico a 10%. Se o tratamento anterior foi bem- -sucedido, pode-se prescrever ácido retinoico a 0,3% (vendido com prescrição) como reforço na sessão subsequente (para os fototipos cutâneos de Fitzpatrick de I a III). • Duração da aplicação. A intensidade do tratamento pode ser aumentada pe- dindo-se ao paciente para deixar o peeling de retinoide por mais tempo. Por exemplo, depois de um tratamento com peeling principal de AS a 30% e retino! a 10% deixado por quatro horas, a próxima sessão pode ser intensificada deixan- do-se o peeling de retinoide por oito horas. • Modifique um parâmetro terapêutico de cada vez (p.ex., tempo de aplicação ou concentração da solução de peeling) para aumentar a intensidade do trata- mento de forma mais segura e controlada possível. • A intensidade do tratamento pode ser aumentada nas sessões subsequentes apenas se o paciente tiver tolerado bem determinado procedimento de peeling. A pele é dinâmica e variáveis fora do controle dos médicos também podem 136 Peelings Químicos modificar-se, inclusive esquema de produtos aplicados pelo paciente antes do procedimento; tudo isto pode alterar a pele e sua resposta aos peelings químicos. Por essa razão, nem sempre é possível aumentar a intensidade do tratamento a cada sessão. Aspectos Econômicos Os custos dos peelings de ácido retinoide variam nas diferentes regiões geográficas, mas geralmente oscilam na faixa deUS$ 65 a 150 por sessão quando são aplicados isoladamente, ou US$ 45 a 55 se usados como reforço. Em geral, os peelings quí- micos são realizados e cobrados por uma série de seis sessões de forma a ajudar a alcançar os melhores resultados possíveis e assegurar maior satisfação para os pacientes e os médicos. Fornecedores de Suprimentos Veja Anexo 8, Fornecedores de Suprimentos para Peeling Químico e Produtos Tó- picos. PEELINGS QUIMICOS, MICRODERMOABRASÁO & PRODUTOS TÓPICOS Microdermoabrasão Microdermoabrasão (MOA) é um procedimento de esfoliação mecamca para causar descamação cutânea superficial, que utiliza um elemento abrasivo refina- do (p.ex., ponteiras de diamante ou cristais suspensos em aerossol) para remover suavemente as camadas mais superficiais da pele. Esse processo de destruição con- trolada estimula a renovação celular com regeneração de tecidos mais saudáveis na epiderme e na derme. A microdermoabrasão é usada para tratar fotoenvelheci- mento, hiperpigmentação e acne, assim como rugas finas e cicatrizes superficiais. Esse é um dos procedimentos estéticos realizados mais comumente nos Estados Unidos onde, de acordo com a American Society for Aesthetic Plastic Surgery, é realizado anualmente quase um milhão de tratamentos por microdermoabrasão. Este guia prático enfatizao tratamento da pele foto envelhecida e utiliza uma abor- dagem integrada, que combina a MOA com peelings químicos e produtos tópicos para tratamento domiciliar de forma a ampliar os resultados. Seleção dos Pacientes Embora quase todos os pacientes sejam beneficiados pela microdermoabrasão, os pacientes com alterações brandas a moderadas causadas pelo fotoenvelhecimento, inclusive lentigos solares, perda do brilho e textura áspera da pele (p.ex., tipos I e li de Glogau), assim como distúrbios acneicos, geralmente têm melhoras mais notáveis (veja descrição dos tipos de Glogau na seção Introdução e Conceitos Fun- damentais). Os resultados são cumulativos e é necessário fazer uma série de tra- tamentos para obter melhoras perceptíveis. A microdermoabrasão também pode melhorar rugas finas, poros dilatados e cicatrizes atróficas; contudo, os resultados não são comparáveis aos que são conseguidos com os procedimentos de esfoliação cutânea mais profunda, inclusive peelings de média profundidade ou esfoliação a laser. De forma a assegurar o sucesso da microdermoabrasão, é essencial conver- sar sobre as expectativas do paciente por ocasião da consulta e o compromisso de fazer uma série de sessões de tratamento. Os pacientes com todos os fototipos cutâneos de Fitzpatrick (I a VI) podem ser tratados por MOA (veja descrição dos fototipos cutâneos de Fitzpatrick na seção Introdução e Conceitos Fundamentais). Entretanto, é recomendável tratar conservadoramente os pacientes com fototipos cutâneos mais pigmentados (tipos IV a VI) de forma a reduzir os riscos de alterações da pigmentação, inclusive hi- perpigmentação pós-inflamatória (HPI). Existem controvérsias quanto ao trata- mento dos pacientes com distúrbios eritematosos como rosácea, telangiectasias e 137 138 Peelings Qulmkos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos poiquilodermia de Civatte por MDA. Evidentemente, os tratamentos muito agres- sivos podem agravar o eritema. Contudo, os pacientes com eritema têm a fun- ção de barreira cutânea prejudicada e ostratamentos suaves por MDA reforçam a barreira epidérmica e, por fim, reduzem a sensibilidade e o eritema cutâneos. Por essa razão, alguns médicos fazem MDA em pacientes com distúrbios eritematosos utilizando ajustes conservadores nas áreas mais vascularizadas (inclusive região central da face e queixo) e ajustes mais altos nas regiões periféricas da face. Ostra- tamentos suaves também são recomendados para pacientes idosos com pele fina, de forma a reduzir o risco de provocar abrasões. Indicações • Danos causados pela luz solar • Textura áspera • Rugas finas • Hiperpigmentação • Pele de coloração amarelada e opaca • Poros dilatados • Acne simples • Acne vulgar (sem pústulas) • Cicatrizes superficiais de acne • Ceratose pilar • Pele espessada e descamativa (p.ex., ictiose) • Pele seca (xerose) • Ceratose seborreica descamativa • Ampliar a penetração dos produtos tópicos e dos peelings químicos Mecanismo de Ação A maioria dos aparelhos de MDA tem um sistema de vácuo fechado, que puxa a pele contra um elemento abrasivo situado na ponta do aplicador. À medida que o aplicador é passado sobre a pele, as camadas mais superficiais são removidas e os restos celulares são aspirados para dentro de um recipiente, que é descartado ao final do tratamento (Fig. 1). Os elementos abrasivos utilizados comumente nos equipamentos de MDA são ponteiras de diamante, ponteiras de cristal, cristais suspensos em aerossol e cerdas. Profundidade da Penetração A descamação cutânea por MDA varia desde a remoção do estrato córneo (esfo- liação muito superficial) até a remoção de toda a epiderme (esfoliação superficial). As definições padronizadas das profundidades da esfoliação estão ilustradas na Figura 4 da seção de Anatomia. Quanto maior a profundidade de penetração na Microdermoabrasão 139 Elemento abrasivo - Estrato córneo Epiderme Derme Tecido subcutâneo FIGURA 1 Processo de esfoliação por microdermoabrasão. pele, mais significativa a melhora observada. Embora existam poucos riscos asso- ciados à MDA, a penetração mais profunda está associada a riscos mais altos de complicações. Cada passagem do aplicador de MDA de uso médico remove cerca de 15 lffil de pele. Em geral, duas passagens esfoliam o estrato córneo e quatro passagens es- foliam toda a epiderme. Por exemplo, o aparelho de MDA SilkPeel esfolia o estrato córneo depois de duas passagens com ajuste de vácuo a 5 psi (260 mm Hg) usando uma superfície de tratamento com 60 grãos. Vários fatores aumentam a profundidade da penetração com os aparelhos de MOA, inclusive: • Pressões mais altas de vácuo • Número crescente de passagens (a definição de uma passagem é a cobertura contínua da área a ser tratada) • Abrasividade da superfície do aplicador • Pressão crescente exercida contra a pele (com os equipamentos que possuem pontas não retraídas) Equipamentos de Microdermoabrasão Os primeiros equipamentos de MDA usavam partículas de cristal (p.ex., óxido de alumínio) em aerossol como elemento abrasivo, que eram soprados sobre a pele e depois aspirados. Embora esses equipamentos ainda sejam utilizados, os aparelhos de MDA que não usam partículas tornaram-se amplamente utilizados porque não causam riscos de inalação de pó ou abrasão da córnea, que estão associados às partículas de cristal em aerossol. 140 Peelings Qufmicos, Microdermoabrasão 8r Produtos Tópicos Os equipamentos de MDA que não usam partículas utilizam ponteiras de diamante ou cristal, ou cerdas em suas superfícies para tratamento. A Figura 2 ilustra o aplicador de um MDA (SilkPeel) e superfícies de tratamento com pon- teiras de diamante, cuja aspereza varia de liso (sem fragmentos de diamante), fino (1 20 grãos) e grosso (30 grãos). As superfícies de tratamento da maioria dos aparelhos são reutilizáveis e podem ser esterilizadas depois do procedimento. Os equipamentos que utilizam oscilação mecânica ultrassônica também foram intro- duzidos como fo rma de produzir esfoliação, mas existem poucos estudos avalian- do sua eficácia. Superffcies de tratamento lisa Ponteira de diamante. 60 grãos Aplicador TampasdeY plástico Superffdes de tratamento Aplicador de microdermoabrasão e superfícies de tratamento com ponteira de diamante. (SilkPeel, da Envy Med icai; cortesia da Ora. Rebecca Small.) Alguns equipamentos de MDA esfoliam e aplicam simultaneamente produtos na pele (referidos especificamente como "Dermalinfusion" pela Envy Medicai). Es- ses sistemas têm a vantagem de causar ruptura da barreira epidérmica, que ocorre com a remoção do estrato córneo, de forma a facilitar a aplicação dos produtos tópicos na pele. Quando se utiliza um equipamento de MDA que não dispensa soluções, os produtos tópicos corretivos podem ser aplicados depois de finalizar o tratamento por MDA. Os produtos devem ser escolhidos com base nos sinais iniciais e podem melhorar os resultados obtidos nos distúrbios como desidratação, hiperpigmentação e acne. Os equipamentos de MDA são classificados como dispositivos do tipo I pelo FDA (Food and Drug Administration) americano, que não exigem que os fabri- cantes estabeleçam padrões de desempenho ou realizem estudos clínicos para Seção 4 · Microdermoabrasão 141 demonstrar sua eficácia. A maioria dos equipamentos de MDA é fabricada para esteticistas, embora alguns poucos aparelhos sejam fabricados para uso médico. Os equipamentos de MDA para uso médico conseguem produzir esfoliação mais profunda em razão das pressões mais altas do vácuo e das superfícies mais abras i- vas (veja uma lista dos fabricantes de equipamentos de MDA no Anexo 7, Forne- cedores de Suprimentos de Microdermoabrasão ). Tratamentos Alternativos Os peelings químicos superficiais produzem esfoliação cutânea de profundidade semelhante à da microdermoabrasão. A dermoplanificação é outro procedimento de esfoliação superficial com profundidade semelhante, mas utiliza uma lâmina de bisturi especializada, que é raspada suavemente sobre a pele. Esse procedimento é útil aos pacientes com distúrbios eritematosos, inclusive rosácea. Os procedimentos de esfoliação cutânea mais agressiva, inclusive peelings quí- micos de média profundidade, dermoabrasão e esfoliação a laser, produzem re- duções significativamente maiores das rugas e melhoram a pele fotoenvelhecida, mas exigem tempos de recuperação mais longos e têm riscos mais altos de com- plicações. Vantagens da Microdermoabrasão • Profundidade controlada de esfoliação • Segura para todos os fototipos cutâneos de Fitzpatrick (I a VI) • Desconforto mínimo ou nenhum desconforto durante o procedimento • Não há necessidade de usar anestesia • Risco mínimo de complicações • Nenhuma recuperação depois do procedimento (p.ex., flocosidade e escamosi- dade da pele depois dos peelings químicos) • Pode ser combinada com outros tratamentos estéticos, principalmente produ- tos tópicos e peelings químicos, para potencializar os resultados • A proficiência para realizar o procedimento é adquirida rapidamente Desvantagens da Microdermoabrasão • Os equipamentos de MDA são relativamente dispendiosos (em comparação com os peelings químicos) • Custos adicionais dos suprimentos descartáveis (p.ex., soluções tópicas) • Os resultados são sutis e cumulativos, exigindo uma série de tratamentos para obter melhora perceptível 142 Peefings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Contraindicações • Gravidez ou amamentação • Infecção em atividade (p.ex., herpes simples, impetigo ou celulite) ou ferida exposta na área a ser tratada • Queloides ou cicatrizes hipertróficas • Melanoma (ou lesões suspeitas de melanoma) ou carcinoma basocelular ou espinocelular na área a ser tratada • Dermatoses (p.ex., vitiligo, psoríase em atividade ou dermatite atóplca) na área a ser tratada • Cicatrização dificultada (p.ex., por imunossupressão) • Atrofia cutânea (p.ex., aplicação crônica de corticoide ou síndromes genélicas, inclusive a de El-Jers-Danlos)• Distúrbio hemorrágico (p.ex., trombocitopen.ia ou tratar.lento com anticoagulante) • Doença sistêmica não controlada • Peeling quúnico profundo, dermoabrasão ou radioterapia da área tratada nos últimos seis meses • Uso de isotretinoína nos últimos seis meses • Acne pustulosa grave • Frouxidão e dobras cutâneas excessivas • Proteção solar insuficiente • Expectativas irrealistas • Transtorno dismórfico corporal Equipamentos • Aparelho de MDA com elemento abrasivo • Faixa para cabelos • Líquido para limpeza facial e tonificante adstringente para limpar e remover a gordura da área a ser tratada • Toalha para proteger as roupas do paciente • Luvas não estéreis • Proteção ocular para o paciente (tampões oculares adesivos, óculos ou gaze úmida) • Gaze de lO x 10 em • Filtro solar de amplo es?ectro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxiçio de ::itânio (p.ex., produtos da Solar Protection, SkinCeuticals e PCA SKIN) e um umidificante suavizantc não oclusivo (p.ex., Epiderrnal Repai.r da SkinCeuticals ou ReBalance da PCA SKIN) para aplicar depois do procedimento • Soro fisiológico para lavar os olhos Seção 4 Microdermoabrasão 143 Lista de Verificação Antes do Procedimento • Revise a história médica e cosmética do paciente (no Anexo 2, há um exemplo de Formulário de Admissão do Paciente). • Faça uma consulta estética (veja Consulta, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais). • Determine o fototipo cutâneo de Fitzpatrick e o escore de Glogau do paciente (veja Consulta, na seção Introdução e Conceitos Fundamentais). • Examine as áreas a serem tratadas e verifique se há rugas, acne, cicatrizes, le- sões vasculares ou pigmentadas benignas, oleosidade/xerose e outros distúrbios cutâneos. No Anexo 3, há um exemplo de Formulário de Análise da Pele. • Obtenha o consentimento informado (veja Introdução e Conceitos Fundamen- tais). No Anexo 4, há um exemplo de Consentimento para Tratamentos de Cui- dados da Pele. • É recomendável tirar fotografias antes do procedimento (veja Introdução e Con- ceitos Fundamentais). • Antes e nos intervalos entre as sessões de tratamento, é recomendável usar um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais, contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio. • Duas semanas antes do procedimento, os pacientes devem ser instruídos a in- terromper bronzeamento e exposição direta ao sol, que também devem ser evi- tados durante todo o tratamento. • Uma a duas semanas antes do tratamento, os pacientes devem ser instruídos a interromper o uso de produtos que contenham ácidos alfa-hidroxílicos (ácidos glicólico e láctico) em concentração alta e retinoides comercializados sob pres- crição (p.ex., Vitanol-A, Renova e Differin). • Dois dias antes do procedimento, os pacientes devem começar a usar um anti- vira] profilático (p.ex., 400 mg de aciclovir ou 500 mg de valaciclovir, um a dois comprimidos por dia) se houver história de herpes simples ou varicela na área a ser tratada ou ao seu redor; a profilaxia deve ser mantida por três dias depois do procedimento. • Um dia antes do procedimento, os pacientes devem ser instruídos a lavar a área a ser tratada e remover joias faciais e lentes de contato. Visão Geral do Procedimento de Microdermoabrasão • A área facial na qual os tratamentos com MDA podem ser realizados sem riscos é conhecida como Zona de Segurança para Microdermoabrasão (Fig. 3). Todas as regiões da face podem ser tratadas, exceto a área situada dentro do rebordo orbital ósseo e, com a maioria dos aparelhos, os lábios. Os aparelhos de MDA que têm superfícies de tratamento lisas (não abrasivas) podem ser usados nos lábios (Fig. 2). A MDA pode ser realizada na face, pescoço, tórax, mãos, dorso e quase todas as áreas do corpo que requeiram esfoliação. 144 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos • Não é necessário usar anestesia durante os tratamentos com MDA. • A intensidade do tratamento varia de branda a intensa e é escolhida com base na condição atual da pele e na área a ser tratada, conforme está descrito a seguir: Intensidade do Tratamento Branda Moderada Intensa Ajustes da MOA Duas passagens, elemento abrasivo suave, vácuo de baixa pressão Duas a quatro passagens, elemento abrasivo moderado, vácuo de pressão moderada Quatro ou mais passagens, elemento abrasivo áspero, vácuo de alta pressão Distú rbios Clínicos Trat ados Acne papulosa, eritema, fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI), pele fina Hiperpigmentação, pele áspera, rugas finas, poros dilatados, acne comedoniana, cera tose pilar; tratamentos combinados quando a MDA é seguida de um peeling qufrnico ou terapia fotodinâmica Cicatrizes superficiais da acne (facial) e áreas de hiperceratose não faciais, inclusive cotovelos, joelhos e calos dos pés Como Realizar o Procedimento de Microdermoabrasão As recomendações descritas a seguir são sugeridas para tratamentos por i\tiDA na face utilizando um aparellw com ponteira de diamante (sem partículas), que aplica simultaneamente soluções (SilkPeel, da Envy Medicai). Os parâmetros te- rapêuticos recomendados variam com o equipamento usado e os médicos devem seguir as recomendações do fabricante para o SilkPeel ou outro aparelho usado. l. Coloque o paciente em posição supina na mesa de tratamento. 2. Use uma faixa de cabeça para prender os cabelos afastados da face do paciente. 3. Cubra os olhos do paciente com um protetor co.:no compressas oculares ade- sivas ou gaze úmida. 4. Limpe a área a ser tratada com um agente de limpeza suave e, em seguida, remova a gordura com álcool ou wn tonificante adstringente. Espere a pele secar totalmente antes de iniciar o procedimento. 5. Escolha o diâmetro da superfície de tratamento com base na área a ser tratada. • Com o SilkPeel, a superfície de 6 fim geralmente é usada para tratar face, pescoço, tóra.'( e mãos, enquanto a superfície de 9 mm é utilizada para tratar outras áreas do corpo. 6. Escolha a aspereza da superfície de tratamento com base na intensidade de- sejada do tratamento. Na tabela a seguir, há algumas sugestões de parâmetros utilizados na 1v1DA com SilkPeel. Intensidade do Tratamento Suave Moderada Intensa Rebordo orbital Microdermoabrasão Aspereza da Superfície de Tratamento 140 grãos 120 grãos 60 a 100 g rãos ~-~ = Áreas não tratadas FIGURA 3 Zona de segurança da microdermoabrasão. Pressão do Vácuo (psi) 3,0 a 3,5 3,5 a 4,0 4,0a 5,0 145 146 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos ~-~ =Áreas não tratadas --+ = Direção do aplicador de microdermoabrasão FIGURA 4 Guia de d ireções para microdermoabrasão. 7. Ajuste a pressão do vácuo invertendo o aplicador e oduindo a ponta com o dedo enluvado (Fig. 5). A pressão do vácuo afeta a profundidade da esfoliação e pequenos ajustes deste parâmetro podem regular sensivelmente a intensi- dade de um tratamento. Os ajustes conservadores da pressão do vácuo são recomendados para os tratamentos iniciais. Considere reduzir a pressão do vácuo quando tratar áreas de pele fina, inclusive região periorbital. Microdermoabrasão Oclusão do aplicador para escolher os ajustes do vácuo da microdermoabrasão. (SilkPeel, da Envy Medicai; cortesia da Ora. Rebecca Small.) 147 8. Escolha um produto tópico apropriado para a condição do paciente e, em se- guida, selecione uma taxa de fluxo de infusão de acordo com as recomenda- ções do fabricante. • A hiperpigmentação pode ser tratada com agentes clareadores, inclusive hidroquinona, ácido kójico, arbutina ou peptídeos branqueadores (p.ex., decapeptídeo-12). • A desidratação e as rugas finas podem ser tratadas com ácido hialurônico, alantoína e glicerina. • O fotoenvelhecimento pode ser tratado com vitamina C. • A acne pode ser tratada com eritromicina e ácido salicílico. 9. Cubra toda a face com varreduras contíguas do aplicador, conforme ilustrado na Figura 4.Começa na fronte, depois avance ao nariz, às regiões malares e, por fim, às áreas ao redor da boca e ao queixo. 10. Movimente o aplicador sobre a pele da seguinte forma: estique a pele entre dois dedos e, segurando o aplicador perpendicular à pele, coloque a ponta suavemente em contato com a pele. Movimente suave e lentamente o aplica- dor sobre a face exercendo pressão uniforme em paralelo às linhas de tensão entre os dedos (Fig. 6) . A ponta deve mover-se sobre a pele para que haja esfo- liação com os aparelhos que utilizam ponteiras abrasivas, inclusive o SilkPeel. 148 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos FIGURA 6 Técnica da primeira passagem da microdermoabrasão na face. (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) 11. Peça ao paciente para descrever quaisquer sensações ou desconfortos que pos- sam ter utilizando uma escala de dor de 1 a lO. • Desconfor to de até 4 em uma escala de 10 é aceitável. 12. Observe a pele de toda a área tratada de forma a avaliar os parâmetros clínicos desejáveis e indesejáveis. Com a microdermoabrasão, o parâmetro clínico desejável é: • Eritema suave. Com a mkrodermoabrasão, os parâmetros clínicos indesejáveis são: • Petéquias ou púrpura (visível como minúsculos pontos ou manchas vermelhas, respectivamente). • Desconforto excessivo referido pelo paciente, com dor mais intensa que 5 na escala de 1 a 10, ou sensações extremamente irritantes. 13. A ocorrência de parâmetros indesejáveis indica que o tratamento foi excessi- vamente agressivo. Se ocorrerem parâmetros indesejáveis, reduza a intensida- de do tratamento diminuindo a pressão do vácuo e/ou a aspereza da superfície de tratamento e evite a área afetada durante o restante do tratamento. 14. Depois de concluir o tratamento em toda a área, faça uma segunda passagem na mesma área (contanto que não tenham ocorrido parâmetros indesejáveis) movendo o aplicador perpendicular à direção usada anteriormente (Fig. 7). Microdermoabrasõo 149 ·I ~uPA 7 Técnica da segunda passagem da microdermoabrasão na face. (Cortesia da Dra. Rebecca Small.) 15. Depois do tratamento, aplique um umidificante não oclusivo suavizante e, em seguida, um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio. 16. Higienize (p.ex., utilizando uma solução de amônio quaternário, geralmente conhecida como quats) ou esterilize (p.ex., no autoclave) os componentes reu- tilizáveis do equipamento entre os tratamentos, de acordo com as instruções do fabricante. Cuidados Depois do Procedimento Em geral, os pacientes têm eritema e/ou ressecamento suave por até três dias de- pois do tratamento. É recomendável aplicar diarian1ente e ao longo de toda a série de tratamento um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais, que conte- nha óxido de zinco ou dióxido de titânio (p.ex., produtos da Solar Protection, Skin- Ceuticals e PCA SKIN). Um umidificante não oclusivo (p.ex., Epidermal Repair da SkinCeuticals ou ReBalance da PCA SKIN) pode ser aplicado à noite, quantas vezes forem necessárias para reduzir o ressecamento (veja informações adicionais sobre produtos pós-procedimento na seção Produtos de Cuidado da Pele Antes e Depois do Procedimento). Os pacientes devem ser instruídos a evitar produtos irritantes como retinoides, tonificantes adstringentes, depilatórios e esfoliantes (p.ex., ácido glicólico) por uma a duas semanas. Além disso, é importante recomendar ao pacien- te que evite exposição direta ao sol por quatro semanas e durante todo o seu trata- mento. O Anexo 5, Instruções para Antes e Depois dos Tratamentos de Cuidados da Pele, ilustra um exemplo de folheto com instruções pós-procedimento ao paciente. 150 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Resultados Os resultados da microdermoabrasão são p:-ogressivos. Embora possa ser obser- vada melhora da textura e do brilho da pele depois de um único tratamento, as melhoras mais expressivas, inclusive redução da hiperpigmentação, da acne e das rugas finas, geralmente requerem seis aplicações. A Figura 8 ilustra uma paciente com fotoenvelhecimento moderado eviden- ciado por lentígos solares, perda do brilho e rugas finas, antes (A) e (B) depois de uma série de seis tratamentos com MDA de cerdas (DermaSweep) e aplicação de soluções tópicas durante o tratamento contendo ácidos hidroxilicos (ácidos glicó- lico, salicilico e láctico) e agentes clareadores (ácidos kójico e azeláico, uva ursina c alcaçuz). A Figura 9 ilustra uma paciente com acne vulgar, antes (A) e depois (B) de uma série de seis tratamentos por MDA usando um aparelho com ponteiras de diamante (SilkPeel) com aplicação de soluções tópicas durante o tratamento con- tendo ácidos hidroxilicos (ácidos salicílico e glicólico) e agentes clareadores (ácido kójico e arbutina). A Figura lO ilustra uma paciente com fototipo cutâneo de Fitzpatrick mais pigmentado (V) e Jentigos solares e pele opaca, antes (A) e depois (B) de uma série de seis tratamentos por MDA usando um aparelho com ponteiras de diamar.te (SilkPeel) e aplicação de soluções tópicas durante o tratamento contendo um pep- tideo branqueador ( decapeptídeo-1 2). Como Aumentar a Intensidade dos Tratamentos Subsequentes Nas sessões subsequentes, os tratamentos podem ser intensificados aumentando- -se o nú:nero de passagens ou a aspereza da superfície de tratamento. É recomen- dável alterar apenas uma dessas variáveis de cada vez, de forma a aumentar a in- tensidade do tratamento sem correr riscos. Antes do tratamento, a pele deve ser reavaliada em cada consulta, porque a condição da pele é dinâmica e pode variar entre as sessões; além disso, nem sempre é possível aumentar a intensidade do tratamento em cada sessão subsequente. Intervalos das Sessões Os tratamentos por microdermoabrasão podem ser realizados a cada duas a qua- tro semanas durante uma série de tratamentos. De forma a manter os resultacos depois da primeira série, os tratamentos podem ser realizados a cada quatro a seis semanas. Microdermoabrasão A B 151 Pele fotoenvelhecida com lentigos solares, perda do brilho e rugas finas, antes (A) e depois (B) de seis sessões de microdermoabrasão com cerdas (DermaSweep). (Cortesia d a DermaSweep.) 152 A B Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos FIGURA 9 Acne vulgar, antes (A) e depois (B) d e seis sessões d e microdermoabrasão com ponteira de diamante (SilkPeel). (Cortesia da Envy Med icai.) Microdermoabrasão A B F Hiperpigmentação pós-inflamatória e acne de uma paciente com fototipo cutâneo de Fitzpatrick mais pigmentado, antes (A) e depois (B) de seis sessões de microdermoabrasão com ponteira de diamante (SilkPeel). (Cortesia do Dr. A. Bhatia e da Envy Medicai.) 153 154 Peelings Quimicos, .Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Aprendizagem da Técnica É recomendável que os médicos pratiquem no dorso da mão de forma a adquirir destreza para mover a ponta do aparelho na pele com diferentes pressões de vácuo. Inicialmente, o tratamento dos membros de sua equipe e de amigos pode ajudar os médicos a desenvolver uma abordagem sistemática para tratar a face e dominar a técnica de mkrodermoabrasão. Tratamento de Áreas Não Faciais A M DA pode ser realizada no pescoço, na região anterior do tórax (também co- nhecida como décolletage), nas m ãos, no dorso e em praticamente qualquer área do corpo que necessite de esfoliação. A pele do corpo é diferente da pele facial, porque tem menos unidades pilossebáceas, que são os focos de reepitelialização e secreção sebácea. A pele não facial demora m ais a cicatrizar em comparação com a da face, apresenta melhoras menos notáveis depois do tratamento e está mais sujeita às complicações (p.ex., cicatrizes) do tratamento excessivamente intensivo. Por essa razão, é recomendáveJ tratar conservadoramente as áreas não faciais. Pescoço: posicione o paciente com o queixo levantado e estendido. Faça uma aduas passagens do aplicador começando do queLxo e avançando na direção da clavícuia. Tór ax: faça a primeira passagem com o aplicador começando na linha média do tóra.x e avançando para a periferia. A segunda passagem descreve movimentos verticais começando n o tóra.\: e avançando na direção da clavícula. Mãos: peça ao paciente para fechar a mão. Faça urna a duas passagens com o apli- cador em movimentos paralelos ao antebraço. Microdermoabrasão Avançada À medida que adquirem habilidade e e1.'Periência com a microdermoabrasão, os .médicos podem preferir combinar a MDA com outros procedimentos. Por exem- plo, a MDA pode ser realizada antes de aplicar peelings químicos para permitir uma aplicação mais uniforme da solução e aumentar a profundidade d e penetra- ção na pele. É recomendável seguir os protocolos estabelecidos pelo fabricante quando se combinam dois procedimentos esfoliativos, porque a remoção da bar- reira do estrato córneo pela !viDA pode alterar significativamente as características de um peeling. A MDA também pode ser realizada como parte da terapia fotodinâmka (TFD). Essa técnica foi aprovada pelo FDA americano para tratar ceratoses ac- tinicas não hipertróficas da face e é usada informalmente para potencializar os tratamentos de fotorrejuvenescimento à base de luz. A TFD consiste em aplicar fármacos fotossensibilizan';:es tópicos (inclusive ácido S-aro inolevulânico) que, em Microdermoabrasão 155 seguida, são ativados com uma fonte luminosa apropriada, inclusive luz intensa pulsada (LIP), diodo emissor de luz (LED) ou laser. A MDA pode ser realizada antes de aplicar o agente fotossensibilizante para facilitar a penetração do produto e aumentar a intensidade da TFD. Complicações e seu Tratamento • Dor • Eritema persistente • Hiperpigmentação pós-inflamatória • Ressecamento e/ou prurido grave • Abrasão superficial • Infecções (p.ex., ativação do herpes simples, impetigo, candidíase) • Dermatite de contato • Urticária • Petéquias ou púrpura • Possibilidade remota de cicatrizes ou hipopigmentação A microdermoabrasão é um procedimento muito seguro e bem tolerado, que acarreta riscos mínimos de complicações. Um estudo com mais de 100 pacientes tratados por MDA ao longo de mais de dois anos não detectou casos de infecção, hiperpigmentação persistente ou cicatrizes. Entretanto, as complicações podem ocorrer com qualquer procedimento e seu conhecimento é importante para redu- zir riscos e ajudar a assegurar os melhores resultados possíveis. O eritema é esperado logo depois do tratamento. A duração do eritema de- pende da intensidade do procedimento e da reatividade da pele do paciente. Na maioria dos casos, o eritema regride espontaneamente dentro de 24 horas, mas em alguns pacientes pode persistir por até cinco dias. Quando há eritema signi- ficativo logo depois do tratamento, pode-se aplicar gelo na pele por 15 minutos a cada hora e, em seguida, um creme corticoide tópico. No consultório, pode-se utilizar um creme corticoide tópico de potência alta (p.ex., triancinolona a 0,5%) e prescrever para uso domiciliar um corticoide de potência baixa (p.ex., hidrocor- tisona a 2,5% ou l %} a ser aplicado diariamente por três a cinco dias, ou até que o eritema desapareça. O eritema persistente, principalmente nos pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI), pode causar HPI. Evitar exposição ao sol e aplicar filtro solar são medidas muito importantes para reduzir o risco de HPI quando o paciente tem eritema. A hiperpigrnentação pode ser tratada com agentes clareadores como hidro- quinona ou cosmecêuticos como ácido kójico, arbutina e alcaçuz (veja informa- ções adicionais sobre tratamento da hiperpigmentação na seção Produtos Tópicos de Cuidados da Pele). A hiperpigmentação regride mais lentamente nos pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI) e pode persistir por vários meses. Em casos raros, a hiperpigmentação pode ser irreversível. 156 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos O ressecamento e o prurido graves podem ser tratados com aplicação de agentes hidratantes. O uso de hidrantes oclusivos (p.ex., Aquaphor) reduz o res- secamento, mas pode causar acne e mílios. Por essa razão, as formulações de hi- drantes mais finos e menos oclusivos (p.ex., Epidermal Repair da Sk.inCeuticals ou ReBalance da PCA SKIN) em aplicações frequentes são preferíveis para tratar ressecamento e prurido. Os tratamentos agressivos por MDA podem causar abrasões superficiais, principalmente nos pacientes idosos e nas áreas de pele fina. Em geral, as abra- sões evidenciam-se por linhas eritematosas ligeiramente elevadas, que são co- nhecidas comumente como "listras': As abrasões também podem ser circulares quando a ponta do aplicador permaneceu muito lempo ou o médico exerceu pressão excessiva em determinada área (com os aparelhos de MDA que não têm pontas retraídas). Em geral, as abrasões não se tornam evidentes dcrante o tra- tamento, mas aparecem pouco tempo depois. Depois de alguns dias, as abrasões podem formar crostas discretas e hiperpigmentação. As abrasões e as crostas são tratadas com curativos úmidos utilizando uma pomada de antibiótico tó - pico (p.ex., bacitracina) em aplicações diárias e, se for necessário, um curativo adesivo até cicalrizar. A hiperpigroentação pode ser tratada como descrilo ante- riormente. As infecções são extremamente raras com a MDA e devem ser tratadas com base no patógeno específico envolvido. A ativação do herpes simples pode ocorrer apesar da profilaxia com antiviral antes do tratamento. A infecção por herpes sim- ples pode ser tratada com doses mais altas de um a11liviral diferente do que foi usa- do profilaticamente (p.ex., 1 g de valacidovir duas vezes ao dia, durante sete dias). As infecções bacterianas e fúngicas são extremamente raras, mas podem ocorrer sempre que a bat.:reira cutânea é violada. O leitor deve consultar a seção Compli- cações dos Peelings Químicos se quiser informações adicionais sobre tratamento das infecções. Antes de iniciar o tratamento, é recomendável realizar culturas das infecções se houver alguma dúvida quanto ao diagnóstico. O leitor deve consultar a seção Complicações dos Peelings Químicos se quiser informações adicionais so- bre tratamento das infecções. A dermatite de contato pode ocorrer depois da MDA em consequência dos produtos aplicados durante ou depois do tratamento. Em geral, essa complicação evidencia-se por eritema persistente com pequenas pápulas eritematosas e pode ser tratada com um corticoide de potbcia baixa (p.ex., hidroconisona a 2,5% ou 1 %) em duas aplicações diárias durante três a cinco dias. Urticária é uma complicação rara e pode ser atribuída à aplicação do vácuo na pele, cond.ição também conhecida como urticária dermatográfica ou induzida por pressão. No consultório, pode-se aplicar gelo, administrar um anti-histamínico oral (p.ex., cetirizina, 10 mg) e aplicar um corticoide de alta potência (p.ex., trian- cinolona a 0,5%) em tod.a a área; um corticoide de potência baixa (veja parágrafos anteriores) pode ser prescrito para uso domiciliar. Seção 4 Microdermoabrasão 157 As petéquias e a púrpura podem ocorrer depois do uso de ajustes excessi- vos da pressão do vácuo, principalmente nos pacientes idosos, nas áreas de pele fina e nos indivíduos que usam anticoagulantes. As petéquias (minúsculos pontos vermelhos) geralmente regridem dentro de três a cinco dias, enquanto a púrpura (em geral, manchas vermelhas circulares) pode demorar até duas semanas para desaparecer. As cicatrizes são possibilidades remotas e podem ocorrer quando se utili- zam parâmetros agressivos de tratamento, principalmente quando a infecção ou as crostas são escoriadas. Também existe possibilidade de hipopigmentação, que geralmente é transitória, embora possa ser irreversível. Considerações sobre Lesões e Condições Específicas • Ceratose seborreica (CS). A MOA podereduzir a hiperceratose da CS, mas geralmente não melhora a hiperpigmentação associada. • Ceratose actínica (CA). A MOA (sem TFO) não é recomendada como trata- mento das CAs porque a textura áspera destas lesões pode ser seu único sinal inicial. As CAs têm potencial reduzido de conversão à carcinoma espinocelular e, por esta razão, estas lesões devem ser tratadas por medidas mais específicas. • Nevas. Os sinais não podem ser removidos pela MOA, porque os melanócitos estão localizados profundamente. • Distúrbios eritematosos como rosácea, telangiectasias e poiquilodermia de Civatte. O tratamento dos distúrbios eritematosos com MOA é controverso. Evidentemente, as pressões excessivas do vácuo podem agravar o eritema. Con- tudo, os pacientes com rosácea, por exemplo, têm função de barreira reduzida e os tratamentos suaves por MOA com ajustes baixos da pressão do vácuo podem fortalecer a barreira epidérmica e, por fim, reduzir a sensibilidade cutânea e o eritema. Por essa razão, alguns médicos fazem MDA em pacientes com distúr- bios eritematosos utilizando ajustes reduzidos da pressão de vácuo em áreas de vascularização aumentada (p.ex., região mediai da face) e ajustes mais altos nas áreas periféricas da face. • Acne. A MDA pode ser usada para tratar acne comedoniana e acne papulopus- tulosa branda a moderada. Entretanto, é aconselhável evitar pústulas. Os trata- mentos alternativos para acne papulopustulosa grave (inclusive fármacos orais e/ou peelings químicos) são opções preferíveis. Combinação de Tratamentos Estéticos Quando a MDA é combinada com outros tratamentos dermatológicos descritos neste guia prático, inclusive peelings químicos e aplicação diária de produtos tópi- cos de cuidados da pele, resultados melhores podem ser obtidos com o tratamento do fotoenvelhecimento ou outros distúrbios dermatológicos. Além disso, a MDA 158 Peelings Qui micos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos pode ser combinada sem riscos com outros procedimentos estéticos minimamen- te invasivos, inclusive lasers e dispositivos de luz intensa pulsada, ou com proce- dimentos injetáveis (veja informações adicionais sobre combinação da MDA com outras modalidades em Procedimentos Estéticos Combinados, na seção Introdu- ção e Conceitos Fundamentais). Reembolso e Aspectos Econômicos A microdennoabrasão não é reembolsada pelos planos de saúde. Os custos do tratamento variam amplamente e, em grande parte, são determinados pelos pre- ços praticados na localidade. Os pacientes podem pagar por sessão de tratamento, cujo custo geralmente varia de US$ 100 a 175. Entretanto, como os resultados da MDA são cumulativos, pode-se oferecer ao paciente uma série de sessões de trata- mento (em geral, seis) de forma a assegurar melhores resultados e mais satisfação. Códigos de CPT • 17999, procedimento dermatológico não especificado • A9270, serviço não coberto (beneficiários sem Medicare) Em 2008, a American Academy of Dermatology esclareceu que o código CPT 15783 (dermoabrasão superficial em qualquer local) não é apropriado à MDA. Códigos da CI0-9 • 706.1 • 709.09 • 709.0 • 701.8 • 709.2 Acne vulgar Mel asma Discromia não especificada Rugas da pele Cicatrizes PEELINGS QU(MJCOS, MICRODERMOABRASÃO & PRODUTOS TÓPICOS Produtos Tópicos de Cuidados da Pele Os produtos tópicos de cuidados da pele são usados para tratar fotoenvelhecimen- to cutâneo e outros distúrbios dermatológicos como eritema facial, acne e hiper- pigmentação. Os melhores resultados são a longo prazo e, em geral, requerem três a seis meses de aplicação consistente para que se tornem evidentes. Os resultados obtidos na maioria dos distúrbios dermatológicos podem ser acelerados e poten- cializados combinando-se os produtos tópicos com tratamentos de esfoliação por p eelingquímico e microdermoabrasão. Os produtos tópicos também são utilizados comumente para melhorar os resultados obtidos com outros procedimentos esté- ticos minimamente invasivos, inclusive tratamentos a laser e luz intensa pulsada. Os produtos tópicos podem incluir fármacos vendidos com ou sem prescrição, que contêm ingredientes ativos capazes de afetar a estrutura e a função da pele, ou produtos cosméticos que alteram o aspecto da pele. Os cosmecêuticos estão incluí- dos nesse espectro e podem ser definidos como produtos vendidos sem prescrição ou cosméticos que produzem efeitos benéficos perceptíveis na pele. Os cosmecêu- ticos não são reconhecidos como uma classe de produtos pelo FDA (Food and Drug Admínistration) americano e, por essa razão, não são avaliados rotineira- mente quanto à segurança ou à eficácia. Entretanto, esses produtos fazem parte de uma das áreas de crescimento mais acelerado da medicina estética e constituem uma indústria multibilionária. Em vista dos incontáveis produtos disponíveis e da escassez de estudos revisados por órgãos de classe, a incorporação dos cosmecêu- ticos aos planos de tratamento pode ser difícil. A seção subsequente descreve os fundamentos básicos dos ingredientes cosmecêuticos de fo rma a ajudar o médico a tomar decisões de quando utilizar esses produtos para tratar fotoenvelhecimento cutâneo e outros distúrbios dermatológicos estéticos comuns. Este livro também procura ser prático e, na seção subsequente, apresenta exemplos específicos de produtos que podem ser usados como parte dos esquemas de tratamento. Muitos produtos alternativos são igualmente apropriados e esses exemplos foram incluí- dos simplesmente por conveniência para ajudar os médicos a familiarizar-se com a incorporação de produtos à sua prática cotidiana. Tratamento da Pele Fotoenvelhecida Esta seção enfatiza um grupo específico de produtos tópicos de cuidados da pele, que são usados para tratar e evitar fotoenvelhecimento, aqui descritos como 159 160 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida (veja adiante). Esses produtos rejuvenescedores, que consistem basicamente em cosmecêuticos, podem ser facilmente combinados com tratamentos por peeling químico superficial e/ou microdermoabrasão para acelerar e potencializar os resultados. Os produtos usa- dos no tratamento contemplam vários aspectos do processo de envelhecimento, inclusive estimulação da esfoliação cutânea e renovação da epiderme; aumento da síntese de colágeno e de outros componentes da matriz dérmica; uniformização da coloração da pele (i. e., tom da pele); e melhoria da hidratação da pele. Os pro- dutos usados como profila.'tia para fotoeovelhecimento protegem contra os danos causados pelos radicais livres e pela radi.ação ultravioleta. Essas metas podem ser alcançadas com a utilização dos produtos rejuvenescedores em três etapas: limpe- za, tratamento e proteção. As recomendações gerais ao uso dos produtos tópicos estão revisadas a seguir e recomenda-se que os médicos sigam as instruções dos fabricantes de cada produto específico. Limpeza A primeira etapa do Esquema de Produtos Tópicos prepara a pele para a aplicação subsequente dos produtos para tratamento tópico. Um agente de limpeza eficaz remove completamente sujeira, óleo, maquiagem e outros detritos, bem como cor- neócitos descamados e microrganismos, abda que sejam suficientemente suaves para não tirar os lipídeos normais da superfície da pele. • O sabão é altamente alcalino (pH em torno de 11) e pode desequilibrar o pH da pele, causando disftmção da barreira cutânea, irritação e ressecamento da pele. Um produto de limpeza suave para uso diário formulado adequadamente tem pH próximo ao da pele {4,5 a 6,0). • Os tonificantes contêm ingredientes como álcool ou hamamélia, que remove os óleos naturais da pele. Embora possam ser úteis para tratar acne cutânea, eles raramente são necessários na pele fotoenvelhecida, que tende a ser mais ressecada. Além disso, os tonificantes são usados comumente depois dos sabões para recuperar o pH da pe:e e não são necessários quando se utiliza um agente delimpeza com pH balanceado. • Os surfactantes são espumantes incluídos em alguns produtos para facilitar a remoção dos óleos da superfície e deixam os pacientes com uma sensação de "limpeza completa" depois da aplicação. Os surfactantes utilizados comumente são lauril sulfato de sódio, lauril suJfato de amônio, lauril éter sulfato de sódio, cocarnidopropil betaína e lauroanfocarboxiglicinato. Os agentes de limpeza es- pumantes causam mais ressecamento e são preferíveis para pele oleosa e com acne. Para tratar foto envelhecimento cutâneo, uma boa opção é usar um agente de limpeza de base cremosa, qt:e não faça espuma. Seção 5 Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 161 • Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida Exemplos de Produtos com os Tipo de Principais Ingredientes (Nome Etapas Finalidade Produto Comercial e Fabricante) Limpeza Remover Agente de Por exemplo, creme de limpeza detritos e limpeza facial (Creamy Cleanser da PCA SKIN, ou sebo da suave Gentle Cleanser da SkinCeuticals) superfície Tratamento Acelerar a Fator de Por exemplo, NouriCei-MD (TNS regeneração crescimento Recovery Complex da SkinMedica) da epiderme ou PSP (BIO-SERUM da NEOCUTIS) Regular o Retinoide Por exemplo. Retinol a 1% (da tu mover SkinCeuticals) ou retino I a 1% celular com palmitato de retinol a 0,1% e acetato de retinol a 0,1% (Tri-retinol Complex, da SklnMedica) Manter os Umidificante Por exemplo, creme à base de níveis de pantenol e manteiga de manga com hidratação óleos de sementes de uvas, rase hips e macadamía (Emollíence da SkínCeuticals) ou creme de vaselina com dímeticona, óleo de amêndoas doces e acetato de tocoferol (Cetaphíl Cream da Galderma). Proteção Evitar Antíoxidante Por exemplo, ácido L-ascórbico a oxidação 15% com alfatocoferol a 1% e ácido celular ferúlico (CE Ferullc da SkinCeuticals) ou ácido L-ascórbico a 20% (Professionai-C Serum da Obagi) Evitar danos Filtro solar Por exemplo, óxido de titânio a causados pela 7,3% com óxido de zinco a 3,4% radiação UV {Daily Physical Defense SPF 30 da SkinMedica), ou óxido de zinco a 7% com octinoxato a 7,5% (Uitimate UV Defense SPF 30 da SkinCeuticals) Esta tabela cita como exemplos apenas alguns produtos, mas muitos outros são igualmente apropriados. Este Esquema está indicado para pacientes com pele normal a seca. 162 Peelings Quimicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Aplicação do Agente de Limpeza (p.ex., Creamy Cleanser da PCA SKIN) 1. Aplique o agente de limpeza em uma quantidade comparável ao tamanho de uma moeda de 10 centavos na pele úmida. 2. Massageie o produto cuidadosamente com as pontas dos dedos. 3. Enxague com água morna e seque suavemente. 4 . Limpe duas vezes por dia. Tratamento A segunda etapa do Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida con- siste em estimular a esfoliação e a renovação da epiderme, aumentar a síntese de colágeno e outros componentes da matriz dérmica, uniformizar o tom da pele e melhorar a hidratação. Em geral, um único produto contém vários ingredientes e, deste modo, alguns poucos produtos podem desempenhar várias funções. A con- sistência dos produtos determina a sequência com que são aplicados. O produto mais fino é aplicado primeiramente e o mais espesso por último (p.ex., gel, depois sérum, em seguida loção e, por fim, creme). Fatores de Crescimento Os produtos à base de fator de crescimento dos fibroblastos contêm substâncias secretadas pelos fibroblastos (p.ex., fator de crescimento epidérmico, fator beta transformador do crescimento e fator de crescimento derivado das plaquetas), que estimulam a síntese de colágeno e outros componentes da matriz extracelu- lar (MEC) pelos fibroblastos. Os produtos à base de fator de crescimento podem ser obtidos de várias fontes, inclusive fibroblastos do prepúcio de recém-nascidos humanos ou fator de crescimento epidérmico produzido por engenharia genética em leveduras e bactérias. Estudos demonstraram que a aplicação de um produto à base de fator de crescimento contendo fatores de crescimento humano, citoci- nas e proteínas naturais (TNS Recovery Complex, da SkinMedica), duas vezes ao dia por três meses, melhora a hidratação da pele e reduz a aspereza, a hiperpig- mentação e as rugas da pele fotoenvelhecida. Para tratar a pele fotoenvelhecida, recomenda-se utilizar um produto à base de fatores de crescimento como parte do Esquema de Produtos Tópicos. A cinetina (N-6-furfuriladenina) é uma citocina vegetal natural com ação antioxidante, além de atuar como fator de crescimento fibroblástico nas culturas de fibroblastos humanos, mas existem poucos estudos in vivo demonstrando sua eficácia clínica. Seção 5 Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 163 Aplicação dos Fatores de Crescimento (p.ex., TNS Recovery Complex da SkinMedica) 1. Aplique um borrifo do produto todas as noites, depois de limpar a pele. 2. Aumente a frequência das aplicações para duas vezes ao dia, se quiser. Retinoides Os retinoides são derivados e análogos da vitamina A, que incluem produtos po- tentes vendidos com prescrição (p.ex., tretinoína e derivados sintéticos da tretinoí- na, como tazaroteno) e produtos cosmecêuticos menos ativos, como o retinol e o retinaldeído (Fig. 1). Os retinoides estimulam a renovação da epiderme saudável e a função cutânea mais normal por redução da coesão dos corneócitos, aceleração da descamação, inibição da melanogênese, funções antioxidantes, estimulação da síntese de colágeno e redução da ceratinização dentro dos folículos pilosos (i.e., poros obstruídos). Esses fármacos são eficazes para tratar fotoenvelhecimento cutâneo, hiperpigmentação a acne. Em razão dos seus efeitos estimulantes, é reco- mendável usar os retinoides com cautela nos pacientes com rosácea ou pele sensí- vel, porque o eritema pode ser exacerbado. Palmitato Acetato Retino! Retinaldeído Adapaleno Ácido Retinoico Tazaroteno de retino I de retinol FIGURA 7 Retinoides tópicos. Os retinoides vendidos com prescrição produzem efeitos rejuvenescedores mais intensos e rápidos na pele fotoenvelhecida. Em geral, os efeitos benéficos ficam evidentes em um mês com melhora da textura em consequência da compac- tação do estrato córneo e, em três meses, com redução da hiperpigmentação e das rugas finas. Os retinoides em concentrações vendidas com prescrição podem ser usados isoladamente ou em combinação com outros produtos, inclusive o grupo de produtos da Obagi Nu-Derm, que inclui um retinoide de prescrição, ácidos alfa-hidroxílicos, hidroquinona e filtro solar. Uma desvantagem significativa dos retinoides vendidos com prescrição é a "dermatite retinoide" associada ao seu uso, que consiste em eritema, hipersensibilidade e descamação cutânea. Embora essa resposta irritativa regrida espontaneamente na maioria dos casos depois de qua- tro a seis semanas de uso, a reação pode persistir por mais tempo. Além disso, 164 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos a combinação dos retinoides de prescrição com outros procedimentos estéticos realizados no consultório (p.ex., tratamento a laser e peeli11gs químicos) pode ser difícil. Os retinoides vendidos com prescrição devem ser interrompidos uma a duas semanas antes desses procedimentos para permitir que a epiderme esteja in- tacta por ocasião do tratamento e seu uso pode ser reiniciado dentro de uma a duas semanas depois. Esses ciclos repetidos de interrupção e reaplicação podem induzir dermatite retinoide. Por essa razão, os retinoides vendidos com prescrição geralmente são utilizados isoladamente para tratar fotoenvelhecimento cutâneo, em vez de incluí-los nos planos de tratamento em combinação com outros proce- dimentos minimamente invasivos. Os retinoides cosmecêu ticos são :nenos eficazes que os retinoides vendidos com prescrição para reduzir os sinais do fotoenvelhedmento; contudo, raramen- te causam dermatite retinoide quando são aplicados nas doses recomendadas e são bem toleradospelos pacientes. O retino: é um dos retinoides cosmccêuticos utilizados mais comumente para tratar fotoenvelhecimento e é um componente importante do Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida. Os re- tinoides cosmecêuticos são convertidos em seu composto ativo (ácido retinoico) depois da aplicação na pele, por meio das seguintes reações: Ésteres de retino! B Retinol 7 Retinaldeído -7 Ácido retinoico (forma de conservação) (forma ativa) Retinoides Cosmecêuticos • O retinaldeído é um precursor imediato do ácido retinoico. Esse composto pre- cisa ser estabilizado para continuar em sua forma ativa nos produtos de cuida- dos da pele. • O r etinol é o composto cosrnecêutico de vitamina A utilizado mais comumente. Tecnologias modernas de estabilização (p.ex., polímeros e aditivos antioxidan- tes) torna:am possível obter produtos tópicos de retinol mais ativos e eficazes. • Os ésteres de retino! têm menos atividade biológica. • O p alrnitato de retinol {retinilpalmitato) é o éster de retinol e ácido palmítico e é a forma principal de conservação da vitamina A. Em geral, esse composto é usado por suas propriedades antioxidantes em filtros solares e produtos wni- difi.cantes. • O acetato de retinol (retinilacetato) é o ésler de retinol com ácido acético. • O propionato de retino! (retinilpropionato) é o éster de retino! com ácido propiônico. Se o médico optar por prescrever tretinoina (p.ex., Vitanol-A), as recomen- dações descritas também podem ser seguidas, com uma dose inicial de 0,5 g de ácido reti:loico de 0,025 a 0,05%. Um grama de creme equivale a cerca de 2,5 m 2 para a maioria dos produtos aplicados com tubo médio, enquanto 500 mg (0,5 g) Seção 5 - Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 165 equivalem a 1,25 cm2• Eritema, descamação fina e hipersensibilidade cutânea são efeitos esperados quando se utilizam retinoides potentes vendidos com prescri- ção. A tolerância pode ser aumentada misturando-se tretinoína em partes iguais com o creme umidificante aplicado à noite; entretanto, isto pode reduzir sua eficácia. Aplicação do Retinoide (p.ex., Retino I a 1% da SkinCeuticals) 1 . Aplique uma pequena quantidade comparável ao tamanho de uma ervilha a cada três noites, durante duas semanas. 2. Aumente a frequência da aplicação a cada duas noites, durante duas semanas. 3. Aumente a frequência da aplicação para todas as noites, conforme a tolerância. • Descamação fina é normal e esperada, assim como uma coloração rosada da pele. 4 . Aplique à noite. Ut"'lidificantes Os umidificantes melhoram a função de barreira epidérmica e hidratam a epi- derme, aumentando o transporte de água da derme para a epiderme e reduzindo as perdas de água por evaporação. A pele torna-se mais elástica e saudável com a aplicação dos umidificantes e, clinicamente, mostra-se mais suave e com menos rugas. Esses efeitos podem ser transitórios (perceptíveis apenas quando o umidi- ficante está presente), ou também podem ser duradouros quando a integridade da barreira cutânea é fortalecida depois da aplicação repetida. Existem três tipos principais de ingredientes nos umidificantes (oclusivos, umectantes e emolientes), cada qual desempenhando uma função diferente (veja Tabela 1). Vaselina é um dos agentes mais oclusivos; contudo, ela não é bem tole- rada em razão de sua consistência pegajosa e geralmente é combinada com silicone ou óleo mineral para melhorar sua consistência. Os óleos leves como os óleos de prímula e sementes de borragem são oclusivos suaves e, além de suas proprieda- des anti-inflamatórias, também atuam como umidificantes. A glicerina é um agente umectante eficaz; contudo, sua consistência também não é aceitável, embora possa ser melhorada por sua combinação com outros umectantes como pantenol e PCA (ácido pirrolidona carboxílico). O ácido hialurônico é um umectante utilizado co- mumente, assim como o hialuronato de sódio, um sal do ácido hialurônico que tem melhor penetração na pele, quando comparado com seu composto original. Em al- guns casos, o termo "emoliente" é utilizado como sinônimo de "umidificante"; con- 166 Peelings Qui micos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos TABELA 1 -=.[_ Ingredientes dos Umidificantes e Suas Funções Tipo de Umidificante Oclusivos Umectantes Emolientes Função Reter a água na superfície da pele e aumentar o componente lipídico da barreira epidérmica Atrair a água da derme para a epiderme Suavizar a epiderme áspera Ingredientes • Óleos (p.ex., vaselina, óleo mineral) • Colesterol, escaleno • Ceras (p.ex., cera de abelha, cera de carnaúba, cera liquida) • Silicones (p.ex., dimeticona, ciclometicona) • Ácido esteárico, álcool detílico, álcool estearílico • Lanolina, álcool de lanolina • Manteiga de carité (Butyrospermum parkii) • Glicerina • Ureia • Ácido hialurônico e hialuronato de sódio • Sorbitol • Pirrolidona carboxilato de sódio (PCA) • Propilenoglicol • Pantenol (provitamina BS) • (12-15 alquilbenzoato • Cetilestearato • Glicerilestearato • Octi loctanoato • Deciloleato • Álcool isoestearil tudo, o emoliente é um dos componentes encontrados nos umidificantes e desem- penha a função específica de preencher espaços entre os corneócitos em processo de descamação de forma a aumentar a suavidade da pele. A maioria dos umidificantes é composta de todos os três ingredientes citados anteriormente em um mesmo pro- duto cosmeticamente sofisticado, que não parece gorduroso ou pegajoso. Os umidificantes são formulados como emulsões de óleo em água e sua con- sistência depende das quantidades relativas de água e óleo. As pomadas são as formulações mais espessas e contêm principalmente óleo (80% de óleo e 20% de água). As pomadas são mais úteis para pele extremamente ressecada ou descama- da e não devem ser usadas por períodos longos, porque podem causar acne. Os cremes contêm partes praticamente iguais de óleo e água e isto os tornam mais finos que as pomadas, embora mais espessos que as loções. As loções - também conhecidas como umidificantes suaves - contêm mais água que óleo. Os séruns são compostos quase unicamente de água. Os géis são emulsões à base de água e são os mais finos dentre todos os umidificantes. Os géis penetram rapidamente na pele, não deixam qualquer resíduo na superfície cutânea e são muito apropriados aos pacientes com acne ou pele oleosa. Seção 5 Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 167 A lista apresentada a seguir demonstra as formulações dos veículos dos umi- dificantes em ordem decrescente de espessura: • Pomada (mais espessa) • Creme • Loção • Sérum • Gel (mais fino) Os umidificantes funcionam como veículos ideais para a liberação dos ingre- dientes funcionais na pele, porque são formulados com óleo e água e podem con- ter componentes hidrofilicos e lipofílicos. Os principais ingredientes funcionais incluídos em um umidificante também influenciam a potência umidificante final do produto. Por exemplo, embora os séruns sejam intrinsecamente menos hidra- tantes, quando eles contêm ingredientes ativos hidratantes (como pantenol, óleo de prímula ou óleo de sementes de borragem), podem melhorar a função de bar- reira e produzir h idratação comparável a de um creme. Aplicação do Umidificante 1. Escolha o umidificante mais apropriado com base no tipo de pele do paciente. 2. Se for usar cremes fornecidos em potes, dispense o produto com um aplicador descartável, como um aplicador com ponta de algodão (i.e., Q-tip). • Um estudo recente demonstrou que os produtos inoculados repetidamente com os dedos fo ram positivos em cultura para bactérias (estreptococos e estafilococos) e fungos. 3. Um creme umidificante espesso também pode ser aplicado parcimoniosamente na região periocular sobre um umidificante facial para melhorar a hidratação. • A aplicação do produto em excesso na região periocular pode causar irritação ocular. 4. O produto deve ser aplicado à noite, depois da aplicação dos outrosprodutos tópicos mais finos (p.ex., sérum e géis) e, se necessário, de manhã, depois do uso de um antioxidante e antes do fi ltro solar. Outros Produtos Terapêuticos para Pele Fotoenvelhecida Esfoliantes A maioria dos esfoliantes químicos atua rompendo as ligações corneodesmossô- micas intercelulares do estrato córneo, que promove descamação (i.e., esfoliação). A remoção das camadas mais superficiais da pele torna o estrato córneo mais fino, 168 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos estimula a renovação da epiderme e uniformiza a distribuição da melanina na pele fotoenvelhecida. Clinicamente, esses efeitos evidenciam~se por melhora da sua- vidade da pele e tümi..nuição da hiperpigmentação e das rugas finas. O uso dos produtos esfoliantes também pode facilitar a penetração e aumentar a eficácia dos outros produtos tópicos usados no esquema de tratamento. Os esfoliantes podem ser incorporados a um Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvclhecida, depois que a pele do paciente estiver adaptada ao es- quema inicial. Em geral, os esfoliantes são aplicados diariamente à noite. Alguns esfoliantes corno o ácido glicólico podem ser irritantes e sua apli<..ação pode ser iniciada em noites alternadas dLLrante duas semanas e, em seguida, o produto pode ser aplicado todas as noites. O uso excessivo dos esfoliantes, que pode ocorrer quando os ingredientes esfoliantes estão presentes em vários produtos, pode redu- zir a barreira cutânea e causar irritação e eritema crônicos. • Os ácidos alfa~hidroxilicos (AHA.s) são àeri\rados principalmente dos ácidos das frutas e incluem os ácidos glicólico (cana-de-açúcar), roálico (maçãs), tartá~ rico (uvas), cítrico (frutas cítricas), nandélico (amêndoas), láctico (leite) e fitico (arroz). Além dos efeitos epidérmicos benéficos descritos anteriormente, a pele tratada com AHAs também mostra melhoras da hidratação e, ao exan1e his- tológico, apresenta efeitos benéficos na derme com melhoria da qualidade das fibras de elastina e aumento da deposição de glicosaminoglicanos e colágeno. Os ácidos glicólico, láctico, cítrico e mandélico são usados comumente para tratar fotoenvelheci.mento cutâneo em concentrações menores que 10%. Além disso, os AHAs também são utilizados como agentes de peeling químico, roas neste caso são formulados em concentrações mais altas e em preparações mais ácidas. O ácido láctico é um dos AHAs mais hidratantes e é utilizado frequentemente para os tipos de pele seca. Os ácidos poli-hidroxilaàos (como a gliconolactona) e biônicos (como o ácido lactobiônico e o ácido maltobiônico) representam a segunda geração de ácidos hidroxílicos, que prodnz efeitos semelhantes aos dos ARAs, mas são menos irritantes e podem ser aplicados na pele sensível. Esses últimos ácidos também têm propriedades umectantes e antioxidantes. • Os ácid.os beta-bidroxilicos (BHAs) incluem o ácido salidlico. O ácido salicí- lico (AS) é derivado da casca do salgueiro, do óleo de gaultéria e bétula doce. O ácido salicilico é lipofilico, ao contrário dos AH..<\.s que são hidrossolúveis, e penetra e dissolve-se facilmente no sebo, tornando-o altamente eficaz no trata- mento da acne. Além disso, o AS produz efeitos anti~inflamatórios que o tornam apropriado para pele sensível e rosácea. Concentrações de até 2% são encon- tradas comumente nos produtos de uso doméstico. O ácido caprilo il~salicilico (tarnbém conhecido como ácido beta-lipo-hidroxilico, ou ALH) é o éster do ácido saUcilico e atua de forma semelhante ao primeiro, embora seja mais lipo- fílico. • A niadnamida (vitamina B3) é ll.Ill agente esfolíante suave apropriado para pele sensível e reduz a inflamação. Seção 5 Produ c os Tópicos de Cuidados da Pele 169 • A ureia esfolia e hidrata a pele. A ureia funciona como umectante em concentra- ções mais baixas ( < I 0%) ampliando os sítios de ligação da água aos ceratinócitos. Em concentrações mais altas(> 20%), a ureia atua como esfoliante. A ureia é utili- zada comumente em concentrações de 5 a 25% nos produtos tópicos de uso facial. • O extrato de sementes de Vigna aconitifolia (feijão-de-traça) tem propriedades esfoliantes suaves e estimula a síntese de colágeno. Peptídeos Peptídeos são cadeias curtas de aminoácidos, que atuam como transmissores de in- formação no organismo. Os peptídeos usados no cuidado da pele são classificados como neurotransmissores modulares, peptídeos carreadores, ou peptídeos sinaliza- dores. Na pele fotoenvelhecida, os peptídeos tópicos são usados principalmente para melhorar a textura e as rugas finas da pele. Os produtos peptídicos são bem tolerados e podem ser aplicados diariamente, de manhã e à noite. O uso tópico dos peptídeos ainda é relativamente recente e existem poucos dados quanto à sua eficácia. • Os peptídeos neurotransmissores moduladores incluem o acetil-hexapeptí- deo-8 (p.ex., Argireline, da Lipotec). Esse peptídeo foi desenvolvido para re- duzir a contração muscular por inibição da liberação de acetilcolina. Um estu- do demonstrou que, quando foi aplicado duas vezes ao dia durante um mês, o acetil-hexapetídeo-8 reduziu a profundidade das rugas dinâmicas. • Os peptídeos carreadores incluem os carreadores de cobre. Os produtos tópi- cos com peptídeos carreadores liberam metais (p.ex., cobre) na pele, onde são usados como cofatores em reações enzimáticas que envolvem antioxidantes e na produção de colágeno, elastina e glicosaminoglicanos. • Os peptídeos sinalizadores atuam como sinalizadores proteicos que estimulam a síntese de colágeno e outros componentes da matriz dérmica. • O palmitoilpentapeptídeo-4 (p.ex., Matrixyl, da Sederma; StriVectin, da Klein Becker) é uma sequência peptídica pró-colágeno, que estimula a síntese de colágeno e fibronectina. • O palmitoiloligopeptídeo (p.ex., Matrixyl 3000, da Sederma) é liberado a par- tir da elastina e estimula o crescimento dos fibroblastos e dos vasos sanguíneos. lnibidores de Metaloproteinases Matriciais (MPMs) As metaloproteinases matriciais (MPMs) são enzimas naturais que decompõem a matriz extracelular (MEC) da pele e facilitam a reciclagem do colágeno, da elasti- na e dos glicosaminoglicanos desgastados. Na pele jovem e saudável, a produção dos componentes da matriz é maior que a destruição causada pelas MPMs. Na pele fotoenvelhecida, a decomposição da matriz é mais rápida porque a atividade das MPMs está hiper-regulada pela luz UV. A decomposição acelerada da matriz, combinada com o declínio da síntese de colágeno associado ao envelhecimento, 170 Pee/ings Químicos, M icrodermoabrasão & Produtos Tópicos reduz a integridade estrutural da matriz cutânea e contribui para a formação de rugas, frouxidão da pele e telangiectasias. Os inibidores de MPM, inclusive ácido lactobiônico, resveratrol, gaiato de epigalocatequina (EGCG) e ídebenona, pro- tegem contra a decomposição da matriz dérmica. Além disso, esses compostos aumentam o colágeno e a elastina da derme e, clinicamente, melhoram as altera- ções de textura da pele foto envelhecida. Em geraJ, os inibidores de MPMs são bem tolerados e podem ser aplicados diariamente de manhã ou à noite. Aminoaçúcares A N-acetilglicosamina (um aminoaçúcar) é um dos componentes do ácido hia- lurônico. Estudos demonstraram que sua aplicação tópica estimula a síntese do ácido hialurônico nos fibroblastos e ceratinócitos, aumenta a espessura da pele e acentua a esfoliação. Clinicamente, a N-acetilglicosamina reduz as rugas e a hiper- pigmentação e melhora a hidratação. Proteção A maioria das alterações observadas na pele senescente é atribuível aos efeitos deletérios de anos de exposição cumulativa à radiação UV. A terceira etapa do Es- quema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida consiste em proteger a pele contra das lesões cutâneas induzidas pela luz UV. Antioxida ntes A luz ultravioleta forma radicais livres destrutivos na pele, que oxidam ácidos nu- cleicos, proteínas e lipídeos e resultam no desenvolvimentode cânceres de pele e sinais de fotoenvelhecimento. Os antioxidantes tópicos protegem a pele contra os danos causados pelos radicais livres e reforçam os mecanismos antioxidantes endógenos do próprio organismo. Os antioxidantes podem doar um elétron ao radical livre e, deste modo, atuam como agentes redutores (oxidantes primários); podem quelar os íons metálicos e, deste modo, remover os precursores potenciais dos radicais livres (antioxidantes secundários); ou podem facilitar a atividade an- tioxidante de outros compostos (coantioxidantes). Os antioxidantes tópicos utili- zados comumente estão relacionados na Tabela 2 e descritos a seguir. As vitaminas C e E estão entre os antioxidantes tópicos mais eficazes e amplamente utilizados. Além dos seus efeitos fotoprotetores, as vitaminas C e E também tratam a pele fotoenvelhecida reduzindo as rugas por meio do aumento do colágeno da derme; estas vitaminas também têm propriedades anti-inflamatórias. A vitamina C tam- bém reduz a hiperpigmentação por inibição da síntese de melanina. Para tratar a pele fotoenvelhecida, deve-se acrescentar ao Esquema de Produtos Tópicos um produto contendo vitaminas C e E na forma de sérum. Produtos Tópicos de Cuidados do Pele 171 TABELA 2 ... · Produtos Antioxidantes Tópicos Antioxidante Betacaroteno (provitamina A) Cafeína Extrato de Coffea ara bica Gaiato de epigalocatequina (EGCG) Ergotioneína Ácido ferúlico Glutationa (GSH) ldebenona Cinetina (N6-furfuriladenina) Ácido L-ascórbico (vitamina C) Ácido lipoico (ácido alfalipoico [ALA], ácido tióctico) Melatonina Niacinamida (vitamina B3) Pantenol (provitamina BS, ácido pantotênico) Phloretin Extratos polifenólicos de frutas (polifenóis) Extratos vegetais polifenólicos (polifenóis) Resveratrol Flavonoides da silimarina (p.ex., silibina e sil idianina) Flavonoides da soja (p.ex., genisteina e daidzeina) Superóxido-dismutase {SOD) Tocoferol (vitamina E) Ubiquinona Verbascosideo Fonte Cenouras, brócolos, espinafre, pêssegos, abricós Café, chá e sementes de cacau Sementes de café Chá verde Feijões pretos e vermelhos, especialmente de crescimento rápido Tomates, milho-verde, farelo de arroz, laranjas, cenouras Abacate, aspargos, alho, tomates e ovos crus Derivado da coenzima Ql o (por engenharia genética) Vegetais e leveduras Vegetais folhosos verdes, frutas cítricas, frutas vermelhas Espinafre, brócolos, levedura, farelo de arroz Frutas, vegetais, cereais Niacina Grãos integrais, legumes, carnes, ovos Folhas de macieira Frutas vermelho-escuras, maçãs, uvas e pêssegos Cebola, brócolos, repolho, aipo, vegetais vermelhos Frutas vermelhas, uvas, vinho tinto, amendoim Cardo-mariano Soja Melões, trigo, milho, soja Óleos vegetais, milho, soj a, gérmen de trigo, óleos de nozes e frutas semelhantes Derivado da coenzima Ql O Folha li lás 172 Peelings Qulmicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos • A vitamina C é um antioxidante hidrossolúvel que protege os componentes aquosos da pele. Essa vitamina é altamente eficaz na forma de ácido L-ascórbico com pH de 3,5 ou menos e em concentrações de 10 a 20%. O ácido L-ascórbico também é form ulado em base anidra estabilizada em alguns produtos. Depois da administração oral, o ácido L-ascórbico é excretado pelos rins e a pele não "recebe" concentrações adequadas deste componente. Por essa razão, o ácido L-ascórbico precisa ser aplicado topicamente para produzir efeitos terapêuticos benéficos na pele. • A vitamina E é um antioxidante lipossolúvel que protege as membranas celu- lares e o estrato córneo contra o estresse oxidativo. Alfatocoferol e tocotrienol são as formas mais potentes da vitamina E. Outros compostos usados nos pro- dutos tópicos são os és teres de vitamina E (p.ex., acetato de tocoferol e palmitato de tocoferol). As vitaminas C e E produzem efeitos sinérgicos coantioxidantes porque aumentam a biodisponibilidade uma da outra. • Muitas outras vitaminas e ingredientes antioxidantes vegetais são utilizados nos produtos rejuvenescedores (Tabela 2). Alguns antioxidantes produzem vários efeitos na pele, inclusive os extratos de algas que atuam como umectantes e a niacinamida que também é um agente esfoliante. Aplicação do Antioxidante (p.ex., CE Ferulic, da SkinCeuticals) 1. Depois de limpar a pele, pingue três a cinco gotas do sérum e esfregue em toda a face (exceto pálpebras) utilizando as duas mãos. 2. Aguarde alguns minutos para que haja absorção. • Se a pele parecer pegajosa, reduza a quantidade aplicada na próxima vez. 3. Aplique diariamente pela manhã. • Algumas formulações antioxidantes podem ser aplicadas nas pálpebras, conforme instruções do fabricante (p.ex., AOX Eye Gel, da SkinCeuticals). Filtros Solares Os filtros solares protegem contra as lesões cutâneas induzidas pela radiação UV porque diminuem a exposição à luz UV. Um filtro solar de amplo espectro, que ofereça proteção contra as radiações UVA e UVB, é um componente essencial dos Esquemas de Produtos 1opicos para Pele Fotoenvelhecida. • A radiação ultravioleta B (UVB, 290 a 320 nm), comumente conhecida como raios solares das queimaduras, é a luz com comprimentos de onda curtos, que é absorvida pela epiderme. Esses raios solares são mais intensos entre as 10 e 14 horas. Seção 5~~ Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 173 • A radiação ultravioleta A (UVA, 320 a 400 nm), comumente conhecida como raios solares do envelhecimento, é a luz com comprimentos de onda longos, que penetra até a epiderme. A penetração desses raios destrói o colágeno e a elasti- na e é o principal responsável pelas linhas e rugas finas. Ao contrário dos raios UVB, a potência dos raios UVA mantém-se constante durante todo o dia e eles conseguem atravessar vidros. Existem dois tipos principais de ingredientes dos filtros solares, cada qual com um mecanismo de ação diferente. Os filtros solares físicos, preparados com com- postos inorgânicos, refletem, dispersam e (até certo ponto) absorvem a luz UV. Os filtros solares químicos, preparados com componentes orgânicos, absorvem a luz UV. A Figura 2 ilustra os ingredientes comuns dos filtros solares e seus efeitos bloqueadores da luz UV. Octi l salicilato Dióxido de titânio FIGURA 2 Filtros solares e suas propriedades de b loqueio da luz ultravioleta. 174 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Os filtros solares eficazes são produtos de amplo espectro, conservam sua es- tabilidade quando são expostos à luz solar e têm consistência aceitável, que facilita sua aplicação diária. A maioria dos filtros solares de amplo espectro combina vá- rios ingredientes orgânicos e inorgânicos no mesmo produto e, em geral, contém no mínimo um dos seguintes bloqueadores da radiação UV: óxido de zinco, dióxi- do de titânio, avobenzona estabilizada ou ecamsule (Mexoryl). O fator de proteção solar (FPS) indica o nível de proteção UVB que o filtro solar oferece. Hoje em dia, os médicos devem conhecer as propriedades bloquea- dores de UVA de cada ingrediente do filtro solar, de forma a determinar a cobertu- ra que o produto protetor oferece. Recentemente, o FDA americano exigiu novos rótulos com indicações da cobertura de amplo espectro e redefiniu o FPS como Fator de Proteção contra Queimaduras Solares. A fotoestabilidade do filtro solar é determinada por seus ingredientes e sua formulação. Por exemplo, a avobenzona tem pouca estabilidade quando é usada isoladamente. Entretanto, o acréscimo de outros componentes como octinoxato, Aplicação do Filtro Solar (p.ex., Daily Physical Defense SPF 30, da SkinMedica) 1. Depois de limpar a pele e passar um antioxidante, aplique um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais . • Na face, aplique 1,5 ml (um terço de uma colher de chá) . • Na parte superior do tórax (í.e., décolletage), aplique 1,5 ml. • Nas áreas anteriores e posteriores do pescoço, aplique 1,5 ml. • É importanteressaltar que os estudos que avaliaram a quantidade de filtro solar aplicado demonstraram que a maioria dos pacientes aplicava 25% da quantidade recomendada. Com essa quantidade, um produto com FPS de 30 oferece proteção correspondente ao FPS de 2. 2. Esfregue o mínimo necessário durante a aplicação. • A esfregação excessiva dos filtros solares que contêm zinco e titânio pode acentuar a coloração esbranquiçada do produto, que não é agradável à visão. 3. Aplique o filtro solar diariamente, pela manhã. 4. Se for realizar atividades ao ar livre, aplique o fi ltro solar em todas as áreas expostas antes de iniciar a exposição. A cobertura de todo o corpo requer 30 mL (ou um copo de 30 ml). As áreas comumente desprotegidas são: orelhas, têmporas, pescoço e superfícies superiores dos pés. Reaplique (nas mesmas quantidades) depois de duas horas, ou pouco depois de mergulhar ou transpirar. Os filtros solares resistentes à água podem ser eficazes por 40 minutos ou 80 minutos na água e, quando as novas exigências dos rótulos entrarem em vigor, deverão ser descritos como resistentes à água. Seção s" Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 175 dióxido de titânio ou oxibenzona (i.e., HelioPlex) torna a avobenzona fotoestável. Os filtros solares que possuem o "Selo de Recomendação" da Skin Cancer Founda- tion foram submetidos a testes e atendem aos padrões de fotoestabilidade, nível de FPS, fototoxicidade e irritação por contato. Resultados Em geral, as melhores perceptíveis da pele fotoenvelhecida com a aplicação dos produtos tópicos aparecem dentro de três a seis meses de uso regular. As melhoras da textura e do brilho podem ser evidenciadas em um mês, enquanto a redução das rugas finas e da hiperpigmentação começa em três meses. Essas alterações po- dem ser percebidas em menos tempo com os produtos vendidos com prescrição, que com os produtos cosmecêuticos. A Figura 3 ilustra uma paciente com pele fotoenvelhecida e rugas, antes (A) e depois (B) do uso diário por três meses de acetil-hexapeptídeo-8, fator de cresci- mento epidérmico, ácido L-ascórbico a 15%, retino! a 1%, extrato de sementes de Vigna aconitifolia a 3%, creme ocular de palmitoilpentapeptídeo-4, umidifi.cante à base de manteiga de karité e filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 4 ilustra pele envelhecida com rugas e frouxidão, antes (A) e depois (B) do uso diário por dois meses de retino! a 1%, extrato de sementes de Vigna acorzitifolia a 3%, umidificante à base de flavonoides da soja e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 5 ilustra hiperpigmentação induzida pela luz UV, antes (A) e depois (B) do uso diário por três meses de tretinoína a 0,05%, hidroquinona a 4%, ácido glicó- lico a 6% com ácido láctico a 4% e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 6 ilustra hiperpigmentação induzida pela radiação UV, antes (A) e depois (B) do uso diário por dois meses de retino! a 1%, palmitato de retino! a 0,1 %, acetato de retino! a 0,1% e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 7 iluslra rugas, antes (A) e depois (B) da aplicação duas vezes ao d ia durante seis meses de um fator de crescimento com filtro solar de amplo espectro com FPS 30. A Figura 8 ilustra sardas escurecidas e opacidade da pele, antes (A) e depois (B) do uso d.iário por seis semanas de hidroquinona a 4%, ácido L-ascórbico a 10% com vitamina E, ácido glicólico a 7% e filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. Reavaliações e Condutas Habituais Durante os primeiros estágios da utilização de um Esquema de Produtos Tópicos, é recomendável pedir ao paciente para voltar dentro de quatro a seis semanas para reavaliar a pele, avaliar a tolerância e a adesão e realizar quaisquer ajustes necessários ao seu esquema. Os médicos também podem perguntar se houve ressecamento ou oleosidade e, embora não seja provável, avaliar as complicações (veja adiante). 176 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos A B FIGURA 3 Pele fotoenvelhecida com rugas, antes (A) e depois (B) do uso diário por três meses de aceti l-hexapeptídeo-8 e gaiato de epigalocatequina (Exlinea Peptide Smoothing Serum), fator de crescimento (Rejuvenating Serum), ácido L-ascórbico a 15o/o (C -Quench Antioxidant), retinol a 1% com extrato de sementes de Vigna aconitifolia a 3% (Retinol Renewal with RestorActive Complex), creme ocular de palmitoilpentapeptldeo-4 (EyeXcel lence), umidificante à base de manteiga de karité (Collagen Hudrator) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. (Cortesia da PCA SKIN.) Produtos Tópicos de Cuidados da Pele A B G Pele fotoenvelhecida com rugas e frouxidão, antes (A) e depois (B) do uso diário por dois meses de retinol a 1% com extrato de sementes de Vigna aconitifolia a 3% (Retinol Renewal with RestorActive Complex), creme umidificante à base de flavonoides da soja (Aprês Peel Hydrating Balm) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. {Cortesia da PCA SKIN.) 177 178 Peelings Químícos, Mícrodermoabrasão & Produtos Tópicos A B F v Pele fotoenvelhecida com hiperpigmentação induzida pela luz UV, antes (A) e depois (B) do uso diário por três meses de tretinoina a 0,05% (Retin-A), hidroquinona a 4% (Ciear), ácido glicólico a 6% com ácido láctico a 4% (Exfoderm Forte) e um fi ltro solar de amplo espectro com FPS de 35 (Healthy Skin Protection). (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) Produtos Tópicos de Cuidados do Pele A B r/GU, 1 5 Pele fotoenvelhecida com hiperpigmentação induzida por radiação UV, antes (A) e depois (B) do uso diário por dois meses de retino! a 1%, palmitato de retino! a O, 1%, acetato de retino! a O, 1% (Tri-retinol Complex) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. (Cortesia da SkinMedica.) 179 180 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos A B UR~ 7 Pele fotoenvelhecida com rugas, antes (A) e depois (B) da aplicação duas vezes ao dia durante seis meses de fator de crescimento (TNS Recovery Complex) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. (Cortesia da SkinMedica.) Produtos Tópicos de Cuidados da Pele A B 181 FIGURA 8 Pele fotoenvelhecida com sardas escuras e pele opaca. antes (A) e depois (B) do uso diário por seis semanas de hidroquinona a 4%, ácido L-ascórbico a 10% com vitamina E, ácido glicólico a 7% e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 (Obagi-C Rx System). (Cortesia da Obagi.) 182 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tó picos • Ressecamento excessivo. Se a pele estiver muito seca, pode-se acrescentar um produto hidratante ao esquema, inclusive um sérum hidrante (p.ex., gel hidrante BS da SkinCeuticals, que contém ácido hialurônico e vitamina BS, ou Hydrating Serum da PCA SKlN, que contém ureia, hialuronato de sódio, niacinamida e glicerina). A pele também pode ser esfoliada com os procedimentos de consul- tório, como a microdermoabrasão ou o peeling químico, para ajudar a tratar o ressecamento. • Oleosidade excessiva. Se a pele estiver muito oleosa, o umidificante pode ser substituído por um produto menos espesso, como uma loção ou um gel (p.ex., Phyto CorrecUve Gel da SkinCeuticals, contendo ácido hialurônico com e:.\."tra- tos de tomilho e pepino; ou ReBalance daPCA SKIN, contendo óleos de semen- tes de prímula e barragem e aloé vera). • Quando os pacientes estão satisfeitos com seu esquema de cuidados da pele, as reavaliações subsequentes geralmente são realizadas a cada seis meses, ou conforme a necessidade para revalidar a prescrição. Como Potencializar os Resultados na Pele Fotoenvelhecida Quando os pacientes toleram bem o Esquema de Produtos Tópicos, o médico pode considerar a intensificação do tratamento acrescentando um produto es- foliante (p.ex., Blemish and Age Defense da SkinCeuticals, que contém ABAs e BHAs; ou Exfoderm da Obagi, que contém ácido fítico; ou Exfoderm Forte, que contém ácidos glicólico e láctico). A combinação dosprodutos tópicos com trata- mentos esfoliantes como microdermoabrasão e peelings químicos também poten- cializa os resultad.os. Além disso, outros procedimentos estéticos minimamente invasivos também podem ser realizados para melhorar os resultados obtidos com problemas específicos, i.r1dusive lasers e luz intensa pulsaàa para hiperpigmenta- ção, eritema e anormalidades da textura; toxina botulinica para rugas dinâmicas; e preenchedores dérmicos para rugas estáticas, perda de volume e irregularidades de contorno. Complicações dos Produtos Tópicos e seu Tratamento • Acne • i\1ilios • Dermatite de contato • Reações alérgicas (p.ex., urticária) e possibilidade remota de reações graves (p.ex.., ana..ii.laxia) • Exacerbação de dermatoses como dermatite seborreica, dermatite atópica (eczema) e dermatite perioral • Exacerbação do eritema e da sensibilidade culânea Seção 5 Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 183 Os produtos tópicos de cuidados da pele geralmente são muito seguros e bem tolerados, com riscos mínimos de complicações. Contudo, qualquer tratamento pode ter complicações e seu reconhecimento é importante para reduzir riscos e ajudar a assegurar os melhores resultados possíveis. As exacerbações da acne são relativamente comuns quando se inicia a apli- cação de produtos tópicos novos, principalmente nos pacientes sujeitos à acne e quando se utilizam produtos mais espessos (p.ex., cremes). A acne pode começar nas primeiras semanas de aplicação de um produto novo nos pacientes com história de acne grave, mas pode ser uma complicação mais tardia nos demais pacientes. A interrupção do uso dos produtos espessos é recomendável e eles devem ser substi- tuídos por produtos com consistência mais leve, inclusive loções, sé runs ou géis. Os milios são pápulas brancas diminutas (la 2 mm), que se formam em con- sequência da obstrução das glândulas sebáceas. Os produtos de consistência espessa contendo ingredientes oclusivos (como vaselina) podem obstruir as glândulas se- báceas e contribuir para a formação dos mílios. Em geral, os mílios não regridem espontaneamente e precisam ser lancetados com uma agulha n!l 20 para extrair seu conteúdo (espremendo suavemente com aplicadores com ponta de algodão). Dermatite de contato é uma das reações adversas mais comuns aos produtos tópicos. A maioria dos casos de dermatite de contato é irritativa, em vez de real- mente alérgica. Em geral, as reações de dermatite são brandas e evidenciam-se por eritema, edema e prurido suaves. A primeira medida para tratar qualquer tipo de dermatite é interromper o uso do produto que a desencadeou. Infelizmente, o produto desencadeante de um esquema de cuidados da pele geralmente é desco- nhecido e é recomendável interromper o uso de todos os produtos tópicos, exceto um agente de limpeza suave (p.ex., Cetaphil Gentle Skin Cleanser, da Galderma) e aplicar um corticoide tópico como tratamento. Os casos brandos a moderados de dermatite podem ser tratados com aplicação de um creme de corticoide de baixa potência (p.ex., hidrocortisona de 0,5 a 2,5%), enquanto as erupções mais intensas podem ser controladas com um creme de corticoide de potência intermediária (p.ex., triancinolona a 0,1 %) aplicado duas vezes ao dia, durante três a cinco dias ou até que a dermatite regrida. Em casos raros, podem ocorrer formas graves de dermatite, que se evidenciam por eritema acentuado, edema e vesiculação na área tratada ou, se o problema for alérgico, podem ocorrer em áreas distantes do local da aplicação. Nesses casos, pode ser necessário prescrever um ciclo breve de corticoide oral (p.ex., prednisona, 20 a 40 mg/dia, com redução progressiva da dose em 10 dias) e, se o eritema persistir, aplicação de corticoide tópico quando a pele está intacta. A qualquer momento, os pacientes podem desenvolver reação de dermatite a um produto que antes era bem tolerado. A restrição do uso de ingredientes poten- cialmente sensibilizantes como fragrâncias pode ajudar a evitar dermatite. Depois do desaparecimento da dermatite, os produtos podem ser reintroduzidos um de cada vez a cada duas a quatro semanas, na tentativa de identificar o produto que causou a reação. Como alternativa, pode-se realizar um teste de placa, no qual uma quantidade pequena do produto é aplicada ligeiramente por trás da orelha ou na 184 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos superfície mediai do antebraço diariamente por t rês a cinco dias; em seguida, a área deve ser avaliada para detectar eritema e outros sinais de irritação. Quando o teste de placa é positivo, o produto específico deve ser evitado. Um teste de placa negativo é tranquilizador e o produto pode ser aplicado; contudo, um teste negati- vo não garante que o paciente não terá uma reação adversa. As reações alérgicas aos produtos tópicos são raras. A reação alérgica detectada mais comumente é urticária, que melhora com anti-histamínicos orais (p.ex., 10 mg de cetirizina) e corticoides tópicos (veja parágrafos anteriores). E."<iste um risco re- moto de reações alérgicas sistêmicas, inclusive broncoespasmo ou anafila.:tia com necessidade de tratamento de emergência. O ácido salicilico está relacionado com a aspirina (ácido acetílsalicilico) e, por esta razão, os produtos que contêm ácido sali- cilico não devem ser aplicados nos pacientes reconhecidamente alérgicos à aspirina. A exacerbação das dermatoses (cono dermatite seborreica, dermatite atópi- ca e dermatite perioral) ou a exacerbação do eritema e da sensibilidade cutânea pode ocorrer com a aplicação d.e produtos tópicos contendo ingredientes ativos. Aplicar produtos suavi7.antes (veja Tratamento do Eritema Facial, adiante) e evitar produtos de antienvelhecimento mais agressivos (como ácidos hidroxilicos e reti- noides) são medidas que podem ajudar a reduzir a probabilidade de exacerbação destes problemas. Ingredientes que Devem Ser Evitados ou Aplicados com Cuidado Os cosmecêuticos não sã.o regulados pelo FDA americano e, por esta razão, não precisam ser avaliados quanto à segurança ou à eficácia. Existem quase 10.000 in- gredientes nos produtos cosméticos e a maioria não foi avaliada por experiências clinicas revisadas pelos órgãos competentes, dif.cultando a avaliação rigorosa dos produtos. A página do FDA ('"'"v-w·.fda.gov/Cosmetcs/ProductandingredienSafety) pode ajudar a avaliar a segurança de um produto. A seguir, apresentamos alguns exemplos de ingredientes que devem ser evitados, ou que devem ser usados com cautela: • Produtos com fragrâncias fortes podem causar irritação da pele. • Ascorbilpalmitato é um éster formado pelos ácidos ascórbico e palmítico. Esse composto é promovido como antioxidante, mas pode ter apenas eficácia mini- ma. Seus efeitos não são comparáveis aos produzidos pelo ácido L-ascórbico, que é a única foroa biodisponível de vitamina C (para estimulação da síntese do colágeno, espessamento da epiderme e inibição da pigmentação). • Os ftalatos são ésteres do ácido ftálico, que são carreadores de fragrâncias e amaciantes em alguns produtos tópicos; também são usados principalmente nos piásticos para aumentar sua flexibilidade. Os ftalatos estão sendo eliminados de muitos produtos e embalagens porque causam alterações hormonais e efeitos carcinogênkos. Seção S Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 185 • A dietanolamina (DEA) ou a trietanolamina (TEA) são acrescentadas aos produtos para produzir uma consistência macia ou espumosa. A DEA e a TEA podem ser inofensivas quando usadas isoladamente, mas formam nitrosodieta- nolamina (um carcinógeno reconhecido) quando são combinadas com outros ingredientes. Prazo de Validade dos Produtos O prazo de validade de um produto tópico refere-se ao período de tempo em que conserva sua eficácia e é próprio para uso. Quando um produto é exposto ao oxi- gênio, à luz, à umidade e à contaminação externa, pode haver proliferação micro- biana e decomposição rápida. O armazenamento dos produtosem um local seco e frio sem exposição direta à luz solar e sua dispensação com técnicas higiênicas (utilizando aplicadores em vez de dedos) pode reduzir a contaminação e manter a eficácia do produto. Os conservantes são incorporados aos produtos para ajudar a conservar o produto. Os parabenos são conservantes usados comumente, mas seu uso é controvertido. Alguns órgãos como o FDA americano concluíram que os parabenos são seguros para uso em produtos cosméticos. Contudo, esses compos- tos atraíram negativamente a atenção da mídia em razão das preocupações quanto aos seus efeitos estrogênicos potenciais e sua associação com o câncer; isto levou muitos fabricantes a remover os parabenos dos seus produtos. Existem muitos ou- tros conservantes seguros e eficazes, inclusive fenoxietanol, iodopropinil-butikar- bamato e sorbato de potássio. Retino}, vitamina C e hidroquinona são compostos particularmente instáveis e, quando adquirem coloração castanha ou quando os produtos que contêm vitamina C cristalizam, é recomendável descartá-los. Tratamento do Eritema Facial: Rosácea e Pele Sensível O eritema facial é comum nos pacientes com rosácea, pele sensível e pele fotoen- velhecida. O tratamento tem como objetivos reduzir a inflamação e a irritação, melhorar a função de barreira da pele, aumentar a hidratação, evitar estímulos desencadeantes e proteger contra o sol. Esta seção enfatiza um grupo específico de produtos tópicos de cuidados da pele, que são usados para tratar e evitar eritema facial, aqui referidos como Esquema de Produtos Tópicos para Eritema Facial (veja adiante). Isso inclui produtos não irritantes que contêm concentrações baixas de ingredientes ativos e não têm produtos com fragrâncias e adstringentes. As diver- sas opções disponíveis de produtos tópicos são igualmente apropriadas. Limpeza Um produto de limpeza sem espuma e de base cremosa é recomendável para evitar danos adicionais à função de barreira da pele. 186 Peelings Qufmicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos • Esquema de Produtos Tópicos para Eritema Facial: Rosácea e Pele Sensível Exemplos de Produtos com os Tipo de Principais Ingredientes (Nome Etapas Finalidades Produto Comercial e Fabricante} Limpeza Remover Agente de Por exemplo, creme de limpeza (Creamy detritos e limpeza facial Cleanser da PCA SKIN, ou Gentle Cleanser sebo da suave da SkinCeuticals} superfície Tratamento Reduzir o Anti- Por exemplo, gel à base de ácido eritema inflamatório e hialurônico com extratos de tomilho suavizante e pepino (Phyto Corrective Gel da SkinCeuticals) ou dimeticona com extratos de algas e brotos de alcaparras (Anti-Redness Serum da PCA SKIN} Manter o s Umiditicante Por exemplo, creme fino à base de níveis de pantenol com óleos de sementes hidratação de borragem e prfmula e aloé vera (ReBalance da PCA SKIN) ou loção à base de glicerina com pantenol, dimeticona e acetato de tocoferol (Cetaphil Lotion da Galderma) Proteção Evitar Antioxidante Por exemplo, ácido L-ascórbico a 1 0% com oxidação ácido ferúlico a 0,5% e sérum Phloret in celular a 2% (Phloretin CF da SkinCeuticals) ou ácido L-ascórbico a 10% (Professionai-C Serum da Obagi) Evitar danos Filtro solar Por exemplo, dióxido de titânio a 7,3% causados com óxido de zinco a 3,4% {Daily Physical pela radiação Defense SPF 30 da SkinMedica) ou dióxido uv de titânio a 6% com óxido de zinco a 5% (Sheer Physical UV Defense SPF 50 da SkinCeuticals) Esta tabela cita como exemplos apenas alguns produtos, mas muitos outros são igualmente apropriados. Este Esquema está ind icado para pacientes com pele normal a oleosa. Tratamento • Os umidificantes suaves (p.ex., loções) são um dos componentes principais do tratamento, porque ajudam a recuperar a função saudável de barreira da pele. Os cremes também podem ser usados quando a pele é seca e os pacientes não têm acne rosácea (papulopustulosa)_ • Os ingredientes cosmecêuticos suavizantes e anti-inflamatórios (veja Tabela 3) são incorporados a um produto umidificante, ou aplicados com um produto separado. Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 187 TABELA 3 :'~-t: --~ Cosmecêuticos para Eritema Facial Produto Função Ingrediente ou Fonte Extratos de algas Anti-inflamatória, inibição Algas Ascophyllum nodosum da angiogênese (marrons) e Asparagopsis armara (vermelhas) Alantoína Suavizante Raiz de confrei ou derivado sinteticamente a partir do ácido úrico Aloévera Anti-inflamatória Salicilato de colina Ácido azeláico Antimicrobiana, Trigo, arroz e cevada anti-inflamatória Bisabolol Anti-inflamatória Camomila Óleo de sementes Anti-inflamatória, oclusiva Ácido graxo essencial: ácido de barragem suave gamalinoleico (GLA) Extrato de brotos de Anti-inflamatória Caparrenóis alcaparras Extrato de pepino Suavizante Pepino Óleo de prímula Anti-inflamatória, oclusiva Polifenóis: ácido gálico, ácido elágico, suave pentagaloil-glicose, catequina Chá verde Anti-inflamatória Polifenóis: epigalocatequina (EGC) e epigalocatequina-3-galato (EGCG) Extrato de alcaçuz Suavizante Glicirrizinato dipotássico Pantenol Anti-inflamatória, Provitamina BS umectante Extrato de Anti-inflamatória Coral pterogorgia (chicote-do-mar) Extrato de tomilho Suavizante Tomilho • O chá verde é um cosmecêutico anti-inflamatório potente, em razão da sua concentração alta de polifenóis. • O óleo d e sementes de borragem e, em menor grau, o óleo de prímula con- têm ácido gamalinoleico (AGL). O AGL é convertido em prostaglandina l, que tem efeitos anti-inflamatórios potentes na pele. • A alantoína e o bisabolol também são usados frequentemente nos produtos tópicos suavizantes. 188 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos • O ácido azeláico reduz o eritema, trata as pápulas acneiformes associadas à acne rosácea e atua como agente clareador. Entretanto, o ácido azeláico pode causar uma sensação de picadas depois da aplicação e nem sempre é bem tolerado em concentrações mais altas. • Os esfoliantes suaves como a niacL'lamida ou os ácidos poli-hidroxilicos menos irritantes como o ácido lactobiônico podem ser usados. Os esfoliantes de frutas cítricas (p.ex., ácido glicólico) podem agravar o eritema e, em geral, são evitados nos pacientes com eritema facial. • Os fatores de crescimento são suficientemente suaves para aplicação nos pa- cientes com eritema facial. Contudo, a estimulação da síntese de colágeno ge- ralmente é secundária à atenuação da inflamação e estes produtos são acrescen- tados comumente depois que o esquema de produtos tópicos iniciais está bem aceito. • Os retinoides geralmente são evitados nos pacientes com eritema, porque a der- matite associada a estes p rodutos tende a não ser bem tolerada. Alguns médicos usam retinoides vendidos sem prescrição nos pacientes com eritema, porque são menos irritantes que os retinoides com ercializados com prescrição, com o objetivo final de fortalecer a barreira epidérmica. Proteção Os filtros solares físicos, como os que contêm óxido de zinco e dióxido de titânio, são preferíveis para pacientes com eritema. Os fi ltros solares quúnicos podem li- berar calor quando ficam expostos à luz UV e isto pode agravar o eri tema. O óxido de zinco também tem a vantagem de f1.mcionar como ant i-htflamatório. Em geral, os produtos antioxidantes contêm concentrações mais baL"<as dos ingredientes principais (p.ex., ácido L-ascórbico a 10%) de forma a reduzir a possibilidade de irritação. · Resultados A Figura 9 ilustra uma paciente com rosácea tipo I, antes (A) e depois (B) da apli- cação duas vezes ao dia por dois meses de um produto para reduzir a inflamação e estimular a fu nção vascular normal (contendo extratos de algas, brotos de alcapar- ras e bisabolol), um umidificante à base de pantenol (contendo óleo de sementes de barragem e óleo de prímula com aloé vera) e wn filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 10 ilustra uma paciente com eritema facial, antes(A) e depois (B) do uso diário por uma semana de um umidificante à base de glicerina com alcaçuz, aloé vera e extrato de pterigônia e um filtro solar de amplo espect ro com FPS de 30. Produros Tópicos de Cuidados da Pele A B FIGURA 9 Rosácea t ipo I, antes (A) e depois (8) do uso diário por dois meses de um produto suavizante contendo extratos de algas, brotos d e alcaparras e bisabo lol {Anti-Redness Serum), uma loção umidificante à base de pantenol com ó leos de sementes de borragem e primula com aloé vera {ReBalance) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. {Cortesia da PCA SKIN.) 189 190 Peelings Químicos, M icrodermoabrasão & Produtos Tópicos A B v Rosácea tipo I, antes (A) e depois (8 ) do uso diário por uma semana de glicerina, alcaçuz, aloé vera, lavanda, umidificante à base de extrato de pterigônia e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 (Obagi Rosaclear System). (Cortesia da Obagi.) Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 191 Reavaliações e Condutas Habituais Durante os estágios iniciais de aplicação do Esquema de Produtos Tópicos para Eritema Facial, é recomendável pedir aos pacientes para voltar dentro de quatro a seis semanas para reavaliar a pele, avaliar a tolerância e a adesão ao esquema e efetuar quaisquer ajustes necessários no esquema de tratamento. Os médicos tam- bém podem perguntar se houve ressecamento ou oleosidade e, embora não seja provável, avaliar as complicações (veja Complicações dos Produtos Tópicos e Seu Tratamento, nas seções anteriores). • Ressecamento excessivo. Se a pele estiver muito seca, pode-se acrescentar um produto hidratante ao esquema, inclusive um sérum hidrante (p.ex., gel hidrante BS da SkinCeuticals, que contém ácido hialurônico e vitamina BS, ou Hydrating Serum da PCA SKIN, que contém ureia, hialuronato de sódio, niacinamida e glicerina). Esse produto pode ser aplicado duas vezes ao dia. • Quando os pacientes estão satisfeitos com seu esquema de produtos tópicos, as reavaliações subsequentes geralmente são realizadas a cada seis meses, ou quando é necessário revalidar a prescrição. Como Potencializar os Resultados na Rosácea e Pele Sensível O uso dos procedimentos esfoliantes como a microdermoabrasão e os peelings químicos para pacientes com distúrbios cutâneos eritematosos é controverso. Em comparação com a pele normal, a barreira cutânea está menos preservada nos in- divíduos com esses problemas e esses procedimentos esfoliativos podem regenerar uma barreira cutânea mais saudável; contudo, também podem agravar o eritema e a irritação. Os lasers e a luz intensa pulsada são muito eficazes para reduzir te- langiectasias e eritema. A maquiagem mineral dissimuladora é uma opção para esconder o eritema. Tratamento da Acne O tratamento da acne é determinado pelos tipos de lesões por ocasião da apresen- tação e pela gravidade final da doença. Os tratamentos para acne não inflamatória (acne simples) consistem basicamente em esfoliação e redução da produção se- bácea. O tratamento para acne inflamatória (acne vulgar) inclui antibacterianos eficazes contra Propionibacterium acnes (P. acnes) e produtos anti-inflamatórios, além das medidas usadas para tratar acne não inflamatória. Os casos moderados a graves com pápulas e pústulas numerosas devem ser tratados com antibióticos orais e, nos casos mais graves, com isotretinoína oral. No Esquema de Produtos Tópicos para Acne, há um esquema potencialmente útil para tratar acne (graus I a III). Muitos outros esquemas são possíveis e igual- 192 Pee/ings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Fsquema de Produtos Tópicos para Acne Exemplos de Produtos com os Tipo de Ingredientes Principais (Nome Etapas Finalidades Produto Comercial e Fabricante) Limpeza Remover Agente de Por exemplo, A H As misturados detritos e sebo limpeza contendo ácido glicólico e ácido da superfície medicado láctico com camomila e aloé vera (Simply Clean da SkinCeuticals) ou ácido salicílico a 2% (CLENZiderm M.D. Daily Care Foaming Cleanser da Obagi) Tratamento Regular o Ácido Por exemplo, ácido salicílico a 1 ,5% tu mover celular salicílico e/ou com ALH a 0,3%, ácido glicólico a retinoide 3,5%, ácido cítrico a 0,5% e ácido dioico a 2% (Biemish and Age Defense da SkinCeuticals) ou Retino! 1% (da SkinCeuticals) Antibacterianos Tratamento Por exemplo, BPO a 5% com (para lesões focal gliconolactona (Acne Cream da PCA inflamatórias) SKIN) ou enxofre a 10% com ácido salicflico (Bye-bye Blemish Drying Lotion da Bye-bye Blemish) Manter os níveis Gel, sérum Por exemplo, gel à base de ácido de hidratação ou loção hialurônico com extratos de tomilho e ação anti- umidificantes e pepino (Phyto Corrective Gel da inflamatória SkinCeuticals) ou pantenol com óleos de sementes de barragem e prímula com aloé vera (ReBalance da PCA SKIN) Proteção Evitar oxidação Antioxidante Por exemplo, ácido L-ascórbico a celular 1 O% com ácido ferúlico a 0,5% e sérum Phloretin 2% (Phloretin CF da SkinCeuticals) ou ácido L-ascórbico a 10% (Professionai-C Serum da Obagi) Evitar danos Filtro solar Por exemplo, dióxido de titânio a causados pela 7,3% com óxido de zinco a 3,4% radiação UV (Daily Physical Defense SPF 30 da SkinMedica) ou dióxido de titânio a 6% com óxido de zinco a 5% (Sheer Physical UV Defense SPF 50 da SkinCeuticals) Esta tabela cita como exemplos apenas alguns produtos, mas muitos outros são igualmente apropriados. Este Esquema está indicado para pacientes com pele normal a oleosa. Seção s;" Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 193 mente apropriados. Em geral, os produtos tópicos são combinados com tratamen- tos esfoliativos realizados no consultório (inclusive microdermoabrasão e peelings químicos) para melhorar os resultados. Embora a acne seja um distúrbio causado pela produção excessiva de sebo, alguns pacientes têm pele desidratada em consequência do baixo teor de água, en- quanto outros têm pele oleosa. Esses tipos de pele diferentes (desidratada e oleosa) podem ajudar a orientar a escolha da formulação dos produtos tópicos para acne. Em geral, os géis são preferíveis para pele oleosa, enquanto os cremes são mais hidratantes e preferíveis para pele seca. Além disso, o tratamento excessivamente rigoroso da acne pode destruir a barreira cutânea e acentuar a desidratação, resul- tando no aumento da secreção sebácea e na perpetuação da doença. Limpeza Os agentes de limpeza para acne têm como finalidade reduzir a secreção sebácea e, em geral, são espumosos devido às concentrações mais altas de surfactante. Esses produtos geralmente contêm ingredientes ativos para reduzir ainda mais a quan- tidade de sebo, promover a esfoliação e controlar as bactérias (p.ex., peróxido de benzoíla [BPO], AHAs, ácido salicílico e enxofre). Os tratamentos abrasivos como esfregação com contas esfoliantes e esponjas ásperas não devem ser usados para evitar irritação excessiva e abrasão da pele frágil. Tratamento Quase todos os esquemas tópicos para acne incluem esfoliantes, produtos anti- -inflamatórios e antibacterianos (para tratar pápulas e pústulas). A Tabela 4 des- creve os tratamentos usados comumente para acne. Alguns produtos são rotulados como "não comedogênicos"; contudo, este termo não é reconhecido pelo FDA, nem existe qualquer tipo de padronização. Os produtos "não comedogênicos" po- dem ser comedogênicos, ou seja, causar acne. • Os esfoliantes ajudam a regular a ceratinização folicular dos pacientes com acne. Eles evitam e tratam o tamponamento dos folículos (comumente descri- tos como poros entupidos) e, deste modo, reduzem a proliferação bacteriana e a inflamação. O ácido salicílico é o esfoliante utilizado mais comumente para tratar acne. Ele é comedolítico em virtude de suas propriedades lipofílicas, que permitem sua penetração dentro dos poros repletos de sebo, causando seu des- prendimento e a remoção dos tampões comedônicos. O ácido salicílico tam- bém é anticomedogênicoporque evita o tamponamento folicular e a formação dos comedões, além de ter propriedades anti-inflamatórias. Os AHAs como os ácidos glicólico e láctico também podem ser usados, mas são hidrossolúveis e, por esta razão, são agentes comedolíticos menos potentes. Os ácidos poli-hi- droxílicos são menos irritantes que os AHAs e são utilizados comumente para tratar acne dos pacientes com pele sensível. Veja informações adicionais sobre esfoliantes em Tratamento da Pele Fotoenvelhecida. 194 Peelings Químicos, Mkrodermoabrasão & Produtos Tópicos - TABELA 4 _.Jõa: Tratamentos para Acne Produto Tópicos Peróxido de benzoíla Clindamicina Eritromicina Sulfacetamida sódica Retinoides Ácido salicílico Óxido dioico Enxofre Tomilho Oral lsotretinoína Anticoncepcionais orais Tetraciclinas (tetraciclina, minociclina, doxiciclina), cefalexina e sulfametoxazol- trimetoprima Mecanismo de Ação Antibacteriano, anticomedogênico, ação ressecadora da pele Antibacteriano Antibacteriano Antibacteriano Esfoliante, comedolítico e anticomedogênico Esfoliante, comedolítico, anticomedogênico e anti-inflamatório Antibacteriano, anticomedogênico Esfoliante, comedolítico, ação ressecadora da pele Antibacteriano e anti-inflamatório Redução das glândulas sebáceas e da secreção de sebo Supressão da produção sebácea por redução da testosterona Antibacteriano • Os retinoides reduzem a acne e também a hiperpigmentação pós-inflamatória (HPI), que pode estar associada. As doses dos retinoides tópicos são tituladas lentamente de forma a atenuar a dermatite retinoide associada (veja informa- ções sobre doses dos retinoides na seção sobre Retinoides). A exacerbação da acne é comum durante as primeiras semanas de aplicação dos retinoides, prin- cipalmente quando se utilizam produtos vendidos com prescrição. O retino) e o retinaldeído são alternativas menos potentes e, em geral, não causam irritação ou agravação da acne. • Os agentes antibacterianos incluem os antibióticos tópicos tradicionais (como clindamicina e sulfacetamida de sódio) e os antibióticos orais como tetracicli- nas, cefalexina e sulfametoxazol!trimetoprima. Alguns cosmecêuticos também têm atividade antibacteriana, inclusive peróxido de benzoíla e os ácidos azeláico e kójico, mas são menos potentes que os produtos vendidos com prescrição. Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 195 • O peróxido de benzoíla (BPO) tem sido o fármaco padronizado para o trata- mento da acne há muitos anos. Sua atividade antibacteriana é atribuída à sua capacidade de liberar oxigênio molecular nos planos profundos dentro do fo- lículo piloso. O Propionibacterium acnes é anaeróbio e, ao produzir condições desfavoráveis, o BPO atua rápida e eficazmente nestas bactérias. Além disso, o BPO trata a acne porque reduz a resistência das bactérias aos antibióticos tópicos e sistêmicos e atua como agente esfoliante. Os produtos à base de BPO causam ressecamento e podem estar associados à irritação da pele. Os mé- dicos devem usar a concentração mais baixa de 2,5% em toda a face, porque estas formulações estão associadas a menos irritação e eficácia comparável a dos produtos com concentrações mais altas de BPO. Os tratamentos focais e os agentes de limpezas, que são aplicados em áreas pequenas ou por períodos curtos, geralmente têm concentrações mais alta de BPO (p.ex., 5%). • O ácido azeláico é um produto multifuncional que pode ser usado para tratar acne, rosácea e hiperpigmentação. Seus efeitos benéficos na acne são atribuí- dos às suas propriedades ceratolíticas, antibacterianas e anti-inflamatórias. Além disso, esse produto não está sujeito ao desenvolvimento de resistência bacteriana. Os produtos à base de ácido azeláico vendidos com prescrição contêm até 20%, enquanto os produtos cosmecêuticos geralmente contêm até 5% de ácido azeláico. Estudos demonstraram que todas as concentrações são eficazes para tratar acne. • O ácido kójico geralmente é usado para evitar e tratar hiperpigmentação. Esse ácido também tem atividade antibacteriana e, por esta razão, é útil ao tratamento da acne e da HPI. • O ácido dioico é derivado do ácido oleico e é usado para tratar hiperpigmen- tação e acne, porque inibe a secreção sebácea e tem atividade antibacteriana contra o P. acnes. • Os anti-inflamatórios (Tabela 3) também são usados para tratar acne inflama- tória e estão relacionados na Tabela 3, Cosmecêuticos para Eritema Facial. • Os agentes adstringentes como o extrato de gengibre e a hamamélia ajudam a controlar a produção excessiva de sebo. Compressas descartáveis impregna- das com esses produtos podem ser usadas conforme a necessidade (no máximo duas vezes por dia) quando a oleosidade persiste depois da aplicação regular do Esquema de Produtos Tópicos. Os adstringentes são especialmente úteis nos pacientes adolescentes, que têm produção sebácea induzida por hormônios. Proteção O uso de filtr os solares nos pacientes com acne é importante porque alguns pro- dutos usados para tratar a doença aumentam a fotossensibilidade, inclusive tetra- ciclina, doxiciclina, retinoides e BPO. O eritema associado às lesões inflamatórias, principalmente na pele sem proteção, pode causar HPI. Os pacientes com acne 196 Peelings Químicos, Microd~rmoabrasão & Produtos Tópicos comumente evitam usar filtros solares porque os produtos em cremes espessos podem contribuir para a formação das lesões. Por essa razão, os filtros solares de amplo espectro com FPS de 30 ou mais são recomendados em formulações de loções fluidas. Os antioxidantes também são recomendados para ajudar a atenuar os efeitos oxidantes deletérios da radiação uv: Resultados A Hgura 11 ilustra u ma paciente com acne vulgar grave, antes (A) e depois (B) do uso diário por dois meses de um agente de limpeza à base de ácido alfa-hidroxilico, gel de tretinoína a 0,05%, gel um.idificante à base de ácido hialurônico com pepino e tomilho e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 12 ilustra uma paciente com acne vulgar branda a moderada, antes (A) e depois (B) do uso diário por dois meses de um agente de limpeza à base de ácido alfa-hidroxilico, retino! a 0,5%, ácido salicilico a 2%, tratamento focal com ácido azeláico a 5%, loção umidificante e filtro solar de amplo espectro com FPS de30. A Figura l3 ilustra um paciente com acne vulgar branda a moderada, antes (A) e depois (B) do uso diário por duas semanas de um agente de limpeza à base de ácido salicílico, séru~ de ácido salicílico a 2%, loção umidificante de glicerina a 20% e filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. Reavaliações e Condutas Habituais Durante os estágios i.rúciais de aplicação de um Esquema de Produtos Tópicos para Acne, é recomendável peür ao paciente para voltar dentro de quatro a seis sema- nas para reavaliar a pele, avaliar a tolerância e a adesão ao tratamento e efetuar quaisquer ajustes necessários no seu esquema. Nessa ocasião, também é importan- te avaliar os pacientes para ressecWlento, oleosidade e irritação da pele e, embora não sejam prováveis, possíveis complicações (veja adiante). • Ressecam cn to excessivo. Se a pele estiver muito seca, pode-se acrescentar u m produto hidratante ao esquema, inclusive um sérum hidrante (p.ex., gel hidrante BS da SkinCeuticals, que contém ácido hialu.rônico e vitamina B5, ou Hydrating Serum da PCA SKIN, que contém ureia, hlaluronato de sódio, niacinamida e gücerina). • Oleosidade excessiva. As compressas impregnadas com ácido salidlico (p.ex., NeoCeuticals Acne Treatment Solution Pads da NeoStrata) podem ser usadas para limpar a pele, especialmente na fronte, no nariz e no queixo ("zona T") durante o dia, se estiver oleosa. Em segtúda, deYe-se reaplicar um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais especial para acne. Produtos Tópicos de Cuidados da Pele A B 197 CURA Acne vulgar, antes (A) e depois (8 ) do uso diário por dois meses de um agente de limpezaà base de ácido alfa-hidroxílico (Simply Clean), gel de tretinoína a 0,05% (Atralin), gel suavizante à base de ácido hialurônico, umidificante com pepino e tomilho (Phyto Corrective Gel) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 (Daily Physical Defense). (Cortesia da Ora. Rebecca Small.) 198 Peelings Químicos, M icrodermoabrasão & Produtos Tópicos A B J IGUP 7 1 Acne vulgar, antes (A) e depois (B) do uso diário por dois meses de um agente de limpeza à base de ácido alfa- hidroxílico, retino! a 0,5% (A&C Synergy Serum), aplicação localizada de ácido salicílico a 2% e ácido azeláico a 5% (Acne Gel), loção umidificante suavizante com aloé ver a, alantoína, bisabolol, óleo de sementes de borragem (Ciearskin) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. (Cortesia da PCA SKIN.) A B Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 199 Acne vulgar, antes (A) e depois (B) do uso diário por duas semanas de um agente de limpeza à base de ácido salicilico, sé rum de ácido sal icílico a 2%, loção umidificante de g licerina a 20% e um fi ltro solar de amplo espectro com FPS de 30 (CLENZiderm MO, Obagi). (Cort esia da Obagi.) 200 Peelíngs Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos • Irritação excessiva. Se a pele estiver muito irritada, considere o acréscimo de um produto suavizante que contenha ingredientes anti-inflamatórios (p.cx., An- ti-Redness Serum da PCA SKIN, que contém dimeticona e e}.i:ratos de algas; ou Phyto Corrective Gel da SkinCeuticals, que contém ácido hialurônico, tomilho e pepino). • Quando os pacientes estão satisfeitos com seu esquema de cuidados da pele, as reavaliações subsequentes geralmente são realizadas a cada seis meses, ou conforme a necessidade para revalidar a prescrição. Como Potencializar os Resultados na Acne A combinação dos produtos tópicos com procedimentos esfoliantes como peelings quirrúcos e microdermoabrasão pode potencializar os resultados obtidos nos pa- cientes com acne não inflamatória e inflamatória. Urna série de peelings químicos superficiais (p.ex., ácido salicílico ou solução de Jessner) e/ou microdermoabrasão acelera a esfoliação e reduz o tamponamento folicular e a inflamação. A esfoliação também acelera a remoção dos pigmentos e pode atenuar a HPL Os peelings quí- micos e a microdermoabrasão são realizados sem problemas nos pacientes que uti- lizam retinoides vendidos sem prescrição; contudo, a combinação com reti.noides vendidos com prescrição é mais difícil (veja Retinoides, nas seções anteriores). Os tratamentos à base de luz são opções para a acne inflamatória. O mecanis- mo de ação dos tratamentos à base de luz gira em torno do fato de que o P. acnes produz porfirinas. Quando as porfirinas bacterianas são ex.postas à luz, principal- mente à luz azul ( 415 nm), formam-se radicais livres e tem início uma reação cito- tóXica que destrói seletivamente as bactérias. Embora a luz vermelha (635 nm) seja m enos eficaz na fotoativação das porfirinas, ela penetra mais profundamente na pele e, por esta razão, os tratamentos à base de luz para acne geralmente combinam luzes azul e vermelha. O tratamento fotod:inâ.mico consiste em aplicar fármacos fotossensibilizantes tópicos (como ácido aminolevulânico) para destruir alvos se- letivamente. O ácido aminolevulânico concentra-se no P. acnes e nas glândulas sebáceas e, depois da ativação com uma fonte luminosa (p.ex., luz intensa pulsada, luz vermelha ou azul, ou laser de corante pulsado [595 nm]), ocorre uma reação citotóxica localizada que resulta na destruição desses alvos. Tratamento da Hiperpigmentação O tratamento da hiperpigmentação com produtos tópicos tem como objetivos su- primir a síntese de melanina (melanogênese) e remover os pigmentos que já estão presentes na pele por esfoliação (Flg. 14). Além disso, os produtos que causam irritação devem ser evitados, principalmente nos pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI), porque a irritação persistente pode estimular a melanogênese. _Seção 5 Produtos Tópicos de Cuidados da Pele Esfoliação E&-- Retinoides Ácidos hidroxilicos Retinoides Niacinamida (Vit. 63) Groselha da fndia --- ----ll·-1 Emblica Soja ffi = Ativação 8 = 1nibição Ceratinóclto Distribuição dos melanossomos Retlnoides Hldroquinona Vitamina C '------ Ácido azeláico Ácido kójico Arbutina Amora Deca peptídeo-12 FIGURA 14 Fisiopatologia e tratamentos para hiperpigmentação. 201 Esta seção enfatiza um grupo específico de produtos tópicos de cuidados da pele, que são usados para tratar e evitar hiperpigmentação, aqui descritos como Esquema de Produtos Tópicos para Hiperpigmentação (veja adiante). Muitas op- ções de produtos tópicos são igualmente eficazes. Em geral, esse esquema é com- binado com tratamentos esfoliantes com peelings químicos e microdermoabrasão para potencializar os resultados. 202 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos • Esquema de Produtos Tópicos para Hiperpigmentação Exemplos de Produtos com os Tipo de Principais Ingredientes (Nome Etapas Finalidades Produto Comercial e Fabricante) Limpeza Remover Agente de Por exemplo, creme de limpeza detritos e sebo limpeza facial (Creamy Cleanser da PCA SKIN ou da superfície suave Gentle Cleanser da SkinCeuticals) Tratamento Inibir a lnibidor de Por exemplo, hidroquinona a 4% (Ciear melanogênese tirosinase da Obagi) ou hidroquinona a 2% com ácido kójico (Pigment Gel da PCA SKIN), ou ácido kójico a 2% com Emblica e ácido glicólico a 2% (Pigment Regulator da SkinCeuticals) Regular o Retinoide Por exemplo, Retino I 1 o/o (da tu mover SkinCeuticals) ou retinol a 1 o/o com celular palmitato de retino I a O, 1 o/o e acetato de retino! a O, 1 o/o (Tri-retinol Complex da SkinMedica) Manter os Umidificante Por exemplo, creme à base de níveis de pantenol e manteiga de manga hidratação com óleos de sementes de uva, rose hips e macadâmia (Emoll ience da SkinCeuticals) ou creme à base de vaselina com dimeticona, óleo de amêndoas doces e acetato de tocoferol (Cetaphil Cream da Galderma) Proteção Evitar oxidação Antioxídante Por exemplo, ácido L-ascórbico a 15% celular com alfatocoferol a 1 o/o e ácido ferúlico (CE Ferulic da SkinCeuticals) ou ácido L-ascórbico a 20% (Professionai-C Serum da Obagi) Evitar danos Filtro solar Por exemplo, dióxido de titânio a causados pela 7,3% com óxido de zinco a 3,4% (Daily radiação UV Physical Defense SPF 30 da SkinMedica) ou óxido de zinco a 7% com octinoxato a 7,5% (Uitimate UV Defense SPF 30 da SkinCeuticals) Esta tabela cita como exemplos apenas alguns produtos, mas muitos out ros são igualmente apropriados. Este Esquema está indicado para pacientes com pele normal a seca. Limpeza Os pacientes com hiperpigmentação podem ter vários tipos cutâneos. Um agente de limpeza de base cremosa é recomendável para pele normal a seca, enquanto uma formulação em espuma é apropriada para peles oleosas. Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 203 Tratamento A inibição da síntese de melanina é uma das funções mais importantes dos pro- dutos tópicos utilizados para tratar hiperpigmentação. A conversão da tirosina em melanina pela tirosinase é a etapa fundamental da melanogênese e os inibidores de tirosinase são os principais agentes clareadores tópicos utilizados para tratar hiperpigmentação (Fig. 14). Os agentes clareadores tópicos estão disponíveis em produtos vendidos com prescrição, que contêm ingredientes ativos potentes em concentrações mais altas (Tabela 5). Os agentes clareadores tópicos também estão presentes em produtos cosmecêuticos (Tabela 6). "Clareador" é um termo definido pelo FDA, que se aplica aos fármacos como a hidroquinona; por outro lado, os produtos cosmecêuticos são descritos como "iluminador': • A hidroquinona é um dos inibidores de melanogênese mais potentes. Ela su- prime a síntese de melanina por inibição da tirosinase, reduz a formação dos melanossomos, aceleraa decomposição dos melanossomos e causa citotoxici- dade específica para melanócitos. A hidroquinona está disponível em produtos vendidos sem prescrição na concentração a 2% e pode ser prescrita em cremes a 4% ou formulada nas farmácias de manipulação com concentrações de até 8%. A hidroquinona pode causar irritação. O aumento gradativo da frequência de aplicação (inicialmente, em noites alternadas, depois todas as noites) ao longo de duas semanas pode reduzir o risco de ocorrer irritação. Em razão do seu efeito cito tóxico nos melanócitos, o uso da hidroquinona foi proibido em alguns países. Por essa razão, muitos fabricantes americanos desenvolveram outros agentes iluminadores cosmecêuticos como alternativas para a hidroquinona. • Os cosmecêuticos também têm propriedades clareadoras da pele. Alguns fun- cionam como inibidores de tirosinase (p.ex., ácido kójico e arbutina); contudo, eles não são tão eficazes quanto a hidroquinona. Dentre os agentes cosmecêu- ticos disponíveis, o ácido azeláico, o ácido kójico e a arbutina estão entre os mais potentes. O ácido kójico pode causar irritação e foi associado à dermatite irritativa. • Os retinoides inibem a atividade da tirosinase e a distribuição dos melanosso- mos e aceleram a esfoliação. Os retinoides vendidos com prescrição produzem efeitos mais profundos e reduzem a hiperpigmentação. Contudo, esses compos- tos podem não ser bem tolerados em consequência da dermatite retinoide as- sociada ao seu uso. Os retinoides vendidos sem prescrição (p.ex., retino!) são alternativas menos potentes e raramente causam irritação. • A combinação dos agentes d areadores com esfoliantes (p.ex., AHAs ou reti- noides) aumenta a penetração na pele e torna os produtos mais eficazes, que quando são usados separadamente. O creme tríplice composto clássico (Tri- -Luma) é um produto aprovado pelo FDA para tratar melasma e contém hidro- quinona a 4%, tretinoína a 0,05% e um corticoide (acetonida de fluocinolona a 0,01 %). Os corticoides podem ser acrescentados aos produtos à base de reti- 204 Peelings Qui micos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos TABELAS ·:~ .. Produtos Tópicos Vendidos com Prescrição para Tratar Hiperpigmentação Nome Comercial Ingrediente Protetor Outros do Produto Clareado r Retinoide Solar Componentes Finacea Ácido Nenhum Nenhum azeláico a 15% Claripel HQa4% Nenhum Filtro solar Eldopaque Forte HQa4% Nenhum Filtro solar Eldoquin Forte HQa4% Nenhum Nenhum EpiQuin HQ a4% Retino I a O, 15% Vitaminas C e E Glyquin HQa4% Nenhum Filtro solar Vitaminas C e E Ácido glicólico a 1 0% Glyquin XM HQa4% Nenhum Filtro solar Vitaminas C e E Ácido hialurônico Lustra HQa4% Nenhum Vitaminas C e E Ácido glicólico a 2% Lustra AF HQa4% Nenhum Fil tro solar Vitaminas C e E Ácido glicólico a 2% Lustra Ultra HQa4% Nenhum Filtro solar Vaselina Alustra HQa4% Retino I Nenhum Melquin HQa4% Nenhum Nenhum Vaselina Nuquin HQ a 4% Nenhum Filtro solar Vaselina Nu-Derm Clear HQa4% Nenhum Nenhum Vitaminas C e E da Obagi Ácido láctico Obagi-C Night HQa4% Nenhum Nenhum Vitaminas C e E Therapy Ácido láctico Ácido salicílico Sol age Mequinol Ácido retinoico Nenhum a2% a 0,01% Solaquin Forte HQa4% Nenhum Filtro solar Triluma HQ a 4% Ácido retinoico Filtro solar Acetonida de a0,05% fluocinolona a 0,01% HQ = hidroquinona. Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 205 Produtos Cosmecêuticos Tópicos para Tratar Hiperpigmentação Ingrediente Acetilglicosamina Aloesina Arbutina Ácido azeláico Ácido dioico Emblica Ácido glicólico Hidroquinona Ácido kójico Extrato de alcaçuz (glabridina) Lumixyl (peptídeo) Extrato de amora Niacinamida Fenileti lresorcinol Retinoides Flavonoides da soja Undecilenoilfenilalanina Vitamina C Fontes Qui tina Aloévera Uva-de-urso Derivado do Pityrosporum oval e Derivado do ácido oleico Groselha da Índia Cana-de-açúcar Sintética Fungos Raiz do alcaçuz Decapeptídeo-12 Raiz da árvore Broussonetia papyrifera Amida da vitamina 63 Derivado (sintético) do resorcinol Derivados da vitamina A Soja Supressor (sintético) do hormônio de estimulação dos melanócitos (MSH) Frutas cítricas noide vendidos com prescrição para reduzir a irritação; contudo, recomenda-se cautela com estes fármacos porque seu uso crônico pode tornar a pele mais fina e estimular a formação de telangiectasias. O mequinol (um derivado sintético da hidroquinona) está disponível em um produto composto de mequinol a 2% com tretinoína a 0,01% (Solage). Os agentes ilumínadores cosmecêuticos tam- bém são combinados frequentemente para aumentar a penetração e a eficácia, inclusive ácido kójico com retinol ou ácido glicólico (p.ex., Pigment Regulator da SkinCeuticals, que contém ácido kójico a 2%, Emblica officinalis a 2% e ácido glicólico; ou Intensive Clarity Treatment da PCA SKIN, que contém retinol a 0,5%, ácido láctico e gliconolactona). • Os fatores de crescimento podem ser usados nos pacientes com hiperpigmen- tação e, em geral, são aplicados depois da adaptação completa ao esquema de produtos tópicos iniciais. Embora os produtos à base de fatores de crescimento 206 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos sejam usados principalmente para estimular a síntese de colágeno e reduzir ru- gas, alguns produtos (como NouriCell-MD, da SkinMedica) também causam redução da hiperpigmentação clinicamente demonstrável. Proteção As medidas rigorosas de proteção do sol com aplicação diária de um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio são componentes essenciais do tratamento de todos os pacientes com hiperpigmentação. Além disso, os pacientes devem usar diariamente um antioxi- dante tópico (p.ex., ácido L-ascórbico) aplicado de manhã como proteção contra radiação UV e por suas propriedades de clareamento da pele. Além disso, como a melanina é um mecanismo de defesa natural contra o sol, a redução da quantidade de pigmento na pele acarreta algum risco teórico e o uso desses produtos proteto- res ajuda a reduzir este risco. Resultados A Figura 15 ilustra uma paciente com HPI secundária à acne, antes (A) e depois (B) do uso diário por três meses de retino! a 0,5%, hidroquinona a 2%, ácido kóji- co, ácido azeláico, resorcinol, arbutina, undecilenoilfenüalanina e filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 16 ilustra uma paciente com HPI secundária a um peeling químico, antes (A) e depois (B) do uso diário por quatro meses de h idroquinona a 2%, ácido kójico, ácido azeláico e filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. A Figura 17 ilustra uma paciente com melasma, antes (A) e depois (B) da apli- cação diária duas vezes ao dia por dois meses de hidroquinona a 4% e uso diário de ácido retinoico a 0,1 %, ácido glicólico a 6% com ácido láctico a 4% e filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. Reavaliações e Condutas Habituais Durante os estágios iniciais de aplicação de um Esquema de Produtos Tópicos para Acne, é recomendável pedir ao paciente para voltar dentro de quatro a seis sema- nas para reavaliar a pele, avaliar a tolerância e a adesão ao tratamento e efetuar quaisquer ajustes necessários no seu esquema. Nessa ocasião, também é importan- te avaliar os pacientes para ressecamento, oleosidade e irritação da pele e, embora não sejam prováveis, possíveis complicações. • Irritação. A hidroquinona e os retinoides podem causar irritação. A redução da dose diminuindo a quantidade aplicada à metade, ou diminuindo a frequência das aplicações diárias para em dias alternados, pode atenuar a irritação. Quan- do a irritação da pele persiste, o médico deve considerar a substituição por um Produtos Tópicos de Cuidados da Pele A B FIGURA 15 Hiperpigmentação pós-inflamatória secundária a acne, antes (A) e depois (8) do uso diário por três meses de retino I a 0,5% (A&C Synergy Serum), hidroquinona a 2% com ácido kójico, ácido azeláico eácido láctico (Pigment Gel), resorcinol, arbutina e undecilenoilfenilalanina (Brightening Therapy with True Tone) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. (Cortesia da PCA SKIN.) 207 208 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos A B F GURA 16 Hiperpigmentação pós-inflamatória secundária a um peeling químico realizado no passado, antes (A) e depois (8) do uso diário por quatro meses de hidroquinona a 2% com ácido kójico, ácido azeláico e ácido láctico (Pigment Gel) e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30. (Cortesia da PCA SKIN.) Produtos Tópicos de Cuidados da Pele A B 209 FICUFtll 1 M elasma, antes (A) e depois (B) da aplicação duas vezes ao d ia por dois meses de hidroquinona a 4% e uso diário de ácido retinoico a 0,1 o/o, ácido glicólico a 6% com ácido láctico a 4% e um fi lt ro solar de amplo espectro com FPS de 30 (Nu-Derm System). (Cortesia da Obagi.) 210 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos produto que não tenha hidroquinona e retinoide (p.ex., Pigment Regulator da SkinCeuticals, que contém ácido kójico a 2% com Emblica officinalis a 2% e áci- do glicólico ). • Quando os pacientes estão satisfeitos com seu esquema de cuidados da pele, as reavaliações subsequentes geralmente são realizadas a cada seis meses, ou conforme a necessidade para revalidar a prescrição. Como Potencializar os Resultados na Hiperpigmentação Os procedimentos esfoliantes como peelings químicos e microdermoabrasão são realizados comumente em combinação com produtos tópicos para acelerar e po- tencializar os resultados. A combinação dos procedimentos a laser e à base de luz, que atuam especificamente nos pigmentos indesejáveis, com os tratamentos esfo- liantes e os produtos tópicos consegue redução mais profunda da hiperpigmenta- ção induzida pela luz UV e pós-inflamatória. Quando possível, é recomendável in- terromper o uso dos hormônios exógenos (p.ex., pílulas anticoncepcionais) pelas pacientes com melasma. Evitar procedimentos estéticos agressivos nos pacientes com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI) também é uma medida profilática útil para HPI relacionada com o procedimento. Produtos de Cuidados da Pele para Antes e Depois de Procedimentos Os produtos tópicos de cuidados da pele são aplicados antes e depois de procedi- mentos estéticos como peelings químicos e tratamentos a laser para manter e po- tencializar os resultados. Esses produtos preparam a pele estimulando a formação de epiderme e derme basal mais saudáveis antes dos procedimentos e também suavizam a pele e promovem a cicatrização depois do procedimento. O uso dos agentes clareadores também pode reduzir o risco de complicações pigmentares depois dos procedimentos (inclusive HPI). Antes dos Procedimentos Em geral, os produtos tópicos de cuidados da pele aplicados antes dos procedi- mentos consistem em um retinoide, umidificante, antioxidante e filtro solar e po- dem incluir um fator de crescimento, ou seja, são os mesmos produtos usados nos Esquemas de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida. Um agente clareador tópico (p.ex., hidroquinona de 2 a 8%) também pode ser acrescentado para ajudar a diminuir o risco de HPI depois do procedimento em pacientes mais suscetíveis à hiperpigmentação, inclusive indivíduos com fototipos cutâneos de Fitzpatrick mais pigmentados (IV a VI). A aplicação de um esquema de produtos tópicos um a dois meses antes dos procedimentos estéticos condiciona a pele porque reduz Produtos Tópicos de Cuidados da Pele 211 a espessura do estrato córneo e estimula a renovação da epiderme. Isso permite a penetração mais homogênea dos produtos durante o tratamento (p.ex., peeling químico) e facilita a cicatrização. De forma a garantir que a epiderme esteja total- mente intacta por ocasião do tratamento, os retinoides vendidos com prescrição devem ser interrompidos uma a duas semanas antes do procedimento, enquanto os ácidos hidroxílicos devem ser suspensos uma semana antes. Depois dos Procedimentos A escolha dos produtos aplicados depois dos procedimentos é determinada pelo tipo de tratamento cosmético realizado e se a pele está intacta ou não depois de finalizar o procedimento. Os tratamentos que deixam a epiderme intacta (como lasers não ablativos e tratamentos de esfoliação superficial como peelings químicos e microdermoabra- são) são seguidos da aplicação de produtos tópicos não oclusivos depois do pro- cedimento. Esses produtos não oclusivos contêm ingredientes ativos para suavizar a pele (inclusive óleo de semente de barragem e óleo de prímula) e estimular a cicatrização (p.ex., betaglucana e peptídeos). A Tabela 7 relaciona os produtos não oclusivos utilizados mais comumente depois dos procedimentos. Além do produ- to não oclusivo, deve-se utilizar um agente de limpeza suave e um filtro solar de amplo espectro com FPS de 30 ou mais (contendo óxido de zinco ou dióxido de titânio) por uma a duas semanas depois do procedimento. Os pacientes podem voltar ao seu esquema tópico rotineiro (p.ex., Esquema de Produtos Tópicos para Pele Fotoenvelhecida) dentro de uma a duas semanas depois do procedimento, quando a pele não tem mais eritema. TABELA 7 -~· ·;..-· • - •....(JL Produtos Não Oclusivos Aplicados Depois de Procedimentos Nome Comercial do Produto (Fabricante) Biafine (OrthoNeutrogena) Epidermal Repair (SkinCeuticals) ReBalance (PCA SKIN) TNS Ceramide Treatment Cream (SkinMedica) Ingredientes (Efeito Pretendido ou Tipo de Produto) Salicilato de trolamina, alginato de sódio (cicatrização de feridas) Betaglucano e Centella asiatica (síntese de colágeno) óleo de sementes de borragem e ó leo de prímula (anti-inflamatórios), pantenol e niacinamida (umidificantes) e tocoferol (antioxidante) Hidroxipropilbispalmitamida MEA (ceramida para fortalecer a barreira cutânea), NouriCei-MD (fatores de crescimento), pamitoil-oligopeptídeo e palmitoil-tetrapeptídeo-7 (síntese de matriz) 212 Peelings Químicos, Microdermoabrasão & Produtos Tópicos Os tratamentos que destroem a epiderme (p.ex., esfoliação a laser, peelings químicos mais profundos e dermoabrasão) são seguidos logo depois do procedi- mento de um umidificante oclusivo que facilite a reepitelialização por cicatrização da ferida em condições de umidade. Em geral, esses produtos oclusivos são for- mulados como pomadas e contêm basicamente ingredientes que hidratam pro- fundamente. Alguns também contêm ingredientes ativos para suavizar a pele e estimular a cicatrização. A Tabela 8 descreve alguns produtos oclusivos utilizados comumente depois dos procedimentos. O Puralube é um produto à base de vase- lina de grau oftálmico, que pode ser aplicado na região periocular. Os produtos oclusivos podem ser aplicados logo depois do procedimento finalizado e mantidos até que haja reepitelialização. Em geral, isso ocorre dentro de quatro a sete dias de- pois dos lasers ablativos fracionados e até duas semanas ou mais depois dos lasers ablativos não fracionados, dos peelings químicos profundos e da dermoabrasão. A pele pode ser limpa com ácido acético diluído (gaze embebida em solução com 1 colher de sopa de vinagre branco em duas xícaras de água) até quatro vezes ao dia para reduzir o risco de infecção. Como a maioria desses produtos é formulada na forma de pomadas, não é possível aplicar outros produtos sobre eles (inclusive filtro solar). Por essa razão, as medidas de proteção do sol como usar chapéu e evi- tar exposição solar durante esse período de cicatrização são muitos importantes. TABELA 8 _ ·1· Produtos Oclusivos Aplicados Depois de Procedimentos Nome Comercial do Produto (Fabricante) Aquaphor (Beiersdorf) Catrix 1 O (Lescarden) Primacy (SkinCeuticals) Protective Recovery Balm (Bi02 Cosmeceuticals) Puralube (Nycomed) Ingredientes Hidratantes Óleo mineral Lanolina Vaselina Cera de abelha Parafina Vaselina Escaleno Óleo de grãos de aveia