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LIMA, Venício. “Comunicações no Brasil: novos e velhos atores”, pág. 91-114 4.2. Os atores da comunicação brasileira Um dos fatores decisivos na análise da realidade comunicativa do Brasil é o reduzido número de players efetivamente importantes para o setor Apesar de serem em pequeno número, tais operadores conservam para si mais de 2/3 do faturamento de toda a indústria, possibilitando aos demais operadores (de menor escala) uma parcela desproporcional das receitas 1 Oligopólio: uma mídia de poucos Até o início dos anos 90, havia pelo menos dez grandes grupos de comunicação centralizando as atenções no setor: as famílias Bloch, Frias, Levy, Mesquista, Brito, Saad concorrendo em condições relativamente favoráveis com os Marinho, Abravanel e Civita 1 Anos 80 Anos 90 Ano 2000 Existe concentração na mídia brasileira ? Sim ! (Venicio de Lima - Observatório da Imprensa) Oligopolio na comunicaçao: um Brasil de Poucos (Vilson Vieira Jr) Os maiores grupos brasileiros Na última década e meia, a liderança do setor se concentrou em menos grupos, com diferentes perfis corporativos e pesos estratégicos, respondendo pelos principais faturamentos do negócio Maiores e Melhores: 100 Maiores Grupos por Vendas - Exame 1999 1 A força da mídia nacional Maiores e Melhores: Maiores Empresas - Exame 2012 1 Apesar da crise que acompanhou o ambiente das comunicações brasileiras na primeira parte da década de 2000, os grandes grupos mantiveram-se fortes, seja diversificando suas atividades, contraindo créditos no mercado de investimentos ou reestruturando seus ativos. E já ao final da década, refletindo o ótimo momento da economia brasileira, recuperaram grande parte dos seus resultados Os maiores da mídia no Brasil - Meio e Mensagem (2010) p. 52 / p. 53 Os donos da mídia brasileira Donos da mídia no Brasil 1 Na tentativa de refletir o mapa da concentração da mídia no Brasil, o projeto Donos da Mídia passou a reunir dados públicos e informações fornecidas pelos grupos de mídia para montar um panorama completo da mídia brasileira. Nele estão detalhadas diversas informações sobre os seguintes tipos de veículos: emissoras e retransmissoras de TV; rádios AM, FM, Comunitárias, OT e OC; operadoras de TV a cabo, MMDS e DTH; canais de TV por assinatura; e as principais revistas e jornais impressos Organizações Globo A maior empresa de comunicação brasileira é também a que responde pelas maiores dívidas do setor (atualmente). Constituída por uma série de operações (empresas) interligadas, atua também no sistema de parcerias (sociedades) distribuídas por todo o território nacional. A Globopar (Globo Comunicações e Participações) é a holding do grupo, que controla direta ou indiretamente, vários negócios: 1 Organizações Globo Atualmente a empresa adota um sistema de gestão descentralizado, por segmento de negócios, com os executivos reportando-se a um colegiado formado pelos acionistas. O organograma da empresa tem no topo a família Marinho. Tendo superado uma forte instabilidade que abateu parte dos empreendimentos da família nos últimos dez anos, a empresa procura novos rumos concentrando seus negócios em comunicação * Historicamente , as empresas do grupo respondem, em média por 50 a 75% das verbas destinadas ao setor de mídia no Brasil Paralelamente, as operações mantêm relações estratégicas com grandes players do mercado global: Microsoft, de Bill Gates, News Corporation, de Rupert Murdoch, Telecom (TIM Itália), dentre outros 1 * Sem a NET, a estratégia da Globo para enfrentar o futuro Grupo Abril Tradicional vice-líder do setor de mídia no Brasil, o Grupo Abril ainda ocupa um espaço de destaque, porém, cada vez mais distante da liderança do setor. Já foi um dos cinqüenta maiores grupos empresariais do país, desenvolvendo uma série de operações nos principais segmentos da indústria da comunicação nacional Com o negócio dividido em quatro setores (Abril Mídia, Abril Gráfica, Abril Educação e Distribuição e Logística) atua na produção e distribuição de revistas, livros, obras didáticas, vídeos, CD’s, conteúdos e serviços on-line, multimídia, TV por assinatura... Todas estas operações garantiram ao grupo um crescimento expressivo, sobretudo na década de noventa, seguido de um forte declínio nos últimos dez anos 1 Grupo Abril Fundada em 1950 por Victor Civita, com o lançamento da revista "O Pato Donald", a Abril chegou ao ano de seu cinqüentenário como um dos maiores grupos editoriais da América Latina 1 Outras empresas Setor TVA Televisão fechada * MTV Brasil Televisão fechada Abril Music Fonográfico * UOL Internet * Fundação Victor Civita Público/Privado Em 2005, a Abril iniciou uma significativa mudança no seu perfil corporativo, descontinuando atividades e abrindo novas frentes. Formalizou sociedade com o grupo de mídia sul-africano Naspers, que passou a deter 30% do capital do GA, por US$ 422 milhões. Ratificando seu perfil pioneiro (já havia sido a primeira empresa de mídia a celebrar parceria com um operador estrangeiro, a Disney, nos anos 50), tornou-se também a primeira o fechar acordo com um sócio estratégico de seu próprio ramo * Atividades descontinuadas O grupo ainda tem investimentos nos setores de comércio varejista, distribuidora de peças e veículos, corretora de valores e arrendamento mercantil, agricultura, passando por cosméticos, alimentos, produção teatral e agricultura Grupo Silvio Santos O Grupo Silvio Santos reúne um conjunto de mais de 30 empresas, atuando em áreas distintas (mas buscando resultados comuns), que o tornaram um dos 100 principais conglomerados empresariais do Brasil. É organizado em torno de três divisões operacionais: COMÉRCIO E SERVIÇOS (Baú, Liderança Capitalização – Tele Sena); FINANCEIRA (Banco, Distribuidora de Títulos, Leasing, Seguros, Veículos e Consórcios) DIVISÃO DE COMUNICAÇÃO (SBT, rádios, jornais, revistas, sites, etc) 1 Novo concorrente de peso 1 Hoje, a TV Record cobre todo o Brasil e, através da Record Internacional, está também em aproximadamente 130 países. O grupo inaugurou recentemente o canal Record News (24 horas de noticiário) e está presente no rádio (Record AM), no jornalismo impresso “Correio do Povo” (RS), “Hoje em Dia” (MG) e “Folha Universal”, nas revistas “Plenitude”, “A Visão da Fé”, gravadora Line Records e a Universal Produções, que reúne agência de propaganda, escritório de design, estúdio de fotografia, gráfica, editora de livros e revistas, agência de notícias internacional, produtos infantis, televendas e o portal Arca Universal (internet), dentre outros. O principal acionista da Record, Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, começou a construir seu grupo de comunicação nos anos 1980, quando adquiriu a Rádio Copacabana. Em 1992, a Rádio e Televisão Record foi incorporada e não parou mais de crescer. Outros grupos importantes – Sudeste (SP) 1 Grupo Bandeirantes de Comunicação - Fundado por João Saad, a partir da Rádio Bandeirantes, tornou-se um grande conglomerado que possui o maior grupo de rádio do país, duas redes abertas de TV, três canais segmentados, dois jornais, uma operadora de TV por assinatura, um selo musical e uma grande plataforma de interatividade. A família Saad também está presente no ramo imobiliário através da Aricanduva SA e na agropecuária com o Simental da Band Grupo Folha: fundado por Octavio Frias, é um conglomerado de mídia, que atua fortemente no setor de jornalismo impresso, mas operando ainda com editoras, gráficas, acesso à Internet e agência de notícias. O Grupo Folha é um dos grupos de jornais mais lido na Região Sul e sudeste do Brasil, mas não tão popular noutras regiões do país, embora o jornal, Folha de São Paulo seja uma das maiores circulações diárias do país Grupo OESP: controlado pela família Mesquita, tem enorme importância no setor de notícias, com diversos jornais e revistas,estendendo sua atuação, ainda, para os segmentos editorial e radiofônico Outros grupos importantes – Sudeste (RJ – ES - MG) 1 Companhia Brasileira de Multimídia (CBM) – Componente da Docas Investimentos, a CBM surgiu a partir da Editora JB, responsável pela marca “Jornal do Brasil”. Hoje, a CBM reúne, além do JB, a Editora Peixes, a “Gazeta Mercantil” e os portais JB Online e InvestNews Rede Gazeta -maior grupo de mídia do Espírito Santo, a Rede Gazeta de Comunicação é composta por 16 negócios integrados. São três jornais (liderados pelo “A Gazeta”, fundado em 1928), quatro emissoras de rádio, três portais, uma rede de emissoras de TV que cobre todo o Estado, além de um canal por assinatura voltado só para o ES. A Rede Gazeta também conta com um importante braço de eventos e marketing promocional Rede Itatiaia - maior operadora de rádio de Minas Gerais, o grupo é liderado pela tradicional Rádio Itatiaia AM/FM. Composto por 10 estações de rádio, uma rede de rádio via satélite (Itasat) e uma emissora de TV Outros grupos importantes – Sul (RS e PR) 1 Grupo RBS - maior grupo de comunicação regional, a RBS (Rede Brasil Sul) é composta por 18 emissoras de TV aberta, 2 canais regionais e um por assinatura, 26 rádios, 8 jornais, dois portais na Internet, editora, gravadora, empresa de logística, uma empresa de marketing e relacionamento com o público jovem, além da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho. Controlada pela Família Sirotsky Grupo Massa - controlado pelo apresentador Carlos Massa (Ratinho), está sediado no Paraná e conta com forte presença nos setores alimentício, cervejeiro, hoteleiro, agropecuário e comunicação através das rádios Massa AM e FM, além da recém- lançada Rede Massa de Televisão, afiliada paranaense do SBT e da TV Massa Litoral Outros grupos importantes – Centro Oeste (DF) 1 Diários Associados – Fundado por Assis Chateaubriand há 85 anos, quando adquiriu “O Jornal” do Rio de Janeiro, os Diários Associados são, até hoje, um dos maiores complexos de comunicação da América Latina e reúnem 15 jornais, 12 emissoras de rádio, 8 emissoras de televisão (mídia trazida para o Brasil pelos Associados em 1950 através da TV Tupi), 9 portais, 5 sites, fazendas, produtora de vídeo, agência de notícias, teatro, empresa de logística e imobiliária 1 Rede Bahia – atualmente um complexo de mídia regional, mas com origem no ramo de construção civil através da Construtora Santa Helena. Iniciada por Antônio Carlos Magalhães, em 1978, com o “Correio da Bahia”, expandiu-se com a fundação da TV Bahia (1985), transformando-se na principal rede televisiva do nordeste. Atualmente, a Rede Bahia é composta por 14 empresas distribuídas em quatro segmentos: Mídia, Conteúdo & Entretenimento, Desenvolvimento de Novos Negócios e Construção Civil. Grupo JCPM - o começo foi no varejo através da grande rede de supermercados Bompreço. Em 1987, o Grupo JCPM (iniciais do nome do fundador do grupo, João Carlos Paes Mendonça) adquiriu o Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, que enfrentava graves problemas financeiros. Hoje, o grupo é o maior na mídia pernambucana e possui, além do Jornal do Commercio, as Rádios Jornal Recife e JC/ CBN, além da TV Jornal e do portal JC Online Outros grupos importantes – Nordeste 1 Rede Amazônica - Nascida da agência Amazonas Publicidade, criada em 1968, tornou-se um grupo de comunicação em 1972 com a inauguração da Rádio TV do Amazonas. Hoje, é formado por várias emissoras de rádio e TV em todos os estados da região norte, além de portal na Internet, shopping, centro de convenções, fábrica de produtos de limpeza, empresa de energia solar e serviços de comunicação Outros grupos importantes – Norte Sistema Mirante de Comunicação – Detém a Rede Mirante, afiliada à Rede Globo no Maranhão, com sede na região metropolitana de São Luís. Controlada pela Família Sarney, juntamente com: as rádios Mirante AM e Mirante FM, o jornal O Estado do Maranhão, a TV Upaon Açu, dentre outros ativos 1 Fundação Padre Anchieta - No final dos anos 1960, o Governo do Estado de São Paulo adquiriu, dos Diários Associados, a Rádio e Televisão Cultura. A partir daí, nasceu a Fundação Padre Anchieta – Centro Paulista de Rádio e TV educativas, que hoje reúne: Televisão Cultura, Cultura AM, Cultura FM, Cultura Marcas, Cultura Serviços, Cultura Data e o site RadarCultura Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) – iniciativa da União (2007), o empreendimento visa integrar as estruturas comunicativas do Estado brasileiro, através da centralização de pelo menos quadro unidades operacionais: TV Brasil, Agência Brasil, Radio MEC e Rádio Nacional, dentre outras, que irão se criar O Estado na comunicação Gigantes do setor público (Internacionais) Na operação midiática global, os agentes públicos, fomentados pelo Estado, também demonstram apetite para concorrer no negócio global da comunicação, com alguns representantes de peso 1 Novos cenários midiáticos (Mundo) • 5 a 10 mega-corporações dominando o mercado global de mídia • 10 a 30 grandes empresas atuando no nível regional (continental) • As demais empresas relegadas papéis nacionais ou local (secundários) Segundo os analistas do setor, em um horizonte de cinco a dez anos, estará se desenhando um cenário singular para o universo da comunicação pelo mundo, sobretudo pela presença cada vez mais acentuada de novos operadores (de setores conexos ao universo da mídia tradicional, como empresas de telefonia, internet e tecnologia)... 1 1 Padrões de concentração (Global) Teoria do Big Ten – Até a entrada do milênio, a liderança das comunicações estava entregue a uma dezena de mega grupos de mídia globais Wikipedia: Para entender mais sobre o cenário de concentração da mídia internacional The Nation – Ranking Global Media Conglomerates 2002 Hoje, os gigantes tem perfis cada vez mais diferenciados e desafiadores aos tradicionais operadores do mercado
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