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arquitetura sustentável

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EM BUSCA DE UMA
ANTEPROJETO DE UM
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA - UNIPÊ
FELIPE MEIRA DO VALE ARNAUD
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL
CENTRO EDUCATIVO DE SUSTENTABILIDADE
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA – UNIPÊ 
BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
FELIPE MEIRA DO VALE ARNAUD 
 
 
 
 
 
 
EM BUSCA DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: ANTEPROJETO DE 
ARQUITETURA DE UM CENTRO EDUCATIVO DE SUSTENTABILIDADE. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2017 
 
 
FELIPE MEIRA DO VALE ARNAUD 
 
 
 
 
 
 
 
 
EM BUSCA DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: ANTEPROJETO DE 
ARQUITETURA DE UM CENTRO EDUCATIVO DE SUSTENTABILIDADE. 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, do curso de 
Arquitetura e Urbanismo do Centro 
Universitário de João Pessoa – Unipê. 
Orientadora: Profa. Silvia Regina Muniz M. H. 
dos Santos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOÃO PESSOA 
2017 
 
 
 
A744b Arnaud, Felipe Meira do Vale. 
 Em busca de uma arquitetura sustentável: anteprojeto de 
arquitetura de um Centro Educativo de Sustentabilidade. / 
 Felipe Meira do Vale Arnaud. - João Pessoa, 2018. 
 131f. 
 
 Orientador (a): Prof.ª Silvia Regina Muniz H. dos Santos. 
 Monografia (Curso de Arquitetura e Urbanismo) – 
 Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ. 
 
 
 1. Arquitetura Sustentável. 2. Arquitetura Escolar. I. Título. 
 
 
UNIPÊ / BC CDU - 727 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FELIPE MEIRA DO VALE ARNAUD 
 
 
 
EM BUSCA DE UMA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: 
Anteprojeto de Arquitetura de Um Centro Educativo de Sustentabilidade 
 
 
 
Relatório final, apresentado ao 
Centro Universitário de João Pessoa 
- Unipê, como parte das exigências 
para a obtenção do título de bacharel 
em Arquitetura e urbanismo. 
 
 
João Pessoa, ____ de _____________ de _____. 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
________________________________________ 
Prof. Silvia Regina Muniz Henrique dos Santos 
Orientador - Unipê 
 
 
 
 
________________________________________ 
Prof. Deborah Padula Kishimoto 
Examinadora – Interna 
 
 
 
 
________________________________________ 
Prof. José Nivaldo Ribeiro Filho 
Examinador - Externo 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
Este Trabalho de Conclusão de Curso tem como produto final o 
desenvolvimento de um anteprojeto de arquitetura de um Centro Educativo de 
Sustentabilidade (CES), com o objetivo de disseminar o conhecimento acerca da 
sustentabilidade e da educação ambiental na cidade de João Pessoa. A proposta 
envolve a reabilitação de uma edificação existente, como estratégia de economia 
de recursos (água, energia e materiais construtivos) e redução de impactos ao 
meio ambiente; e apoia-se nos princípios da sustentabilidade para a elaboração 
da intervenção. Para fundamentar o desenvolvimento deste projeto o trabalho se 
debruçou sobre um estudo da evolução da consciência ambiental e a definição 
do conceito de desenvolvimento sustentável, buscando entender seus princípios, 
com foco no tripé da sustentabilidade (eficácia econômica, equidade social e 
preservação ambiental). Foram abordados os conceitos de arquitetura e 
urbanismo sustentáveis e a construção civil sustentável, compreendendo 
estratégias para elaboração de um projeto com baixo impacto ambiental. Foi 
realizado ainda um estudo cronológico da arquitetura escolar, buscando 
entender a evolução do equipamento e sua influência nas novas edificações. 
Para melhor compreensão das características específicas de um centro 
educacional, foram analisados projetos correlatos, onde foram observados 
também aspectos sustentáveis. 
 
Palavras chaves: Centro Educativo de Sustentabilidade (CES). 
Desenvolvimento sustentável. Anteprojeto de arquitetura. Arquitetura escolar. 
Reabilitação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
This Conclusion Work of Course has as its final product the development of an 
architectural project of an Educational Center of Sustainability (ECS), with the 
aim of disseminating knowledge about sustainability and environmental 
education in the city of João Pessoa. The proposal involves the rehabilitation of 
an existing building, as a resource saving strategy (water, energy and building 
materials) and reduction of impacts to the environment; and is based on the 
principles of sustainability for the elaboration of the intervention. In order to 
support the development of this project, the work focused on a study of the 
evolution of environmental awareness and the definition of the concept of 
sustainable development, seeking to understand its principles, focusing on the 
sustainability tripod (economic efficacy, social equity and environmental 
preservation). The concepts of sustainable architecture and urbanism, and 
sustainable civil construction were discussed, including strategies for the 
elaboration of a project with low environmental impact. A chronological study of 
the school architecture was carried out, trying to understand the evolution of the 
equipment and its influence in the new buildings. In order to better understand 
the specific characteristics of an educational center, related projects were 
analyzed, where sustainable aspects were also observed. 
 
Key words: Educational Center of Sustainability (ECS), Sustainable 
development, Preliminary architecture, School architecture, Rehabilitation. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
Introdução ......................................................................................................... 6 
Capítulo 1 – Referencial teórico-metodológico e projetual .......................... 9 
1. Fundamentação teórica ............................................................................... 9 
1.1. A evolução da consciência ambiental e definição do conceito de 
desenvolvimento sustentável ......................................................................... 9 
1.2. Os princípios do desenvolvimento sustentável .......................................... 10 
1.3. O desenvolvimento urbano sustentável ..................................................... 12 
1.4. O desafio da sustentabilidade na construção civil e na arquitetura ........... 15 
1.5. O equipamento escolar: Centro Educativo ................................................ 21 
2. Referencial projetual .................................................................................. 26 
2.1. Moradias infantis para escola Canuanã - Fundação Bradesco ................. 26 
2.2. Centro Educativo “Montecarlo Gillerme Gaviria Correa” (MGGC) ............. 41 
2.3. Escola SENAI Armando de Arruda – São Caetano do Sul/SP .................. 59 
2.4. Quadro resumo .......................................................................................... 78 
3. Procedimentos metodológicos ................................................................. 81 
Capítulo 2 – Elaboração da proposta ........................................................... 81 
4. Área de intervenção ................................................................................... 81 
4.1. Escolha do terreno ..................................................................................... 83 
4.2. Condicionantes legais ................................................................................ 90 
4.3. Diagnóstico do terreno ............................................................................... 92 
4.4. Vistoria das edificações .............................................................................99 
5. A proposta ................................................................................................ 106 
5.1. Caracterização e dimensionamento......................................................... 106 
5.2. Diretrizes projetuais ................................................................................. 112 
5.3. Conceito e partido arquitetônico .............................................................. 113 
5.4. Relações funcionais ................................................................................. 115 
5.5. Concepção arquitetônica ......................................................................... 119 
6. Considerações finais ............................................................................... 124 
Referências ................................................................................................... 127 
 
 
 
6 
 
Introdução 
 
A evolução das atividades humanas e o desenvolvimento econômico tem 
gerado um novo estilo de vida baseado no alto consumo dos recursos naturais. 
A degradação dos recursos ambientais causados pelos novos modelos de 
produção, e de vida, associados ao consumo de combustíveis fósseis, tem 
causado preocupações com riscos globais como a contaminação da água, do ar, 
do solo, das cadeias alimentares, o efeito estufa, a explosão demográfica e o 
empobrecimento da biodiversidade, que começam a surgir a partir da década de 
1980. 
Nasce, então, a necessidade da busca por um estilo de vida que reduza 
os riscos do desequilíbrio ambiental, baseando-se em um modelo de 
desenvolvimento sustentável. No entanto, a sustentabilidade possui um conceito 
complexo que, apesar de ter sido definido oficialmente em 1987, ainda carece 
de maior difusão acerca de seus ensinamentos. 
Cada indivíduo, enquanto parte da sociedade, tem a responsabilidade de 
promover atitudes e ações que visem a redução dos impactos ambientais. Para 
isso, é necessária uma mudança de mentalidade, de padrões e de cultura para 
melhorar a qualidade de vida socioambiental. A melhor maneira de provocar uma 
mudança de paradigma é utilizar a educação como base para o processo. 
Atualmente, em João Pessoa, assim como no Brasil inteiro, existe uma 
carência de instituições que promovam a difusão do conhecimento a respeito do 
desenvolvimento sustentável. A criação de um Centro Educativo de 
Sustentabilidade (CES) na cidade irá promover a democratização do 
conhecimento acerca do tema, reunindo profissionais de várias áreas para 
realizar discussões e pesquisas, além de atender ao déficit de especializações, 
cursos e certificações voltados à sustentabilidade. Estimulará a conscientização 
ambiental e permitirá o acesso à educação ambiental para todos. 
O centro irá formar profissionais mais conscientes e preparados para 
atuar no mercado de trabalho, visando atender aos três pilares da 
sustentabilidade: eficácia econômica, equidade social e preservação ambiental1. 
 
 
_______________________________________________________________ 
1 Estes termos serão melhor explicados no Cap. 1. 
7 
 
O propósito é utilizar a mudança de pensamento de cada indivíduo como 
uma ferramenta para gerar uma mudança no coletivo e produzir cidades mais 
saudáveis, com maior equilíbrio ambiental e igualdade socioeconômica. 
O Centro Educativo de Sustentabilidade (CES) irá ainda oferecer 
exemplos de práticas sustentáveis na sua construção e na concepção 
arquitetônica, de forma concreta. O edifício funcionará como um modelo de 
sustentabilidade, acrescentando ao aprendizado dos alunos e dos demais 
indivíduos que o frequentarem. 
A escolha do referido tema para o Trabalho de Conclusão de Curso surgiu 
da inquietação pessoal a respeito da carência de discussões acerca do 
Desenvolvimento Sustentável no curso de Arquitetura e Urbanismo. Buscou-se 
o tema não só como uma forma de se aprofundar num assunto que foi pouco 
discutido em sala de aula, mas também, por ser uma área de interesse para 
atuação como futuro profissional. 
Nesse sentido, a busca por informações sobre esse tema trouxe a 
percepção de que o desenvolvimento urbano tem gerado grandes desafios para 
a redução dos impactos ao meio ambiente, sendo necessário mudar a forma de 
produção das cidades, de maneira que tragam menos impactos ambientais, 
equidade social e eficácia econômica. Aliado a isso, é importante utilizar a 
educação como ferramenta transformadora, na busca por cidades mais 
sustentáveis. Assim, buscando aliar sustentabilidade e educação, foi definido o 
equipamento como um Centro Educativo voltado para o ensino da 
sustentabilidade que ofereça cursos profissionalizantes e pós-graduações 
voltados para o desenvolvimento sustentável na cidade de João Pessoa, por 
perceber também que existe ainda escassez por esses serviços. 
Este trabalho tem como objetivo geral desenvolver um Anteprojeto 
Arquitetônico de um Centro Educativo de Sustentabilidade para a cidade de João 
Pessoa aplicando o tripé da sustentabilidade ao projeto. 
Para isso será necessário realizar três objetivos específicos: compreender 
os conceitos de equidade social, eficácia econômica e preservação ambiental – 
tripé da Sustentabilidade – para aplicá-los ao projeto; identificar as áreas com 
vocação para a implantação do Centro Educativo, para definir o terreno com 
melhores condições de infraestrutura e oferta de transportes públicos, 
8 
 
condicionantes ambientais favoráveis e que possua localização central; e 
entender as características e especificidades de um edifício escolar. 
O método de trabalho proposto baseia-se na pesquisa bibliográfica focada 
em três eixos principais: o entendimento do conceito de desenvolvimento 
sustentável e seus princípios, bem como sua evolução histórica; a aplicação da 
sustentabilidade na arquitetura e urbanismo, e na construção civil; e a 
compreensão das características e especificidades de um edifício escolar. Na 
análise de correlatos, que corresponde ao referencial projetual, foram abordados 
três correlatos que permitiram um melhor entendimento do funcionamento de um 
centro educacional, além de proporcionar um repertório projetual acerca de 
edifícios sustentáveis. Estes pontos formam o Capítulo 1, que contém, ainda, a 
descrição dos procedimentos metodológicos adotados. 
O primeiro correlato abordado foi o das Moradias Infantis, no Tocantins, 
destaca-se em aspectos de adequação ao clima local e o cuidado em preservar 
a identidade do local, utilizando-se da união entre técnicas construtivas 
vernaculares e modernas. Em seguida, foi abordado o projeto do Centro 
Educativo Montecarlo Gaviria, em Medellin, um projeto que apresenta uma 
implantação cuidadosa, buscando reduzir os impactos ambientais e com o uso 
de estratégias bioclimáticas, como uma casca que torna-se um marco na 
fachada do edifício. Por último, foi analisado o projeto da Escola do SENAI, em 
São Paulo, uma proposta que se apropria de técnicas construtivas que 
proporcionam uma obra limpa e rápida, com redução dos desperdícios de 
material, além de dispor de grandes áreas de convívio para proporcionar trocas 
de conhecimento. 
O Capítulo 2 inicia com a análise de algumas áreas, buscando identificar 
o melhor local para implantação do equipamento, onde foram destacados os 
principais pontos positivos e negativos de cada terreno. Em seguida foi realizado 
o diagnóstico do terreno escolhido, segundo aspectos legais, ambientais e 
funcionais. Por último, foi abordado o desenvolvimento das etapas projetuais 
para a elaboração da proposta arquitetônica, onde foi descrito o processo de 
concepção do objeto de estudo, com a elaboração do memorial projetual, onde 
encontra-se aspectos de conceituação, partido arquitetônico e desenhos da 
proposta. 
 
9 
 
Capítulo 1 – Referencial teórico-metodológico e projetual 
 
1. Fundamentação teórica 
1.1. A evolução da consciência ambiental e definição doconceito de 
desenvolvimento sustentável 
 
A evolução das atividades humanas e o desenvolvimento econômico tem 
gerado um novo estilo de vida baseado no alto consumo dos recursos naturais. 
A degradação dos recursos ambientais causados pelos novos modelos de 
produção, e de vida, associados ao consumo de combustíveis fósseis, tem 
gerado preocupações com riscos globais como a contaminação da água, do ar, 
do solo, o efeito estufa, a explosão demográfica e o empobrecimento da 
biodiversidade, provocando questionamentos a respeito do desenvolvimento das 
cidades. 
Segundo Zambrano (2008), a revolução industrial foi um marco do 
desenvolvimento tecnológico para a sociedade, provocando a aceleração no 
consumo dos recursos naturais, com destaque para os recursos energéticos 
oriundos do carvão. Destaca ainda que, após a segunda guerra mundial, surgiu 
um modelo econômico baseado na utilização da tecnologia sem considerar a 
possibilidade do esgotamento dos recursos, contribuindo para os riscos do 
desequilíbrio ecológico. Este modelo de desenvolvimento, apesar de ter gerado 
grandes avanços tecnológicos, acarretou uma série de problemas para a 
sociedade, como o crescimento do número de analfabetos e famintos no mundo, 
além de dificultar o acesso a água e moradia de boa qualidade (ZAMBRANO, 
2008). 
Surgem então, a partir da década de 70, eventos que promovem a 
discussão dos problemas ambientais globais, visando estabelecer políticas 
ambientais para o controle do desenvolvimento mundial. Dentre eles, destaca-
se a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Publicação 
do relatório “Nosso Futuro Comum” – também conhecido como Relatório 
Brundtland – que ocorreu em 1987, e apresentaram ao mundo pela primeira vez 
o conceito de Desenvolvimento Sustentável. O conceito foi oficialmente 
elaborado por Gro Harlem BRUNDTLAND, secretária geral da Assembleia da 
Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU. “Um 
10 
 
desenvolvimento que responda às necessidades do presente sem comprometer 
a capacidade das gerações futuras de responder às suas próprias necessidades” 
(ONU; COMISSÃO BRUNDTLAND, 1987, apud ZAMBRANO, p. 26). 
Partindo desse conceito, entende-se que o Desenvolvimento Sustentável 
abrange aspectos das necessidades humanas, envolvendo não só questões 
ambientais, mas também econômicas e socioculturais. Significa que a sociedade 
deve repensar a forma como consome os recursos naturais, para que se produza 
menores impactos ao meio ambiente, além de realizar uma manutenção dos 
recursos e do equilíbrio social e econômico, para ser passado às próximas 
gerações. 
Conforme a palavra sustentabilidade foi sendo utilizada ao longo do 
tempo, foram surgindo novos conceitos: crescimento sustentável, moradia 
sustentável, cidades sustentáveis, sustentabilidade ambiental e ecológica, 
sustentabilidade cultural, desenvolvimento urbano sustentável, construção 
sustentável, projeto sustentável, arquitetura sustentável, etc. (DEFRISE, 1998, 
apud ZAMBRANO 2008). Assim, segundo Letícia Zambrano: 
O Desenvolvimento Sustentável é, portanto, um modelo de 
desenvolvimento pautado em princípios e ações que considerem, em 
igualdade de importância, os aspectos ambientais, socioculturais e 
econômicos, como um tripé de equilíbrio, onde, em se 
desconsiderando um dos aspectos, o desenvolvimento deixa de ser 
sustentável (2008, p. 27). 
 
Portanto, seguindo a definição de Desenvolvimento Sustentável 
elaborada por Zambrano, para atingir a sustentabilidade não podem ser 
desconsiderados nenhum dos fatores envolvidos: aspectos ambientais, 
socioculturais e econômicos. Tomando estes conceitos como base, conclui-se 
que, para aplicar a sustentabilidade ao projeto, não se deve desprezar nenhum 
desses aspectos. É importante estabelecer uma relação de equilíbrio com os 
atores sociais envolvidos na proposta, buscando um uso eficiente dos recursos, 
de forma a reduzir os desperdícios e os impactos ambientais, e levando em 
consideração os fatores econômicos, sempre pensando a longo prazo, pois 
nossas ações irão afetar as futuras gerações. 
1.2. Os princípios do desenvolvimento sustentável 
 
O tripé da sustentabilidade – eficácia econômica, preservação ambiental 
e equidade social – em conjunto com outros princípios, funcionam como 
11 
 
norteadores para a busca de um desenvolvimento sustentável. Destaca-se 
alguns dos principais princípios definidos pelo Relatório Brundtland, além do tripé 
da sustentabilidade: princípio do longo prazo, princípio de globalidade e 
princípio de governança. 
 Eficácia econômica: Deve-se inserir aspectos sociais e ambientais na 
análise de custo-benefício econômico. Baseia-se numa relação favorável 
entre custos financeiros e benefícios ambientais e sociais (ONU; 
COMISSÃO BRUNDTLAND, 1987, apud ZAMBRANO, 2008). Envolve a 
análise dos custos não apenas na ótica do menor valor financeiro, mas 
nos retornos previstos a longo prazo em termos ambientais e sociais 
 Preservação ambiental: Refere-se à preservação das espécies animais 
e vegetais, bem como dos ecossistemas; a redução de danos ambientais 
provenientes das atividades humanas e o uso controlado dos recursos 
naturais, principalmente os não renováveis. Caminha em paralelo com 
políticas de incentivo à produção de novos materiais e desenvolvimento 
de novas técnicas de produção que buscam a redução do uso de 
materiais (ZAMBRANO, 2008, p. 28). 
 Equidade social: Busca garantir os direitos da sociedade, atendendo aos 
seus anseios e necessidades. Envolve o respeito aos grupos sociais e 
valores culturais. Compreende envolver a sociedade nos processos 
decisórios de leis, planejamentos, empreendimentos, políticas, economia, 
etc (ONU; COMISSÃO BRUNDTLAND, 1987, apud ZAMBRANO, 2008). 
 Princípio do longo prazo: Envolve a consideração sobre mudanças de 
necessidades dos grupos envolvidos, em relação a aspectos 
socioeconômicos, culturais, etc., cogitando a possibilidade de adaptação 
a estes novos cenários (ONU; COMISSÃO BRUNDTLAND, 1987, apud 
ZAMBRANO, 2008). 
 Princípio de globalidade: Significa pensar globalmente e agir 
localmente. Envolve a análise dos impactos em todas as escalas: local, 
regional, nacional e global. 
 Princípio de governança: Baseia-se na inclusão de todos os atores 
sociais no processo de decisões, buscando garantir o consenso entre os 
envolvidos. Envolve a garantia da conscientização e o acesso à 
12 
 
informação das comunidades, promovendo as condições de plena 
participação no processo decisório. 
Para que todos os princípios sejam atendidos, é necessário a participação 
de todos os atores sociais: governantes, administradores, lideranças sociais e os 
profissionais de todas as áreas. O objetivo da abordagem desses princípios e do 
conceito de desenvolvimento sustentável neste trabalho é entender os seus 
conceitos e buscar aplica-los ao anteprojeto do Centro Educativo de 
Sustentabilidade, objeto de estudo abordado neste Trabalho de Conclusão de 
Curso. No entanto, os princípios de governança e globalidade não serão 
utilizados, pois envolvem uma alta complexidade, cujo presente trabalho não 
pretende abordar, pois o tema carece de uma discussão mais prolongada e 
aprofundada. Haja vista ainda que, estes princípios devem envolver a 
participação de outros atores da sociedade, além do arquiteto e urbanista, para 
sua eficiente aplicação, como governantes e administradores. Os princípios a 
serem aplicados serão: eficácia econômica, preservação ambiental, equidade 
social e princípio do longo prazo. 
1.3. O desenvolvimento urbano sustentável 
 
Como forma de subsídio para realizar uma melhor escolha do terreno para 
o objeto de estudo deste trabalho – e entendendo que não se trata o projeto 
arquitetônico isoladamente – será abordado o tema do desenvolvimento urbano 
sustentável, para que haja um entendimento dos impactos urbanos gerados pelaedificação, e como estes podem ser reduzidos, gerando espaços mais 
saudáveis, acessíveis e com menores impactos sociais e ambientais. 
As cidades são o habitat natural dos seres humanos, sendo palco das 
suas atividades e fornecendo espaços para atender as suas necessidades 
básicas. Caracterizam-se pela urbanização (infraestrutura, organização, 
serviços de transporte, etc.), pela concentração de atividades econômicas, lazer 
e cultura. 
Segundo relatório da ONU (2014, apud DESA, 2014), hoje, 54% da 
população mundial vive em áreas urbanas, podendo atingir a 66% em 2050. 
Projeções mostram que o crescimento populacional mundial pode trazer mais de 
13 
 
2,5 mil milhões de pessoas para as áreas urbanizadas, exigindo com isso mais 
investimentos em infraestrutura. 
Entre as necessidades básicas dos seres humanos e suas relações 
com a problemática ambiental, social e econômica da sustentabilidade, 
percebe-se a forte presença de questões relacionadas ao acesso e 
disponibilidade de ambientes construídos, que venham a atender às 
necessidades das populações, com qualidade, e sem representar 
danos ao meio ambiente (ZAMBRANO, 2008, p. 30). 
 
Ou seja, o crescimento populacional aumenta a necessidade de espaços 
construídos que atendam às necessidades da população, como moradias, 
espaços de lazer, trabalho, saúde, educação e cultura. No entanto, devido ao 
grande adensamento dos centros urbanos e as políticas expansionistas – como 
as políticas habitacionais, por exemplo, que tendem a explorar áreas distantes 
dos centros, onde se necessita gerar novas infraestruturas e novos 
equipamentos necessários para gerar condições de habitabilidade ao local – as 
cidades seguem crescendo horizontalmente de maneira excessiva. 
Esta forma de desenvolvimento das cidades tem gerado grandes 
problemas urbanísticos, tornando-se cada dia mais insustentável, pois 
proporciona grandes distâncias entre espaços de trabalho e espaços de 
moradia, além de gerar segregação espacial, haja vista que o solo urbano 
próximo aos centros possuem valor elevado, ocasionando o deslocamento das 
classes sociais mais desfavorecidas para as periferias, onde encontram-se 
moradias e terrenos à custos mais baixos. 
Destacam-se ainda, mais problemas atuais presentes no processo de 
urbanização como: 
Especulação imobiliária ocasionando perdas e desperdícios pela 
substituição do espaço edificado, muitas vezes em condições de 
habitabilidade; incoerência entre a limitação de recursos energéticos 
com as matrizes de transporte urbano adotadas; poluição e 
contaminação ocasionadas pelas atividades humanas, relacionadas 
principalmente ao uso do automóvel e a queima de combustíveis 
fosseis; destruição do habitat e das paisagens naturais ocasionadas 
pela expansão urbana (Haugton & Hunter, 1994, apud NOBRE, 2004, 
apud ZAMBRANO, 2008). 
 
Para cidade se tornar sustentável são necessárias mudanças na sua 
estrutura espacial, bem como no seu zoneamento setorizado em excesso, que 
torna o homem dependente do automóvel. A valorização do transporte individual 
em detrimento do coletivo contribuiu para a deterioração da estrutura social da 
cidade, destruição da qualidade dos espaços públicos e estimulou a expansão 
14 
 
urbana para bairros distantes (ROGERS, 2001). Assim como o surgimento dos 
elevadores permitiu a construção de edifícios cada vez mais altos, o automóvel 
possibilitou que os cidadãos morassem longe dos centros urbanos, 
compartimentando as atividades cotidianas, segregando trabalho, lojas e casas, 
e assim prejudicando a vida na cidade (ROGERS, 2001). 
Este modelo urbano predominante nas grandes cidades gera grandes 
impactos ambientais como a poluição do ar, congestionamentos de tráfego, alto 
consumo energético, além de afastar os cidadãos dos espaços públicos devido 
aos ruídos, ocupação das ruas por carros estacionados e a insegurança que 
impede a socialização nas ruas. Estes impactos ocultos do modelo do 
zoneamento estão sendo reconhecidos atualmente, como é relatado por Richard 
Rogers (p. 38, 2001), a exemplo dos Estados Unidos: 
O custo econômico do congestionamento de tráfego, em termos de 
energia gasta e tempo perdido, é de cerca de 150 bilhões de dólares 
por ano, equivalente ao produto nacional da Dinamarca. E este dado 
ainda não começou a considerar os custos sociais incluindo saúde, 
recentemente estimado pelo World Resources Institute como de mais 
de 300 bilhões de dólares. 
 
Para atingir o desenvolvimento urbano sustentável é necessária uma 
desaceleração do crescimento das cidades, buscando a redução da expansão 
territorial e o fortalecimento dos centros ocupados, como comunidades 
compactas e sustentáveis. Esta estratégia promove a redução no consumo de 
recursos, pois aproveita estruturas pré-existentes (infraestrutura, transporte, 
reutilização de edifícios) e reduz a dependência do automóvel por aproximar os 
trabalhos às moradias. 
Como forma de estimular esta estratégia de planejamento urbano 
sustentável, o presente trabalho irá buscar implantar o objeto de estudo em um 
terreno que possua uma estrutura urbana consolidada, bem servida de 
transportes públicos, além de possuir facilidade de acesso por bicicletas, e com 
pré-existência de infraestrutura, estimulando o uso de transportes alternativos e 
evitando gerar grandes percursos até o equipamento implantado. Deve-se 
buscar ainda uma área com concentração de comércios e serviços, buscando 
atender às necessidades dos usuários do Centro Educativo e estimulando a 
diversidade de usos. Portanto, serão analisados os aspectos de infraestrutura 
urbana, oferta de transportes públicos, condicionantes naturais e 
15 
 
localização para definir o terreno com maior potencial para implantação da 
proposta. 
1.4. O desafio da sustentabilidade na construção civil e na arquitetura 
 
Existindo o entendimento de que a Construção Civil é indissociável da 
Arquitetura, tendo em vista que estas trabalham em conjunto, e as soluções 
adotadas no projeto arquitetônico geram consequências na construção e no 
canteiro de obras, serão compreendidas as problemáticas da construção 
sustentável e o conceito de arquitetura sustentável. 
A Construção Civil é responsável pela transformação do ambiente natural 
em ambiente construído e está em constante evolução. Todas as atividades 
humanas dependem de um ambiente construído, o que gera um grande número 
de construções. A indústria da construção civil é incessante e sua cadeia 
produtiva impacta a sociedade e o meio ambiente em diversos setores e em 
escalas diversas. Segundo Vahan Agopyan e Vanderley M. John: 
O tamanho planetário do ambiente construído implica grandes 
impactos ambientais, incluindo o uso de uma grande quantidade de 
materiais de construção, mão de obra, água, energia e geração de 
resíduos (2011, p. 13). 
 
Segundo dados do final da década de 1990, somente os resíduos das 
atividades de construção e demolição são gerados em quantidade típica de 500 
kg/hab. ano (PINTO, 1990, apud AGOPYAN, 2011). Aproximadamente 26% da 
água retirada é utilizada no ambiente construído e, somente o Brasil, foi 
responsável por 44% do consumo de energia elétrica em 2007 segundo dados 
da Aneel (AGOPYAN; JOHN, 2011). 
Espera-se um crescimento mundial de duas vezes e meia na indústria de 
materiais de construção entre 2010 e 2050 (IAE/WBCSD, 2009, apud 
AGOPYAN; JOHN, 2011). No Brasil, estima-se que o setor da construção dobre 
de tamanho até 2022 (CONSTRUBUSINESS, 2010, apud AGOPYAN; JOHN, 
2011). Estes números crescem devido ao aumento da população que vive em 
meios urbanos, o que gera uma demanda cada vez maior por ambientes 
construídos e, consequentemente, um grande crescimento no consumo de 
recursos nas cidades. 
O impacto ambiental causado pela construção civil está presente em 
diversos setores, pois possui uma grande cadeia produtiva: extração de 
16 
 
matérias-primas; produção e transportede materiais e componentes; concepção 
e projetos; execução, práticas de uso e manutenção e, ao final da vida útil, a 
demolição/desmontagem, e destinação de resíduos gerados (AGOPYAN; JOHN, 
2011). Portanto, para que haja a aplicação da sustentabilidade na construção é 
necessário o entendimento e desenvolvimento de soluções em todos os níveis. 
As decisões projetuais, por exemplo, afetam diretamente o consumo de recursos 
naturais e de energia, bem como a otimização ou não da execução e o efeito 
global em seu entorno (corte, aterro, inundações, ventilação, insolação) 
(AGOPYAN; JOHN, 2011). Por estes motivos a Arquitetura é indissociável da 
Construção Civil. Para atingir uma obra sustentável, necessita-se ampla 
comunicação entre os diversos setores envolvidos no empreendimento, 
buscando as soluções mais adequadas para o problema. 
Um dos maiores desafios para alcançar a sustentabilidade na construção 
civil está na execução onde: 
Ocorre a geração de uma parcela significativa de resíduos, fator muito 
preocupante nas áreas urbanas. O volume de resíduos gerado é 
agravado pelas já bem divulgadas perdas dos processos ainda não 
otimizados (AGOPYAN; JOHN, 2011, p. 15). 
 
Ocorre ainda que, durante o uso da edificação existe um grande consumo 
de energia e geração de mais resíduos, assim como ao final da vida útil, na etapa 
de demolição, onde são gerados grandes volumes de resíduos. É importante 
perceber que estes fatores são afetados diretamente pelas soluções adotadas 
no projeto arquitetônico. Por isso, é de grande importância o entendimento das 
problemáticas da construção pelo arquiteto, para que possa buscar técnicas 
construtivas, materiais e estratégias de projeto que possibilitem uma construção 
com menor desperdício e menor consumo de energia, bem como a redução na 
geração de resíduos em todas as etapas da obra. 
Vahan Agopyan ressalta que, apesar de uma conscientização tardia, a 
construção civil vem desenvolvendo soluções decisivas para se tornar menos 
agressiva à natureza, como a reciclagem e redução de perdas e de consumo de 
energia. Apesar dessas medidas focarem apenas em fatores ambientais, são 
importantes para atingir uma construção sustentável. No entanto, ainda é 
necessário a evolução de toda a cadeia produtiva, buscando implementar 
inovações que reduzam o impacto ambiental, geração de condições ambientais 
e de trabalho adequadas e busca pela eficácia econômica a longo prazo. 
17 
 
Novos materiais têm surgido, buscando a redução dos impactos 
ambientais, como: os blocos de entulho, materiais autolimpantes, pigmentos 
frios, madeira manufaturada e tijolos de terra, que na verdade é um resgate de 
um material utilizado em construções primitivas. Apesar da redução dos 
impactos ambientais, antes dos materiais serem aplicados ao projeto é 
necessário avaliar a disponibilidade deles no local além de seus aspectos 
socioculturais, para que possam ser considerados soluções sustentáveis para a 
obra. Também deve ser avaliado o custo-benefício a longo prazo. Um material 
pode possuir grande redução de impacto ambiental e, no entanto, ainda 
apresentar um custo muito alto para o orçamento da obra ou uma durabilidade 
reduzida, gerando altos custos de manutenção. 
 
Não existe sustentabilidade sem durabilidade. A durabilidade dos 
produtos influencia decisivamente o período de tempo em que a 
construção vai prestar serviços e a quantidade de recursos na 
manutenção. Em consequência, define o impacto ambiental, mas 
também o social e o econômico (AGOPYAN; JOHN, 2011, p. 85). 
 
Aumentar a durabilidade das construções gera grandes benefícios 
ambientais, econômicos e sociais, pois implica uma redução de velocidade do 
fluxo de materiais e, consequentemente, redução na geração de resíduos e no 
consumo de matérias-primas, além de reduzir os impactos gerados na produção 
dos materiais (AGOPYAN; JOHN, 2011). Um edifício com maior durabilidade 
possui uma redução nos custos de manutenção com as partes substituíveis, que 
consequentemente afetam a lucratividade do empreendimento, a renda 
disponível das famílias e o orçamento do Estado, tornando-se assim um 
benefício econômico (AGOPYAN; JOHN, 2011). Além disso, é inegável que 
vidas úteis maiores significam benefícios aos usuários, tanto na forma de custos 
reduzidos com manutenção, como na forma de valorização do imóvel, 
demonstrando uma preocupação com o aspecto social da sustentabilidade. 
É importante observar que o aumento da durabilidade do edifício deve 
existir paralelamente a um projeto que busque um design adaptável e flexível, 
evitando que a construção entre em obsolescência, tendo em vista que a 
necessidade de hoje, pode não ser a mesma de amanhã. 
No entanto, atingir a sustentabilidade na construção vai além de uma 
construção com vida útil prolongada, é necessária uma mudança em toda a 
cadeia produtiva, desde os materiais utilizados até os serviços oferecidos. 
18 
 
Aspectos como eficiência energética, utilização de recursos renováveis e/ou 
recicláveis e a racionalização do uso da água são de grande importância para 
reduzir os impactos ambientais. O arquiteto Paulo Fujioka explica cada um 
destes aspectos no livro Iniciativa Solvin 2008 (p. 32): 
 Eficiência energética: inclui o uso de automação de sistemas 
prediais e racionalização do consumo, utilizando, em menor 
quantidade possível, materiais e técnicas construtivas de alta 
demanda de energia; ainda com opção de geração autônoma e 
alternativa de eletricidade através de tecnologia solar fotovoltaica, 
biodigestores, geradores eólicos mais eficientes e de pequeno 
porte, controle de climatização para redução de consumo de 
energia; 
 Recursos renováveis e/ou recicláveis: adotando-se materiais de 
grande durabilidade na construção (inclusive de pesquisas em 
Patologia das Construções); 
 Racionalização do uso da água: tanto na construção como no 
consumo cotidiano do edifício (incluindo reuso de águas servidas). 
Para produzir uma edificação sustentável, é necessário unir técnicas 
construtivas e concepção arquitetônica eficientes ambientalmente, 
preocupando-se com o meio ambiente e adaptando-se as características 
climáticas locais, técnicas que podem ser observadas desde o surgimento da 
cabana primitiva. Encontram-se informações datadas de I a.C., registradas por 
Vitruvios, que demonstram a preocupação com a relação do edifício com as 
condições climáticas. Este autor foi citado por Chatelet, Fernandez et al. (2005): 
“A disposição de uma casa terá sido bem escolhida, se para construí-la, tiver-se 
tido em conta o país e o clima” (VITRUVIO, séc I a.C., traduzido de CHATELET, 
A., FERNANDEZ P., 2005, apud ZAMBRANO, 2008, p. 49). A evolução da 
sociedade carregou esses conhecimentos e desenvolveu ferramentas, 
instrumentos e técnicas que permitissem um maior aproveitamento dos atributos 
ambientais. 
No entanto, a partir do modernismo, alguns arquitetos adeptos do 
movimento Estilo Internacional demonstraram uma ruptura da arquitetura com o 
meio ambiente e com os conhecimentos dos fenômenos naturais (ZAMBRANO, 
19 
 
2008). Esse estilo nasceu a partir das repercussões do projeto de Mies Van Der 
Rohe, para o pavilhão do Reich Alemão (fig. 01), na Exposição Internacional de 
1929. Teve como um de seus principais ícones o edifício Seagram Building (fig. 
02), projetado pelos arquitetos Mies Van Der Rohe e Philip Johnson e construído 
em Nova York, entre 1954-1958 (ZAMBRANO, 2008). 
Seguindo este padrão do Estilo Internacional, vendeu-se para o mundo 
inteiro, uma arquitetura com estética padronizada, baseada na imagem da caixa 
envidraçada e com estruturas metálicas envolvendo toda a edificação 
(ZAMBRANO 2008). Esta arquitetura desprezou aspectos socioculturais e 
ambientais locais, criando uma arquitetura com grande impacto ao meio 
ambiente, amparada por tecnologias e sistemas artificiais de conforto ambiental 
que geraram um altoconsumo energético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O surgimento deste estilo, marcado por fachadas envidraçadas, marcou 
a ruptura dos arquitetos com os conhecimentos anteriormente adquiridos acerca 
das condições climáticas e do meio ambiente, e uma supervalorização da 
tecnologia e dos sistemas artificias na edificação em detrimento do 
aproveitamento dos atributos ambientais. 
No entanto, surgiram movimentos de resistência em prol da valorização 
da natureza em paralelo ao descaso do Estilo Internacional. Ou seja, havia uma 
coexistência entre arquitetos que desprezavam as características ambientais e 
arquitetos que buscavam uma relação mais harmônica entre a edificação e o 
Fonte: https://pt.linkedin.com/pulse/os-130-anos-do-
arquiteto-mies-van-der-rohe-o-solit%C3%A1rio-
ailton-maciel ) 
Fonte:http://aparthistory2015.blo
gspot.com.br/2015/09/seagram-
building.html ) 
Figura 1: Pavilhão do Reich Alemão, 1929 Figura 2: Seagram Building, 1958 
20 
 
meio ambiente. A partir destes movimentos surgiram formas de produzir 
arquitetura que demonstravam maior preocupação com o impacto ambiental 
gerado pela construção: arquitetura solar, arquitetura bioclimática, 
arquitetura ecológica e posteriormente, integrando todos estes conceitos e 
abrangendo outros princípios a mais, a arquitetura sustentável. 
A arquitetura solar surge em resposta à crise mundial do petróleo da 
década de 70. Utilizava técnicas para a redução no consumo energético da 
edificação. Para isto, buscavam ganhos térmicos em climas frios e perdas 
térmicas em climas quentes, possibilitando a redução do uso dos sistemas 
artificiais de conforto ambiental (GUIMARÃES; et al. 2017). Devido a existência 
de poucos estudos na época, a respeito de conforto ambiental, esta arquitetura 
se demonstrou ineficiente em alguns casos (GUIMARÃES, et al., 2017). 
Da evolução a arquitetura solar surge a arquitetura bioclimática, que 
contava com estudos mais aprofundados para o desenvolvimento de técnicas e 
estratégias para o conforto ambiental (GUIMARÃES; et al., 2017). Apoiava-se 
nas características climáticas locais para implantação da edificação, através de 
estudos das mudanças ocasionadas pelos ciclos das estações (GUIMARÃES, et 
al., 2017). 
A arquitetura ecológica, também conhecida como arquitetura verde, 
possuía visão mais ampla que a anterior. Apoiava-se na redução dos impactos 
ambientais gerados pela construção e pela utilização da edificação. Apresentava 
consciência de que a arquitetura gerava impactos em toda a cadeia produtiva e 
em todas as fases de vida (GUIMARÃES; et al., 2017). Da evolução da 
arquitetura ecológica, surgiu a arquitetura sustentável (ver figura 3). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Adaptado de FERNANDEZ, 2002, apud ZAMBRANO, 2008, p. 76. 
Arquitetura Bioclimática (anos 80) 
- Critérios para conforto interior: visão de fora para dentro 
Arquitetura Ecológica, etc. 
(final dos anos 80 e década de 90) 
- Redução de impactos ambientais: visão de dentro para 
fora e de fora para dentro 
Arquitetura Sustentável (a partir do final da década de 90) 
- Critérios Ambientais, Sociais e Econômicos 
Arquitetura Solar (anos 70) 
- Critérios para conservação de energia 
 
Figura 3: A evolução dos conceitos de arquitetura de baixo impacto ambiental. 
21 
 
A arquitetura sustentável possui, então, um conceito mais amplo que as 
anteriores. Englobando os aspectos socioculturais, as construções necessitam 
de responsabilidade social, educação ambiental dos envolvidos, preocupações 
com as desigualdades, combate ao trabalho escravo, o respeito a diversidade 
cultural, a participação de todos os envolvidos no processo decisório, a igualdade 
de oportunidades para todas as gerações, entre outros. O entendimento da 
eficácia econômica na arquitetura sustentável possui também um conceito mais 
amplo, que envolve os custos a longo prazo. 
Produzir uma arquitetura sustentável, segundo Corbella e Yannas (2003), 
significa integrar o edifício com a totalidade do meio ambiente, tornando-o parte 
de um conjunto maior. 
É a arquitetura que quer criar prédios objetivando o aumento da 
qualidade de vida do ser humano no ambiente construído e no seu 
entorno, integrando com as características da vida e do clima locais, 
consumindo a menor quantidade de energia compatível com o conforto 
ambiental, para legar um mundo menos poluído para as futuras 
gerações (CORBELLA; YANNAS, 2003, p. 19). 
 
A arquitetura sustentável é, portanto, uma forma de construir com uma 
consciência ambiental e social mais ampla. Observa-se o edifício não só na 
escala do terreno, pois é perceptível o impacto causado em diversas escalas. É 
necessário avaliar os impactos de vizinhança, demostrando responsabilidade 
social, os impactos ambientais, que representam o respeito ao meio ambiente, e 
buscar a eficácia econômica ao longo da vida útil da construção. Deve-se 
projetar ainda de maneira a integrar a edificação com a rua, e permitir acesso a 
todos. A arquitetura deve ser pensada para cada local, estudando suas 
particularidades, sem reprodução de clichês e estilos predefinidos, permitindo a 
difusão de uma pluralidade de culturas. 
Para este Trabalho de Conclusão de Curso, o anteprojeto de arquitetura 
do Centro Educativo de Sustentabilidade será abordado seguindo o conceito de 
arquitetura sustentável, buscando o equilíbrio entre os aspectos sociais, 
ambientais e econômicos, procurando atender ao tripé da sustentabilidade. 
1.5. O equipamento escolar: Centro Educativo 
 
A definição de centro educativo é um estabelecimento, espaço físico ou 
edifício que possui a função de reunir as pessoas e oferecer ensino de diferentes 
tipos. O objeto de estudo deste trabalho, visa a, oferecer o ensino em 
22 
 
sustentabilidade e educação ambiental. Para tanto, serão estudadas as 
características e necessidades de uma edificação escolar, com o objetivo de 
entender suas particularidades funcionais, estéticas e de conforto, além de um 
breve entendimento do surgimento e evolução da escola. 
A evolução da arquitetura escolar está diretamente relacionada à história 
da humanidade, ou seja, as características e os costumes, e as formas de 
ensino, adotadas em cada período, estão marcados na estrutura das escolas, 
em sua organização espacial e na estética da edificação. Kowaltowski (2011, p. 
65) destaca que: 
A arquitetura escolar na história, principalmente no século XIX, teve 
duas tendências dialéticas: de um lado, o desejo de controle e 
disciplina por espaços bem determinados, com projetos baseados no 
isolamento autônomo; de outro, as influências das teorias 
pedagógicas, que valorizam mais a criatividade e a individualidade. O 
projeto do ambiente escolar agora era visto como um espaço aberto 
para o jardim, para áreas externas que podem abrigar parte das 
atividades de pesquisa e ensino. O projeto dessas escolas tem como 
base a interação social. 
As primeiras edificações escolares não demonstravam preocupação com 
o conforto e influência do espaço físico no aprendizado dos alunos. Até o início 
do século XIX, os projetos escolares apresentavam austeridade e imponência, 
seus espaços internos eram extremamente retilíneos e com layout rígido. O pé-
direito com altura excessiva e, apesar de boa iluminação, as janelas eram 
posicionadas no alto das paredes, sem permitir aos alunos olhar para o exterior. 
As salas de aula eram aproveitadas até a lotação, de 40 a 60 alunos, e as áreas 
externas dessas escolas tinham pequenos espaços sombreados para recreação 
das crianças (KOWALTOWSKI, 2011). 
Na metade do século XIX, surgem autores que demonstram preocupação 
com as condições de conforto oferecidas pelo ambiente escolar. Barnard (1851, 
apud KOWALTOWSKI, 2011), por exemplo, define princípios de projeto para a 
arquitetura escolar, como a forma de implantação, tamanho da edificação e da 
sala de aula, além de questões de confortoambiental, como luz, aquecimento, 
ventilação e móveis. Observa-se, nos últimos anos do século XX, esforços para 
combater os problemas dos prédios escolares nos Estados Unidos, existindo 
preocupações constantes com: 
eficiência energética e sustentabilidade, incorporadas aos programas 
de necessidade; o desenho universal e a acessibilidade plena; o 
conforto ambiental, principalmente as condições acústicas e da 
qualidade do ar das salas de aula (KOWALTOWSKI, 2011, p. 77). 
23 
 
Nessa época surge a valorização dos edifícios escolares e a preocupação 
com o desenho urbano do lote da escola, considerada um equipamento público 
de valor para a comunidade. 
Esses princípios da arquitetura escolar começam a se disseminar pelo 
mundo, e surgem conceitos que buscam o estímulo à aprendizagem e à 
criatividade, através do espaço físico da escola, como a arquitetura orgânica, 
que busca estimular o aluno através do uso de materiais naturais, formas curvas 
e interação com o ambiente natural, e as escolas de alto desempenho, que 
tinham o objetivo de gerar ambientes saudáveis e seguros, com emprego de alto 
conforto térmico, acústico e luminoso, além de buscar reduzir os custos de 
operação com programas de uso eficiente de água e energia (KOWALTOWSKI, 
2011). 
No Brasil, ainda hoje, a maioria das escolas segue a mesma disposição 
espacial tradicional, com carteiras enfileiradas e o professor em frente ao quadro, 
semelhante à organização utilizada na época do Império, onde, muitas vezes, a 
escola era uma extensão da casa do professor, em salas pouco ventiladas e 
pouco iluminadas (KOWALTOWSKI, 2011). Essas características são 
consequências de uma arquitetura escolar com o objetivo de atender ao maior 
número de alunos, sem se preocupar com a qualidade dos ambientes. 
Do final do século XX até o início do século XXI, surgiram várias normas 
e cadernos técnicos no Brasil, com o objetivo de orientar o profissional a realizar 
um projeto escolar, estabelecendo parâmetros e recomendações para atender 
às necessidades mínimas do tamanho dos ambientes, do conforto térmico, 
acústico e luminoso, e da acessibilidade, além de orientar para a forma de 
implantação da edificação. Dentre eles, destacam-se os cadernos técnicos do 
Programa “Fundo de Fortalecimento da Escola” (Fundescola), desenvolvido pelo 
Ministério da Educação (MEC), que publicou, em 2002, os “Cadernos Técnicos: 
Subsídios para a Elaboração de Projetos e Adequação de Edificações 
Escolares”, volumes 1-4 e o Manual de Ambientes Didáticos da USP, de 2011. 
No entanto, esses instrumentos estabelecem apenas parâmetros mínimos na 
elaboração do projeto escolar, não atendendo aos requisitos necessários para 
desenvolver uma escola de alta qualidade. De acordo com Kowaltowski (2011, 
p. 111): 
A arquitetura escolar e a satisfação do usuário em relação à qualidade 
do ambiente estão diretamente ligadas ao conforto ambiental, que 
24 
 
inclui os aspectos térmico, visual, acústico e funcional proporcionados 
pelos espaços externos e internos. 
O conforto ambiental depende diretamente do projeto do edifício e de sua 
adaptação as atividades do usuário, o que influencia a produtividade do trabalho 
ou aprendizagem. Para contribuir para o alto desempenho dos alunos é 
necessário produzir escolas que aprimorem as condições de qualidade do ar 
interno, temperatura e umidade, ventilação e iluminação, e a acústica das salas 
de aula. 
As cores das paredes e do teto das salas de aula influenciam a 
qualidade construtiva, pois atuam nas condições de iluminação e, 
indiretamente, ampliam a legibilidade. Vários estudos comprovam a 
importância da luz do dia em salas de aula para o bem-estar dos 
ocupantes de espaços escolares. [...] O Heschong Mahone Group 
(1999) demonstrou que os estudantes em salas de aula com mais 
iluminação natural (adequadamente filtrada) trabalhavam de maneira 
20% mais eficiente nos testes de matemática e 26% nos testes de 
leitura. Observou-se que as salas de aula com maior área de abertura, 
claraboias e janelas que poderiam ser operadas pelos usuários 
resultavam em níveis melhores de desempenho dos alunos do que os 
ambientes desprovidos dessas características (KOWALTOWSKI, 
2011, p. 113). 
Portanto, deve-se privilegiar as cores claras, pois são mais eficientes para 
a penetração da luz natural, tendo em vista que possuem maior reflexibilidade. 
Além da iluminação natural atuar como um elemento benéfico para o 
aprendizado em sala de aula, o seu correto aproveitamento poderá proporcionar 
uma economia de energia, pois irá reduzir o uso da iluminação artificial. 
Outro aspecto importante é a acústica das salas de aula, que afeta 
diretamente a qualidade da comunicação, e consequentemente, a qualidade do 
ensino e aprendizagem. Os ambientes educacionais devem possuir tratamento 
contra ruídos externos, para que não atrapalhem as atividades desenvolvidas no 
interior das salas. A densidade de alunos por turma também possui influência na 
aprendizagem, pois afeta as condições de comunicação verbal 
(KOWALTOWSKI, 2011). 
Deve-se prezar também pela funcionalidade da escola, sendo fator 
importante para oferecer um ensino de qualidade. Necessita-se atenção especial 
ao dimensionamento dos ambientes, e a sua adaptação aos usos destinados, 
além de oferecer um formato que permita uma grande variedade de 
organizações do layout. Outro aspecto referente a funcionalidade é a lógica dos 
fluxos de usuários na edificação, que devem ser pensados de forma que evite 
ao máximo os conflitos com os fluxos de serviço e visitas. O controle de fluxos 
25 
 
bem elaborado no projeto arquitetônico oferece maior segurança aos usuários, 
pois evita o acesso de pessoas indevidas aos ambientes de estudos. 
Kowaltowski (2013) recomenda que “os ambientes de aprendizagem 
sejam associados às metodologias de ensino e princípios pedagógicos, sendo 
flexíveis quanto ao uso dos espaços e com maior variedade de configurações” 
(p. 277). O processo de aprendizagem é influenciado pelos espaços escolares, 
sendo alguns princípios de extrema importância para melhorar o desempenho 
dos alunos: criação de ambientes estimulantes, conexão entre espaços internos 
e externos, áreas de uso público para comunidade incorporadas ao edifício 
escolar e flexibilidade. 
Apesar de a arquitetura escolar no Brasil ainda apresentar, em sua 
maioria, edifícios sem identidade, padronizados e pouco estimulantes para os 
seus usuários, observa-se que os novos projetos procuram atender a novos 
padrões estéticos e funcionais, com base no aprimoramento dos espaços 
escolares como forma de maximizar o desempenho dos alunos. 
Tendo em vista que as escolas são instrumentos transformadores da 
sociedade, apresentando importante papel social, o presente trabalho irá 
abordar a arquitetura do Centro Educativo de Sustentabilidade através de um 
edifício mais criativo e estimulante, com maior desempenho térmico, acústico e 
luminoso, além de implantar programas de redução no consumo de água e luz 
como forma de educar os alunos ambientalmente, seguindo os princípios da 
escola de alto desempenho e assim tornando o ambiente escolar mais atrativo e 
maximizando o desempenho dos alunos e professores. Será necessária atenção 
especial para as normas e cadernos técnicos que definem os parâmetros 
mínimos dos ambientes escolares, no entanto, o objetivo será produzir 
ambientes que possuam qualidade acima do mínimo definido pelas normas, e 
assim proporcionar uma escola com desempenho elevado. 
 
 
 
 
26 
 
2. Referencial projetual 
 
Visando uma compreensão mais clara do tema e suas especificidades, 
foram realizadas análises de projetos de escolas e demais equipamentos 
educativos. Foi realizado também o estudo de um projeto que possui função 
diferenciada do equipamento abordado neste trabalho, com o objetivo de 
aprofundar-se na abordagem de técnicas construtivas sustentáveis, pois omesmo apresenta fortes aspectos de preservação ambiental e inclusão social. 
A metodologia adotada para a investigação foi a dos Professores Márcio 
Cotrim, Wylnna Vidal e Nelci Tinem, usada no Laboratório de Pesquisa Projeto 
e Memória (LPPM) que está vinculado institucionalmente ao Departamento de 
Arquitetura (DA) do Centro de Tecnologia (CT) da Universidade Federal da 
Paraíba (UFPB). Este método foi elaborado através da compilação e síntese de 
várias metodologias de análise de projeto, como Baker e Ching. Dentre os itens 
a serem analisados estão: os de caráter funcional, onde deve-se estudar 
entorno, implantação, topografia, orientação solar/insolação, circulação e 
acessos, zoneamento/setorização e organização espacial; e os de caráter 
formal, sendo observados geometria da planta, volumetria, fachadas, sistemas 
de aberturas, lógica estrutural, coberta, elementos de adequação climática e 
materiais 2. 
2.1. Moradias infantis para escola Canuanã - Fundação Bradesco 
 
Implantado no município de Formoso do Araguaia, em Tocantins, o 
projeto foi realizado pelo Designer Marcelo Rosenbaum em parceria com 
Gustavo Utrabo e Pedro Duschenes do escritório de arquitetura Aleph Zero. 
Marcelo está à frente da Rosenbaum, escritório de design, arquitetura e 
inovação. 
Os arquitetos do escritório Aleph Zero, são graduados pela Universidade 
Federal do Paraná, naturais de Curitiba e utilizam o escritório de arquitetura 
como ateliê para experimentações. 
 
_______________________________________________________________ 
2 Para mais informações acessar: http://www.lppm.com.br/?q=node/1. Página oficial do 
Laboratório de Pesquisa Projeto e Memória (LPPM). 
27 
 
Suas experiências são realizadas com a produção de estruturas que são 
implantadas em espaços públicos, buscando identificar como a arquitetura e o 
design pode moldar o comportamento das pessoas. Possuem como forte 
característica projetual o design industrial e modular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Antes de iniciar a produção projetual a equipe buscou conhecer a Zona 
Rural de Formoso do Araguaia, para conhecer a Fazenda Canuanã, uma escola 
rural em regime de internato mantida pela Fundação Bradesco há quase 40 
anos. O espaço abrigava crianças de 7 a 18 anos e cumpria papel de casa, 
escola, laboratório, etc. Foi realizado um processo de desenho participativo, com 
fases de pesquisa, imersão, diálogos e workshops em conjunto com os alunos, 
professores e comunidade com o intuito de desenvolverem a proposta em 
conjunto. 
As moradias estão localizadas em uma zona rural circundada por aldeias 
e vilarejos, além de possuir uma paisagem natural muito rica. As edificações 
foram organizadas em duas vilas separadas, uma masculina e outra feminina, 
possuindo construções idênticas. Sua implantação foi definida com o sentido 
longitudinal direcionado para o Rio Javaés (ver fig. 5), possibilitando ampla visão 
da paisagem. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/ 
Figura 4: Vista das fachadas noroeste e sudoeste 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O entorno da edificação foi mantido sem pavimentação (assim como as 
demais construções preexistentes), portanto, não se define um acesso principal 
ou secundário, as moradias podem ser acessadas por todos os lados, 
percorrendo um caminho natural que for conveniente para cada usuário (ver fig. 
6). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
Figura 6: Diagrama de acessos. 
Fonte: Acervo do autor. 
Figura 5: Implantação 
29 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A amplitude do terreno e sua topografia plana, permitiram uma maior 
racionalização na construção, reduzindo as movimentações de terra a quase 
zero, e facilitando a drenagem (ver fig. 7) das águas pluviais que se concentram 
no pátio central (em amarelo) e são direcionadas para o rio através de 
canalizações (em vermelho) que aproveitam a declividade natural do terreno. A 
topografia também influenciou na fachada, permitindo uma edificação com 
grande horizontalidade (ver fig. 8). 
 
 
 
 
 
 
Esta forma de concepção das fachadas em conjunto com suas 
orientações (fachada Noroeste e Sudeste), permitiram um grande 
aproveitamento da ventilação cruzada (ver fig. 9) no sentido Leste-Oeste. A 
cidade de Formoso do Araguaia possui apenas 54 anos e, também por este 
motivo, não existem muitos estudos acerca de seu clima. No entanto, estudos 
climáticos de Palmas – cidade do Tocantins que se localiza próximo a Fazenda 
Canuanã – determinam a predominância dos ventos provenientes do Leste 
(SILVA; SOUZA, 2016). Devido à proximidade entre as cidades, adotou-se a 
mesma ventilação predominante para o estudo do projeto das Moradias Infantis, 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
Figura 7: Planta baixa do pavimento térreo. 
Figura 8: Vista frontal da fachada noroeste 
30 
 
no entanto, entendendo que podem existir pequenas variações no sentido dos 
ventos predominantes da região de Formoso do Araguaia em relação a Palmas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As moradias foram implantadas em blocos separados com espaços 
vazios entre eles (em amarelo), permitindo uma grande permeabilidade para os 
ventos provenientes de qualquer direção (ver fig. 9 e 10). As áreas de estudos 
foram dispostas no pavimento superior, garantindo ventilação cruzada sem 
nenhuma barreira física, além de permitir maior privacidade e conforto acústico 
para os ambientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Acervo do autor. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
Figura 9: Diagrama de ventilação. 
Figura 10: Diagrama de insolação. 
31 
 
A maioria dos dormitórios foi orientada a Sudeste e Noroeste (em roxo), 
recebendo a insolação do período da manhã e da tarde respectivamente, por 
isso, foi necessário inserir paredes vazadas nas faces afetadas para filtrar a luz 
do sol. Estes elementos também foram inseridos nas fachadas pouco afetadas 
pela insolação. Além disso, uma grande marquise de quatro metros (tracejado 
vermelho) gera proteção solar para todas as fachadas da edificação, otimizando 
o conforto térmico em todos os ambientes (ver figs. 10 e 11). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As circulações do projeto foram resolvidas através de dois eixos 
ordenadores (em vermelho) que percorrem toda a edificação em seu sentido 
longitudinal e se ramifica no sentido transversal (em laranja) distribuindo o fluxo 
para os demais dormitórios e pátios centrais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. 
Figura 12: Diagrama de circulações do pavimento térreo. 
Figura 11: Marquise e elementos de proteção solar. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
 
32 
 
Nas extremidades foram dispostos halls de distribuição (em roxo) que dão 
acesso ao interior através dos jardins centrais (em verde) e estão interligados a 
uma circulação secundária periférica (em amarelo) que circunda todo o prédio, 
distribuindo o fluxo para o exterior. Quatro circulações verticais foram inseridas 
na orientação noroeste para dar acesso ao pavimento superior (ver figs. 13 e 
14). Neste nível, um eixo no sentido longitudinal (em vermelho) percorre todos 
os espaços de estudos (em marrom) de maneira sinuosa, devido à disposição 
dos ambientes como obstáculos que convidam o usuário a entrar. Este percurso 
se ramifica dando acesso aos demais cômodos (em azul). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os ambientes de estudos foram dispostos em sequência linear com 
espaços de convívio (azul) dispostos perpendicularmente e de forma intercalada. 
Esta organização espacial reduz a separação física entre lugar de estudo e de 
convívio, tornando as atividades de estudosmais agradáveis. Desta maneira, os 
espaços de convívio se tornam também espaços de estudos, além de favorecer 
as trocas visuais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 14: Vista da circulação vertical. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. 
Figura 13: Diagrama de circulações do 1º pavimento. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
33 
 
Uma enorme cobertura proporciona grandes áreas sombreadas que dão 
unidade à edificação, abrigando todos os seus ambientes, o que faz referência 
às construções indígenas por seu caráter unificador e que remete à proteção e 
abrigo (ver figs. 15 e 16). Três átrios abertos na cobertura conformam pátios 
centrais (em vermelho) organizados linearmente no pavimento térreo (ver fig. 
17), que agrupam os dormitórios (em verde) em seu entorno (ver figs. 17 e 18), 
formando espaços convidativos para a interação entre os usuários, e lembrando 
a organização centralizada presente em algumas aldeias indígenas (ver fig. 19). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte:http://vidavidavivida.blogspot.com.br. 
Figura 15: Vista inferior da cobertura. 
Figura 17: Organização espacial do térreo. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. 
 
Figura 16: Vista inferior - cobertura de oca. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A coberta se configura em um grande plano esbelto (em azul, fig. 20), de 
formato retangular, que se assenta sob delgados pilares uniformemente 
ritmados, inclinando-se suavemente em seu menor sentido (noroeste-sudeste), 
assim, abriga todos os volumes edificados, que são dispostos em um espaço 
delimitado pelos planos formados pela modulação dos pilares (em laranja). A 
partir da subtração de três prismas retangulares (em verde) no centro da 
cobertura surgem os pátios centrais, delimitados, novamente, pela sequência 
equilibrada dos pilares (em laranja). Os pátios funcionam como conectores entre 
os volumes dos dormitórios (em roxo), modulares e em formato de prisma 
retangular, são implantados ao redor dos jardins (amarelo), estabelecendo uma 
organização centralizada (ver fig. 20). 
Fonte: http://vidavidavivida.blogspot.com.br/2013/07/oca-arquitetura-
indigena.html. 
Fonte: http://arcoweb.com.br/projetodesign/arquitetura/rosenbaum-
e-aleph-zero-moradias-estudantis-formoso-do-araguaia-to. 
Figura 18: Vista do pátio central. 
Figura 19: Organização espacial de uma tribo indígena. 
35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No primeiro pavimento, ao contrário das formas regulares presentes no 
térreo, os espaços são constituídos por formatos irregulares derivados da adição 
de retângulos (marrom), criando saques sobre os volumes do térreo e que 
funcionam como grandes varandas (ver fig. 20). Neste pavimento, os espaços 
são delimitados apenas por guarda-corpos vazados (vermelho) em ripas de 
madeira ritmadas. 
A edificação, em geral, é bastante permeável e fluida, proporcionando 
uma relação interior-exterior contínua e direta. O térreo, mesmo concentrando 
maior parte do volume edificado – que corresponde aos dormitórios – não se 
configura em uma massa densa, devido a sua distribuição em módulos soltos, 
em volta de pátios internos, que permite uma maior flexibilidade de percursos. O 
Fonte: Acervo do autor. 
Figura 20: Diagrama de análise volumétrica. 
36 
 
pavimento superior se configura como um grande espaço coberto e livre de 
vedações, funcionando espaços de estudos, convívio e contemplação, 
propiciando uma visão total do entorno e permitindo grande circulação dos 
ventos. 
A volumetria e as fachadas das moradias utilizam estratégias eficientes 
de adequação ao clima quente e úmido do estado do Tocantins, portanto, foram 
utilizados elementos como brises para proteção solar nas fachadas noroeste e 
sudeste, além do aproveitamento da ventilação cruzada através de espaços 
vazios que permitem a incidência dos ventos através dos blocos de dormitórios. 
Estes elementos de proteção solar acrescentam ainda estética ao edifício, 
proporcionando ritmo e textura às fachadas (ver figs. 21 e 22). Sua função é filtrar 
a radiação solar direta, no entanto permitindo a entrada de luz, sem barrar a 
ventilação natural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As paredes, construídas em blocos de adobe, apresentam aberturas para 
entrada de luz e ventilação naturais, devido ao assentamento espaçado e 
inclinado dos blocos em alguns locais pontuais que também conferem ritmo e 
ressalta a textura rústica do material. Estes elementos de adequação climática 
são adaptações de técnicas construtivas locais (ver figs. 23 e 24), o que 
demonstra que a arquitetura vernacular pode auxiliar na produção de uma 
construção com eficiência térmica e energética, tendo em vista que estes 
sistemas permitiram que a edificação não necessitasse de ar condicionado. 
 
 
Fonte: http://rosenbaum.com.br. 
Figura 21: Elementos de composição e 
proteção da fachada noroeste 
Figura 22: Elementos de composição e 
proteção da fachada noroeste. 
Fonte: http://rosenbaum.com.br. 
37 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os guarda-corpos (ver fig. 22) do primeiro pavimento, assim como os 
elementos de proteção solar citados, além de exercer sua função principal, 
também funcionam como composição de grande expressão nas fachadas, 
conferindo identidade ao edifício (ver figs. 21 e 22). 
O estado do Tocantins apresenta grandes variações na temperatura da 
manhã para a noite, ou seja, há períodos em que a temperatura é alta no turno 
da manhã e baixa no turno da noite. Por isso, os blocos de dormitórios 
apresentam poucas aberturas, permitindo que o calor absorvido durante a 
manhã seja conservado. As portas e janelas foram concebidas em conjunto em 
forma de painéis, possibilitando a pré-fabricação e a racionalização da instalação 
na obra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://rosenbaum.com.br/a-gente/equipe/. 
Figura 24: Técnicas locais 
aplicadas ao projeto. 
Fonte: http://rosenbaum.com.br/a-gente/equipe/. Fonte: http://rosenbaum.com.br. 
Figura 23: Técnica construtiva vernacular 
encontrada em aldeia de formoso do Araguaia. 
Fonte: http://rosenbaum.com.br 
Figura 25: Vista das esquadrias dos dormitórios. Figura 26: Pintura indígena do vilarejo. 
38 
 
Foram utilizadas aberturas altas em todos os dormitórios, elementos que 
além de conferir beleza, permitem a saída do ar quente. Os pátios centrais 
também funcionam como fortes estratégias de adequação climática, pois 
permitem iluminar todos os ambientes e melhorar a ventilação. 
A cobertura (tracejado amarelo, figs. 27 e 28) torna-se um elemento 
marcante nas fachadas, pois, além de funcionar como um dado – organizando 
todos os elementos abaixo dela – confere leveza, uma vez que repousa 
suavemente sobre os pilares, sem tocar nos volumes que se encontram sob ela. 
Este tipo de coberta não funciona apenas como elemento estético, mas também 
como uma forte estratégia climática, pois permite que o ar circule livremente 
acima das edificações (ver fig. 29), permitindo a troca de ar constante, 
removendo o calor transmitido pela cobertura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 27: Fachada Sudoeste. 
Fonte: Acervo do autor. 
Figura 29: Sistema de coberta com ventilação cruzada. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
Figura 28: Fachada Nordeste. 
Fonte: http://www.alephzero.arq.br/about/. Editado pelo autor (2017). 
39 
 
Outro aspecto que confere leveza ao conjunto é a estrutura esbelta 
alcançada devido aos vãos econômicos e ao uso de madeira laminada colada, 
material que possui resistência próxima a do aço. Os pilares contornam toda a 
edificação, assemelhando-se à estrutura de um templo grego peristilado3, 
podendoser vistos em todas as fachadas, e estabelecem um ritmo cuja 
modulação estrutural de 6,00 x 6,00 metros permite racionalização e rapidez na 
execução, além de reduzir os desperdícios de materiais. Toda estrutura foi 
concebida em madeira, com exceção das lajes que são de concreto armado. 
A cobertura com dimensões de 160 x 65 metros possui inclinação de 
aproximadamente 5% e sua estrutura em madeira laminada colada (MLC) é 
formada por caibros e ripas apenas. As telhas são do tipo sanduiche, material 
que confere maior inércia térmica4 a coberta, no entanto não foi possível 
identificar o material específico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os materiais adotados na construção foram baseados no conceito de 
integração entre tecnologias avançadas e vernaculares. Estas, foram buscadas 
na cultura local, com o objetivo de inserir a identidade do lugar às moradias. 
 
____________________________________________________________________________ 
3 Os templos gregos recebem nomenclaturas que identificavam o seu estilo. Peristilado é o 
termo utilizado para os templos gregos que recebem colunas em volta de todo o seu perímetro. 
4 A inércia térmica de um determinado material está relacionada com a capacidade de 
amortecimento e atraso da onda de calor, devido ao aquecimento ou resfriamento do mesmo 
(FROTA; SCHIFFER, 2003). Ou seja, quanto maior for o tempo de transmissão de calor através 
de um material, maior será sua inércia térmica, garantindo que o calor seja transmitido para os 
ambientes apenas à noite, propiciando resfriamento pela manhã e aquecimento à noite. 
Fonte: http://rosenbaum.com.br/a-gente/equipe/. 
Figura 30: Imagem da construção da estrutura em MLC. 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uniu-se então a MLC e o tijolo de adobe. A primeira, apresenta-se como 
material de alto desempenho, podendo ser pré-fabricada, e permite uma 
construção seca e rápida. Já o adobe, é um material de baixa tecnologia, mas 
que também possui grande desempenho, principalmente por possuir grande 
eficiência térmica. Os blocos são muito utilizados na região, e foram produzidos 
pela própria comunidade, gerando valorização da mão de obra local e integração 
social. 
O projeto em estudo apresenta vários princípios da sustentabilidade 
citados anteriormente neste trabalho. Para que se faça uma análise mais 
aprofundada acerca do tema, serão citados os aspectos que o torna um edifício 
sustentável. São eles: 
 Aspectos Socioculturais: Inclusão da comunidade na 
elaboração da proposta; preservação da identidade do local 
através do uso de materiais tradicionais, técnicas construtivas e 
pinturas encontradas na comunidade; acessibilidade para todos; 
respeito às preexistências; ambientes de qualidade, com 
segurança e conforto para os usuários; cria-se uma relação 
público-privado através de espaços abertos para o público 
externo. 
 
 Aspectos Ambientais e Econômicos: Máximo aproveitamento 
dos atributos ambientais (iluminação e ventilação), e consequente 
Fonte: Acervo do autor. 
Figura 31: Perspectiva da estrutura. 
41 
 
redução no consumo energético; movimentação de terra mínima; 
uso de materiais naturais como a madeira e o adobe que foi 
produzido no próprio local da obra; obra seca e de execução 
rápida; possibilidade de reaproveitamento da estrutura; 
possibilidade de adaptabilidade para novos usos; materiais com 
grande durabilidade e baixa manutenção devido as grandes 
marquises que protegem contra as intempéries; 
 
2.2. Centro Educativo “Montecarlo Gillerme Gaviria Correa” (MGGC) 
 
O edifício educativo foi implantado em Medellín, no Bairro Las Granjas, e 
foi projetado pela Empresa de Desenvolvimento Urbano (EDU) da cidade. 
Pertencente a província de Antioquia, na Colômbia, o município é reconhecido 
pelos grandes investimentos em comunidades carentes e a qualidade de seus 
edifícios públicos, pois acreditam que a educação e a cultura possuem papel 
essencial na transformação social. A EDU é uma empresa de grande importância 
para a Administração Municipal, pois é responsável pela execução de programas 
públicos de gestão urbana, por isto, é protagonista de muitas transformações 
ocorridas na cidade. Atua nas áreas da Arquitetura e Urbanismo e seus projetos 
sempre ganham um caráter de transformação da sociedade, dentre eles estão 
diversos Parques Bibliotecas (ver fig. 32), Casas de Música, Centros Educativos 
(ver fig. 33) e Centros Desportivos (ver fig. 34). A seguir alguns exemplos irão 
esclarecer esta característica forte presente nas obras da EDU: 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: http://www.edu.gov.co/. 
Figura 32: Parque Biblioteca Guayabal, Medellín. 
42 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O projeto do Centro Educativo MGGC contou com a participação de um 
grande número de arquitetos, sendo os diretores John Lopera, Gustavo 
Restrepo, Juan Mejia. Segundo os arquitetos, “este projeto busca contribuir com 
o encontro cidadão, integrando estas infraestruturas à cidade e seus habitantes 
e possibilitar, assim, a recuperação do espaço público”. 
 
 
 
 
Fonte: http://www.edu.gov.co/. 
Figura 33: Instituição Javier Lodoño, Medellín. 
Fonte: http://www.edu.gov.co/. 
Figura 34: Unidade Desportiva Maria Luisa Calle, Medellín. 
Figura 35: Foto aérea da paisagem onde foi inserido o Centro Educativo MGGC. 
Fonte: http://www.archdaily.com.br 
43 
 
A escola foi inserida em uma comunidade de Medellín, com uma 
arquitetura que contrasta com a paisagem construída das casas em alvenaria 
aparente e exerce papel de valorização da comunidade, trazendo cultura, lazer 
e educação para esta que apresenta a predominância do uso residencial. O 
projeto foi implantado em um terreno onde abrigava uma antiga fábrica de bilhar. 
Buscou-se inserir a edificação exatamente onde a fábrica havia deixado suas 
marcas no solo e assim, não interferir na reserva natural presente no lote, que 
foi incorporada ao projeto como parte fundamental do planejamento urbano, 
sendo realizada a sua recuperação e transformação em um parque ambiental 
para a comunidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O colégio foi dividido em duas edificações distintas, uma destinada ao 
jardim de infância (em vermelho) e outra ao ensino médio e escola de música 
(em laranja), e suas implantações ocorrem em níveis distintos, sendo a primeira 
em um nível mais baixo que a segunda. 
 
 
Figura 36: Implantação. 
Fonte: Google Earth. Editado pelo autor (2017). 
1 – Ensino Médio e Escola de Música; 
2 – Jardim de Infância; 
3 – Pátio descoberto. 
1 
2 
3 
44 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A área de recreação (em azul) do ensino médio ocorre em um terceiro 
nível, mais alto que o térreo das edificações. Os acessos também ocorrem 
separadamente (ver fig. 37), sendo o primeiro ao norte da escola (em verde), 
destinada ao jardim de infância, e o segundo ao sul (em amarelo), destinado ao 
ensino fundamental e escola de música. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: https://www.archdaily.com.br. Editado pelo autor (2017). 
Figura 38: Corte transversal do ed. do ensino fundamental. 
Fonte: https://www.archdaily.com.br. Editado pelo autor (2017). 
 
Figura 37: Implantação térrea e acessos. 
45 
 
A edificação foi implantada com sua maior dimensão orientada para 
leste/oeste, recebendo a insolação da manhã e da tarde na maioria de seus 
ambientes. No entanto, analisando cada bloco isoladamente, percebe-se um 
tratamento diferenciado em relação a insolação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O bloco do jardim de infância (amarelo) possui a maioria dos seus 
ambientes – o que corresponde as suas salas de aula – orientada ao norte e sul, 
garantindo o mínimo de insolação durante maior parte do ano. Apenas o 
restaurante e as oficinas foram orientadas a leste, recebendo o sol da manhã. 
Figura 39: Carta Solar de Medellín e diagrama de insolação. 
Fonte: SOL-AR 6.2 e Google Earth. Editado

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