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47 METODOLOGIA DO PROJETO Unidade II 5 PROJETO DE PESQUISA Conforme visto anteriormente, a ciência pode ser considerada um processo de investigação que se interessa em descobrir a relação existente entre os aspectos que envolvem os fatos, situações, acontecimentos, fenômenos ou coisas, por meio de métodos científicos rigorosos. Para que se tenha um pleno desenvolvimento da atividade de fazer pesquisa, é preciso que se tenha um planejamento, que é detalhado no projeto. Embora se tenha a ideia, de forma clara, de qual deva ser a estrutura de um projeto, ou seja, que conteúdos cada parte deva conter, o comum é esperar que sua escrita se dê de forma linear: escreve‑se a problematização e as perguntas; definem‑se os objetivos; desenvolve‑se a fundamentação teórica; descrevem‑se os métodos; traçam‑se os contornos operacionais, computando‑se os recursos materiais e de tempo; perfilam‑se as referências bibliográficas; e por fim, atendem‑se às considerações éticas. Mas é forçoso reconhecer que tais partes vão compor um todo organizado, vão constituir um sistema complexo, “um tecer juntos”. Isso significa dizer que as partes vão guardar, entre si, relações de interdependência e de interdefinibilidade, características constitutivas desse tipo de sistema (GARCIA, 1994). Os objetivos deverão ser redefinidos em função de aspectos operacionais. O problematizar de uma determinada questão pode ser redimensionado com a compreensão que o fundamento teórico venha a revelar na medida em que é elaborado. O mesmo se pode dizer em relação aos métodos que vão sendo escolhidos em função dos objetivos, cujo alcance vai depender dos recursos disponíveis. Assim, devemos reconhecer que a construção de um projeto de pesquisa não é um processo linear; por conseguinte, o ato de escrever também não o será, pois é reflexo do próprio processo de cognição (PONTES et al., 2005, p. 441). Assim, embora apresentemos algumas etapas de forma sequencial para a criação do projeto de pesquisa, o estudante deve ter em mente que nem sempre essa atividade é linear. Um projeto de pesquisa requer do pesquisador (e de sua equipe, quando essa existir) uma dedicação ímpar, para que sejam alcançados os resultados esperados. E muitas vezes, os caminhos para atingir esse fim serão trocados, replanejados e refeitos. De qualquer forma, para fins explicativos, e visando obter um maior aproveitamento, apresentaremos uma série de etapas sequenciais que estão presentes em todo projeto de pesquisa: 48 Unidade II São elementos pré‑textuais: • capa; • folha de rosto; • dedicatória (opcional); • resumo; • listas; • sumário. São elementos textuais: • introdução; • hipóteses; • objetivos; • justificativa; • revisão da literatura/referencial teórico; • procedimentos metodológicos/metodologia; • cronograma. São elementos pós‑textuais: • referências bibliográficas; • apêndices (opcional); • anexos (opcional). Observação Por se tratar de uma disciplina de metodologia do projeto de pesquisa, os elementos elencados acima são aqueles que devem estar inseridos em um projeto de pesquisa. Nota‑se, portanto, que não existe conclusão, já que esta só aparece após a pesquisa ser finalizada. 49 METODOLOGIA DO PROJETO 5.1 Pensando na pesquisa Para pensar e organizar o projeto de pesquisa seguindo os requisitos apresentados anteriormente, o primeiro passo é escolher o tema que será abordado. 5.1.1 Tema É aconselhável que o tema selecionado reflita o ambiente do pesquisador – a empatia entre tema e indivíduo que vai desenvolvê‑lo é primordial para a qualidade da pesquisa. Conforme Mattar Neto (2005, p. 143 apud CORDEIRO; MOLINA; DIAS, 2014, p. 134), “a escolha do tema é um dos primeiros desafios com que o aluno se depara no desenvolvimento do seu trabalho”. Para Cordeiro, Molina e Dias (2014, p. 134), existem dois fatores principais que interferem na escolha de um tema para o trabalho de pesquisa: • Fatores internos: – Afinidade em relação a um tema ou alto grau de interesse pessoal. – Tempo disponível para a realização do trabalho de pesquisa. – Limites da capacidade do pesquisador com relação ao tema pretendido. • Fatores externos: – Significação do tema escolhido, sua originalidade, suas potencialidades e seus valores acadêmicos e sociais. – Limite de tempo disponível para a realização do trabalho. – Material de consulta e dados necessários ao pesquisador. 5.1.2 Delimitação do tema Após o tema ser escolhido, ele precisa ser delimitado. A delimitação representa a especificação de uma parte no todo, e deve estabelecer os limites extensionais e conceituais do tema. Demo (2000, p. 13) afirma que “quanto mais algo está definido entre limites, mais claro se torna”. Delimitar o assunto significa selecionar um tópico ou a parte dele que mais desperta o interesse do pesquisador, como também da comunidade acadêmica e profissional, indicando assim sob qual ponto de vista o assunto será focalizado. Para ajudar nesta etapa, podemos estabelecer alguns critérios para a delimitação. Veja a seguir: 50 Unidade II • Espaço: delimitar o locus da observação, ou seja, o local onde o fenômeno em estudo ocorre. Um estudo que trate da violência urbana, por exemplo, pode comportar diversos recortes espaciais (um município, uma área metropolitana, uma região etc.). Certo é que o parâmetro espacial escolhido implicará no resultado dos dados obtidos e nas conclusões do estudo. • Tempo: o período em que o fenômeno a ser estudado será circunscrito. Podemos definir a realização da pesquisa situando nosso objeto no tempo presente, ou recuar no tempo, procurando evidenciar a série histórica de um determinado fenômeno. Uma investigação sobre microempresas, por exemplo, pode situar‑se no momento corrente, durante um período abrangido por um determinado plano econômico (Real ou Cruzado, por exemplo) ou ainda nos últimos 10 ou 15 anos. Tudo depende, é claro, do objetivo do pesquisador ao elaborar o recorte. • População/público‑alvo: definição de quem será objeto da pesquisa. Este quem pode se referir a um conjunto de empresas, a pacientes sob determinado procedimento clínico ou a sujeitos que serão indagados acerca de seus comportamentos ou visão de mundo (exemplo, os praticantes de uma determinada religião). A população do estudo dependerá, obviamente, da área de conhecimento na qual ele se insere e do propósito de cada pesquisa. Sobre a seleção do assunto e delimitação do tema: • Selecionar um assunto: – Afinidade do pesquisador. – Obtenção de experiência durável e de valor. – Importância teórica ou prática. – Adequação à qualificação do pesquisador. – Existência de bibliografia suficiente e disponível. – Compatibilidade com os recursos do pesquisador. • Delimitar extensão e compreensão: – Fixar extensão, determinando circunstâncias delimitadoras. – Definir termos e conceitos. – Definir critérios de espaço, tempo e população/público‑alvo. 51 METODOLOGIA DO PROJETO • Localizar o assunto: – Definir o enfoque da investigação (histórico, estatístico, sociológico etc.). Com a delimitação adequada do tema, passamos a ter nosso objeto de estudo, que é exatamente a parte da realidade que vamos pesquisar. Definido isso, é necessário levantar e analisar a literatura já publicada sobre o tema. 5.1.3 Levantamento e análise da literatura Nessa fase, devemos responder às seguintes questões: quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto, que aspectos já foram abordados, quais as lacunas existentes na literatura. É sobre essas lacunas que o pesquisador deve refletir e então tirar a pergunta que permeará sua pesquisa. Assim, a revisão da literatura pode ser vista como o momento em que você situa seu trabalho, pois, ao citar uma série de estudos prévios que servirão como ponto de partida para sua pesquisa, você irá “afunilando” sua discussão. De acordo com Prodanov e Freitas (2013, p. 79), a revisão de literatura serve para: • Reconhecer e dar crédito à criação intelectualde outros autores – é uma questão de ética acadêmica. • Indicar que o pesquisador se qualifica como membro de determinada cultura disciplinar, através da familiaridade com a produção de conhecimento prévio na área. • Abrir um espaço para evidenciar que seu campo de conhecimento já está estabelecido, mas pode e deve receber novas pesquisas. • Emprestar ao texto uma voz de autoridade intelectual. É nesse momento, de revisão de literatura, que você, pesquisador, reporta e avalia o conhecimento produzido em pesquisas prévias, destacando conceitos, procedimentos, resultados, discussões e conclusões relevantes para seu trabalho. Além disso, se precavê de não pesquisar algo que já foi pesquisado. Nessa parte do trabalho, você discutirá as questões relacionadas ao estado da arte da área em que sua pesquisa se insere. Dessa leitura inicial, você perceberá que existem discussões que ainda não foram resolvidas. É desse ponto que sairá a pergunta da sua pesquisa. 52 Unidade II 5.1.4 A pergunta da pesquisa Toda pesquisa tem início com algum tipo de problema, ou seja, alguma coisa que se tenha vontade de solucionar ou contribuir para sua solução, ou apenas compreender por que acontece. Esse problema nada mais é que uma pergunta que irá nortear toda a pesquisa. Ao encontrar um problema no tema, que poderá nortear sua pesquisa, o pesquisador deve ter em mente: • O problema pode ser resolvido por meio de pesquisa científica? • O problema é suficientemente relevante? • A pesquisa é factível? • Tenho competência e tempo para planejar e executar tal estudo? • Os dados que a pesquisa exige podem ser obtidos? • Existem recursos financeiros para a realização da pesquisa? Após refletir sobre as questões apresentadas, deve‑se formular a pergunta da pesquisa. Exemplo de aplicação Veja a seguir um exemplo de problema transformado em pergunta: A) Os jardins verticais do Elevado João Goulart na cidade de São Paulo não têm seus criadores/ mantenedores divulgados para a população. B) Por que os jardins verticais do Elevado João Goulart na cidade de São Paulo não têm seus criadores/ mantenedores divulgados para a população? Como foi possível observar, o problema da investigação gerou a pergunta de pesquisa. Ao formular as perguntas, segundo Ferman e Levin (1979 apud PEROVANO, 2016), é preciso tomar o cuidado de não deixá‑las muito abertas ou demasiadamente amplas. Para isso, deve‑se fazer as delimitações, que criarão as variáveis do trabalho. Essas variáveis devem estar esclarecidas de forma objetiva, para que se obtenha uma melhor relação entre elas. Perguntas mal formuladas podem conduzir a sérios desvios metodológicos. Antes de definir uma pergunta, procure responder: • A linguagem está clara? • A pergunta é relevante? 53 METODOLOGIA DO PROJETO • A pergunta é realística? • O assunto é amplo ou limitado? Lembrete Todo problema de pesquisa deve ser formulado em forma de pergunta. 5.1.5 Hipótese As hipóteses de pesquisa servem como orientação para um estudo científico. São as suposições que o pesquisador faz na tentativa de explicar o que desconhece e o que pretende demonstrar, testando variáveis que poderão legitimar ou não o descoberto. Essas suposições devem ser provisórias, já que podem ser testadas para ter sua validade confirmada. Segundo Prodanov e Freitas (2013), um mesmo problema pode ter várias hipóteses, que são soluções possíveis para a sua resolução. Além disso, à medida que verificarmos uma hipótese e não pudermos comprová‑la, isto é, a explicação não se ajustar ao problema, automaticamente poderemos criar outra, agora com maior grau de informação do que antes. De acordo com Sapsford (2006 apud PEROVANO, 2016), as hipóteses são proposições sobre a relação entre duas ou mais variáveis, baseadas no conhecimento sistematizado e organizado, que poderão ou não ser comprovadas. Ou seja: nem todas as hipóteses previstas são confirmadas. As hipóteses que forem comprovadas recebem o nome de corroboradas; as descartadas são chamadas de refutadas, como no exemplo a seguir: • Hipótese corroborada: a empresa que financiou o jardim vertical do Elevado João Goulart, na cidade de São Paulo, não é divulgada, já que o fez a partir de um acerto de compensação ambiental com a prefeitura da cidade. • Hipótese refutada: a empresa que financiou o jardim vertical do Elevado João Goulart, na cidade de São Paulo, não é divulgada, já que suas ações ambientais não visam ao marketing, mas buscam, de fato, ajudar na construção de uma cidade mais verde. O texto das hipóteses deve apresentar termos de relação que unam as variáveis, como produz, então, já que, resulta, é diretamente proporcional etc. Observe que, no exemplo citado, o termo usado foi já que. Observação Hipóteses não são perguntas, mas sim afirmações. 54 Unidade II Para cada pergunta de pesquisa, podem ser criadas uma ou mais hipóteses – mas cuidado: cada hipótese criada deve ser testada e, assim, corroborada ou refutada. Em trabalhos com pouco tempo de execução, como uma monografia, o tempo pode ser um impedimento para a criação de muitas hipóteses. Como a hipótese deriva da pergunta, é preciso vincular a literatura relacionada ao objeto. Esse processo leva o pesquisador a consultar amplamente a bibliografia, assim como os antecedentes de pesquisas, as teorias, as generalizações empíricas, as reportagens e outras fontes possíveis, as quais irão auxiliar no aperfeiçoamento da pergunta e na elaboração da hipótese. 5.1.6 Objetivos: geral e específicos Os objetivos da pesquisa indicam o que o investigador pretende com a investigação. Para que ele possa determinar os objetivos, é preciso que já tenha o problema delineado e a pergunta delimitada. A definição do objetivo de estudo pode ser caracterizada como um desdobramento da pergunta básica do estudo, ou seja, os itens que serão pesquisados para solucionar o problema de pesquisa. Devemos extrair os referidos objetos de pesquisa da própria questão central do estudo: com o problema formulado, podemos verificar o direcionamento da pesquisa por meio dos objetos de estudo levantados a partir do desdobramento da questão delimitada como problema de pesquisa. É nesse momento que definimos o tipo e a natureza do trabalho, os métodos a serem empregados, as obras e os documentos a serem estudados. É de suma importância que o objetivo do trabalho possa ser atingido. Para isso, o pesquisador deve levar em consideração: tempo, capacidade do pesquisador e financiamento. Os objetivos se constituem em declarações claras e explícitas do “para que desejamos estudar o fenômeno ou assunto”, ou seja, o que pretendemos alcançar com a realização da pesquisa. Seu texto deve ser curto, direto e sucinto. Deve conter definições por verbos no infinitivo, como diagnosticar, verificar, observar, analisar, examinar, identificar, distinguir, constatar, comprovar, comparar, entre outros. Como exemplos de verbos usados na formulação dos objetivos, podemos citar os seguintes, que visam: • Determinar estágio cognitivo de conhecimento: apontar, arrolar, definir, enunciar, inscrever, registrar, relatar, repetir, sublinhar e nomear. • Determinar estágio cognitivo de compreensão: descrever, discutir, esclarecer, examinar, explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir e transcrever. • Determinar estágio cognitivo de aplicação: aplicar, demonstrar, empregar, ilustrar, interpretar, inventariar, manipular, praticar, traçar e usar. • Determinar estágio cognitivo de análise: analisar, classificar, comparar, constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, investigar e experimentar. 55 METODOLOGIA DO PROJETO • Determinar estágio cognitivo de síntese: articular, compor, constituir, coordenar, reunir, organizar e esquematizar. • Determinar estágio cognitivo de avaliação: apreciar, avaliar, eliminar, escolher, estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar. Os enunciados dos objetivos devem começar com um verbo noinfinitivo, e esse verbo deve indicar uma ação possível de mensuração. Com base na pergunta de pesquisa, o pesquisador cria o objetivo geral. Objetivo geral O objetivo geral está ligado a uma visão global e abrangente do tema. Relaciona‑se com o conteúdo intrínseco, quer dos fenômenos e eventos, quer das ideias estudadas. Vincula‑se diretamente à própria significação da tese proposta pelo projeto. Deve ser claro, preciso e possível de ser atingido. Exemplo de objetivo geral: investigar o motivo pelo qual a empresa que financia o jardim vertical do Elevado João Goulart, na cidade de São Paulo, não tem seu nome divulgado para a população. Objetivos específicos O objetivo geral muitas vezes é complexo e amplo. Assim, para realizar o estudo, é preciso detalhá‑lo em partes menores, tanto quanto for possível. Esse detalhamento tem o nome de objetivos específicos. Para detalhar o objetivo geral e desdobrá‑lo em objetivos específicos, pense nos seguintes tópicos e faça esboços desse raciocínio em um papel: • Lembre‑se que o objetivo geral é mais amplo e pode ser subdividido em partes. • De quais informações você precisa para alcançar esse objetivo? • Verifique se é possível subdividir o objetivo geral em objetivos menores e menos complexos. O objetivo específico é um detalhamento do objetivo geral. Quando reunimos todos os objetivos específicos, devemos chegar ao objetivo geral da pesquisa, e não em outro objetivo, um novo. Exemplo 1 • Objetivo geral: analisar os acidentes dentro de uma fábrica para estabelecer políticas de prevenção. • Objetivos específicos: identificar qual o tipo de acidente que mais ocorre na fábrica; reconhecer onde ele ocorre (em que posto, em que função); distinguir quais as possíveis causas desses acidentes; verificar se a carga de trabalho influencia na ocorrência de acidentes; averiguar a associação entre tipo de atividade e tipo de acidente. 56 Unidade II Exemplo 2 • Objetivo geral: avaliar diversos métodos de melhoria de processo. • Objetivos específicos: identificar e aplicar indicadores de qualidade no processo; comparar indicadores. É importante que os objetivos sejam claramente estabelecidos, a fim de que as fases posteriores da pesquisa se processem de maneira satisfatória. Quadro 6 Objetivos Relacionam‑se com a visão global do tema (objetivo geral) e com os procedimentos práticos (objetivos específicos). Indicam o que pretendemos conhecer, ou medir, ou provar no decorrer da pesquisa, ou seja, as metas que desejamos alcançar. A formulação dos objetivos fica mais precisa ao utilizarmos um verbo no infinitivo, o qual descreva a ação. Assim, eliminamos interpretações vagas ou ambíguas. Geral Remete à conclusão do trabalho da pesquisa. Caracteriza‑se por apresentar enunciado mais amplo, que expressa uma filosofia de ação. Deve ser buscado a partir do título/da delimitação e/ou conclusão. Exemplos: compreender, conhecer, desenvolver etc. Específicos São simples e concretos, nos permitem alcançar o objetivo geral. Devem ser buscados na estrutura do trabalho (capítulos). Exemplos: classificar, comparar, conceituar, caracterizar, formular, enunciar, diferenciar etc. 5.1.7 Justificativa Nessa etapa, refletimos sobre o porquê da realização da pesquisa, procurando identificar as razões da preferência pelo tema escolhido e sua importância em relação a outros temas. Perguntamos: o tema é relevante e, se é, por quê? Quais os pontos positivos que percebemos na abordagem proposta? Que vantagens e benefícios pressupomos que a pesquisa irá proporcionar? A justificativa deverá convencer quem for ler o projeto, com relação à importância e à relevância da pesquisa proposta. A justificativa, em um projeto de pesquisa, como o próprio nome indica, é o convencimento de que o trabalho de pesquisa é fundamental de ser efetivado. Seu propósito é explicar o objeto de pesquisa a ser estudado e situar sua importância com a argumentação sobre o contexto e o cenário em que se dará a coleta de dados. Por exemplo, se o estudo foi realizado no centro tecnológico de uma indústria, o pesquisador justificará sua pesquisa de acordo com os interesses da investigação, e não apenas do autor da investigação cientifica. De acordo com Miller (2002 apud PEROVANO, 2016), é necessário verificar o valor potencial da pesquisa e determinar sua relevância para o avanço da ciência, de comunidades, de organizações ou da sociedade. O quadro a seguir apresenta os critérios envolvidos e sua correspondência com algumas perguntas relacionadas ao objeto de pesquisa: 57 METODOLOGIA DO PROJETO Quadro 7 – Perguntas relacionadas ao objeto de pesquisa Critério Questão Conveniência Para que serve a pesquisa? Relevância social Quem será beneficiado pelos resultados? De que modo? Qual será o alcance social? Implicações práticas Ajudará a resolver algum problema real? Valor teórico Contribuirá para o desenvolvimento teórico? Os resultados poderão ser generalizados? Com base nos resultados, o que se espera saber que não se conhecia antes da pesquisa? Poderão surgir recomendações ou hipóteses alternativas para estudos futuros? Utilidade metodológica Podem ser criados novos instrumentos ou métodos de pesquisa? Ajudará a definir um conceito, ambiente ou variáveis? Será possível mesclar os enfoques qualitativo e quantitativo para enriquecer a análise e a discussão dos dados de pesquisa? Adaptado de: Perovano (2016). 5.1.8 Referencial teórico Também conhecido como fundamentação teórica, ou revisão da literatura, o referencial teórico é a parte do planejamento do projeto que apresenta o desenvolvimento de um texto sobre o tema, com base nos principais autores consultados. Essa parte do projeto de pesquisa é importante na medida em que o pesquisador demonstra que sabe “em que pé estão” as discussões acerca do tema a ser trabalhado, bem como quem são os autores reconhecidos ou as “referências” no assunto. Além disso, segundo Casarin e Casarin (2012), é preciso buscar na literatura especializada o que já foi feito para solucionar o problema pesquisado e os motivos que levam a não solucioná‑lo. Com esse procedimento, evitam‑se a duplicação de pesquisas e o investimento (tempo e dinheiro) em áreas já pesquisadas e solucionadas, bem como a escolha de temas que demandem investimentos excessivamente elevados. Para Costa e Costa (2015, p. 34), nesta fase, o pesquisador deverá responder às seguintes perguntas: • Quem já escreveu e o que já foi publicado sobre o assunto? • Quais aspectos já foram abordados? • Quais as lacunas existentes na literatura? Para Costa e Costa (2015, p. 34), a revisão de literatura: • Amplia e refina o conhecimento existente. 58 Unidade II • Ajuda a definir e classificar as questões de pesquisa. • Permite a identificação de lacunas e de áreas pouco exploradas. • Ajuda a esclarecer aspectos teóricos, metodológicos e analíticos. • Permite a identificação de debates atuais e controvérsias. Existem diversas fontes que podem oferecer informações e dados para a elaboração desta etapa, de referencial teórico. São elas: • artigos de periódicos científicos; • livros; • artigos publicados em anais de congressos; • teses e dissertações. O aluno pode utilizar artigos publicados em periódicos científicos conceituados, de preferência da própria área do programa, e recentes (sugere‑se com até 5 anos, com exceção dos clássicos). Teses e dissertações da área, concluídas em instituições de ensino reconhecidas, podem ser consultadas. Observação Jornais e revistas não indexados não são fontes confiáveis de pesquisa, já que, normalmente, estão embutidos de opiniões. Salientamos, novamente, o cuidado com o uso de material retirado da internet para incluir nos referenciais teóricos. De acordo com Cordeiro, Molina e Dias (2014), o primeiro passo para o desenvolvimento desse item é a escolha das fontes de informação. Em seguida, procede‑se às leituras. Nesta etapa, é indicado que o pesquisador faça fichamentos dostextos lidos, para que mais tarde possam ser transformados em citações diretas ou indiretas (que serão explicadas posteriormente neste livro). Esses fichamentos devem propiciar a construção de um texto contendo as principais ideias, experiências, discussões e posicionamentos acerca do tema pesquisado. Ainda nesta etapa, o pesquisador precisa definir com qual linha teórica e com quais autores o trabalho está de acordo, a fim de evitar contradições. Também é neste item que o pesquisador deve apresentar os conceitos básicos dos temas e assuntos que serão abordados no projeto. Por exemplo, se o projeto irá tratar da construção e manutenção de jardins verticais na cidade de São Paulo, deve‑se apresentar, nos referenciais teóricos, os autores que serão utilizados para entender e conceituar os jardins verticais; como é vista a questão de criar e manter tais jardins; os jardins que existem nas cidades; entre outros aspectos. 59 METODOLOGIA DO PROJETO 5.1.9 Metodologia Esta é a etapa na qual o pesquisador descreve como a pesquisa deve ser realizada, tanto a parte teórica quanto a parte de campo (se houver). Nessa etapa, definimos o local onde a pesquisa será realizada, bem como o tipo de pesquisa a ser desenvolvido, sua população (universo da pesquisa), sua amostragem, os instrumentos de coleta de dados e a forma como pretendemos tabular e analisar seus dados (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 221). Imaginemos uma possível pesquisa científica que tenha como pergunta: “Quais os requisitos mais cobrados pelo mercado de trabalho brasileiro para um recém‑formado no curso de Design de Interiores?”. Para que chegue a uma conclusão ou uma resposta a essa pergunta no âmbito acadêmico, seu autor (pesquisador) deve pensar como coletar os dados; quais instrumentos utilizará; onde coletará; quais os custos para coletar os dados. A reflexão sobre essas perguntas, bem como seu detalhamento, fornecerá o item metodologia, ou material e métodos do trabalho acadêmico. No projeto de pesquisa, a seção da metodologia é redigida com linguagem, essencialmente, no futuro, pois inclui a explicação de todos os procedimentos que se supõem necessários para a execução da pesquisa, entre os quais se destacam: o método, ou seja, a explicação da opção pela metodologia e do delineamento do estudo, a amostra, os procedimentos para a coleta de dados, bem como o plano para a análise de dados. Exemplo de aplicação Exemplo de texto para o item metodologia: Este estudo tem como base uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa de campo que visam alcançar os objetivos que foram propostos. Inicialmente, será feita uma revisão bibliográfica para descrever teorias que abordam a criação e implantação de jardins verticais em grandes metrópoles. A pesquisa bibliográfica será feita mediante uma leitura sistemática, com fichamento de cada obra, de modo a ressaltar os pontos pertinentes ao assunto em estudo abordado pelos autores. A pesquisa será realizada nas bibliotecas dos campi da UNIP, bem como em outras bibliotecas, caso seus acervos sejam relevantes para tal pesquisa. Serão também analisados alguns documentos da Prefeitura de São Paulo que estejam relacionados à construção e manutenção dos jardins verticais do Elevado João Goulart. A pesquisa de campo será realizada no Elevado João Goulart (vulgo Minhocão), na cidade de São Paulo – SP. Serão entrevistados 10 moradores dos entornos, 5 profissionais que trabalhem na empresa responsável pela manutenção dos jardins, 5 profissionais da Prefeitura de São Paulo, bem como outros personagens que surjam ao longo desta coleta de dados e que sejam fundamentais para a compreensão do problema desta pesquisa. Os questionários fechados, com 15 questões de múltipla escolha, serão aplicados a 10 moradores da cidade de São Paulo que estejam dispostos a respondê‑los. Antes da entrega, serão explicadas a importância da pesquisa bem como a necessidade de obter respostas confiáveis para as questões. Os moradores terão 10 minutos para responder às questões. 60 Unidade II 5.1.9.1 Coleta de dados Dentro do tópico metodologia, existe a etapa da coleta de dados. É nesta parte que o leitor deve ser informado sobre como o pesquisador pretende obter os dados de que precisa para responder ao problema. Não devemos deixar de correlacionar os objetivos aos meios para alcançá‑los, bem como de justificar a adequação de uns aos outros. Existem alguns critérios de avaliação da coleta e análise dos dados, como a clareza no processo de coleta, a seleção da amostra, os métodos utilizados na coleta de dados, além da triangulação. O quadro a seguir apresenta sinteticamente as descrições desses critérios. Quadro 8 Critério Descrição Clareza no processo de coleta de dados Verifica se o método utilizado para coleta de dados está explicitado. Seleção da amostra Evidencia quais os critérios para a escolha da amostra, a qual servirá para a compreensão do objeto de estudo. Métodos utilizados na coleta de dados Instrumentos utilizados para obter os dados da amostra anteriormente definida. Esses instrumentos devem estar alinhados aos objetivos e às abordagens da pesquisa. Alguns exemplos: entrevistas, observações diretas, questionários, documentação. Triangulação Processo de comparação entre dados oriundos de diferentes fontes no intuito de tornar mais convincentes e precisas as informações obtidas. As triangulações ainda podem ser vistas através da utilização de diferentes métodos sobre um mesmo objeto. Fonte: Prodanov e Freitas (2013, p. 129). 5.1.9.2 Amostra e população Dependendo do tipo de pesquisa, a amostra selecionada pode ser grande ou pequena (tal aspecto foi detalhado anteriormente neste livro). Quando um pesquisador seleciona uma pequena parte de uma população, espera que seja representativa da população que ele pretende estudar. População (ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um determinado estudo. Segundo Prodanov e Freitas (2013), a definição da população‑alvo tem uma influência direta sobre a generalização dos resultados. Portanto, o pesquisador deve se preocupar com o tamanho e a qualidade da amostra, entendida como “um subconjunto de indivíduos da população‑alvo” sobre o qual o estudo será efetuado. O universo ou a população‑alvo é o conjunto dos seres animados e inanimados que apresenta pelo menos uma característica em comum, sendo N o número total de elementos do universo ou da população, podendo ser representado pela letra maiúscula X, tal que: XN = X1; X2; ...; XN. Já a amostra é uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um subconjunto do universo (LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 225). 61 METODOLOGIA DO PROJETO Amostra é parte da população ou do universo selecionada de acordo com uma regra ou um plano. Refere‑se ao subconjunto do universo ou da população por meio do qual estabelecemos ou estimamos as características desse universo ou dessa população. A amostra pode ser probabilística e não probabilística. As probabilísticas podem ser divididas em cinco tipos; as não probabilísticas, em três tipos, conforme indica o quadro a seguir: Quadro 9 Tipos de amostragem Amostras não probabilísticas Amostras por acessibilidade Amostras intencionais Amostras por cotas Amostras probabilísticas Amostras aleatórias simples Amostras casuais simples Amostras casuais estratificadas Amostras por agrupamentos Amostras por etapas Destacamos que só as amostras probabilísticas podem, por definição, originar uma generalização estatística, por apoiar‑se em cálculo estatístico. O quadro a seguir apresenta os três tipos de amostras não probabilísticas: Quadro 10 Amostras por acessibilidade ou por conveniência Constituem o menos rigoroso de todos os tipos de amostragem. Por isso mesmo são destituídas de qualquer rigor estatístico. O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que esses possam, de alguma forma, representar o universo.Aplicamos esse tipo de amostragem em estudos exploratórios ou qualitativos, em que não é requerido elevado nível de precisão. Amostras intencionais ou de seleção racional Consistem em selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a população. A principal vantagem da amostragem por tipicidade está nos baixos custos de sua seleção. Entretanto, requer considerável conhecimento da população e do subgrupo selecionado. Quando esse conhecimento prévio não existe, torna‑se necessária a formulação de hipóteses, o que pode comprometer a representatividade da amostra. Entendemos que a generalização a partir de uma amostra desse tipo pode ser bastante arriscada. É o tipo mais simples de amostra não probabilística, já que o pesquisador se dirige intencionalmente a grupos de elementos dos quais deseja saber a opinião. São escolhidos casos para a amostra que representem um “bom julgamento” da população/do universo. Os resultados têm validade para aquele grupo específico, ou seja, em um contexto específico. Amostras por cotas De todos os procedimentos de amostragem definidos como não probabilísticos, esse é o que apresenta maior rigor. De modo geral, é desenvolvido em três fases: 1) Classificação da população em função de propriedades tidas como relevantes para o fenômeno a ser estudado. 2) Determinação da proporção da população a ser colocada em cada classe, com base na constituição conhecida ou presumida da população. 3) Fixação de cotas para cada observador ou entrevistador encarregado de selecionar elementos da população a ser pesquisada, de modo que a amostra seja composta em observância à proporção das classes consideradas. Adaptado de: Prodanov e Freitas (2013, p. 98). 62 Unidade II As amostras não probabilísticas são compostas de forma acidental ou intencional. Os elementos não são selecionados aleatoriamente. Com o uso dessa tipologia, não é possível generalizar os resultados da pesquisa realizada, em termos de população. Não há garantia de representatividade do universo que pretendemos analisar. Sobre as amostras probabilísticas, apresentamos o quadro a seguir, com conteúdo explicativo: Quadro 11 Tipos de amostras probabilísticas Amostras aleatórias simples Cada elemento da população tem oportunidade igual de ser incluído na amostra. A amostragem aleatória simples é o procedimento básico da amostragem científica. Podemos dizer que todos os outros procedimentos adotados para compor amostras são variações deste. Amostras casuais simples Todos os participantes apresentam a probabilidade de participar da amostra. Exemplo: selecionamos uma amostra casual simples de cinco casos (ABCDE), o que torna possível os pares AB, AC, AD, AE, BC, BD, BE, CD, CE e DE. Procedimento: escrevemos cada combinação no papel, colocamos os papéis em um recipiente, misturando‑os, e procedemos a um sorteio. Os dois casos sorteados constituirão a amostra casual simples. Amostras casuais estratificadas A amostragem estratificada caracteriza‑se pela seleção de uma amostra de cada subgrupo da população considerada. O fundamento para delimitar os subgrupos ou estratos pode ser encontrado em propriedades como sexo, idade ou classe social. Em seguida, de cada estrato, é retirada uma amostra casual simples. Essas subamostras são reunidas, formando a amostra necessária. O número de estratos dependerá do tamanho da população e dos critérios preestabelecidos. Amostras por agrupamentos A amostragem por agrupamentos é indicada em situações em que é bastante difícil a identificação de seus elementos. Os conglomerados são representados por escolas, igrejas, associações, empresas etc. Entre esses conglomerados que representam a população‑alvo, fazemos o cadastramento de seus membros, formando os grupos necessários. E, em seguida, procedemos ao sorteio do porcentual estabelecido para cada grupo, os quais, depois, são somados, formando a amostra final. Amostras por etapas Esse tipo de amostragem pode ser utilizado quando a população se compõe de unidades que podem ser distribuídas em diversos estágios. Torna‑se muito útil quando desejamos pesquisar uma população cujos elementos se encontram dispersos em uma grande área, como um estado ou um país. Adaptado de: Prodanov e Freitas (2013). Alguns exemplos de amostras: • Exemplo de amostra casual simples: selecionamos uma amostra casual simples de cinco casos (ABCDE), o que torna possível os pares AB, AC, AD, AE, BC, BD, BE, CD, CE e DE. Procedimento: escrevemos cada combinação no papel, colocamos os papéis em um recipiente, misturando‑os, e procedemos a um sorteio. Os dois casos sorteados constituirão a amostra casual simples. 63 METODOLOGIA DO PROJETO • Exemplo de amostra por etapas: em uma pesquisa que tivesse como universo todos os domicílios do Brasil, em um primeiro estágio, poderiam ser selecionadas microrregiões. Em um segundo estágio, poderiam ser selecionados municípios. Em um terceiro, bairros, depois, quarteirões e, em um último estágio, domicílios. Definidas as fontes de dados e o tipo de pesquisa, devemos abordar as técnicas de pesquisas e a coleta de dados. Geralmente, iniciamos com uma pesquisa bibliográfica prévia, de acordo com a natureza da pesquisa. Em seguida, a partir de detalhamentos passamos para uma fase de determinação das técnicas que serão utilizadas na coleta de dados (tais como observação, formulário, entrevista e questionário) e da fonte da amostragem – que deverá ser significativa o suficiente para apoiar conclusões. 5.1.9.3 Observação A técnica de observação pode ser muito útil para a obtenção de informações, entretanto, de acordo com Prodanov e Freitas (2013), para ser considerada um instrumento de coleta de dados, deve: • servir a um objetivo preestabelecido de pesquisa; • ser planejada; • ser registrada de forma sistemática; • ser passível de verificação quanto ao seu grau de precisão (o que pode ser feito, por exemplo, pelo confronto de vários observadores ou através do uso de meios tecnológicos, como a gravação). Essa importante fonte de informação pode ser dividida em quatro tipos: observação direta, observação indireta, relato verbal e documento. A observação direta trata do registro de uma dada situação, acontecimento ou ocorrência. Já a indireta, segundo Luna (2003, p. 52 apud CORDEIRO; MOLINA; DIAS, 2014, p. 149), refere‑se ao uso de indícios ou pistas como informações das quais se deduzem outras informações. Os relatos verbais são as falas dos sujeitos de modo ainda informal, sem a elaboração prévia dos instrumentos (questionários, entrevistas e formulários). Segundo Zamboni (2006, p. 64 apud CORDEIRO; MOLINA; DIAS, 2014, p. 151) “a maneira de ver e perceber o objeto está relacionada ao paradigma que o indivíduo se propõe a vivenciar”. 5.1.9.4 Questionário, formulário e entrevista O questionário e o formulário são instrumentos parecidos – o que os diferencia é a forma de aplicação. O primeiro é respondido manualmente pelos próprios pesquisados, e o segundo é preenchido pelo pesquisador após as perguntas respondidas pelos pesquisados. Ambos são fundamentados em uma série de questões ordenadas sucessivamente e relacionadas com o objetivo do estudo. As questões contidas nestes instrumentos podem ser abertas, fechadas ou mistas (conforme tratado anteriormente neste livro). 64 Unidade II A entrevista é a obtenção de informações de um entrevistado sobre determinado assunto ou problema. É necessário ter um plano para a entrevista, de modo que, no momento em que ela estiver sendo realizada, as informações necessárias não deixem de ser colhidas. As entrevistas podem ter o caráter exploratório ou ser de coleta de informações. Se a de caráter exploratório é relativamente estruturada, a de coleta de informações é altamente estruturada. Na sequência algumas sugestões de como se portar diante do entrevistado: • Estabeleça uma relação amistosa e não trave umdebate de ideias. • Não demonstre insegurança ou admiração excessiva diante do entrevistado para que isso não venha prejudicar a relação entre entrevistador e entrevistado. • Deixe que as questões surjam naturalmente, evitando que a entrevista assuma caráter de uma inquisição ou de um interrogatório, ou ainda que a entrevista se torne um questionário oral. • Seja objetivo, pois entrevistas muito longas podem se tornar cansativas para o entrevistado. • Procure encorajar o entrevistado para as respostas; evite que ele se sinta falando sozinho. • Anote as informações do entrevistado, sem deixar que ele fique esperando sua próxima indagação enquanto você escreve. • Não deixe de pedir sua permissão caso use gravador. Lembramos que o uso do gravador pode inibir o entrevistado. 5.1.9.5 Tabulação e apresentação dos dados Nessa etapa, podemos lançar mão de recursos manuais ou computacionais para organizar os dados obtidos na pesquisa de campo. Atualmente, com o advento da informática, é natural que escolhamos os recursos computacionais para dar suporte à elaboração de índices e cálculos estatísticos, tabelas, quadros e gráficos. 5.1.9.6 Análise e interpretação dos dados Essa fase da pesquisa, analítica e descritiva, prevê a interpretação e a análise dos dados tabulados, os quais foram organizados na etapa anterior. A análise deve ser feita a fim de atender aos objetivos da pesquisa e para comparar e confrontar dados e provas com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s) hipótese(s) ou o(s) pressuposto(s) da pesquisa. Essa etapa desenvolve‑se a partir das evidências observadas, de acordo com a metodologia, com as relações feitas através do referencial teórico e complementadas com o posicionamento do pesquisador. 65 METODOLOGIA DO PROJETO Esta etapa é de suma importância, já que a análise e a interpretação darão o sentido da pesquisa, bem como desenvolverão os sinais de conclusão do trabalho. Dessa forma, a análise dos dados deve ser feita a partir de alguns critérios, que serão descritos e resumidos no quadro a seguir. Quadro 12 – Critérios de análise dos dados Critério Descrição Clareza no processo de análise de dados Visa identificar se o estudo elucida os procedimentos adotados para análise dos dados coletados durante a pesquisa. Uma clara descrição dos procedimentos de análise dos dados permite julgar se os resultados alcançados são – ou não – frutos de um sistemático e rigoroso processo. Encadeamento lógico de evidências O estudo permite que o leitor acompanhe claramente o processo de desenvolvimento da pesquisa, desde as questões iniciais até as conclusões. Um estudo com encadeamento lógico das evidências possibilita ao leitor seguir os passos do autor em direção às conclusões. Teste empírico O teste empírico envolve uma comparação entre o observado durante a pesquisa e as hipóteses deduzidas de uma teoria. Construção da explicação Os procedimentos para análise dos dados são textualmente explicados, de forma clara e objetiva. Comparação com literatura conflitante Os conceitos, as hipóteses ou as teorias emergentes do estudo são comparados com literatura conflitante. A importância da comparação com literatura conflitante é forçar os pesquisadores a buscar pensamentos mais criativos, inovadores, ao contrário do esperado em outra situação. Comparação com literatura similar Os conceitos, as hipóteses ou as teorias emergentes do estudo são comparados com literatura similar. O resultado é uma teoria com nível conceitual mais aprofundado, mais validade interna. Fonte: Prodanov e Freitas (2013). Após a coleta e análise dos dados, o pesquisador dispõe de todas as informações necessárias à conclusão de seu trabalho. Isso significa que agora, a(s) hipótese(s) já terá(ão) sido verificada(s) e a resposta ao problema de pesquisa terá sido obtida. Essa é a etapa que antecede à fase final, a de apresentação das conclusões. 5.1.10 Cronograma O objetivo do cronograma é facilitar a organização do tempo de pesquisa, bem como distribuir as tarefas em tempo hábil. Para isso, o pesquisador deve, nesta etapa, elaborar um roteiro com datas e afazeres. Para pensar no cronograma, a pergunta que deve vir à mente é: “Quando?”. Observação O cronograma de execução é de extrema importância. A partir dele é que será possível avaliar se o projeto proposto é factível ou não, dentro do prazo estabelecido. Além disso, ele permite ao pesquisador (ou ao grupo de pesquisa) orientar‑se quanto ao andamento das atividades, acelerando as que eventualmente estiverem atrasadas e revendo os prazos estabelecidos. 66 Unidade II Geralmente os cronogramas são divididos em meses. A seguir, apresentamos uma sugestão de um cronograma para seis meses: Quadro 13 Etapa/mês 1 2 3 4 5 6 Escolha do tema de pesquisa X Revisão de literatura (bibliográfica) X X Definição dos capítulos (sumário preliminar) X Justificativa, objetivos, problematização, metodologia X X Fundamentação teórica: redação dos capítulos X X Coleta de dados X X Tabulação, análise dos dados e elaboração da síntese X Elaboração da síntese e conclusão da análise dos resultados X Ajustes metodológicos, conceituais e analíticos X Redação final, revisão linguística; formatação conforme normas ABNT X Entrega do trabalho final X Preparação para apresentação X Apresentação do trabalho final X Adaptado: Prodanov e Freitas (2013). Lembrete Não se esqueça que determinadas etapas da pesquisa podem ser executadas simultaneamente, mas existem outras que dependem das anteriores, como é o caso da análise e interpretação, cuja realização depende da codificação e da tabulação, só possíveis depois de colhidos os dados. 5.1.11 Orçamento Todo projeto, seja de pesquisa ou não, sempre envolve custos que precisam ser especificados, detalhados e ordenados em uma planilha. No caso específico de um projeto de pesquisa, uma série de itens precisa ser relacionada. Respondendo à questão “Com quanto?”, o orçamento distribui os gastos por vários itens, que devem necessariamente ser separados. Isso inclui: • Pessoal: considerar todos os elementos que devem ser computados, os seus gastos, quer globais, mensais, semanais ou por hora/atividade, incluindo os programadores de computador. • Material: subdividido em: 67 METODOLOGIA DO PROJETO – elementos consumidos no processo de realização da pesquisa, como papel, canetas, lápis, cartões, hora/computador, datilografia, xerox, encadernação etc.; – elementos permanentes, que podem retornar à entidade financiadora ou ser alugados (computadores, calculadoras etc.). Segundo Prodanov e Freitas (2013), o orçamento deve ser demonstrado (digitado) em tabela, com detalhamento das despesas pelos itens: • recursos materiais; • material de consumo; • revisão, formatação, artes gráficas; • equipamentos; • outras especificidades inerentes a cada projeto de pesquisa. O quadro a seguir oferece um exemplo de plano de orçamento: Quadro 14 – Modelo de plano de orçamento de uma pesquisa científica Orçamento detalhado do projeto (descrição detalhada de materiais – permanente e de consumo – a serem utilizados) Material permanente Descrição do material Quantidade Valor (unidade – em reais) Total Computador Impressora Scanner etc. Total Material de consumo Descrição do material Quantidade Valor (unidade – em reais) Total CD; pen‑drive Papel A4 Cartucho (tinta para impressora) etc. Total Serviços de terceiros Descrição do material Quantidade Valor (unidade – em reais) Total Formatação Revisão textual Xerox Encadernação etc. Total Custo total (material permanente + material de consumo + serviços de terceiros): Fonte: Prodanov e Freitas (2013). 68 Unidade II 6 ELEMENTOS DO TEXTO 6.1 Elementos pré‑textuais Segundo a NBR 14724, a estrutura de tese, dissertação ou trabalho acadêmico compreende elementos pré‑textuais, textuais e pós‑textuais, conforme já indicado. Esta parte tratará dos elementos pré‑textuais, compostos por: • capa; • folha de rosto;• dedicatória (opcional); • sumário; • outros elementos que possam aparecer, tais como: epígrafe, lista de tabelas, de quadros, de figuras, de apêndices e de anexos; • resumo. 6.1.1 Capa Elemento obrigatório, as informações devem ser apresentadas na seguinte ordem: • Nome da instituição: fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado, disposto na margem superior. • Nome do autor: fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado, disposto no centro do espaço existente entre a identificação da instituição e o título do trabalho. • Título do trabalho: deve ser claro e preciso (fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado, disposto no centro da página). • Subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois‑pontos, evidenciando a sua subordinação ao título (fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado). • Número de volumes: se houver mais de um, deve constar em cada capa a especificação do respectivo volume (fonte 12, palavra volume com a inicial maiúscula ou abreviada [Vol.], seguida do numeral arábico, logo após o título do trabalho). • Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado: no caso de cidades homônimas recomenda‑se o acréscimo da sigla da unidade da federação (fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado, disposto logo acima do ano de entrega). 69 METODOLOGIA DO PROJETO • Ano de entrega: fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado, disposto na margem inferior. A capa não é numerada e também não é considerada na contagem das páginas do documento. Não existe regra para criar o título do trabalho. O importante é o autor ter em mente que este pode ser usado como um chamariz para a leitura da pesquisa. Assim, alguns autores optam por títulos descritivos, outros por metáforas, outros elegem títulos curtos. 6.1.2 Folha de rosto Elemento obrigatório contendo os dados essenciais para a identificação do trabalho. Está dividido em anverso e verso, como segue: Anverso A folha de rosto deve conter os mesmos elementos da capa, acrescidos de informações complementares necessárias à perfeita identificação do trabalho, na seguinte ordem: • Nome do autor: fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado, disposto na margem superior. • Título do trabalho: fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado, disposto no centro da página. • Subtítulo: se houver, deve ser precedido de dois‑pontos, evidenciando a sua subordinação ao título (fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado). • Número de volumes: se houver mais de um, deve constar em cada capa a especificação do respectivo volume (fonte 12, palavra volume com a inicial maiúscula ou abreviada [Vol.], seguida do numeral arábico, logo após o título do trabalho). • Natureza: fonte 12, espaçamento simples, sem negrito, alinhado do meio da página para a margem direita, justificado, contendo as informações: – tipo do trabalho (tese, dissertação, TCC, trabalho acadêmico de sala de aula); – objetivo (aprovação em disciplina, grau pretendido, outros); – nome da instituição a que é submetido; – área de concentração. • Nome do orientador: precedido da palavra Orientador, seguido pela titulação abreviada e pelo nome do professor (fonte 12, espaçamento simples, alinhado do meio da página para a margem direita, separado da natureza do trabalho por um espaço simples). 70 Unidade II • Nome do coorientador: se houver, deve ser precedido da palavra Coorientador seguido pela titulação abreviada e pelo nome do professor (fonte 12, espaçamento simples, alinhado do meio da página para a margem direita, logo abaixo da identificação do orientador). • Local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado: no caso de cidades homônimas recomenda‑se o acréscimo da sigla da unidade da federação (fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado). • Ano de entrega: fonte 12, maiúscula, negrito, centralizado, disposto na margem inferior. Verso Contém a ficha catalográfica, que se constitui de um conjunto de informações bibliográficas descritas de forma ordenada, seguindo o Código de Catalogação Anglo‑Americano (CCAA) vigente. Observação Cabe lembrar que a obrigatoriedade da ficha catalográfica é somente para dissertações e teses. 6.1.3 Dedicatória Este elemento é opcional. É o texto em que o autor presta homenagem a alguém ou dedica seu trabalho. Sugere‑se utilização de fonte 12, espaçamento simples, sem parágrafo, a partir do meio da folha até a margem direita, com alinhamento justificado. 6.1.4 Resumo O resumo é um elemento obrigatório, conforme norma ABNT NBR 14724, e consiste na apresentação concisa do trabalho em língua portuguesa. Deve apresentar também as palavras‑chave e/ou descritores relativos aos assuntos do trabalho acadêmico, logo após o resumo, conforme NBR 6028. Esta norma estabelece as seguintes definições: • Resumo crítico ou resenha: é redigido por especialistas; trata‑se da análise crítica de um documento e não está sujeito a limite de palavras. • Resumo indicativo: é a apresentação sintética dos pontos principais do documento; não apresenta dados qualitativos e quantitativos; não dispensa a consulta ao original. • Resumo informativo: indica a finalidade, a metodologia, o resultado e a conclusão do documento; dispensa consulta ao original. 71 METODOLOGIA DO PROJETO O resumo deve apresentar o objetivo, o método, os resultados e as conclusões do trabalho. Deve ser composto por frases concisas, afirmativas, e não por uma enumeração de tópicos. Recomenda‑se: • uso de parágrafo único; • digitação em espaço simples; • não recuo na primeira linha; • uso de terceira pessoa do singular; • uso de primeira frase significativa, explicando o tema principal do documento. As palavras‑chave devem figurar logo abaixo do resumo, com uma linha em branco, antecedidas da expressão Palavras‑chave (em negrito, finalizada por dois‑pontos), separadas entre si por ponto e finalizadas também por ponto. Deverão ser selecionadas palavras que representem o assunto do documento, limitando seu uso ao máximo de cinco palavras. O resumo deve conter de 150 a 500 palavras para os trabalhos acadêmicos (tese, dissertação, trabalho de conclusão e relatório técnico‑científico). Para artigos, é orientado que a extensão do resumo seja de 100 a 150 palavras. Nos resumos, deve‑se evitar: • símbolos e contrações que não sejam de uso corrente; • fórmulas, equações e diagramas; somente usar se seu emprego for imprescindível. 6.1.5 Listas Elemento opcional, colocado antes do sumário. Deve constar a identificação do elemento, seu título e a paginação, a exemplo do que ocorre no sumário. Segundo a norma NBR 14724, a ordem de apresentação das listas deve ser: • lista de ilustrações; • lista de tabelas; • lista de abreviaturas e siglas; • lista de símbolos. 72 Unidade II As listas devem: • Ser apresentadas conforme a ordem que aparecem no texto. • Apresentar a identificação do elemento seguido pelo indicativo numérico, acompanhado de espaço, travessão, espaço e o respectivo título. Se o título da ilustração ocupar mais de uma linha, a segunda linha deverá iniciar abaixo da primeira palavra do título. • Ter o título em letras minúsculas, com exceção da primeira letra, e o número da folha onde se encontra a ilustração ligado por uma linha pontilhada. • Ter espaçamento entre linhas de 1,5 entre um título e outro. Para os casos em que o título ocupar mais do que uma linha, o espaço entre linhas deve ser simples. 6.1.6 Sumário O sumário deve figurar como último elemento pré‑textual, e é obrigatório. Caracteriza‑se como a enumeração das principais divisões, seções e outras partes de um trabalho, na mesma ordem e grafia em que a matéria nele se sucede, acompanhada dos respectivos números das páginas. Ele fornece uma visão geral da estrutura do trabalho e facilita a localização das diferentes partes. Os elementos que compõem o sumário são: • o indicativo numérico do capítulo ou seção, alinhado à margem esquerda; • seu título e subtítulo (exatamente como são apresentados no texto); • o número da página inicial do capítuloou seção correspondente. A apresentação tipográfica dos títulos deve ser a mesma no sumário e no texto. Não confundir sumário com: • Índice: lista de palavras ou frases, organizadas normalmente em ordem alfabética, que remete para informações contidas no texto. O índice é inserido no final do trabalho. • Lista: enumeração de elementos selecionados do texto, como, por exemplo, lista de ilustrações, inserida antes do sumário. O sumário deve ser inserido no trabalho observando‑se as seguintes regras: • Quando houver mais de um volume, o sumário deverá ser incluído completo em todos eles, para que se possa verificar todo o conteúdo da obra independentemente do volume consultado. 73 METODOLOGIA DO PROJETO • As seções devem ser numeradas em algarismos arábicos, da introdução até a conclusão. • Os elementos pré‑textuais não devem aparecer no sumário. • Os capítulos e as seções devem ser alinhados à esquerda. • A subordinação dos itens do sumário deve ser destacada pela apresentação tipográfica utilizada no texto. • Referências, apêndices e anexos não são considerados capítulos; por isso não recebem numeração de seção. • Recomenda‑se que os títulos sejam alinhados pela margem do título indicativo mais extenso. • Recomenda‑se a utilização de espaçamento 1,5 entre linhas. • Recomenda‑se o uso de uma linha em branco entre as divisões das seções primárias. • Se o documento for apresentado em mais de um idioma, para o mesmo texto, recomenda‑se um sumário separado para cada idioma, inclusive a palavra sumário, em páginas distintas. 6.2 Elementos textuais Conforme já indicado, um trabalho é composto pelos elementos pré‑textuais, textuais e pós‑textuais. Essa parte tratará da introdução, que deve ser o primeiro dos elementos textuais, compostos por: • introdução; • hipóteses; • objetivos; • justificativa; • revisão da literatura/referencial teórico; • procedimentos metodológicos/metodologia; • cronograma. 6.2.1 Introdução de um projeto Vimos que uma pesquisa de qualidade deve seguir algumas regras ou passos, o que leva o pesquisador a refletir sobre o que pesquisar, como pesquisar, quando e onde pesquisar. Isso significa que, embora algumas etapas sejam pensadas antes que outras, todas elas irão contribuir para a qualidade do trabalho. Pensar nas formas estruturantes da pesquisa, como problema, pergunta, hipóteses, objetivos, métodos e justificativa, além de na organização do tempo e do dinheiro necessários, constitui a pedra fundamental. 74 Unidade II A introdução da pesquisa consiste em apresentar ao leitor o conteúdo da sua investigação cientifica, o que significa dizer que o texto deve ser atrativo e congregar três características: conter os elementos estruturantes, ser formal e apresentar um estilo de redação científico. As principais ideias que devem estar contidas nesta primeira parte do projeto de pesquisa preparam o leitor para compreender o pensamento do pesquisador, assim como informam a estrutura geral do trabalho e fornecem as bases materiais para esclarecer a relação entre a intenção do estudo e o fenômeno a ser pesquisado. • A primeira parte dos elementos estruturantes é a descrição do problema de pesquisa, ou seja, a definição do fenômeno, do evento ou da situação que o pesquisador tenciona estudar. • A pergunta de pesquisa deriva da identificação do problema, e tem por finalidade desvelar as variáveis que demarcarão todo o processo de prospecção de dados e informações. • A hipótese deve ser criada com a finalidade de ser demonstrada ou não empiricamente. São proposições sobre duas ou mais variáveis, que podem ser corroboradas ou negadas. • Os objetivos indicam o que se pretende com a pesquisa. Ou seja, correspondem à operacionalização das variáveis da investigação científica, desenvolvidas com base na hipótese. • A justificativa, que representa o porquê de o estudo ser realizado, tem a finalidade de explicar o objeto de pesquisa e situar sua importância com a argumentação sobre o contexto e o cenário em que se dará a coleta de dados. • O último elemento estruturante na pesquisa é a metodologia, que fornecerá os caminhos percorridos para atingir o fim. A coleta e a análise dos dados devem ser descritas de forma detalhada, e podem sofrer modificações, a fim de se ajustarem ao objetivo, bem como ao tempo da pesquisa. Observação Não existe problema em ajustar a metodologia ao longo da pesquisa, desde que os ajustes sejam muito bem justificados. Escrevendo a introdução Como fazer a introdução de um trabalho: • apresentar o assunto ou assuntos do trabalho; • especificar quais são os objetivos do trabalho – geral e específicos; 75 METODOLOGIA DO PROJETO • mencionar como está organizado o trabalho (em X partes ou capítulos); • especificar o que é abordado em cada um dos capítulos ou partes; • referir qual a metodologia utilizada; • apresentar as justificativas; • finalizar com o cronograma de execução. Exemplo de introdução: • O presente trabalho é sobre… (dizer qual é o assunto), mais concretamente… (referir um breve apanhado dos subtemas tratados nos vários capítulos). • É objetivo/são objetivos deste trabalho… (especificar quais são os objetivos do trabalho). • Está organizado em X partes/capítulos. Na parte 1/capítulo 1, será abordado… (especificar o assunto). Na parte 2/capítulo 2 optamos por abordar… (especificar o assunto) e assim sucessivamente. • A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, enriquecida com algumas entrevistas… (ou outra, especificar qual foi). • Tal trabalho mostra‑se importante na medida em que explora... (apresentar a justificativa). • Para organizar melhor as atividades que comporão a pesquisa, apresentamos um cronograma de execução... (colocar o quadro do cronograma e explicá‑lo, caso seja necessário). O texto da introdução pode ser escrito por inteiro ou dividido em subitens (como objetivos, metodologia etc.). 6.3 Elementos pós‑textuais Conforme descrito anteriormente, os elementos pós‑textuais de um projeto de pesquisa são: • referências bibliográficas; • apêndices (opcional); • anexos (opcional). 76 Unidade II 6.3.1 Referências Os projetos monográficos de graduação, especialização, mestrado, doutorado, além de artigos, livros, relatórios, entre outros, devem, necessariamente, trazer listados todos os documentos pesquisados e que tenham sido citados pelo autor ao longo do texto. Existem vários modelos de apresentação das referências bibliográficas, no entanto a mais solicitada (inclusive pela UNIP) é o modelo NBR 6023, da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Seguem algumas regras para formatação de trabalhos de acordo com a ABNT: • Fonte do texto: Arial/Times New Roman. • Tamanho da fonte do texto: 12. • Proporções das margens: margem superior e esquerda: 3 cm; margem inferior e direita: 2 cm; parágrafo: 1,0 cm a partir da margem esquerda de 3 cm. • Espaçamento entre linhas: 1,5 cm. • Somente as expressões estrangeiras e nomes científicos podem ser colocados em itálico. A seguir, tipos de citação: Citação direta Transcrição textual de parte da obra do autor consultado. Indicar a data e a página. Exemplo: “Deve‑se indicar sempre, com método e precisão, toda documentação que serve de base para a pesquisa, assim como ideias e sugestões alheias inseridas no trabalho” (CERVO; BERVIAN, 1978, p. 97). Citação indireta Texto baseado na obra do autor consultado, consistindo em transcrição não textual da(s) ideia(s) do autor consultado. Indicar apenas a data, não havendo necessidade de indicação da página. Exemplo: Barras (1979) ressalta que, apesar da importância da arte de escrever para a ciência, inúmeros cientistas não têm recebido treinamento neste sentido. Citação de citação Transcrição direta ou indireta de um texto em que não se teve acesso ao original, ou seja, retirada de fonte citada pelo autor da obra consultada. Indicar o autor da citação, seguido da data da obra original, a expressão latina apud, o nome doautor consultado, a data da obra consultada e a página em que consta a citação. Exemplo: “O homem é precisamente o que ainda não é. O homem não se define pelo que é, mas pelo que deseja ser” (ORTEGA Y GASSET, 1963 apud SALVADOR, 1977, p. 160). 77 METODOLOGIA DO PROJETO Autor É função do pesquisador conhecer o que os outros realizaram anteriormente, a fim de evitar duplicações, redescobertas ou acusações de plágio. No caso de o texto ter apenas um autor, citar o sobrenome e o ano; quando o texto tiver de dois a três autores, citar os respectivos sobrenomes separados por ponto e vírgula, a data da obra e a página da citação; tendo o texto mais de três autores, citar o sobrenome do primeiro autor seguido pela expressão et al.; texto sem autoria conhecida, citar o título e o ano; entidade coletiva, citar o nome da instituição e ano (nas citações subsequentes, usar apenas a sigla); quando houver um autor e mais de uma obra, citar o sobrenome e os vários anos de publicação, em ordem cronológica. Sistema de chamada As citações devem ser indicadas no texto utilizando os sistemas de chamada autor‑data ou numérico. Ao optar por um sistema de chamada, deve‑se adotá‑lo até o final, para fins de uniformidade do texto e correlação com as referências em notas de rodapé ou no final do trabalho. Citações de até 3 linhas Devem ser inseridas no parágrafo entre aspas duplas. Caso exista citação no interior de uma citação entre aspas duplas no texto original, substituí‑las por aspas simples. Quando iniciadas com letra maiúscula, as citações devem ser precedidas por dois‑pontos. Citações com mais de 3 linhas Colocar em parágrafo distinto, a 4 cm da margem esquerda, com letra menor que a utilizada no texto e sem aspas. As citações longas devem ser digitadas em espaço simples, separadas dos parágrafos anterior e posterior por espaço duplo. Omissão em citação As omissões de palavras ou frases nas citações são indicadas pelo uso de reticências entre colchetes [...]. Acréscimo em citação Acréscimos e/ou comentários, quando necessários à compreensão de algo dentro da citação, aparecem entre colchetes. Destaque em citação Para destacar palavras ou frases em uma citação, usa‑se grifo ou negrito ou itálico seguido da expressão grifo nosso ou grifo do autor após a chamada da citação. 78 Unidade II Tradução em citação Quando a citação incluir texto traduzido pelo autor do texto, deve‑se incluir a expressão tradução nossa entre parênteses, logo após a chamada da citação. Informação verbal Quando se tratar de dados obtidos através de informação verbal (palestras, debates, comunicações etc.), indicar entre parênteses a expressão informação verbal, mencionando‑se os dados disponíveis somente em nota de rodapé. Trabalho em fase de elaboração Quando se tratar de dados obtidos em trabalhos em fase de elaboração, indicar entre parênteses a expressão em fase de elaboração, mencionando‑se os dados disponíveis somente em nota de rodapé. Quadro 15 Expressões latinas Significados Apud Citado por, conforme, segundo Et al. ou et alii E outros Cf. Confira, confronte Ibid. ou ibidem Mesma obra Id. ou idem Mesmo autor; igual à anterior Loc. cit. ou loco citato No lugar citado Op. cit. ou opus citatum ou opere citato Na obra citada Informações adicionais • As citações textuais devem ser destacadas com aspas (até 3 linhas) ou graficamente (mais de 3 linhas). • Entradas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável e pelo título incluído na sentença devem ser em letras maiúsculas e minúsculas. • Entradas pelo sobrenome do autor, pela instituição responsável e pelo título, quando estiverem entre parênteses, devem ser em letras maiúsculas. Referências bibliográficas Um autor Indica(m)‑se o(s) autor(es) pelo último sobrenome, em letras maiúsculas, seguido(s) do(s) prenome(s) e outro(s) sobrenome(s), abreviados ou não. Exemplo: QUEIRÓS, E. O crime do Padre Amaro. 25. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p. 277. 79 METODOLOGIA DO PROJETO Dois ou três autores Quando houver dois ou três autores, os nomes devem ser separados por ponto e vírgula, seguido de espaço. Exemplo: ADES, L.; KERBAUY, R. R. Obesidade: realidade e indignações. Psicologia USP, São Paulo, v. 13, n. 1, p. 197‑216, 2002. Mais de três autores Quando existirem mais de três autores, indica‑se apenas o primeiro, acrescentando‑se a expressão latina et al. Exemplo: PETERSON, L. et al. Improvement in quantity and quality of prevention measurement of toddler injuries and parental interventions. Behavior Therapy, New York, v. 33, n. 2, p. 271‑297, 2002. Artigo de jornal SOBRENOME, PRENOME abreviado. Título: subtítulo (se houver). Nome do jornal, Local de publicação, página, data de publicação do jornal com o mês abreviado. Exemplo: ADES, C. Os animais também pensam: e têm consciência. Jornal da Tarde, São Paulo, p. 4D, 15 abr. 2001. Dissertação ou Tese SOBRENOME, PRENOME abreviado. Título: subtítulo (se houver). Data de defesa. Total de folhas. Tese (Doutorado) ou Dissertação (Mestrado) – Instituição onde a Tese ou Dissertação foi defendida. Local e data de defesa. Exemplo: FANTUCCI, I. Contribuição do alerta, da atenção, da intenção e da expectativa temporal para o desempenho de humanos em tarefas de tempo de reação. 2001. 130 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2001. Documento publicado na internet AUTOR(ES). Título: subtítulo (se houver) Disponível em: <endereço da URL>. Data de acesso. Exemplo: FACULDADE DE AGRONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL. Manual de referências bibliográficas. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/agronomia/manualcap1. htm>. Acesso em: 20 de ago. 2002. 80 Unidade II Livro no todo SOBRENOME, PRENOME abreviado. Título: subtítulo (se houver). Edição (se houver). Local de publicação: Editora, data de publicação da obra. Nº de páginas ou volume. (Coleção ou série). Exemplo: AZEVEDO, M. A.; GUERRA, V. N. A. Mania de bater: a punição corporal doméstica de crianças e adolescentes no Brasil. São Paulo: Iglu, 2001. 386 p. SOBRENOME, PRENOME abreviado. (data da primeira edição). Título: subtítulo (se houver). Edição (se houver). Local de publicação: Editora, data de publicação da obra. Nº de páginas ou volume. (Coleção ou série). Exemplo: FREUD, S. (1909). Duas histórias clínicas (o Pequeno Hans e o Homem dos Ratos). Tradução sob a direção de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1977. (Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 10). A primeira data (1909) refere‑se à data da primeira edição, a segunda (1977) refere‑se à da edição consultada. Trabalho publicado em anais, resumos, e outras publicações de eventos Elementos essenciais: autor(es), título do trabalho apresentado, subtítulo (se houver), seguido da expressão In: título do evento, numeração do evento, ano e local de realização, título do documento (Anais, Atas, Tópicos temáticos), local, editora, data de publicação. Página inicial e final da parte. Resumo de trabalho publicado SOBRENOME, PRENOME abreviado. Título: subtítulo (se houver). In: NOME DO EVENTO, número, ano. Local de realização do evento. Resumos... Local de publicação dos resumos: Editora, ano. Nº de página. Exemplos: CASTRO, R. E. F.; MELO, M. H. S.; SILVARES, E. F. M. Avaliação da percepção dos pares de crianças com dificuldades de interação em uma sucursal da clínica‑escola do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. In: CONGRESSO INTERNO DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 5., 2001, São Paulo. Resumos... São Paulo: Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, 2001. p. 49. BRAGA, T. M. S.; KERBAUY, R. R. Hypertension: indications for an intervention program. In: CHANGING BEHAVIOR: HEALTH AND HEALTHCARE, HEALTHPSYCHOLOGY, 5., 2001, Scotland. Abstract... Scotland: European Health Psychology Society; British Psychological Society, 2001. p. 79. 81 METODOLOGIADO PROJETO Saiba mais Para mais detalhes sobre as normas da ABNT, consulte o site da Universidade Paulista: <http://www2.unip.br/servicos/biblioteca/download/manual_de_ normalizacao_abnt.pdf>. 7 MODALIDADES DO TRABALHO CIENTÍFICO Trabalhos científicos ou acadêmicos são aqueles escritos que resultam do desenvolvimento de pesquisas realizadas tanto na graduação quanto na pós‑graduação. Existem inúmeros tipos de trabalhos acadêmicos, e não há exatamente um consenso sobre os significados dos diversos termos empregados. Assim, adotamos, neste livro, o entendimento que é dado pela ABNT – o mais aceito, tendo por base a literatura sobre o assunto. Vale lembrar que esta obra não contempla todos os tipos de trabalhos acadêmicos ou científicos, mas nos debruçamos sobre aqueles que os estudantes de Design de Interiores terão mais acesso, ou possibilidades de elaboração. São eles: trabalhos finais de disciplinas, conclusão de cursos de graduação e pós‑graduação, projeto de pesquisa, além de redação e formatação de artigo. Nos cursos de graduação, os universitários devem ser orientados a progredir gradativamente da simples informação para a autodescoberta do conhecimento e para a criatividade. Assim, os estudos realizados nesta etapa visam à melhor formação do estudante, e constituem‑se em recursos didáticos de formação: interessa mais o processo de pesquisa do que os possíveis resultados. Tendo em vista os diversos graus de originalidade, criatividade e profundidade, temos diferentes níveis e, consequentemente, diferentes tipos de trabalhos científicos ou acadêmicos, tanto na graduação quanto na pós‑graduação. Os primeiros, basicamente “recapitulativos” e bibliográficos, são mais realizados na graduação, e os últimos, estudos mais originais, são exigências da pós‑graduação. Mas, em todos eles, são exigidos qualidade de método, organização, rigor, observação e respeito às normas técnicas. A seguir, serão apresentados os diversos tipos de trabalhos acadêmicos mais usados tanto na graduação quanto na pós‑graduação, conceituando‑os e mostrando suas características gerais. 82 Unidade II 7.1 Trabalhos de síntese A palavra síntese quer dizer, apenas, diminuir, reduzir, condensar, simplificar os elementos principais de um documento, sem fazer comentários sobre eles. Exemplo: resumos para revistas – deve ser livre de todo comentário pessoal e não deve formular críticas ou julgamento de valor, pois é mero trabalho de síntese. 7.2 Resenha crítica A resenha, na prática, é um resumo crítico. É uma construção técnica que avalia, de forma sintética, a importância de uma obra. Quando um resumo crítico é escrito para ser publicado em revistas especializadas, é chamado de resenha. Não consiste puramente na síntese de um texto, artigo, capítulo ou uma obra, mas na apresentação condensada do seu conteúdo, acompanhada de comentários críticos, isto é, de uma apreciação crítica valorativa do conteúdo e da exposição de determinada questão. Requer opiniões, comentários e julgamentos; permite evidenciar novas abordagens, novos conhecimentos, novas teorias e comparações com outras obras da mesma área de conhecimento, e fazer recomendações para os leitores, ressaltando a relevância do seu conteúdo. Para fazer uma resenha crítica, pressupomos que haja uma leitura rigorosa (analítica) do texto. Deve haver comentários sobre a sua temática, suas ideias principais, informações gerais sobre ele e comentários pessoais. A resenha é feita através da organização de parágrafos que contenham a tríplice divisão de um trabalho acadêmico: introdução, desenvolvimento e conclusão, sem necessidade de destacar tal divisão. O resenhista poderá dar um título à sua resenha. Se optar por intitular, o título deverá guardar estreita relação com o conteúdo da obra. Antes de iniciar a escrever a resenha, recomendamos verificar se foi realizada uma boa leitura do texto. Isso pode ser feito procurando identificar os elementos essenciais da obra a ser resenhada. • Qual o tema tratado pelo autor? • Qual o problema que ele aborda? • Qual a posição defendida pelo autor com relação ao problema ou assunto? • Quais os argumentos centrais e complementares utilizados pelo autor para defender sua posição? 83 METODOLOGIA DO PROJETO A resenha deve abranger as seguintes informações: • Referência: autor(es); título; local da edição, editora e data; número de páginas. • Credenciais do autor: informações gerais sobre o autor e sua qualificação acadêmica, títulos, cargos exercidos e obras publicadas. • Resumo da obra: resumo das ideias principais, descrevendo, de forma sucinta, o conteúdo da obra. • Conclusão do autor: o autor apresenta (ou não) conclusões? Caso apresente, quais são elas? Onde se encontram (no final da obra ou no final dos capítulos?). • Quadro de referências do autor: a que corrente de pensamento o autor se filia? Que teoria ou modelo teórico apoia seu estudo? • Crítica do resenhista: como se situa o autor da obra em relação às correntes científicas? Quanto ao mérito da obra, qual a sua contribuição? Quanto ao estilo, é conciso, objetivo, claro, coerente, preciso? A linguagem é correta, adequada? A forma é lógica, sistematizada? Utiliza recursos explicativos e ilustrativos? A quem se destina a obra? Nem sempre é possível ou necessário dar resposta a todas as perguntas ou itens relacionados anteriormente. Como trabalho acadêmico, a resenha deve apresentar a seguinte estrutura: • Capa, folha de rosto e texto. • A referência (bibliográfica) da obra resenhada deverá ser apresentada no início do texto. Se utilizarmos outras obras para fazer a resenha, as referências devem vir logo após o texto e em conformidade às normas da ABNT. 7.3 Trabalho científico e monografia 7.3.1 Trabalho monográfico Caracteriza‑se mais pela unicidade e delimitação do tema e pela profundidade do tratamento do que por sua eventual extensão, sua generalidade ou seu valor didático. Estrutura da monografia Os trabalhos científicos, em geral, apresentam a mesma estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão. Pode haver diferenças quanto ao material, o enfoque dado, a utilização desse ou daquele método, dessa ou daquela técnica, mas não em relação à forma ou à estrutura. 84 Unidade II As monografias referentes ao grau de conclusão do estudante universitário não podem ser consideradas verdadeiros trabalhos de pesquisa (para os quais os estudantes não estão ainda capacitados, salvo raras exceções), mas estudos iniciais de pesquisa. O trabalho de investigação – teórico ou prático, bibliográfico ou de campo – dá oportunidade ao estudante para explorar determinado tema ou problema, levando‑o a um estudo com maior ou menor profundidade e/ou extensão. Possibilita o desenvolvimento de sua capacidade de coletar, organizar e relatar informações obtidas e, mais, de analisar e até de interpretar os dados de maneira lógica e apresentar conclusões. A seguir, veja como elaborar a conclusão de um trabalho: • Fazer um breve resumo do trabalho. • Mencionar qual foi a grande conclusão do trabalho. • Referir se foram concretizados todos os objetivos ou, se não foi possível concretizar algum deles, explicar por quê. • Relatar a importância que o trabalho tem para quem o redige, para o conhecimento ou aprofundamento do tema e para o crescimento pessoal. Alguns exemplos para a conclusão: • Neste trabalho abordamos o assunto… (fazer um breve resumo do trabalho) e concluímos que… (referir qual foi a grande conclusão do trabalho). • Cumprimos todos os objetivos que nos tínhamos proposto/só cumprimos alguns dos objetivos enunciados, devido a…, uma vez que/porque… (explicar se foram cumpridos todos os objetivos previstos, ou, se não, explicar por quê). • Este trabalho torna‑se importante para a compreensão/o aprofundamento deste tema, pois/ uma vez que/visto que/porque nos permitiu identificar/compreender…, além de nos ter permitido desenvolver/aperfeiçoar competências de investigação, seleção, organização
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