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2018 MacroeconoMia i Profª. Margarida Berns Schafaschek Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Profª. Margarida Berns Schafaschek Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: SCH296m Schafaschek, Margarida Berns Macroeconomia I. / Margarida Berns Schafaschek – Indaial: UNIASSELVI, 2018. 246 p.; il. ISBN 978-85-515-0209-9 1.Macroeconomia – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 339 III apresentação Caro acadêmico! Neste livro você estudará a disciplina de Macroeconomia I. A Ciência Econômica é tanto complexa quanto fascinante. Complexa porque muitas variáveis precisam ser analisadas para compreender seus fundamentos, teorias, importância e aplicabilidade, por se tratar de uma Ciência Social e, como tal, depende da interação existente entre os agentes econômicos. Em muitas situações é preciso abstrair da realidade e utilizar-se de modelos de análise para então compreender o contexto em que se insere, escolhendo a melhor política econômica a ser adotada para cada situação específica. E é fascinante porque nos leva a conhecer o mundo de outra maneira, diferente daquele que conhecemos no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, cheio de nuances, reviravoltas, disputas, conflitos, mas também repleto de sonhos e utopias. Corretamente interpretada e aplicada, esta ciência pode trazer justiça social, prosperidade, solidariedade, desenvolvimento sustentável e uma vida digna para todos. Na Unidade 1 você conhecerá conceitos introdutórios da macroeconomia, tais como seu objeto, evolução e importância, os métodos e a estrutura da análise macroeconômica, aspectos relacionados à Constituição Econômica (que legitima a intervenção do Estado na economia) e os principais objetivos de política macroeconômica. A Unidade 2 abrangerá os instrumentos de política macroeconômica, as políticas monetária, fiscal, cambial-comercial e de rendas, versará sobre o fluxo circular da atividade econômica, bem como sobre a mensuração dos principais agregados macroeconômicos e abordará, ainda, a teoria da determinação da renda sob os aspectos real e monetário, nas visões clássica e keynesiana. A Unidade 3 tratará do modelo IS-LM e dos dilemas das políticas macroeconômicas, em que abordaremos a inter-relação entre as políticas macroeconômicas e os conflitos delas decorrentes. Bons estudos! Profª. Margarida Berns Schafaschek IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA ................................................................ 1 TÓPICO 1 – A MACROECONOMIA .................................................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 DEFINIÇÃO E CAMPO DE ESTUDO.............................................................................................. 6 3 A EVOLUÇÃO DA TEORIA MACROECONÔMICA ................................................................. 7 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 14 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 15 TÓPICO 2 – METODOLOGIA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA ....................................... 17 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 17 2 DADOS ECONÔMICOS .................................................................................................................... 17 3 TEORIAS ECONÔMICAS .................................................................................................................. 20 4 POLÍTICA MACROECONÔMICA................................................................................................... 20 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 22 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 23 TÓPICO 3 - ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA ............................................... 25 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 25 2 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS ............................................................................................ 27 3 O MERCADO DE TRABALHO ......................................................................................................... 30 4 O MERCADO FINANCEIRO ............................................................................................................. 32 5 O MERCADO DE DIVISAS ............................................................................................................... 39 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 41 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 42 TÓPICO 4 – POLÍTICA MACROECONÔMICA: LEGISLAÇÃO E FINALIDADES ................ 43 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 43 2 A CONSTITUIÇÃO ECONÔMICA DO BRASIL ......................................................................... 43 3 OBJETIVOS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA .................................................................... 46 3.1 ALTO NÍVEL DE EMPREGO ......................................................................................................... 46 3.2 ESTABILIDADE DE PREÇOS ........................................................................................................ 49 3.3 CRESCIMENTO ECONÔMICO .................................................................................................... 55 3.4 DISTRIBUIÇÃO EQUITATIVA DA RENDA ............................................................................... 56 3.5 EQUILÍBRIO NASCONTAS EXTERNAS.................................................................................... 59 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 63 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 66 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 67 UNIDADE 2 – O FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA E A TEORIA DA DETERMINAÇÃO DA RENDA ................................................................................ 69 TÓPICO 1 – O FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA ......................................... 71 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 71 suMário VIII 2 O FLUXO CIRCULAR DA ATIVIDADE ECONÔMICA: PRODUTO E RENDA ................ 72 2.1 O FLUXO BÁSICO DA ECONOMIA ........................................................................................ 73 2.2 O FLUXO BÁSICO DA ECONOMIA COM GOVERNO E SETOR EXTERNO................... 75 2.2.1 Modelo de Economia Simples ............................................................................................ 86 2.2.2 Modelo de Economia Fechada (com governo e sem setor externo) ............................. 88 2.2.3 Modelo de Economia Aberta (com governo e com setor externo) ............................... 89 3 AGREGADOS ECONÔMICOS ...................................................................................................... 90 3.1 O PRODUTO NACIONAL E A DESPESA NACIONAL ........................................................ 90 3.2 A RENDA NACIONAL ............................................................................................................... 95 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 96 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 98 TÓPICO 2 – A TEORIA DA DETERMINAÇÃO DA RENDA – O MODELO CLÁSSICO ... 99 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 99 2 O MODELO CLÁSSICO .................................................................................................................. 100 2.1 OFERTA AGREGADA ................................................................................................................ 101 2.2 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO AGREGADA ................................................................................ 102 2.3 DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO NO MERCADO DE TRABALHO .......................... 105 2.4 OFERTA E DEMANDA AGREGADA E O PAPEL DA MOEDA .......................................... 108 2.5 O PAPEL DA MOEDA NO MODELO CLÁSSICO ................................................................. 111 2.6 POUPANÇA, INVESTIMENTO E O PAPEL DA TAXA DE JUROS ..................................... 112 2.7 EQUILÍBRIO ENTRE OFERTA E DEMANDA ........................................................................ 114 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 115 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 116 TÓPICO 3 – A TEORIA KEYNESIANA DA DETERMINAÇÃO DA RENDA – O LADO REAL ............................................................................................ 117 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 117 2 HIPÓTESES DO MODELO BÁSICO ............................................................................................ 119 3 CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO MACROECONÔMICO ........................................................... 123 4 CONSUMO, POUPANÇA E INVESTIMENTO AGREGADO ................................................. 124 4.1 CONSUMO AGREGADO ........................................................................................................... 125 4.2 POUPANÇA AGREGADA .......................................................................................................... 127 4.3 INVESTIMENTO AGREGADO .................................................................................................. 129 5 O MULTIPLICADOR DO INVESTIMENTO DE KEYNES ...................................................... 132 5.1 CÁLCULO DO MULTIPLICADOR KEYNESIANO (k) .......................................................... 135 5.2 CÁLCULO DA VARIAÇÃO DA RENDA NACIONAL ......................................................... 136 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 138 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 140 TÓPICO 4 – A TEORIA KEYNESIANA DA DETERMINAÇÃO DA RENDA – O LADO MONETÁRIO ............................................................................ 141 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 141 2 SOBRE A MOEDA ............................................................................................................................. 142 2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO ............................................................................................................. 142 2.2 FUNÇÕES, CARACTERÍSTICAS E FORMAS DA MOEDA .................................................. 146 3 OFERTA E DEMANDA DA MOEDA............................................................................................ 146 3.1 A OFERTA MONETÁRIA ........................................................................................................... 147 3.1.1 A Criação da Moeda ............................................................................................................ 148 3.2 A DEMANDA DE MOEDA ........................................................................................................ 149 3.3 EQUILÍBRIO NO MERCADO MONETÁRIO .......................................................................... 152 3.4 OFERTA MONETÁRIA E ATIVIDADE ECONÔMICA NA VERSÃO KEYNESIANA ..... 154 IX LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 156 RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 159 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 161 UNIDADE 3 – A CURVA IS-LM, AS POLÍTICAS MACROECONÔMICAS E SEUS DILEMAS ......................................................................................................... 163 TÓPICO 1 – INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MACROECONÔMICA ................................. 165 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 165 2 POLÍTICA MONETÁRIA ................................................................................................................ 167 2.1 CONTROLE DIRETO DA QUANTIDADE DE DINHEIRO EM CIRCULAÇÃO .............. 169 2.2 OPERAÇÕES NO MERCADO ABERTO .................................................................................. 169 2.3 FIXAÇÃO DA TAXA DE RESERVA ..........................................................................................170 2.4 FIXAÇÃO DA TAXA DE REDESCONTO................................................................................. 171 2.5 CONTROLES SELETIVOS DE CRÉDITO ................................................................................. 172 3 POLÍTICA FISCAL ............................................................................................................................ 173 3.1 FUNÇÕES DO GOVERNO ......................................................................................................... 176 3.2 POLÍTICA TRIBUTÁRIA E DE GASTOS .................................................................................. 180 4 POLÍTICAS COMERCIAL E CAMBIAL ...................................................................................... 190 5 POLÍTICA DE RENDAS .................................................................................................................. 195 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 200 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 204 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 206 TÓPICO 2 – A CURVA IS-LM E AS POLÍTICAS MONETÁRIA E FISCAL ............................ 209 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 209 2 A CURVA IS E A CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO ....................................................................... 210 2.1 FATORES QUE AFETAM A INCLINAÇÃO E DESLOCAMENTO DA CURVA IS ........... 212 3 A CURVA LM E A CONDIÇÃO DE EQUILÍBRIO ..................................................................... 213 3.1 FATORES QUE AFETAM A INCLINAÇÃO E O DESLOCAMENTO DA CURVA LM .... 215 4 A CURVA IS-LM: INTERLIGANDO O LADO REAL E MONETÁRIO ................................. 216 5 CURVA IS-LM E EFICÁCIA DA POLÍTICA MONETÁRIA .................................................... 221 6 CURVA IS-LM E EFICÁCIA DA POLÍTICA FISCAL ................................................................ 222 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 225 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 227 TÓPICO 3 – O MODELO IS-LM E DILEMAS DE POLÍTICAS MACROECONÔMICAS ... 229 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 229 2 O SUCESSO DO MODELO IS-LM E AS ADEQUAÇÕES AO MODELO ............................. 229 3 A POLÍTICA MACROECONÔMICA RECENTE NO BRASIL ................................................ 233 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 236 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 238 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 239 X 1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender os fundamentos da análise macroeconômica, sua estrutura de análise, evolução e objetivos; • conhecer os principais agregados macroeconômicos e sua mensuração; • diferenciar os modelos clássico e keynesiano de determinação da renda; • conhecer os instrumentos de política macroeconômica e analisar seus dile- mas, conflitos e eficácia. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – A MACROECONOMIA TÓPICO 2 – METODOLOGIA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA TÓPICO 3 – ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA TÓPICO 4 – POLÍTICA MACROECONÔMICA: LEGISLAÇÃO E FINALIDADES 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 A MACROECONOMIA 1 INTRODUÇÃO Uma economia só presta, só faz sentido, só vale, se ela existir para alimentar, educar e empregar as pessoas. Todas as empresas públicas ou privadas, grandes ou pequenas, nacionais ou multinacionais, só prestam, só valem a pena, se elas contribuírem para construir um país onde todos possam ter o atendimento de suas necessidades fundamentais (Herbert de Souza – Betinho apud MELLO, 2017, s.p.). Iniciamos este livro de estudos compartilhando com você esta frase do sociólogo e ativista de direitos humanos brasileiro, Herbert José de Souza, conhecido como Betinho, que ficou imortalizada após seu falecimento em 9 de agosto de 1997. Betinho desenvolveu, ao longo de sua caminhada, o combate à fome e à miséria, ações pela cidadania e pela vida. Compartilhamos do mesmo pensamento, por entender que se a sociedade como um todo não puder ser beneficiada com o resultado da atividade humana de produção da riqueza material, atividade esta que, no nosso entender, só é sustentável se puder garantir às nossas gerações, e às gerações futuras, o pleno convívio com os demais seres vivos, não haverá justiça social, paz, cidadania, e nem sequer vida neste planeta. Acreditamos que você também pensa da mesma forma! Vamos, então, avançar em nossos estudos sobre este fascinante e multifacetado mundo da oikonomos. Agora que você está iniciando uma nova disciplina, é preciso estar atento ao objeto da economia. Esta é, de acordo com a maioria dos economistas, a ciência social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar recursos escassos, que poderiam ter utilização alternativa na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer às necessidades (e também desejos) humanas (NOGAMI; PASSOS, 2003). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 4 Quando afirmamos serem também desejos humanos, é porque partimos do pressuposto de que o modo de produção capitalista, movido pela acumulação de capital visando ao lucro, precisa constantemente manter e criar novos produtos que tenham valor de troca (invenções que se tornam produtos comercializáveis), ou seja, que passem a ser desejados pelos consumidores, somando-se ao já incontável número de necessidades “criadas” pelo sistema. Outra distinção se faz necessária: quando afirmamos ser a economia uma ciência social (embora muitos a confundam com uma ciência exata como a Física, Química, Matemática), o que isso significa? Significa que: O ser humano, como consumidor ou produtor (ou, em outras palavras, como agente econômico), não age sempre da mesma maneira diante das situações e dilemas que a luta pela sobrevivência lhe impõe. Apesar disso, é possível traçar um perfil típico dos seres humanos em seu comportamento econômico (PIRES; GUEDES, 2012, p. 5-6). Assim como a sociologia, que também estuda o homem em sociedade, analisando como se dá o comportamento humano e suas várias formas de organização, a economia tem o ser humano em sociedade como “um ser que pensa e cria, não sendo, portanto, passível de observação laboratorial como as reações químicas ou os fenômenos físicos” (PIRES; GUEDES, 2012, p. 6). Embora sejam ambas ciências sociais, ao contrário da sociologia, o que pretende a economia é pesquisar como se estabelece as relações econômicas entre os seres humanos, estes divididos em classes sociais que, no modo de produção capitalista, de acordo com Marx (1988), dividem-se entre capital e trabalho, na produção da vida material (sobrevivência), por meio da oferta e demanda de bens e serviços, estes mensuráveis e monetariamente precificados. Entender a diferenciação entre ciência exata e social é fundamental. De acordo com Pires e Guedes (2012),a ciência econômica é a ciência não exata com maiores possibilidades de utilização de técnicas quantitativas para explicar os fenômenos a ela atinentes. Uma ciência exata não sofre variações ou falhas. Lembre-se, por exemplo, da Lei da Gravidade, que afirma: “todo objeto lançado para cima retorna ao solo”, enquanto que, para as sociais (como no caso da Lei Econômica da oferta e da demanda), podem – e de fato ocorrem –acontecer falhas em muitas circunstâncias, devido à subjetividade do ser humano, que pode agir de maneiras diferentes quando da ocorrência de um mesmo fenômeno (PIRES; GUEDES, 2012). Por isso, nem sempre o que seria o ideal em termos econômicos é de fato verificado no mundo real. Voltando ao objeto da economia, podemos refletir: Como é possível colocá-lo em prática diante de um país de dimensões continentais como o Brasil? TÓPICO 1 | A MACROECONOMIA 5 IMPORTANT E IMPORTANT E Por que dimensões continentais? Somos o quinto país em extensão territorial (8.515.767 km²), sendo suplantados apenas pela Rússia, Canadá, China e Estados Unidos. Você sabia que, de todos os tributos arrecadados no Brasil, cerca de 70% são destinados ao Governo Federal, em torno de 25% vão para os estados e, o restante, apenas 5%, retornam aos municípios? Quando diminuímos nosso campo de análise ao nos deparar com as administrações públicas estaduais ou municipais, vemos que os desafios econômicos nelas encontrados já são imensos, tais como desemprego, pobreza, degradação ambiental, escassez de água, má utilização dos recursos, que refletem na impossibilidade de realizar investimentos públicos essenciais à comunidade, dentre outros. Além disso, frequentemente soma-se a essa realidade o avanço da corrupção, que faz com que os já poucos recursos disponíveis para investimento em áreas tão necessitadas como saúde, educação, segurança pública, moradia, passem para a mão de corruptos e corruptores. Soma-se a este quadro a desigual distribuição dos recursos públicos (na forma de tributos) arrecadados nas esferas municipal, estadual e federal. Para que seja possível compreender a ciência econômica de forma abrangente, além da microeconomia, que você já deve ter estudado, vamos agora introduzir nossos estudos sobre a macroeconomia, um ramo da economia que costuma ser tão controverso e polêmico (muita divergência entre teorias) quanto instável (nem sempre a mesma “medida” adotada para resolver o problema surte o mesmo efeito), mas igualmente envolvente aos apaixonados por esta tão nobre ciência. Embora sejam áreas da economia, muitas vezes complementares, macro e microeconomia, de acordo com diversos autores, atuam em ambientes diferentes. Vejamos: O reconhecimento de que a microeconomia e a macroeconomia são constituídas por metodologias e campos teóricos separados, mas com importantes inter-relações, foi apontado por autores como Bresser Pereira e Lima (1996), para quem a macroeconomia não pode ser reduzida à microeconomia (LIMA; AMADO; MOLLO, 2016, p. 606). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 6 Isso se deve ao fato do ambiente macroeconômico ser maior do que a soma de suas partes constituintes, que são atinentes à microeconomia. Desta forma, neste tópico serão abordados conceitos introdutórios da macroeconomia, sua evolução e campo de estudo. 2 DEFINIÇÃO E CAMPO DE ESTUDO De acordo com Vasconcellos e Garcia (2005, p. 86, grifo do original), “a macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio”. Desta forma, enquanto a microeconomia se preocupa com o nível de preços de uma unidade produtiva, por exemplo, a macroeconomia trata do nível geral de preços de toda uma sociedade, ou seja, de um país como o Brasil. Na etimologia (que estuda a origem e a evolução das palavras), a macroeconomia provém do elemento grego macro, ou seja, em grande escala, extenso + economia (SIGNIFICADOS, 2018). Rüdiger Doirnbush e Stanley Fischer (1982 apud NOGAMI; PASSOS, 2003, p. 362) afirmam que: A macroeconomia trata do comportamento da economia como um todo – com períodos de rápida prosperidade e recessão, a produção total de bens e serviços da economia e o crescimento do produto, as taxas de inflação e emprego, a balança de pagamentos e o câmbio. A fim de estudar o desempenho geral da economia, a macroeconomia focaliza as políticas econômicas e as variáveis de política que afetam aquele desempenho – as políticas monetária e fiscal, o estoque de moeda e taxa de juros, a dívida pública e o orçamento do Governo Federal. Em resumo, a macroeconomia trata das questões econômicas mais importantes da atualidade. A macroeconomia é interessante porque trata de tópicos relevantes, mas também é fascinante e ao mesmo tempo um desafio, porque traduz os detalhes complicados da economia e sua essência manipulável. Com certeza, após ler esses conceitos, você deve estar pensando na situação econômica do Brasil, que vem passando, desde o início da segunda década deste milênio, por um processo de recessão, desemprego, endividamento público, queda da massa salarial, aumento da pobreza, da marginalização e da exclusão social. TÓPICO 1 | A MACROECONOMIA 7 DICAS O abismo entre os maiores bilionários do planeta e a fatia mais pobre da população continua aumentando, segundo o relatório da ONG Oxfam Brasil, que tem o propósito de combater a desigualdade e a pobreza. Veja mais em: <https://economia. uol.com.br/noticias/redacao/2018/01/22/estudo-desigualdade-oxfam-bilionarios. htm?cmpid=copiaecola>. Acadêmico, você consegue perceber como estas variáveis estão interligadas e a importância de dimensionar estes indicadores para saber onde estamos e quais as possibilidades de superação desta ou de outras tantas crises que haverão de vir? Acreditamos que sim! Pois então, é aí que a macroeconomia se destaca. É por isso que conhecer os seus princípios norteadores, sua importância e a sua evolução na história econômica se reveste da mais alta importância, o que faremos nas seções seguintes. 3 A EVOLUÇÃO DA TEORIA MACROECONÔMICA O termo macroeconomia nem é tão antigo assim. Surgiu em 1933, na obra do economista norueguês Ragnarf Frisch (NOGAMI; PASSOS, 2003). Você saberia dizer quem colocou a macroeconomia no centro do debate? Se nos reportarmos à Grande Depressão de 1930, provavelmente você lembrará de um dos maiores economistas do século XX, John Maynard Keynes, que publicou o famoso livro A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, no ano de 1936, que reformulou as noções de produção e emprego e foi responsável pelas políticas econômicas implantadas principalmente por Franklin Roosevelt nos Estados Unidos e, posteriormente, seguido por demais países, que possibilitaram a retomada do crescimento e a superação desta que foi a maior crise do século XX (NOGAMI; PASSOS, 2003). NOTA Para ter uma ideia da dimensão da Grande Depressão de 1930, veja alguns números assustadores: “entre os anos de 1929 e 1932, a produção industrial contraiu-se, caindo cerca de 50% nos Estados Unidos, quase 10% na Inglaterra, aproximadamente 30% na França e cerca de 40% na Alemanha” (NOGAMI; PASSOS, 2003, p. 363). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 8 Ainda de acordo com Nogami e Passos (2003, p. 3), “a situação das principais economias capitalistas existentes na época era crítica. As nações industrializadas assistiram a uma deflação nunca vista antes, com preços despencando mais de 30% na Alemanha e nos Estados Unidos, mais de 40% na França e quase 25% no Reino Unido”. Assim, queda na produção industrial, desemprego aumentando em níveis nunca vistos, fechamento de milhares de fábricas, desespero e suicídios de centenas de empresários, fome e miséria foram verificados especialmente nos Estados Unidos, bem como ao redor do mundo nesse período, inclusiveno Brasil, que nessa época tinha sua economia basicamente dependente das exportações de produtos primários, as chamadas commodities, e vivia o ciclo do café. NOTA Commodities (mercadoria, em inglês) podem ser definidas como mercadorias, principalmente minérios e gêneros agrícolas, que são produzidas em larga escala e comercializadas em nível mundial. As commodities são negociadas em bolsas de mercadorias, portanto seus preços são definidos em nível global, pelo mercado internacional. As commodities são produzidas por diferentes produtores e possuem características uniformes. Geralmente são produtos que podem ser estocados por um determinado período de tempo sem que haja perda de qualidade. As commodities também se caracterizam por não ter passado por processo industrial, ou seja, são geralmente matérias-primas (SUA PESQUISA, 2018). Para forçar a retomada dos preços do café, que caíam vertiginosamente devido à diminuição da demanda, num primeiro momento, o governo brasileiro estocou milhares de toneladas do grão e, como não obteve resultado, obrigou-se a ordenar aos produtores que queimassem grande parte da safra, levando o país a sofrer os efeitos deletérios da depressão iniciada na América do Norte e Europa. Entretanto, como diz o ditado, que de toda crise surge algo novo, ou uma oportunidade, foi a partir da Grande Depressão que o governo brasileiro, então comandado por Getúlio Vargas, decidiu mudar a sua matriz econômica, implantando no país o Processo de Substituição de Importações (PSI), que deu origem à industrialização do Brasil e que foi desenvolvido também nos governos seguintes. Esse processo caracterizava-se pela determinação de produzir internamente tudo o que antes era importado, começando pelos bens de consumo leve, implantando posteriormente a indústria de bens de consumo duráveis, bens intermediários e, finalmente, bens de capital. TÓPICO 1 | A MACROECONOMIA 9 IMPORTANT E Você sabia que gigantes brasileiras como a Petrobras, a Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional foram estatais brasileiras criadas por Getúlio Vargas para dar sustentação à industrialização a partir de 1930? Quais foram, então, as principais medidas adotadas pela chamada “Revolução Keynesiana”? Imagine uma situação de crise extrema, pela qual passava o mundo na década de 1930. Como reverter esta que foi a maior crise do século, marcada pela recessão, desemprego, falência de empresas, queda da demanda e do consumo, empobrecimento e miséria? Keynes propôs uma série de medidas chamadas macroeconômicas, que se opunham ao pensamento econômico hegemônico até 1930 dos economistas clássicos. Estes acreditavam que os problemas econômicos eram conjunturais, ou seja, momentâneos, que seriam logo superados pelas regras do mercado. Até a Primeira Guerra Mundial, em que a economia mundial crescia ano após ano, havia pleno emprego e avanço da demanda, a teoria clássica conseguia explicar as crises como sendo flutuações de mercado, que logo seriam superadas, já que, conforme acreditavam, o mercado se autorregulava. Isso significa que, sem a necessidade de interferência governamental, as economias de mercado conseguiam utilizar eficientemente os recursos disponíveis, de forma a promover automaticamente o nível de pleno emprego. Esses economistas sustentavam suas ideias baseados na hipótese de que havia plena flexibilidade de preços e salários, de tal forma que os preços e salários sempre se ajustariam no mercado, garantindo o equilíbrio no mercado de trabalho e o pleno emprego (NOGAMI; PASSOS, 2003, p. 363). NOTA A expressão “conjuntura” se refere ao conjunto de acontecimentos em um determinado momento. São circunstâncias e ocasiões que influenciam coletivamente em determinados aspectos, sejam econômicos, históricos, sociais, políticos, entre outros (SIGNIFICADOS, 2018, s.p., grifo do original). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 10 Já a expressão “pleno emprego” acontece quando não há mão de obra voluntariamente desempregada, já que, em tese, a economia de mercado por si se encarregava de utilizar de forma eficiente todos os recursos disponíveis (LOPES; VASCONCELLOS, 2008). Situações de desequilíbrio no mercado seriam exceções à regra, oriundas de fatores como “restrições monopolistas, sindicatos de trabalhadores, intervenção governamental na economia etc., mas sempre a economia voltaria a operar no pleno emprego” (NOGAMI; PASSOS, 2003, p. 364). A Grande Depressão colocou em xeque a teoria clássica de autorregulação do mercado, já que nada do que se acreditava e era praticado até o momento deu conta de superar a crise. Keynes (1983) acreditava que, ao contrário de economistas clássicos como Jean-Baptiste Say, a oferta não cria a sua própria procura, é preciso dar importância à demanda agregada (que é a soma de todas as demandas individuais), estimulando-a para que o nível de produção e consumo volte a crescer. NOTA Você já deve ter estudado a Lei de Say (um dos principais economistas clássicos), mas vale aqui recordar: “Os clássicos sustentavam que a produção que cria a oferta gera renda, criando, então, uma demanda equivalente. E desde que toda a renda é gasta, a oferta e a demanda são sempre iguais” (NOGAMI; PASSOS, 2003, p. 364). Numa crise sem precedentes, como estimular a demanda agregada? Keynes defendeu a teoria de que são os investimentos produtivos que estimulam o crescimento econômico, ao gerar emprego e renda, fortalecendo, assim, o consumo e consequentemente a produção. Isso porque, para Keynes, “o nível de produto e de emprego é determinado pela demanda agregada da economia [...] por bens e serviços. O valor do produto total e, por decorrência, o valor total da renda e o nível de emprego são determinados pela demanda agregada” (NOGAMI; PASSOS, 2003, p. 364-365). Como os empresários, falidos, não tinham condições de investir, nem demanda das famílias pela forte queda na renda, Keynes propôs ao Estado que este atuasse como propulsor do crescimento econômico, investindo em grandes obras públicas que demandariam fatores produtivos (terra, trabalho, capital, capacidade empresarial). Os agentes econômicos (empresas e famílias) responsáveis pela obra, por sua vez, gastariam a renda proveniente do pagamento pela utilização dos fatores produtivos na compra de bens e serviços, o que estimularia outros setores econômicos antes deprimidos, gerando o que chamou de “efeito multiplicador” na economia. TÓPICO 1 | A MACROECONOMIA 11 Essa concepção se devia à ideia, defendida por Keynes, de que era possível que uma economia viesse a crescer mesmo apresentando desemprego de trabalhadores (um dos motivos seria a implementação de novas tecnologias, que aumentam a produtividade e dispensam mão de obra), bem como de outros fatores produtivos como matérias-primas e insumos (pela melhoria que a própria tecnologia poderia trazer na utilização desses recursos no processo produtivo, diminuindo perdas). Para Keynes, se a crise é de insuficiência de demanda, e se não existem forças que promovam automaticamente o pleno emprego, torna-se necessária a intervenção do Estado por meio das políticas de gastos públicos, fiscal e monetária, o que significa o fim do não intervencionismo na economia da era clássica. O argumento de que o governo pode implementar políticas de estabilização para prevenir ou atacar recessões econômicas foi tão aceito que o conjunto de suas ideias foi [...] batizado de ‘revolução keynesiana’ (NOGAMI; PASSOS, 2003, p. 365). ESTUDOS FU TUROS Este conceito de revolução keynesiana será tratado com mais profundidade na Unidade 2, e você verá o quão importante se tornou para a economia a partir do século XX. Além desse conceito, você conhecerá cada um dos instrumentos de política macroeconômica e poderá entender melhor a proposta keynesiana que, em termos gerais, delegava ao Estado a responsabilidade de manter a economia em equilíbrio por meio de uma política de gastos públicos que poderiaser na forma de investimento público (o governo financiando obras, que foi uma das ações mais desenvolvidas), bem como a política monetária (que consiste na administração da quantidade da moeda em poder do público, que interfere no preço da moeda, tornando-a mais barata em situações de crise e faz estimular a produção, a renda e o emprego) e fiscal (que consiste na concessão, por parte do governo, de incentivos fiscais, como isenções de impostos ou diminuição de alíquotas, dentre outras). De fato, com a adoção das medidas propostas por Keynes, os países conseguiram finalmente superar a Grande Depressão, inaugurando um período caracterizado por amplo intervencionismo estatal na maioria dos países, com uma economia relativamente estabilizada, que durou até as décadas de 1970/1980. Precisamos lembrar também que a teoria keynesiana considerava saudável uma taxa de inflação baixa, que em tese significaria que a economia estava crescendo, já que teoricamente estaria utilizando maior quantidade de recursos produtivos e, assim, tornando-os mais escassos e, consequentemente, mais caros (inclusive a mão de obra). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 12 O termo “intervencionismo estatal” lhe parece familiar? Você já deve ter ouvido calorosos debates entre os defensores de um Estado interventor e os que acreditam no que chamam de leis do mercado, por sua vez, defensores do Estado mínimo. Com certeza esta é uma das questões mais discutidas nas últimas décadas. Dependendo da ideologia adotada, as políticas econômicas implantadas também irão divergir, adotando posições que reforçam a participação do Estado na economia ou defendendo o seu afastamento. Como a economia é dinâmica e sofre mutações na medida em que a sociedade também se modifica, passando por momentos de ascensão e momentos de queda, a partir dos anos de 1970 surgiu um fenômeno absolutamente novo, conhecido como estagflação (em grande parte devido aos aumentos do preço do barril de petróleo), que combinava estagnação econômica, decréscimo da produção e aumento do desemprego com consideráveis altas na inflação, o que exigiu uma forte intervenção do Estado no sentido de reverter este quadro. Infelizmente, na década seguinte, em vez de retroceder, a crise só fez piorar. Se você nasceu depois da década de 1980, com certeza não vivenciou esta crise, mas seus pais e/ou avós conheceram e sentiram muito fortemente os efeitos nefastos deste período. Eles devem ter relatado como a economia era instável, a moeda perdia poder de compra diuturnamente, a inflação corroía os rendimentos, chegando a situações em que se perdia a noção de valor, já que preços eram reajustados praticamente todos os dias. Costumava-se dizer que os remarcadores de preços nos supermercados eram os que mais trabalhavam, chegando a tal nível de estresse que nem sequer eram retiradas as etiquetas de preços anteriores, apenas sobrepunham-se umas às outras. Não é à toa que lojas de automóveis ou de eletrodomésticos chegaram a cotar os preços dos produtos em dólar, caso contrário teriam que trocar faixas e cartazes com os preços dos produtos todos os dias. E o assalariado, então? Assim que recebia seu salário, corria para os supermercados para efetuar as compras do mês, pois se deixasse para outro dia já não teria o mesmo poder de compra e sairia do supermercado com menos produtos no carrinho. No Brasil, este fenômeno foi tão grave que outro conceito surgiu: o da inflação inercial. A inflação inercial ocorre quando os preços de uma economia oferecem resistência às políticas de estabilização para atacar as causas primárias da inflação, é a chamada memória inflacionária. Essa inflação inercial é decorrente de mecanismos de indexação, que reajustam o valor das parcelas de contratos pela inflação do período passado, ou seja, mesmo que não tenha uma razão do preço aumentar, ele aumenta baseado nessa memória inflacionária. Os mecanismos de indexação podem ser formais, quando se baseiam em regras legais de aumento, como aluguéis e mensalidades escolares, ou informais, quando os agentes são seguidores do preço, ou seja, aumenta o preço, pois os outros também o fizeram (CULTURAMIX, 2018, s.p.). TÓPICO 1 | A MACROECONOMIA 13 ESTUDOS FU TUROS No Tópico 4 você aprenderá que nas décadas de 1980/90 diversos planos de combate à inflação foram implementados, desde o Plano Cruzado (1986) até o Plano Real (1994), sendo que somente este último foi bem-sucedido no combate à inflação, mesmo tendo gerado imensos custos sociais, com graves consequências posteriores para o Brasil. Paralelo à ocorrência desta nova crise, que se estendia desde a década de 1970, surge uma teoria “contrarrevolucionária” à keynesiana, cujo maior pensador foi Milton Friedman e demais economistas da Universidade de Chicago, que desenvolveram a doutrina monetarista, dominando o pensamento econômico a partir de então. De acordo com Sandroni (1989, p. 207), o monetarismo é uma “escola econômica que sustenta a possibilidade de se manter a estabilidade de uma economia capitalista recorrendo-se apenas a medidas monetárias, baseadas nas forças espontâneas do mercado e destinadas a controlar o volume de moedas e outros meios de pagamento no mercado financeiro”. Assim, sendo a moeda a variável mais importante na determinação da demanda agregada e sendo a inflação um fenômeno monetário, políticas monetárias de controle da oferta da moeda seriam a receita para debelar a inflação e retomar a estabilidade econômica. Por exemplo, quando se verifica uma taxa de inflação que está acima do esperado, o governo entraria com uma política monetária de aumento do preço da moeda (o que se faz aumentando a taxa de juros), que inibiria o consumo e faria com que o nível de preços voltasse aos níveis desejados. Ou seja, manipulando a oferta monetária, haveria novamente uma autorregulação do mercado, sem necessidade de intervenção do governo por meio de investimentos para estimular a demanda agregada. “O monetarismo é defendido pelos economistas que defendem a necessidade de aplicação de uma política fiscal austera, através da tributação e do controle das despesas públicas e dos consumidores, para evitar a inflação e o desequilíbrio do balanço de pagamentos” (SANDRONI, 1989, p. 207, grifo do original). Como a economia não é estática, conforme a sociedade evolui, também a macroeconomia precisa ser atualizada e novas teorias e políticas econômicas são propostas, pois novos desafios surgem a cada momento. Por exemplo, com a crise financeira de 2008, uma das grandes discussões foi o questionamento sobre a efetividade da continuidade do dólar americano como padrão monetário internacional, chegando-se a discutir a necessidade de pensar em um novo padrão, que estivesse descolado da identidade com um país. Com o surgimento do bitcoin (moeda digital), há inclusive propostas no sentido de tornar esse sistema monetário como padrão monetário internacional. 14 Neste tópico, você aprendeu que: • “A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2005, p. 86). • A macroeconomia tem a finalidade de estudar o comportamento geral da economia, a fim de intervir na realidade, reverter crises, propiciar crescimento e desenvolvimento econômico por meio de políticas macroeconômicas. • Tendo sua importância ressaltada por ocasião da Grande Depressão de 1929 (com a teoria proposta por Keynes), a macroeconomia vem ganhando cada vez mais destaque na economia mundial, haja vista a necessidade de entender, diagnosticar a conjuntura e prognosticar cenários e possibilidades de intervenção visando ao bem-estar público e o atendimento das necessidades econômicas. RESUMO DO TÓPICO 1 15 1 Com base no que foi abordado até o momentosobre a macroeconomia, analise as sentenças a seguir: I- É um ramo da economia que se preocupa com questões gerais da atividade econômica, tais como o produto nacional, a renda nacional, nível de preços, taxas de desemprego, dentre outros, e tem como objetivo a compreensão, a diagnose dos fenômenos econômicos para a proposição de políticas macroeconômicas. II- Não se relaciona com a microeconomia, pois são ramos antagônicos da economia e teve seu desenvolvimento a partir da Revolução Industrial, com o surgimento do liberalismo econômico. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) I é verdadeira e II é falsa. b) ( ) I é falsa e II é verdadeira. c) ( ) I e II são falsas. d) ( ) I e II são verdadeiras. 2 Discorra sobre a contribuição de Keynes para o desenvolvimento da macroeconomia. 3 A remuneração pela utilização dos recursos produtivos terra, trabalho, capital, capacidade empresarial e tecnologia é, respectivamente: a) ( ) Aluguel, juros, lucros, rendas e salários. b) ( ) Aluguel, salário, juros, lucros e royalties. c) ( ) Salários, aluguéis, lucros e juros. d) ( ) Juros, lucros, aluguéis e rendas. e) ( ) Nenhuma das alternativas anteriores. AUTOATIVIDADE 16 17 TÓPICO 2 METODOLOGIA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Devido à complexidade da ciência econômica, como você já deve ter percebido ao longo de sua caminhada de estudos neste curso, para poder entender os fenômenos econômicos, interpretá-los e adotar medidas de intervenção, a macroeconomia adota uma metodologia própria de análise. Isso porque, para compreender a macroeconomia é preciso levar em consideração uma série de variáveis interligadas, como o próprio conceito já sinaliza (recordar também é aprender). “A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinação e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacionais, nível geral de preços, emprego e desemprego, estoque de moeda e taxas de juros, balanço de pagamentos e taxa de câmbio” (VASCONCELLOS; GARCIA, 2005, p. 86). Desta forma, neste tópico você verá que a macroeconomia se utiliza de dados (que também podemos chamar de indicadores) para conhecer a situação de determinado país, região, estado, município, interpretar estes dados (indicadores), criando novas ou reafirmando teorias já existentes, para então pôr em prática medidas de política macroeconômica que visam intervir nessa realidade com o objetivo de modificá-la, sanando ou diminuindo a intensidade de problemas econômicos existentes na sociedade. 2 DADOS ECONÔMICOS Para que as intervenções efetuadas no sistema econômico sejam eficientes é necessário observar os fatos que partem de uma dada realidade. Para isso, diversas variáveis são utilizadas, como o nível de preços, o nível de produção e consumo, a renda nacional, taxas de desemprego, taxas de juros, dentre outras. Esses dados não são apresentados de forma isolada, mas acompanhados sistematicamente, formando um todo estatístico que visa à identificação da tendência e do ciclo. Por exemplo, quando analisamos a evolução da taxa de desemprego no Brasil, podemos constatar tendências de queda e de alta quando analisamos um período de tempo relativamente longo. Observe a figura a seguir: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 18 FIGURA 1 – TAXA DE DESOCUPAÇÃO NAS SEIS MAIORES REGIÕES METROPOLITANAS DO BRASIL (MARÇO DE 2002 A FEVEREIRO DE 2016) FONTE: IBGE (2018, s.p.) Taxa de desocupação (Pessoas de 10 ou mais anos de idade), março 2002 - fevereiro 2016 no ve m br o 2 00 6 no ve m br o 2 00 7 no ve m br o 2 00 8 no ve m br o 2 00 9 no ve m br o 2 01 0 no ve m br o 2 01 1 no ve m br o 2 01 2 no ve m br o 2 01 3 no ve m br o 2 01 4 no ve m br o 2 01 5 jul ho 20 06 jul ho 20 07 jul ho 20 08 jul ho 20 09 jul ho 20 10 jul ho 20 11 jul ho 20 12 jul ho 20 13 jul ho 20 14 jul ho 20 15 m ar ço 20 06 m ar ço 20 07 m ar ço 20 08 m ar ço 20 09 m ar ço 20 10 m ar ço 20 11 m ar ço 20 12 m ar ço 20 13 m ar ço 20 14 m ar ço 20 15 no ve m br o 2 00 5 jul ho 20 05 m ar ço 20 05 no ve m br o 2 00 4 m ar ço 20 04 jul ho 20 04 no ve m br o 2 00 3 jul ho 20 03 m ar ço 20 03 no ve m br o 2 00 2 jul ho 20 02 m ar ço 20 02 2.5 5 7.5 10 12.5 15 Assim, como podemos ver na figura, a partir de 2004 se observa uma tendência de baixa na taxa de desemprego, que perdura até o ano de 2014, quando inicia uma forte tendência de alta. Isoladamente este indicador é importante, mas não consegue explicar o comportamento da economia como um todo; entretanto, quando confrontado com outros indicadores, como nível de produção, renda agregada, dentre outros, fornece um conjunto de informações que permite traçar com maior precisão um diagnóstico da realidade para, a partir deste diagnóstico, propor alguma intervenção. Vamos, então, comparar a evolução da taxa de desemprego com a evolução do PIB brasileiro no período de 2002 a 2015: FIGURA 2 – EVOLUÇÃO DO PIB E DA TAXA DE DESEMPREGO NO BRASIL DE 2002 A 2015 (%) m ar /0 2 14 PIBdesemprego 12 10 8 6 4 2 0 ag o/ 02 ja n/ 03 ju n/ 03 no v/ 03 ab r/ 04 se t/0 4 fe v/ 05 ju l/0 5 de z/ 05 m ai /0 6 ou t/0 6 m ar /0 7 ag o/ 07 ja n/ 08 ju n/ 08 no v/ 08 ab r/ 09 se t/0 9 fe v/ 10 ju l/1 0 de z/ 10 m ai /1 1 ou t/1 1 m ar /1 2 ag o/ 12 ja n/ 13 ju n/ 13 no v/ 13 ab r/ 14 se t/1 4 fe v/ 15 ju l/1 5 de z/ 15 FONTE: <https://empreendedorismoedesemprego.wordpress.com/ 2016/03/22/o-pib-e-o-desemprego/>. Acesso em: 10 ago. 2018. TÓPICO 2 | METODOLOGIA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA 19 FIGURA 3 – EVOLUÇÃO DO PIB NO BRASIL DE 2010 A 2016 (%) Evolução do PIB Ano a ano, em% -3,6-3,8 2010 2011 20162015201420132012 0,5 3,0 1,9 4,0 7,5 0 FONTE: <http://g1.globo.com/mundo/blog/helio-gurovitz/post/como-o-pib-pode-voltar- crescer.html>. Acesso em: 10 ago. 2018. Conforme indica a figura anterior, as taxas de desemprego e do PIB são inversamente proporcionais e conjuntamente indicam a tendência de evolução da economia num dado período. Assim, no período em que o PIB crescia, mesmo que de forma modesta, a taxa de desemprego apresentava uma queda anual (2002 a 2014). Com a queda do PIB, a partir de 2013, a taxa anual de desemprego ficou em 11,75% em 2016 e em 10,85% em 2017. Outros indicadores poderiam ser trazidos para análise, como as taxas de inflação, ocupação industrial, taxa SELIC (que é a taxa básica de juros utilizada para remuneração das aplicações em títulos públicos), dentre outros. DICAS Para aprofundar o estudo sobre conjuntura econômica, há vários sites que fornecem importantes análises e que poderiam complementar seus conhecimentos: • Carta Conjuntura do IPEA: <http://www.ipea.gov.br/cartadeconjuntura/>. • Revista de Conjuntura Econômica do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV): <http://portalibre.fgv.br/main. jsp?lumChannelId=402880811D8E34B9011D92CC23104342>. • Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON) da Unicamp: <http:// www.eco.unicamp.br/cecon/>. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 20 3 TEORIAS ECONÔMICAS Ao longo da evolução da ciência econômica, diversas teorias foram construídas para explicar os fenômenos econômicos, analisar tendências e efetuar prognósticos. Para exemplificar, abordaremos a teoria dos ciclos econômicos. Para Nikolai D. Kondratiev (1992), o modo de produção capitalista é caracterizado pela ocorrência de ciclos econômicos ou movimentos cíclicos de ondas longas, de 40 a 60 anos, de variação de toda atividade econômica (industrial, agrícola e comercial) de um país ou de um conjunto de países. Vivemos períodos de prosperidade quando ocorre uma expansão econômica, seguidos de períodos de crise econômica, marcada pela recessão e depressão, e, finalmente, um novo intervalo de crescimento ou de recuperação econômica.“O estudo dos ciclos econômicos está intimamente ligado ao das crises, que podem ser caracterizadas como um momento descontínuo desastroso de uma evolução cíclica contínua” (SANDRONI, 1989, p. 47). As crises são inerentes ao modo de produção capitalista. De certa forma, podemos compreender essa teoria quando analisamos as grandes crises do capitalismo, citando a de 1929 e a de 2008, consideradas as mais graves e abrangentes. Ao contrário do que muitos economistas imaginavam, essas crises não provocaram a queda do capitalismo ou sua substituição por outro sistema, apenas exigiram mudanças na forma como a economia se desenvolveria. Aprimorando a teoria de Kondratiev, Joseph Schumpeter (1883-1950), Ignácio Rangel (1914-1994) e Ernest Mandel (1923-1995) também se debruçaram sobre a teoria dos ciclos econômicos. Assim, com base na realidade econômica, diversas teorias foram elaboradas pelas escolas de pensamento econômico e podem ser aplicadas para explicar determinados fenômenos e sua evolução. ESTUDOS FU TUROS As teorias econômicas serão abordadas em disciplinas como História Econômica Geral e História do Pensamento Econômico. 4 POLÍTICA MACROECONÔMICA A política macroeconômica nada mais é do que um conjunto de ações governamentais desenvolvidas para o alcance de diferentes finalidades que estão intrinsecamente relacionadas com a situação econômica de um país e mesmo de uma respectiva região, conjunto de países ou de blocos econômicos. TÓPICO 2 | METODOLOGIA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA 21 Tais ações são executadas por diferentes agentes de política econômica, como o Governo Federal, no caso de um país, bem como organismos internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, a Comissão Jurídica Interamericana da Organização dos Estados Econômicos (CJI-OEA), Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), blocos econômicos regionais como a União Europeia, Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), dentre outros. De posse dos dados fornecidos pelas estatísticas econômicas e baseados nas teorias que mais se adéquam à ideologia adotada pelo governo é que se aplicam as políticas macroeconômicas de intervenção na sociedade, visando corrigir distorções, solucionar problemas, superar crises. Quando afirmamos que a política macroeconômica adotada tem um componente ideológico é porque partimos do pressuposto de que não existe neutralidade na ciência econômica, pois cada teórico tem maior afinidade com dada teoria ou então cria a sua própria, refutando assim as demais. Em nível de Governo Federal, este pode intervir na esfera econômica por meio das políticas monetária, fiscal, cambial e comercial e de rendas. Exemplificando, imaginemos que o governo queira estimular o crescimento de determinado setor de atividade econômica, tornando-o mais forte no país para competir em condições de igualdade com seus concorrentes no exterior. O que ele pode fazer? Lançar mão tanto de política fiscal (concedendo um plano de acesso a financiamentos com taxas de juros mais baixas ou diminuindo alíquotas de impostos, este é denominado de renúncia fiscal), quanto da política comercial (impondo barreiras tarifárias ou não tarifárias ao produto proveniente do exterior). NOTA Você pode ir se aprimorando deste conteúdo lendo notícias sobre concessão de incentivo fiscal/renúncia fiscal a diversos setores no Brasil, como o destinado ao setor automotivo em decorrência da crise de 2008 (isenção de IPI), concessão de estímulos fiscais ao setor de informática, dentre outros. IMPORTANT E Vamos pensar um pouco! Você deve saber, a esta altura do curso, que uma das principais ideologias adotadas desde o surgimento do capitalismo é a do liberalismo econômico, criada por Adam Smith (1723-1790) e que tem um sem-número de seguidores e aprimoradores das chamadas escolas clássica ou neoclássica. Pois bem, a política macroeconômica implantada pelos seguidores da teoria liberal vai divergir substancialmente daquela que seria adotada pelos seguidores da teoria marxista ou keynesiana, por exemplo. 22 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você aprendeu que: • A macroeconomia se utiliza de dados, teorias e políticas para explicar tanto os fenômenos que são considerados macro, quanto para diagnosticar suas causas e propor soluções por meio dos instrumentos de política macroeconômica. • Os dados (indicadores) fornecem informações importantes para um diagnóstico mais preciso da realidade, sendo que diversos indicadores devem ser utilizados neste levantamento, como os níveis de produção e de renda, produção industrial, desemprego, inflação, dentre outros. • As teorias visam explicar os fenômenos ocorridos, como as crises e as fases de ascensão da economia, e podem variar substancialmente de uma para outra, de acordo com a ideologia utilizada pelo pensador e a corrente de pensamento a que o economista pertença ou seja o criador. • De posse dos dados e das teorias, a política macroeconômica é a aplicação de um conjunto de medidas que visa intervir na realidade diagnosticada, utilizando determinada teoria econômica que seja considerada a ideal pelo seu agente (no caso do Governo Federal, seria o ministro da Fazenda). 23 1 Há diversos dados (indicadores) que servem de referência para que os agentes econômicos conheçam a conjuntura econômica. Diante dessa informação, faça um apanhado geral dos principais indicadores, como taxa de desemprego, taxa de crescimento/decréscimo do PIB, taxa de crescimento/decréscimo da produção industrial, taxa de inflação, taxa de crescimento demográfico (dentre outros) nos últimos cinco anos, e tente construir uma pequena análise desta conjuntura (ou seja, entender como uma variável afeta a outra), unindo ainda informações sociais como violência, criminalidade, assassinatos, desigualdade social, dentre outros. Na sequência, desenvolva um texto de até 20 linhas sobre o assunto. 2 Você já deve ter estudado algumas das principais teorias econômicas. Escreva, em até 20 linhas, quais são as principais características da teoria liberal, uma das teorias econômicas mais utilizadas pelo capitalismo para explicar a economia e impor sua ideologia à sociedade. 3 As políticas macroeconômicas têm o objetivo de intervir na economia das nações com a finalidade de resolver ou minimizar os problemas econômicos nelas verificados. Com base nessa informação e no seu conhecimento sobre o assunto, assinale F para as sentenças falsas e V para as verdadeiras: a) ( ) Todos os economistas têm a mesma ideologia quando se trata de aplicar as teorias econômicas, que são efetuadas por meio das políticas macroeconômicas. b) ( ) Um exemplo de política macroeconômica é o bolsa-família, que nada mais é do que uma política assistencial. c) ( ) Um exemplo de política macroeconômica foi adotado no Governo Lula quando ocorreu a crise financeira de 2008, com a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de automóveis. d) ( ) O governo pode estimular a economia a crescer quando faz uma política macroeconômica de aumento da taxa de juros, o que vai tornar o real mais barato e, consequentemente, facilitar o acesso dos agentes econômicos ao crédito. AUTOATIVIDADE 24 25 TÓPICO 3 ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Como você já deve ter estudado nos conceitos introdutórios de economia, esta é analisada a partir de dois mercados distintos: o mercado real e o mercado monetário, formando o que chamamos de fluxo básico da economia: o fluxo real e o fluxo monetário. Assim, para adquirir os bens e serviços necessários para atender às suas necessidades, você (caso seja trabalhador) oferece ao mercado a sua força de trabalho e recebe uma remuneração na forma de salário. Por exemplo, o dono da terra a aluga e recebe por ela uma renda na forma de aluguel; o proprietário demoeda a empresta e recebe por ela uma renda chamada de juro. A empresa na qual você trabalha vende os bens ou serviços e recebe uma renda denominada de lucro, ou seja, terra, trabalho, capital e capacidade empresarial são denominados fatores de produção e representam o fluxo real da economia. Já o pagamento pela utilização desses fatores (também chamados de recursos), que são o aluguel, o salário, o juro e o lucro representam o fluxo monetário. NOTA Alguns autores incluem a tecnologia como um quinto fator de produção, sendo que a remuneração pela utilização deste fator é denominada de royalty. Royalties é uma palavra em inglês que significa regalia ou privilégio. Consiste em uma quantia que é paga por alguém ao proprietário pelo direito de usar, explorar ou comercializar um produto, obra, terreno etc. Esta palavra é o plural de royalty, que significa realeza. Isso explica a origem dessa forma de pagamento pelo direito de usufruir de algo, que começou quando as pessoas tinham que pagar ao rei para usar os minerais nas suas propriedades. Mais tarde, a palavra continuou sendo usada para descrever essa compensação dada ao proprietário de alguma coisa, sendo atualmente muito usada no âmbito da exploração petrolífera. No mundo da música, os royalties são um valor pago ao autor ou compositor de uma determinada música, para ter o direito de usar ou reproduzir a música em questão. Os royalties são muito comuns no sistema de franquia, uma taxa que é paga de forma periódica pelo franqueado ao franqueador. Esse valor é uma porcentagem do faturamento bruto obtido pela franquia. 26 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA No contexto empresarial, muitas vezes uma pessoa investe dinheiro em uma empresa, cobrando depois royalties, uma porcentagem do faturamento obtido na venda do produto ou serviço. Também pode ser um valor fixo por cada unidade do produto. Além disso, os royalties também podem ser uma forma de remuneração pela utilização de processos tecnológicos patenteados (ou que estão protegidos por licença) para a produção de algum produto. No caso da indústria petrolífera, os royalties são a compensação financeira dada pelas empresas que fazem a exploração por eventuais danos ambientais que podem ser causados durante o processo de extração (SIGNIFICADOS, 2018, s.p., grifo do original). O esquema a seguir demonstra o funcionamento dos fluxos real e monetário na economia, envolvendo quatro setores: famílias, empresas, governo e setor externo. FIGURA 4 – FLUXOS REAL E MONETÁRIO Impostos gastos do governotransferências Impostos Renda($) (Capital, mão de obra, terra, capacidade empresarial) (Juro, salário, aluguel, lucro) Fatores de produção Bens e serviços Produto Consumo ($) Importação Exportação Empresas Governo Indivíduos Setor externoRenda Fatores e gastos FONTE: Nogami (2012, p. 40) ESTUDOS FU TUROS Na Unidade 2 você aprofundará os estudos sobre este assunto quando tratarmos do fluxo circular da renda. TÓPICO 3 | ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA 27 O exemplo formulado anteriormente, no campo da microeconomia, pode ser utilizado na macroeconomia se computarmos o fluxo real e monetário não de uma empresa e de um trabalhador, mas de toda a economia, que pode ser de um município, estado ou país. Dessa forma, podemos dizer que o mercado de trabalho e o mercado de bens e serviços constituem o fluxo real da macroeconomia, e o seu respectivo pagamento constitui o fluxo monetário. Estes, por sua vez, determinam diversas variáveis, conforme exposto no quadro a seguir: QUADRO 1 – ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA Classificação Mercados Variáveis determinadas Parte real da economia Mercado de bens e serviços Produto nacionalNível geral de preços Mercado de trabalho Nível de empregoSalários nominais Parte monetária da economia Mercado financeiro (monetário e títulos) Taxa de juros Estoque de moeda Mercado de divisas Taxa de câmbio FONTE: Vasconcellos (2014, p. 201) Teoricamente, para o funcionamento da economia, esses mercados devem estar em equilíbrio. Neste tópico, você conhecerá o funcionamento dos mercados real e monetário, compreenderá quais são suas subdivisões e as variáveis que estão relacionadas a cada mercado. Então, vamos ver como isso tudo funciona? 2 O MERCADO DE BENS E SERVIÇOS Vamos analisar o mercado de bens e serviços num contexto macroeconômico, assim temos a oferta e a demanda de bens e serviços. O nível geral de preços e o nível agregado de produção são determinados por outras duas variáveis: a evolução do nível de demanda e oferta agregada de bens e serviços. Você saberia dizer como se forma a demanda agregada? Esta depende somente dos consumidores ou há outros setores econômicos envolvidos? Para responder a estas perguntas, vamos a um exemplo: afirmamos anteriormente que o fluxo real da economia é constituído pelo mercado de bens e serviços e pelo mercado de trabalho. Temos aqui dois agentes importantes: os consumidores, que demandam bens e serviços, e as empresas, que demandam força de trabalho e demais fatores produtivos. Mas a demanda agregada depende ainda de dois outros setores importantes: o primeiro é o governo, que demanda 28 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA bens e serviços e força de traballho para executar as ações governamentais. O segundo é o setor externo, já que, como sabemos, há uma interdependência entre os países, pois o que não produzimos internamente ou produzimos de forma ineficiente pode ser suprido pelas importações, e o que excede a demanda nacional pode ser exportado (apesar de ser mais comum encontrar na literatura apenas três agentes: famílias/consumidores, empresas e governo). Por outro lado, a oferta ou produção agregada depende da evolução do nível do emprego e da capacidade instalada da economia. Por isso, como verificamos nas situações de crise, que podem ser ocasionadas por um fenômeno inflacionário, por exemplo, a diminuição da demanda agregada interfere no nível de emprego, pressionando-o para baixo, o que impacta também no nível de preços e a utilização da capacidade instalada de produção. E qual é a condição de equilíbrio do mercado de bens e serviços? Numa condição de equilíbrio: oferta agregada de bens e serviços = demanda agregada de bens e serviços Se pode deduzir, a partir do exposto, que flutuações nesse equilíbrio implicam em alterações nas variáveis determinadas ao mercado de bens e serviços elencadas no quadro acima. Para entender essas relações, vamos analisar na figura a seguir dois indicadores: o da evolução do Produto Interno Bruto (PIB) e da evolução do nível de preços medido pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): FIGURA 5 – VARIAÇÃO DO IPCA EM 12 MESES EM ABRIL DE 2010 A 2017 (EM %) Inflação oficial Variação do IPCA em 12 meses em abril, em % 2010 2011 2016 20172015201420132012 5,26 4,08 9,28 8,17 6,286,49 5,10 6,51 FONTE: IBGE (2018, s.p.) TÓPICO 3 | ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA 29 Você deve estar acompanhando a situação econômica do Brasil e já ouviu que o PIB do Brasil tem caído desde 2013, como mostra a Figura 6. Uma das causas de decréscimo do PIB é a diminuição da demanda agregada, que constitui uma das variáveis para equilíbrio do mercado de bens e serviços. Assim, vejamos: Variação do PIB do Brasil (2010-2016) 2010 2011 2016 -6,00% -4,00% -2,00% 0,00% 2,00% 4,00% 6,00% 8,00% 10,00% 2015201420132012 7,50% 4,00% 1,90% 3,00% 0,50% - 3,80% - 3,60% FIGURA 6 – VARIAÇÃO DO PIB DO BRASIL DE 2010 A 2016 (EM %) FONTE: IBGE (2018, s.p.) Percebe-se que a diminuição da demanda, e, por conseguinte, da produção, é um dos fatores que contribuíram para a queda da inflação no período. Assim, você percebe a importância de manter este equilíbrio na economia? Para entender o funcionamento dos demais mercados, vamos analisá-los um a um e depois fazer um apanhado geral, em que você irá perceber o quanto variáveis como desemprego, demanda, oferta, nível depreços, nível salarial, taxa de câmbio, dentre outras, estão interligadas. 30 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA 3 O MERCADO DE TRABALHO Existe também um ponto de equilíbrio desejável neste mercado? Claro, o equilíbrio no mercado de trabalho acontece quando: Oferta de mão de obra = demanda de mão de obra O crescimento da oferta de mão de obra depende, principalmente, da taxa de crescimento da população. A taxa média de crescimento anual da população brasileira, segundo o IBGE (2018), diminuiu 43,3% em 50 anos, caindo de 2,89% (entre 1950 e 1960) para 1,64% (1991 a 2000). Segundo projeções do IBGE, até 2030 esta taxa passará a ser de menos de 0,5% ao ano. Então você poderia se perguntar: Mas se a oferta de mão de obra tem diminuído, o que explica o aumento do desemprego a partir de 2014? Você tem razão em relação à taxa de desemprego. Veja na figura a seguir a evolução da taxa anual de desemprego no período de 2001 a 2016: FIGURA 7 – TAXA ANUAL DE DESEMPREGO NO PERÍODO DE 2002 A 2016 (EM %) 2002 00 02 04 06 08 10 12 14 2004 2005 2006 2007 2008 2009 20102003 2011 2012 2013 2014 2015 2016 Taxa Anual de Desemprego (em % - Pesquisa Mensal de Emprego) FONTE: IBGE (2018, s.p.) TÓPICO 3 | ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA 31 Como podemos observar, a taxa anual de desemprego, que era de 12,4% em 2002, teve seu ponto de mínima no ano de 2014, quando ficou em 4,8%. Desde então a taxa vem aumentando, ficando em 11,75% em 2016 e em 10,85% em 2017, o que representa uma leve queda. A demanda de mão de obra vem diminuindo consideravelmente nos últimos anos, em virtude da crise (imobiliária/financeira) iniciada em 2008. Com a crise, as empresas tiveram que fazer ajustes na sua produção, diminuindo custos e muitas vezes reduzindo o número de funcionários (ou ainda, muitas empresas faliram), apresentando como consequência queda na demanda, ocorrida em virtude da queda da renda, o que repercute também na queda da produção, se convertendo no que os economistas chamam de círculo vicioso que perpetua a crise econômica. Além desses fatores, como já previa Keynes, a tecnologia também é responsável pela diminuição da demanda de mão de obra, já que cada vez mais as máquinas substituem o trabalho humano. No caso do Brasil, que até 1930 era eminentemente um país agrícola, a distribuição da população economicamente ativa vem se alterando de forma significativa entre os setores econômicos ao longo dos anos. FIGURA 8 – BRASIL: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA POR SETORES DE PRODUÇÃO (EM %) – 1940 A 2001 Brasil: Distribuição da população economicamente ativa poe setores de produção (em %) - 1940 a 2001 Setor Secundário Setor Primário Setor Terciário 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 1940 1950 1960 1970 1980 1990 2001 25,0 17,812,713,110,0 19,8 26,2 33,0 38,0 45,0 54,4 56,5 22,9 20,6 22,8 22,8 30,0 44,3 54,0 60,7 70,2 FONTE: Ministério do Trabalho (2018, s.p.) 32 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO À MACROECONOMIA Se fizermos uma análise da distribuição da população economicamente ativa (PEA) no Brasil entre os setores primário (agricultura e exploração mineral e vegetal), secundário (indústrias) e terciário (comércio e serviços) na economia, conforme demonstrado na Figura 8, veremos que de 1940 até a década de 1970 era o setor primário que mais empregava, quando foi superado pelo setor terciário. Com o avanço do processo de substituição de importações implantado no governo de Getúlio Vargas, o setor secundário passa de 10% da PEA em 1940 para 25% em 1980 e passa a caminhar ao lado do setor secundário a partir de então. Essa mudança no perfil do mercado de trabalho reflete também nessa relação de emprego, pois com as revoluções tecnológicas aplicadas tanto ao setor primário quanto ao secundário e terciário, cada vez mais se exige mão de obra qualificada, gerando o que os economistas chamam de lacuna do emprego, ou seja, uma situação em que há vagas nesses setores de alta tecnologia, mas não há oferta de mão de obra que possa se habilitar para a vaga, o que gera os desempregados funcionais. Como que num jogo de cartas marcadas, o aumento do desemprego pressiona os salários para baixo, fazendo com que o valor dos salários nominais caia. Citando Marx (1988), pode-se afirmar que quando há um aumento do que ele chamou de exército industrial (hoje nem tanto industrial) de reserva, que representa um aumento muito maior da oferta de mão de obra em relação à demanda de mão de obra, a tendência é de queda do poder de negociação dos trabalhadores e, consequentemente, diminuição dos salários. 4 O MERCADO FINANCEIRO Estando inserido numa sociedade complexa na qual estamos vivendo, onde a cada dia as relações sociais e econômicas se tornam mais virtuais, você deve ter percebido que o mercado financeiro também tem se tornado de difícil operacionalização e até de entendimento por parte dos leigos no assunto. A moeda, que é um ativo financeiro, portanto, pertencente ao Sistema Financeiro Nacional, é também uma mercadoria (e por isso tem seu preço definido pelo mercado) que serve de equivalente geral para todas as demais, pois os preços dos demais bens e serviços são expressos em moeda corrente. Você sabe o que é e para que serve o mercado financeiro? • O que é: conjunto de instituições e instrumentos de intermediação de recursos financeiros. • Função: transferência de recursos dos agentes econômicos superavitários para os deficitários. • É semelhante à ideia de mercado de bens e serviços, o que muda é a mercadoria que, no caso, são ativos financeiros (moeda nacional e estrangeira, ações, títulos públicos e privados, commodities, mercado de opções: uma espécie de apólice de seguro). TÓPICO 3 | ESTRUTURA DA ANÁLISE MACROECONÔMICA 33 • Os intermediários financeiros não trabalham com recursos próprios, repassando recursos dos ofertadores para os receptores. • São responsáveis pela criação de condições para que os títulos e valores mobiliários tenham liquidez no mercado. NOTA NOTA “Liquidez é um conceito econômico que considera a facilidade com que um ativo pode ser convertido no meio de troca da economia, ou seja, é a facilidade com que ele pode ser convertido em dinheiro. O grau de agilidade de conversão de um investimento sem perda significativa de seu valor mede sua liquidez” (QUERO FICAR RICO, 2018, s.p., grifo do original). Por que instituições como o BB, BNDES e CEF são “especiais”? Elas são responsáveis pela execução da política monetária do governo por meio de mercados integrantes do SFN (de crédito, de capitais, monetário e cambial) e, ao mesmo tempo, integram o subsistema operacional. Afinal, como o sistema financeiro funciona? A operacionalização do sistema é feita pelo conjunto de instituições financeiras, que são classificadas como pertencentes ao subsistema normativo ou de intermediação (operativo). O subsistema normativo, como o nome já prenuncia, é responsável pelo funcionamento do mercado financeiro e de suas instituições e é composto pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão ao qual está vinculado o Banco Central (BC) e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP), que comporta a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC), que comporta o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e, ainda, instituições “especiais” como o Banco do Brasil (BB), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal (CEF). Já o subsistema de “intermediação financeira” é composto pelas instituições bancárias e não bancárias. Sua função é operacionalizar o sistema, ou seja, intermediar o fornecimento de ativos financeiros entre agentes deficitários e superavitários, e é composto por instituições das mais diversas, como os bancos comerciais (BB, BRADESCO, CEF etc.), bancos múltiplos, dentre outras.
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