Buscar

curso-191065-aula-02-74a1-simplificado (1)

Prévia do material em texto

Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos -
2021 (Pós-Edital)
Autor:
Fábio Dutra
11 de Janeiro de 2022
69816824272 - nazareno soares da silva
Fábio Dutra
Aula 02
Índice
..............................................................................................................................................................................................1) Imunidades - Aspectos Gerais 3
..............................................................................................................................................................................................2) Imunidade Recíproca 9
..............................................................................................................................................................................................3) Imunidade Religiosa 14
..............................................................................................................................................................................................4) Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais e de Assistência Social 16
..............................................................................................................................................................................................5) Imunidade Cultural 26
..............................................................................................................................................................................................6) Imunidade em Favor da Produção Musical Brasileira 28
..............................................................................................................................................................................................7) Outras Espécies de Imunidade Tributárias 30
..............................................................................................................................................................................................8) Questões Comentadas - Imunidades Tributárias - Multibancas 36
..............................................................................................................................................................................................9) Lista de Questões - Imunidades Tributárias - Multibancas 49
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
2
94
IMUNIDADES 
 O tema que será tratado nesta aula é de suma importância para concursos públicos. As bancas 
adoram cobrar imunidades tributárias nas provas de Direito Tributário. 
Desta forma, vamos abordar o assunto no grau de profundidade que ele merece, com o intuito de deixá-lo 
totalmente preparado para qualquer prova sobre o assunto. 
 Assim, iniciaremos explicando o conceito de imunidade, isenção e não incidência. Posteriormente, 
serão abordadas as classificações doutrinárias das imunidades. Por fim, vamos estudar as imunidades em 
espécie! Vocês verão que o assunto é bem tranquilo, embora tenha certa riqueza de jurisprudência. 
Conceito de Imunidade, Isenção e Não Incidência 
Você precisa saber que imunidade, isenção e não incidência geram o mesmo efeito prático para a pessoa 
beneficiada: não pagar tributo. Uma pessoa isenta ou imune não paga o tributo objeto da imunidade ou da 
isenção. Então, na prática, o efeito é o mesmo! 
Porém, juridicamente, e nas provas de concursos públicos, existem distinções relevantes, e é por isso que as 
estudaremos, você precisa estar pronto no dia da prova! Vamos lá! 
A fim de compreendermos com exatidão a diferença entre os conceitos de imunidade, isenção e não 
incidência, é necessário que entendamos primeiramente o que vem a ser incidência tributária. 
 Quando uma lei institui determinado tributo, ela prevê os elementos essenciais para que seja possível 
sua cobrança (hipótese de incidência, sujeitos ativo e passivo, base de cálculo e alíquota). 
 Veja que a hipótese de incidência, como elemento essencial na instituição dos tributos, prevê na lei 
uma situação que, ocorrida no mundo real, dará origem ao fato gerador do tributo. Dessa forma, quando a 
situação prevista em lei se concretizar, houve incidência tributária (ocorre o fato gerador). Nós já vimos 
superficialmente isso na aula anterior, você se lembra? 
 Agora que já sabemos o que é incidência tributária, o que poderia ser considerado não incidência? 
Podemos citar três situações: 
• A pessoa política não faz uso da competência tributária que lhe foi conferida. Podemos dizer que seria o 
caso de um tributo instituído “pela metade”, em que o ente não prevê todas as hipóteses de incidência 
capazes de gerar a tributação; 
• A pessoa política não possui competência tributária para determinar certas situações fáticas como hipótese 
de incidência. Esta hipótese se refere a situações que fogem do raio de incidência daquele tributo. Por 
exemplo, o IPVA não pode incidir sobre bicicletas; 
• A pessoa política é “barrada” pela CF/88. Ou seja, há certo dispositivo constitucional que inibe a 
possibilidade de o ente prever aquela situação como hipótese de incidência do tributo. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
3
94
Observação: Competência tributária é o poder conferido pela Constituição aos entes 
federados para instituírem tributos (impostos, taxas etc.), sempre por meio de lei. Como a 
CF/88 não cria tributos, é o exercício da competência tributária que torna possível a 
cobrança dos tributos. O tema será estudado em outra aula. 
 Todas as três situações acima se referem a não incidência tributária. Contudo, a última pode ser 
considerada como hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. Por tal motivo, é 
denominada IMUNIDADE. 
 
 
A imunidade pode ser considerada uma incompetência tributária. 
 Perceba, pela explicação inicial do tópico, que tanto na imunidade propriamente dita, como nas 
demais situações que de não incidência, não há a ocorrência do fato gerador. Guarde isso! 
 Precisamos nos atentar ainda para o conceito de isenção. Trata-se de um benefício fiscal concedido 
pelo ente político, por intermédio de lei. Ou seja, é a dispensa legal do pagamento do tributo, sendo 
considerada uma decisão política. 
 Neste caso, há uma hipótese de incidência prevista na lei que instituiu o tributo e, por esse motivo, o 
fato gerador ocorre. Contudo, o tributo não vem a ser cobrado, pois a isenção é uma hipótese de exclusão 
do crédito tributário. Não iremos nos aprofundar neste conceito, por enquanto, para não ter o risco de 
confundirmos. O momento irá chegar. 
 O que importa, por enquanto, é saber que a isenção decorre do exercício da competência tributária 
e o fato gerador do tributo chega a ocorrer, e a obrigação tributária chega a existir. Isto é, o ente poderia 
cobrar aquele tributo, mas decide isentar os contribuintes, mediante a edição de uma lei. Nesta aula, 
estamos adotando a doutrina clássica, pois é o posicionamento adotado pelo STF (ADI 286). 
 
Dando continuidade ao nosso estudo, por outro lado, a imunidade é uma delimitação da competência 
tributária, ou melhor, uma limitação constitucional ao poder de tributar, posicionando-se ao lado dos 
princípios constitucionais tributários. Ou seja, existe um limite além do qual o ente instituidor não pode 
tributar, por expressa disposição constitucional. Vimos também que não ocorre o fato gerador neste caso. 
 Por último, há que se ressaltar que não importa a terminologia utilizada pela CF/88 para tratar das 
imunidades, visto que o simples fato de estar no texto constitucional dá ao instituto o título de imunidade. 
 Neste sentido, o STF (RMS 22.192/DF) já decidiu que, embora o art. 195, § 7°, da CF/88, mencione a 
palavra “isentas”, a interpretação que deve ser dada é a de que se trata de verdadeira imunidade. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noçõesde Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
4
94
==2ae12==
 Espero que o quadro abaixo possa auxiliá-los a entender melhor o que dissemos até agora. 
 
 
 
Por fim, cabe destacar o conceito de alíquota zero, que é mais uma hipótese em que o tributo acaba não 
sendo cobrado. Nesse caso, ocorre o fato gerador, contudo, o valor do tributo é nulo, já que a alíquota é 
zero. Isso ocorreria, por exemplo, se o Governo Federal decidisse reduzir a alíquota de Imposto de 
Importação a zero sobre determinados produtos essenciais ao País. 
Imunidades e Obrigações Acessórias 
Sempre que falamos de imunidade, estamos falando do não recolhimento do tributo. Então, dizer que uma 
pessoa é imune a determinado imposto, significa dizer que a pessoa está, por determinação constitucional, 
dispensada do recolhimento do imposto. 
Neste ponto da aula, é importante trazer um conceito que não é o foco central da aula, mas que toma 
relevância por estar relacionado com a imunidade tributária. Trata-se das obrigações tributárias. 
Uma obrigação tributária significa uma obrigação do contribuinte com a Fazenda Pública, que pode ter como 
objeto o pagamento de tributo, mas também pode ter como objeto outras prestações, como, por exemplo, 
apresentar uma declaração, emitir notas fiscais, etc. 
Então, sempre quando se fala em obrigação tributária, não estamos falando necessariamente de obrigação 
de pagar tributos, mas sim de deveres que o contribuinte possui em relação à Fazenda. Correto? 
Não 
Incidência
Situação não 
prevista na lei 
instituidora ou 
impossível;
Não há norma 
que preveja;
Não ocorre fato 
gerador;
Imunidade
a) Limitação ao 
poder de 
tributar;
b) Previsão no 
texto 
constitucional;
c) Não ocorre 
fato gerador;
Isenção
1. Opção política 
do ente 
tributante;
2. Previsão em 
norma 
infraconstitucio-
nal;
3. Ocorre fato 
gerador;
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
5
94
Indo um pouco além, existem obrigações tributárias “principais”, que sempre se refere ao pagamento 
(tributo ou multas tributárias) e também existem as obrigações tributárias “acessórias”, que representam os 
demais deveres despidos do caráter patrimonial (notas fiscais, declarações etc.), ou seja, são as obrigações 
do contribuinte perante o Fisco, que não envolvem “dinheiro”. 
Repetindo: todas as obrigações tributárias representam obrigações para os contribuintes, mas nem sempre 
essas obrigações se referem ao “pagamento”. Quando tais obrigações se referirem a pagamento, são 
obrigações principais; quando não se relacionarem a um pagamento, são acessórias. Ok? 
Então, nós já sabemos que a imunidade recai sobre as obrigações principais, afinal, como já foi dito, se uma 
pessoa é imune a determinado imposto, estará dispensado do seu “pagamento”, e pagamento é obrigação 
tributária principal. 
Mas onde queremos chegar? 
As obrigações acessórias não dependem da obrigação principal, são autônomas. Por isso, a dispensa da 
obrigação principal, seja pela isenção ou imunidade, não dispensa o contribuinte de continuar cumprindo 
obrigações acessórias que tenham relação com o tributo objeto do benefício fiscal concedido. 
 Antes de estudarmos as imunidades, gostaria de deixar claro que, embora se trate de uma dispensa 
constitucional do pagamento de tributos, a imunidade não exime certo ente das obrigações acessórias 
instituídas pela legislação tributária. 
 Nesse sentido, para o STF (RE 250.844), “exigir de entidade imune a manutenção de livros fiscais é 
consentâneo com o gozo da imunidade tributária (...)”. Nesse ponto da aula você já sabe que a manutenção 
de livros fiscais é um exemplo de obrigação acessória. 
Em maio de 2020, o STF também decidiu (ACO 1098, Informativo 980) que não há violação ao princípio da 
legalidade, caso as obrigações acessórias sejam instituídas por atos infralegais. 
Classificação das Imunidades Segundo a Doutrina 
Neste tópico, iremos abordar as principais classificações das imunidades adotadas pela doutrina. À medida 
que expusermos uma classificação, traremos exemplos estatuídos na própria CF/88, com o objetivo de 
facilitar a absorção do assunto. 
Classificação quanto ao parâmetro para concessão: subjetivas, objetivas 
ou mistas 
 A Constituição Federal, ao instituir as imunidades, pode adotar como parâmetro tanto as pessoas 
(imunidade subjetiva), quanto as coisas (imunidade objetiva). Podemos ter ainda imunidades que 
consideram as coisas e as pessoas ao mesmo tempo, sendo estas denominadas imunidades mistas. 
 As imunidades subjetivas podem ser exemplificadas pela imunidade recíproca. De acordo com o art. 
150, VI, a, da CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao DF e aos Municípios instituir impostos sobre o 
patrimônio, a renda ou serviços, uns dos outros. Observe que a imunidade é direcionada a pessoas políticas, 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
6
94
mas não o é às empresas privadas, por exemplo. Com isso, fica clara a importância que tem a “pessoa” para 
se definir se haverá ou não imunidade. 
 Cabe observar que a imunidade subjetiva não exime as pessoas por ela abrangidas da 
responsabilidade pela retenção de tributos, caso estejam designadas pela lei. Sendo assim, a União fica, a 
título de exemplo, responsável pela retenção do imposto de renda incidente sobre os rendimentos de seus 
servidores, pois estes não são imunes. 
 No que se refere às imunidades objetivas, o exemplo amplamente utilizado é o da imunidade cultural. 
De acordo com o art. 150, VI, d, da CF/88, é vedado a todos os entes federativos instituir impostos sobre os 
livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. Desta forma, não importa qual pessoa esteja 
vendendo um jornal, por exemplo. O que é relevante para a aplicação da imunidade é o bem que está sendo 
objeto de comercialização. 
 Por último, as imunidades mistas podem ser ilustradas pela imunidade que impede a incidência do 
Imposto sobre Propriedade Territorial Rural sobre as pequenas glebas rurais definidas em lei, quando as 
explore o proprietário que não possua outro imóvel. Atente para o fato de que as glebas rurais constituem 
o aspecto objetivo e, o fato de seu proprietário não poder possuir outro imóvel, revela o aspecto subjetivo 
da referida imunidade. 
 Até aqui, tudo compreendido? Passemos, pois, para a segunda classificação. 
Classificação quanto à origem: ontológicas e políticas 
 As imunidades ontológicas são aquelas que decorrem do princípio da isonomia e do pacto federativo. 
Ou seja, são imunidades que, ainda que não houvesse sua previsão constitucional, existiriam. 
 Nesse sentido, podemos adotar como exemplo a imunidade recíproca. Repare que tal imunidade 
busca preservar a autonomia financeira dos entes federativos, protegendo, por isso mesmo, o pacto 
federativo. 
 Por outro lado, as imunidades políticas são aquelas que só existem por decisão expressa do 
legislador constituinte. Isso não quer dizer que elas não protegem outros princípios constitucionais. Por 
exemplo, a imunidade cultural impede a cobrança de imposto sobre os livros, jornais, periódicos e o papel 
destinado à sua impressão. 
Classificação quanto à forma de previsão: explícitas ou implícitas 
 Configuram-se explícitas as imunidades expressas no próprio texto constitucional. Trata-se das 
hipóteses que o legislador já previu, no momento da elaboração da Constituição Federal. 
 É possível também que algumas imunidades não tenham sido reconhecidas expressamente, mas, por 
decorrerem de princípios constitucionais, a jurisprudência passe a aceitá-las da mesma forma que as que 
estão confeccionadas na CF. A essas imunidades, a doutrina denominou implícitas. Até o momento, não 
temos exemplos de imunidades implícitas.Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
7
94
 Perceba que podemos fazer uma interligação entre o que foi visto aqui e o que vimos na classificação 
quanto à origem das imunidades. As imunidades políticas são sempre explícitas, pois necessariamente 
devem estar previstas no texto da Constituição. 
 Por outro lado, vimos que as imunidades ontológicas, ainda que não fossem previstas na CF, 
existiriam. Desta maneira, podemos afirmar que tais imunidades podem ser tanto explícitas como 
implícitas. 
Classificação quanto à necessidade de regulamentação: incondicionadas 
e condicionadas 
 Esta classificação diz respeito à necessidade de que a imunidade, para surtir efeitos no mundo 
concreto, esteja regulamentada por norma infraconstitucional, ou seja, por leis. 
 Neste contexto, se as imunidades forem incondicionadas, como, por exemplo, a imunidade 
recíproca, não há necessidade de edição de lei, produzindo efeitos imediatamente. 
 Devemos lembrar que também há as imunidades condicionadas, que são aquelas que dependem de 
regulamentação por lei, para que possam produzir efeitos. Como exemplos, podemos citar a imunidade 
prevista no art. 150, VI, c, da CF/88. Trata-se da imunidade referente às instituições de educação e assistência 
social sem fins lucrativos. Estas só poderão gozar da benesse constitucional, caso haja regulamentação legal. 
 Recuperando os seus estudos de Direito Constitucional, podemos dizer que as imunidades 
condicionadas constituem normas de eficácia limitada, pois se faz necessária uma regulamentação 
infraconstitucional. 
 
(PGE-MA-Procurador/2016) A imunidade tributária expressa a incompetência do ente para instituição do 
tributo na situação ali prevista, podendo ser fixada na Constituição Federal ou em lei complementar. 
Comentário: É verdade que a imunidade tributária expressa a incompetência do ente para instituição do 
tributo sobre o que foi imunizado. Contudo, a imunidade deve necessariamente estar prevista na 
Constituição Federal. 
Gabarito: Errada 
 
 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
8
94
ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
 Neste tópico, abordaremos as principais imunidades de forma aprofundada, e mencionaremos as 
demais, previstas fora do Capítulo do Sistema Tributário Nacional, apenas para que você tenha 
conhecimento da existência delas. Ok? 
Imunidade Recíproca 
 Mencionamos a imunidade recíproca em vários exemplos no estudo da classificação doutrinária das 
imunidades, certo? Por esse motivo, creio que vocês acabaram tendo uma noção do que se trata. 
 Na verdade, tal imunidade – também denominada imunidade intergovernamental – existe para 
proteger a autonomia financeira dos entes federados e, consequentemente, o pacto federativo. Podemos 
afirmar, portanto, que ela configura uma cláusula pétrea, no entendimento da Suprema Corte (ADI 939). 
 Como é viabilizada esta proteção que acabamos de dizer? Ora, de acordo com o art. 150, VI, a, da 
CF/88, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios instituir impostos sobre o 
patrimônio, renda ou serviços uns dos outros. 
 Você precisa estar atento ao fato de que as únicas espécies de tributos abrangidas por esta imunidade 
são os impostos. Além disso, note que o conceito é ainda mais restrito: apenas os impostos sobre o 
patrimônio, renda ou serviços foram alcançados pela imunidade recíproca. 
 Para entender o assunto que vamos estudar, é necessário que você conheça o conceito de 
contribuinte de direito e contribuinte de fato. Esse tema toma relevância em situações nas quais as pessoas 
que arcam, de fato, com o ônus tributário não são as mesmas que recolhem o tributo ao erário. Isso ocorre 
nos denominados tributos indiretos. 
 Imaginemos que determinado cidadão compra uma TV de LED em uma loja de eletrodomésticos. 
Sobre a incidência do ICMS nesta operação, a loja é eleita pela lei como contribuinte e é ela que vai recolher 
tal imposto, correto? No entanto, quem sofre o ônus do tributo não é a loja, mas, sim, a pessoa física que 
adquiriu a TV. Isso ocorre, porque a loja simplesmente acrescenta o custo daquele tributo no valor da TV. 
 Dessa forma, dizemos que contribuinte de direito é aquele eleito pela lei para recolher o tributo, e 
contribuinte de fato é o que arca realmente com o ônus do tributo. Entendido? 
 Tudo isso será visto com maiores detalhes em outras aulas. O importante agora é que você saiba 
distinguir tais figuras, para entender com precisão o que será dito a seguir. 
 Para a Suprema Corte (ARE 663.552), a imunidade recíproca somente se aplica se o ente beneficiado 
estiver na condição de contribuinte de direito, não o alcançando como contribuinte de fato. 
 Vejam que quem faz o recolhimento do tributo, relativo aos serviços de energia elétrica, são as 
próprias prestadoras de serviço, sendo elas denominadas contribuinte de direito. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
9
94
 Por outro lado, a referida imunidade pode se aplicar em operações de importação de bens, quando 
o ente federado for o importador. Neste caso, perceba que há a identidade do contribuinte de fato e do 
contribuinte de direito, não havendo transferência do ônus tributário (STF, AI 518.405-AgR). 
 Até aqui vimos a aplicabilidade da imunidade recíproca aos entes federados. No entanto, há que se 
lembrar de que esta limitação constitucional ao poder de tributar é extensiva a outras pessoas jurídicas, de 
acordo com o art. 150, § 2°, da CF/88, a seguir transcrito: 
“Art. 150: (...) 
§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e 
mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, 
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.” 
 Destaque-se que, muito embora o texto constitucional restrinja a aplicação desta imunidade às 
autarquias e às fundações públicas, o entendimento predominante no STF (RE 407.099/RS e AC 1.550-2) é o 
de que a benesse é extensível também às empresas públicas (EP) e às sociedades de economia mista (SEM) 
prestadoras de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado. 
 A princípio, você poderia pensar que isso seria proibido pelo art. 173, § 2°, da CF/88, segundo o qual 
“as empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não 
extensivos às do setor privado”. 
 Contudo, o que deve ser considerado é que existem dois tipos de EP e SEM, isto é, há aquelas 
exploradoras de atividade econômicas (sujeitas ao art. 173, da CF/88) e há as prestadoras de serviços 
públicos (sujeitas ao art. 175, da CF/88). As únicas abrangidas pela imunidade recíproca são as prestadoras 
de serviço público. 
Nesse sentido, o STF já concedeu imunidade às seguintes EP e SEM: 
 Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – (STF, RE 407.099); 
 Infraero – (STF, RE 524.615-AgR); 
 Companhia de Águas e Esgoto de Rondônia (CAERD) – (STF, AC 1.550-2/RO); 
 Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) – (STF, RE 253.472) 
 Casa da Moeda do Brasil (CMB) – (STF, RE 610.517) 
 Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) (STF, ACO 2.568) 
Observação: Em 2014, tivemos mais três decisões favoráveis à imunidade gozada pela ECT. 
Senão, vejamos: 
Em 15/10/2014, o STF reconheceu a imunidade relativa ao IPTU incidente sobre imóveis de 
propriedade da ECT, bem assim os por ela utilizados. 
Em 12/11/2014, o Plenário do STF decidiu que não incide o ICMS sobre o serviço de 
transporte de bens e mercadorias realizado pela Empresa Brasileira de Correios e 
Telégrafos – ECT. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br17563469816824272 - nazareno soares da silva
10
94
Em 26/11/2014, a Suprema Corte (ACO 879/PB) reafirmou sua jurisprudência a respeito da 
imunidade tributária relativa ao IPVA, gozada pela ECT. 
Além dos casos acima citados, o entendimento do STF (RE 580.264/RS) tem sido o de que “as sociedades de 
economia mista prestadoras de ações e serviços de saúde, cujo capital social seja majoritariamente estatal, 
gozam da imunidade tributária prevista na alínea a do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal”. 
Na direção oposta do que vimos, o STF (RE 285.716-AgR) negou à Petrobrás, sociedade de economia mista 
destinada à exploração econômica em benefício de seus acionistas, a imunidade recíproca. De acordo com a 
Suprema Corte, “é irrelevante para definição da aplicabilidade da imunidade tributária recíproca a 
circunstância de a atividade desempenhada estar ou não sujeita a monopólio estatal”. Dessa forma, 
podemos memorizar que o fato de a atividade estar sujeita a monopólio estatal não traz como consequência 
a aplicação de imunidade. 
 Ressalte-se que a OAB – entidade não integrante da administração pública indireta – também foi 
alcançada pela imunidade recíproca, no entendimento do STF (RE 259.976-AgR). De acordo com a Suprema 
Corte, a OAB desempenha atividade própria de Estado, motivo que faz com que ela também esteja imune. 
Você também pode adotar o entendimento mais recente do STF no sentido de que as caixas de assistência 
dos advogados prestam serviço público delegado, possuem caráter jurídico de ente público e não exploram 
atividade econômica com intuito lucrativo, e que também são imunes (RE 405267 AgR-segundo-ED / MG). 
 
A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) é imune. 
As Caixas de Assistência dos Advogados também são imunes. 
 Outro ponto a ser destacado é que nos serviços públicos prestados por meio de delegação pelo poder 
público, a atividade delegada em si, caso seja exercida com intuito lucrativo, não há que se falar em 
imunidade. É o caso, por exemplo, dos serviços de registros públicos, cartorários e notariais que, por terem 
intuito lucrativo e serem devidamente remunerados, não estão imunes (STF, ADI 3.089). 
 Para concluir o tema, precisamos estudar a última norma que versa sobre a imunidade recíproca, que 
é o § 3° do art. 150, que diz o seguinte: 
“Art. 150: (...) 
§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, 
à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas 
pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou 
pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da 
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.” 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
11
94
 Uma leitura atenta do dispositivo permite inferir que há duas hipóteses que escapam da abrangência 
da imunidade recíproca. 
 A primeira diz respeito a quando o patrimônio, a renda e os serviços são utilizados para exploração 
de atividades econômicas em concorrência com os empreendimentos privados. O que se deve ficar atento é 
ao motivo que fez o legislador constituinte inserir esta exceção, que é o fato de não permitir que haja 
concorrência desleal. Ou seja, seria injusto que determinadas entidades utilizassem da imunidade para 
concorrer no mercado, certo? 
 A segunda hipótese afirma que a imunidade recíproca não exonera o promitente comprador da 
obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel. 
 A situação se refere a quando uma pessoa particular (promitente comprador) assina um contrato de 
compra e venda, adquirindo um imóvel de um ente imune. Lembre-se de que a mera assinatura do contrato 
não transfere a propriedade do bem, mas o comprador passa a ter sobre o bem o direito real de aquisição 
de coisa alheia, bastando, segundo a CF/88, para ser tributado normalmente. 
 
 
 
 
 
IMUNIDADE 
RECÍRPOCA
Não se aplica:
- Explor. Ativ. Econ.
- Contrib. De fato
- Serv. Cartoriais
Impostos
Não se aplica:
Taxas
Contr. Previd.
Patrimônio
Renda
Serviços
EP e SEM 
prestadoras de 
serviço público
Extensiva a 
autarquias e 
fundações públicas
Vinculação a 
finalidades 
essenciais
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
12
94
==2ae12==
 
(SEFAZ-DF-Auditor Fiscal/2020) A imunidade tributária recíproca dos entes federativos não é extensível às 
respectivas autarquias e fundações públicas. 
Comentário: De acordo com o art. 150, § 2º, da CF/88, a imunidade recíproca é extensiva às autarquias e às 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, 
vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes. 
Gabarito: Errada 
(MPE-CE-Promotor de Justiça/2020) A União não pode instituir tributos de nenhuma natureza sobre o 
patrimônio dos estados e municípios. 
Comentário: A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, "a", da CF/88, é específica para os impostos, 
não alcançando outras espécies tributárias. Ao resolver a questão, o candidato precisa ter muito cuidado 
para não confundir imposto" com "tributo". 
Gabarito: Errada 
 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
13
94
Imunidade Religiosa 
O art. 150, VI, b, da CF/88, veda que todos os entes federativos cobrem impostos sobre os templos de 
qualquer culto. Levando em consideração o disposto no art. 5°, VI, da CF/88, podemos dizer que a liberdade 
de culto é um direito individual, o que faz com que a imunidade ora analisada se configure uma cláusula 
pétrea. 
 Verifica-se também que, pelo fato de o Brasil ser um país laico, a imunidade religiosa alcança todas 
as religiões, sem qualquer distinção. 
 Há que se ressaltar, nesse contexto, que, da mesma forma como ocorre com as demais imunidades 
inseridas no art. 150, VI, da Magna Carta, a imunidade religiosa somente alcança os impostos, não sendo 
extensiva, no entendimento do STF (RE 129.930), às contribuições sindicais. 
 Ainda seguindo o raciocínio do STF (RE 325.822), embora o texto constitucional mencione que a 
imunidade protege os “templos”, devemos entender que o legislador constituinte quis dizer que a vedação 
abrange também o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais da 
entidade religiosa. 
 Neste rumo, ainda que um imóvel pertencente a determinada entidade religiosa encontre-se 
alugado para terceiros, a imunidade subsiste, pois embora a atividade exercida não esteja de acordo com o 
disposto no art. 150, § 4°, da CF/88, para o STF, basta que os recursos gerados estejam sendo vertidos para 
as finalidades essenciais de tais entidades. Ademais, a Suprema Corte (RE 578.562), dando 
entendimento extensivo à imunidade religiosa, entende que os cemitérios que consubstanciam extensões 
destas entidades também são alcançados pela vedação constitucional em tela. 
 Por fim, cabe-nos ressaltar a decisão do STF (RE 562.351) no sentido de que a maçonaria não é 
alcançada pela imunidade religiosa, já que nas lojas maçônicas não se professa qualquer religião. 
 
IMUNIDADE 
RELIGIOSA
Não se aplica:
Maçonaria
Impostos Patrimônio/Renda/Serviços
Cemitérios
(Extensão)
Alcança Imóveis 
Alugados a 
Terceiros
Relacionados 
com finalidades 
essenciais
RECURSOS 
GERADOS 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
14
94
==2ae12==
 
(SEFAZ-MA-Auditor Fiscal/2016) De acordo com as regras constitucionais atinentes às limitações do poder 
de tributar, é VEDADO 
a) aos Estados, instituir e cobrar a “Taxa de Fiscalização de Prestação de Serviçosde Interesse à Saúde”, 
relativamente a estabelecimento pré-escolar (maternal), entidade sem fins lucrativos e que exerce suas 
atividades essenciais. 
b) aos Municípios, instituir e cobrar o ISS sobre a prestação de serviço de saúde por hospitais de propriedade 
de entidade de economia mista, que cobra pelos serviços que presta, e cuja maior parte do capital pertence 
ao Estado. 
c) aos Municípios, instituir e cobrar a “taxa de lixo” das repartições públicas estaduais, pertencentes à 
Administração direta estadual. 
d) instituir e cobrar contribuição de melhoria decorrente da valorização de um terreno baldio de propriedade 
de instituição religiosa. 
e) aos Estados, instituir e cobrar o IPVA sobre veículos de propriedade de órgão da Administração direta da 
União. 
Comentário: 
Alternativa A: A referida taxa, a ser cobrada em razão do poder de polícia, não é vedada, haja vista que a 
imunidade das entidades educacionais sem fins lucrativos abrange apenas impostos sobre seu patrimônio, 
renda ou serviços. Alternativa errada. 
Alternativa B: O STF já julgou caso semelhante, mas se referia à entidade que tinha sua receita proveniente 
exclusivamente de repasses públicos, atendendo unicamente pelo SUS, ou seja, não havia cobrança pelos 
seus serviços, o que não é o caso dessa questão, que não menciona se tratar de entidade sem fins lucrativos. 
Alternativa errada. 
Alternativa C: A imunidade recíproca abrange exclusivamente a espécie tributária impostos, não alcançando 
as taxas. Portanto, não há que se falar em tal vedação. Alternativa errada. 
Alternativa D: A imunidade religiosa se restringe aos impostos incidentes sobre seu patrimônio, renda ou 
serviços. Dessa forma, é plenamente possível instituir e cobrar contribuição de melhoria decorrente da 
valorização de um terreno de propriedade de instituição religiosa. Alternativa errada. 
Alternativa E: O IPVA é um imposto que incide sobre o patrimônio (veículos). Portanto, é vedado aos Estados 
instituir e cobrar o IPVA sobre veículos de propriedade de órgão da Administração direta da União, em 
virtude da imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da CF/88. Alternativa correta. 
Gabarito: Letra E 
 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
15
94
2.3 Imunidade dos Partidos Políticos, Entidades Sindicais dos 
Trabalhadores, Instituições de Educação e de Assistência Social 
De acordo com o art. 150, VI, c, da CF/88, é vedado a todos os entes políticos cobrar impostos sobre o 
patrimônio, a renda e os serviços dos partidos políticos e suas fundações, dos sindicatos de trabalhadores e 
das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei. 
 
O art. 150, VI, “c”, trata da imunidade de várias entidades. Qual é a extensão dos termos 
“sem fins lucrativos” e “atendidos os requisitos da lei”? 
De acordo com Regina Helena Costa1: 
sem fins lucrativos  “Requisito a ser preenchido tão somente pelas instituições de 
educação e assistência social, uma vez que os partidos políticos e suas fundações, bem 
como as entidades sindicais de trabalhadores, são entes que, por sua própria natureza, não 
objetivam lucro.” 
atendidos os requisitos da lei  “Aplicável a todas as pessoas nele mencionadas.” 
 
Somente sindicatos de trabalhadores estão abrangidos pela imunidade. Os sindicatos dos 
empregadores ou de setores (ou categorias) econômicos não estão. 
 
 
O que nos chama a atenção – e por tal motivo eu o negritei – é o fato de a norma constitucional exigir a 
edição de uma lei, para que as instituições de educação e assistência social gozem da referida imunidade. 
Além disso, seria uma lei ordinária ou complementar? 
 
1 COSTA, Regina Helena. Curso de direito tributário: Constituição e Código Tributário Nacional. 4ª Edição. 
2014. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
16
94
 Para dirimir as dúvidas, será necessário recorrer ao entendimento do STF acerca do assunto, 
conforme vemos a seguir (grifos nossos): 
“Conforme precedente no STF (RE 93.770, Muñoz, RTJ 102/304) e na linha da melhor doutrina, o 
que a Constituição remete à lei ordinária, no tocante à imunidade tributária considerada, é a 
fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade educacional ou 
assistencial imune; não, o que diga respeito aos lindes da imunidade, que, quando susceptíveis 
de disciplina infraconstitucional, ficou reservado à lei complementar.” 
(STF, ADI-MC 1.802/DF, Plenário, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, Julgamento em 27/08/1988) 
 Perceba que, quando uma lei for fixar normas sobre a constituição e o funcionamento das referidas 
entidades, basta que se edite uma lei ordinária. É o que ocorreu com a edição da Lei 9.532/97, estabelecendo 
diversas regras relacionadas às entidades objeto da imunidade. No julgamento acima, o STF teve a 
oportunidade de analisar os requisitos previstos no § 2º, do art. 12, desta norma, e decidiu que a maioria 
deles se referiam à constituição e funcionamento dessas entidades, podendo, pois, serem regulados pela via 
de lei ordinária. 
Observação: De acordo com o art. 146, II, da CF/88, é necessária a edição de lei 
complementar para regular tais limitações ao poder de tributar. 
 Outra pergunta pertinente seria: qual lei complementar cumpre com esse papel? Ora, trata-se de 
uma lei muito conhecida por nós (ou que ainda o será), que é o CTN. Em seu art. 14, a Lei 5.172/66 elenca os 
requisitos para que as já mencionadas entidades gozem da imunidade: 
“Art. 14 – (...) 
I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a qualquer 
título; 
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos 
institucionais; 
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de 
formalidades capazes de assegurar sua exatidão.” 
 
Na falta de cumprimento destes requisitos, a autoridade competente pode suspender a 
aplicação do benefício da imunidade tributária, conforme preconiza o art. 14, § 1°. 
Perceba que, ao lermos na CF/88 que tais entidades não podem ter fins lucrativos, não quer dizer que elas 
não podem obter resultado financeiro positivo, pois isso é essencial para que qualquer entidade se 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
17
94
desenvolva. No entanto, o que é vedado pelo CTN é que haja distribuição de seu patrimônio ou de suas 
rendas, a qualquer título, inclusive aos sócios, gerentes etc. 
 Também não se pode confundir a repartição de lucros com a justa remuneração de seus 
colaboradores pelos trabalhos desenvolvidos na entidade. Isso é permitido. 
 Outro ponto a ser discutido em nosso curso, de suma importância para o conhecimento amplo da 
imunidade estudada, é a restrição de que somente o patrimônio, a renda e os serviços vinculados às 
finalidades essenciais da entidade estarão imunes aos impostos sobre eles incidentes. Trata-se, pois, da 
mesma restrição feita à imunidade religiosa, disposta no art. 150, § 4°, da CF/88. 
 
Repare que a imunidade religiosa não se submete às restrições do art. 14 do CTN. 
 
 Vale ressaltar que, da mesma forma como tem ocorrido com a imunidade religiosa, o STF tem sido 
bastante flexível na análise da vinculação asseverada na CF. Nesse sentido, vamos citar, a partir de agora, 
alguns julgados, da própria Corte, que já foram ou que há grandes chances de serem cobrados em prova. 
Portanto, atenção total! 
Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel 
pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, 
desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quaistais entidades foram 
constituídas. 
Observação: Esta súmula vinculante possui a mesma redação da Súmula 724 do STF. Isso 
significa que já se tratava de entendimento pacífico no STF. A distinção é que, a partir da 
sua publicação, o posicionamento nela contido possui efeito vinculante em relação aos 
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta. 
 Semelhantemente ao que estudamos na imunidade religiosa, o STF também entende que se aplica a 
imunidade quando o imóvel, pertencente às entidades referidas no art. 150, VI, c, estiver alugado a terceiros. 
A única condição é que a renda gerada seja aplicada nas atividades essenciais das entidades. 
 Além disso, de acordo com a mesma Corte (RE 144.900), são imunes os serviços não relacionados às 
finalidades essenciais das entidades, desde que a receita deles destine-se ao financiamento de tais 
finalidades. No caso concreto, foi considerado imune de ISS o serviço de estacionamento de veículos 
prestado por hospital em pátio interno. Vejamos a íntegra da ementa desse julgado: 
EMENTA: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 150, VI, C, DA CONSTITUIÇÃO. INSTITUIÇÃO DE 
ASSISTÊNCIA SOCIAL. EXIGÊNCIA DE IMPOSTO SOBRE SERVIÇO CALCULADO SOBRE O PREÇO 
COBRADO EM ESTACIONAMENTO DE VEÍCULOS NO PÁTIO INTERNO DA ENTIDADE. Ilegitimidade. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
18
94
Eventual renda obtida pela instituição de assistência social mediante cobrança de 
estacionamento de veículos em área interna da entidade, destinada ao custeio das atividades 
desta, está abrangida pela imunidade prevista no dispositivo sob destaque. Precedente da 
Corte: RE 116.188-4. Recurso conhecido e provido. 
(STF, Primeira Turma, RE 144.900/SP, Rel. Min. Ilmar Galvão, Julgamento em 22/04/1997) 
 Na esteira desse entendimento, também foi considerado imune do IPTU imóvel de propriedade de 
uma entidade beneficente, em cujas instalações era mantida uma livraria. A imunidade subsiste, neste 
caso, pois o que importa é que as rendas auferidas sejam revertidas para a manutenção de suas atividades 
institucionais. 
 Sobre a renda destinada às finalidades essenciais, destaque-se que também já foi considerada imune 
pelo STF “a renda obtida pelo SESC na prestação de serviços de diversão pública, mediante a venda de 
ingressos de cinema ao público em geral”. 
 
Para o STF, as escolas de ensino profissionalizante estão enquadradas no rol de entidades 
do art. 150, VI, c. Cite-se, como exemplo, o SENAC e o SENAI. 
 
 Além disso, ainda que os imóveis estejam sendo utilizados como escritório e residência de membro 
da entidade, continuam imunes. Senão, vejamos: 
Instituições de educação e assistência social sem fins lucrativos (...). O fato de os imóveis estarem 
sendo utilizados como escritório e residência de membros da entidade não afasta a imunidade 
prevista no art. 150, VI, alínea c, § 4º, da CF." 
(STF, RE 221.395, Segunda Turma, Rel. Min. Marco Aurélio, Julgamento em 08/02/2000) 
Diferentemente do que acaba de ser visto, em 2010, a Segunda Turma do STF havia afastado a aplicação da 
imunidade prevista no art. 150, VI, “c”, da CF/88, aos terrenos baldios sem vinculação às finalidades 
essenciais das entidades imunes. 
Contudo, em 2013, a Primeira Turma da Colenda Corte, de forma divergente, decidiu que a constatação de 
que imóvel vago ou sem edificação não seria suficiente, por si só́, para destituir a garantia constitucional 
da imunidade tributária. A ementa do julgamento do RE 385.091/DF foi parcialmente transcrita abaixo: 
EMENTA: Imunidade. Entidade de assistência social. Artigo 150, VI, c, CF. Imóvel vago. Finalidades 
essenciais. Presunção. Ônus da prova. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
19
94
1. A regra de imunidade compreende o reverso da atribuição de competência tributária. Isso 
porque a norma imunitória se traduz em um decote na regra de competência, determinando a 
não incidência da regra matriz nas áreas protegidas pelo beneplácito concedido pelo constituinte. 
(...) 
3. No caso da imunidade das entidades beneficentes de assistência social, a Corte tem conferido 
interpretação extensiva à respectiva norma, ao passo que tem interpretado restritivamente as 
normas de isenção. 
(...) 
5. A constatação de que um imóvel está vago ou sem edificação não é suficiente, por si só, para 
destituir a garantia constitucional da imunidade. A sua não utilização temporária deflagra uma 
neutralidade que não atenta contra os requisitos que autorizam o gozo e a fruição da 
imunidade. 
6. Recurso extraordinário a que se nega provimento. 
(STF, Primeira Turma, RE 385.091/DF, Min. Rel. Dias Toffoli, Julgamento em 06/08/2013) 
Certamente, essa divergência entre as turmas causa dúvidas no candidato sobre qual posicionamento levar 
para a prova. A orientação mais sensata é a de que seja seguido o mais recente julgamento, direcionado à 
manutenção da referida imunidade, em caso de imóvel vagos ou sem edificação. 
Ainda no que se refere à imunidade em tela, quando nossa análise recai sobre o ICMS (tributo indireto), há 
que se relembrar dos conceitos que já vimos sobre contribuinte de direito e de fato. Você se lembra, certo? 
Caso não tenha certeza, retorne ao tópico da imunidade recíproca e leia novamente. Vamos lá, então: 
“O Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao apreciar o RE 210.251 - EDv/SP, fixou entendimento 
segundo o qual as entidades de assistência social são imunes em relação ao ICMS incidente 
sobre a comercialização de bens por elas produzidos, nos termos do art. 150, VI, "c" da 
Constituição. Embargos de divergência conhecidos, mas improvidos.” 
(STF, RE 186.175 ED-EDv/SP, Pleno, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 23/08/2006) 
 Embora já tenha havido decisões em sentido contrário em ocasiões anteriores, atualmente, o 
entendimento predominante no STF é o de que a imunidade das entidades de assistência social abrange o 
ICMS incidente sobre a comercialização de bens por elas produzidos. 
 Esse posicionamento foi corroborado pelo STJ, no julgamento do RMS 46.170-MS, ao reafirmar que a 
jurisprudência do STF é firme no sentido de que a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF também se 
aplica ao ICMS, desde que a atividade seja relacionada com as finalidades essenciais da entidade. 
 Contudo, o STJ (RMS 46.170-MS, julgado em 23/10/2014) ressaltou que tal imunidade não se aplica 
em relação ao ICMS decorrente da prática econômica desenvolvida por entidade de assistência social sem 
fins lucrativos que tem por finalidade realizar ações que visem à promoção da pessoa com deficiência, 
quando desempenhar atividade franqueada da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT). 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
20
94
 Dessa forma, ainda que a renda obtida pela entidade seja revertida em prol de suas atividades 
essenciais, a imunidade em relação ao ICMS não pode ser concedida no caso, porquanto a atividade 
econômica fraqueada dos Correios foge dos fins institucionais da entidade, ou seja, o serviço prestado não 
possui relação com seus trabalhos na área de assistência social. 
 
Memorize para a prova: desempenho de atividade franqueada da ECT por entidade de 
assistência social sem fins lucrativos não a isenta do ICMS incidente sobre as operações. 
 
 Ademais, ainda sobre a imunidade de tais entidades, o STF decidiu o seguinte: 
 “Não há invocar, para o fim de ser restringida a aplicação da imunidade, critérios de 
classificação dos impostos adotados por normas infraconstitucionais, mesmo porque não é 
adequado distinguir entre bens e patrimônio, dado que este se constitui do conjunto daqueles. O 
que cumpre perquirir, portanto, é se o bemadquirido, no mercado interno ou externo, integra 
o patrimônio da entidade abrangida pela imunidade.” 
(STF, RE 203.755/ES, Segunda Turma, Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento em 17/09/1996) 
 Com base no entendimento de que o que importa é saber se o bem adquirido no mercado interno 
ou externo integra o patrimônio da entidade imune, o STF estendeu a citada imunidade às aquisições no 
mercado interno: 
ICMS. IMUNIDADE. (ART. 150, VI, C, DA CF). AQUISIÇÃO DE MERCADORIAS E SERVIÇOS NO 
MERCADO INTERNO. ENTIDADE BENEFICENTE. 1. A imunidade tributária prevista no art. 150, 
VI, c, da Constituição, compreende as aquisições de produtos no mercado interno, desde que 
os bens adquiridos integrem o patrimônio dessas entidades beneficentes. 2. Agravo regimental 
improvido. 
(STF, AI 535.922-AgR/RS, Segunda Turma, Rel. Min. Ellen Gracie, Julgamento em 30/09/2008) 
No que se refere à figura do contribuinte de fato (adquirente de mercadorias ou serviços), o 
entendimento do STF é o mesmo aplicável à imunidade recíproca (também visto nesta aula): 
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO. TRIBUTÁRIO. ICMS. ENTIDADE 
SEM FINS LUCRATIVOS. IMUNIDADE RECÍPROCA. IMPOSSIBLIDADE. BENEFÍCIO DA IMUNIDADE 
NÃO ALCANÇA CONTRIBUINTE DE FATO. AGRAVO IMPROVIDO. I – Entidade educacional que não 
é contribuinte de direito do ICMS relativo a serviço de energia elétrica, não tem benefício da 
imunidade em questão, uma vez que esta não alcança o contribuinte de fato. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
21
94
(STF, AI 731.786-AgR/SC, Primeira Turma, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Julgamento em 
19/10/2010) 
 Embora os dois últimos julgados se refiram a situações em que a entidade imune é contribuinte de 
fato, há uma diferença entre eles: no AI 535.922, os bens adquiridos passam a integrar o patrimônio da 
entidade; no AI 731.786 se refere a mero consumo do serviço de energia elétrica. 
 
 
O que você precisa guardar para a prova é o seguinte: 
-Se a questão mencionar que o bem foi adquirido e passou a integrar o patrimônio da 
entidade, haverá imunidade. 
-Se houver apenas menção de que a entidade está na posição do contribuinte de fato, não 
haverá imunidade. 
 
 
 Além de tais casos, devemos guardar que a imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88, também 
“abrange o Imposto de Importação e o Imposto sobre Produtos Industrializados, que incidem sobre bens 
a serem utilizados na prestação de seus serviços específicos” (STF, RE 243.807). 
 Destaque-se que tal imunidade estende-se ao Imposto sobre operações financeiras (IOF), conforme 
tese fixada pelo STF (Tema 328): 
“A imunidade assegurada pelo art. 150, VI, ‘c’, da Constituição da República aos partidos políticos, inclusive 
suas fundações, às entidades sindicais dos trabalhadores e às instituições de educação e de assistência social, 
sem fins lucrativos, que atendam aos requisitos da lei, alcança o IOF, inclusive o incidente sobre aplicações 
financeiras”. 
 O ensino de línguas estrangeiras também caracteriza-se como atividade educacional para aplicação 
da imunidade tributária, consoante o entendimento firmado pelo STF no RMS 24.283. 
 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
22
94
==2ae12==
A cobrança de mensalidades pelas entidades educacionais não descaracteriza a 
imunidade, se não houver distribuição de rendas, lucro ou participação nos seus 
resultados. 
 Com o intuito de finalizar este tópico, vamos discorrer agora sobre a possibilidade de as entidades 
fechadas de previdência social serem abrangidas pela imunidade ora em análise. 
 Eis o posicionamento do STF para este assunto: 
Súmula STF 730 - A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins 
lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades fechadas de 
previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. 
 Nesse contexto, de acordo com a Suprema Corte, somente serão alcançadas pela imunidade 
conferida às entidades de assistência social as entidades fechadas de previdência social privada, quando não 
houver contribuição dos beneficiários. 
 As entidades fechadas de previdência social privada são aquelas criadas por certas organizações, com 
o intuito de complementar o valor que será pago de aposentadoria pelo INSS aos seus funcionários. 
Normalmente, a contribuição ocorre tanto parte do patrocinador (organização) como do beneficiário 
(empregado). 
 Observe, entretanto, que a CF/88 não abarcou no art. 150, VI, c, as entidades de previdências, mas 
tão somente as de assistência social. Então, no entender do STF, somente se não houver contribuição dos 
beneficiários, é que a entidade se caracterizará como assistencial, fazendo jus, assim, à imunidade. 
 Outro ponto digno de nota é o que foi disposto no art. 202, § 3°, da CF/88, como vemos a seguir: 
“Art. 202 – (...) 
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, suas autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades 
de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de patrocinador, 
situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do 
segurado.” 
 O dispositivo menciona que os entes políticos e as entidades a eles vinculadas (administração 
indireta) somente contribuirão com entidades de previdência privada na condição de patrocinadores e, 
mesmo assim, as contribuições deles não podem exceder às dos segurados. 
 Agora eu lhe pergunto: se as contribuições dos patrocinadores devem ser menores que a dos 
segurados, é porque sempre deve haver contribuições dos segurados, para que os entes públicos participem 
como patrocinadores, concorda? 
Fazendo uma relação, portanto, com o que acabamos de ver, não será possível que uma entidade tenha 
patrocinadores públicos e, ao mesmo tempo, goze da imunidade do art. 150, VI, c. 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
23
94
Como de praxe nesta aula, vamos esquematizar a estudada imunidade (incluindo apenas o principal): 
 
 
 
 
 
(Pref. Caruaru-PE-Procurador/2018) A imunidade tributária 
a) recíproca alcança todos os tributos previstos na Constituição Federal. 
b) aplica-se incondicionalmente a entidades de assistência social sem fins lucrativos. 
c) aplica-se exclusivamente à propriedade de imóveis de entidades educacionais, desde que não tenham fins 
lucrativos. 
d) aplica-se aos bens, rendas e serviços relacionados às atividades essenciais dos partidos políticos. 
e) trata-se de política parafiscal com sede constitucional, que não exclui a competência tributária plena. 
Comentário: 
Alternativa A: A imunidade recíproca se restringe aos impostos sobre patrimônio, renda ou serviços. 
Alternativa errada. 
Alternativa B: Tal imunidade fica condicionada ao cumprimento dos requisitos estabelecidos em lei 
complementar. Alternativa errada. 
Alternativa C: Esta imunidade alcança o patrimônio, renda ou serviços das entidades educacionais, desde 
que não tenham fins lucrativos. Alternativa errada. 
IMUNIDADE Art. 
150, VI, “c”
Impostos
Patrimônio/Renda/S
erviços
Partidos Políticos
Sindicato Trab.
Inst. Educacionais
Inst. Assistenciais
Abrange IOF
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
24
94
Alternativa D: Realmente, a imunidade prevista no art. 150, VI, "c", aplica-se aos bens, rendas e serviços 
relacionados às atividades essenciais dos partidos políticos. Alternativa correta. 
Alternativa E: A imunidade tributária exclui parte da competência tributária, impedindo, porordenança 
constitucional, a cobrança de impostos sobre determinadas pessoas ou bens. Alternativa errada. 
Gabarito: Letra D 
(ICMS-PE/2014) A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos 
somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada, se não houver contribuição dos 
beneficiários. 
Comentário: De acordo com a Súmula 730, do STF, a imunidade tributária conferida a instituições de 
assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades 
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. 
Gabarito: Correta 
(ICMS-SP/2013) A imunidade tributária conferida a instituições de assistência social sem fins lucrativos pela 
Constituição Federal somente alcança as entidades fechadas de previdência social privada se não houver 
contribuição dos beneficiários. 
Comentário: De acordo com a Súmula 730, do STF, a imunidade tributária conferida a instituições de 
assistência social sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, c, da Constituição, somente alcança as entidades 
fechadas de previdência social privada se não houver contribuição dos beneficiários. 
Gabarito: Correta 
 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
25
94
Imunidade Cultural 
O art. 150, VI, d, da CF/88, estabelece que é vedado a todos os entes federados instituírem impostos 
sobre os livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão. 
 Trata-se da imunidade cultural – também denominada imunidade de imprensa – cujo principal 
objetivo é favorecer o acesso aos meios culturais, como livros, jornais e periódicos. 
 De imediato, percebemos uma grande diferença entre as demais imunidades já vistas durante a aula 
e a cultural: esta é objetiva, incidindo sobre “coisas”, ao passo que as demais são subjetivas, sendo 
parâmetro para concessão a “pessoa”. 
 Seguindo essa linha de entendimento, poderíamos dizer que a imunidade não alcança o Imposto de 
Renda, por exemplo, incidente sobre os lucros auferidos pelas editoras. No mesmo sentido, as operações 
financeiras realizadas pelas empresas que industrializam tais produtos não podem ser imunizadas do IOF 
(STF, RE 504.615-AgR). 
 Vistos os conceitos iniciais da imunidade cultural, é necessário que conheçamos a jurisprudência a 
ela atinente, sendo de suma importância para as provas de concurso público. 
Assim sendo, a jurisprudência consagrada no STF era a de que, além dos livros, jornais, periódicos e o papel 
destinado à sua impressão, também estavam imunes os outros insumos assimiláveis ao papel. Foi nessa 
linha que o STF demonstrou, por meio da Súmula 657, que a imunidade cultural abrange os filmes e papéis 
fotográficos necessários à publicação de jornais e periódicos: 
 
Súmula STF 657 - A imunidade prevista no art. 150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis 
 Além disso, não há que se falar em análise do valor cultural, como requisito para conceder a 
imunidade. De acordo com o STF, “os álbuns de figurinhas e os respectivos cromos adesivos estão 
alcançados pela imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal”. 
 Ainda no que diz respeito à imunidade cultural, destacamos a Súmula Vinculante 57, que diz que 
os livros eletrônicos e os suportes próprios para sua leitura são alcançados pela imunidade. Assim, 
podemos dizer que não apenas os livros digitais (e-books), mas também os denominados e-readers, isto é, 
equipamentos eletrônicos elaborados exclusivamente para viabilizar o acesso aos livros digitais: 
Súmula Vinculante 57 - A imunidade tributária constante do artigo 150, VI, d, da CF/88 aplica-se 
à importação e comercialização, no mercado interno, do livro eletrônico (e-book) e dos suportes 
exclusivamente utilizados para fixá-los, como leitores de livros eletrônicos (e-readers), ainda que 
possuam funcionalidades acessórias 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
26
94
==2ae12==
 
 
 
(MPE-CE-Promotor de Justiça/2020) Livros e jornais gozam de isenção tributária. 
Comentário: O que se tem é um caso de imunidade, prevista no art. 150, VI, "d", da CF/88, que não pode ser 
confundida com isenção, sendo esta prevista sempre em lei. 
Gabarito: Errada 
 
IMUNIDADE 
CULTURAL Impostos
Livros, Jornais e 
Periódicos
Papel destinado sua 
impressão
Não Abrange: Encartes de 
propag./Serv. Composição 
Gráfica
Abrange: Álbum de 
Figurinhas/
Apostilas/Filmes e papéis 
fotográficosAs pessoas jurídicas não
estão protegidas.
Incide: IOF/IR/ISS
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
27
94
Imunidade em favor da produção musical brasileira 
 Nesse momento, vamos tratar de uma emenda constitucional, que acrescentou mais uma imunidade 
ao texto constitucional, que afeta diretamente o tema estudado na aula de hoje. Trata-se da EC 75/2013, 
cujo projeto foi denominado PEC da Música. Vamos ver o que diz o seu texto: 
“Art. 1º O inciso VI do art. 150 da Constituição Federal passa a vigorar acrescido da seguinte 
alínea e: 
VI . instituir impostos sobre: 
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais 
ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas 
brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo 
na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.” 
O que isso significa? A emenda trouxe mais uma imunidade tributária. 
Sabendo-se que imunidade é uma forma de não incidência constitucionalmente qualificada, qual seria, 
portanto, a limitação imposta ao Estado pela EC 75/2013? Ora, está vedado a todos os entes federativos 
instituir impostos (e não tributos, como as bancas adoram cobrar) sobre fonogramas e videofonogramas 
musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras 
em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os 
contenham. 
Destaque-se que a etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser foi excepcionada, não 
estando imune aos impostos. 
Para facilitar a memorização de tal exceção, faz-se necessário entender o motivo de ela ter sido incluída no 
texto constitucional. Levando em consideração que a grande maioria dos CDs e DVDs fabricados no Brasil sai 
da Zona Franca de Manaus, o que houve foi a tentativa de manter aquele pólo industrial atrativo para as 
empresas. 
Explique-se melhor: caso o processo de replicação se tornasse imune, não haveria motivo para as fábricas 
responsáveis por esta etapa industrial continuarem instaladas naquela longínqua região já que, o benefício 
fiscal lá concedido, hoje estaria imune em todo o território nacional. Entendeu? 
O principal aspecto sobre essa novidade é saber como as bancas podem cobrar este assunto. Eu diria que 
elas vão permanecer estendendo aos tributos a imunidade que só abrange impostos, considerando incorreta 
a assertiva. 
Outra possibilidade é cobrar a exceção que nós vimos (sobre a replicação das mídias), bem como a restrição 
de que apenas os fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil e que contenham obras 
de autores brasileiros – e/ou interpretadas por artistas brasileiros – estão imunes aos impostos. 
 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
28
94
 Enfim, você deve saber o seguinte: 
1. Os fonogramas e videofonogramas devem ser produzidos no Brasil; 
2. As obras não precisam ser dos autores brasileiros. Entretanto, devem ser, no mínimo, 
interpretadaspor artistas brasileiros; 
3. Abrange os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham; 
4. A etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser não está imune. 
 
 
(TCM-GO-Auditor de Controle Externo/2015) De acordo com a Constituição Federal, é vedado aos 
Municípios instituir 
a) impostos e contribuições sobre patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, especificamente 
naquilo que se relaciona com as finalidades essenciais dessas entidades. 
b) impostos e taxas sobre patrimônio, renda ou serviços, da União, dos Estados e do Distrito Federal e de 
outros Municípios. 
c) impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou 
literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros. 
d) tributos sobre templos de qualquer culto, no que diz respeito ao patrimônio, renda e serviços, 
relacionados ou não com as suas finalidades essenciais. 
e) impostos sobre livros, jornais, periódicos, papel, tinta e demais insumos empregados na sua impressão. 
Comentário: 
Alternativa A: A imunidade dos partidos políticos abrange apenas os impostos sobre seu patrimônio, renda 
ou serviços. Alternativa errada. 
Alternativa B: A imunidade recíproca abrange apenas os impostos, não alcançando as taxas. sobre 
patrimônio, renda ou serviços. Alternativa errada. 
Alternativa C: De fato, o texto constitucional impede a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
de instituírem impostos sobre fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras 
musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros. 
Alternativa correta. 
Alternativa D: A imunidade religiosa somente alcança os impostos e, ainda, apenas no que se refere ao 
patrimônio, renda e serviços, relacionados com as suas finalidades essenciais. Alternativa errada. 
Alternativa E: A imunidade cultural abrange apenas os impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel 
destinado à sua impressão, e materiais assimiláveis ao papel, porém não de forma ampla, alcançando todo 
e qualquer insumo. Alternativa errada. 
Gabarito: Letra C 
 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
29
94
==2ae12==
OUTRAS ESPÉCIES DE IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS 
 Além das imunidades até agora estudadas, há várias outras espalhadas pela Constituição. 
 Em alguns casos, como no art. 195, § 7, o texto constitucional trata tais limitações ao poder de tributar como 
isenção. Não obstante tais previsões, de acordo com o STF, são consideradas imunidades. 
Como já vimos, a isenção seria a dispensa legal do pagamento do tributo, e não um preceito constitucional, 
condicionando o exercício da competência tributária. 
Feitas tais observações e revisões, seguem abaixo as demais imunidades mencionadas no corpo do texto 
constitucional: 
 São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: (a) o direito de petição aos Poderes 
Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; (b) a obtenção de certidões em repartições 
públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal (art. 5°, XXXIV); 
 Ação popular, salvo comprovada má-fé, é isento (imune) de custas judiciais, as quais são consideradas taxas pelo 
STF (art. 5°, LXXIII); 
 São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a certidão de 
óbito (art.5°, LXXVI); 
 São gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da 
cidadania (art. 5°, LXXVII); 
 As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico não incidirão sobre as receitas decorrentes de 
exportação (art. 149, §2°, I); 
 O IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior (art. 153, §3°, III); 
 O ITR não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore o proprietário que não 
possua outro imóvel (art. 153, §3°, II); 
 O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujeita-se exclusivamente à 
incidência do IOF, sendo imune de qualquer outro tributo (art. 153, §5°); 
 O ICMS não incidirá (art. 155, §2°, X): 
a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no 
exterior; 
b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e 
gasosos dele derivados, e energia elétrica; 
c) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e de sons e imagens de 
recepção livre e gratuita; 
 À exceção do II, IE e ICMS nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, 
serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (art. 155, §3°); 
Observação: A imunidade se refere a todos os demais impostos, com exceção do II, IE e ICMS. 
Nesse sentido, vejamos uma importante súmula do STF: 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
30
94
Súmula STF 659 - É legítima a cobrança da COFINS, do PIS e do FINSOCIAL sobre as operações 
relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e 
minerais do País. 
 O ITBI não incidirá sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em 
realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou 
extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e 
venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil (art. 156, §2°,I); 
 São isentas (imunes) de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis 
desapropriados para fins de reforma agrária (art. 184, §5°); 
 A contribuição previdenciária não incide sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de 
previdência social (art. 195, II); 
 São isentas (imunes) de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social 
que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, §7°); 
 A celebração do casamento é gratuita, portanto, imune a taxas (art. 226, § 1º). 
Antes que você se desespere, pensando que não vai conseguir decorar tudo isso, posso garantir que, durante o 
curso, veremos todas as principais imunidades que são cobradas nas provas de Direito Tributário (as que foram 
inseridas dentro do capítulo que se dedica ao trato do Sistema Tributário Nacional). 
Portanto, à medida que formos explicando a matéria, você verá que a “decoreba” será quase que natural. Não se 
desespere, pois o objetivo deste tópico é que você tenha conhecimento da existência de tais imunidades. Tudo bem? 
Antes de partirmos para as questões, vamos estudar a seguir a imunidade prevista no art. 195, § 7º. 
 
3.1 – A imunidade das entidades assistenciais, relativas a 
contribuição para a seguridade social 
 Digno de tópico específico, sobretudo por ser cobrado com certa riqueza de detalhes pelas bancas 
examinadoras, o art. 195, § 7º, da CF/88, estabelece o seguinte: 
Art. 195 - (...): 
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de 
assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. 
 Inicialmente, cumpre-nos destacar que, muito embora o legislador constituinte tenha dito que tais entidades 
são “isentas”, podemos afirmar, com base nos conceitos vistos no início da aula, que se trata de imunidade (STF, 
RMS 22.192/DF). 
Observação: Tenha muito cuidado com as questões literais, que podem transcrever a literalidade 
do texto constitucional, algo que será indubitavelmentecorreto. 
 Destaque-se que o benefício é concedido às entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de 
prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, conforme prevê o art. 1º, da Lei 
12.101/2009: 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
31
94
Art. 1º - A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de 
contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas jurídicas de direito privado, 
sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a 
finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que 
atendam ao disposto nesta Lei. 
 
Não são imunes apenas as entidades com a finalidade de prestação de serviços na área de 
assistência social, mas também na área da saúde ou educação. 
 
 Cabe ressaltar também que o art. 2º da mesma norma dispõe que tais entidades deverão obedecer ao 
princípio da universalidade do atendimento, sendo vedado dirigir suas atividades exclusivamente a seus 
associados ou a categoria profissional. 
 Para gozar da imunidade prevista no art. 195, § 7º, a Lei 12.101/2009 estabelece que a entidade beneficente 
deve estar certificada e que, para isso (certificação ou renovação), é necessário observar os seguintes requisitos : 
Art. 3º - A certificação ou sua renovação será concedida à entidade beneficente que demonstre, 
no exercício fiscal anterior ao do requerimento, observado o período mínimo de 12 (doze) meses 
de constituição da entidade, o cumprimento do disposto nas Seções I, II, III e IV deste Capítulo, de 
acordo com as respectivas áreas de atuação, e cumpra, cumulativamente, os seguintes requisitos: 
I - seja constituída como pessoa jurídica nos termos do caput do art. 1º; e 
II - preveja, em seus atos constitutivos, em caso de dissolução ou extinção, a destinação do 
eventual patrimônio remanescente a entidade sem fins lucrativos congêneres ou a entidades 
públicas. 
Parágrafo único. O período mínimo de cumprimento dos requisitos de que trata este artigo 
poderá ser reduzido se a entidade for prestadora de serviços por meio de contrato, convênio ou 
instrumento congênere com o Sistema Único de Saúde (SUS) ou com o Sistema Único de 
Assistência Social (Suas), em caso de necessidade local atestada pelo gestor do respectivo 
sistema. (Redação dada pela Lei nº 12.868, de 2013) 
Observação: As sessões I, II, III e IV trazem regras específicas sobre a certificação das entidades da 
área da saúde, assistência social e educação, fugindo do escopo desse curso. 
 O certificado ao qual estamos nos referindo é o CEBAS (Certificado de Entidade Beneficente de Assistência 
Social). Trata-se de um certificado que, basicamente, comprova que a entidade preenche as condições de 
constituição e funcionamento, que devem ser atendidas para que a entidade receba o benefício constitucional. 
 Retornando à redação do dispositivo constitucional (art. 195, § 7º), é dito que a imunidade só alcança as 
entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. Neste momento, uma 
pergunta que deve ser feita é a seguinte: a lei exigida pelo constituinte seria ordinária ou complementar? 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
32
94
 Da mesma forma, como foi explicado na imunidade prevista no art. 150, VI, c, da CF/88 (já estudada por nós), 
você deve memorizar o seguinte: 
Lei Ordinária  Fixação de normas sobre a constituição e o funcionamento da entidade 
educacional ou assistencial imune (Requisitos formais para o gozo da imunidade); 
Lei Complementar  Lindes da imunidade (Condições materiais para o gozo da imunidade) 
 
Observação: De acordo com o art. 146, II, cabe à lei complementar regular as limitações 
constitucionais ao poder de tributar. A imunidade, como já estudamos, é uma limitação ao poder 
de tributar. 
 
Por analogia, a lei complementar aplicável ao caso é aquela prevista no art. 14 do CTN, que se 
refere à imunidade do art. 150, VI, c. 
 Destaque-se que a emissão do CEBAS significa o mero reconhecimento de que a entidade preenche as 
condições de constituição e funcionamento, estando apta a gozar da imunidade prevista no art. 195, § 7º, da CF/88. 
Portanto, os requisitos para receber o CEBAS podem ser definidos em lei ordinária (Lei 12.101/2009). 
 Sendo assim, o STF (RMS 27.093/DF) entende que não ofende a CF/88 a exigência de emissão e renovação 
periódica do CEBAS. Neste caso, não há direito adquirido ao regime jurídico relativo à imunidade tributária, isto é, 
em caso de renovação, a entidade se sujeita às novas leis que porventura tenham alterado os requisitos e condições 
para renovação do CEBAS. 
 Explique-se melhor: para a emissão do CEBAS, a entidade deve se adequar aos requisitos legais naquele 
momento. Posteriormente, na época da renovação, não há alegação de direito adquirido ao regime jurídico 
anterior, ou seja, devendo se sujeitar à legislação superveniente. 
 Além disso, o STF também decidiu que a exigência de renovação periódica do CEBAS não ofende o disposto 
no art. 146, II, da CF/88, que reserva à lei complementar regulação das limitações ao poder de tributar. 
 Nesse contexto, é válido citar a Súmula 352 do STJ: 
Súmula STJ 352 - A obtenção ou a renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência 
Social (Cebas) não exime a entidade do cumprimento dos requisitos legais supervenientes. 
 Cabe ressaltar que a Lei 12.101/2009 também determina alguns requisitos para fruição da imunidade, 
previstos em seu art. 29. Ao que parece, o legislador ordinário segue à risca o previsto na CF/88, entendendo tratar-
se de isenção, e não de imunidade. Isso porque, se considerasse o dispositivo como imunidade que é, deveria haver 
lei complementar para regular os requisitos para o gozo da cláusula de não incidência constitucionalmente 
qualificada. Em vista dessa problemática, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (CFOAB) propôs, no 
Supremo Tribunal Federal (STF), a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4891, pendente de julgamento. 
Ressaltamos o entendimento do STF no sentido de que a entidade que satisfaz os requisitos da lei, faz jus à 
imunidade, não podendo ser obstada por autoridade administrativa, com o objetivo de restringir a eficácia do 
disposto no art. 195, § 7º, da CF/88 (norma que prevê a imunidade): 
Fábio Dutra
Aula 02
IFPA (Contador) Noções de Tributos - 2021 (Pós-Edital)
www.estrategiaconcursos.com.br
17563469816824272 - nazareno soares da silva
33
94
==2ae12==
 
A Associação Paulista da Igreja Adventista do Sétimo Dia, por qualificar-se como entidade beneficente de 
assistência social - e por também atender, de modo integral, as exigências estabelecidas em lei - tem 
direito irrecusável ao benefício extraordinário da imunidade subjetiva relativa às contribuições 
pertinentes à seguridade social. 
(...) 
Tratando-se de imunidade - que decorre, em função de sua natureza mesma, do próprio texto 
constitucional -, revela-se evidente a absoluta impossibilidade jurídica de a autoridade executiva, 
mediante deliberação de índole administrativa, restringir a eficácia do preceito inscrito no art. 195, § 
7º, da Carta Política, para, em função de exegese que claramente distorce a teleologia da prerrogativa 
fundamental em Referência, negar, à entidade beneficente de assistência social que satisfaz os requisitos 
da lei, o benefício que lhe é assegurado no mais elevado plano normativo. 
 
(STF, Primeira Turma, RMS 22.192/DF, Rel. Min. Celso de Mello, Julgamento em 28/11/1995) 
Por último, e não menos importante, temos uma Súmula do STJ, que trata da possibilidade do reconhecimento de 
imunidade retroativo, caso a entidade possua o CEBAS: 
Súmula STJ 612 -

Continue navegando