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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BELO HORIZONTE BÁRBARA RAFAELA SILVA PEREIRA JACKELINE CRISTINA IZIDÓRIO JÉSSICA NATÁLIA COELHO NATIELLE ISABELLA SANTANA MOURA REBHECA SILVA AMORIM DIAS RÚBIA ATALLANTA DE OLIVEIRA ANDRADE SÔNIA MARIA DE SOUZA DIAS SER PROFISSIONAL PEDAGOGO: caminhos e perspectivas BELO HORIZONTE 2012 BÁRBARA RAFAELA SILVA PEREIRA JACKELINE CRISTINA IZIDÓRIO JÉSSICA NATÁLIA COELHO NATIELLE ISABELLA SANTANA MOURA REBHECA SILVA AMORIM DIAS RÚBIA ATALLANTA DE OLIVEIRA ANDRADE SÔNIA MARIA DE SOUZA DIAS PEDAGOGO NO MUSEU: buscando através do conhecimento, a prática da liberdade Trabalho apresentado ao Centro Universitário de Belo Horizonte como exigência parcial da disciplina Trabalho Interdisciplinar de Graduação (TIG), do 1º Ciclo, Módulo B, do Curso de Pedagogia. Professora Orientadora: Maria da Conceição Passos Silva. BELO HORIZONTE 2012 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4 2 DESENVOLVIMENTO ......................................................................................... 6 2.1 História da Pedagogia ................................................................................... 6 2.2 O Pedagogo nos espaços não escolares ...................................................... 9 2.3 A atuação dos pedagogos nos centros de promoção da cultura ................. 11 2.4 Pedagogo no Museu: buscando através do conhecimento, a prática da liberdade. .............................................................................................................. 12 2.5 Relação entre educação e o processo cultural-museológico ....................... 14 2.6 O papel social e educacional dos museus .................................................. 16 2.7 O museu e os trabalhos da inclusão ........................................................... 16 2.8 Entrevistas com pedagogos atuantes no ambiente museal ......................... 19 2.8.1 Pedagoga ‘A’, atuante no Museu de Artes e Ofícios (MAO).................. 20 2.8.2 Pedagoga ‘B’, atuante no Museu dos Brinquedos. ............................... 23 3 CONCLUSÃO .................................................................................................... 26 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 28 ANEXOS .................................................................................................................. 30 ANEXO A – Fotos da fachada dos Museus, 2012. ................................................ 31 4 1 INTRODUÇÃO O conceito de Pedagogia está diretamente ligado à educação. Este surgiu ao longo da história da civilização ocidental, na forma de instituir o processo educativo. Em tempos passados, a educação formal tinha como objetivo levar as camadas populares ao aprendizado da leitura e da escrita. Já na educação não formal, o cidadão deve ser pensado não só na sua individualidade, mas também no coletivo. O indivíduo deve interagir com outras pessoas, em situações diferentes do seu cotidiano e em ambientes distintos daqueles que estes já estão acostumados, buscando levá-los a produção de novos conhecimentos e aprendizagens. O pedagogo está apto a atuar em âmbitos escolares e não escolares, como, por exemplo, na cultura, pode-se citar: museus; centros culturais; teatros; casas de espetáculo e muitos outros, difundindo a cultura e fazendo dela um espaço de socialização e inclusão entre os indivíduos. A cultura popular tem como objetivo levar o povo a uma consciência política. A expressão cultura política pode ter muito significados, entre eles estão à cultura moderna, tradicional e cultura democrática. O pedagogo é, na teoria, o promotor da democracia e deve ter em mente que a educação é direito de todos (distinções não são aceitas) e tem como objetivo ser totalmente inclusiva, para fortalecer a formação dos cidadãos. Para o subtema do trabalho, definiu-se a seguinte proposta: “Pedagogo no Museu: buscando através do conhecimento, a prática da liberdade”. A escolha do subtema deu-se pelas possibilidades que o pedagogo e a cultura têm de proporcionar ao homem, liberdade através do conhecimento cultural, e assim, contribuir para o seu desenvolvimento pessoal. A pergunta inicial proposta para a elaboração do trabalho foi: Qual o papel do pedagogo dentro dos espaços museais e quais os benefícios proporcionados a comunidade com a presença desse profissional inserido nesta área? Assim, definem-se como objetivo geral do estudo: Compreender o papel do pedagogo dentro dos centros culturais e os benefícios relacionados com tais práticas 5 para a vida social e educacional da comunidade. E como objetivos específicos: levantar o papel do pedagogo nos centros culturais, dando maior enfoque aos museus; citar os benefícios de sua atuação para a comunidade; e identificar o perfil necessário ao pedagogo que atua em centros de promoção da cultura e espaços museais. A metodologia do trabalho será desenvolvida através de pesquisas bibliográficas, e de entrevistas com pedagogos atuantes nos centros museais e visitas técnicas. 6 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 História da Pedagogia Segundo a Nova Enciclopédia Barsa (1999, p. 203), Pedagogia é ciência da educação e tem como objetivo a reflexão, a crítica, a ordenação e sistematização do processo educativo. O curso de pedagogia no Brasil, no início, teve como principal objetivo os processos educativos e a gestão educacional. Com base no Decreto-Lei nº 1.190/1939 era o lugar de formação de técnicos em educação, ou seja, professores dos anos iniciais com estudos em Pedagogia que, através de concurso, podiam atuar na administração, no planejamento de currículos, orientação a professores, inspeção escolar, avaliação de professores / alunos e também, com pesquisas e desenvolvimento tecnológico da área no Ministério da Educação, nas secretarias do Estado e Município. Segundo Libâneo (1996, p. 116-117) Pedagogo é o profissional que atua em várias instâncias da prática educativa, direta ou indiretamente ligadas à organização e aos processos de transmissão e assimilação ativa de saberes e modos de ação, tendo em vistos formação histórica. Em outras palavras, pedagogo é um profissional que lida com fatos, estruturas e contextos, situações referentes à prática educativa em suas várias modalidades e manifestações. Em 1939, ficou estabelecido que o título de bacharel fosse oferecido àqueles que cursassem três anos de estudo contidos na área, tais como fundamentos e teorias educacionais; ao término do bacharelado, seria consentida a licenciatura a quem dedicasse um ano de estudos à Didática e a Prática de Ensino. Essa separação levava a entender que o bacharelado formava o técnico em educação, já a licenciatura formava o professor. Esse esquema de ensino ficou conhecido como “3+1”. No ano de 1961, definiu-se que o curso de bacharelado em pedagogia abrigaria no seu currículo mínimo, sete disciplinas indicadas pelo Conselho Federal de Educação (CFE) e mais duas escolhidas pelas instituições. Essa definição deu-se pela necessidade de padronização do conteúdo em todo o território nacional dentro do 7 curso, para que em caso de transferência, por exemplo, o aluno não se prejudicasse. Com a chegada do Parecer CFE nº 292/1962, a licenciatura passou a conter três disciplinas: Psicologia da Educação, Elementos de Administração Escolar, Didática e Prática de Ensino (por meio de estágio supervisionado). A diferenciação entre bacharelado e licenciatura permaneceu. Como consequência do desenvolvimento social e econômico do país, mais pessoas passaram a ter acesso às escolas, então surgiu à necessidade de qualificar odocente, para melhor orientação na aprendizagem de crianças e adolescentes e, também, para cargos de direção e assessoramentos em geral. No início da década de 1980, as instituições reformularam seus planos curriculares, com o intuito de formar na Pedagogia, professores para trabalhar com crianças, jovens, adultos e funções como especialistas. Como sempre, no centro das preocupações estavam os processos de ensinar, aprender, além do de gerir escolas. A atuação do pedagogo escolar é imprescindível na ajuda aos professores no aprimoramento do seu desempenho na sala de aula (conteúdos, métodos, técnicas, formas de organização da classe), na análise e compreensão das situações de ensino com base nos conhecimentos teóricos, ou seja, na vinculação entre as áreas de conhecimento pedagógico e o trabalho de sala de aula. (LIBÂNEO, 1996, p. 127) Os movimentos sociais têm insistido em demonstrar a existência de uma demanda ainda pouco atendida, no sentido de que os estudantes de Pedagogia sejam também formados para garantir a educação, com vistas à inclusão plena, dos segmentos historicamente excluídos dos direitos sociais, culturais, econômicos e políticos. Art. 3º O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III - a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. (RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, 2006, p.11). 8 O curso de Pedagogia tem como finalidade formação de profissionais e pesquisadores da área da educação com o avanço da demanda e exigências curriculares. Apresentando princípios na organização curricular, podendo planejar, avaliar a formação acadêmica, acompanhar o padrão de qualidade. [...] não se pode formar o educador com partes desconexas de conteúdos, principalmente quando essas partes representam tendências opostas em educação: uma tendência generalista e outra tecnicista. Essas tendências [...] a primeira que exclusivamente na parte comum, considera que ela se caracteriza, “grosso modo”, pela desconsideração da educação concreta com objetivo principal e pela centralização inadequada nos fundamentos em si (isto é, na psicologia e não na educação; na filosofia e não na educação, e assim por diante). A segunda, por sua vez, é identificada com as habilitações, consideradas como especializações fragmentadas. Obscurecendo seu significado de simples divisão de tarefas do todo que é a ação educativa escolar. (BISSOLI DA SILVA, 1999, p. 70). A resolução CNE/CP nº 1, de 15 de maio de 2006 define que: Art. 2º As Diretrizes Curriculares para o curso de Pedagogia aplicam-se à formação inicial para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos. § 1º Compreende-se a docência como ação educativa e processo pedagógico metódico e intencional, construído em relações sociais, étnico- raciais e produtivas, as quais influenciam conceitos, princípios e objetivos da Pedagogia, desenvolvendo-se na articulação entre conhecimentos científicos e culturais, valores éticos e estéticos inerentes a processos de aprendizagem, de socialização e de construção do conhecimento, no âmbito do diálogo entre diferentes visões de mundo. § 2º O curso de Pedagogia, por meio de estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica, propiciará: I - o planejamento, execução e avaliação de atividades educativas; II - a aplicação ao campo da educação, de contribuições, entre outras, de conhecimentos como o filosófico, o histórico, o antropológico, o ambiental- ecológico, o psicológico, o linguístico, o sociológico, o político, o econômico, o cultural. Art. 3º O estudante de Pedagogia trabalhará com um repertório de informações e habilidades composto por pluralidade de conhecimentos teóricos e práticos, cuja consolidação será proporcionada no exercício da profissão, fundamentando-se em princípios de interdisciplinaridade, contextualização, democratização, pertinência e relevância social, ética e sensibilidade afetiva e estética. Parágrafo único. Para a formação do licenciado em Pedagogia é central: I - o conhecimento da escola como organização complexa que tem a função de promover a educação para e na cidadania; II - a pesquisa, a análise e a aplicação dos resultados de investigações de interesse da área educacional; III - a participação na gestão de processos educativos e na organização e funcionamento de sistemas e instituições de ensino. (p.11) 9 2.2 O Pedagogo nos espaços não escolares O Pedagogo se insere neste novo contexto social, percebendo sua relação em diferentes espaços [...] Verifica-se hoje, uma ação pedagógica múltipla na sociedade. O pedagógico perpassa toda a sociedade, extrapolando o âmbito escolar formal, abrangendo esferas mais amplas da educação informal e não-formal. (LIBÂNEO, 2002, p.28) Segundo Gohn (2010), a educação não formal é aquela que o educador é o “outro”, onde o conhecimento é adquirido através da interação com o indivíduo e sua aprendizagem se faz a partir da cultura e das experiências dos demais. Além disso, há intencionalidade na ação de participar e interagir com o outro, que é a troca de saberes e os conhecimentos adquiridos ao longo da vida. A educação não formal acontece na sociedade, podendo ou não estar inserida no ambiente escolar. É necessário enxergar na profissão de educador a capacidade de apresentar às pessoas um mundo novo, repleto de possibilidades. Para tal, é preciso relacionar a democratização do conhecimento ao exercício do pensar; refletir e criar para que o sujeito seja capaz de assumir sua autonomia perante a sociedade, ou seja, possibilitar através da curiosidade, instigação e pesquisas o verdadeiro aprendizado, permitindo que todos sejam sujeitos do processo educacional, diferente do ato de reproduzir informações. Dessa forma, a educação em espaços não escolares vem confirmar esta discussão que vivenciamos. A atuação do pedagogo ultrapassa o espaço escolar, que até pouco tempo, era seu espaço (restrito) de trabalho, para se inserir num novo âmbito de atuação com uma visão redefinida da atuação deste profissional. (NOGUEIRA, 2009, s/p) O pedagogo dentro da área não formal atua como um facilitador que colabora para o desenvolvimento da instituição onde se encontra, possui a habilidade de transformar os métodos já existentes para melhorar a gestão dos colaboradores, constrói uma base para o desenvolvimento das pessoas levando em conta os valores sociais, morais e culturais de cada indivíduo e do seu local de interação. Com o desenvolvimento e a possibilidade de flexibilização, percebe-se um novo campo de atuação para o pedagogo onde este não ensina o trabalho em si, mas ensina o caminho do querer saber, sendo por meio do instigamento e do despertar da curiosidade do educando. O pedagogo não possui formação para ensinar o trabalho, mas sim, para estimular a busca pelo conhecimento, a construção do cidadão criativo e ativo dentro do seu ambiente de trabalho e da sociedade. 10 Hoje o mercado não precisa mais do trabalhador mecanizado e sim do trabalhador que inova e transforma seutrabalho. Assim, os campos de atuação do pedagogo não escolar são diversos, uma vez que este é bem preparado para assumir funções que, até pouco tempo atrás, não eram reconhecidas como sendo dele. Com isso, pode-se citar como campos de atuação do profissional pedagogo não formal: Empresas, hospitais, ONGs, associações, igrejas, eventos, emissoras de transmissão (rádio e Tv), e outros formam hoje, o novo cenário de atuação deste profissional, que transpõe os muros da escola, para prestar seu serviço nestes locais que são espaços até então restritos a outros profissionais. Esta atual realidade vem quebrando preconceitos e idéias de que o pedagogo está apto apenas para exercer suas funções na sala de aula. (NOGUEIRA, 2009 s/p). Além destes relatados acima, como exemplo de atuação não formal do pedagogo, pode-se citar ainda o trabalho educativo e libertador desenvolvido em museus, que têm diante de si a tarefa de reinventar sua identidade sociocultural e exercer projetos educativos capazes de acolher a todos, de modo democrático e inclusivo. Enfim, o espaço não escolar foi aberto para o pedagogo devido a este profissional possuir competências relevantes em sua formação, possibilitando-o colaborar dentro de empresas e outros ambientes diferentes da escola, como assim define a Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE / CP), nº 1, publicada em 15 de maio de 2006, que diz que: Art. 5º O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a: IV - trabalhar, em espaços escolares e não-escolares, na promoção da aprendizagem de sujeitos em diferentes fases do desenvolvimento humano, em diversos níveis e modalidades do processo educativo. Segundo Adão Myszak (1994, s/p), “a civilização é o aperfeiçoamento do homem pela educação.” Sendo assim, faz-se necessário que como todas essas transformações do mercado de trabalho também se transforme as concepções dos pedagogos. É imprescindível que se tenha a consciência do dever de acompanhar o desenvolvimento que hoje existe e que são gerados pela globalização e pelo avanço tecnológico para que esse se mantenha em constante aperfeiçoamento e melhorando cada vez mais o seu potencial competitivo, visando sempre à ampliação do seu campo de trabalho e de conhecimento, além da criação de novas possibilidades de atuação. 11 2.3 A atuação dos pedagogos nos centros de promoção da cultura A cultura está ligada a educação antes mesmo de ser compreendida como tal. Para ser entendido o conceito de cultura, cita-se a definição de Freire (1974), mencionado por Mizukami (1986, p.87): Cultura é todo o resultado da atividade humana, do esforço criador e recriador do homem, de seu trabalho por transformar e estabelecer relações dialogais com outros homens. [...] Neste sentido, é lícito dizer que o homem se cultiva e cria a cultura no ato de estabelecer relações, no ato de responder aos desafios que lhe apresenta a natureza, como também, ao mesmo tempo, de criticar, de incorporar a seu próprio ser e de traduzir por uma ação criadora a aquisição da experiência humana feita pelos homens que o rodeiam ou que o precederam. A educação pela cultura prioriza a formação humana do cidadão com saberes e conhecimentos. Essa é a maneira adequada de transmitir educação, pois estamos passando por um fenômeno educacional onde presenciamos o pedagogo abrindo cada vez mais o seu espaço de trabalho dentro do ambiente cultural-educacional. O pedagogo tem habilidades para trabalhar dentro da cultura com excelência, pois, conhece todo o processo de formação humana das pessoas e é esse o objetivo da cultura: educar de uma forma humana e não simplesmente transmitir o conteúdo. Busca-se sempre despertar a curiosidade, acompanhar o desenvolvimento do individuo sem buscar metas ou objetivos prontos. A função do pedagogo é estimular o desenvolvimento natural da pessoa por meio da liberdade de suas emoções, sempre respeitando os seus limites. Assim, a abordagem humanista ressalta que: [...] a educação sem liberdade resulta numa vida que não pode ser integralmente vivida. Tal educação ignora quase inteiramente as emoções da vida, e porque essas emoções são dinâmicas, a falta de oportunidade de expressão deve resultar, e resulta, em insignificância, em fealdade, em hostilidade. Apenas a cabeça é instruída. Se as emoções tivessem livre expansão, o intelecto saberia cuidar de si próprio. (NEILL, 1963, p. 93) De agora em diante, o estudo será direcionado ao pedagogo no ambiente museal, buscando mostrar suas especificidades e as suas funções dentro do seu ambiente de trabalho não formal. 12 2.4 Pedagogo no Museu: buscando através do conhecimento, a prática da liberdade. A liberdade, que é uma conquista, e não uma doação exige permanente busca. Busca permanente que só existe no ato responsável de quem a faz. Ninguém tem liberdade para ser livre: pelo contrário, luta por ela precisamente porque não a tem. Ninguém liberta ninguém, ninguém se liberta sozinho, as pessoas se libertam em comunhão. (FREIRE, 1988, p.35) Segundo o Instituto de Patrimônio do Histórico e Artístico Nacional (Iphan) / Ministério da Cultura (Minc) os museus são apresentados como: [...] casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. Os museus são conceitos e práticas em metamorfose. Através de outro conceito, nota-se esse processo de mudanças através de uma pequena coleção de definições. Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, ao serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberto ao público, e que adquire, conserva, estuda, comunica e expõe testemunhos materiais do homem e do seu meio ambiente, tendo em vista o estudo, a educação e a fruição. (THE INTERNATIONAL COUNCIL OF MUSEUMS – ICOM, 2006, s/p). Transpor as barreiras entre museu e escola é de extrema importância. Pode-se classificar o museu como ambiente de formação, já que ele possibilita aos que trabalham nele e também aos que o visitam conhecer e inventar, através do seu acervo, novas realidades sociais. Segundo o educador Neill (1963, p. 141), praticante da teoria humanista, o ensino deve ser baseado na satisfação da pessoa, a felicidade está ligada a liberdade que o individuo possui, a aprendizagem deve ser estimulada em um ambiente de liberdade e de responsabilidade, todos têm o direito de expressão e interpretação voluntária. Com isso, Duarte (1993, p. 47) menciona que o processo de formação do indivíduo: [...] é, em sua essência, um processo educativo, no sentido lato do termo. O indivíduo se forma, apropriando-se dos resultados da história social e objetivando-se no interior dessa história, ou seja, sua formação se realiza através da relação entre objetivação e apropriação. Essa relação se efetiva sempre no interior de relações concretas com outros indivíduos, que atuam como mediadores entre ele e o mundo humano, mundo da atividade humana objetivada. A formação do individuo é, portanto, sempre um processo educativo, mesmo quando essa educação se realiza de forma espontânea, isto é, quando não há uma relação consciente (tanto de parte de quem se educa, quanto de parte de quem age como mediador) com o processo educativo que está se efetivando no interior de uma determinada prática social. http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&sqi=2&ved=0CB4QFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.iphan.gov.br%2F&ei=v2hgUPS6GIno9ATEv4DQCA&usg=AFQjCNEnNAJRtrYFP5nTEXwTkPgnKooNTw&sig2=12jNac4Y17FNcHOb7Hrf5Q http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&sqi=2&ved=0CB4QFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.cultura.gov.br%2F&ei=OGlgUOKzJZLI9QTwx4DwCQ&usg=AFQjCNEix4N5nrM0PmzK_yhv4Oo2svGwkg&sig2=yr2R-bnxnmy1okOE0CqQkg 13 O pedagogo atuando no museu tem comopossibilidade a formação profissional permanente, algo que não acaba nunca e ocorre em todos os ambientes por onde ele circula. Trabalhar nessa instituição permite ricas experiências, contatos e trocas de conhecimentos que possibilitam situações inovadoras, reinventadas e ainda, o exercício da aprendizagem. O museu será entendido como local de diálogo entre homens e o seu acervo, visando novas leituras do que é exposto, autoconfiança para conhecer e entender o que antes era desconhecido, construção de experimentações e práticas pedagógicas, produzindo e estimulando os diversos saberes, promovendo a transformação pessoal e social. Nestas instituições, muitos conhecimentos estão disponíveis, conceitos são formados e ampliados, o saber individual é mesclado aos saberes culturais diversos. A estética; a ciência; a arte e as emoções, presentes nos museus permitem o “aprender a aprender”, desenvolvem a capacidade de pensar, de enxergar o mundo de outra maneira, contribuindo para a expansão e democratização da educação. Nem todos têm as mesmas oportunidades, infelizmente a maior parte do saber é determinada pela estrutura social e cultural. A compreensão de que os processos educativos ocorrem na interação do homem com outros homens, bem com o seu mundo e a sua história, é necessária para a construção da Pedagogia no Museu, capaz de implantar um projeto de educação que, por meio de seu acervo; patrimônio e os demais elementos promova a criação de uma identidade cultural na sociedade. O que nos parece indiscutível é que, se pretendemos a libertação dos homens não podemos começar por aliená-los ou mantê-los alienados. A libertação autêntica, que é a humanização em processo, não é uma coisa que se deposita nos homens. Não é uma palavra a mais, oca, mistificante. É práxis, que implica a ação e a reflexão dos homens sobre o mundo para transformá-lo. (FREIRE, 1988, p.67). O saber do educador do museu, muitas vezes, tem como origem às experiências vividas na infância, os comportamentos de antigos professores, as práticas adquiridas em outras instituições museais e, claro, as representações que ele faz do papel do museu na sociedade, do seu próprio papel como profissional de comunicação e educação e das representações que ele tem do outro, ou seja, dos usuários do museu. Tudo isso gera perguntas e inquietações profissionais que, de maneira planejada ou espontânea, influenciam na prática. Como planejar a ação 14 educativa? Como receber o público? De que forma o ensino e a aprendizagem acontecem no museu? São algumas das perguntas feitas pelo educador, no momento de elaborar os projetos de ação educativa. É válido ressaltar que os profissionais da educação enfrentam, na maioria dos museus brasileiros, a escassez de recursos e de oportunidades para envolvimento efetivo em projetos de formação educativa. Algumas equipes contam com poucos profissionais, que têm que se desdobrar em seus afazeres cotidiano devido a uma série de razões, dentre elas: a expectativa de públicos diversos, a precariedade de recursos para inovação, à ausência de diálogo com os demais setores do museu e a falta de instrumentos e mecanismos de avaliação de seu próprio trabalho. Outras equipes, ainda, são submetidas pelos museus à lógica da produtividade (mais público, mais comissões), o que contribui para precarização de suas condições de trabalho, diálogo e de formação. Durante muitos anos, a ação educativa ocupava papel secundário na concepção, organização e funcionamento dos museus. Ao término dos processos de planejamento e execução dos projetos e exposições, os educadores eram substituídos por pessoas, quase sempre sem conhecimento sobre o acervo, que recepcionavam o público e atuavam como guias, tudo isso, sem nenhum direcionamento específico. Em decorrência de transformações vivenciadas pelos educadores e museus, a concepção acerca das finalidades e mecanismos da ação educativa vem se modificando e a educação passou a ser percebida, pelos museus, não só como campo importante, mas como um dos elementos fundamentais para atingir os objetivos sociais do museu. 2.5 Relação entre educação e o processo cultural-museológico O museu e a educação possibilitam pensar nas ações do homem sobre o mundo, sendo estes os resultantes deste processo. Levando-se em conta que o processo museológico tem significado de avanço, esta gera a atividade reflexiva que pretende obter conhecimento de algo que está relacionado a mudanças de acordo com o sistema. O meio educacional está voltado a uma visão transformadora do sujeito e 15 do mundo. "A educação pode ser compreendida como processo de formação da competência humana, com qualidade formal e política, encontrando no conhecimento inovador a alavanca principal da interação da ética" (DEMO, 1996, p.01). A abertura de novos conhecimentos e novas diversidades são alguns dos objetivos desta parceria, que busca envolver e interagir as áreas de conhecimentos. Desta forma consideramos a troca de conhecimentos na relação de educação formal e educação não formal, que são produzidas através de reflexões e conhecimentos que nós produzimos. Os processos educativos tem um cárater contínuo e permanente que não se esgotam. Deve-se reconhecer que as aprendizagens que adquirimos não se reduzem àquelas que são oferecidas pela escola, mas sim, a incorporação daquilo que aprendemos através de nossa vivência na comunidade e pela troca de experiências que nos é proporcionada ao nos relacionarmos com aqueles que fazem parte de nossas vidas. O patrimônio cultural é suporte para que a ação educativa seja aplicada levando em conta os retrospectos culturais de vários indivíduos e as suas condições. Isso resulta em várias relações em que a ciência, cultura e tecnologia se vêm unidas em um só local, possibilitando a reprodução de cada momento histórico e as suas evoluções no decorrer da trajetória do mundo e do homem. Assim sendo, a escola passa a ser uma instituição que faz parte do patrimônio cultural. Ao longo do tempo, esta também é alimentada por diversos patrimônios culturais, mantendo uma relação de construção e reconstrução do conhecimento. A educação alimenta-se da tradição, além de manter e estimular os valores herdados, como afirma Sacristán (2000, p.49): O herdado compreende os âmbitos mais diversos da experiência constítuida em saber codificados: a ciência, a tecnologia, o conhecimento social, as artes, a literatura, [...]. Em todos eles, refletem-se as lutas da humanidade para dominar o mundo, para melhorá-lo, para vivê-lo de maneiras diferentes. Nesses lugares, também se encontram os instrumentos e as imagens que denunciam os erros cometidos, as injustiças e as necessidades insatisfeitas. Uma seleção adequada de tudo isso preenchenos o programa de uma ilustração ponderada para continuar reflexivamente e refazer o progresso, que deve ser material e espiritual, instrumental e moral. 16 O processo museológico é um método educativo que faz com que o cidadão possa ver a realidade e expressar a mesma, de forma a ser tratada como uma ação de comunicação. Assim pode-se afirmar que o museu como prática educacional tem o objetivo de inovar o meio social. 2.6 O papel social e educacional dos museus É com a arte que podemos trabalhar com todos os sentidos de um indivíduo, podendo-se entender todo seu modo de vida e seus valores. Então, é possível dizer que a arte é uma linguagem e que por meio dela entendemos a cultura de uma pessoa ou de uma sociedade. Não se pode entender a cultura de uma pessoa sem entender primeiramente sua arte. Ela se expressa através de gestos, imagens e fala conforme a sua linguagem particular. Com tudo podemos dizer então que ela capacita o homem e o introduz na sociedade. Educação em museu se faz em torno da problematização da cultura material, no enfrentamento doobjeto patrimonial e no entendimento de como opera uma instituição museológica. O museu como instituição pública, deve atuar como agente de mudanças sociais. Dessa maneira, busca-se transformar as ferramentas necessárias para a inclusão social na comunidade, através de meios de exploração de perspectiva individual, trazendo momentos bons e ruins, ou seja, histórias que marcaram e que geram algum tipo de experiência para o indivíduo. O museu é agente de mudança social e desenvolvimento, mas essa posição não é dada e sim construída. O museu como agência educacional forma pessoas habilitadas a transitar entre culturas, saboreando as nuances degustativas de outros patrimônios – porque reconhece e respeita nelas o que é mais significativo. 2.7 O museu e os trabalhos da inclusão “O museu não tem razão de ser se não se abrir à comunidade, se não desenvolver ações direcionadas para diferentes públicos através de mediação que reelabore a informação, tornando-a acessível mesmo na 17 forma de atividade lúdicas e oficinais”. (Instituto dos Museus e da Conservação) A captação de públicos tornou-se uma preocupação para os museus. Estabelecer as condições necessárias para que todos os cidadãos (deficientes ou não) tenham livre acesso aos espaços culturais é fundamental. É de responsabilidade das instituições acolher seus visitantes, independentemente das suas necessidades, tratando de fazer valer o direito de participação na vida cultural da sociedade. Segundo o psicólogo Rogers (1902, p. 147), praticante da teoria humanista, devemos aceitar as pessoas como são, posicionar-se no lugar do outro e fazer com que aceitemos e incluímos incondicionalmente o outro. Visita de cadeirantes e cegos ao Museu de Artes e Ofícios, 2012. O pedagogo, enquanto profissional educador deve estar constantemente atento à questão da inclusão, sendo esta não somente aos deficientes, mas também àqueles que necessitam de alguma acessibilidade e atenção diferenciada, mesmo que momentaneamente. Art. 5º O egresso do curso de Pedagogia deverá estar apto a: V - reconhecer e respeitar as manifestações e necessidades físicas, cognitivas, emocionais, afetivas dos educandos nas suas relações individuais e coletivas; [...] VIII - promover e facilitar relações de cooperação entre a instituição educativa, a família e a comunidade; [...] X - demonstrar consciência da diversidade, respeitando as diferenças de natureza ambiental-ecológica, étnico-racial, de gêneros, faixas geracionais, classes sociais, religiões, necessidades especiais, escolhas sexuais, entre outras. (RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 1, 2006, p.11). Incluir significa adequar fisicamente o museu; bem como capacitar a equipe de educadores (antigos guias) para um acolhimento ideal, buscando a remoção de 18 barreiras que geram preconceitos e práticas discriminatórias. A inclusão é efetiva quando as diferenças são aceitas e respeitadas. É primordial que o museu consiga se comunicar de forma correta e constante com todo público. O museu exerce função social sobre o seu público, podendo despertar a autoestima; criatividade; autoconfiança; aprendizado; novas experiências e, principalmente, a possibilidade de se reconhecer como parte da sociedade. É preciso que os locais culturais estejam devidamente preparados para recebê-los e provocar-lhes satisfação, garantindo o retorno dos mesmos. A Lei Brasileira de Acessibilidade (NBR 9050) é definida como toda condição de liberdade, percepção e compreensão para a utilização segura e autônoma de espaços. Nos museus, envolvem as exposições; a circulação; informação; serviços e comunicação. A preocupação é permitir a opção de experimentar sem restrições o ambiente; possibilitando a circulação em todos os locais; o toque nos objetos expostos; educadores capacitados que possam estabelecer uma comunicação e muito mais, ou seja, trata-se da busca pelo envolvimento nas emoções e sensações presentes num museu. O Art. 27 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, garante a participação livre na vida cultural da comunidade, a apreciação das artes e a participação em programas científicos e nos benefícios deles resultantes. No entanto, a aplicação destas medidas enfrenta dificuldades, pois, a democratização cultural não é realidade em todas as instituições. Infelizmente, as barreiras ainda estão presentes. Este público, bem como os demais, exigem menos empecilhos ao acesso, mais respeito, melhorias no atendimento e comunicação, com a participação de funcionários capacitados. Algumas mudanças são muito fáceis de providenciar e podem ser prontamente colocadas em prática (como a qualificação dos educadores), outras podem exigir mais recursos e planejamento (recursos financeiros que permitam criar ações educativas para que os museus programem atividades específicas na inclusão de pessoas). 19 Como agente de desenvolvimento social, o museu juntamente com o pedagogo sempre deverá trabalhar visando o benefício dos direitos culturais dos cidadãos, garantindo a acessibilidade, a qualidade e o respeito à todos igualmente. Tendo em vista a questão da inclusão, por meio de uma oportunidade única que nos foi ofertada, participamos de um dos projetos sociais oferecidos pelo Museu de Artes e Ofícios (MAO), que se chama “Visita Vendada”. A ideia é proporcionar ao público vidente um momento de conhecer o Museu por meio dos sentidos, exceto o da visão, além de possibilitar entender como os cegos “veem” o acervo do Museu. Visita Vendada - MAO Foi-nos explicado como seria a visita e nos informaram que não precisaríamos ficar com o braço erguido para frente com medo de se chocar contra a parede. Mesmo com a orientação, assim fiz quando comecei a caminhar segurando no braço do educador que me guiou. Nunca havia ido a este museu então tudo que eu conheci foi pelo cheiro, tato, som e até mesmo, o paladar. Entendi o objetivo do museu muito mais do que se estivesse vendo, pois não enxergar fez com que eu quisesse ver como nunca havia desejado antes, queria saber qual era a cor, de onde o objeto havia sido retirado e como era o ambiente onde estávamos, quais eram os outros objetos que não poderia tocar e como eles seriam. Este é o objetivo do museu, criar dentro de nós várias perguntas e nos mostrar possiblidades de descobrirmos as respostas. (Jéssica Natália Coelho, 2012). 2.8 Entrevistas com pedagogos atuantes no ambiente museal Visando a ampliação do campo de estudos para a elaboração do trabalho, foram elaboradas oito questões para que servissem como base para as entrevistas com duas pedagogas que atuam dentro dos espaços museias na cidade de Belo Horizonte, sendo a primeira no Museu de Artes e Ofícios (MAO) e a segunda no Museu dos Brinquedos. 20 2.8.1 Pedagoga ‘A’1, atuante no Museu de Artes e Ofícios (MAO). “A função do museu é refletir sobre o passado, pensando também no futuro.” (Ângela Gutierrez, 2012). “O museu tem um compromisso com a emancipação humana.” (Frase da Pedagoga ’A’, 2012). Graduada em Pedagogia e em Direito, pós-graduada em Orientação Educacional e Especializada em Língua Espanhola, a pedagoga ‘A’ atualmente ocupa o cargo de Coordenadora do setor educativo do MAO, ao qual está atuando há pouco mais de quatro anos. A pedagoga tem uma vasta experiência dentro do ambiente escolar, já tendo atuado como professora eventual, supervisora, orientadora, coordenadora e bibliotecária. “Eu não posso deixar de falar da escola, pois, sem a escola, eu não estaria no MAO hoje. Não tem como eu falar de museu sem mencionar as escolas que eu passei durante a minha vida”, diz a pedagoga ‘A’. Deixou a área escolar quando recebeu o convite da presidente do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, Ângela Gutierrez, para atuar no setor educativo do Museu de Artes e Ofícios, que precisava de uma reformulação.Ela menciona quais são as atribuições e as delegações de seu cargo: A minha atribuição principal é relativa às responsabilidades do setor educativo. Este setor do MAO possui duas grandes vertentes. A primeira vertente é o cuidado com a recepção de públicos diversos no museu, em especial de públicos ligados alguma instituição, ou seja, a recepção de grupos escolares ou não. A segunda vertente é um projeto social do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, chamado Valor Social. Este visa qualificar jovens para a área da conservação de patrimônio. Vou iniciar um setor educativo básico no museu. Nós cuidamos do setor de públicos. Logo quando cheguei, imaginava que, para fazermos uma recepção de grupos escolares ou não escolares bem feita, precisávamos cuidar da formação das pessoas que estão aqui dentro. (PEDAGOGA ‘A’, 2012) O Setor educativo do MAO projeta-se rumo ao futuro, refletindo sobre o universo do trabalho em nosso país, a partir de um acervo de grande importância histórica e cultural, este é o principal desafio do “Trilho & Trilhas” (sendo que “trilhos” fazem analogia ao espaço onde o museu se localiza, e “trilhas” visa à indicação de um caminho), o programa educativo do Museu de Artes e Ofícios. Desenvolvido para atender públicos de diferentes gerações, vinculados ou não com instituições 1 A pedagoga foi tratada de “A” para preservar a sua identidade. 21 escolares, o programa é implementado por uma equipe especialmente preparada, capaz de atender às singularidades de cada grupo. “Nosso museu foi planejado para múltiplas interpretações, preparado para visitas das mais variadas possíveis, tudo dentro de prognósticos que estão em constante análise”, diz a pedagoga ‘A’. O MAO atualmente conta com dez pessoas atuantes no setor educativo, sendo estes ligados diretamente à recepção de grupos. Esta equipe tem uma composição absolutamente variada, multidisciplinar, que estão ligadas as áreas de História, Geografia, Artes Plásticas, Turismo, Letras e Pedagogia. Logo que chegamos, nos preocupamos com a formação desses potenciais tão diversos. A partir daí, cuidando dessa formação e conscientes de que ela tinha que ser constante, pensamos em parcerias. [...] eu brinco com eles e falo: “Você terminou a faculdade, o que vai fazer agora? Se você não tomar nenhuma atitude em seis meses, eu o matricularei nem que seja em um curso de corte e costura”. (PEDAGOGA, ‘A’, 2012). O fundamento da ação educativa do Museu de Artes e Ofícios é a mediação entre o acervo do MAO e o público que o visita. A mediação provoca uma aproximação prazerosa com o espaço cultural, favorecendo a formação de pessoas conscientes da importância do trabalho para a construção de um mundo mais digno e respeitoso. Sobre as ações educativas do Museu, a pedagoga ‘A’ (2012) citou: O momento do educador, que é um espaço de interação e diálogo entre os educadores interessados e a equipe do MAO. O passe livre do educador permite a entrada gratuita do professor no museu durante o período de um ano. O Ampliando horizontes propõe a criação de um espaço alternativo de discussão e debate sobre os temas que envolvem a memória. O Socializando práticas educativas busca valorizar as experiências significativas realizadas pelos educadores, sendo estes escolares e não escolares. O Ofício e Arte – Concursos de criação visa o compartilhamento dos prazeres que o mundo nos oferece a partir da dança, música, poesia, pintura, entre outras. O Guia do educador visa compartilhar com os educadores a proposta do setor educativo do MAO. A Estação da brincadeira é uma programação de férias do MAO, que conta com diversas atividades socioeducativas. As Ações inclusivas buscam constantemente favorecer a aproximação de todas as pessoas juntamente ao acervo. E por fim, as Visitas Orientadas, que são feitas juntamente com um educador do MAO que explicará cada uma das trilhas presentes no museu. O Museu de Artes e Ofícios propõe a construção de um espaço de troca das práticas educativas desenvolvidas pelas diversas instituições que o visitam. Socializando Práticas Educativas 22 A pedagoga fala sobre a autonomia que a área museológica proporciona e que esta é totalmente diferente da autonomia das escolas regulares: “A escola regular tem uma formação que é forte e, por mais criativa e autônoma que esta seja, ela estará sempre esbarrando em questões institucionais mais rígida do que a do museu”. A pedagoga ainda acrescentou: O pedagogo vai lidar com todos os atores do ambiente escolar com muitas contradições nas instituições. Concordar com determinadas coisas que normalmente não concordaria. A posição do professor é uma posição política, um papel de muita responsabilidade, trabalhando valores além da sala de aula, dentro de concepções muito pessoais. (PEDAGOGA ‘A’, 2012) Quanto às dificuldades da área, segundo a pedagoga ‘A’ estas são inúmeras, porém elas não são especificamente no Museu de Artes e Ofícios, mas de todos os espaços culturais, sendo esta a questão do não reconhecimento dos setores educativos dentro desses locais. Ela ainda cita que o maior desafio do MAO é a agenda, pois, normalmente se trabalha com o mês totalmente ocupado por atividades e no limite em número de visitantes. Atualmente, recebem-se aproximadamente oito visitas por dia, totalizando trezentos e vinte alunos por mês, sendo que uma vez na semana, na quarta-feira, as visitas podem chegar a dez, sendo assim, um total de quatrocentos visitantes mensais. Além disso, outro desafio é a questão da responsabilidade com relação à prática de ensinar e de aprender entre o visitante, as obras do museu e seu espaço. Outra apreensão se centra no preparo do setor educativo do museu. São dez funcionários e há a grande preocupação em mantê-los trabalhando no MAO, já que a pedagoga ‘A’ acredita que levaria aproximadamente dois anos para adequar o Visita Orientada - MAO Projeto “Ofício e Arte” - MAO 23 museu, seus funcionários e a área educativa para estabelecerem um espaço de convívio entre as obras e o público em geral. Sobre a atuação do pedagogo nos espaços não escolares, a pedagoga ‘A’ fala sobre o que ela, particularmente, acha que deveria mudar na formação deste profissional: Pensando que o espaço em questão não faz parte da realidade que o pedagogo se prepara para atuar, eu me preocuparia com a modificação da formação durante o curso de Pedagogia. Eu procuraria oferecer as diferentes áreas do conhecimento para a composição do sujeito. Estamos estagnados, perdidos em credibilidade em outras áreas do conhecimento. Fica claro que, com o que o pedagogo enfrenta hoje, ele precisa conhecer sobre o que faz parte de sua realidade para conquistar algo que valorize ainda mais o seu papel e lhe proporcione maior autonomia. A pedagoga ‘A’ (2012) finaliza a entrevista dizendo: O Museu de Artes e Ofícios é o lugar de encontro do trabalhador consigo mesmo, com sua história, com seu tempo – passado, presente e futuro. É um projeto em permanente construção. Ele se realiza no olhar do visitante, que dá sentido aos objetos. Por isso, o público se identifica muito com o acervo contextualizando-o com sua realidade, basta aproveitar a oportunidade de trazer, aproximar mais ainda o público mostrando que o museu é para todos. 2.8.2 Pedagoga ‘B’2, atuante no Museu dos Brinquedos. O Museu é considerado um espaço de educação não formal, pois promove situações de construção de conhecimento, de adesão de valores, de reflexão, e interação social. Por isso é importante ter um pedagogo para elaborar um plano de ação cultural e educativo, propiciando o desenvolvimento de ações continuadas e com metodologia. (PEDAGOGA ‘B’, 2012) A pedagoga ‘B’ é formada em História e Pedagogia, já ministrou aulas e teve a própria escola – AldeiaGlobal Centro de Desenvolvimento Integral da Criança, além de também já ter trabalhado na área comercial. Após aposentar-se, tornou-se voluntária em uma igreja e fundou a Organização Não Governamental (ONG) Instituição Cultural Luiza de Azevedo Meyer, mantenedora do Museu dos Brinquedos, que foi inaugurado no ano de 2006. Dentro do museu, ocupa o cargo de Diretora Presidente. Segundo a pedagoga ‘B’ (2012), as principais habilidades e competências para se atuar na área museal sendo pedagogo é: “Ser paciente, criativo, idealista, feliz, espirituoso, sociável, espontâneo, mediador, estudioso, decidido, planejador, respeitoso, brincalhão, adaptável, sensível, etc.” 2 A pedagoga foi tratada de “B” para preservar a sua identidade. 24 Ao elaborar um projeto educativo, a pedagoga ‘B’ ressalta: Faço um planejamento com uma introdução, com a missão do Museu, nos baseamos no que queremos alcançar, o que é o projeto e para quem o faremos. Após a implantação, faz-se uma avaliação para saber a eficiência de tal projeto, evidenciando os erros e os acertos para melhorarmos em tudo o que for necessário. Ela comenta sobre as dificuldades que o pedagogo não escolar enfrenta, ainda mais se tratando de um ambiente museal, destacando como principal problema a questão do estruturamento da área educativa com recursos humanos dentro do Museu. Além dos aspectos físicos e financeiros que devem ser suficientes para que se coloquem em prática as suas melhores ações educativas e socioeducativas, que visam o aperfeiçoamento do homem através do reconhecimento de sua história. Para finalizar, a pedagoga ‘B’ fala da importância do museu para ela: O Museu é um espaço de relação, simbolização e de memória. Toda memória é social; cada um tem a sua memória museal e é capaz de acioná- la através das experiências vividas e que não estão depositadas no objeto. Está na relação que se tem com o objeto. Ela possibilita uma vivência, a memória precisa ser acionada. Os brinquedos do nosso Museu são pontes, janelas, portas que ligam o mundo visível e invisível, grupos sociais entre tempos, entre pessoas. (2012) As crianças estão numa idade em que é fácil identificar os povos e os períodos da História. E os brinquedos são uma ferramenta que ajuda e auxilia no conhecimento. Eles aprendem brincando. A saída da sala de aula e a visualização dos objetos são benefícios para a aprendizagem. (CLÁUDIA GUIMARÃES COSTA, professora – levou os seus alunos para conhecerem o Museu dos Brinquedos, 2012). Museu dos Brinquedos, 2012 25 2.9 Contextualização das Entrevistas Por meio das entrevistas foi possível identificar que a ações educativas projetadas pelos pedagogos têm como principais enfoques a questão da interação (entre o ambiente museal, o educador do museu e aqueles que o visitam), o instigamento da curiosidade e a aprendizagem daqueles que visitam o museu com o intuito da aprendizagem. Os museus se preocupam em representar os interesses coletivos da sociedade e a sempre estar a serviço dela, voltando-se para a produção do conhecimento pelo indivíduo, entrando ai, o papel do pedagogo, que será o responsável por intermediar tal conhecimento a fim de que este chegue ao seu objetivo, que é proporcionar a aprendizagem. Os projetos educacionais desenvolvidos pelos pedagogos são as pontes que ligam as necessidades do conhecimento histórico e as possibilidades de aprendizagens existentes dentro do museu. É preciso que o público sinta emoção ao visitar o museu. Atualmente, o espaço museológico está totalmente voltado para uma prática educativa. O mediador do museu exerce um papel diferente de todos os que atuam no mesmo. A instituição procura mobilizar práticas educativas que facilitem a aprendizagem e visem o desenvolvimento do homem integralmente. Sendo assim, segundo Campani (1978, p.68) “a cultura e o desenvolvimento devem estar interligados fortemente, visando o desempenho das ações educativas”. Portanto, a educação utiliza o patrimônio cultural de um povo, dando suporte e base necessária para a construção do conhecimento e criando uma identidade relacionada ao contexto no qual se insere. 26 3 CONCLUSÃO Após a elaboração deste trabalho, entende-se que através da área museológica podemos trabalhar os sentidos de um indivíduo, observando suas características intelectuais e emocionais. Sendo assim, pode-se dizer que a arte é uma linguagem, possibilitando entender a cultura de uma pessoa ou de uma sociedade em geral. Na educação ela é fundamental, pois além de identificar o indivíduo, desenvolve a percepção, a imaginação, interage com a realidade e o meio ambiente, desenvolve a capacidade crítica, abre as portas para a criatividade e a intelectualidade. Assim, pode-se dizer então que ela capacita o homem e o introduz num novo ambiente de interação, porém, com uma visão diferente da que se tinha antes do conhecimento adquirido por meio da experiência proporcionada pelo museu. No entanto, não é somente introduzindo a arte na educação que ela por si só irá transformar o meio e pessoas. Para que esta junção funcione é necessária à peça fundamental na educação, o educador, sendo este, o profissional pedagogo. O pedagogo que trabalha com a arte e as suas especificidades deve estar atento para que ela não se torne apreciação estética e sim uma integração reflexível entre indivíduo e arte. O objetivo deste profissional não é fazer com que a pessoa veja apenas superficialmente a arte, mas que também seja capaz de questioná-la, identificá-la e reconhecê-la como parte significante do seu passado. O desenvolvimento da criatividade e da curiosidade é um dos pontos mais trabalhados pelo pedagogo, pois é este que fará com que a criança e o adulto levem consigo tudo o que aprendeu e que isso seja relevante para a sua vida. A criação dos projetos de ação educativa dos museus busca exatamente isso, ou seja, proporcionar àqueles que visitam os museus muito mais do que simples momentos de visitação. É um momento de troca de experiências e saberes entre os que sabem e aqueles que estão indo ao museu para aprender. Enfim, conclui-se que não existe um local mais certo para se conhecer a própria história do que o museu. O indivíduo que conhece a contextualização do tempo e da história é capaz de desenvolver todos os tipos de interpretação, sendo capaz de decifrar as decodificações e avaliações a cerca do seu passado e como este 27 influencia ou influenciou o seu presente, devendo considerar também as suas contribuições para o futuro. 28 REFERÊNCIAS APPLE, Michel W. Políticas culturais e Educação. São Paulo: Cortez, 2000. ALVES, Rubem; OLIVEIRA, Raíssa Castro (Org.). Conversas sobre educação. Campinas, SP: Verus, 2003. 130 p. AQUINO, Soraia Lorenço de; SARAIVA, Ana Claudia Lopes Chequer. 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(Coleção Memória da Educação) 30 ANEXOS 31 ANEXO A – Fotos da fachada dos Museus, 2012. Fachada do Museu de Artes e Ofícios Foto da fachada do Museu dos Brinquedos
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