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181PROMILITARES.COM.BR VARIAÇÃO LINGUÍSTICA A Língua Portuguesa encontra-se em constante alteração, modi� cação, evolução e atualização, como todas as línguas ainda faladas. Elas não são um sistema fechado e estático, por isso se modi� cam o tempo todo, conforme são usadas pelos falantes. O uso faz a regra e os falantes fazem uso da língua de modo a suprir todas as suas necessidades de comunicação, adaptando-a conforme suas intenções. Sendo uma sociedade complexa, formada por diferentes grupos sociais, com hábitos linguísticos distintos e diferentes graus de escolarização, ocorrem variações na forma de usar a língua, principalmente de caráter local, temporal e social. Nem todas as variações linguísticas usufruem do mesmo prestígio, sendo algumas consideradas incultas e vulgares. No entanto, todas as formas de uso da língua devem ser encaradas como fator de enriquecimento cultural e não como erros. São apenas variações no uso da língua. (Evanildo Bechara) TIPOS DE VARIAÇÃO VARIAÇÕES REGIONAIS (DIATÓPICAS OU DIALETAIS) As variações diatópicas ocorrem de acordo com o local onde vivem os falantes, sofrendo sua in� uência. Este tipo de variação acontece porque cada região geográ� ca tem suas manifestações culturais, com diferentes hábitos, modos e tradições, estabelecendo, assim, diferentes estruturas linguísticas para a comunicação. Exemplos de variações regionais: • diferentes palavras para os mesmos conceitos; • diferentes sotaques, dialetos e falares; • reduções de palavras ou perdas de alguns fonemas. VARIAÇÕES SOCIAIS (DIASTRÁTICAS) Uma língua também apresenta variações verticais, ou seja, no âmbito de uma comunidade especí� ca localizada em uma mesma região geográ� ca, caracterizando o que se tem chamado de dialetos sociais ou socioletos. Essas variantes ocorrem em todas as sociedades e estão diretamente relacionadas às categorias por meio das quais a sociedade se organiza. Exemplos de variações sociais: • gírias próprias de um grupo com interesses comuns; • jargões próprios de um grupo pro� ssional. Entre esses vários fatores de estrati� cação social, costuma-se distinguir os seguintes: • idade; • sexo; • pro� ssão; • posição social; • graus de escolaridade; • local de residência. VARIAÇÃO SITUACIONAL Um mesmo falante de uma dada língua deve ser capaz de variar sua maneira de se expressar dependendo da situação em que se encontra. Por exemplo, ao se dirigir a um velho amigo em uma festa, certamente o falante deverá usar a linguagem de modo distinto daquele que usaria se estivesse em uma entrevista de emprego. Variantes situacionais de fala também são denominadas de registros ou níveis de fala: o ambiente físico, o contexto social ou cultural, o tema da fala, o grau de intimidade entre os interlocutores, os elementos emocionais. Exemplos de variações situacionais: • linguagem formal, considerada mais prestigiada e culta, usada quando não há familiaridade ou intimidade entre os falantes ou em situações em que se exige mais seriedade e formalidade de tratamento; • linguagem informal, considerada menos prestigiada, usada quando há familiaridade e descontração entre os falantes ou em situações mais descontraídas. Embora não haja uma escala padronizada de registros, costuma- se diferenciar os seguintes: formal, coloquial tenso, coloquial distenso e informal. Exemplos: Formal – Há os que insistem em se locupletarem em detrimento de seus pares. Coloquial tenso – Existem aqueles que teimam em se bene� ciar em prejuízo dos demais. Coloquial distenso – Tem gente que não para de se aproveitar das pessoas. Informal – Tem uns caras que vivem se dando bem em cima dos outros. VARIAÇÃO DIACRÔNICA Já vimos que uma língua está em constante transformação. Não falamos hoje como falávamos há alguns anos; em todas as gerações, os jovens sempre falam diferente dos velhos, têm outras preferências vocabulares e de construção frasal e até pronúncias distintas. A mudança linguística é inexorável, afetando todos os níveis de organização das línguas, que vão se transformando, abandonando certas pronúncias, palavras e construções, adotando novos itens lexicais e estruturas sintáticas. Assim, em cada momento da história de uma língua, encontram- se arcaísmos e neologismos. Os arcaísmos são vocábulos ou construções sintáticas que deixaram de ser usados. Os neologismos são os novos vocábulos que não ocorriam em gerações anteriores, ou pelo menos com o mesmo signi� cado, ou que são recuperados com diferentes valores semânticos. 182 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PROMILITARES.COM.BR EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. Veja a tirinha abaixo: No último balão da tirinha de Maurício de Sousa, o autor escreveu “mais” em vez de “mas” na tentativa de representar, na escrita, a forma como a personagem Chico Bento, supostamente, pronunciaria a conjunção adversativa. Existem diversas formas e níveis de variação linguística, justamente, porque somos in� uenciados por diversos fatores, tais como: região, escolaridade, faixa etária, contexto comunicativo, papel social etc. Com base nesses pressupostos, assinale a alternativa que representa uma variante linguística característica do falar popular mineiro. a) “Aquele � duma égua só me deixou aperreado”. b) “Protesto, meritíssimo! A testemunha não havia falado da agressão.” c) “Capaz, guri! Só tava de bobeira contigo, bagual!” d) “Uai? Cê já chegô, sô? Peraí, que eu já tô saíno!” e) “Aquela mina é � rmeza, mano!” TEXTO PARA AS QUESTÕES 02 E 03. A variação linguística é uma realidade que, embora 1razoavelmente bem estudada pela sociolinguística, pela dialetologia e pela linguística histórica, provoca, 2em geral, reações sociais muito negativas. O senso comum 3tem 4escassa percepção de que a língua é um fenômeno heterogêneo, que 5alberga grande variação e 6está em mudança contínua. Por isso, 7costuma 8folclorizar a variação regional; 9demoniza a variação social e 10tende a interpretar as mudanças como sinais de 11deterioração da língua. O senso comum não se 12dá bem com a variação linguística e 13chega, 14muitas vezes, a 15explosões de ira e a gestos de grande violência simbólica diante de fatos de variação. Boa parte de uma educação de 16qualidade tem a ver 17precisamente com o 18ensino de língua – um ensino que garanta o 19domínio das práticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui o das variedades linguísticas historicamente 20identi� cadas como as mais próprias a essas práticas – isto é, as 21variedades escritas e faladas que devem ser identi� cadas como constitutivas da chamada norma culta. Isso pressupõe, 22inclusive, uma ampla discussão sobre o próprio conceito de norma culta e suas efetivas 23características no Brasil contemporâneo. Parece claro hoje que o 24domínio 25dessas variedades caminha junto com o domínio das respectivas práticas socioculturais. Parece claro também, por outro lado, que não se trata apenas de desenvolver uma 26pedagogia que garanta o domínio das práticas socioculturais e das respectivas variedades linguísticas. Considerando o grau de rejeição social das variedades ditas 27populares, parece que o que nos 28desa� a é a construção de 29toda uma cultura escolar aberta à crítica da 30discriminação pela língua e preparada para combatê-31la, o que pressupõe 32uma adequada 33compreensão da 34heterogeneidade linguística do país, sua história social e suas características atuais. 35Essa compreensão deve alcançar, em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida, os educandos. Como fazer isso? Como garantir a disseminação dessa cultura na escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa escola existe não reconhece sua cara linguística e não só discrimina impunemente pela língua, como dá sustento explícito a esse tipo de discriminação? Em suma, como construir uma pedagogia da variação linguística? (Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação. In: ZILLES, A. M; FARACO,C. A, orgs., Pedagogia da variação linguística: língua, diversidade e ensino. São Paulo: Parábola, 2015.) 02. Considere as a� rmações abaixo, sobre a construção de uma educação de qualidade. I. Uma educação de qualidade deve, no que concerne à variação linguística, questionar as reações sociais advindas da percepção da língua como fenômeno homogêneo. II. O desa� o, para uma educação de qualidade, está em preparar a escola para combater a discriminação que tem origem nas diferenças entre as variedades linguísticas. III. As variedades linguísticas próprias ao domínio da leitura, escrita e fala nos espaços públicos, que devem ser ensinadas pela escola, são as que não sofreram variações sociais. Segundo o texto, quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 03. Assinale a alternativa que contém uma a� rmação correta, de acordo com o sentido do texto. a) O senso comum costuma perceber a língua como um fenômeno heterogêneo que alberga grande variação e está em mudança contínua. b) Os gestos de grande violência simbólica constituem-se em fatos de variação linguística. c) O conceito de norma culta e suas características no Brasil contemporâneo são alvos de explosões de ira diante de fatos de variação linguística. d) Uma pedagogia que regule o domínio das variedades ditas populares deve ser privilegiada. e) A heterogeneidade linguística do Brasil deve ser compreendida para que se possa construir uma cultura escolar aberta à crítica da discriminação pela língua. 04. Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu às ruas da cidade e se assustou com a quantidade de erros existentes nas placas das casas comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prêmio em dinheiro para o comerciante que tivesse o nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu à procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Águia de Ouro”. No momento da entrega do prêmio, ao dizer o nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: – Sr. Rui, não é “águia de ouro”; é “aguia de ouro”! (O caráter político do ensino de língua portuguesa no Brasil. Disponível em: http://rosabe.sites.uol.com.br. Acesso em: 2 ago. 2012.) A variação linguística afeta o processo de produção dos sentidos no texto. No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variação objetiva a) evidenciar a importância de marcas linguísticas valorizadoras da linguagem coloquial. b) demonstrar incômodo com a variedade característica de pessoas pouco escolarizadas. c) estabelecer um jogo de palavras a � m de produzir efeito de humor. d) criticar a linguagem de pessoas originárias de fora dos centros urbanos. e) estabelecer uma política de incentivo à escrita correta das palavras. 183 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PROMILITARES.COM.BR 05. Motivadas ou não historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepõem-se ao longo do território, seja numa relação de oposição, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a interseção de usos con� guram uma norma nacional distinta da do português europeu. Ao focalizar essa questão, que opõe não só as normas do português de Portugal às normas do português brasileiro, mas também as chamadas normas cultas Iocais às populares ou vernáculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas se consolidam em diferentes momentos da nossa história e que só a partir do século XVIII se pode começar a pensar na bifurcação das variantes continentais, ora em consequência de mudanças ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territórios. (CALLOU, D. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, S. R.; BRANDÃO, S. (orgs). Ensino de gramática: descrição e uso. São Paulo: Contexto, 2007 - adaptado.) O português do Brasil não é uma língua uniforme. A variação linguística é um fenômeno natural, ao qual todas as línguas estão sujeitas. Ao considerar as variedades linguísticas, o texto mostra que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenção do leitor para a a) desconsideração da existência das normas populares pelos falantes da norma culta. b) difusão do português de Portugal em todas as regiões do Brasil só a partir do século XVIII. c) existência de usos da língua que caracterizam uma norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal. d) inexistência de normas cultas locais e populares ou vernáculas em um determinado país. e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma língua devem ser aceitos. 06. Quando vou a São Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro o ouvido; não espero só o sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a pronúncia de cada um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variações são mais numerosas que as notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí têm no falar de seus nativos muito mais variantes do que se imagina. E a gente se goza uns dos outros, imita o vizinho, e todo mundo ri, porque parece impossível que um praiano de beira-mar não chegue sequer perto de um sertanejo de Quixeramobim. O pessoal do Cariri, então, até se orgulha do falar deles. Têm uns tês doces, quase um the; já nós, ásperos sertanejos, fazemos um duro au ou eu de todos os terminais em al ou el – carnavau, Raqueu... Já os paraibanos trocam o l pelo r. José Américo só me chamava, afetuosamente, de Raquer. (Queiroz, R. O Estado de São Paulo. 09 maio 1998 - fragmento adaptado.) Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variação linguística que se percebe no falar de pessoas de diferentes regiões. As características regionais exploradas no texto manifestam-se a) na fonologia. b) no uso do léxico. c) no grau de formalidade. d) na organização sintática. e) na estruturação morfológica. 07. Em relação às duas estrofes do poema “Aula de Português”, de Carlos Drummond de Andrade, assinale a alternativa INCORRETA: A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender. A linguagem na superfície estrelada das estrelas, sabe lá o que ela quer dizer? (ANDRADE, Carlos Drummond de. Boitempo. In: “Poesia e Prosa”. Rio: Nova Aguilar, 1988.) a) As estrofes fazem oposição entre as modalidades falada e escrita da língua. b) Para o poeta, a modalidade escrita é mais valorizada, complexa e, portanto, letrada; daí a sua di� culdade em entendê-la. c) As estrofes focalizam o fenômeno da variação linguística, isto é, das variedades coloquial e poética. d) As estrofes sugerem que a língua não é homogênea nem uniforme sob o ponto de vista de seu uso. e) O poeta sugere que há melhor desempenho do usuário em uma modalidade linguística que em outra. 08. Leia. ATÉ QUANDO? Não adianta olhar pro céu Com muita fé e pouca luta Levanta aí que você tem muito protesto pra fazer E muita greve, você pode, você deve, pode crer Não adianta olhar pro chão Virar a cara pra não ver Se liga aí que te botaram numa cruz e só porque Jesus Sofreu não quer dizer que você tenha que sofrer! (GABRIEL, O PENSADOR. “Seja você mesmo (mas não seja sempre o mesmo)”. Rio de Janeiro: Sony Music, 2001 - fragmento.) As escolhas linguísticas feitas pelo autor conferem ao texto a) caráter atual, pelo uso de linguagem própria da internet. b) cunho apelativo, pela predominância de imagens metafóricas. c) tom de diálogo, pela recorrência de gírias. d) espontaneidade, pelo uso da linguagem coloquial. e) originalidade, pela concisão da linguagem. 09. Considere o texto: CATAR FEIJÃO Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco. Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãospesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura � uviante, � utual, açula a atenção, isca-a como o risco. (João Cabral de Melo Neto, A educação pela pedra.) A comparação escolhida por João Cabral de Melo Neto para caracterizar o ato de escrever a) recupera para a literatura as concepções de poesia que orientavam a literatura de folhetos do Nordeste, ou “cordel”. b) inverte certa concepção erudita da poesia, que a vê como atividade elevada, sublime, separada do cotidiano banal. c) inscreve a poética do autor no Regionalismo literário, por vincular a representação literária a práticas locais bem determinadas. d) reata com a tradição parnasiana, que concebia a arte poética como ofício de artesão ou artí� ce. e) contrapõe-se ao elitismo do Modernismo paulista, que repudiava o primitivismo e as culturas rústicas. 184 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PROMILITARES.COM.BR 10. O texto a seguir corresponde ao capítulo 92, chamado “Estelário”, das Memórias sentimentais de João Miramar, obra representativa da primeira fase da literatura modernista brasileira. Coração esperançava o esperançoso Começo claro da noite cidadina Retalhos grandes de nuvens E duas estrelas vivas Trem rolava com minha estrela Bordando a vida fabricadora Do Brás à Luz Rolah estrelava o Hotel Suíço (Oswald de Andrade) No texto, encontram-se vários traços de inovação estética, entre os quais NÃO ESTÁ a) o emprego constante de regionalismos. b) a in� uência das vanguardas europeias. c) a abolição da pontuação convencional. d) a valorização dos neologismos. e) o � m das fronteiras entre prosa e poesia. EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO 01. No dia 21 de setembro de 2015, Sérgio Rodrigues, crítico literário, comentou que apontar no título do � lme Que horas ela volta? um erro de português “revela visão curta sobre como a língua funciona”. E justi� ca: “O título do � lme, tirado da fala de um personagem, está em registro coloquial. Que ano você nasceu? Que série você estuda? e frases do gênero são familiares a todos os brasileiros, mesmo com alto grau de escolaridade. Será preciso rea� rmar a esta altura do século 21 que obras de arte têm liberdade para transgressões muito maiores? Pretender que uma obra de � cção tenha o mesmo grau de formalidade de um editorial de jornal ou relatório de � rma revela um jeito autoritário de compreender o funcionamento não só da língua, mas da arte também.” (Adaptado do blog Melhor Dizendo. Post completo disponível em: http://www.melhordizendo.com/a-que-horas-ela-volta-em-que-ano-estamos- mesmo/. Acessado em: 08/06/2016.) Entre os excertos de estudiosos da linguagem reproduzidos a seguir, assinale aquele que corrobora os comentários do post. a) “Numa sociedade estruturada de maneira complexa a linguagem de um dado grupo social re� ete-o tão bem como suas outras formas de comportamento”. (MATTOSO CÂMARA JR., Joaquim. História da Linguística. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 1975.) b) “A linguagem exigida, especialmente nas aulas de língua portuguesa, corresponde a um modelo próprio das classes dominantes e das categorias sociais a elas vinculadas”. (CAMACHO, Roberto Gomes. O sistema escolar e o ensino da língua portuguesa. Alfa, São Paulo, 29, p. 1-7, 1985.) c) “Não existe nenhuma justi� cativa ética, política, pedagógica ou cientí� ca para continuar condenando como erros os usos linguísticos que estão � rmados no português brasileiro”. (BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Editorial, 2007.) d) “Aquele que aprendeu a re� etir sobre a linguagem é capaz de compreender uma gramática – que nada mais é do que o resultado de uma (longa) re� exão sobre a língua”. (GERALDI, João Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas, SP: Mercado das Letras; Associação de Leitura do Brasil, 1996.) 02. Observe os textos a seguir: Texto I BARREIRA DA LÍNGUA Cenário: um posto de saúde no interior do Maranhão. – Buenos dias, señor, o que siente? – pergunta o médico. – Tô com dor no bucho, comi uma tapioca reimosa, me deu um empachamento danado. Minha cabeça � cou pinicando, deu até um farnizim no juízo. – Butcho? Tapiôka? Empatchamiento? Pinicón? Far new zeen??? O trecho acima é de uma piada que circula no Hospital das Clínicas de São Paulo sobre as di� culdades de comunicação que os médicos estrangeiros deverão enfrentar nos rincões do Brasil. (...) (Claúdia Colucci, Folha de S. Paulo, 03/07/2013.) Texto II No texto “Barreira da língua”, a jornalista Cláudia Collucci reproduz uma piada ouvida no Hospital das Clínicas, em São Paulo, para criticar a iniciativa do governo de abrir a possibilidade de que médicos estrangeiros venham a trabalhar no Brasil. Faltou dizer duas obviedades ululantes para qualquer brasileiro: 1) A maioria dos ilustres médicos que trabalham no Hospital das Clínicas teria tantas di� culdades quanto um estrangeiro para entender uma frase recheada de regionalismos completamente desconhecidos nas rodas das classes média e alta por onde circulam; 2) A quase totalidade deles não tem o menor interesse em mudar para uma comunidade carente, seja no interior do Maranhão, seja num vilarejo amazônico, e lá exercer sua pro� ssão. (...) (José Cláuver de Aguiar Júnior, “Painel do leitor”, Folha de S. Paulo, 04/07/2013) De acordo com o Texto II, os regionalismos usados na piada transcrita no Texto I a) seriam de difícil compreensão para qualquer brasileiro. b) demonstram variações geográ� cas e sociais do idioma. c) são imprecisos, pois são usados apenas em comunidades carentes. d) di� cultam a comunicação apenas entre brasileiros e estrangeiros. e) indicam que o português é falado do mesmo modo em qualquer lugar. 03. Leia. Agora eu era herói E o meu cavalo só falava inglês. A noiva do cowboy Era você, além das outras três. Eu enfrentava os batalhões, Os alemães e seus canhões. Guardava o meu bodoque E ensaiava o rock para as matinês. (CHICO DUARQUE. João e Maria, 1977 - fragmento.) Nos terceiro e oitavo versos da letra da canção, constata-se que o emprego das palavras cowboy e rock expressa a in� uência de outra realidade cultural na língua portuguesa. Essas palavras constituem evidências de a) regionalismo, ao expressar a realidade sociocultural de habitantes de uma determinada região. b) neologismo, que se caracteriza pelo aportuguesamento de uma palavra oriunda de outra língua. c) jargão pro� ssional, ao evocar a linguagem de uma área especí� ca do conhecimento humano. d) arcaísmo, ao representar termos usados em outros períodos da história da língua. e) estrangeirismo, que signi� ca a inserção de termos de outras comunidades linguísticas no português. 185 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PROMILITARES.COM.BR 04. Leia. CARNAVÁLIA Repique tocou O surdo escutou E o meu corasamborim Cuíca gemeu, será que era meu, quando ela passou por mim? […] (ANTUNES, A.; BROWN, C.; MONTE, M. Tribalistas, 2002 - fragmento.) No terceiro verso, o vocábulo “corasamborim”, que é a junção coração + samba + tamborim, refere-se, ao mesmo tempo, a elementos que compõem uma escola de samba e a situação emocional em que se encontra o autor da mensagem, com o coração no ritmo da percussão. Essa palavra corresponde a um(a) a) estrangeirismo, uso de elementos linguísticos originados em outras línguas e representativos de outras culturas. b) neologismo, criação de novos itens linguísticos, pelos mecanismos que o sistema da língua disponibiliza. c) gíria, que compõe uma linguagem originada em determinado grupo social e que pode vir a se disseminar em uma comunidade mais ampla. d) regionalismo, por ser palavra característica de determinada área geográ� ca. e) termo técnico, dado que designa elemento de área especí� ca de atividade. 05. Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira. Doidice.Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter luxo? E estavam ali de passagem. Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo, nem teria meio de conduzir os cacarecos. Viviam de trouxa amarrada, dormiriam bem debaixo de um pau. Olhou a caatinga 4amarela, 5que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não � caria planta 2verde. Arrepiou-se. Chegaria, naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de se entender, antes de nascer, 8sucedera o mesmo - anos bons, misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando 6seixos 9com as alpercatas - ela se avizinhando 10a galope, com vontade de matá-lo. (Vidas Secas - Graciliano Ramos) Graciliano Ramos é um dos integrantes da segunda geração do Modernismo, ou Modernismo de 1930. Nas opções a seguir, assinale a que apresenta o principal caminho desse estilo de época: a) A poesia destruidora da tradição. b) A prosa introspectiva. c) A linguagem revolucionária. d) O regionalismo nordestino. e) A prosa de tendências fantásticas. 06. Em sua obra, acentuam-se os contrastes de requinte e fartura das casas-grandes com a promiscuidade e a miséria das senzalas, a sensualidade desenfreada e a subserviência dos homens do eito. Mas há também o homem e a paisagem. Certamente a observação se concentra na zona açucareira do Nordeste, rica de tradições que datam do século XVI, no momento em que se decompõe essa estrutura tradicional por força de uma nova ordem econômica. (Antonio Candido & José Aderaldo Castello. Presença da Literatura Brasileira - Modernismo. 6ª ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Difel, 1977). Quando ocorre uma expressão literária comprometida com a realidade que acima se descreve, os textos � ccionais que resultam desse compromisso têm como principal traço o a) nacionalismo. b) universalismo. c) intimismo. d) regionalismo. e) cosmopolitismo. 07. Observe o texto: A VELHA CONTRABANDISTA Stanislaw Ponte Preta Diz que era uma velhinha que sabia andar de lambreta. Todo dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um bruto saco atrás da lambreta. O pessoal da Alfândega – 1tudo malandro velho – começou a descon� ar da velhinha. Um dia, quando ela vinha na lambreta com o saco atrás, o � scal da Alfândega mandou ela parar. A velhinha parou e então o � scal perguntou assim pra ela: – Escuta aqui, vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás. Que diabo a senhora leva nesse saco? A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais os outros, que ela adquirira no odontólogo e respondeu: – É areia!... (PRETA, Stanislaw Ponte. Primo Altamirando e elas. São Paulo: Agir, Martins Fontes, 2008.) No texto de Stanislaw Ponte Preta, aparecem com frequência expressões da fala popular, a exemplo de “tudo malandro velho” (referência 1), “muamba” (referência 2) e “manjo...pra burro” (referência 4). Sobre esta questão, leia as a� rmações que seguem. I. Este tipo de linguagem revela, no texto, uma escrita marcada por um estilo coloquial através do uso consciente de gírias e expressões tiradas da fala informal. II. Expressões da fala coloquial, como as usadas no texto A velha contrabandista, são próprias da crônica, que é um gênero que se utiliza de alguns recursos típicos da oralidade para dar maior dinamicidade ao texto. III. As expressões coloquiais utilizadas no texto, na verdade, mostram uma escrita desleixada do autor que não domina o registro padrão da língua portuguesa. IV. O emprego destes coloquialismos podem contribuir para o caráter humorístico da crônica. Está correto o que se a� rma em a) I e III apenas. b) II, III e IV apenas. c) I, II e IV apenas. d) I, II, III e IV. 08. Considere o texto abaixo: ESCREVER A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu � z o gênero fofo. Moleza, disse. Primeiro evite esses coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não dicionarizadas e de tudo mais que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em quando, aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito estranho, reescreva. Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa, peça autorização ao sábio de plantão, e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador. Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem assim”, uma chata que usa o truque para a� rmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar. (SANTOS, J. F. O Globo, 10 jan. 2011 - adaptado.) 186 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PROMILITARES.COM.BR A língua varia em função de diferentes fatores. Um deles é a situação em que se dá a comunicação. Na crônica, ao ser interrogado sobre a arte de escrever, o autor utiliza, em meio à linguagem escrita padrão, condizente com o contexto, a) de� nições teóricas, para permitir que seus conselhos sejam úteis aos futuros jornalistas. b) gírias não dicionarizadas, para imitar a linguagem de jovens de baixa escolaridade. c) palavras de uso coloquial, para estabelecer uma interação satisfatória com a interlocutora. d) termos da linguagem jornalística, para causar boa impressão na jovem entrevistadora. e) vocabulário técnico, para ampliar o repertório linguístico dos jovens leitores do jornal. 09. “LELÉU: Oxente! Tô feito super-homem?! Dona Inaura, minha bandeira... pernambucana! Eu nem sei como lhe agradecer. INAURA: Nem precisa. O amor que lhe tenho é de graça. Da outra vez que você salvou Leléu de Frederico, eu tive bem muita inveja do seu amor por ele. E foi por inveja do seu amor por ela que eu mandei Frederico acabar com você. Mas eu senti uma dor tão grande, que entendi que meu amor é maior do que qualquer inveja. LISBELA: Você matou seu marido pra salvar o meu.” Extraído de Lisbela e o prisioneiro (1964, Lins, Osman, p.31) Disponível em https://www.wattpad.com/153512056-lisbela-e-oprisioneiro. Uma das personagens faz menção a uma região do Brasil em que possivelmente vivem as personagens, trata-se da região: a) Amazonas. b) Nordeste. c) Pará. d) Bandeira. e) Paraíba. 10. (DISCURSIVA) Tendo em vista que “as gírias” compõem o quadro de variantes linguísticas ligadas ao aspecto sociocultural, analise os excertos a seguir, indicando o signi� cado de cada termo destacado de acordo com o contexto: a) Possivelmente não iremos à festa. Lá, todos os convidados são patricinhas e mauricinhos! b) Nossa! Como meu pai é careta! Não permitiu que eu assistisse àquele � lme. c) Os namoros resultantes da modernidade baseiam-se somente no � car. d) E aí mano? Estás a � m de encontrar com uma mina hoje? A parada vai bombar! e) Aquela aula de matemática foi péssima, não saquei nada daquilo que o professor falou. EXERCÍCIOS DE COMBATE 01. (EN 2013) Que opção obedece, plenamente, à modalidade padrão da língua portuguesa? a) Já percebeu-se, desde o período de formação marinheira, que eram ingentes as di� culdades enfrentadas no mar pelos jovens nautas. b) Por que infringiram regras internacionais de navegação, alguns navios estrangeiros pagarão multas extraordinárias e serão impedidos de sair do porto. c) Pode existir conceitos de corporativismo, os quais privilegiam ao bem de cada um e podem ser responsáveis pela derrocada da instituição militar. d) Mal se apresentaram à nova comissão, formada por o� ciais, os jovens marinheiros passaram por um árduo e acurado treinamento. e) Houveram velhos marinheiros que preferiam permanecer em seus navios, mesmo durante longo tempo, a serem afastados do mar. 02. Encontram-se exemplos de emprego de linguagem coloquial nos seguintes trechos, EXCETO: a)“Fala-se muito, mesmo com a bola rolando.” b) “[...] para saber quem grita gol mais alto e prolongado...” c) “[...] ninguém é louco para fazer pênalti nem tão canalha para querer quebrar o outro jogador.” d) “[...] o jogador, no impulso, sem pensar, soltar o braço na cara do outro.” 03. Que opção obedece, plenamente, à modalidade padrão da língua portuguesa? a) Para muitas pessoas, o barulho das ondas do mar ao mesmo tempo fascinam e assustam. b) Os jovens e os sonhadores, costumam, escrever seus nomes nas areias da praia, indelevelmente. c) É extraordinário a alegria e o medo de uma criança, ao lembrar da primeira vez que viu o mar. d) As pessoas urbanas e apressadas não vêm nada demais nas paisagens marítimas. e) Prudência é necessário quando se entra no mar, transmutado pela ressaca. 04. Leia esta tirinha do Chico Bento. Na transposição das palavras em destaque para uma variante de uso social urbana, temos, respectivamente: a) heaven e ambidestro. b) heaven e up grade. c) (festa) rave e up crazy. d) (festa) rave e up grade. 05. Um professor discutia com os alunos questões ligadas à boa redação de um texto formal. Ele mostrou alguns textos para a turma e pediu que os julgassem. Foram eles: I. O computador tornou-se um aliado do ser humano, mas este nem sempre realiza todas as tarefas necessárias para que tudo dê certo. II. Os alunos da classe de alfabetização precisam tomar o sol matinal de todas as manhãs, no recreio. III. A gente deve se preocupar com isso, sim. É muito maneiro cuidar do próximo. Dá uma sensação ótima. João disse: “O texto I tem um problema de ambiguidade, o que di� culta sua compreensão”. 187 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PROMILITARES.COM.BR Ana disse: “O texto II tem um problema de redundância, o que deve ser evitado na linguagem escrita”. Carlos disse: “O texto III tem um problema de linguagem. Não é adequado usar gírias no texto escrito formal”. O professor, então, disse que estava(m) correto(s) o(s) julgamento(s) de: a) João. b) João e Carlos. c) Ana e Carlos. d) João e Ana. e) João, Carlos e Ana. 06. Observe a letra da música abaixo: Óia eu aqui de novo xaxando Óia eu aqui de novo pra xaxar Vou mostrar pr’esses cabras Que eu ainda dou no couro Isso é um desaforo Que eu não posso levar Que eu aqui de novo cantando Que eu aqui de novo xaxando Óia eu aqui de novo mostrando Como se deve xaxar. Vem cá morena linda Vestida de chita Você é a mais bonita Desse meu lugar Vai, chama Maria, chama Luzia Vai, chama Zabé, chama Raque Diz que tou aqui com alegria. (BARROS, A. Óia eu aqui de novo. Disponível em: <www.luizluagonzaga.mus.br> Acesso em 5 maio 2013) A letra da canção de Antônio Barros manifesta aspectos do repertório linguístico e cultural do Brasil. O verso que singulariza uma forma do falar popular regional é a) “Isso é um desaforo”. b) “Diz que eu tou aqui com alegria”. c) “Vou mostrar pr’esses cabras”. d) “Vai, chama Maria, chama Luzia”. e) “Vem cá, morena linda, vestida de chita”. 07. Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve signi� car que a escola deve aceitar qualquer forma de língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não! Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo dos cordelistas; o dos editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas. (POSSENTI, S. Gramática na cabeça. Língua Portuguesa, ano 5, n. 67, maio 2011 – adaptado). Sírio Possenti defende a tese de que não existe um único “português correto”. Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber a) descartar as marcas de informalidade do texto. b) reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla. c) moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico. d) adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto. e) desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola. 08. EM BOM PORTUGUÊS No Brasil, as palavras envelhecem e caem como folhas secas. Não é somente pela gíria que a gente é apanhada (aliás, não se usa mais a primeira pessoa, tanto do singular como do plural: tudo é “a gente”). A própria linguagem corrente vai-se renovando e a cada dia uma parte do léxico cai em desuso. Minha amiga Lila, que vive descobrindo essas coisas, chamou minha atenção para os que falam assim: – Assisti a uma � ta de cinema com um artista que representa muito bem. Os que acharam natural essa frase, cuidado! Não saber dizer que viram um � lme que trabalha muito bem. E irão ao banho de mar em vez de ir à praia, vestido de roupa de banho em vez de biquíni, carregando guarda-sol em vez de barraca. Comprarão um automóvel em vez de comprar um carro, pegarão um de� uxo em vez de um resfriado, vão andar no passeio em vez de passear na calçada. Viajarão de trem de ferro e apresentarão sua esposa ou sua senhora em vez de apresentar sua mulher. (SABINO, F. Folha de S. Paulo, 13 abr. 1984) A língua varia no tempo, no espaço e em diferentes classes socioculturais. O texto exempli� ca essa característica da língua, evidenciando que a) o uso de palavras novas deve ser incentivado em detrimento das antigas. b) a utilização de inovações do léxico é percebida na comparação de gerações. c) o emprego de palavras com sentidos diferentes caracteriza diversidade geográ� ca. d) a pronúncia e o vocabulário são aspectos identi� cadores da classe social a que pertence o falante. e) o modo de falar especí� co de pessoas de diferentes faixas etárias é frequente em todas as regiões. 09. Observe a imagem: (BESSINHA. Disponível em: http://pattindica.� les.wordpress.com/2009/06bessinha 458904-jpg-image_1245119001858.jpeg. Adaptado. - Foto: Reprodução/Enem) As diferentes esferas sociais de uso da língua obrigam o falante a adaptá-la às variadas situações de comunicação. Uma das marcas linguísticas que con� guram a linguagem oral informal usada entre o avô e o neto neste texto é a) a opção pelo emprego da forma verbal “era” em lugar de “foi”. b) a ausência de artigo antes da palavra “árvore”. c) o emprego da redução “tá” em lugar da forma verbal “está”. d) o emprego da contração “desse” em lugar de “de esse”. e) a utilização do pronome “que” em lugar de frase exclamativa. 188 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PROMILITARES.COM.BR 10. Considere o texto abaixo: S.O.S PORTUGUÊS Por que pronunciamos muitas palavras de um jeito diferente da escrita? Pode-se re� etir sobre esse aspecto da língua com base em duas perspectivas. Na primeira delas, fala e escrita são dicotômicas, o que restringe o ensino da língua ao código. Daí vem o entendimento de que a escrita é mais complexa do que a fala, e seu ensino restringe- se ao conhecimento das regras gramaticais, sem a preocupação com situações de uso. Outra abordagem permite encarar as diferenças como um produto distinto de duas modalidades da língua: a oral e a escrita. A questão é que nem sempre nos damos conta disso. (S.O.S Português. Nova Escola. São Paulo: Abril, Ano XXV, nº 231, abr. 2010 - fragmento adaptado) O assunto tratado no fragmento é relativo à língua portuguesa e foi publicado em uma revista destinada a professores. Entre as características próprias desse tipo de texto, identi� cam-se as marcas linguísticas próprias do uso a) regional, pela presença de léxico de determinada região do Brasil. b) literário, pela conformidade com as normas da gramática. c) técnico, por meio de expressões próprias de textos cientí� cos. d) coloquial, por meio de registro de informalidade. e) oral, por meio do uso de expressões típicas da oralidade. GABARITO EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. D 02. D 03. A 04. C 05. C 06.A 07. B 08. D 09. B 10. A EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO 01. C 02. B 03. E 04. B 05. D 06. D 07. C 08. C 09. B 10. a) Os termos em evidência representam garotos e garotas pretensiosos, isentos de características condizentes a um bom relacionamento interpessoal. b) conservador, sistemático, que não aprova as mudanças oriundas da sociedade. c) manter um relacionamento sem compromisso. d) amigo, companheiro / garota / um evento grandioso que promete grandes surpresas. e) compreender, assimilar o conteúdo. EXERCÍCIOS DE COMBATE 01. D 02. B 03. E 04. D 05. E 06. C 07. D 08. B 09. C 10. C ANOTAÇÕES
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