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AULA 1 GESTÃO DE ESCRITÓRIOS E LEGISLAÇÃO APLICADA Profª Gabriela Catarina Martini de Vargas Lopes 2 CONVERSA INICIAL Há uma transformação acontecendo no mercado de trabalho. Esse fenômeno pode ser observado nas mudanças tecnológicas, sociais, econômicas, políticas e culturais e vem influenciando a forma de atuação das empresas (Hoskisson et al., 2009). Essa situação se reflete nas empresas da área de arquitetura e design de interiores, pois estes profissionais estão sentindo as mudanças no mercado e direcionando o foco do seu trabalho de forma autônoma e independente. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná (CAU), atualmente, 79% dos arquitetos trabalham em seus próprios escritórios atuando de maneira informal. Não possuímos esses dados para designers de interior e Engenheiros (CAU, 2019). Arquitetos e designers de interior são profissionais que dedicam seus estudos aos conhecimentos técnicos relativos à profissão. Porém, ao vislumbrar o crescimento da profissão e áreas de atuação, o profissional precisa de conhecimentos de administração estratégica para se destacar no mercado e atender o seu cliente com excelência. Para tanto esta aula irá apresentar as competências necessárias voltadas ao planejamento estratégico e processos administrativos. TEMA 1 – DEFINIÇÃO DO NEGÓCIO Independente do modelo do seu escritório, se ele possui uma sala comercial, se é home office, se possui CNPJ ou se trabalha como profissional autônomo, trata-se de um negócio. Um bom ponto de partida para a gestão do seu escritório é esclarecer qual é esse negócio e definir uma proposta de valor. Conforme apresentado por Osterwalder (2010), uma proposta de valor descreve o principal benefício esperado pelo cliente. É esse diferencial definido na proposta de valor que será compreendido pelo cliente e que vai definir a escolha dele pelo seu escritório e não pelo de um concorrente. Um cliente busca por benefícios, não simplesmente por produtos ou serviços (Osterwalder, 2010). Uma proposta de valor bem definida é um conjunto de elementos de qualidade a serem oferecidos que orientam o direcionamento do escritório. Por exemplo, uma proposta de valor de uma empresa que oferece projetos inovadores propõe aos clientes sempre buscar por soluções diferentes ou significativamente 3 modificadas para as questões do projeto, enquanto um escritório com uma proposta de valor tradicional pode oferecer para o mesmo cliente a segurança de um escritório tradicional que desenvolve projetos com base na experiência de soluções assertivas. Veja que em ambos os exemplos são propostas de valor interessantes aos olhos do cliente, porém o resultado esperado de cada escritório é bem diferente. O mesmo pode ser observado para propostas de valor embasadas no preço, na personalização, no design e até mesmo na marca/nome do escritório (Osterwalder, 2010). Ainda segundo Osterwalder (2010), você pode definir uma proposta de valor respondendo às seguintes perguntas: • Que valor entregamos ao cliente? • Qual problema estamos ajudando a resolver? • Qual necessidade estamos satisfazendo? • Que conjunto de produtos e serviços estamos oferecendo para cada segmento de clientes? A definição do negócio é uma ferramenta que direciona o planejamento estratégico, evitando a cegueira administrativa. Quando um escritório tem esses valores bem definidos e claros para todos os participantes, as decisões e processos internos são mais assertivos (Dornelas, 2008). Assim como a definição do negócio, as diretrizes organizacionais de missão e visão são ferramentas de base para o planejamento estratégico. 1.1 Economia colaborativa O atual cenário de transição da economia para o desenvolvimento sustentável, aliado à necessidade de busca pela qualidade de vida, são condições que favorecem o desenvolvimento de negócios inovadores voltados para o perfil da economia colaborativa (Ellen MacArthur Foundation, 2015). Apesar dessa prática de colaboração não ser recente, ela retornou ao hábito da população e foi potencializada pelo acesso facilitado às plataformas digitais, o que permitiu a troca entre pares por meios que transmitem segurança e comunicação entre aqueles que antes não tinham acesso à rede de colaboração. (Abramovay, 2012) Do ponto de vista prático, a economia colaborativa é uma resposta aos novos modelos de negócios, e já está inserida no mercado de arquitetura e design 4 de interiores. Para aperfeiçoar recursos e tempo da equipe, os trabalhos colaborativos podem ser vistos por meio de plataformas digitais com a troca de serviços, ou com a otimização de recursos ao utilizar o mesmo espaço do trabalho, como os coworkings. A economia colaborativa está mudando a forma de empreender, pois permite uma atuação sem investimentos altos em logística ou mão de obra. Essa nova realidade apresentada nas mídias digitais possui um potencial inédito de iniciativas econômicas populares (Abramovay, 2012). 1.2 Missão Possuir uma missão é possuir uma razão de existir. Um negócio não existe e resiste ao longo do tempo sem um motivo pelo qual se esforçar. Deve ser uma declaração com uma visão ampla e duradoura. Veja o exemplo de definição de missão de uma instituição de ensino superior: “Desenvolver e transformar pessoas por meio da educação” (Uninter). Uma frase que esclarece o compromisso e dever da empresa para com a sociedade. Segundo Dornelas (2008), responder as seguintes perguntas pode ajudar na formulação da missão da sua empresa: • Fazemos o quê? (qual o nosso negócio?) • Para quem? (quem é o nosso cliente?) • Onde? (base, prioridade, estratégia de segmentação) • Como? (Desafio, diferencial) • Com que finalidade? (grupos de interesse) Definir uma missão é responsabilidade dos gestores da empresa. Fazer uma definição formal da missão servirá como orientação de foco das ações estratégicas e servirá como guia para evitar objetivos conflitantes, além de auxiliar na alocação de recursos etc. (Fernandes; Berton, 2017). 1.3 Visão Visão tem uma conotação de longo prazo e está relacionada às aspirações com relação ao futuro da empresa. É a essência da organização com relação aos seus objetivos, com a missão e com os stakeholders. Em resumo, quando diz respeito a algo que a organização faz no dia a dia, estamos falando de missão. Já a visão é o lugar a que um dia ela vai chegar. 5 Uma visão bem definida deve ser clara e bem compreendida pelos envolvidos na empresa. O conceito também deve ser uma característica da empresa e não do dono. Deve ser atingível, portanto deve levar em consideração as condições da empresa, para que não se torne algo inatingível ao longo do tempo (Fernandes; Berton, 2017). Veja o exemplo de definição de visão de uma instituição de ensino superior: “Ser reconhecida como organização de excelência para estudar, trabalhar e investir...” Para auxiliar na elaboração de uma visão, você deve levar em consideração a integração dessa definição com a missão. Juntas, elas devem divulgar informações estratégicas e vislumbrar o futuro. TEMA 2 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Definidos o foco e os valores a serem oferecidos aos clientes, faz-se necessário um preparo do profissional para a gestão da execução das atividades cotidianas do escritório. As ferramentas de planejamento estratégico e administração estratégica são fundamentais para o bom desempenho do escritório diante das mudanças sociais, econômicas e culturais no mercado de trabalho, conforme comentado anteriormente. O planejamento estratégico é uma ferramenta administrativa que possibilita a todos os envolvidos conhecerem com clareza as estratégias deliberadas da empresa, assim como os objetivos e as etapas a serem cumpridas e os recursos necessários para alcançar os objetivos (Fernandes; Berton, 2017).Sendo assim, a administração estratégica é uma forma de administrar a empresa, que permite ao gestor controlar as ações do planejamento estratégico, analisar e ter uma visão do cenário, identificando pontos de melhoria, desafios e oportunidades do mercado e ainda auxilia na execução de ações efetivas (Fernandes; Berton, 2017). 2.1 Estratégia para negócios A palavra “estratégia” está relacionada a habilidades de gerenciamento, de administração, de liderança e de modelos de gestão, mas mantém o sentido de vencer forças opositoras. Atualmente, é definida no âmbito dos negócios como 6 um plano que integra metas, direcionamentos, políticas, ações e atividades de uma empresa (Mintzberg; 2006). Existem dois tipos de formulação de estratégias. A primeira é aquela em que analisamos a situação e avaliamos os pontos internos, fortes e fracos, avaliados no mercado, as ameaças e oportunidades, e definimos o que chamamos de estratégia deliberada. Essas ações estão determinadas com base em previsões na proposta de valor e nas definições de missão e visão da empresa. Porém, nem sempre as coisas acontecem conforme planejado e diferentes oportunidades emergem das situações, essas são as estratégias que chamamos de emergentes, porque são reativas as ações do cotidiano. É como se no dia a dia, uma nova situação que não foi prevista pudesse trazer oportunidades que inevitavelmente devem ser aproveitadas. São chamadas, então, de estratégias emergentes. Não é aconselhável focar somente em um tipo de estratégia. Uma empresa deve possuir as estratégias deliberadas e absorver as estratégias emergentes, integrando-as ao planejamento da empresa, para então se tornarem estratégias deliberadas. Definir um planejamento estratégico de forma sintetizada facilita a definição de novas ideias e o controle das ações. Alguns autores sugerem uma metodologia em 5 fases: 1) Avaliação da estratégia vigente; 2) Avaliação do ambiente; 3) Estabelecimento do perfil estratégico; 4) Quantificação dos objetivos; 5) Finalização. Independentemente de como é o posicionamento estratégico atual da empresa, se foi deliberado ou emergente, ou se as coisas foram acontecendo ao acaso, existe uma situação que pode apresentar bons resultados. Para a segunda etapa, que é a análise dos ambientes, pode ser utilizada a ferramenta matriz de SWOT, que será tratada com detalhes adiante. Na terceira etapa, com base nas análises dos ambientes, deve-se definir o perfil das estratégias que a empresa vai tomar como guia na definição dos seus objetivos. Na quarta etapa, os objetivos serão definidos, mensurados e viabilizados (também falaremos mais sobre objetivos). E a última etapa consiste 7 em tornar os objetivos definidos registrados de forma clara e consciente para todos os envolvidos (Chiavenato, 2005). De maneira simplificada, com um olhar voltado para escritórios de arquitetura e interiores, um exemplo de objetivo estratégico elaborado com base nas estruturas existentes e na análise dos ambientes internos e externos, poderia ser: atender, a cada semestre, pelo menos um projeto de arquitetura ou reforma de caráter voluntário. Veja que para se chegar à definição desse objetivo estratégico muitos fatores da empresa devem ser observados: a missão e visão, qual a proposta de valor oferecia ao cliente, qual a capacidade interna do escritório, qual o ambiente externo em que ela está inserida. Sendo assim, um planejamento estratégico é uma característica única de cada organização. TEMA 3 – ANÁLISE DE SWOT A ferramenta Matriz de SWOT tem como objetivo analisar os ambientes nos quais a empresa está inserida no momento da análise. Sendo estes o ambiente interno, onde devem ser analisadas as forças e as fraquezas da empresa e a análise do ambiente externo, considerando as oportunidades que ela pode aproveitar e as ameaças das quais ela deve se defender. Figura 1 – SWOT Crédito: V O R T E X/Shutterstock. Ao analisar o ambiente interno, o administrador deve ter em mente todos os elementos da empresa que estão acessíveis a esse ele, sendo bons ou ruins, fortes ou fracos. Um escritório de arquitetura, por exemplo, pode ter como pontos fortes os domínios técnicos específicos em procedimentos da prefeitura, domínio 8 de softwares específicos para a representação dos projetos, parcerias estabelecidas com fornecedores que podem auxiliar na divulgação do escritório e obtenção de novos clientes e facilitar a execução de projetos complexos. Podemos citar também como força, a existência de uma cartela de clientes e dos anos de experiência no mercado (Fernandes; Berton, 2017). Como fraqueza, podemos citar a falta de domínio de algum software específico para realização de projetos, a falta de domínio e habilidades administrativas e de planejamento para o sucesso do escritório. No caso de escritórios jovens, uma pequena cartela de clientes também pode ser considerada uma fraqueza, parcerias fracas ou ainda não estabelecidas com o mercado etc. Ao identificar os pontos fortes, pode-se utilizá-los como diferencial competitivo. Caso não sejam utilizados, eles podem se transformar em pontos neutros e perder potencial. Os pontos fracos deverão ser contornados para evitar riscos. Ao fazer análise do ambiente externo, que são as oportunidades e ameaças, o administrador deverá considerar todos os elementos que não estão sob seu domínio, mas estão inseridos no mesmo cenário. Ele poderá aproveitar as oportunidades ou contornar as possíveis ameaças. Esses elementos sempre estão relacionados com o modelo de negócio da empresa. Para o mesmo escritório de arquitetura, podemos considerar uma oportunidade o crescimento de determinados segmentos de mercado, como a busca por reformas em construções existentes para adaptação de novos estilos de vida como envelhecimento da população. A participação em feiras e mostras de decoração também é uma oportunidade. Ameaças são os elementos externos que podem de alguma forma afetar o desempenho para o alcance dos objetivos do escritório, como crises políticas e econômicas e entrada de novos concorrentes. TEMA 4 – DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS Para Teles e Silva, o planejamento estratégico é a ferramenta administrativa para definição de objetivos como orientação e foco da empresa. Possuir uma diretriz é fundamental para a sobrevivência da empresa. Como próximo passo, após o levantamento realizado na análise SWOT, será possível definir objetivos estratégicos para atingir a missão da empresa. 9 A definição de objetivos deve motivar a equipe e as pessoas que buscam cumprir esses objetivos. Para tal, eles devem ser elaborados seguindo alguns critérios: • Specific = “ser específicos” • Measurable = “mensurável” • Achievable = “atingível” • Realistic = “realista” • Timely = “em tempo” Figura 2 – Critérios para elaboração de objetivos Créditos: Garagestock/Shutterstock. As iniciais dessas palavras, em inglês, formam a palavra Smart. Se os seus objetivos forem elaborados seguindo essas características, será fácil identificar quando o objetivo for ou não atingido (Dornelas, 2008). Ser específico significa dizer exatamente o que deve ser atingido. Mensurável tem sentido quantitativo, quanto em números você quer atingir. Para ser atingível, deve-se considerar as condições atuais da empresa e do mercado para que eles possam ser atingidos, esse critério é importante para que você não 10 se frustre no futuro por nunca conseguir atingir seus objetivos. Ser realista significa considerar elementos que fazem parte da realidade da empresa sem fugir do seu propósito. E por fim, os objetivos devem ser em tempo, pois o prazo de conclusão deve ser bem claro, assim, quando o prazo chegar, você saberá se atingiu ou não o objetivo. É muito comum nos sentirmos frustrados e com a sensação de que nunca conseguimosatingir nossos objetivos. Porém, o erro pode estar na definição destes objetivos que não foram claros o suficiente para você saber se os atingiu ou não. Os objetivos empresariais dizem aonde a empresa deve chegar, qual resultado tem que ser alcançado, mas não especifica como isso vai ser feito. Para isso, um plano de ação deve ser elaborado. TEMA 5 – ESTRUTURA ORGANIZACIONAL Montar essa estrutura para o escritório de arquitetura pode parecer simples, uma vez que geralmente tudo é realizado por uma ou duas pessoas, que são os sócios. Porém, ter conhecimento de quais são essas atividades, como elas acontecem e quem é responsável por cada uma delas pode evitar erros simples de comunicação e maximizar a produtividade da equipe. Uma estrutura organizacional bem desenhada pode minimizar a influência da personalidade individual de cada pessoa na organização e garante que os fluxos de trabalho sejam obedecidos. Uma estrutura organizacional não deve ser ao acaso, ela deve estar bem determinada e ser de conhecimento de todos os envolvidos (Mintzberg, 1995). Ainda segundo Mintzberg (1995), tudo o que é realizado em uma organização para cumprir um fim está dividido entre distribuir as tarefas e coordenar sua execução. A soma disso é a estrutura da organização. Alguns fatores determinam o tipo de estrutura, como tamanho da empresa, tempo de atuação no mercado e tipo de operação que ela executa. A análise da estrutura organizacional é uma análise interna e serve como orientação para realização da matriz de SWOT. Veja a figura abaixo, que pode orientar para a compreensão de uma estrutura padrão. 11 Figura 3 – Estrutura padrão Fonte: Adaptado de Mintzberg, 1995. Um ponto de partida para a análise da estrutura de uma organização é o núcleo operacional, que são aqueles que executam o trabalho para entregar a proposta de valor ao cliente. Buscando como exemplo os escritórios de arquitetura e design de interiores, geralmente esse trabalho é o trabalho operacional de desenho, seja à mão livre, no software ou em maquete eletrônica. Conforme aumenta a demanda de trabalho, essas atividades podem ser terceirizadas ou subdivididas em uma equipe de trabalho, assim passa a existir a necessidade do personagem que fica na linha intermediária. São gestores e coordenadores que conhecem as diretrizes do planejamento estratégico da empresa e poderão coordenar as atividades da equipe ou dos terceiros. Assim como as demais atividades, esse tipo de organização feita pelo gestor, passando por todas as atividades necessárias, chama-se ajustamento mútuo. Quando a empresa cresce, as atividades das operações se tornam mais complexas, e aumenta a necessidade de uma supervisão Na cúpula estratégica estão os responsáveis pela elaboração do planejamento estratégico e gestão. A empresa pode precisar de atividades de assessoria. Uma das estruturas de apoio chama-se tecnoestrutura. Esse apoio não está diretamente relacionado com a atividade fim da empresa, porém atua em atividades de melhoria, inovação e desenvolvimento. Voltando ao exemplo do escritório de arquitetura, na tecnoestrutura estão os cursos de aperfeiçoamento, 12 apoio técnico de informática ou de algum conhecimento específico necessário. Outra parte da estrutura que também não faz parte das atividades diárias é a assessoria de apoio, que são as áreas de conhecimento que não estão envolvidas na atividade da empresa, mas são necessárias para ela existir, como contabilidade, recursos humanos, assessoria jurídica, até a portaria e serviços de limpeza (Mintzberg, 1995). Definir esse tipo de estrutura permite identificar os processos que fazem parte da atividade fim da empresa e quais são as atividades de apoio. Assim, é possível identificar quem é responsável pelos elementos que são fundamentais para apresentar a proposta de valor ao cliente e ter melhor controle sobre essa atividade, e identificar as necessidades e os responsáveis por questões jurídicas e contábeis. Outro ponto importante que pode ser observado a partir da análise da estrutura organizacional são os meios de comunicação. Em uma estrutura simples, esses processos ocorrem por um ajustamento mútuo entre as pessoas. Porém, conforme a empresa cresce, eles precisam ser definidos e documentados para evitar erros. Voltamos ao exemplo do escritório, diante da seguinte situação: o estagiário é responsável pelos desenhos técnicos (núcleo operacional), enquanto as imagens em 3D são realizadas por um terceirizado (tecnoestrutura). No dia a dia, o arquiteto contratado (linha intermediária) coordena as atividades do estagiário e solicita a demanda ao terceirizado. O dono do escritório (cúpula estratégica) faz o atendimento ao cliente, administra o financeiro, os contratos e as demandas da contabilidade (assessoria de apoio). Como é feita a comunicação entre as partes? Formal ou informalmente? Há algum registro da demanda que foi solicitada ao estagiário? O resultado dos desenhos atende às expectativas do cliente, solicitadas no briefing que foi feito pelo dono do escritório? Analisar essa estrutura particular de cada escritório é importante para identificar quais são as atividades que devem registradas e controladas para que tudo caminhe para atender e entregar a proposta de valor contratada pelo cliente. 5.1 Adhocracia Diversas configurações organizacionais podem ser aplicadas para melhorar o desempenho das empresas. Mintzberg apresenta os seguintes: 13 Estrutura simples, Burocracia Mecanizada, Burocracia profissional, Forma Divisionalizada e Adhocracia. A adhocracia é o modelo mais próximo das configurações dos escritórios de arquitetura e design de interiores. Para maiores detalhes sobre as outras configurações ver Mintzberg (1995). Em empresas jovens, com processos dinâmicos, em uma estrutura orgânica e com pouca formalização, na qual geralmente os mecanismos de gestão são realizados simultaneamente por uma ou duas pessoas, como é o caso dos escritórios de arquitetura e design de interiores, o modelo de configuração chama-se adhocracia. Nesse modelo de gestão os trabalhos administrativo e operacional se juntam em um único esforço. Sendo assim, os gerentes tornam-se membros da equipe de projeto atuando mais como iguais do que como supervisores. Geralmente associado a empresas de inovação e projeto, as estratégias desse modelo de gestão são baseadas em projetos e podem evoluir continuamente (Mintzberg, 1995). Esse modelo de gestão permite uma liberdade nos padrões burocráticos que não limita o processo criativo que é o cerne desse modelo de empresa. O processo de gestão por projetos torna-se mais evidente e efetivo. 14 REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, R. Muito além da economia verde. São Paulo: Abril, 2012. CAU – Portal da transparência do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Paraná. Disponível em: <https://transparencia.caupr.gov.br/>. Acesso em: 6 set. 2019. CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2005. DORNELAS, J. C. A. Empreendedorismo. Rio de Janeiro: Elsevier Brasil, 2008. ELLEN MACARTHUR FOUNDATION. Circular Economy Report - Delivering The Circular Economy. [S.l.: s.n.]. Disponível em: <https://www.ellenmacarthurfoundation.org/publications/delivering-the-circular- economy-a-toolkit-for-policymakers>. Acesso em: 6 set. 2019. FERNANDES, B. H. R.; BERTON, L. H. Administração estratégica. São Paulo: Saraiva, 2017. HOSKISSON, R. E. et al. Estratégia Competitiva. São Paulo: Cengage Learning, 2009. MINTZBERG, H. et al. Criando organizações eficazes. São Paulo: Atlas, 1995. MINTZBERG, H. O processo da estratégia. Porto Alegre: Bookman Editora, 2006. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business model generation: a handbook for visionaries, game changers, and challengers. New Jersey: John Wiley & Sons, 2010.
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