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TEMA 3-METODOLOGIA E ANÁLISE DE CUSTO

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AULA 3 
GESTÃO DE ESCRITÓRIOS E 
LEGISLAÇÃO APLICADA 
Profª Gabriela Catarina Martini de Vargas Lopes 
 
 
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CONVERSA INICIAL 
A análise dos custos de produtos e serviços é uma ferramenta de extrema 
importância para a gestão empresarial, pois auxilia na tomada de decisão com o 
objetivo de tornar as empresas mais lucrativas e eficientes. 
Uma vez que o preço de venda de produtos e serviços é determinado por 
diversos fatores, entre eles o mercado, se o gestor não conhecer e dominar seus 
custos poderá não obter lucratividade. Essa situação geralmente é observada em 
escritórios de arquitetura e design de interiores, que cobram pelos seus serviços 
com base nas tabelas de valor por metro quadrado sugeridas por seus respectivos 
conselhos e associações. 
Os valores estabelecidos por meio das tabelas podem não levar em 
consideração os processos internos específicos de casa empresa, os custos 
diretos e indiretos e as despesas relacionadas às especificidades do projeto. 
O preço de venda de produtos e serviços deve ser baseado na percepção 
de valor pelo cliente, nos custos e no posicionamento estratégico da empresa, que 
são os elementos necessários para a formação de preços rentáveis. Sendo assim, 
esta aula irá apresentar uma metodologia de análise de custos voltados para 
escritórios de arquitetura e design; porém, esses dados não substituem o auxílio 
e a atuação de um profissional da contabilidade, que fornecerá informações mais 
precisas e adequadas à realidade da empresa. 
TEMA 1 – TERMINOLOGIA 
A fim de orientar a compreensão dos itens apresentados nesta aula, faz-se 
necessária a apresentação dos conceitos de cada termo utilizado (Bruni; Famá, 
2000; Dubois; Kulpa; Souza, 2008; Küster, 2012; Cararo, 2005). 
 Gastos: são todos os itens que geram desembolso da empresa, seja para 
adquirir, seja para produzir algo, gerar benefícios ou quando ocorrem de 
maneira involuntária. Esse conceito pode ser abrangente e por isso os 
gastos podem ser ramificados em investimentos, custos, despesas, perdas 
e desperdícios. 
 Investimentos: são os valores direcionados para aquisição de bens 
patrimoniais e estoque de materiais. 
 Custos: são os valores gastos com os itens relacionados à atividade que 
está sendo produzida, seja a execução de um produto, seja de um serviço. 
 
 
3 
Os gastos que não estão relacionados com as atividades-fim do produto ou 
serviço não podem ser considerados custos. 
 Despesas: são os gastos relacionados às atividades da empresa que não 
estão diretamente ligados à execução do produto ou serviço. São exemplos 
de despesas os gastos com aluguel de escritório administrativo, salários e 
benefícios daqueles que não estão diretamente envolvidos na produção, 
conhecidos como mão de obra indireta. São os elementos consumidos no 
processo para a produção do bem ou serviço. 
 Custos indiretos: são os custos que estão relacionados com a produção 
do produto ou serviço, mas de forma indireta, e que precisam de alguma 
forma de rateio para serem distribuídos nos diferentes produtos ou serviços 
da empresa (Dubois; Kulpa; Souza, 2008). São exemplos de custos 
indiretos: depreciação de equipamentos, salários de mão de obra de 
supervisores, aluguel de espaço de trabalho para execução de atividade-
fim. 
 Custos diretos: são os gastos diretamente relacionados à execução do 
produto ou serviço. O planejamento do projeto, como visto anteriormente, 
é uma ferramenta que facilita a formação dos custos diretos previstos para 
o desenvolvimento do projeto, assim como permite um controle sobre o 
andamento da mão de obra e as necessidades de recursos. 
 Custos fixos: são aqueles valores que não mudam com relação à 
produção ou quantidade de serviços, se mantêm fixos independentemente 
da demanda. São exemplos: aluguel, seguros etc. 
 Custos variáveis: são aqueles que se alteram conforme a demanda de 
trabalho, como matéria-prima, horas extras, mão de obra direta. 
 Perdas: gastos inesperados que ocorrem de forma incomum, como 
incêndios, acidentes, greves etc. 
 Desperdício: é um gasto que ocorre por negligência e falta de 
aproveitamento dos recursos disponíveis, como mão de obra ociosa. 
1.1 Custos do escritório 
É importante considerar que um escritório de prestação de serviços possui 
os custos da estrutura, sejam diretos, sejam indiretos, para a execução do 
serviço; sejam fixos, sejam variáveis, de acordo com cada projeto. Sendo assim, 
 
 
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faz-se importante o controle desses custos para orientar as decisões estratégicas, 
como investimentos e margens de lucro. 
Com base no conhecimento dos custos fixos, é possível estimar o custo do 
projeto, para somente então considerar o preço de venda de produtos e serviços 
e o valor percebido pelo cliente. Para formar um preço de venda, é fundamental 
saber quanto custa o escritório e quanto custa cada hora de trabalho na empresa 
para então se saber quanto custa um projeto. Os escritórios de arquitetura e 
design de interiores têm como base de cálculo para a formação de preços a hora 
trabalhada. Sendo assim, é fundamental o controle interno das horas de trabalho. 
Inicialmente, esse controle pode ser feito com base em estimativas, 
conforme o andamento dos projetos, e sugere-se a contabilização de horas para 
cada atividade, tornando assim o cálculo de horas e respectivos custos por projeto 
mais preciso. 
Pode-se estabelecer alguns passos para esse processo de formação de 
custos: 
 identificar os custos da mão de obra direta e indireta; 
 identificar os custos fixos; 
 identificar os custos variáveis. 
Com a cobertura desses custos, tem-se o mínimo para operar o escritório 
sem obtenção de lucro. 
TEMA 2 – MÃO DE OBRA 
A mão de obra pode ser o ponto de partida para o levantamento de custos. 
Por esse termo poderão ser consideradas todas as pessoas envolvidas no projeto, 
no negócio e na empresa. Nesse levantamento não estão inclusos a mão de obra 
de serviços terceirizados e, portanto, estes serão considerados em outra etapa do 
processo. 
Como mão de obra direta, consideram-se todos aqueles que executam as 
tarefas relacionadas às atividades-fim da empresa. Já aqueles que não estão com 
elas relacionados diretamente, porém auxiliam a empresa de alguma forma, como 
secretária, supervisor são chamados de mão de obra indireta. 
Os custos relacionados à mão de obra são os salários mais os custos 
provenientes da legislação trabalhista e de benefícios, sendo que todos esses 
valores deverão ser considerados para elaboração do custo final da mão de obra. 
 
 
5 
Como encargos consideram-se as obrigações sociais e trabalhistas na 
contratação de um empregado, cujas taxas devem ser pagas pelos contratantes, 
lembrando-se que o valor pago por funcionário é extrassalarial, ou seja, em algum 
momento será revertido, seja por meio de Fundo de Garantia por Tempo de 
Serviço (FGTS), seja por férias ou aposentadoria. 
Vale lembrar que o auxílio de um profissional da contabilidade é 
indispensável para fazer uma análise específica de acordo com a realidade 
de cada empresa ou profissional liberal. 
Nos escritórios de arquitetura e design de interiores, como empresas 
prestadoras de serviços que contam com profissionais como arquitetos, 
engenheiros projetistas, entre outros, a mão de obra direta é prestada por aqueles 
que executam os desenhos e projetos, efetivamente. Os demais envolvidos no 
escritório e no projeto serão contabilizados como mão de obra indireta. 
2.1 Cálculo do custo de mão de obra direta e indireta 
Como exemplo será considerado um escritório com um sócio que retira seu 
pró-labore de R$ 5.000,00, porém não executa os desenhos e a mão de obra 
direta dos projetos, trabalha com a administração, a negociação com clientes e a 
supervisão de projetos. Nesse escritório, também trabalham um arquiteto, com o 
salário também de R$ 5.000,00; um desenhista, com salário de R$ 2.000,00; e um 
estagiário,com um salário de R$ 550,00, por meio período. 
Como encargos, os itens mínimos que devem ser considerados são o 
FGTS; a contribuição a organizações como Serviço Social do Comércio (Sesc), 
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Serviço Nacional de 
Aprendizagem (Senac) ou outras, de acordo com o ramo de atuação da empresa; 
o imposto recolhido para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) referente a 
acidentes de trabalho e aposentadoria, cujos valores dependem do tipo de 
atuação da empresa e do INSS por ela recolhido. 
Geralmente, um percentual pode ser considerado sobre o salário-base para 
cobrir benefícios como vale-transporte, vale-refeição, plano de saúde; e também 
se faz uma previsão de custos como de horas extras e encargos de indenização 
compensatória de 40% sobre o saldo do FGTS, aviso-prévio indenizado, repouso 
semanal remunerado e outros que poderão ocorrer e cujo percentual pode variar 
de 37% a 80% sobre o salário. Para definir esse valor, faz-se necessário auxílio 
 
 
6 
de um profissional da contabilidade, que fornecerá informações mais precisas e 
adequadas à realidade da empresa. 
Para o exemplo que pode ser observado no Quadro 1 tomou-se como base 
50% sobre o salário; e o estagiário possui encargos sobre férias e benefício de 
vale-transporte – para isso foi considerado um valor de 10% sobre sua 
remuneração. 
Quadro 1 – Exemplo de cálculo do valor da hora da mão de obra 
Descrição Horas Valor em R$ Encargos Total 
Valor da hora 
para a 
empresa 
Salário sócio 
220 
 
R$ 5.000,00 50% R$ 7.500,00 R$ 34,09 
Salário arquiteto 
220 
 
R$ 5.000,00 50% R$ 7.500,00 R$ 34,09 
Salário desenhista 
220 
 
R$ 2.000,00 50% R$ 3.000,00 R$ 13,64 
Estagiário 
80 
 
R$ 550,00 10% R$ 605,00 R$ 7,56 
Sendo assim, para elaboração do custo de um projeto, deve ser 
considerado o valor total da hora da mão de obra, incluindo os encargos e 
benefícios. Trata-se de um custo fixo do escritório, pois, independentemente da 
quantidade de projetos, essa mão de obra estará disponível, podendo ora estar 
sobrecarregada e contar com o auxílio de terceiros, ora estar ociosa, 
desenvolvendo atividades internas. 
Na divisão das atividades, o custo da mão de obra do sócio deverá ser 
considerado um custo indireto, pois, de acordo com a função exercida por ele, não 
há relacionamento direto com a execução do trabalho. 
Essa divisão de atividades já foi abordada anteriormente, com a estrutura 
analítica que evolui para o cronograma de projeto, que também serve como base 
para uma estimativa de tempo e ação de cada mão de obra, para os próximos 
projetos. 
TEMA 3 – CUSTOS FIXOS 
Entre os custos fixos, todos os gastos que ocorrem mensalmente, que 
possuam valores fixos ou uma variação mínima mensal, deverão ser 
considerados. Para facilitar, esse levantamento pode ser feito por categorias, 
como todos os custos relacionados a: 
 
 
7 
 Estrutura física: aluguel, condomínio, fornecimento de luz, água, gás, 
serviço de limpeza, compra de insumos (copos, café, produtos de limpeza), 
confecção de alvarás anuais, taxa de estacionamento. Caso haja um 
veículo para uso da empresa, todos os custos relacionados ao bem 
(prestação, manutenção, impostos, depreciação) também podem ser 
considerados na estrutura física. 
 Estrutura do escritório: gastos com internet, manutenção dos 
computadores, insumos da impressora, insumos dos materiais de 
escritório, depreciação dos computadores, telefone fixo, taxa do Conselho 
de Arquitetura e Urbanismo (CAU) ou Associação Brasileira de Design de 
Interiores (ABD), escritório de contabilidade, compra de licenças de 
softwares. Para o valor de manutenção dos computadores, considerar um 
valor estimado com base em uma média anual e, para a depreciação das 
máquinas, pode ser considerado algo em torno de 20% a 40% do valor da 
máquina por ano, percentual que depende do tipo de máquina. Um 
profissional da contabilidade poderá auxiliar na definição desse valor, que 
será contabilizado como patrimônio. 
 Estrutura on-line e marketing do escritório: custos com manutenção de 
site, registro de domínio, participação em revistas de arquitetura e design 
de interiores, marketing nas redes sociais, em algum aplicativo de gestão 
ou desenho. Por exemplo, o escritório tem como planejamento estratégico 
participar, uma vez ao ano, de uma matéria em uma revista regional de 
design de interiores. Para isso, o custo anual pode ser dividido 
mensalmente. Outra estratégia de marketing que pode ser utilizada é o 
patrocínio mensal do portfólio em redes sociais. 
 Atualizações: custos com viagens, congressos e cursos de 
especialização. 
Esses são alguns, entre outros custos fixos que podem ser identificados. 
No caso de coworkings, alguns desses custos são agrupados, por exemplo: 
aluguel, condomínio, internet, luz, água, estacionamento estão todos agrupados. 
No caso dos escritórios que utilizam a estrutura de homework, de acordo 
com o art. 68 do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer 
Natureza (RIR) de 2018, admite-se a dedução da quinta parte (20%) dessas 
despesas da base de cálculo (BC) do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). 
 
 
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Porém, não são dedutíveis os dispêndios com reparos, conservação e 
recuperação do imóvel quando este for de próprio e não alugado (Brasil, 2018). 
Para ilustração, no Quadro 2 foram considerados valores fictícios. 
Quadro 2 – Exemplo de estimativa de custos fixos 
 Descrição Valor 
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Aluguel R$ 900,00 
Condomínio R$ 200,00 
Luz R$ 100,00 
Água R$ 50,00 
Gás R$ 20,00 
Serviço de limpeza R$ 400,00 
Insumos R$ 400,00 
Alvará (valor anual dividido por mês) R$ 41,67 
Estacionamento R$ 300,00 
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Internet + telefone R$ 150,00 
Manutenção dos computadores R$ 100,00 
Insumos da Impressora R$ 50,00 
Material de escritório R$ 200,00 
Depreciação dos computadores R$ 66,67 
Taxa do conselho R$ 200,00 
Contabilidade R$ 150,00 
Licenças de softwares R$ 150,00 
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Manutenção do site R$ 100,00 
Taxa do domínio R$ 2,50 
Marketing R$ 100,00 
Participação em revistas de decoração R$ 41,67 
Aplicativo de gestão R$ 20,00 
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Viagens R$ 166,67 
Congressos R$ 300,00 
Cursos de especialização R$ 200,00 
 
 
9 
Total de custos 
fixos R$ 4.409,17 
Nos casos de home office, os itens do Quadro 2, na sessão Estrutura física, 
pode ser considerado somente 20% do valor dos itens relativos à estrutura da 
casa, conforme orienta o Parecer Normativo CST n. 60/1978 (Brasil, 1978). 
Os dados levantados nessa estrutura de custos ajudarão a formar o preço 
de venda dos projetos. Um preço de vendas formado com base em custos bem 
definidos ajuda a eliminar as possibilidades de prejuízo em projetos e a estruturar 
um escritório lucrativo. 
TEMA 4 – PRO RATA 
Os custos diretos de desenvolvimento de um projeto são fáceis de 
identificar; porém, para distribuir os custos indiretos de cada projeto é feito o rateio 
desse valor proporcionalmente. Caso o escritório tenha a estratégia de trabalhar 
com somente um cliente por vez, todos os custos serão diretos; porém, caso haja 
mais de um projeto, deve ser feito um coeficiente de pro rata ou rateio. 
Quando se trata de um processo de fabricação, esse rateio se dá pela 
proporcionalidade de área utilizada para a fabricação de cada produto diferente. 
Porém, para um serviço, uma maneira de fazer esse rateio é dividiro valor total 
dos custos indiretos pelo tempo previsto para cada projeto. Então, na formação 
do custo do projeto, serão considerados como custos indiretos somente os valores 
proporcionais que o projeto utilizará daquela estrutura. 
Outra maneira de fazer essa divisão dos custos indiretos é dividir os custos 
pelo faturamento – e o percentual encontrado será considerado, juntamente com 
outro fatores, no markup. 
Para cada projeto, será necessário estimar o tempo dedicado a ele, assim 
como a participação individual de cada funcionário, e esse valor total das horas 
estimadas para o projeto será dividido pelos custos da mão de obra indireta e das 
despesas do escritório. Essa estimativa de tempo por projeto geralmente é 
baseada na experiência de cada profissional. Em um momento inicial de carreira, 
provavelmente o profissional vai precisar de mais tempo para elaborar um projeto 
do que quando tiver mais experiência, quando o fará em poucas horas. Por isso, 
uma dica importante é fazer o registro do tempo conforme se vai executando um 
projeto, posto que esse registro servirá como referência para os próximos 
orçamentos. 
 
 
10 
Veja o exemplo do Quadro 3, que apresenta uma simulação de rateio de 
um projeto de interiores de 80 horas. 
Quadro 3 – Simulação de rateio para um projeto de interiores de 80 horas 
(exemplo 1) 
Descrição Horas Valor da hora Total 
Mão de obra direta do arquiteto 20 R$ 34,09 R$ 681,82 
Mão de obra direta do desenhista 40 R$ 13,64 R$ 545,45 
Mão de obra direta do estagiário 20 R$ 7,56 R$ 151,25 
Total do custo de mão de obra direta para o projeto R$ 1.378,52 
Despesas fixas 
Sócio 80 R$ 34,09 R$ 2.727,27 
Total de despesas fixas 80 R$ 20,04 R$ 1.603,33 
Total de despesas para esse 
projeto R$ 4.330,61 
Custo parcial das despesas fixas para o projeto R$ 5.709,13 
O rateio se constrói da forma descrita no Quadro 3 pois, caso todos os 
valores fossem divididos por igual, os projetos ficariam inviáveis. Dessa forma, 
colocam-se mais atividades sob responsabilidade daqueles que possuem um 
salário mais baixo e aqueles que possuem um salário mais alto e, 
consequentemente, uma expertise maior poderão se dedicar a vários projetos, 
paralelamente (Dubois; Kulpa; Souza, 2008). 
Os custos indiretos devem ser rateados de maneira proporcional. Dessa 
forma, quanto mais trabalhos vendidos, menores serão os custos indiretos sobre 
o preço de venda de cada trabalho. Para melhor compreensão, no exemplo do 
Quadro 4 pode-se considerar um escritório onde trabalhem somente dois 
arquitetos e as atividades sejam divididas igualmente entre os dois, reservadas 
40 horas de trabalho para cada um. 
 
 
 
11 
Quadro 4 – Simulação de rateio para um projeto de interiores de 80 horas 
(exemplo 2) 
Descrição Horas Valor da hora Total 
Mão de obra do arquiteto 1 40 R$ 34,09 R$ 1.363,64 
Mão de obra do arquiteto 2 40 R$ 34,09 R$ 1.363,64 
Total do custo de mão de obra 
para o projeto R$ 68,18 R$ 2.727,27 
Despesas fixas 
Total de despesas fixas 80 R$ 20,04 R$ 1.603,33 
Total de despesas para esse 
projeto R$ 4.330,61 
Vale observar que o custo de um projeto de 80 horas não deverá cobrir os 
custos mensais de um escritório com capacidade para 220 horas. E, no exemplo 
1 (Figura 3), a mão de obra mais barata ficará ociosa caso não haja mais projetos 
a que destiná-la. 
No primeiro exemplo (Figura 3), o valor da mão de obra do sócio, assim 
como os custos indiretos, foi dividido de forma proporcional, enquanto no exemplo 
2 (Figura 4) os dois sócios trabalham de forma dedicada aos projetos e o valor da 
mão de obra de ambos foi considerado custo direto. Para o exemplo 1 (Figura 3), 
o valor indireto rateado deve ser proporcional à quantidade de projetos. 
TEMA 5 – CUSTOS VARIÁVEIS 
Custos variáveis são aqueles gastos que o escritório terá somente se tiver 
um trabalho a ser executado. Estão diretamente relacionados ao projeto e podem 
variar de acordo com as necessidades específicas de cada cliente. Podem ser 
considerados, como custos variáveis, custos de serviços terceirizados, itens como 
um render ou um laudo técnico, uma Anotação de Responsabilidade Técnica 
(ART), custos de deslocamento, caso o local da obra seja afastado ou em algum 
local central que possa gerar gastos extras com estacionamento ao visitá-lo. 
Também nessa classificação podem ser previstos custos como os de 
registro fotográfico da obra finalizada, feito por um profissional, para incluí-lo no 
portfólio do escritório, assim como os elementos que tornarão esse serviço em um 
 
 
12 
produto, como um dossiê de projeto, que ficará como registro pessoal para o 
cliente, como um manual da obra ou da reforma. 
Os custos com impressão de pranchas para aprovação nos órgãos 
públicos, que geralmente são pagos separadamente pelo cliente, não entram na 
conta dos custos variáveis, pois não há necessidade de inserir taxa de impostos 
sobre esses valores. Veja no Quadro 5 os valores estimados de custos variáveis, 
para exemplificá-los. 
Quadro 5 – Custos variáveis diretos 
Descrição Valor 
Terceirização do render R$ 500,00 
ART R$ 150,00 
Registro fotográfico R$ 750,00 
Dossiê de entrega de projeto R$ 300,00 
 R$ 1.700,00 
Ao final do levantamento de custos, voltando ao exemplo 1 de custos 
diretos e indiretos do projeto (Figura 3), no qual temos um custo parcial de projeto, 
somam-se a esse valor os custos variáveis, conforme o Quadro 6. 
Quadro 6 – Exemplo de custos totais de projeto de interiores de 80 horas 
Descrição Horas Valor da hora Total 
Mão de obra direta do arquiteto 20 R$ 34,09 R$ 681,82 
Mão de obra direta do desenhista 40 R$ 13,64 R$ 545,45 
Mão de obra direta do estagiário 20 R$ 7,56 R$ 151,25 
Total do custo de mão de obra direta para o projeto R$ 1.378,52 
Despesas fixas 
Sócio 80 R$ 34,09 R$ 2.727,27 
Total de despesas fixas 80 R$ 20,04 R$ 1.603,33 
Total de despesas para o projeto R$ 4.330,61 
Custo parcial das despesas fixas para o projeto R$ 5.709,13 
Custos variáveis R$ 1.700,00 
 
 
13 
Total de custos para o projeto R$ 7.409,13 
Observe no Quadro 6 que esse é um resultado de custos para a elaboração 
de projeto que servirá de base para a elaboração de seu preço de venda, tema 
que será tratado na próxima aula. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto n. 9.580, de 22 de novembro de 2018. Diário Oficial da União, 
Brasília, p. 57, 23 nov. 2018. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. 
Acesso em: 11 out. 2019. 
BRASIL. Receita Federal do Brasil. Parecer Normativo CST n. 60, de 22 de junho 
de 1978. Diário Oficial da União, Brasília, 29 jun. 1978. Disponível em: 
<https://www.normasbrasil.com.br/norma/parecernormativo601978_92526.html>. 
Acesso em: 11 out. 2019. 
BRUNI, A. L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com 
aplicações na calculadora HP 12C e Excel. São Paulo: Editora Atlas, 2000. 
CARARO, J. F. J. Roteiro para a formação de preço de venda de projetos e 
serviços técnicos para escritórios de arquitetura. 360 p. Dissertação 
(Mestrado em Construção Civil) – Setor de Tecnologia, Universidade Federal do 
Paraná, Curitiba, 2005. 
DUBOIS, A.; KULPA, L.; SOUZA, L. E. de. Gestão de custos e formação de 
preços: conceitos, modelos e instrumentos – abordagem do capital de giro e da 
margem de competitividade. São Paulo: Atlas, 2008. 
KÜSTER, E. Custos e formação de preços. Curitiba: Juruá, 2012.

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