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Direito Comercial - Introducao-1

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1 
 
 
 
Universidade Zambeze 
Faculdade de Ciências Sociais e Humanidades 
 
CURSO DE ECONOMIA – 2.º Ano 
 
1. Noção de Direito Comercial 
Direito Comercial é uma área do Direito Privado (há duas partes que, 
em princípio, estão em igualdade e gozam de liberdade, diferentemente 
do Direito Público). Porém, em determinados aspectos, encontramos 
normas de Direito Público. 
 
O Direito Comercial é um ramo especial do Direito Privado que tem no 
comércio a matéria regulada e o Direito Comercial nasce através de 
acção dos comerciantes é associado a actividade empresarial havendo 
por isso autores que tendem a considera-lo Direito das Empresas. 
 
Diz-se que é um Direito especial em relação ao Direito Privado Geral 
que é o Direito Civil (constante do Código Civil). Contudo, em relação 
à matéria do Direito das Sociedades Comerciais, o Direito Comercial 
já é Direito Geral e o especial é o das Sociedades Comerciais. 
 
Portanto, o Direito Privado Civil é geral em relação ao Direito 
Comercial e este especial em relação ao primeiro; o Direito Comercial 
é geral em relação ao Direito das Sociedades Comerciais, este é 
especial em relação ao Direito Comercial e ambos são especiais em 
relação ao Direito Civil. 
 
O Direito Comercial engloba todos os actos considerados comerciais. 
Direito Comercial subjectivo – É o Direito que trata dos comerciantes, 
diz respeito a uma determinada classe. 
 
2 
 
Direito Comercial objectivo – É o Direito dos Actos Comerciais, os 
actos que estão objectivamente regulados no Código Comercial (CCom). 
Um acto é objectivamente comercial quando está regulado na Lei (CCom), 
independentemente de quem o pratica. 
 
O Direito Comercial (DC) surgiu para proteger e regular as relações 
comerciais dentro de uma classe – a burguesia, a classe dos 
comerciantes – portanto o Direito Comercial nasceu, em princípio, para 
tutelar uma classe. Depois da Revolução Francesa surge a concepção de 
que o Direito Comercial regula todos os actos comerciais, sejam 
praticados por comerciantes ou não. Já qualquer cidadão poderia 
praticar actos comerciais e ser abrangido pelo Direito Comercial, pois 
a Revolução Francesa trouxe os ideais da liberdade e igualdade entre 
os cidadãos. 
 
O Direito Comercial actual é misto, compreende a componente subjectiva 
e a componente objectiva. 
 
Resumindo: o Direito Comercial começou pela componente subjectiva (os 
actos seriam comerciais se fossem praticados por comerciantes), depois 
passou para a componente objectiva (o acto seria comercial 
independentemente da pessoa que o praticasse), e hoje em dia o Direito 
Comercial é misto (compreende actos comerciais subjectivos e actos 
comerciais objectivos). 
 
Assim, define-se o Direito Comercial como um ramo de Direito Privado 
composto por um sistema de normas jurídicas com a função de disciplinar 
os actos do comércio e os Empresários Comerciais. 
 
Poderíamos se tentados a definir o Direito Comercial atendendo a 
Expressão essencial constante do Código Comercial “actos de comércio” 
e assim definir o Direito Comercial como direito dos actos de comércio. 
No entanto, o Direito comercial como veremos mais adiante ao longo 
3 
 
deste estudo, trata de questões que não cabem directamente na 
expressão “acto de comércio” o Direito Comercial não se esgota nos 
actos de comércio. 
 
2. Pretensas Características Gerais do Direito Comercial 
 
1ª – Comercialidade (é uma pretensa característica porque em rigor 
ninguém sabe bem o que é a comercialidade); em sentido objectivo, a 
comercialidade são os actos que estão contidos no Código Comercial. O 
Código Comercial adoptou os 2 modelos de comercialidade, objectiva e 
subjectiva. 
 
Visão objectiva – o acto é comercial quando está contido no Código 
Comercial. 
 
Visão subjectiva – o acto é comercial quando é praticado por um 
comerciante. O conceito de comercialidade tem de ser aferido 
casuisticamente (caso a caso). 
 
2ª – Autonomia – Pode o Direito Comercial ser consagrado como Direito 
autónomo? – A única razão pela qual temos uma autonomia é histórica: 
a necessidade de uma classe (burguesa) impulsionou a criação deste 
ramo, por uma questão de comodidade e por razões histórico-culturais. 
 
Verdadeiramente, a matéria do Direito Comercial pode perfeitamente 
estar inserida no Código Civil; há poucos princípios próprios do 
Direito Comercial, portanto o Direito Comercial não justificava 
necessariamente uma consagração autónoma. 
 
O Direito Comercial é um ramo autónomo da ciência do Direito. Apesar 
de alguns ordenamentos integrarem a matéria comercial no Código Civil 
(CC), este não perde a sua autonomia. O seu tratamento dentro do 
Código Civil, este não perde a sua autonomia. O seu tratamento entre 
4 
 
nós com a matéria do Direito das Sucessões que compreende o Livro V 
do Código Civil, sem contudo, pôr em causa a sua autonomia pedagógica 
científica e formal – entre nós o tratamento da matéria comercial 
ocorre em instrumento próprio que é o Código Comercial. 
 
3ª – Especialidade – A matéria das sociedades comerciais é especial 
em relação à matéria das sociedades civis; isto significa que, havendo 
uma lacuna na matéria das sociedades comerciais, se aplicaria a 
matéria das sociedades civis. Porém, neste caso, a situação também 
pode ser inversa: para se preencher uma lacuna do Direito das 
Sociedades Civis pode recorrer-se ao Direito das Sociedades 
Comerciais. Ao nível dos contratos dá-se a mesma situação. Portanto, 
a especialidade é como uma faca de 2 (dois) gumes, pode funcionar para 
os 2 (dois) lados: recorre-se ao especial ou ao geral para suprir 
lacunas. 
 
4ª – Analogia – Podemos aplicar uma norma de Direito Comercial numa 
lacuna de Direito Civil? 
Existem situações em que podemos suprir lacunas do Direito Civil 
usando o Direito Comercial, apesar de normalmente acontecer o inverso. 
 
É necessário fazer uma valoração da norma comercial e apreender se 
foi concebida unicamente para a classe comercial, ou se é genérica e 
se pode aplicar por analogia a situações civis. Porém, aplicando essa 
norma não significa transformar a situação jurídica civil numa 
situação comercial. Isto é, apesar de aplicar normas comerciais em 
lacunas civis, essas lacunas continuam a ser civis. 
 
Deste modo, recorrendo a norma estabelecida no artigo 7.º do Código 
Comercial, aplicaríamos ao caso omisso a norma do Direito Civil. São 
vários os exemplos elucidativos desta situação. Deste logo, as 
sociedades comerciais são especiais em relação às sociedades civis 
5 
 
embora as primeiras se encontram reguladas em mais de duzentos artigos 
e as segundas em menos de metade daquelas. 
 
A questão que se coloca muitas vezes é relativa a possibilidade ou a 
não aplicar a analogia para a qualificação de actos como comerciais. 
 
Como escrevemos mais adiante neste estudo, a questão da classificação 
dos actos de comércio é fulcral no Direito Comercial. A sua 
qualificação compreende critérios jurídicos determinados por Lei. 
Assim, a analogia referida anteriormente não pode de nenhuma forma 
ser aplicada na qualificação dos actos como comerciais. 
 
 
5ª – Internacionalismo – Os Códigos Comerciais, que regulam as 
relações comerciais dentro de cada país, referem-se ao pequeno 
comércio. 
 
O comércio internacional rege-se por regras ad-hoc, criadas pelas 
partes, não se rege pelos Códigos Comerciais de cada país, daí que, 
em termos práticos, o internacionalismo se considere uma pretensa 
característica; o internacionalismo existe casuisticamente, rege-se 
caso a caso. 
 
O Direito Privado comum é muito semelhante na família jurídica romano-
germânica; porém, o mesmo não acontece quanto ao Direito Comercial, 
este é muito diferente de um país para outro. 
 
O Direito Comercial tem natureza fragmentária, é composto por 
fragmentos, não é uma unidade – é um Direito fragmentário. 
 
O DireitoComercial tem uma natureza histórico cultural, a única razão 
para que o Direito Comercial seja considerado autónomo e não esteja 
compreendido no Código Civil é histórica (ver “Autonomia”). 
6 
 
 
Um dos aspectos fulcrais do Direito Comercial é a autonomização. A 
doutrina costuma defender que existe um Direito Comercial Amplo e um 
Direito Comercial Residual. 
 
Quando falamos de Direito Comercial Amplo estamos a referir-nos não 
só a todas as matérias que constam do Código Comercial como a outras 
matérias que derivaram do Direito Comercial e se autonomizaram (por 
exemplo, matéria dos Seguros, dos transportes, bancária, financeira, 
etc). 
 
O Direito Comercial Residual, inversamente, corresponde àquilo que 
sobrou, isto é, o Código Comercial (o Direito Comercial Residual é o 
que consta do Código Comercial). 
 
– Podemos dizer que se ganha autonomia por duas formas: 
1 – Porque ganha princípios novos (autonomia dogmática); 
2 – Porque saiu do Código Comercial (autonomia sistemática). 
 
3. Que matérias podemos dizer que se autonomizaram do Direito 
Comercial? 
 
1 - Uma das matérias que ganhou autonomia relativamente ao Direito 
Comercial Residual é a matéria do Direito das Sociedades Comerciais. 
Verdadeiramente, o Direito das Sociedades Comerciais continua no 
Código Comercial, portanto não é autónomo sistematicamente. Porém, em 
razão dos princípios, dos fundamentos, o Direi to das Sociedades 
Comerciais tem princípios próprios, portanto, tem autonomia dogmática. 
 
2 - Outro ramo de Direito que se autonomizou efectivamente do Direito 
Comercial é o Direito de Concorrência, que nasceu do Direito Comercial 
e se autonomizou porque: 
7 
 
a) – Começou a constatar-se que a actuação dos comerciantes, sem 
regras, originava que um acabasse por controlar o mercado, 
monopolizando-o e saindo assim prejudicado o consumidor; 
 
b) – Mesmo que não houvesse um monopólio podia haver um oligopólio 
(grupo de comerciantes que controlam o mercado, acordando entre eles 
os preços dos produtos), saindo igualmente prejudicado o consumidor. 
 
3 – O Direito de Propriedade Industrial também se autonomizou do 
Direito Comercial; é o Direito que visa regular as marcas, as patentes, 
os desenhos industriais, etc. O registo de uma descoberta/ invenção 
visa o seu aproveitamento exclusivo pelo seu descobridor/ inventor. 
 
4 – O Direito dos Títulos de Crédito tem autonomia dogmática, isto é, 
ganhou princípios próprios/ novos, sem sair do Código Comercial (sem 
ter, portanto, autonomia sistemática). 
 
5 – O Direito Bancário regula as relações e os actos praticados pelas 
instituições de crédito. Este ramo de Direito tem duas áreas muito 
marcadas: 
a) Por um lado a área Institucional, que diz respeito à organização 
do próprio Banco e que implica os poderes do Presidente da Repíblica, 
do Ministro das Finanças e do Banco de Moçambique; 
b) Por outro lado, a área que diz respeito à matéria substancial, isto 
é, os actos que são realizados pelos próprios Bancos (área do Direito 
Privado - contratos). 
 
6 – O Direito dos Valores Imobiliários é um ramo de Direito pouco 
desenvolvido em Moçambique e por isso consta de Diplomas avulsos; por 
ter princípios próprios, tem autonomia dogmática, mas não tem 
autonomia sistemática, isto é, está no Código Comercial. Exemplo, 
Bolsa de Valores, etc. 
 
8 
 
7 – O Direito dos Seguros também se autonomizou do Direito Comercial 
e também temos aqui 2 planos: 
Plano institucional (regras que regem a criação, supervisão, etc, de 
entidades seguradoras) e o plano substancial (que diz respeito ao 
próprio contrato de seguro). 
 
Resta, assim, o Direito Comercial residual, que não se autonomizou de 
nenhuma forma, que está no próprio Código. 
 
4.0 Escorço histórico do Direito Comercial 
São escassos os elementos que nos foram legados sobre regras 
comerciais no Mundo Antigo. 
 
No Código de Hamurabi (Babilónia – Circa 1700 A.C) existem normas 
esparsas sobre alguns contratos, como a Sociedade, o Empréstimo a 
Juros, o Depósito, a Comissão. 
 
Por seu lado, os Fenícios, embora grandes comerciantes, não criaram 
senão alguns rudimentos de Direito Marítimo. 
 
Os Gregos, conquanto também se tenham dedicado intensamente ao 
comércio, não prestaram grande atenção às instituições jurídicas, só 
tendo ficado alguns vestígios de regras do seu Direito Marítimo: a 
Lex Rhodia referente a avarias comuns dos navios; o Empréstimo 
Náutico, e as sociedades marítimas. 
 
Os Romanos, apesar do espetacular desenvolvimento que deram ao Direito 
não criaram regras específicas da actividade comercial, tendo 
incorporado no jus civile as normas que surgiram sob o influxo das 
necessidades do comércio (foi o caso da representação, da sociedade, 
do empréstimo, do penhor, da venditio bonorum – que está na origem do 
instituto da falência – e das operações de crédito, estas praticadas 
pelos argentarii, os banqueiros da época). 
9 
 
De modo geral, poderá assinalar-se que o que nos resta das regras 
relativas ao comércio, na Antiguidade, está principalmente relacionado 
com o comércio marítimo, no Mediterrâneo, entre povos e cidades 
independentes e, por isso, sujeitos a leis muito variadas. 
 
É na Idade Média que o Direito Comercial vai adquirir expressão 
própria. Destruída a vida comercial com as invasões bárbaras, ela só 
renasce com as Cruzadas e com o desenvolvimento, a partir do Século 
XII, das Cidades comerciais na Itália, na Flandres, na Alemanha, bem 
como das feiras, que constituem os polos de vida comercial da época. 
 
Nas suas poderosas corporações elaboram regulamentos da profissão, 
onde se sedimentam usos mercantis. 
 
Foi, assim, no decorrer da Idade Média que se originaram a maior porte 
dos institutos do Direito Comercial moderno, tais como os conhecemos, 
ao menos nos seus traços essenciais: as operações de banco, a letra 
de cambio, a falência (bancarrota), a contabilidade de partidas 
dobradas, a sociedade. 
 
Surge, ao longo desta evolução, um direito comercial cujas fontes são 
os estatutos das corporações de mercadorias, os costumes mercantis e 
a jurisprudência dos Tribunais consulares. 
 
Na Idade Moderna, o fortalecimento progressivo do poder real fez com 
que as corporações fossem perdendo a importância que tinham como 
criadores de normas jurídicas, sendo o Direito Comercial corporativo 
Mediaval pouco a pouco substituído por preceitos de origem real. 
 
A Revolução Francesa e os movimentes que na sua esteira eclodiram em 
outros países, significaram a tomada do poder pela Burguesia e com 
ela a difusão da ideologia igualitária que levou à extinção das 
10 
 
corporações, o que conduziu a uma modificação essencial na concepção 
do Direito Comercial. 
 
Em vez de direito privativo da classe profissional dos comerciantes, 
ele passa a ser concebido e construído como o direito regulador dos 
actos de comércio. Por isso, a lei comercial passou a aplicar-se não 
em função da qualidade dos sujeitos das relações jurídicas, mas sim 
em razão da natureza destas relações em si mesmas. 
 
Adoptou-se assim, uma concepção Objectivista, que influenciou alguns 
países que, sob o influxo do Código Comercial Francês de 1807, 
codificaram o seu direito comercial como foram os casos de Espanha 
(1886) e Itália (1842, 1865, 1882). 
 
Na Idade Moderna, o fortalecimento progressivo do poder real fez com 
que as corporações fossem perdendo a importância que tinham tido como 
criadoras de normas jurídicas, sendo o direito mercantil mediaval 
pouco a pouco substituído por preceitos de origem real. 
 
Em Moçambique o Código de Ferreira Borges teve o mérito fundamental 
de erigir o direito comercial português em ramo autônoma de direito 
privado, dotado de um corpo organizado de princípios e normas 
especiais destinados a regular as relações jurídicas originadas pelas 
actividades comerciais. 
 
Inspirava-se uma concepçãoSubjectivista, na medida em que a 
disciplina por ele instituída tinha como destinatários os comerciantes 
matriculados e como campo de aplicação as operações, actos e 
obrigações activas e passivas do que exerce comercio. 
 
Daí resultou o Código Comercial aprovado pela Carta de 28 de Junho de 
1888, entrado em vigor em 01 de Janeiro de 1889. 
 
11 
 
É essencialmente, um Código que visa regular os actos de comércio, 
independentemente da profissão dos seus sujeitos, embora como adiante 
veremos, nele se possam detectar relevantes aspectos de Subjectivismo. 
 
Nos tempos, o mais recentes, todavia, a evolução do direito comercial 
tem sido marcado por uma tendência para a concepção do Direito de 
Empresa.1 
 
4. Objecto do Direito Comercial 
Tal como qualquer ramo do saber científico tem seu objecto de estudo, 
o Direito Comercial também o tem. 
 
O artigo 1.º do Código Comercial define o objecto de regulação deste 
ramo de Direito estabelecendo duas situações. 
 
A parte inicial deste artigo, define o objecto deste ramo a partir do 
sujeito, o Empresário comercial. A compreensão desta parte, pressupõe 
antes a compreensão da qualificação do Sujeito em referência. 
 
Na segunda parte deste artigo, o legislador usou uma das terminologias 
mais importantes no âmbito do estudo deste ramo do direito. 
 
Com muita razão e lógica, o legislador não se preocupou em descrever 
os tipos de actos de comércio. Actividade essa que seria inesgotável. 
Sabiamente, submeteu à regulação da Lei Comercial, todos os actos que 
a luz da perspectiva objectiva, são tidos como comerciais. No artigo 
4.º escoremos estas noções nos nossos comentários quanto a 
classificação dos actos de comércio. 
 
 
1 Miguel J. A. Pupo Correia, Direito Comercial – Direito da Empresa, 10.º Edição, 
revista e actualizada, 2007, EDIFORUM, Lisboa, pp 15 e seguintes. 
12 
 
Em termos teóricos, o legislador abandonou a redação do Código de 
1888, que suscitava muita controvérsia de interpretação sem contudo, 
abandonar o método de definição do objecto da Lei Comercial. 
 
Na verdade, tanto no actual Código como no anterior, a ideia dos 
sujeitos e dos actos de comércio aparece subjacente à definição do 
objecto deste ramo impondo por isso a sua complementaridade nos 
artigos que versam sobre estes aspectos. 
 
5. Empresário comercial como Sujeito do Direito Comercial 
A terminologia Empresário comercial usada no artigo 2.º e nos demais 
do Código Comercial, reflete a evolução do Direto Comercial para a 
perpectiva moderna do Direito Comercial. 
 
Da evolução dos actos de comércio na conceitualização do Direito 
Comercial passou-se a noção de empresa. 
 
Na verdade, o que era designado comerciante no Código Comercial de 
1888, é aquilo que corresponde hoje ao empresário comercial. A razão 
da adopção desta terminologia, resulta não só da necessidade de 
adequar a terminologia com a realidade, mas também da necessidade de 
adequar a terminologia com a realidade, mas também da necessidade de 
conformar aquilo que hoje este sujeito faz em relação a sua própria 
actividade. 
 
O artigo 13.º do Código Comercial de 1888 dizia “são comerciantes”, 
mas hoje, estabelece o artigo 2.º no seu corpo que são “empresários 
comerciais”: 
a) As pessoas singulares ou colectivas que, em seu nome, por si ou 
por intermédio de terceiros, exercem uma Empresa comercial. 
 
Esta alínea ao introduzir as palavras “singulares ou colectivas”, veio 
resolver o problema que era colocado pela maioria da doutrina na 
13 
 
vigência do código anterior que era o de saber se a referência apenas 
às pessoas pretendia incluir tanto as pessoas físicas como as 
jurídicas. Evidente que, o legislador quis abarcar tanto as pessoas 
singulares quanto as coelectivas. Na verdade, quer umas quer outras 
podem ser à luz das normas vigentes, empresários comerciais. 
 
No entanto, precisará que exerçam uma actividade comercial nos ternos 
em que ela esta comtemplada no artigo 3.º do mesmo código ou seja, é 
empresário comercial aquele que, satisfazendo uma das categorias 
previstas neste artigo 2.º, exerça uma das actividades qualificadas 
como comerciais à luz do artigo 3.º. Sobre a qualificação das 
actividades económicas como comerciais, releva neste artigo 3.º a 
inclusão das actividades agrícolas e piscatórias que outrora não eram 
contempladas nesta qualificação. 
 
Importa referir que, o exercício da empresa comercial nos termos deste 
artigo. Pode ser por meio de terceiros. Naturalmente, tal exercício 
de terceiros exigirá autorização do seu dono que em si reunirá 
antecipadamente os requisitos para o exercício da Empresa comercial. 
 
Próxima Aula 
- Relações entre Direito Comercial e outras Ramos de Direito 
Comercial. 
- Fontes de Direito Comercial 
 
Bibliografia 
Miguel J. A. Pupo Correia, Direito Comercial – Direito da Empresa, 
10.º Edição, revista e actualizada, 2007, EDIFORUM, Lisboa, pp 15 e 
seguintes. 
 
Manuel Guilherme Júnior, Manual de Direito Comercial Moçambicano, Vol 
I, Escolar Editora, Maputo, 2013.

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